José Roberto Afonso
PROGRAMA MODULAR INTERNACIONAL EM FAZENDA PÚBLICA, GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Secretaria da Fazenda de São Paulo e Institutos de Estudos Fiscais 07/10/2013, S.Paulo
.
A Agenda Federativa
e Tributária no Brasil
2
Introdução
Brasil atravessa o período mais longo de normalidade democrática e republicana.
Não houve uma formalização do atual arranjo fiscal, muito menos uma estratégia planejada e acordada: foi fruto de circunstancias que mudaram com frequência.
O Pacto Federativo seria a opção da Assembleia Constituinte -1987-1988 por um capítulo exclusivo para o sistema fiscal, com detalhes das competências tributárias exclusivas e das repartições das receitas de impostos.
A agenda nacional de discussões /deliberações tem sido pautada pelo Executivo.
Congresso Nacional só reage: raro toma a iniciativa.
Supremo Tribunal Federal (STF) assumiu nos últimos anos um papel fundamental em relação às grandes questões federais: tomou a iniciativa de compor um tema (FPE, ICMS de guerra), tomar a decisão final sobre o assunto (royalties do petróleo até que a guerra fiscal dívida subnacional).
Agenda Federativa: rever que pacto?
A presença do Estado na economia sempre foi muito expressiva: gasto público é elevada – crescentes transferências de renda (desde juros até benefícios
previdenciários e sociais) enquanto investimento fixo segue muito baixo.
Carga tributária crescente e muito superior a outros países latinos e emergentes.
Depende muito de impostos indiretos, aplica diferentes impostos e contribuições sobre a mesma base e possui o maior (suposto) IVA em competência estadual.
Gerou importantes distorções como a perda de competitividade e a regressividade.
Nunca se conseguirá reformar o sistema?
Nota:
Para um diagnóstico geral
da evolução e da estrutura dos impostos, ver o Livro Branco
(com Kleber Castro e Julia Morais) publicado pela BID
http://bit.ly/18cprRw
Agenda Tributária : como reformar?
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Economia Política
da Reforma Tributária
A reforma tributária é considerada, com a reforma política, um dos mais difíceis mudanças estruturais no Brasil. Mas ...
Nas últimas décadas, vários projetos de reforma foram propostos e nenhum aprovado para promover uma mudança estrutural, porém muitas alterações foram realizadas, quase sempre visando aumentar a carga ou a descentralização da receita...
Das 80 emendas à Constituição de 1988, no capítulo do Sistema Tributário, 11 dos 20 artigos já foram modificados (sendo 2 novos): foram 72 disposições alterada (excluído, inserido reformulação), incluindo 38 dos interesses subnacionais – inclusive a extinção de dois impostos subnacionais (IVVC municipal e adicional estadual de IRPJ)....
Impossível reformar?
Os governos nacionais sempre tiveram maioria no Congresso Nacional.
Apesar da lenda, nunca o governo nacional foi derrotada por governos subnacionais em termos de conflito entre eles.
A lógica política dominante: pouco ou não importa o quanto e como ele coleta, desde que viável a despesa (ainda mais).
Sobre equidades, existe uma ideia muito simples e errada: todos pagam igualmente os tributos. Programas de transferências de renda aos mais pobres deram uma justificação social.
Os atores sociais mais relevantes que em poucas oportunidades discutiram reforma tributária foram os chefes do Executivo Federal e do Congresso provincial.
Representantes dos contribuintes nunca foram grandes jogadores.
Atores da reforma
Poder Presidencial – comparação latina
Compilado de Francisco Diaz e Jorge Rodriguez, CIEPLAN, 2013.
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Divisão Federativa recente
Tendência federativa: menor peso dos estados
11
Tributação Deteriorada
Sistema tributário adota mesma estrutura básica definida em meados dos anos 60: economia de bens e fechada.
