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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA EXPANSÃO

URBANA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Por: Danieli Reis Saraiva

Orientador (a)

Profª. Aleksandra Sliwowska Bartsch

Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA EXPANSÃO

URBANA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Engenharia de Produção.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele, nada seria possível e não estaríamos aqui reunidos, desfrutando, juntos, destes momentos que nos são tão importantes.

A minha mãe pela compreensão, em todos os momentos desta e de outras caminhadas.

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RESUMO

Dinamismo econômico e social são os principais fatores que conduzem a expansão dos sítios urbanos. Este trabalho visou constatar os problemas causados ao meio ambiente, decorrentes da expansão urbana sem planejamento adequado, constatando que a especulação imobiliária promove uma valorização de áreas naturais, desde que estas atendam as necessidades humanas de ocupação.

Compreender os aspectos da evolução e o dinamismo inerente da sociedade humana é de fundamental importância para um futuro planejamento desta sociedade, hoje abrigada em sua maior parte nas áreas urbanas; avaliar os erros e analisá-los se torna imprescindível para uma futura e bem sucedida ocupação do espaço geográfico. O presente estudo geoambiental realizado no município do Rio de Janeiro/RJ busca um conceito de ambiente urbano que possibilite identificar a natureza dos impactos ambientais urbanos, e a extensão territorial destes impactos; Adoção de medidas específicas que possibilitem estratégias que viabilizem a ocupação ordenada e a urbanização racional da área abrangida neste trabalho, assegurando o desenvolvimento sustentável. Definindo o tipo de ferramenta adequada para um monitoramento e sugerindo uma fiscalização efetiva e um Zoneamento geoambiental.

PALAVRAS-CHAVE: Impacto Ambiental; Zoneamento Geoambiental; Gestão Territorial; Urbanização.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a elaboração desta monografia foi através de pesquisas bibliográficas pertinente ao tema, consulta em sites de internet, livros, artigos e revistas especializadas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Dados da Cidade e do Rio de Janeiro 14

CAPÍTULO II – Impacto Ambiental X Expansão Urbana 19

CAPÍTULO III – Zoneamento Ambiental 33

CONCLUSÃO 36

REFERÊNCIAS 40

ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

A preocupação da sociedade com a escassez de recursos naturais tem sido sucessivamente reiterada e superada ao longo da história, pela descoberta das Américas, pela abertura de novos caminhos para as Índias, e pelo desenvolvimento tecnológico que propiciou ganhos de produtividade agro-pastoril e do trabalho humano. (Bezerraastoril e do trabalho humano. (Bezerra, 1996, 9).

Buscando atender suas necessidades, o homem vem provocando significativas alterações ao meio ambiente. As grandes concentrações populacionais são responsáveis pelo acentuado processo de degradação dos recursos naturais, principalmente dos recursos hídricos e do espaço urbano.

Recentemente, a preocupação com a escassez de recursos naturais valorizou a proteção desses recursos dando nova dimensão à questão ambiental. Essa perspectiva ganhou destaque mundial com a proclamação, pelas Nações Unidas, do Ano do Meio Ambiente, o ano de 1970, e com a convocação, também pelas Nações Unidas, das conferências mundiais sobre meio ambiente.

No início dos anos 70 havia duas posições polarizadoras da problemática ambiental. Uma expressa em "Os limites do crescimento", do Clube de Roma, que propunha a paralisação imediata do crescimento econômico e populacional. Outra, expressa na declaração da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, que propunha a correção dos danos ambientais causados pelo desenvolvimento econômico e a estabilização, em médio prazo, da população mundial. (Viola, 1991, 5-6)

Decorridos quase 20 anos, no fim dos anos 80, havia três posições polarizadoras da problemática ambiental. Uma, do Erth First propunha drástica redução populacional e desocupação humana de vários ecossistemas. Outra, por exemplo, do Partido Verde Alemão, que propunha nova ética ecológica e não crescimento do produto mundial bruto, através da redistribuição do poder e da realocação de recursos produtivos. Uma terceira, majoritária, expressa no relatório "Nosso Futuro relatório "Nosso Futuro Comum" (1988) da Comissão Bruntland, propunha a sustentabilidade ambiental e social, o planejamento familiar, e o repasse de recursos de sistemas produtivos predatórios para sistemas produtivos sustentáveis.

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9 Essas abordagens da problemática ambiental têm enfoques diferentes, ora a paralisação do crescimento populacional, ora a paralisação do crescimento econômico, ora a correção de danos ambientais, ora a desocupação humana de alguns ecossistemas, ora a redistribuição de poder e de recursos produtivos, ora a sustentabilidade ambiental e social. Mas, estas abordagens têm em comum o mesmo conceito de ambiente, ou seja, as relações dos homens com a natureza para preservação dos recursos naturais.

A abordagem majoritária, da Comissão Bruntland (1988), reconhece o vínculo entre ambiente, ações, ambições e necessidades humanas. Este vínculo torna o ambiente inseparável do desenvolvimento e em especial do desenvolvimento sustentável. Este por sua vez é entendido como o desenvolvimento que garante o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às suas necessidades.

Assim, delimitado e contextualizado o conceito de ambiente como relações dos homens com a natureza, para preservação dos recursos naturais em processos de desenvolvimento sustentável, podemos entender o ambiente urbano como relações dos homens com o espaço construído e a natureza na aglomeração de população e de atividades humanas. O espaço construído é o resultado da profunda transformação do ambiente para adequá-lo às necessidades da aglomeração, e para transformá-lo em habitat da população e das atividades humanas aglomeradas. Falta-nos, entretanto, definir a natureza das relações constitutivas do ambiente.

Para os biólogos, o ambiente que inclui organismos em interação com o meio físico é o ecossistema, um "... sistema resultante da integração de todos os fatores vivos e não vivos do ambiente" (Tasley, citado por Branco e Rocha, 1987, 20), ou seja, "... qualquer unidade que inclua todos os organismos (a 'comunidade') de uma determinada área interagindo com o meio físico de forma tal a originar um fluxo de energia definindo claramente uma estrutura trófica, uma diversidade biológica e um ciclo de matérias (intercâmbio de matéria entre partes vivas e não vivas)..." (Odum, citado por Branco e Rocha, 1987, 20). Estes autores definem os elementos componentes do ecossistema - os elementos vivos (organismos) e não vivos (meio físico) em interações; definem a natureza destas interações - fluxos de energia e informações entre organismos e meio físico; e definem a finalidade destas nem a finalidade destas interações - a nutrição e a biodiversidade.

Entretanto nos ecossistemas que abrangem aglomerações de população e atividades humanas a energia e as matérias necessárias a seu desenvolvimento provem predominantemente do seu exterior. Isto possibilita o desenvolvimento destes

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10 ecossistemas tendo por limite apenas a disponibilidade de recursos naturais não importáveis. Vem dai o interesse, nos ecossistemas urbanos, pela preservação do ar, da água, do solo, e do silêncio cujo esgotamento pode impor limites a seu desenvolvimento. As relações dos homens de apropriação e uso destes elementos da natureza são relações constitutivas do ambiente urbano, sem prejuízo de outras relações dos homens com os demais recursos naturais, inclusive com os seres vivos que convivem com o homem neste ecossistema.

