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Anselmo: Dos Atributos Divinos

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Academic year: 2021

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Anselmo: Dos Atributos Divinos

Autor: Sávio Laet de Barros Campos.

Bacharel-Licenciado em Filosofia Pela Universidade Federal de Mato Grosso.

1.1) Preâmbulo

Uma vez assegurado que o ser acima do qual nada se pode pensar de maior, existe na mente e na realidade

1

; depois também haver de patenteado que tal ser existe e não pode não existir

2

; tendo, enfim evidenciado que este ser não é outro senão o próprio Deus

3

, então Anselmo encerra com a seguinte pergunta:

“Porquanto, o que és tu, ó Senhor, Deus meu, tu de quem não é possível pensar nada maior?”

4

Vejamos agora, em suas linhas gerais, como Anselmo consegue conciliar alguns atributos divinos, que parecem comprometer, ao mesmo tempo, a sua transcendência. De fato, Deus muitas vezes nas Escrituras, se apresenta revestido de certos atributos – misericórdia, benevolência, etc – que parecem contradizer a sua completa transcendência.

Doravante, a tarefa de Anselmo não será de pouca monta, pois se vê um só tempo obrigado a salvaguardar, tanto a perfeita transcendência divina, quanto os dados da revelação, que insistem em atribuir a Deus um rosto

1 Anselmo. Proslógio. II: “Logo, ‘o ser acima do qual não se pode pensar nada maior’ existe, sem dúvida, na inteligência e na realidade.”

2 Idem. Op. Cit. III: “O que acabamos de dizer é tão verdadeiro que nem é possível sequer pensar que Deus não existe.”

3 Idem. Op. Cit. IV: “Existe, portanto, verdadeiramente ‘o ser do qual não é possível pensar nada maior’; e existe de tal forma, que nem sequer é admitido pensá-lo como não existente. E esse ser, ó Senhor, nosso Deus, és tu.” (O itálico é nosso).

4 Idem. Op. Cit. V.

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humano. Na verdade, nós estamos diante de uma das primeiras abordagens conscientes na história da teologia natural, de tentar conciliar – num discurso coerente e bem articulado – a irrupção do absoluto na história pela encarnação.

Além disso, Anselmo trata com muita propriedade os múltiplos atributos divinos, sabendo conjugá-los persuasivamente, de modo que convirjam para a inteira simplicidade de Deus.

1.2) O Deus Criador

Com efeito, é certo que este ser criou todas as coisas do nada.

Ademais, fica atestado também, que e é o único que existe por si mesmo.

5

Além disso, fonte de todo o bem, Ele é o bem supremo.

6

Até porque, se Deus não fosse todas estas coisas, Deus não seria Deus, visto que se poderia pensar em algo maior do ser acima do qual nada se pode pensar de maior, o que é contraditório.

7

Portanto, para que seja verdadeiramente o ser acima do qual nada se pode pensar de maior, é mister que Deus seja, além do ser que existe por si e não pode não existir, também tudo aquilo que é melhor que exista do que não exista: “És, portanto, justo, verdadeiro, feliz e tudo aquilo que é melhor que exista do que não exista.”

8

1.3) Deus é Onisciente

Agora bem, pode se ser sensível, sem se ser corporal? Doravante, poderá Deus ser sensível? Ele, que de forma alguma é corpo, mas sim Espírito

5 Idem. Op. Cit: “Mas, quem poderia ser, senão aquele que – supremo entre todas as coisas, único existente por si mesmo – criou tudo do nada?” (O itálico é nosso).

6 Idem. Op. Cit: “Que tipo de bem poderia faltar, então, ao bem supremo, donde deriva toda espécie de bem?”

7 Idem. Op. Cit: “Com efeito, o que não é tudo isso é inferior àquilo que o pensamento pode compreender no seu mais alto grau. Mas isto não pode ser pensado de ti.”

8 Idem. Op. Cit. (O itálico é nosso).

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supremo?

9

Eis a resposta: Deus é sensível, assegura Anselmo, mas não é corpo.

10

Sentir, com efeito, é conhecer ou tender ao conhecimento

11

. Donde não ser errado afirmar que algo seja sensível, embora não seja corpo. Ora, Deus conhece todas as coisas, Ele é onisciente.

12

Logo, mesmo não sendo corpo, é sumamente sensível.

1.4) Deus é Onipotente

Como pode Deus, argúi nosso filósofo, ser onipotente, se não pode fazer tudo?

