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1969

O PAPEL DO PSICÓLOGO NA RESSOCIALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI

Cynthia Marques Ferraz Maia 1 Ana Kelly Soares da Silva 2 Lucas Martins Oliveira ³

Resumo:

A adolescência é uma fase de descobertas, caracterizada por mudanças e conflitos, na qual o adolescente tem inúmeras incertezas e vários questionamentos. Fase em que o jovem deixa o mundo infantil e começa a adentrar no mundo adulto. Durante esse processo o adolescente está em formação física e moral, desde o nascimento até a fase adulta, em mutação dinâmica, diária e contínua. Nesta fase, as relações se tornam prioridade para o adolescente que deseja ser aceito e se sentir amado. Para tais fins, muitas vezes o adolescente se insere no mundo da criminalidade. A partir de tais dados, nos dias atuais um problema vivenciado por nosso país é em relação a evitar a reincidência do adolescente em conflito com a lei, principalmente após de ter cumprido medida socioeducativa. O presente estudo aponta o papel do psicólogo na vivência dessas crianças, adolescentes e seus familiares, para possam desenvolver satisfatoriamente o papel de ressocialização, promovendo ao adolescente uma nova chance de inserção à sociedade e prevenindo sua reincidência no mundo do crime.

Palavras-Chave: Adolescência; Infração; ECA; Adolescente em conflito com a lei.

THE ROLE OF THE PSYCHOLOGIST IN THE RESOCIALIZATION OF THE ADOLESCENT IN CONFLICT OF LAWS

Abstract:

Adolescence is a time of discoveries, characterized by changes and conflicts, filled with uncertainties and questions. It is the time when young people leave childhood and enter the adult world. During this process, the teenager is in development, physically and morally, since birth to adulthood, in a daily and continuous dynamic. In this part of life, relationships become priorities to the teenager, who wishes to be accepted and to feel loved. To achieve these goals, the teenager gets into the criminality. From this data, nowadays, one of the issues lived by our country is to avoid the recurrence of the adolescent in conflict of laws to criminality when they fulfill their time with correctional measures applied to them. This study intends to show the psychologist’s role on these children’s life, as well as their families’, so that they can perform their role in resocialization, providing the teenager a new chance to insert themselves in society and avoiding their relapse into criminality.

Keywords(ou Palavras-Chave): Adolescence; Infraction; ECA; Adolescent in conflict of Laws.

1]Mestre (Psicologia, UniEvangélica, Brasil). Curso de Psicologia (UniEvangélica, Brasil). cycypsique@hotmail.com

2Bacharelanda (Psicologia, UniEvangélica, Brasil). Curso de Psicologia (UniEvangélica, Brasil). soaresanakelly@gmail.com.

³ Bacharelando (Psicologia, UniEvangélica, Brasil). Curso de Psicologia (UniEvangélica, Brasil). lucas_martins000@hotmail.com

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1970

1. Introdução:

O presente estudo demonstra a importância do psicólogo no processo de ressocialização do adolescente em conflito com a lei, baseado em escritos anteriores ao presente artigo.

Nos dias atuais há um crescente envolvimento de menores em atos infracionais e a maior parte desses jovens e adolescentes são reincidentes. Levanta se então uma indagação sobre o papel do psicólogo nesse processo, diante da necessidade de reversão dessa realidade social e diante das queixas da sociedade em geral, por práticas que visem solucionar esta problemática.

De acordo com estudos do desenvolvimento humano, desde o momento da concepção, tem início nos seres humanos um processo de transformação que continuará até o final da vida. Os objetivos de tais estudos incluem descrição, explicação, previsão e intervenção, e estão em constante evolução.

A Lei nº 8.069, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi criada em 13 de julho de 1990, norma que dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. O ECA é o documento que traz a doutrina da proteção integral dos direitos da criança, que coloca a criança e o adolescente como sujeitos de direito com proteção e garantias específicas, como dito anteriormente.

As medidas socioeducativas são medidas aplicáveis a adolescentes autores de atos infracionais com faixa etária entre 12 e 18 anos, essas medidas podem ser resumidas em advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, inserção em regime de semiliberdade ou internação em estabelecimento educacional. A pessoa competente para proferir essas sentenças socioeducativas é o juiz da infância e da juventude após analisar a gravidade da infração, as circunstâncias dos fatos e a capacidade do menor em cumprir as medidas impostas.

O psicólogo tem um papel a desempenhar nesse processo, desde o início antes ainda de

haver a decisão do juiz com relação à intervenção, até o acompanhamento desse adolescente e sua

família. O objetivo desse trabalho foi demonstrar a importância do trabalho do psicólogo no que se

refere à reinserção deste adolescente na sociedade e como o bom desempenho desse trabalho

pode interferir positivamente na vida do adolescente.