Para os paisagistas o ambiente e paisagem são conceitos distintos e entrelaçados. Segundo Magnoli (1986, 60), o ambiente é o resultado das interações entre a sociedade humana e a base física e biológica que a envolve, para sua sobrevivência biológica e espiritual, e a paisagem são conformações e configurações do ambiente. Segundo Macedo (1994,54) a paisagem é a expressão morfológica e temporal de um determinado objeto. Este objeto é a cada momento, o resultado da ação dos homens, dos movimentos geológicos e do movimento das águas, nos diversos pontos do planeta. Segundo Pellegrino (1989, 72) "a interação entre indivíduo e seu ambiente... estabelece um contato de duplo sentido... entre o sujeito interpretante e o signo objeto da interpretação... caracterizando um processo de percepção ambiental....”

Esses conceitos de paisagem se completam, e possibilitam identificar as relações constitutivas do ambiente urbano: a paisagem como relações entre indivíduos e objetos de percepção visual - as relações homens natureza que caracterizam o ambiente; os objetos da percepção visual como expressão morfológica do ambiente, como conformações e configurações do ambiente,

A noção de ambiente também é usual para os urbanistas. Na tradição da ecologia humana, McKenzie se refere a forças seletivas, distributivas e acomodativas do meio ambiente (citado por Gottdiener, 1993, 36). (Park se ref. 36). Park se refere “... as disposições espaciais dos assentamentos urbanos representam a acomodação da organização social a seu meio ambiente físico” (citado por Gottdiener, 1993, 36). Mas, não há qualquer pista do que Park e McKenzie entendem por meio ambiente ou por meio físico.

Na tradição marxista-estruturalista, Castells (1983, 229) se refere à problemática ambiental como relações de indivíduos com o meio ambiente, com as condições de existência quotidiana, e com as possibilidades oferecidas por um modo específico de organização do consumo. Castells ainda (op.cit. 229), desvendando os temas que se entrecruzam na problemática ambiental, define o ambiente urbano como a dimensão biológica da reprodução ampliada da força de trabalho. Lojkine (1981,21),

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11 outro expoente do estruturalismo, polemizando com Castells, reage à definição do urbano como lugar da reprodução ampliada da força de trabalho. Ele não nega o papel da cidade como unidade de reprodução da força de trabalho, mas entende as formas da urbanização como formas de divisão social e territorial do trabalho, inseridas no centro da contradição entre a reprodução do trabalho e as leis da acumulação do capital. Entretanto, falta em Castells explicar as relações constitutivas da dimensão biológica da reprodução ampliada da força de trabalho acima mencionada. Falta também em Lojkine qualquer consideração sobre o ambiente urbano e suas relações constitutivas.

Outros estudiosos da questão ambiental urbana reagem tanto às colocações da ecologia urbana, como às colocações do marxismo-estruturalista. Pacheco (1992, 47-49) resume com muita felicidade esse questionamento e propõe uma nova perspectiva: trazer de volta, os sujeitos das determinações estruturais, e com eles novas problemáticas, como modos de vida, trajetórias sociais, comportamentos, conflitos de interesses, escolhas, etc. Isso significa passar da percepção de catástrofes e riscos eventuais à consciência dos problemas quotidianos para tratar os problemas ambientais não apenas como desastres possíveis, mas, sobretudo, pelo critério da conflitualidade entre os atores. Entretanto falta a Pacheco qualquer consideração sobre natureza das relações constitutivas do ambiente

O dissenso entre essas correntes do pensamento urbanístico sobre o meio urbano, e a falta de conceitos sobre a natureza das relações constitutivas do ambiente urbano, nos remete a busca da especificidade do meio urbano como instrumento para definição de um conceito de ambiente urbano. Entendemos como característicos do meio urbano, a aglomeração de população e de atividades humanas, o espaço construído, e a natureza profunda modificada pela aglomeração. Assim na perspectiva urbanística que trata da apropriação e da fruição do espaço urbanizado e construído organizada pelo processo social, o ambiente é o conjunto de relações dos homens com o espaço construído e com os remanescentes da natureza que convivem com os homens no espaço urbanizado e construído.

Assim, com a contribuição dos biólogos, dos paisagistas e dos urbanistas, é possível conceituar o ambiente urbano como relações dos homens com o espaço construído e com a natureza, em aglomerações de população e atividades humanas, constituídas por fluxos de energia e de informação para nutrição e biodiversidade; pela percepção visual e atribuição de significado às conformações e configurações da aglomeração; e pela apropriação e fruição (utilização e ocupação) do espaço construído e dos recursos naturais.

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12 Este conceito de ambiente possibilita abordar qualquer localização do espaço urbanizado e construído como lugar de intercâmbio de energia das atividades humanas com a natureza para satisfação das necessidades biológicas dos organismos, como lugar susceptível de percepção visual e atribuição de significado, e como lugar de interações das atividades humanas com o espaço construído e com os recursos naturais.

Essas relações compõem uma rede especializada de relações constituintes do meio ambiente. A intensidade dessas relações, que diminui com a distância, que diminui com a distância (física) entre os elementos inter-relacionados, define um gradiente espacial da influência da atividade considerada. Esse gradiente, até o limite dos impactos ambientais significativos, dá concretude às expressões vizinhança, e área de influência.

Este conceito de ambiente possibilita ainda um melhor conceito de impacto ambiental. O conceito oficial de impacto ambiental, segundo a Resolução CONAMA 1/86, é "... qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente..." Mas, esse conceito é muito amplo: pode abranger desde uma simples brisa até a explosão de uma bomba atômica, pois ambas alteram as propriedades do ar. É preciso graduar ou qualificar o impacto ambiental. A pista nos é dada por Murguel Branco (1984,57) que conceitua impacto ambiental como "... uma poderosa influência exercida sobre o meio ambiente, provocando o desequilíbrio do ecossistema natural." O que caracteriza o impacto ambiental, não é qualquer alteração nas propriedades do ambiente, mas as alterações que provoquem o desequilíbrio das relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a capacidade de absorção do ambiente considerado.

Assim, entendemos o ambiente urbano como relações dos homens com o espaço construído e com a natureza, em aglomerações de população e atividades humanas, constituídas por fluxos de energia e de informação para nutrição e biodiversidade; pela percepção visual e atribuição de significado às conformações e configurações da aglomeração; e pela apropriação e fruição (utilização e ocupação) do espaço construído e dos recursos naturais.

Assim, entendemos o impacto ambiental como qualquer alteração produzida pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam a capacidade de absorção desse ambiente. Causando consequentemente a elevação da taxa de crescimento populacional e rápida ocupação do solo criaram um descompasso entre a expansão urbana e a implantação de infra-estrutura apropriada, tornando indissociável a relação da ocupação humana com a geração de impacto

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13 ambiental. O estágio atual do crescimento metropolitano tem como característica marcante a importância assumida pela dimensão ambiental dos problemas urbanos, especialmente os associados ao parcelamento, uso e ocupação do solo, com relevante papel desempenhado pelos assentamentos habitacionais para população de baixa renda. O processo de urbanização brasileiro, na segunda metade do século XX, conduziu à formação de 12 regiões metropolitanas e 37 aglomerações urbanas não-metropolitanas, que concentram 47% da população do país. Nas 12 áreas metropolitanas, residem 33,6% da população brasileira (52,7 milhões de habitantes), em extensos conglomerados que envolvem 200 municípios (IPEA/Unicamp-IE-Nesur/IBGE, 1999). Esses complexos metropolitanos compreendem municípios com funções complementares, gestão independentes e capacidade financeira desigual. Estas características dificultam e condicionam o atendimento das demandas sociais e de infra-estrutura urbana que, na maioria dos casos, surgem da relação funcional entre municípios e dependem de soluções que extrapolam seus limites político-administrativos, equacionando-se na escala regional. As regiões metropolitanas, por contingência ou natureza das relações estabelecidas entre municípios que a compõem, dependeriam de políticas integradas de desenvolvimento urbano e de ações articuladas, que seriam próprias de uma gestão compartilhada. Pela ausência histórica de procedimentos desse tipo, agravaram-se as inadequações no uso e ocupação do solo com forte impacto ambiental.

