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HC 115581 / MG - MINAS GERAIS HABEAS CORPUS

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Decisões Monocráticas

Decisões Monocráticas

HC 115581 / MG - MINAS GERAIS HABEAS CORPUS

Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 25/10/2012

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO

DJe-214 DIVULG 29/10/2012 PUBLIC 30/10/2012

Partes

PACTE.(S) : PATRICK DE CASTRO

IMPTE.(S) : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão

Trata-se de habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado pela Defensoria Pública da União, em favor de PATRICK DE CASTRO, contra acórdão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que acolheu os embargos declaratórios opostos no HC 171.035/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, mas não lhes deu efeitos modificativos. Consta dos autos que o paciente foi condenado à pena de 5 anos e 10 meses de reclusão, em regime inicial fechado, pela prática de um furto qualificado tentado (art. 155, § 4º, I,

combinado com o art. 14, II, do CP) e dois furtos

qualificados consumados (art. 155, § 4º, I, do CP), todos em continuidade delitiva, na forma do art. 71 do Código Penal. Contra a sentença condenatória, a defesa interpôs apelação no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, que deu parcial provimento ao recurso, para diminuir o quantum de aumento decorrente da continuidade, de 2/3 para 1/5, fixando a sanção em 4 anos, 2 meses e 12 dias de

reclusão, em regime inicial semiaberto. Manteve, no mais, a sentença de primeiro grau. Buscando o afastamento da

qualificadora de rompimento de obstáculo e o reconhecimento

de furto privilegiado, a Defensoria Pública do Estado de

Minas Gerais, manejou habeas corpus no Superior Tribunal de

Justiça, ocasião em que o Ministro Relator indeferiu o

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pedido de liminar. Antes do exame do mérito da impetração, a Defensoria Pública da União passou defender os interesses do paciente, reiterando as teses formuladas na inicial e acrescentando a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância ao caso concreto. A Quinta Turma do STJ concedeu parcialmente a ordem, em acórdão assim ementado:

“HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. TENTATIVA E CONSUMAÇÃO.

CONDENAÇÃO. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA.

PERÍCIA. IMPRESCINDIBILIDADE. INFRAÇÃO QUE DEIXA VESTÍGIO.

CONDENAÇÃO COM BASE EM PROVA TESTEMUNHAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO NESSE PONTO. 1. A qualificadora do rompimento de obstáculo só pode ser aplicada no crime de furto mediante realização de exame pericial, já que, sendo infração que deixa vestígio, é necessário o exame de corpo de delito direto, por expressa imposição legal, somente podendo ser substituído o laudo pericial por outros meios de prova quando não deixar vestígios, quando os vestígios tenham desaparecido, ou, ainda, se as circunstâncias do crime não permitirem a confecção do laudo. 2. Evidente o constrangimento ilegal quando, embora os vestígios fossem claramente passíveis de serem objeto de perícia, não se tenha realizado exame de corpo de delito para comprovar o rompimento de obstáculo à subtração da coisa, valendo-se as instâncias ordinárias apenas dos depoimentos das vítimas e de testemunha presencial dos fatos para proclamar pela

incidência da qualificadora prevista no inciso I do § 4º do art. 155 do CP. PRIVILÉGIO DO § 2º DO ART. 155 DO CP.

POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. PRIMARIEDADE E PEQUENO VALOR DA RES FURTIVA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL DEMONSTRADO. 1. Sendo o paciente primário e de pequeno valor a res furtiva, e

verificando-se que o fato criminoso não se revestiu de maior gravidade, devida a incidência do benefício legal do furto privilegiado, pois presente a excepcionalidade devida para o seu reconhecimento na espécie. 2. Habeas corpus

parcialmente concedido, para afastar a qualificadora

prevista no inciso I do § 4º do art. 155 do CP em relação a todos os delitos e para reconhecer o privilégio constante do art. 155, § 2º, do CP, apenas em relação ao furto