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1971

No presente caso, o método utilizado na elaboração deste trabalho foi o de compilação ou o bibliográfico, que consiste na exposição do pensamento de vários autores que escreveram sobre o tema escolhido. Desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica, utilizando-se como apoio e base de contribuições de diversos autores sobre o assunto em questão, por meio de consulta a livros periódicos.

Em se tratando de uma pesquisa qualitativa, ela foi dividida em etapas como a seleção do fenômeno do objeto da pesquisa e sua posterior delimitação; a identificação de obras; a compilação, consistente na reunião de material; o fichamento ou tomada de notas; a análise e interpretação do tema e, finalmente, a redação do texto, que foi submetido a rigorosas revisões, correções e críticas, visando não só a correção de sintaxe, vocabulário, mas principalmente, a disposição de ideias e apresentação de posições, teorias e esclarecimentos feitos da forma mais adequada e satisfatória possível. Tal metodologia propôs apresentar, de maneira clara e didática, um panorama das várias posições existentes adotadas pelos diversos autores que discorrem sobre tal tema.

2. Conclusões

Como visto em teorias de Berger (2003) do desenvolvimento biossocial, o contexto social desempenha grande influência no comportamento dos indivíduos, tendo em vista que no processo de formação das habilidades humanas individuais e seus valores estão associados às condições e trajetórias sociais do sujeito e sua família. No Brasil, atualmente, discute-se a proposta de redução da maioridade penal para dezesseis anos e impunidade de adolescentes em conflito com a lei. São considerados adolescentes em conflito com a lei os indivíduos que cometeram ato infracional, ou seja, conduta descrita como crime ou contravenção penal pela legislação brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê uma série de medidas socioeducativas que tendem a ser mais eficazes no combate à delinquência juvenil e dependendo da gravidade da conduta infringida, a medida socioeducativa adotada pode variar entre (Brasil, 1990).

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I - advertência; II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade; IV - liberdade assistida; V - inserção em regime de semi-liberdade; VI - internação em estabelecimento educacional;

O envolvimento de adolescentes em atos infracionais violentos no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos, em número e gravidade das ações, configurando-se como

grave problema social. No contexto brasileiro, a situação é delicada e gera diversas controvérsias

com relação à legislação vigente, pautada nos preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente -

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1972

ECA, que considera penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos (BRASIL, 1990). A redução da maioridade penal é considerada por setores da sociedade como a única forma de reverter este quadro. No entanto, a transferência de adolescentes para presídios não parece ser a melhor solução, considerando-se os prejuízos sociais, físicos e psicológicos gerados por esse

processo de institucionalização, em especial para indivíduos em condição peculiar de desenvolvimento (Santos et al, 2008).

Nesse sentido podemos pensar nos fatores que podem influenciar tais comportamentos, de acordo com Gallo e Williams (2005):

“Podem-se dividir os Fatores de risco para a conduta infracional em Fatores de natureza biológica ou de natureza ambiental. Tal divisão é apenas didática, uma vez que estes dois conjuntos de variáveis não são naturalmente exclusivos e, sim, interagem de forma a multideterminar a conduta. É importante considerar que o comportamento humano não é determinado por um simples conjunto de variáveis, mas multideterminado por relações complexas entre variáveis biológicas e ambientais. Ademais, seria ingênuo pensar que somente um Fator de risco poderia acarretar em problemas a quem a ele está exposto, tais como problemas de conduta. Considera-se, portanto, um indivíduo que viola normas sociais, tal como no caso do adolescente em conflito com a lei, como sendo uma pessoa exposta a diversos Fatores de risco pessoais, Familiares, sociais, escolares e biológicos.

Ainda assim, há muitos adolescentes que foram ou são expostos a uma série de Fatores de risco, mas são socialmente adaptados, não exibindo níveis de agressões e comportamentos infracionais. Nesse caso, pode-se dizer que Fatores de proteção estão atuando na determinação dos comportamentos de tais adolescentes, como será discutido adiante. A diferenciação entre influências exclusivamente biológicas e ambientais é uma questão complexa e talvez impossível de se responder no atual estágio de desenvolvimento da ciência” (Gallo & Willians, 2005).