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CAPITULO I

Dados da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro

1.1 - Síntese Geográfica

A cidade do Rio de Janeiro possui uma população de 6.186.710 habitantes (IBGE/ 2009), é constituída por paisagens de excepcional beleza cênica, tem na água e na montanha os regentes de sua geografia exuberante. A diversidade topográfica do Rio de Janeiro se estende à cobertura vegetal. Florestas recobrem encostas e espécies remanescentes de mata atlântica são preservadas no Parque Nacional da Tijuca. Mata de baixada, restingas e manguezais são preservados nas áreas de proteção ambiental de Grumari e Prainha. Embora a cidade tenha se tornado uma das maiores áreas urbanas do mundo, cresceu em volta de uma grande mancha verde, que responde pelo nome de Floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, que continua mantendo valiosos remanescentes de seus ecossistemas originais, mesmo tendo sido replantada no século XIX. Foi o primeiro exemplo de reflorestamento com espécies nativas. A interferência do homem trouxe ainda mais natureza para a cidade com a construção de parques, praças e jardins. Aos poucos os ecossistemas foram sendo protegidos pela legislação ambiental e uma grande quantidade de parques, reservas e área de proteção ambiental foram sendo criados para garantir sua conservação.

1.2 – Posição Geográfica

A cidade do Rio de Janeiro está situada a 22º54'23" de latitude sul e 43º10'21" de longitude oeste, no município do mesmo nome: é a capital do Estado do Rio de Janeiro, um dos componentes da Região Sudeste do Brasil. Ao norte, limita-se com vários municípios do Estado do Rio de Janeiro. É banhado pelo oceano Atlântico ao sul, pela Baía de Guanabara a leste e pela Baía de Sepetiba a oeste. Suas divisas

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15 A Região Metropolitana do Rio de Janeiro é composta por outros 17 municípios Duque de Caxias, Itaguaí, Mangaratiba, Nilópolis, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Itaboraí, Magé, Maricá, Niterói, Paracambi, Petrópolis, São João de Meriti, Japeri, Queimados, Belford Roxo, Guapimirim - que constituem o chamado Grande Rio, com uma área de 5.384km.

1.3 – Relevo

O relevo carioca está filiado ao sistema da serra do Mar, recoberto pela floresta da Mata Atlântica. É caracterizado por contrastes marcantes, montanhas e mar, florestas e praias, paredões rochosos subindo abruptamente de baixadas extensas, formando um quadro paisagístico de rara beleza que tornou o Rio mundialmente conhecido como a Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro apresenta três importantes grupos montanhosos, mais alguns conjuntos de serras menores e morros isolados em meio a planícies circundadas por esses maciços principais.

FIGURA 1: Mapa Político e Rodoviário Fonte: Submarino (03/2010)

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16 1.4 – Dimensões

A área do município do Rio de Janeiro é de 1.255,3 Km², incluindo as ilhas e as águas continentais. Mede de leste a oeste 70 km e de norte a sul 44 km. O município está dividido em 32 Regiões Administrativas com 159 bairros.

FIGURA 2: Mapa dos Bairros do Município do Rio de Janeiro Fonte: maismoreno.net/.../2009/04/mapa_bairros_rio.jpg

1.5 – Rios

O maior rio genuinamente carioca é o Cabuçu ou Piraquê que deságua na Baía de Sepetiba após um percurso de 22 km. Os mais conhecidos são: Carioca, primeiro a ser utilizado no abastecimento da população, rio histórico, hoje quase totalmente canalizado e a Cachoeira, por ser o formador das mais belas cascatas da Floresta da Tijuca, como a Cascatinha Taunay e o Salto Gabriela. O rio Guandu, originário de município vizinho, é o curso d'água de maior importância e, abastece de água potável a cidade.

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17 1.6 – Lagoas

São poucas, pequenas e costeiras. A maior delas, a de Jacarepaguá, tem cerca de 11km² de área, conhecida também por Camorim e Tijuca. A de Marapendi tem 3.765m² de superfície e está separada da anterior pela restinga de Jacarepaguá e do oceano pela restinga de Itapeba. Além dessa, encontra-se na Baixada de Jacarepaguá a Lagoinha, com cerca 172m². A Lagoa Rodrigo de Freitas, antiga de Sacopenapã, uma das paisagens mais bonitas do Rio, é constituída por um espelho d'água com aproximadamente 2,4 milhões de metros quadrados na forma de um coração, que se tornou famoso e conhecido como o "Coração do Rio". Suas margens, cercadas por parques, quadras de esportes, quiosques para alimentação, pistas para caminhadas e para passeios de bicicleta, são um dos principais pontos de atração da cidade.

1.7 – Litoral

Com extensão calculada em 246,22km divide-se em três setores: Baía de Guanabara, Oceano Atlântico propriamente dito e Baía de Sepetiba.

O primeiro dos citados é o maior, o mais recortado e o de mais antiga ocupação. Vai da foz do Rio São João de Meriti até o Pão de Açúcar. É baixo, tendo sido muito alterado pelos aterros aí realizados. Numerosas ilhas enfeitam essa seção do litoral carioca. Outros acidentes importantes nele encontrados são: as Pontas do Caju e Calabouço, ambas aumentadas por aterros. Algumas praias importantes encontram-se nesse trecho: Ramos, Flamengo, Botafogo e Urca. O segundo setor vai do Pão de Açúcar até a Barra de Guaratiba, a costa é alta quando as ramificações dos Maciços da Tijuca e da pedra Branca se aproximam do litoral; é baixa quando elas se afastam. Torna-se retilínea nas regiões planas, onde aparecem belas praias de restingas, e recortada junto às regiões montanhosas.

Do Leblon para leste a faixa litorânea é mais densamente ocupada pela população urbana; para oeste é mais explorada para turismo e lazer; contudo a ocupação humana dessa área vem ultimamente sofrendo acréscimo. As atrações turísticas propiciaram a concentração de hotéis de alta categoria nesse trecho. Destacam-se no litoral oceânico duas praias: a primeira por sua extensão, 18 km ao longo da Avenida Sernambetiba, desde o píer da Barra da Tijuca até o Recreio dos Bandeirantes e Copacabana (4,15 Km). O terceiro setor vai da Barra de Guaratiba até a foz do Rio Guandu. É pouco recortado e apresenta um único acidente importante - a Restinga de Marambaia. Nele se destacam três praias: Sepetiba, Pedra de Guaratiba

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18 e Barra de Guaratiba. A ocupação humana desse trecho é menos densa, não só por causa da distância que o separa do centro da cidade, como também porque apresenta grandes áreas pantanosas, cobertas de manguezais. É zona de colônias de pesca.

1.8 – Ilhas

Dos 1.255,3 Km² do Município do Rio de Janeiro mais de 37 Km² correspondem às ilhas. Destas, a maioria se encontra na Baía de Guanabara. Mas há, também, as que ficam na costa atlântica e as da Baía de Sepetiba.

Principais Ilhas da Baía de Guanabara: Laje; Villegaignon; Cobras; Fiscal; Enxadas; Governador (é a maior ilha, com cerca de 30 Km² de área); Paquetá; Cidade Universitária (conhecida como Ilha do Fundão).

