• Nenhum resultado encontrado

A JUSTIÇA DO TRABALHO DA GRÃ-BRETANHA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A JUSTIÇA DO TRABALHO DA GRÃ-BRETANHA"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

A JUSTIÇA DO TRABALHO DA GRÃ-BRETANHA

José Ajuricaba da Costa e Silva(*) **)

INTRODUÇÃO

Em junho de 1992 a Embaixada Britânica em Brasílla, em colaboração com o Departameno de Informação do "Foreign and Commonwealth Office” , organizou, a meu pedido, um programa de visitas aos Tribunais Industriais sediados em Lon­

dres e entidades e pessoas com eles relacionadas, para observação dos órgãos de solução dos litígios trabalhistas na Inglaterra.

O programa incluiu uma visita ao Escritório Central dos “ Industrial Tribunais"

da Inglaterra e País de Gales, com sede em Londres, ao “ Employment Appeals Tri­

bunal” , sediados na mesma cidade, à sede do "Trade Union Congress” (espécie de confederação de sindicatos de trabalhadores), à Confederação da Indústria Bri­

tânica e a um membro da "House of Lords",

Na sede dos "Industrial Tribunais" tive a oportunidade de assistir a uma au­

diência de instrução e julgamento do tribunal presidido por Mrs. T. J. Mason, e in­

tegrado também pelos juízes leigos Mr. Eab Williams e Mrs. Carol Boyd-Raffey e a uma sessão de julgamento do “ Employment Appeal Tribunal” , onde encontrei tam­

bém o Juiz Timothy Laurence, presidente dos "Industrial Tribunais" da Inglaterra e País de Gales desde 1991 e o Juiz Knox, presidente substituto do "Employment Appeals Tribunal” .

No "Trade Union Congress", entidade que indica os nomes para escolha dos juízes leigos “ representantes" dos trabalhadores, conversei com o Sr. Michael Wash, chefe do Departamento Internacional, e na Confederação da Indústria Britânica, uma das organizações que indicam nomes para representantes dos empregadores jun­

to aos Tribunais Industriais, falei com o Sr. Nick Aziz, assistente jurídico.

Na "London School of Economics and Political Science" tive audiência com Lord Wedderburn of Charlton, professor de direito e membro da “ House of Lords” . Graças à colaboração também da Embaixada Brasileira em Londres, pude visitar ainda a “ Civil Division" da Corte de Apelação, que decide recursos das de­

cisões proferidas pelos “ Employment Appeals Tribunal” , onde conversei com a Chief Clerk, Miss. H. M. Goddard, e assisti ao julgamento de um processo.

A documentação recebida nessas visitas, as anotações nelas feitas e a con­

sulta a alguns livros especializados sobre a matéria permitiram a elaboração des­

te despretensioso trabalho, que visa dar conhecimento aos juristas brasileiros, so-

(*) O autor é Ministro Vice-Presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Professor Aposentado da UnB e da Faculdade de Direito do Recife e Juiz do Tribunal Administrativo da OEA.

(2)

b r e t u d o à q u e l e s q u e m ilit a m n a J u s t iç a d o T ra b a lh o , d o s is t e m a d e s o l u ç ã o d o s c o n f lit o s I n d iv id u a i s d e t r a b a lh o n a q u e le pa ís, p o u c o c o n h e c i d o o u m e s m o I g n o ­ r a d o e n t r e n ó s .

P o r e le s e v e r á q u e h á u m a g r a n d e s e m e lh a n ç a e n tr e o s is t e m a b r i t â n ic o e o b ra s ile iro , e m b o r a o p rim e iro te n h a s id o c r ia d o p o u c o m ais d e d u a s d é c a d a s a p ó s a i n s t a la ç ã o d a J u s t i ç a d o T ra b a lh o n o B ra s il. T a lve z as d i f e r e n ç a s f u n d a m e n t a i s e n tr e o s d o is s is t e m a s r e s id a m n o f a to d e o s T rib u n a is t r a b a lh is t a s d a G r ã - B r e t a ­ n h a n ã o c r ia r e m n o r m a s a tra v é s d e d is s íd io s c o le tiv o s , q u e ali In e x is te m , e d e n ã o t e r e m c o m p e t ê n c i a p a r a e x e c u ta r s u a s d e c is õ e s .

F ic a r e i a m p la m e n t e r e c o m p e n s a d o s e e s te t r a b a l h o d e s p e r t a r o in t e r e s s e d o s ju s t r a b a lh is t a s b r a s ile ir o s s o b r e o te m a , f a z e n d o s u r g ir e s t u d o s m a is a p r o f u n ­ d a d o s .

O A u t o r .