Inovação mundial com dois IVAs (ICMS e IPI): o maior no âmbito subnacional e ambos focados em mercadorias com regime físico
Mudança profunda no PIB entre 1965 e 2009•
Indústria de transformação caiu de 32% para 27% do PIB•
Se acrescenta agricultura, de 48% para 32% do PIB Reformas fracassadas
Constituição de 1988 focou na descentralização
Poucas vezes foram tentadas reformas estruturais (como em 1995 e 2007) e falharam; mas muitas mudanças foram realizadas (mais de 70 dispositivos alterados na última Constituição)12
“Pecado Original”
Carga tributária global
Alta e crescente: recorde 37% do PIB em 2012
TERMÔMETRO DA TRIBUTAÇÃO (ANUALIZADO) - 1991/2013 Acum ulado 12 m eses: % do PIB
Arrecadação Total
Ano Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 2005 28,2% 28,2% 28,3% 28,4% 28,4% 28,6% 28,7% 28,7% 28,7% 28,7% 28,8% 29,0%
2006 29,0% 29,0% 29,0% 29,1% 29,1% 29,1% 29,0% 28,9% 29,0% 29,1% 29,0% 29,0%
2007 29,0% 29,1% 29,0% 29,0% 29,0% 29,0% 29,0% 29,1% 29,0% 29,1% 29,2% 29,4%
2008 29,6% 29,6% 29,7% 29,7% 29,6% 29,6% 29,6% 29,5% 29,5% 29,5% 29,3% 29,3%
2009 29,2% 29,1% 29,0% 28,9% 28,8% 28,7% 28,6% 28,4% 28,1% 28,1% 28,2% 27,9%
2010 28,5% 28,4% 28,2% 28,3% 28,2% 28,1% 28,0% 28,1% 28,1% 27,9% 27,5% 27,9%
2011 28,1% 28,2% 28,4% 28,5% 28,5% 28,8% 29,2% 29,3% 29,5% 29,7% 29,8% 29,9%
2012 30,1% 30,2% 30,2% 30,2% 30,3% 30,2% 30,1% 30,0% 30,0% 29,9% 29,8% 29,8%
2013 29,9% 29,8% 29,7% 29,7% 29,7% 29,7% 29,7%
Carga tributária comparada internacionalmente
Brasil fora da curva
33%
27%
5%
34%
1%
38%
26%
6%
29%
1%
19%
26%
4%
45%
7%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
Rendas e Ganhos Salários
Patrimônio
Mercadorias, serviços e bens Outros
% do Total
Participação das Bases de Incidência no Total da Carga Tributária - 2010
Média OCDE Média Avançados OCDE Brasil
Foco de atenção na tributação interna(consumo)
País abusa dessa base como diferencial para carga superior a emergentes (ideia da colônia que consumidor e estrangeiro deve pagar imposto e não proprietário e rentista)
Múltiplos impostos, tanto gerais (tipo IVA, como deveria ser ICMS, IPI, regime novo da COFINS), quanto específicos (ISS, CIDE, CPMF.... )
Faturamento também é base de IRPJ (presumido e Simples) e contribuição previdenciária (serviços e nova base) Distorções resultantes:
Tributação estimada de mais de um quinto dos investimentos fixos e dos insumos exportados
Regressividade enorme e crescente pela maior propensão a consumir das famílias mais pobres15
Tributação Indireta
16
Carga concentrada por bases e tributos
Equidade – fora da agenda
c. previd.
ir iptu, ipva e outros
diretos icms
pis-cofins ipi, iss e cide
0%
4%
8%
12%
16%
20%
24%
28%
32%
10 20 30 40 50 60 70 80 90 95 96 97 98 99 100
centésimos de renda familiar per capita
participação na renda
Composição da Incidência Tributária sobre a Renda Total das Famílias Brasil, 2008-2009
Fonte: Fernando Gairger
O governo nacional, mesmo com maioria parlamentar e apoio popular, aposta que tudo se resolva apenas com…
Algumas alterações legislativas e efeitos muito específicos
Esforços de gestão – no caso dos impostos, abrange cada vez conceder, adiar ou anular os incentivos específicos ou dirigidos…
É inegável que o progresso tem sido feito na administração fiscal ao mesmo tempo em que se deteriorava a política tributária:
Positivo: fortes investimentos na modernização da administração fiscal por parte de todos os governos; inovações, tais como nota fiscal eletrônica e sistema digital integrado (SPED); crescente integração das ações das diferentes administrações fazendárias
Negativo: complexidade; cumulativos; inequidade; recentralização federativa.
Opção Preferencial
Isenções e subsídios: mais acúmulo de crédito indireto e tributação de renda não auferida.
Desoneração da folha: troca pior para algumas empresas (mais terceirizadas) e pequenas empresas do simples pagam mais que grande empresa.