Principais Ilhas do Litoral Atlântico: Cotunduba - em frente à Praia de Copacabana, perto da barra da Baía de Guanabara; Arquipélago das Cagarras - em frente à Ipanema; Rasa - com um importante farol; Arquipélago da Redonda - fora da barra, à esquerda; Arquipélago das Tijucas - em frente à Barra da Tijuca; Palmas e Peças - entre o Pontal Tim Maia (antigo Sernambetiba) e a Praia Funda; Frade - junto à Barra de Guaratiba Principais Ilhas da Baía de Sepetiba: Bom Jardim; Nova; Cavado; Guaraquessaba; Tatu; Pescaria (unida ao continente por ponte).

1.9 – Clima

É do tipo tropical, quente e úmido, com variações locais, devido às diferenças de altitude, vegetação e proximidade do oceano; a temperatura média anual é de 22º centígrados, com médias diárias elevadas no verão (de 30º a 32º); as chuvas variam de 1.200 a 1.800 mm anuais. Nos quatro meses do chamado alto verão - de dezembro a março - os dias muito quentes são sempre seguidos de tardes luminosas, quando em geral caem chuvas fortes e rápidas, trazendo noites frescas e estreladas.

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CAPÍTULO II

Impacto Ambiental X Expansão Urbana

2.1 –Impactos Ambientais no Município do Rio de Janeiro - RJ

O município do Rio de Janeiro possui cerca de 6.186.710 habitantes (Censo IBGE, 2009). Seu crescimento tem ocorrido de forma acelerada, desrespeitando leis e condições do meio físico, o que provoca o surgimento e agravamento de inúmeros impactos ambientais, comprometendo diretamente a qualidade de vida da população.

FIGURA 3: Mapa Social da Favela da Rocinha /RJ. Fonte: www.blogdacomunicacao.com.br/.../07/rocinha.jpg

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20 Em função disso, o município tem apresentado sérios problemas de ordem socioambiental, dentre os quais, citamos: a emissão de esgotos “in natura” nos cursos d’água, que correm a céu aberto por áreas densamente habitadas; os processos erosivos na área urbana; a disposição final inadequada dos resíduos sólidos urbanos; o assoreamento dos rios, sobretudo dos mananciais e a ocupação irregular dos fundos de vale.

Uma pesquisa divulgada deu a dimensão real de um dos problemas sociais mais graves do Brasil: as favelas. O levantamento foi feito pelo governo do Rio de Janeiro na Favela da Rocinha, zona sul da capital fluminense. São 100.818 moradores e mais de 38 mil casas, se é que podem ser classificadas assim. Os dados foram recolhidos entre dezembro de 2008 e junho deste ano.

O mais impressionante é que o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), realizado em 2000, apontava que a Rocinha tinha apenas 56 mil moradores. De lá, pra cá, como são observado, o número de habitantes praticamente dobrou.

FIGURA 4: Os cem mil habitantes da Rocinha

Fonte: http://noticias.r7.com/saude/noticias/favela-da-rocinha

O censo do governo do Rio mostrou ainda que são aproximadamente 6.500 empresas na favela carioca, sendo que 91% não estão legalizadas. Isto quer dizer que não existem no papel e, por isso, não pagam impostos. E como em toda favela

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21 brasileira, o acesso é difícil. Segundo a pesquisa, 34,2% das entradas na Rocinha são feitos por becos, 33,5% por escadas e 15,7% por ruas de pedestres. Os carros só conseguem passagem por 7,5% das ruas.

Com o levantamento, o governo pretende direcionar cerca de R$ 25 milhões em investimentos para programas sociais na favela.

2.1.1 Rocinha estará totalmente cercada por muro

Já foram remanejadas as 19 primeiras famílias das 70 desapropriadas da Rocinha para a construção do muro divisório entre a comunidade e a floresta. A barreira ecológica, como passou a ser chamada. Algumas alterações foram feitas no projeto original fruto de negociações com a comunidade.

"Foi difícil, mas a gente conseguiu. Ouvimos a comunidade e conseguimos chegar a um denominador comum. O diálogo com a comunidade foi fundamental para elaboração do projeto para o parque ecológico que vai funcionar na área preservada" - explicou Icaro Mereno Júnior - presidente da Empresa de Obras Públicas RJ.

FIGURA 5: Foto da Barreira Ecológica Fonte: www.sidneyrezende.com/noticia/44479

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22 A barreira e o parque ecológicos coincidem com as obras do PAC na Comunidade. O Parque junto à Mata Atlântica, ocupará uma área de 8.000 m² e 700 metros de extensão. Com 3.900 metros de extensão, o traçado dos ecolimites possibilitará a contenção do crescimento horizontal da Rocinha, preservando a floresta adjacente.

2.1.2 Favela da Rocinha, 1977

FIGURA 6: Foto da Favela da Rocinha, 1977

Fonte: www.rioquepassou.com.br/2006/07/20/favela-da-rocinha-1977/

Vemos a ocupação da favela da Rocinha na segunda metade dos anos 70, é impressionante observar que apesar de ela ocupar pelo menos em direção aos Dois Irmãos uma área muito parecida com a de hoje, a densidade populacional era muito menor e o verde predominava na favela.

Hoje não há praticamente nenhuma árvore na área ocupada pela favela, mas sim uma massa disforme de alvenaria, que cada vez mais se empilha e mesmo assim continua tendo surtos de invasões para dentro da mata da Floresta da Tijuca.

A grande diferença entre a Rocinha dos anos 70 e a atual está, fundamentalmente, em dois fatores: Ela se expandiu e continua a todo o vapor para o

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23 lado da Gávea (mais um ângulo repulsivo para a nossa visão) e se verticalizou, existem edifícios de 07 andares.

Conjunção de fatores: a falta de atenção do governo pra com moradia da população e a própria população que viu na favela um meio barato de se morar. Barato porque tudo é ilegal, o terreno, os gatos de luz, de água e de TV a cabo.

O Rio se tornou uma grande favela pontilhada por bairros, mas o que falta no Rio de Janeiro é um governo de verdade, que ame a cidade e queira devolver a nossa belíssima cidade. Sou a favor da remoção, mas acima de tudo, sou a favor de que se dê melhores condições de vida para essas pessoas e para toda a população. Pois se todos tivessem condições, favelas não existiriam.