I. A JUSTIÇA TRABALHISTA DO REINO UNIDO

A p r o v e it a n d o um a. v ia g e m d e fé ria s e g r a ç a s à E m b a ix a d a B r it â n ic a n o B r a ­ sil e a o “ F o r e ig n O f f ic e " , n a I n g la te r r a , tiv e a o p o r t u n id a d e , e m j u n h o d o c o r r e n ­ te a n o ( 1 9 9 2 ), d e v is ita r , e m L o n d r e s , o s T rib u n a is q u e a o d e c id e m a ç õ e s e r e c u r ­ s o s tr a b a lh is ta s , I n t e g r a n d o o P o d e r J u d ic iá r io d a In g la te r r a e País d e G a le s e q u e , ju n ta m e n te c o m o s t r ib u n a is s im ila re s d a E s c ó c ia e d a Irla n d a d o N o rte , c o n s titu e m o s is t e m a j u d i c i a l t r a b a l h i s t a d o R e in o U n id o d a G r ã - B r e t e n h a .

H á n a q u e le R e in o u m a ju s tiç a e s p e c ia liz a d a tra b a lh is ta , q u e é c o n s titu íd a d o s

" In d u s t r ia l T r ib u n a is ” , ó r g ã o s d e 1ª In stâ ncia , e d o s “ E m p lo y m e n t A p p e a l T rib u n a ls ” (EATs), ó r g ã o s d e 2 ª In s tâ n c ia , c o m c a ra c te r ís tic a s d e in s tâ n c ia e x tra o r d in á r ia , p o is n ã o r e e x a m in a m , e m g e ra l, m a té r ia d e fa to . C o m e fe ito , o s r e c u r s o s d a s d e c is õ e s d o s “ in d u s t r ia is t r i b u n a i s " p a r a o s EATs s ó s ã o a d m is s ív e is s o b r e q u e s tõ e s d e d i­

r e ito , e m b o r a c o m o t a l p o s s a m s e r e n t e n d id o s a q u e le s r e c u r s o s e m q u e s e a le ­ g a q u e o t r i b u n a l a q u o n ã o a p r e e n d e u b e m o s fa to s , o u q u e o s a p lic o u m a l o u , a in d a , q u e n ã o h a v ia p r o v a a lg u m a q u e ju s t if ic a s s e a c o n c lu s ã o a q u e c h e g o u (1), o q u e , a té c e r t o p o n t o , I m p o r t a e m r e e x a m e d a m a t é r ia fá tic a .

M a s , a lé m d e s s e s ó r g ã o s d e J u s t iç a E s p e c ia liz a d a lid a m a in d a c o m q u e s ­ t õ e s t r a b a lh is ta s , e m g r a u d e re c u rs o , n a In g la te rra e n o País d e G a le s , a “ C iv il D i­

v i s i o n " , d a " C o u r t o f A p p e a l s " e a “ H o u s e o f L o r d s ” , q u e é a m a is a lta c o r t e d e a p e la ç ã o d a q u e le s p a ís e s , e, na E s c o c ia , a " C o u r t o f S e s s io n ” , d a " I n n e r H o u s e "

e t a m b é m a " H o u s e o f L o r d s " .

C o n s e q ü e n t e m e n t e , o s ó r g ã o s ju d ic ia is q u e d e c id e m e x c lu s iv a m e n t e c a s o s tr a b a lh is t a s n a q u e le s " p a í s e s " s ã o os " In d u s tr ia l T rib u n a ls ” e o s " E m p lo y m e n t A p ­ p e a l T rib u n a is ". N a Ir la n d a d o N o rte , q u e in te g ra ta m b é m o R e in o U n id o , s ó h á j u s ­ t iç a e s p e c ia liz a d a tr a b a lh is t a d o 1º g ra u , ta m b é m d e n o m in a d o “ In d u s tr ia l T rib u n a l” , c a b e n d o r e c u r s o d e a p e la ç ã o d e s u a s d e c is õ e s p a r a a " C o u r t o f A p p e a l " (C iv il), e, e m ú ltim a I n s tâ n c ia , t a m b é m p a ra a " H o u s e o f L o r d s " , q u e n ã o c o n s t it u e m , c o ­ m o já v im o s , ju s t i ç a e s p e c ia liz a d a .

(1) M ichael J. G o o d m a n - "In d u s tria l Tribunals: Practice and Proced ure” - Sw eet & Maxwell, Londres, 1987, págs, 75/76.