Juntamente com o SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) - que se trata do conjunto sistemático de princípios, regras e critérios que estão ligados ao cumprimento das medidas socioeducativas – estas medidas são aplicadas de acordo com a decisão do juiz, utilizando- se de instituições especializadas em intervenções em situações de vulnerabilidade e risco social, o CREAS apresenta o potencial de promover o desenvolvimento dos sujeitos a partir do resgate da autoestima, da identificação e fortalecimento de potencialidades e capacidades, e da participação e inserção social (Brasil, 2006). Compreende-se que o CREAS, a partir das ações e por meio da equipe multiprofissional, tem o papel de desenvolver acolhimento aos adolescentes, que em diversas ocasiões estão à mercê de processos de exclusão social, buscando também promover recursos junto à família, à escola e à sociedade.

A prevenção contempla mais que a desvinculação dos jovens com o ato infracional: remete a

um olhar que o percebe como indivíduo de elevada vulnerabilidade e sujeito a múltiplas situações de

risco. O elevado risco vivenciado por esse grupo deve-se exatamente a essa combinação de fatores.

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1973

Portanto a reabilitação com enfoque preventivo não deve restringir-se à prática infracional, mas se estender às condições que predispõem a tantos agravos, exigindo intervenções de maior impacto na vida dos adolescentes (Costa & Assis, 2006).

Faz-se necessário a verificação do trabalho do psicólogo em referências bibliográficas, principalmente em relação ao processo de ressocialização de tais adolescentes em conflito com a lei, como se dá a orientação, apoio e acompanhamento temporário; a inclusão em programa comunitário; a requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico. Tendo em vista que o objetivo é que todas as medidas aplicadas, desde a advertência até a internação, ao invés de punição é o de que haja um trabalho orientado para uma tomada de consciência moral autônoma.

Mesmo reconhecendo as adversidades que o próprio sistema socioeducativo vivencia, é necessário que as medidas passem da virtualidade à realidade em sua proposta de atenção integral. Os componentes da resiliência citados – capacidade de resistência e capacidade de reconstrução – podem ser inspiradores para elevar o próprio sistema a um patamar de verdadeiro promotor de saúde e de direitos. Tornar o sistema “resiliente” – e não somente o adolescente – é favorecer a superação do impacto negativo resultante do histórico de fracasso, bem como possibilitá-lo à reconstrução, à produção de novos e melhores sentidos, encontrando formas criativas e positivas de dar continuidade a existência do jovem, valorizando sua participação no amplo projeto coletivo de saúde e cidadania.

Uma das funções do Estado que estão relacionadas na Constituição Federal de 1988 e no ECA, é a ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei, embora devessem ser efetuadas para evitar um índice de jovens que reingressam ao mundo do crime, acabam sendo ineficazes nesse intuito, e não geram qualquer modificação no caráter desses adolescentes. O Estado acaba priorizando seu papel repressivo, e acaba se perdendo em seu papel de protetor, buscando mais a punição dos adolescentes infratores do que priorizar seu desenvolvimento psicossocial saudável

O papel do psicólogo junto ao adolescente em conflito com a lei deve ser voltado à busca

pela reinserção social, de modo que o psicólogo desenvolva práticas que privilegiem a convivência e

a dimensão coletiva como o desenvolvimento de valores ligados à construção da cidadania, respeito

e cooperação colocando o adolescente como sujeito ativo e responsável perante suas escolhas e

seus atos. Entende-se que a Psicologia é chamada a construir atuações éticas com adolescentes

em conflito com a lei, de modo que o compromisso social da profissão se materialize em práticas

democráticas tanto para o estado como para o adolescente.

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1974

Referências

COSTA, Cláudia; ASSIS, Simone. Fatores Protetivos a Adolescente em Conflito com a Lei no Contexto Socioeducativo. Psicologia e Sociedade. 2006.

GALLO, Alex; WILLIAMS, Lúcia. Adolescentes em Conflito com a Lei: uma revisão dos fatores de risco para a conduta infracional. Psicologia: Teoria e Prática. São Paulo. 2005.

SANTOS, Dayane; FEDEGER, Andréia. O Terapeuta Ocupacional no Processo de Ressocialização de Adolescentes em Conflito com a Lei em Período de Liberdade:

transformação através da ocupação. São Paulo: Rev. Ter. Ocup. 2008.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Brasília: Planalto. 1990.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo. 1ª ed. Brasília.

2006.

FRANCISCHINI, Rosângela; CAMPOS, Herculano. Adolescentes em Conflito com a Lei e Medidas Socioeducativas: Limites e (im)possibilidades. Porto Alegre: Psico. 2005.

BERGER, Kathleen. O Desenvolvimento da Pessoa da Infância à Adolescência. Rio de Janeiro:

LTC. 2003.

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