2.2 - A "Insustentabilidade" do padrão de Urbanização Metropolitano

O padrão de urbanização imprimiu às metrópoles apesar das especificidades regionais ao menos duas fortes características associadas ao modo predominante de fazer "cidade": apresentam componentes de "insustentabilidade" associados aos processos de expansão da área urbana e de transformação e modernização dos espaços intra-urbanos; e proporcionam baixa qualidade de vida urbana a parcelas significativas da população. Em apenas quatro décadas entre 1950 e 1990 formaram-se 13 cidades com mais de um milhão de habitantes e em todas elas a expansão da área urbana assumiu características semelhantes, isto é, não resultou de determinações ou projetos articulados visando à extensão da cidade, mas, ao contrário, prevaleceram à difusão do padrão periférico, condutor da urbanização do território metropolitano, perpetuando, assim, o loteamento ilegal, a casa autoconstruída e os distantes conjuntos habitacionais populares de produção pública, como seus principais propulsores. A significativa concentração da pobreza nas metrópoles brasileiras tem como expressão um espaço dual: de um lado, a cidade formal, que concentra os investimentos públicos e, de outro, o seu contraponto absoluto, a cidade informal relegada dos benefícios equivalentes e que cresce exponencialmente na ilegalidade urbana que a constitui, exacerbando as diferenças socioambientais. A precariedade e a ilegalidade são seus componentes genéticos e contribuem para a formação de espaços urbanos sem atributos de urbanidade. O avanço da urbanização, sua escala e velocidade não constituem problema em si, não fosse o modo como ocorreu. Deve-se estar atento para esse processo, pois a

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24 sustentabilidade do aglomerado urbano/metropolitano, em sua componente físico-urbanística, relaciona-se com as seguintes variáveis: a forma de ocupar o território; a disponibilidade de insumos para seu funcionamento (disponibilidade de água); a descarga de resíduos (destino e tratamento de esgoto e lixo); o grau de mobilidade da população no espaço urbano (qualidade do transporte público de massa); a oferta e o atendimento às necessidades da população por moradia, equipamentos sociais e serviços; e a qualidade dos espaços públicos. Dessa forma, as políticas que sustentam o parcelamento, uso e ocupação do solo e as práticas urbanísticas que viabilizam estas ações têm papel efetivo na meta de conduzir as cidades no percurso do desenvolvimento sustentado. O termo genérico "cidade" tornou-se pouco preciso para expressar o sentido do que se produziu socialmente como espaço urbano ou expansão de "cidade" a partir dos anos 40. Desde então, procura-se adjetivar o termo para designar a resultante espacial do processo que deu forma às periferias metropolitanas. A expressão Cidade Clandestina ou Cidade Irregular define a forma abusiva do crescimento urbano sem controle, próprio da cidade industrial metropolitana, compreendendo os bairros relegados pela ação pública, a cidade dos pobres e dos excluídos, a cidade sem infra-estrutura e serviços suficientes, a cidade ilegal, ainda que legítima. A dualidade verificada nos processos socioespaciais de construção da metrópole contemporânea manifesta-se no reconhecimento de uma cidade "formal" assumida pelo poder público, onde se concentram os investimentos urbanos de todo tipo, e de outra construída à sua margem, que tem no conceito cidade informal a expressão mais abrangente para designá-la, pois associa o fenômeno da expansão urbana ilegal ao da exclusão social. Nele está implícito o pressuposto de que o acesso à cidade se dá de modo diferenciado e que é sempre socialmente determinado, compreendendo o conjunto das formas assumidas pelos assentamentos ilegais: loteamentos clandestino-irregulares; favelas; e cortiços. A "cidade informal" é uma realidade de longa data nas cidades brasileiras, especialmente nas metrópoles que tiveram seu crescimento acelerado, a partir dos anos 40 e 50, associado ao processo de industrialização brasileira, como São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, metrópoles com crescimento mais recente como Belém, Brasília, Natal e Campinas apresentam padrão semelhante. A reprodução e a permanência desse padrão de urbanização apontam para a incapacidade recorrente do Estado em controlar e fiscalizar o uso e a ocupação do solo e atuar como controlador, financiador ou provedor de moradia para as populações com menos recursos.

A evolução desse processo resultou no agravamento de práticas ambientais predatórias, gerando erosões do solo, enchentes, desabamentos, desmatamentos e poluição dos mananciais de abastecimento e do ar, que afetam o conjunto urbano e

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25 em especial as áreas ocupadas pela população de baixa renda, com perdas e deseconomias significativas para o funcionamento adequado do conjunto metropolitano. A força do padrão periférico de urbanização evidenciou: a negligência do Estado, em suas diferentes instâncias, com a construção das cidades e a formulação de uma política de desenvolvimento urbano; a ilegalidade como fator estrutural na dinâmica de expansão urbana das metrópoles brasileiras; o lote urbano precário, a casa na favela e o aluguel de um quarto em cortiços como as alternativas predominantes para resolver o problema de moradia dos pobres nas metrópoles; a ausência de uma política habitacional metropolitana; a insuficiente produção pública de moradias sociais em face da demanda; e o descaso absoluto da sociedade e do poder público com os problemas socioambientais decorrentes.

2.3 – Expansão Urbana e a Problemática Ambiental

O espaço geográfico vem sofrendo intensos estágios exploratórios, uma dinâmica que surge com as primeiras ocupações, até o aprimoramento das grandes áreas urbanas, hoje presentes em todo o mundo. Resultado direto da ampliação da ocupação do espaço, a exploração dos recursos naturais, se inicia com as atividades sociais agrícolas e se desenvolve temporalmente até o surgimento da cidade.

Para Santos (2002, p.201): “A natureza sempre foi o celeiro do homem, ainda quando este se encontrava na sua fase pré-social. Mas para que o animal homem se torne social, é indispensável que ele também se torne o centro da natureza”.

Pode-se entender que, os processos que modelam à organização das cidades, em destaque, a divisão do trabalho, as diferenciam diante do conteúdo de cada um delas e sua evolução temporal. (SANTOS e SILVEIRA, 2002p. 209). Neste mesmo seguimento, compreende-se que a ocupação urbana do espaço criará também diferentes alterações do ambiente natural, por conseqüência, existirão inúmeros estágios exploratórios do espaço. Cada um destes estágios exploratórios, que também caracterizam a organização social humana, contextualiza-se dentro de uma evolução histórica. Desta forma, entende-se que, “O território, visto como unidade e diversidade é uma questão central da história humana e de cada país e constitui o pano de fundo do estudo das suas diversas etapas e do momento atual” (SANTOS e SILVEIRA, 2002, p.20).

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26 Entretanto a ocupação urbana desordenada sempre foi notória nesta evolução. O avanço da fronteira urbana se estende por áreas, muitas vezes impróprias como fundos de vales e áreas de nascentes - acelerando e intensificando desta forma a degradação do ambiente natural preexistente.

Para Almeida (1993, p.36), “a ocupação do espaço urbano é

revelado pelo valor da terra, principal componente avaliador e determinante da sua apropriação”.

É possível avaliar esta situação em qualquer cidade do mundo. Isto é um reflexo direto também da evolução econômica da sociedade, sendo que “Esse descompasso apresenta-se sob a forma de problemas ambientais, quando, de fato resulta da forma como a sociedade se organiza sob o industrialismo, compreendido em dimensões econômica, cultural e ideológica [...]” (CARLOS e (LEMOS, 2003, p.296).

Além da expropriação do uso do espaço em favor dos interesses econômicos, a degradação ambiental é o reflexo direto deste processo, existindo ainda, uma desvalorização da paisagem natural, e uma valorização de paisagens artificiais, que surgem com o objetivo de intensificar a especulação imobiliária.

Para Ab' Saber (2003, p.10): “Mais do que simples espaços territoriais, os povos herdaram paisagens e ecologias, pelas quais certamente são responsáveis. Desde os mais altos escalões do governo e da administração até o mais simples cidadão, todos têm uma parcela de responsabilidade permanente, no sentido da utilização não predatória dessa herança única que é a paisagem terrestre. Para tanto, há que conhecer melhor as limitações de uso específicas de cada tipo de espaço e de paisagem. Há que procurar obter indicações mais racionais, para preservação do equilíbrio fisiográfico e ecológico”.

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27

Segundo Carvalho (2001, p.27), “inúmeros problemas

ambientais são causados quando se ocupa áreas de preservação, e isto ocorre devido à desvalorização da área, sendo que muitas vezes estas ocupações são ilegais”.