13

De fato, Deus não pode morrer, nem mentir, nem fazer que o que seja verdadeiro se torne falso.

14

Como pode Deus, não podendo fazer estas coisas, ser ainda onipotente, ou seja, poder fazer tudo? Ora bem, acontece que fazer tais coisas – mentir, falsear, poder morrer – não atestam o poder de uma coisa, mas sim, ao contrário, a sua impotência. De fato, estas coisas são más e quem não as pode evitar e as pratica, demonstra apenas a sua impotência em poder evitá-las.

15

Daí ser certo, que do fato de Deus não poder fazê-las, se prova

9 Idem. Op. Cit. VI: “Com efeito, se apenas os corpos são sensíveis porque os sentidos estendem-se pelo corpo e encontram-se dentro do corpo, como poderá acontecer que sejas sensível tu, que não és corpo e, sim, Espírito supremo, o que é melhor do que ser copo.” (O itálico é nosso).

10 Idem. Op. Cit: “Portanto, ó Senhor, embora não sejas corpo, és, todavia, sumamente sensível (...)”.

11 Idem. Op. Cit: “A coisa explica-se porque sentir é conhecer, ou tendência ao conhecer (...)”.

12 Idem. Op. Cit: “(...) do mesmo modo conheces profundamente todas as coisas; não, porém, segundo a pura sensação corpórea do ser animal.”

13 Idem. Op. Cit. VII: “Mas como poderás ser onipotente se tu não podes tudo?”

14 Idem. Op. Cit: “Como poderás ser onipotente desde que não é possível a ti nem morrer, nem mentir, nem fazer com que o verdadeiro se transforme em falso?”

15 Idem. Op. Cit: “Salvo se poder fazer coisas desta espécie não é potência, mas verdadeira impotência, pois, quem pode fazer coisas assim, tem a possibilidade de fazer, evidentemente,

coisas funestas e contrárias ao dever e, quanto mais tiver poder para fazê-las, tanto mais o mal e a perversidade adquirem força sobre ele e tanto menos ele consegue resistir-lhes.” (O itálico é nosso).

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antes a sua onipotência, visto que somente demonstra ainda mais que nenhum mal pode corrompê-lo:

Portanto, Senhor meu Deus, tu és onipotente no sentido mais verdadeiro e próprio, pois nada tu podes por impotência e nada há que possa prevalecer contra ti.16

1.5) Deus é Misericordioso

Como pode Deus ser misericordioso e impassível? Quem é impassível, não se compadece, e quem não se compadece, não é misericordioso.

17

Mas Deus é, segundo Anselmo, capaz de se compadecer de nossos sofrimentos, sendo, pois, ao mesmo tempo, impassível a eles.

18

Porquanto, Deus – não sem certo paradoxo – pode ser compassivo, e por conseguinte misericordioso, sem perder a sua impassibilidade, isto é, sem experimentar as nossas misérias:

Assim, tu és misericordioso porque salvas os miseráveis e perdoa os pecadores, mas não és misericordioso no sentido em que tu possas ser afetado por alguma espécie de compaixão.19

1.6) A Justiça Divina

Deus é justíssimo. Cumpre averiguar então: como Deus sendo justo, perdoa pecadores injustos.

20

Sem embargo, em vez de infligir-lhes a pena da

16 Idem. Op. Cit.

17 Idem. Op. Cit. VIII: “Com efeito, se és impassível, não podes compadecer-te; e se não te compadeces, não tens coração misericordioso para com o miserável, coisa em que consiste ser misericordioso.”

18 Idem. Op. Cit: “Realmente, és misericordioso por compadecer-te dos nossos sofrimentos, não por experimentá-los.”

19 Idem. Op. Cit.

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morte eterna, dá-lhes a vida eterna.

21

Deveras, para Anselmo é mais justo aquele que é bom para com os bons e para com os maus, do que aquele que é bom somente para com os bons.

22

Destarte, Deus salva os justos, porque reconhece neles a sua bondade, e salva os injustos porque afasta deles aquilo que odeia, ou seja, o mal.

23

Desta feita, Deus não somente torna bons os bons, mas também os maus.

24

Agora bem, existiria algo mais sublime e justo do que isso?

25

Sim, Deus não somente confirma a sua justiça nos bons, mas faz ser justos – adequando-os à sua justiça – os injustos e os maus.