praticado contra Rodrigo Siqueira, determinando-se ao Juízo da 9ª Vara Criminal da Comarca de Belo Horizonte/MG que redimensione a reprimenda imposta ao paciente”. Sustentando a omissão desse acórdão no que concerne à possibilidade de aplicação do princípio da insignificância, a defesa opôs embargos de declaração, que foram acolhidos sem efeitos modificativos. É contra esse acórdão que se insurge a impetrante. Assevera, inicialmente, que o paciente foi condenado por subtrair uma sacola de papel, uma lata de suco, uma caixa contendo dois bombons e uma frente

destacável de um aparelho de som automotivo da marca Sony,

bens que foram avaliados em R$ 122,00. Lembra, ainda, que

os objetos foram restituídos à vítima. Aduz, nesse

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contexto, que, para a aplicação do princípio da

insignificância, deve-se levar em conta quatro aspectos de natureza objetiva, quais sejam: “a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b) ausência de periculosidade social da ação; c) o reduzido grau de reprovabilidade do

comportamento; e, por fim, d) a inexpressividade da lesão jurídica causada”, conforme decidiu esta Corte no

julgamento do HC 84.412/SP, Rel. Min. Celso de Mello.

Requer, ao final, liminarmente, a suspensão da reprimenda aplicada ao paciente, até a decisão final deste writ. No mérito, pede a concessão da ordem, para absolver o paciente com base no princípio da insignificância. É o relatório suficiente. Decido. O acórdão questionado possui a seguinte ementa: “EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HABEAS CORPUS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. OMISSÃO. QUESTÃO NÃO DEBATIDA PELA CORTE ORIGINÁRIA. INCOMPETÊNCIA DESTE STJ E SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. MANDAMUS NÃO CONHECIDO NESSE PONTO.

ACLARATÓRIOS ACOLHIDOS SEM EFEITOS MODIFICATIVOS. 1.

Verificada a existência de omissão no julgado embargado, que deixou de apreciar pedido de aplicação do princípio da insignificância em favor do agente, formulado após o

indeferimento do pleito liminar, impõe-se o acolhimento dos embargos de declaração. 2. Constatando-se que a Corte de origem não apreciou a questão relativa à aplicação do

princípio da insignificância, tendo em vista que sequer foi alvo de insurgência nas razões recursais ofertadas,

inviável a análise dessa pretensão diretamente pelo

Superior Tribunal de Justiça, dada a sua incompetência para tanto e sob pena de indevida supressão de instância. 3.

Embargos de declaração acolhidos para sanar a omissão apontada, sem, contudo, atribuir-lhes efeitos

modificativos”. Bem examinados os autos, tenho que o habeas corpus não comporta conhecimento. É que a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, apesar de ter acolhido os embargos para sanar a omissão verificada, não conheceu da matéria, tendo em vista que “a Corte de origem não apreciou a questão relativa à aplicação do princípio da

insignificância, tendo em vista que sequer foi alvo de insurgência nas razões recursais ofertadas (...)”.

Concluiu, nesse ponto, que seria “inviável a análise dessa pretensão diretamente pelo Superior Tribunal de Justiça, dada a sua incompetência para tanto e sob pena de indevida supressão de instância”. Tal circunstância também impede o exame da matéria pelo Supremo Tribunal Federal, sob pena de incorrer-se em dupla supressão de instância, com evidente extravasamento dos limites de competência descritos no art.