Não obstante, em contrapartida, existe um desestimulo por parte da administração, manutenção e preservação do espaço. Entretanto, a preservação e a utilização do espaço, mediante planos coerentes e coletivos - no sentido de que a administração do espaço deve englobar todas as camadas sociais - devem ser promovidas pela administração pública, e esta, facilitar e incentivar a participação da sociedade organizada, que deve exercer um papel de maior representatividade, e até mesmo de maior interesse, para a melhor utilização possível do espaço, e não sua exploração desmedida como vem acontecendo.

Para Santos (1998, p.131): “Enquanto isso, o discurso novo do planejamento, novo, mas só em aparência, porque carente de um conteúdo realmente novo, vale-se de acentos retóricos, como, por exemplo, a fastidiosa alusão à participação, coisa que, por falta de definição, não se pode reconhecer, e por falta de uma vontade política, não pode ser definida ou implementada”.

A utilização do espaço conduzida por uma diretriz econômica, assim como tem acontecido, gera além de danos ambientais, uma segregação social, favorecendo as parcelas de maior poder econômico - e político - de utilizar as melhores áreas do espaço geográfico, e condenando parcelas sociais menos favorecidas economicamente a se utilizar, muitas vezes, de áreas impróprias para ocupação humana; promovendo também uma contradição política e administrativa, pois estas áreas impróprias, para se tornarem apropriadas à ocupação, de forma a não causar sérios danos ambientais, são as que carecem de maiores recursos econômicos. “São as camadas mais humildes que sofrem mais diretamente as conseqüências negativas das aglomerações urbanas”. (RIBEIRO, 2003, p. 1827).

Esta é, portanto, uma preocupação crescente dentro do planejamento urbano adequado. “A história do Planejamento Territorial nada mais é do que a das mudanças

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28 do homem com relação ao seu abrigo, aos seus meios de vida e ao tempo por ele empregado em recreio e repouso”. (BIRKHOLZ, et al 1983, p.5).

A alteração da paisagem natural, devido às mudanças na organização do trabalho e os ciclos históricos que conduzem à economia, promoveram a destruição do conjunto fisiográfico de forma muito acelerada, gerando inúmeros impactos ambientais; visto que, estes impactos já foram constatados em muitos estudos anteriores, até mesmo na área observada, que já sofria um intenso estágio exploratório nos anos 40 do século XX, com o objetivo de se ampliar às fronteiras agrícolas, agravando posteriormente os problemas ambientais causados por este desflorestamento (MAACK, 1981, p.278).

2.4 - Fundamentos da Política Municipal do Meio Ambiente

Na abordagem dos fundamentos da Política Municipal do Meio Ambiente é preciso considerar que os problemas ambientais podem ser analisados em diversas escalas de trabalho, mas que sua resolução, de forma condizente com as necessidades da população local, passa necessariamente pela escala do município, no qual os problemas ambientais são mais evidentes e graves.

É nesta escala que os problemas podem ser sanados, pela possibilidade maior de resolução, pressão e participação social, tendo em vista que “(...) o município é o espaço territorial e a esfera de governo mais próxima do cidadão”.

De acordo com AMARAL (1995 p.97) “estabelecer uma Política Municipal do Meio Ambiente significa gerenciar conflitos e negociar prioridades sociais, uma vez que vivemos em sociedade com profundas diferenças sociais, as quais suscitam interesses individuais que na maioria das vezes não condizem com os interesses coletivos da população”.

Nesse sentido, consideramos de suma importância o estabelecimento de uma Política Municipal do Meio Ambiente, a qual deve ser específica para cada município e definida a partir da realidade local, baseando-se em ampla análise das potencialidades dos recursos locais, a situação da administração pública e os problemas vividos pelo

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29 município, as aspirações da população e, principalmente, trazendo uma visão abrangente de como tratar o desenvolvimento por caminhos socialmente mais justos e humanos.

A Política Municipal do Meio Ambiente tem por objetivo geral “a melhoria da qualidade de vida dos habitantes do município, mediante proteção, conservação, preservação, controle e recuperação do meio ambiente, considerando-o um patrimônio público a ser defendido e garantido às presentes e futuras gerações. Para tanto, deve fundamentar-se em princípios norteadores, os quais podem ser destacados dos textos constitucionais e adaptados às especificidades locais, ou surgir do debate entre os vários agentes do processo de gestão ambiental no município.

Dentre os princípios que devem direcionar os programas de ação governamental e condicionar sua execução, apresentados pela FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA (1991 p.31), destaca-se os seguintes:

- “O Meio Ambiente como bem de uso comum do povo”, ou seja, todas as pessoas têm direito a um Meio Ambiente saudável, cabendo ao Poder Público Municipal garantir este direito;

- “A prevalência do interesse público”, no qual todas as ações desencadeadas devem fundamentar-se na melhoria da qualidade de vida da população, e não beneficiar algumas pessoas segundo interesses particulares;

- “O acesso à informação”, o indispensável conhecimento dos aspectos da realidade para desenvolverem uma participação efetiva nas decisões que afetam suas condições de vida;

- “A efetiva participação da população na defesa e preservação do meio ambiente”, por incentivo da participação popular na definição e monitoramento de planos de desenvolvimento e de gestão ambiental, considerando-a indispensável à melhoria da qualidade de vida;

- “A priorização das políticas sociais”, como princípio para o desenvolvimento do município;

- “A compatibilização entre o desenvolvimento sócio-econômico com preservação ambiental e qualidade de vida”, estes princípios influenciam-se mutuamente e dependem um do outro para sua concretização;

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30 - “A compatibilização entre as várias políticas ambientais- nacional estadual e municipal”, os estudos relacionados ao meio ambiente, devem ser globalizadores, ou seja, indissociáveis nas diversas escalas;

- “A compatibilização das diversas políticas- economia, saúde, social e educação- nos diferentes níveis de governo”, ressalta-se neste princípio a necessidade de maior articulação destas políticas em nível de governo local com as outras esferas de governo.

Todos estes princípios devem compor a Política Ambiental de um município de modo a garantir a efetiva adequação do desenvolvimento municipal com o meio ambiente, diminuindo ou evitando os problemas ambientais.

Outro fundamento da Política Ambiental deve ser a busca do estabelecimento de parcerias, visando, sobretudo, agregar instituições e pessoas que possam interferir positivamente nos rumos do município e na viabilização desta política ambiental. Assim, a implantação e execução da Política Municipal do Meio Ambiente, pode receber o apoio de diversos órgãos, dentre os quais cita-se:

v Entidades Privadas de cunho Social, Cultural ou Educativo;

v Órgãos Técnicos Estaduais, como a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), a Secretaria de Meio Ambiente, o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), departamento ou empresa concessionário de serviços de saneamento básico, entre outros;

v Órgãos Técnicos Federais, como o Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA);

v Consórcios Intermunicipais; v Comitês de Bacias Hidrográficas;

v Universidades Estaduais e Federais, ou Entidades Públicas ou Privadas de Pesquisa.

Vale destacar que a proteção ao Meio Ambiente só terá efeito com a ação persistente e conjunta dos vários órgãos públicos, entidades não governamentais e a população em geral, estabelecendo e cumprindo uma Política Municipal de Meio Ambiente, para assim atingirmos o objetivo maior, de preservar a melhor qualidade de vida da população.

É necessário, portanto, a participação e envolvimento da comunidade local e regional na tomada de decisões e implementação das ações, uma vez que os

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31 problemas ambientais têm amplitudes regionais e em várias outras escalas. A participação deve promover o rompimento de várias barreiras, entre elas, interesses particulares, falta de prioridade nas políticas públicas, conhecimento, conscientização e democratização das informações.