ICMS interestadual: sobre importações – controle complexo e burocratizado; projeto - reação à alíquota reduzida na origem será ampliar controle na fronteira e substituição tributária.19
Reformas Fatiadas e Efeitos Colaterais
Tributos federais indiretos: créditos acumulados crescentes
RFB resposta em Out./2012 DESONERAÇÕES PARA FOMENTAR ECONOMIA: Min.Fazenda
Ano Folha/
R$ bi % Prev % PIB R$ bi % PIB Total
2012 3,8 1,2% 0,09% 44,5 1,01% 9%
2013 16,0 4,9% 0,33% 70,1 1,44% 23%
2014 24,7 7,0% 0,46% 88,2 1,66% 28%
Fonte: SPE - Projeções (março 2013)
Total Folha
Incentivos: prorrogados e novos, focados em consumo > crescente
acúmulo de créditos por contribuintes situados no meio da cadeia de produção e comercialização
Qual maior renúncia?
Zona Franca x SIMPLES?
Zona Franca Manaus SIMPLES
2003 3.643.134.440 2.955.982.594
2004 3.671.012.985 6.260.861.649
2005 4.507.601.008 6.628.652.078
2006 6.624.408.144 8.027.178.145
2007 7.481.448.684 11.165.048.349
2008 11.161.837.287 19.570.463.946 2009 17.432.023.787 25.704.798.271 2010 15.230.627.448 31.032.580.387 2011 17.763.409.297 23.359.148.321 2012 21.224.288.293 30.026.016.672
ANO
Renúncia em R$ correntes
Zona Franca de Manaus
SIMPLES Nacional
Zona Franca de Manaus
SIMPLES Nacional
2003 57.524 5.459.510 63.332 541
2004 70.013 5.818.025 52.433 1.076
2005 81.868 6.089.934 55.059 1.088
2006 89.259 7.060.443 74.216 1.137
2007 89.024 7.087.476 84.039 1.575
2008 96.906 7.833.544 115.182 2.498
2009 84.931 8.218.928 205.249 3.128
2010 92.863 9.160.989 164.012 3.387
2011 110.588 9.780.261 160.627 2.388
2012 110.738 10.581.393 191.662 2.838
ANO
Trabalhadores Beneficiados Renúncia por Trabalhador
Fontes primárias:
RFB
SUFRAMA SEBRAE
Desoneração da folha: sem critério
Inclusión de nuevos sectores
Colección de Seguridad Social, Salarios y Desempleo
Nota: para uma análise e re-estimação do custo de desoneração, ver o estudo (con Gabriel Leal) IBRE em:
http://goo.gl/0HbP7g
4,3 3,0 3,8 3,7
7,2
12,8
16,0 18,7
7,2
14,1
24,7
34,8
1ª Estimativa 2ª Estimativa 3ª Estimativa 4ª Estimativa
Estimativas de renúncia fiscal
R$ Bilhões em termos nominais
2012 2013 2014
(MF - Set/12) (SPE - Mar/13) (IBRE - Jun/13) (MF - Abr/12)
23 o Antes de tudo, a guerra do ICMS é um fenômeno de concorrência
ICMS afeta diretamente o preço e em proporção tão grande, que uma empresa tende a precisar de incentivo se concorrente o conseguiu
maior e mais danosa forma de interferência estatal na economia –plantas/custos iguais com preços/lucros diferentes > decisão mais de lucrar que de investir
todos estados presentes na guerra (até justficado como só defensivo)
o Nova tentativa de reforma
STF pautou agenda : condenou incentivos em diferentes ações e passou a a avaliar súmula vinculante
proposta de reforma 2013: reduzir alíquota interestadual (Senado); convalidar sem unanimidade no CONFAZ ; compensações a exportadores…
incoerências políticas (exceções regionais) e inconsistências técnicas (tendência mais acúmulo de crédito) + cenário macro adverso > outra frustração
integração das administrações tributárias avançou para maior
aproximação/negociação política entre estados ainda que sem solução
Guerra fiscal do ICMS – tributário x concorrência
24
Renúncia de ICMS (LDO) em Relação à Arrecadação em 2012
em R$ milhões
UF / Região Arrecadação de ICMS em 2012 (COTEPE)
Renúncia de ICMS na LDO de 2012
% da Receita de ICMS
em 2012 Investimentos
Renúncia em % investimento
realizado
Rio Grande do Norte 3.691 246 6,7% 267 92,1%
Piauí 2.395 182 7,6% 628 29,0%
Espírito Santo 9.222 814 8,8% 864 94,2%
São Paulo 109.104 10.772 9,9% 4.076 264,3%
Maranhão 3.859 437 11,3% 676 64,6%
Pará 6.266 710 11,3% 763 93,1%
Rio de Janeiro 25.467 2.923 11,5% 5.085 57,5%
Alagoas 2.454 290 11,8% 475 61,1%
Pernambuco 10.602 1.437 13,6% 2.015 71,3%
Ceará 7.646 1.050 13,7% 1.686 62,3%
Mato Grosso 6.709 1.033 15,4% 516 200,2%
BRASIL 318.733 52.791 16,6% 24.343 216,9%
Bahia 14.443 2.523 17,5% 1.471 171,5%
Paraíba 3.249 586 18,0% 446 131,4%
Mato Grosso do Sul 6.005 1.182 19,7% 753 157,0%
Distrito Federal 5.694 1.274 22,4% 1.205 105,7%
Paraná 17.860 4.000 22,4% 533 750,5%