102 da Constituição Federal. Nesse sentido, transcrevo a ementa de julgados de ambas as Turmas desta Corte: “HABEAS CORPUS. Medida socioeducativa. Princípio da

insignificância. Aplicação. Matéria originalmente

suscitada, em habeas corpus, perante o Superior Tribunal de

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Justiça. Pedido não conhecido. Impossibilidade de

conhecimento pelo Supremo Tribunal Federal. Dupla supressão de instância. Seguimento negado ao HC. Precedentes. Não pode ser conhecido, pelo Supremo Tribunal Federal, pedido de habeas corpus em que se deduz matéria originalmente suscitada, noutro habeas corpus, perante o Superior

Tribunal de Justiça, sem que este tenha conhecido daquela”

(HC 113.604/MG, Rel. Min. Cezar Peluso - grifos no

original). “Penal. habeas corpus. Roubo qualificado (CP art. 157, § 2º, inc. I). Absolvição por insuficiência de provas. Inviabilidade de reexame de provas no rito estreito do writ. Princípio da insignificância. Tema não aventado no Tribunal de Justiça, por essa razão não conhecido pelo STJ.

Dupla supressão de instância. 1. O habeas corpus não comporta reexame de fatos e provas para chegar-se à absolvição (HC 105.022/DF, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, 1ª Turma, DJe de 09/05/2011; HC 102.926/MS, Rel. Min. LUIZ FUX, 1ª Turma, DJe de 10/05/2011; HC 101.588/SP, Rel. Min.

DIAS TOFFOLI, 1ª Turma, DJe de 01/06/2010; HC 100.234/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, 2ª Turma, DJe de 01/02/2011; HC 90.922, Rel. Min. CEZAR PELUSO, 2ª Turma, DJe de

18/12/2009; RHC 84.901, Rel. Min. CEZAR PELUSO, 2ª Turma, DJe de 07/08/2009). 2. In casu, o paciente subtraiu para si, mediante grave ameaça, empregada com o uso de uma faca e um martelo, a quantia de R$ 40,00 (quarenta reais) e um cordão folhado a ouro, havendo comprovação nos autos no sentido de que a narrativa da vítima está corroborada por outros elementos probatórios, por isso é perfeitamente digna de credibilidade. 3. O tema atinente à aplicação do princípio da insignificância não foi submetido ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, por isso que restou não

conhecido pelo Superior Tribunal de Justiça, sendo certo que a sua análise nesta Corte traduz dupla supressão de instâncias . 4. Ad argumentandum tantum, ainda que se pudesse conhecer da matéria, ex officio, o recorrente não obteria êxito, porquanto há consenso nesta Corte no sentido de que o princípio da insignificância não se aplica ao

crime de roubo, posto tratar-se de delito complexo que envolve patrimônio, grave ameaça e a integridade física e psicológica da vítima (HC 95.174, 2ª T, Rel. Min. EROS GRAU, DJe 20/3/2009, e AI-AgR n. 557.972, 2ª T, Rel. Min.

ELLEN GRACIE, DJ de 31/03/2006). 5. Recurso ordinário desprovido” (HC 111.433/DF, Rel. Min. Luiz Fux - grifos meus). Evidentemente, a impetrante poderá sustentar essa questão nas instâncias antecedentes. O que não pode é esta Corte examinar a matéria, per saltum, sem que ela tenha sido submetida adequadamente ao Superior Tribunal de

Justiça. Ante esse quadro, é de todo conveniente aguardar o pronunciamento definitivo das instâncias antecedentes, não sendo a hipótese de se abrir, nesse momento, a via de

exceção. Isso posto, com base no art. 38 da Lei 8.038/1990

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e no art. 21, § 1º, do RISTF, nego seguimento a este writ.

Prejudicado o pedido de medida liminar. Publique-se.

Brasília, 25 de outubro de 2012. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI - Relator -

Legislação

LEG-FED DEL-002848 ANO-1940

ART-00014 INC-00002 ART-00071 ART-00155 PAR-00002 PAR-00004 INC-00001

CP-1940 CÓDIGO PENAL LEG-FED LEI-008038 ANO-1990 ART-00038

LEI ORDINÁRIA LEG-FED RGI ANO-1980 ART-00021 PAR-00001

RISTF-1980 REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Observação

30/11/2012

Legislação feita por:(VLR).

fim do documento

Referências

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