Para que os fundamentos da Política Ambiental possam ser implementados é necessário a adoção de diversos instrumentos, institucionais e legais, ou seja, mecanismos que permitem o desenvolvimento dos princípios estabelecidos, os quais são apresentados na seqüência.

2.5 - Instrumentos da Política Municipal do Meio Ambiente

2.5.1 Lei sobre Política Municipal de Meio Ambiente

A Lei sobre Política Municipal de Meio Ambiente, deve estruturar a ação governamental de preservação, proteção, conservação e recuperação do Meio Ambiente. Entre as atribuições da lei de Política Municipal de Proteção Ambiental a FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA (1995 p.42-43) destaca:

v Apresentar normas estabelecendo os princípios gerais de preservação do Meio Ambiente e adequação às diretrizes gerais do Plano Diretor, bem como aos objetivos do desenvolvimento local e regional;

v Definir os objetivos, gerais e específicos da Política de Meio Ambiente do Município;

v Conceituar os principais termos ambientais utilizados: Meio Ambiente degradação ambiental, poluição, recursos naturais, recursos ambientais, patrimônio histórico, natural, cultural, Estudos de Impacto Ambiental, Relatório de Impacto Ambiental, entre outros que o município considerar necessários;

v Incluir a definição dos instrumentos de implementação da política ambiental do município, o zoneamento ambiental; a avaliação de estudos de impacto ambiental; o licenciamento e o controle das atividades efetivas ou potencialmente promotoras de degradação ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias à preservação;

v Explicitar mecanismos de participação da comunidade na discussão e execução da política ambiental; definir um sistema de informações e

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32 conscientização pública sobre a matéria, bem como a promoção da educação e da pesquisa ambiental; propor um sistema de fiscalização e Controle, fixando as sanções administrativas;

v Considerar os órgãos que participam da implantação e execução da política ambiental do município e respectivas competências: Conselho Municipal de Meio Ambiente, secretarias, departamentos afins (meio ambiente, planejamento, obras, saúde e educação);

v Prever a criação de um Fundo Municipal de Meio Ambiente capaz de gerar recursos para a gestão das questões ambientais.

Explicitadas as atribuições da Lei de Política Municipal do Meio Ambiente, pode-se considerar sua elaboração e execução como fatores indispensáveis para uma melhor qualidade de vida para a população, tendo em vista que esta lei contempla a participação popular no que se refere às tomadas de decisões, no planejamento e desenvolvimento do município.

Cabe registrar que, de acordo com Henares (1999), em Presidente Prudente não há uma lei específica sobre política municipal do meio ambiente. Os dispositivos legais estão dispersos em vários leis e regulamentos.

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CAPÍTULO III

Zoneamento Ambiental

3.1 – Zoneamento

O zoneamento deve ser a conseqüência do planejamento. Um planejamento mal estruturado, mal fundamentado poderá ensejar um zoneamento incorreto e inadequado. Como decorrência do planejamento, pode-se obter o instrumento de zoneamento ambiental, que se caracteriza pela divisão do território em parcelas nas quais se autorizam ou interditam a implantação e desenvolvimento de determinadas atividades. Em geral, especifica os usos e restrições ao uso das diversas parcelas do município, segundo critérios técnicos e científicos, e de acordo com as potencialidades do ambiente. Estas zonas devem estar identificadas no Plano Diretor do município e seguir diretrizes ou zoneamentos da legislação federal e estadual, no que for necessário (Fundação Prefeito Faria Lima, 1999).

Salienta-se a importância da proposta de zoneamento ambiental passar por um debate aberto e amplo, no qual todos os setores da sociedade tenham a oportunidade de expressar seus pontos de vistas referentes ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade.

É necessária a realização do planejamento e do zoneamento ambientais, considerando as características regionais e locais, articulando os respectivos planos, programas e ações. Estabelecendo que as Zonas de Preservação e Proteção Ambiental destinam-se exclusivamente à preservação e proteção de mananciais, fundos de vales, nascentes, córregos, ribeirões e matas, e que quaisquer obras nestas zonas, restringem-se a correções de escoamento de águas pluviais, saneamento, combate à erosão ou de infra-estrutura e equipamentos de suporte às atividades de lazer e recreação.

Realizando uma observação “in loco” de alguns dos limites das Zonas de Proteção e Preservação Ambientais estabelecidos no Plano Diretor do município, constata-se que em muitos locais estes limites não foram respeitados, trazendo como

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34 conseqüências a aceleração de processos erosivos, assoreamento e poluição dos cursos d’água e habitações em áreas de risco de inundação e movimentos de massa. 3.2 – Avaliação de Estudos de Impacto Ambiental

A Avaliação de Estudos de Impacto Ambiental é um instrumento de monitoramento da qualidade ambiental, de caráter preventivo, que se insere no planejamento das atividades diretamente relacionadas com o ambiente, e no

Planejamento global da União, dos Estados e dos Municípios. Neste particular, a Constituição Federal, em seu Artigo 225, parágrafo 1°, inciso IV regulamenta a exigência, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio e conseqüente relatório de impacto ambiental, a que se dará publicidade. Desta forma, o município deve condicionar o licenciamento da obra ou da atividade potencialmente poluidora em seu território, somente após a realização do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

Segundo MACHADO (1992 p.12) o EIA “é de maior abrangência que o relatório e o engloba em si mesmo”. Assim, o EIA precede o RIMA e é seu alicerce de natureza imprescindível.

3.3 - Fiscalização e Controle

Atribui aos municípios o dever de atuação, mediante planejamento, controle e fiscalização das atividades públicas e privadas, causadoras efetivas e potenciais de alterações significativas no Meio Ambiente.

Para a efetiva implantação da Política Municipal do Meio Ambiente, o município deve ter uma ação de caráter preventivo na aplicação da legislação e na educação ambiental, e caráter corretivo na fiscalização, obrigando os agressores a repararem os erros e danos causados ao Meio Ambiente.

Desta maneira, a implantação e desenvolvimento deste instrumento, segundo CEPAM (1999), é muito importante para o cumprimento das normas estabelecidas na Lei de Política Municipal do Meio Ambiente, pois, de nada valem as leis, se não forem

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35 aplicadas ou cumpridas, tendo em vista que estas foram fundamentadas na necessidade de regulamentar ações realizadas no cotidiano.

A implementação dos instrumentos que devem compor uma política municipal do meio ambiente apresenta inúmeras dificuldades, tais como: a falta de planejamento de longo prazo das ações públicas, os interesses divergentes e conflitos quanto ao uso dos recursos naturais, a descontinuidade das políticas públicas; as alterações no corpo de funcionários e de orientações políticas a cada transição governamental, a insuficiência de recursos financeiros, os trâmites burocráticos, entre outros. Todavia, a ausência ou a não aplicação de uma Política Ambiental em vários municípios brasileiros tem ocasionado ou intensificado muitos impactos ambientais, comprometendo a qualidade de vida da população.

Assim, trabalhar para a implementação de forma clara e adequada de uma política municipal de meio ambiente deve constituir tarefa de todos os moradores, para superar as ações de degradação ambiental.

Diante do quadro de impactos ambientais existentes no município do Rio de Janeiro e da identificação e conhecimento dos objetivos, fundamentos, princípios e instrumentos que compõem a Política Municipal do Meio Ambiente, concluí-se que o município tem vários instrumentos que permitem reduzir e minimizar os impactos ambientais, a exemplo do Plano Diretor e Zoneamento Urbano, mas ainda não possui uma política ambiental claramente definida especialmente na forma de uma lei específica.