Rio Grande do Sul 21.378 5.305 24,8% 616 861,2%
Santa Catarina 12.719 4.817 37,9% 918 524,7%
Goiás 11.369 5.812 51,1% 255 2279,2%
Amazonas 6.501 4.387 67,5% 1.097 399,9%
Notas Explicativas:
1) Os valores de arrecadação e renúncia fiscal são nominais, expressos em R$ milhões.
2) Apontam-se como valores da arrecadação de 2012 aqueles informados pelos Estados à COTEPE, disponíveis no Boletim do ICMS, publicado na página do CONFAZ na internet (segundo consulta efetuada em 24 de junho de 2013, quando ainda constavam dados provisórios para algumas UFs).
3) O valor da renúncia de ICMS estimado para 2012 é o que consta de quadro apresentado no artigo "A sangria da guerra fiscal", publicado na Revista Febrafite em maio de 2012. Os valores foram extraídos das respectivas Leis de Diretrizes Orçamentárias, à exceção dos Estados do Paraná e do Ceará, para os quais foram utilizadas estimativas produzidas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Renúncia ICMS x Investimentos: 2012
Renúncia ICMS:
1,18% do PIB
Guerra fiscal do ICMS – confissão de custo
Embora as propostas de reforma sucessivas, ICMS perdeu participação na renda nacional:
nunca tão pequeno (20% do total em 2012)
Última proposta de redução de alíquotas interestaduais foram mitigados e tiveram efeitos localizados, mas maior resistência ficou detido na guerra fiscal favorável
Perdas localizadas, mas são nacionais e crescente em energia elétrica (-15% a 20%) e combustíveis
Coleção cada vez mais dependente das importações e substituição de impostos: imposto se tornou antipatriótico autêntico
Reformar ICMS ou um quinto da carga
26
Uma alternativa?
Ou um sonho?
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Senado Federal
Tendência: Senado tem sido mais aberto a propostas de mudanças estruturais desde substitutivo a PEC 2003
SubComissão 2007/08: para atender nova competência constitucional
CAE, subcomissão temporária presidida Sen.Tasso e relatada Sen.Dornelles > relatório aprovado em Dez/2008 e livro publicado pelo Senado em 2010 = ver em http://bit.ly/15Ic1fh
Estratégia : construção de novo sistema em etapas…
Objetivo central: simplificação profunda do sistema.
Proposta: revisão das competências tributárias (unificar impostos e contribuições sobre mesma base) e repartições (alargar base de cálculo de fundos e vinculações)
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Fatia Infraconstitucional
Esfera legislativa:
Padrão IVA (cobrar IPI, COFINS e PIS como se fossem; aproveitar créditos; regime de crédito financeiro... reformar ICMS/Lei Kandir )
Transparência (explicitar indiretos com preços)
SuperSimples (ampliar e corrigir faixas – imunes reforma)
Esfera administrativa:
NF eletrônica (universalizar, a começar pelo interestadual)
Cadastro Único (PJ, PF e imóveis)
Fiscalização nacional (integrar máquinas e ações)
Consolidação das leis (regulamentos unificados via decreto)
Conselho Tributário Nacional (coordenar/harmonizar)
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Fatia Constitucional
Emenda à Constituição:
Consolida toda matéria tributária num único capítulo
• Inclusive contribuições e outras formas compulsórias
Enxuga ao máximo o texto constitucional
• Disposições transitórias até CTN ou assegura longo prazo
• Fortalece e unifica lei complementar: só CTN, até transferências
Código Tributário Nacional (CTN):
Debate simultâneo à PEC da minuta de Código
Votação imediatamente seguinte à edição da emenda
Novo Sistema Tributário Nacional (NSTN):
Vigência junto com edição do novo código tributário
Proposta do IVA Nacional
Fusão de impostos indiretos federais e ICMS estadual;
Ampliação da base – mercadorias e todos serviços;
Legislação nacional, cadastro federal e cobrança estadual;
Cobrança integral na origem e arrecadação compartilhada na rede bancária;
• Rateio pré-fixado entre níveis e unidades de governo, como IPVA e FUNDEB
• Taxa de administração (4%) na origem
• Nota fiscal eletrônica viabiliza câmara de compensação ou medição do consumo final
Desoneração plena de exportações, investimentos e produção (uso e consumo) = menor possibilidade para acúmulo de crédito.