1.7) Deus é Tudo o que é por si Mesmo

Ademais, Deus é tudo o que é por si mesmo, e não em virtude de outro.

26

Ele é a vida dEle mesmo, a sabedoria pela qual é sábio, Deus é a sua própria bondade.

20 Idem. Op. Cit. IX: “Mas se tu és absoluta e soberanamente justo, ó Senhor, como podes perdoar aos maus?”

21Idem. Op. Cit: “Mas que tipo de justiça é, pois, essa de conceder a vida eterna a quem, ao contrário, merece a morte eterna?”

22 Idem. Op. Cit: “De fato, é assaz mais justo aquele que é bom para com os bons e com os maus do que aquele que é bom apenas com os bons.”

23 Idem. Op. Cit: “Uns devem a sua salvação aos seus merecimentos, e outros a conseguem apesar das suas faltas. É porque nos primeiros tu reconheces o bem que lhes doaste e nos segundos o mal que odeias.” (O itálico é nosso).

24 Idem. Op. Cit: “Certamente isso não aconteceria se a tua bondade consistisse apenas em premiar e não, ainda, em perdoar, e se tu tornasses bons somente os bons e não, também, os maus.” (O itálico é nosso).

25 Idem. Op. Cit: “Haveria algo mais justo que isso?”

26 Idem. Op. Cit. XII: “Mas tudo aquilo que tu és, certamente, és não por outro e, sim, por ti mesmo.”

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1.8) Deus é Onipresente

Ora bem, tudo aquilo que está dentro do espaço e do tempo, é menor do que aquilo que transcende o espaço e o tempo.

27

Ora, Deus é o ser acima do qual nada se pode pensar de maior. Logo, Ele deve necessariamente estar acima de todo espaço e tempo.

28

Desta sorte, estando fora do espaço, é ilimitado, e estando acima do tempo, é eterno. Mas será Deus mesmo, o único ser eterno e ilimitado?

29

Não parece, antes, que existam no universo, outros espíritos ilimitados e eternos?

30

Para solucionarmos este problema, importa definirmos bem o que seja o ilimitado e o eterno. Ora, limitado é aquele ser que se encontra somente num lugar, sem poder, ao mesmo tempo, se encontrar em outro. É, pois, o que ocorre com os corpos.

31

Ilimitado, por sua vez, é aquele que pode estar ao mesmo tempo e por inteiro, em toda parte. Ora, isto é possível somente a Deus.

32

Limitado e ilimitado é aquele ser que, estando inteiro em uma parte, pode, contudo, ao mesmo tempo, estar inteiro em outra parte, mas não em toda parte, como acontece nos espíritos criados:

Limitado e ilimitado, ao mesmo tempo, é aquele ser que, embora se encontre completo num lugar, pode,

27 Idem. Op. Cit. XIII: “Tudo aquilo que de alguma maneira está circunscrito pelo espaço e pelo tempo, sem dúvida, é menor que aquilo que não está submetido a nenhuma lei espacial e temporal.”

28 Idem. Op. Cit: “Como, porém, não há nada maior que tu, nenhum lugar ou tempo te circunscreve, porque estás por toda parte e sempre.”

29 Idem. Op. Cit: “Mas como é possível que tu sejas o único a não ter limites?”

30 Idem. Op. Cit: “Por que, então, há outros espíritos que são ditos ilimitados e eternos?”

31 Idem. Op. Cit: “Com efeito, limitado é aquele ser que, em se encontrando completo num lugar, não pode contemporaneamente encontrar-se em outro; o que é próprio dos corpos.”

32 Idem. Op. Cit: “Ilimitado, ao invés, é aquele ser que, contemporaneamente, encontra-se, completo, por toda parte; e isto é próprio somente de ti.” (O itálico é nosso). Mais à frente iremos tratar da eternidade divina.

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contemporaneamente, encontrar-se completo em outro, porém, não em toda parte; e isto é próprio dos espíritos criados.33

1.9) Deus é Incompreensível

Aliás, é por isso inclusive, que a alma – espírito criado – não pode ver a Deus. Com efeito, como pode a alma, circunscrita no espaço e no tempo, ver Aquele que é imenso e eterno?:

Mas por que, ó Senhor, por que o olho da alma está embaciado?