Neste sentido, o estabelecimento de parcerias entre diversos órgãos públicos, privados e comunidade, aparece como um mecanismo de descentralização das decisões e, portanto, de viabilização de soluções aos problemas ambientais vivenciados no cotidiano. Esta participação enfrenta um grande desafio cultural, no que diz respeito ao rompimento das barreiras representadas por interesses particulares, falta de prioridade, conhecimento, conscientização e democratização das informações.

A Educação Ambiental neste cenário aparece como força motriz, ou seja, multiplicadora de ações. Um processo dinâmico, integrativo e contínuo, que desperta a consciência de cidadania, através do cumprimento dos direitos e deveres do indivíduo na coletividade. Constitui, portanto, um caminho para fomentar a formulação de política municipal de meio ambiente.

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36

CONCLUSÃO

O zoneamento geoambiental tem como objetivo à ordenação territorial do uso dos espaços, segundo suas características bióticas e abióticas (recursos naturais e qualidade ambiental, análise sócio-econômica e padrões de uso da terra).

Para haver um zoneamento territorial racional e viável, é imprescindível o conhecimento aprofundado do local selecionado. Aliado a isso deve se considerar o fato de que a sociedade atual está exigindo progressivamente uma melhoria na qualidade de vida, o que estar intimamente relacionada à qualidade do meio.

De acordo com a Lei no 6.938, de 31/08/1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, o zoneamento ambiental é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, que visa assegurar em longo prazo, a eqüidade de acessos aos recursos ambientais naturais, econômicos e sócio-culturais.

Relativamente ao estudo da área de abrangência dessa pesquisa deve-se ainda considerar a Lei no 7.661, de 16/05/1988 que instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC. Segundo essa lei, em seu Parágrafo 5o, o PNGC deverá ser elaborado e executado “... observando normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que contemplem, entre outros, os seguintes aspectos: urbanização; ocupação e uso do solo, do subsolo e da águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema viário e de transporte; sistema de produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo, recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico."

Assim sendo, o desenvolvimento desse estudo tem por finalidade maior, fornecer subsídios aos setores competentes e aos gestores municipais e/ou estaduais do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC local, para a adoção de medidas específicas que possibilitem estratégias que viabilizem a ocupação ordenada e a urbanização racional da área abrangida neste trabalho, assegurando o desenvolvimento sustentável.

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37 O zoneamento geoambiental tem como objetivo a ordenação territorial do uso dos espaços, segundo suas características bióticas e abióticas (recursos naturais e qualidade ambiental, análise sócio-econômica e padrões de uso da terra).

A necessidade de organizar a discussão de um tema de grande amplitude, como é a questão ambiental, tem dado lugar a uma classificação dos problemas (tanto locais como globais) em três agendas: A chamada agenda verde, que reúne as questões relacionadas à flora e fauna, solos, biodiversidade, a agenda marrom, que abrange as questões de poluição e degradação urbanas, e a agenda azul, voltada para as questões relacionadas aos recursos hídricos. É óbvio que essa classificação não implica dizer que tais agendas representem pautas de trabalho estanques, pelo contrário, é necessário articular essas temáticas como partes diferenciadas de uma mesma questão (Gusmão, 2000).

O Zoneamento Ambiental é um fator decisivo na articulação entre as diversas agendas, desde que considerado como um sistema de informações para a gestão integrada do território. O zoneamento não pode ser visto apenas como um instrumento de restrição, mas sim de regulação social do uso dos recursos naturais e ecológicos. Os avanços metodológicos quanto aos zoneamentos obtidos no Brasil, principalmente aqueles realizados para a Zona Costeira, apontam na direção da busca de um instrumento capaz de contemplar as três agendas – verde marrom e azul – de modo integrado, o que no caso do presente Programa de Trabalho constitui sua principal meta metodológica. Para tanto, deve ser visto como um modelo de gestão do território, baseado na ampla disponibilidade e transparência de informações e na, não menos ampla, negociação social das metas de regulação de apropriação e uso do território. Assim, sua execução deve seguir uma abordagem interdisciplinar, considerando, segundo uma hierarquia de escalas espaciais e temporais, a estrutura e dinâmica do sistema ambiental, e uma visão sistêmica que analise as relações de causa/efeito entre os componentes do sistema ambiental, estabelecendo as interações entre os mesmos. De acordo com essa proposta metodológica, o zoneamento ambiental é um instrumento político e técnico de planejamento, cuja finalidade última é otimizar o uso do espaço e as políticas públicas. Essa otimização é alcançada pelas vantagens que ele oferece, por:

v Ser um instrumento técnico de informação sobre o território, necessária para planejar a sua ocupação racional e o uso sustentável dos recursos naturais;

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38 v Classificar o território segundo suas potencialidades e vulnerabilidades; v Ser um instrumento político de regulação do uso do território;

v Permitir integrar as políticas públicas em uma base geográfica, descartando o convencional tratamento setorializado de modo a aumentar a eficácia das decisões políticas;

v Permitir acelerar o tempo de execução e ampliar a escala de abrangência das ações;

v Produzir informações para o processo de tomada de decisão para ordenamento do território que auxiliam a compreensão do cenário atual e, conseqüentemente, favorece a negociação entre as várias esferas de governo e entre estas, o setor privado e a sociedade civil, sendo assim um instrumento para a construção de parcerias;

v Ser um instrumento do planejamento e da gestão para o desenvolvimento regional sustentável (Becker & Egler, 1997). Considerando esses aspectos, o zoneamento caracteriza-se, assim, como instrumento ativo para o desenvolvimento sustentável, e não apenas instrumento corretivo e restritivo, como freqüentemente se pensa. Embora pautado na identificação de zonas “homogêneas”, na verdade busca tirar partido da diversidade territorial, promovendo a compatibilidade sistêmica entre as zonas.

A cidade do Rio de Janeiro está em constante crescimento. Favelas avançam no asfalto e adentram matas fechadas. Na falta de fiscalização, controle e de ferramentas que comprovem essa crise habitacional. A prefeitura da cidade argumenta que o movimento de expansão está estagnado. Na tentativa de dar subsídios para solução do problema, a PUC investe, desde 1998, em pesquisas para gerar um sistema de monitoria da cidade através de imagens de alta resolução.

A idéia é montar um laboratório na Universidade para pegar toda essa tecnologia e gerar informação. Também buscando juntar um grupo de empresas conscientes que queiram investir no projeto ambiental. Fazendo um “Google Earth” (um serviço de pesquisa e visualização de mapas e fotos de satélite gratuito na web) da cidade do Rio de Janeiro, em que haveria informações constantemente atualizadas. No projeto estão envolvidos o Departamento de Geografia, que colabora com a interpretação de imagens do espaço geográfico, e o Departamento de Engenharia Elétrica, que atua na tecnologia de automação de inteligência artificial.

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39 Outra vantagem do projeto é criar um sistema de teses, monografias e textos em congressos para entender o que está acontecendo.

No desenvolvimento científico do projeto trabalha um grupo de pesquisadores preocupados com a classificação automática de imagens de alta resolução em áreas urbanas. Além da PUC, os departamentos de cartografia e geografia de seis universidades participam em rede do projeto: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Universidade Federal do Paraná (UFPA); Universidade de Hannover e Universidade de Freiburg, na Alemanha e a Universidade de Salesburg, na Áustria.

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