Um Novo Sistema (ao invés de reforma)
30
31
Observações finais
32
Avanços Retrocessos
Tributação:
Arrecadação: desempenho excepcional, inclusive diante da crise global, com carga tributária
recorde, inclusive entre emergentes
Modernização das administrações fazendárias:
NF eletrônica, crescente integração de cadastros e ações
Medidas anticíclicas e em prol competitividade com iniciativas crescentes, privilegiando
desonerações ao aumento dos investimentos
Tributação:
Distorções estruturais do sistema agravadas:
complexidade; oneração de exportações, investimentos e mesmo produção; iniquidade pessoal
Sem grandes avanços em reformas, nem abrangentes, nem fatiadas
Iniciativas federais de medidas e reformas
concentradas em impostos repartidos (IPI) ou de competência estadual (ICMS) e com efeitos colaterais crescentes (acúmulo de créditos) Federalismo
Disciplina de governos locais na crise global, inclusive priorizam relativamente mais investimento
STF pautou agenda, incluindo dogmas nacionais como rateio do FPE e guerra fiscal do ICMS
Disposição do governo federal para apoiar e subsidiar impactos das reformas
Federalismo
Recentralização de recursos e do processo decisório
Reforma fatiada carece de visão estratégia e melhor coordenação ou articulação
Conflitos federativos inexoráveis ao debater isoladamente cada medida
Perspectivas de rápida deterioração do ajuste e da dívida local
Conclusões: avançar e retroceder?
Brasil levou ao limite e foi bem sucedido no uso do sistema tributário com fins exclusivo de arrecadar e promover o ajuste fiscal: carga tributária crescente e recorde entre emergentes!
Inovou mundialmente ao consagrar o princípio da comodidade (CPMF, substituição tributária, base presumida...) Mas repercussões econômicas e sociais do sistema tributário também precisam ser consideradas.
Visão predominante em políticas e práticas tributárias: arrecadar por arrecadar, independente de quem paga, sobre o que incidem, quais serão impactos sobre a economia...
33
Conclusões: arrecadar ou tributar?
A resistência à reforma tributária se encontra basicamente nos comandos dos Executivos: dado o temor de que a reforma pode reduzir a receita disponível e, portanto, o orçamento.
Segmentos da sociedade civil se organizam e pressionam pouco
Com o presidente da república muito forte, popular e maioria parlamentar será quase impossível uma nova agenda fiscal sem iniciativa, apoio ou de comando. Direto do presidente da República.
A perspectiva é preocupante: não há predisposição mínimo do governo nacional em favor da reforma, ainda mais imposto – prevalece ideia que administrar é melhor do que legislar!
Conclusões: legislar ou gerenciar?
As inconsistências e as complexidades impedem as reformas específicas em produzir os efeitos esperados e aumentam os efeitos colaterais não planejado ...
Sistema atual foi fundada em 1965, economia fechada, pouco diversificada, sem políticas sociais ativas e centralizada federação
Não é a reforma suficiente.
O ideal é criar uma nova estrutura a partir de uma estratégia de desenvolvimento: com a globalização é inaceitável exportações implicitamente tributados e impostos cumulativos.
Não há falta de propostas e soluções técnicas, mas ...
Parece fraca vontade política para promover mudanças estruturais, mas se for realizada lentamente, mas sempre ...
Brasil precisa de um novo sistema tributário
Conclusões: reformar ou reconstruir?
36
Mais trabalhos no site do autor : www.joserobertoafonso.com.br
José Roberto Afonso é economista, especialista em finanças públicas, pesquisador do IBRE/FGV, consultor técnico especial do Senado Federal . Opiniões de exclusiva responsabilidade do palestrante.