Por que está fraco e está obscurecido pelo teu esplendor? Sim, o seu olho está cegado por causa das suas próprias trevas e ofuscado pela tua luz. Cega-o o seu curto alcance, e perde-se na tua imensidão; está encerrado em limites estritos, subjugado pela tua grandeza ilimitada.34

Destarte, Deus não é apenas o ser acima do qual nada se pode pensar de maior. De fato, se Deus fosse apenas isso, seria compreensível. Cumpre dizer que Deus ultrapassa o nosso pensamento, Ele é incompreensível.

35

Com o nome

“ser acima do qual nada se pode pensar de maior”, quer-se, por conseguinte, dar a entender que nada pode ser pensável acima de dEle. Tal expressão não significa, entretanto, que Ele possa ser compreendido, pois isto o tornaria subjugado ao nosso pensamento, que é finito.

Com efeito, só Deus conhece-se a si mesmo tal como é.

36

Portanto, a nossa alma não O vê plenamente, pois Ele habita em luz inacessível. Contudo, o que dEle podemos ver, o vemos por meio também da Sua luz. Sem embargo,

33 Idem. Op. Cit.

34 Idem. Op. Cit. XIV. (O itálico é nosso).

35 Idem. Op. Cit. XV: “Portanto, ó Senhor, tu não és apenas aquilo de que não é possível pensar nada maior, mas és, também, tão grande que superas a nossa possibilidade de pensar-te.”

36 Idem. Op. Cit. XVI: “É realmente inacessível a luz em que habitas, ó Senhor, e não há ninguém, exceto tu, que possa penetrá-la bastante para contemplar-te com clareza.”

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assim como é pelo sol que o nosso olho carnal tudo vê – conquanto não possa contemplá-lo diretamente – assim analogamente se dá com o olho da alma, cujo sol é Deus:

Eu não a vejo, sem dúvida, por causa do seu brilho, demasiado para os meus olhos, e, todavia, o que consigo ver, vejo-o através dela, da mesma maneira que o olho fraco do nosso corpo vê tudo aquilo que vê pela luz do sol, que, no entanto, não pode contemplar diretamente.37

De resto, a nossa alma não pode suportar fitar Deus por muito tempo, porque sua luminosidade a cega: “O olho da minha alma não pode fitá-la por muito tempo, nem sustentar tão grande luminosidade (...)”.

38

Porquanto, Deus não é incompreensível por falta de luz, mas por excesso.

1.10) Deus é Uno

Deus é vida, sabedoria, verdade, bondade, felicidade, eternidade e tudo o que se possa imaginar de verdadeiro e bom.

39

Porém, estes atributos são múltiplos e Deus não pode ser múltiplo, Ele é uno e idêntico em si mesmo

40

. Em verdade, Deus é a unidade absoluta, que nem o pensamento consegue dividir.

41

Donde, todos os atributos divinos constituem, em Deus, uma unidade que enfim não conseguimos expressar: eles são o que Deus é, e cada um deles é, ao mesmo

37 Idem. Op. Cit.

38 Idem. Op. Cit.

39 Idem. Op. Cit. XVIII: “Não resta dúvida que és a vida, a sabedoria, a verdade, a bondade, a felicidade, a eternidade e tudo aquilo que constitui o verdadeiro bem.”

40 Idem. Op. Cit: “Tu não és múltiplo; és uno e idêntico a ti e de maneira alguma há diferenças em ti.”

41 Idem. Op. Cit: “Aliás, tu és a unidade absoluta, aquela que nem o pensamento consegue fracionar.”

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tempo, os outros todos.

42

Agora bem, acontece que todas estas perfeições foram doadas às criaturas por Deus, e nelas se encontram de maneira múltipla, enquanto que em Deus mesmo se acham de forma una e simples.

43

Podemos experimentar estas perfeições nas coisas criadas. Ora bem, e se no modo imperfeito em elas existem nas criaturas já nos causam grande alegria, como poderíamos exprimir a alegria que existe nAquele que é causa de todas elas?:

Em suma, se as alegrias dispensadas nas coisas criadas são muitas e grandes, qual e quão grande não haverá de ser a alegria existente naquele que é a causa de todas as coisas agradáveis?44

1.11) Deus Existe, é Eterno e é a Causa de Tudo o que Existe

Além disso, Deus não está em lugar e nem em tempo algum. A Ele não cabe, por conseguinte, dizer que existe hoje ou existiu ontem, ou existirá amanhã, mas simplesmente que existe, porque estando fora do tempo, nEle não há nem ontem, nem hoje e nem amanhã.

45

Deus também não está em lugar nenhum, porque nada pode abrangê-lo, mas ao mesmo tempo está em tudo, pois nada existe sem Ele:

Ontem, hoje, amanhã só existem no tempo e tu, ao contrário, embora nada haja sem ti, tu não estás, entretanto, em lugar e

42 Idem. Op. Cit: “Por isso, a vida, a sabedoria e todas as outras qualidades não são, em ti, partes, mas formam uma unidade indivisível, e cada uma delas é o que tu és e, ao mesmo tempo, o que são as outras todas.”

43 Idem. Op. Cit. XVII: “Sem dúvida, ó Senhor meu Deus, tu tens todas essas qualidades de uma maneira inefável, e as doaste às suas criaturas sob forma sensível.”

44 Idem. Op. Cit. XXIV.

45 Idem. Op. Cit. XIX: “Portanto, não exististe ontem, nem existes hoje, nem existirás amanhã, porque ontem, hoje e amanhã tu existes; mas não se deve dizer ‘ontem, hoje, amanhã’ e, sim, simplesmente: existes; e fora de qualquer tempo.”

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tempo nenhum; e tudo encontra-se em ti, pois nada pode abranger-te e, todavia, tu abranges todas as coisas.46

Ademais, Deus existe antes de todas as coisas, porque era antes que elas fossem

47

; existirá também depois delas, visto que elas existem nEle e diante dEle encontra-se aquilo que elas ainda não são:

Certamente tu existirás sempre depois delas porque tu estás sempre presente nelas e porque está presente diante de ti aquilo a que elas ainda não conseguiram chegar.48

1.12) Deus é “Aquele que é o que é”

Aquelas coisas que não sendo, tiveram início e que sendo, se não forem mantidas por outro, voltam ao nada, podem ser pensadas como não- existentes.

49

Além do mais, aquilo cujo passado não existe mais e cujo futuro ainda não é, não existe de modo próprio e completo.

50

Quanto a Deus, ao contrário, Ele é o que sempre foi e sempre será o que é.

51

Daí, Deus não ter princípio e nem fim

52

. Donde também, Ele não ter sido, depois de não ter sido.

46 Idem. Op. Cit.

47 Idem. Op. Cit. XX: “Tu, portanto, preenches e abranges todas as coisas existentes, pois tu existes antes e depois delas. Existes antes, porque, antes que elas existissem, tu já eras.” (O itálico é nosso).

48 Idem. Op. Cit.

49 Idem. Op. Cit. XXII: “Assim, também, todas as coisas que tiveram início, porque antes não existiam, podem ser pensadas como não-existentes e, se não forem mantidas na existência por meio de outro, voltam ao nada.”

50 Idem. Op. Cit: “E tudo aquilo, cujo passado não existe mais e cujo futuro ainda não é, não existe em sentido próprio e absoluto.”

51 Idem. Op. Cit: “Tu, ao contrário, és verdadeiramente aquilo que és porque tudo aquilo que tu és, ainda que apenas uma vez e de alguma maneira, continuas sendo completamente e sempre.”

52 Idem. Op. Cit. XIII: “Na realidade, somente tu és eterno, porque, único entre todos, assim como não tiveste começo, também não terás fim.” (O itálico é nosso).

(11)

Ele está fora do tempo. Sendo assim, para Ele não há passado e nem futuro.

Finalmente, Ele existe por si mesmo e simplesmente existe. Por conseguinte ainda, não pode ser pensado como não-existente.

53

Destarte, assim somente Ele existe de modo absoluto. Somente Ele é o que é e Aquele que é por si mesmo:

“Somente tu, ó Senhor, és aquilo que és, e somente tu és aquele que és.”

54

53 Idem. Op. Cit. XXII: “Tu existes verdadeira e simplesmente porque não tens passado nem futuro, mas unicamente presente e não se pode supor, sequer por um momento, que tu não existas.”

54 Idem. Op. Cit.

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BIBLIOGRAFIA

ANSELMO. Monológio/ Proslógio/ A Verdade/ O Gramático. Trad. Angelo Ricci, Ruy Afonso da Costa Nunes. São Paulo: Nova Cultural ltda., 2000.

(COLEÇÃO OS PENSADORES).

MATTOS, Carlos Lopes. Sto. Anselmo: Vida e Obra. 2º ed. São Paulo: Abril

Cultural, 1979. p. VIII e IX. (Coleção os Pensadores).

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