Kleber Castro e Felipe Azevedo deram suporte às pesquisas.
Apresentação incorpora argumentos do seguinte trabalho em: http://bit.ly/18cpKf3
37
Anexo Estatístico
38
Carga Tributária em 2012: arrecadação direta
39
Carga Tributária em 2012: receita disponível
40
Carga Tributária em 2012: maiores tributos
41
Carga Tributária em 2012: bases de incidência
42
Carga Tributária pós-guerra: crescimento médio
43
Carga Tributária pós-guerra: anual
44
Carga Tributária pós-guerra: composição
Divisão federativa no longo prazo
EVOLUÇÃO DA DIVISÃO FEDERATIVA DA RECEITA TRIBUTÁRIA POR NÍVEL DE GOVERNO (conceito contas nacionais)
Conceito Central Estadual Local Total Central Estadual Local Total ARRECADAÇÃO DIRETA
1960 11,14 5,45 0,82 17,41 64,0 31,3 4,7 100,0 1970 17,33 7,95 0,70 25,98 66,7 30,6 2,7 100,0 1980 18,31 5,31 0,90 24,52 74,7 21,6 3,7 100,0 1988 16,08 5,74 0,61 22,43 71,7 25,6 2,7 100,0 2000 20,77 8,61 1,77 31,15 66,7 27,6 5,7 100,0 2012 25,03 9,27 2,08 36,39 68,8 25,5 5,7 100,0 RECEITA DISPONÍVEL
1960 10,37 5,94 1,11 17,41 59,5 34,1 6,4 100,0 1970 15,79 7,59 2,60 25,98 60,8 29,2 10,0 100,0 1980 16,71 5,70 2,10 24,52 68,2 23,3 8,6 100,0 1988 13,48 5,97 2,98 22,43 60,1 26,6 13,3 100,0 2000 17,38 8,19 5,58 31,15 55,8 26,3 17,9 100,0 2012 20,97 8,86 6,56 36,39 57,6 24,4 18,0 100,0
Fonte: Elaboração própria, a partir de STN, SRF, IBGE, Ministério da Previdência, CEF, Confaz e Balanços Municipais.
Metodologia das contas nacionais inclui impostos, taxas e contribuições, inclusive CPMF, FGTS e royalties, bem assim dívida ativa.
Receita Dispon'ivel = arrecadação própria mais e/ou menos repartição constitucional de receitas tributárias e outros repasses compulsórios.
Carga - % do PIB Composição - % do Total
46
Desconcentração regional
Insumos estratégicos mais contribuem em estados pobres
47
ICMS x desconcentração regional
Ganho e carga maior em estados menos desenvolvidos
ICMS x desconcentração regional
49
Anexo - Proposta Senado
50
Proposta Senado
Converter avaliação crítica em proposta de mudanças.
Não deveriam ser focalizadas apenas em um imposto (ICMS x IVA):
ampliar os horizontes da análise e, sobretudo, dos objetivos a perseguir.
Evitar equívoco comum dos últimos projetos de reformas: iniciar pela apresentação e exame de texto legal, começando pelo que deveria ser o fim. Antes, melhor avaliar e construir consenso no desenho, sobretudo nos aspectos federativos.
Para dimensionar quanto arrecadar, equacionar questões essenciais:
Quanto os governos precisam gastar, especialmente com os programas sociais básicos?
Como distribuir equilibradamente recursos dentro da Federação, especialmente atentando para os Estados e as Prefeituras?
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Construção: primeiro, consenso em princípios; depois, simulações; por último, detalhar texto
Objetivo básico: simplificação (profunda) do sistema
Diferenciações: dependem...
Qualidade: texto constitucional > carga indireta
Quantidade: legislação infraconstitucional > define base, alíquotas, renúncias > define carga (arrecadadora)
Processo: não será em único ato; sugerido um processo, gradual e progressivo; fatias: aperfeiçoamentos em leis & gestão; revisão constitucional; novo código tributário; vigência do sistema com o do códigoEstratégia
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Aspectos Gerais
Definição de tributos (explicita contribuições)
Anterioridade consolidada (antes da proposta orçamento)
Regime simplificado para micro/pequenas empresas
Regimes de base presumida mantidos (inclusive serviços profissionais - IR x IVA)
Regime especial para agricultura e isenção para cesta básica
Taxas com receita limitado ao gasto
Transparência tributária
Extinção dos empréstimos compulsórios para investimentos; imposto sobre grandes fortunas e enfiteuse
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Normas Gerais
Conceito de tributo:
Impostos e taxas: 3 esferas
Converter todas contribuições em impostos/taxas
Arrecadação global baliza repartição intergovernamental
Contribuição social única
Folha salarial e vinculada aos regimes de previdência
Avaliar: uma especial para pessoas jurídicas excluídas do IVA Código Tributário Nacional
Absorve disposições constitucionais secundárias
Define e regula cada tributo e cada repartição de receita
Iniciativa qualificada – Presidente e parte Governadores
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IVA Nacional - I
Incorporação da receita do ICMS, IPI, CIDE, COFINS, PIS, salário-educação, FUST, FUNTTEL , dentre outras
Competência legislativa exclusiva da União
Fiscalização pelos Estados e pelo Distrito Federal
Arrecadação nacional, com divisão federativa automática a partir da rede bancária
Desoneração das exportações e dos investimentos produtivos, assegurada a recuperação de eventuais créditos acumulados
Adoção de cadastro único de contribuintes e da emissão eletrônica de notas fiscais para qualquer saída ou prestação
Alíquotas seletivas, fixação por lei complementar e enquadramento pelo Senado, a partir de proposta do Executivo
Cobrança integral na origem
Receita partilhada entre União e os Estados e o Distrito Federal, sem transitar pelos cofres do Tesouro estadual responsável pela cobrança
Porcentagem da quota federal e da estadual calculadas a partir da receita atual que for incorporada a do IVA Nacional
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IVA Nacional - II
No caso dos Estados, pertence ao de origem uma pequena parte do arrecadado em qualquer caso. A maior parte dos recursos alocada entre todos Estados segundo índice de participação relativa no consumo final
Mantida quota municipal de 25% na receita estadual decorrente do rateio do IVA Nacional
Alocação da quota estadual nos primeiros três anos conforme a atual participação de cada Estado na arrecadação do ICMS
Fundo de compensação com receita federal para suprir eventuais perdas de um governo estadual na mudança da distribuição da quota-parte estadual
Vedação para concessão de incentivos sem caráter nacional; facultado desenvolvimento regional com fundos próprios
Diferenciação de alíquota na Zona Franca de Manaus igual atual IPI
Competência da justiça estadual
Para evitar aumento de carga tributária ao nacionalizar alíquotas atuais do ICMS, faculdade para um Estado criar adicional sobre o consumo final de até quatro bens, a ser exigido no destino
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Impostos Diretos
Imposto de Renda
Incorporação da CSLL ao IRPJ
Manutenção do SuperSimples e do regime de lucro presumido para todos os prestadores de serviços
Declaração anual simplificada
Aprovação periódica da tabela do IRPF pelo Congresso
Agilização dos procedimentos de restituição do IRPF
Não tributação dos ganhos de capital fictícios com imóveis Impostos Patrimoniais:
Imposto municipal único sobre propriedade imobiliária, com a fusão do IPTU e do ITR
Imposto municipal único sobre transmissão “inter vivos” e “causa mortis”, com a fusão do ITBI e do ITCMD (mantidas bases de cálculo e alíquota máxima deste último)
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Repartição de Receitas
Mantidos os fundos de participação, com base de cálculo ampliada para a base compreender o total da receita da União de impostos e contribuições (exceto contribuições previdenciárias) e com porcentagem alterada para manter mesma destinação no sistema atual.
Fundos de financiamento para desenvolvimento regional mantidos e ampliados, com base igualmente ampliada para cobrir o total da receita de impostos e contribuições.
Fundo de compensação criado para a União cobrir eventuais perdas dos Estados ou do Distrito Federal com a mudança do sistema tributário.
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R edução de Tributos
Imposto Amplo sobre Renda (IR):
Federal: fusão IR, CSLL, PIN/PROTERRA, loterias
Imposto mínimo via transação financeira ou ativo
Estadual: adicional IRPF: só fixa alíquota e não legisla
Imposto sobre Valor Adicionado (IVA)
Federativo: fusão IPI, COFINS, PIS, CIDE, FUST, FISTEL + + ICMS + ISS +
? Sal.Educação/SistemaS + ? CPMF
Impostos sobre Propriedade
Municipal: fusão ITR+IPTU e ITCMD+ITBI