(3)

II. C R IA Ç Ã O E J U R IS D IÇ Ã O D O S " IN D U S T R IA L T R IB U N A L S "

O s “ In d u s tria l T rib u n a is " fo ra m c r ia d o s e m 1964 p a ra d e c id ire m q u e s tõ e s q u e n a d a t in h a m d e tr a b a lh is t a s , c o m o as e n t e n d e m o s e n tre n ó s , p o is s u a f in a lid a d e In ic ia l foi, u n ic a m e n te , d e c id ir r e c u r s o s d o s e m p r e g a d o r e s c o n tr a im p o s iç ã o d e im ­ p o s t o s o b r e a p r e n d iz a g e m in d u s tr ia l ( " in d u s t r ia l tr a in in g la w " ) c r ia d o p e lo " I n d u s ­ t r ia l T ra in in g A c t " , d a q u e le a n o . T o d a v ia , já n o a n o s e g u in te o " R e d u n d a n c y P a y ­ m e n ts A c t " , lei d i s c i p lin a d o r a d a s in d e n iz a ç õ e s p o r d e s p e d id a c o le tiv a d e e m p r e ­ g a d o s p o r c a u s a s e c o n ô m ic a s o u té c n ic a s ( re d u ç ã o de p e s s o a l, e tc.), a m p lio u s u a c o m p e t ê n c i a p a r a d e c id ir e m as d is p u t a s s o b r e o d ir e ito d o s t r a b a l h a d o r e s a p a ­ g a m e n t o s p e la d e s p e d i d a p o r a q u e l a s c a u s a s . P o s t e r io r m e n t e s u a j u r i s d i ç ã o fo i a m p lia d a p e lo G o v e r n o p a ra a p r e c ia r r e c la m a ç õ e s d o s e m p r e g a d o s c o n t r a e m p r e ­ g a d o r e s q u e se r e c u s a v a m a fo r n e c e r in fo rm a ç ã o c o m p le ta s o b r e o s t e r m o s e c o n ­ d iç õ e s d e s e u s c o n t r a t o s d e t r a b a lh o . Em 1968 a C o m is s ã o D o n o v a n r e c o m e n d o u f o s s e a ju r i s d i ç ã o d e s s e s t r ib u n a is a m p li a d a a in d a m a is , p a r a a b r a n g e r t a m b é m as d is p u t a s in d iv id u a is e n tre e m p r e g a d o r e s e t r a b a lh a d o r e s o r iu n d a s d e s e u s c o n ­ t r a t o s d e e m p r e g o , d e c la ra n d o , a in d a , q u e e s s e s trib u n a is p ro p o r c io n a v a m u m p r o ­ c e d i m e n t o f a c ilm e n t e a c e s s ív e l, in fo r m a l, c é le r e e g r a t u it o , a s s e g u r a n d o a o s e m ­ p r e g a d o r e s e e m p r e g a d o s a s m e lh o r e s o p o r t u n id a d e s d e c h e g a r e m a u m a s o l u ­ ç ã o a m i g á v e l d e s u a s d iv e r g ê n c ia s .

A o m e s m o t e m p o e m q u e r e c o n h e c e u a o t r a b a lh a d o r In g lê s , p e la p r i m e ir a v e z , o d ir e i t o d e n ã o s e r a r b it r a r i a m e n t e d e s p e d i d o p e la e m p r e s a , o u s e ja , d e se o p o r à d e n o m in a d a " u n f a i r d is m i s s a l " ( d e s p e d id a ¡ m o tiv a d a ), o “ I n d u s t r ia l R e la ­ t io n s A c t " , d e 1971, c o m e t e u a o s “ In d u s tr ia l T r ib u n a is " a c o m p e t ê n c ia p a r a d ir im ir a s c o n t r o v é r s i a s d e c o r r e n t e s d e ta l d e s p e d id a .

O u tr a s le is c o m o a " D o c k s a n d H a r b o u r s A c t " , d e 1966, a “ E q u a l P a y A c t " , d e 1970, a " L o c a l G o v e r n m e n t A c t ” , d e 1972, a “ H e a lth a n d S a fe ty a t W o rk ... A c t " , d e 1974, a " S e x D is c r im in a tio n A c t " , a " S o c ia l S e c u r ity P e n s io n s A c t " e a “ E m p lo y ­ m e n t P r o t e c t io n A c t ” , t o d a s d e 1975, as “ E m p lo y m e n t A c t s " , d e 1 9 8 0 e 1 9 8 2, e a

" W a g e s A c t " , d e 1986, t a m b é m c o n tr ib u ír a m p a ra a la rg a r a c o m p e t ê n c ia e m r a z ã o d a m a t é r ia d o s " I n d u s t r i a l T r ib u n a is " .

T e r r ito r ia lm e n te e s s e s t r ib u n a is , d is t r i b u í d o s p o r tr ê s s is t e m a s (I - I n g la t e r ­ ra e País d e G a le s , II - E s c ó c ia e III - I r la n d a d o N o rte ), tê m c o m p e t ê n c ia p a r a d i ­ rim ir q u e s tõ e s e m q u e o s ré u s tê m re s id ê n c ia o u s u a e m p r e s a na In g la te rra , n o País d e G a le s , n a E s c ó c ia o u na I r la n d a o N o rte , m a s a p e r d e m , p o r e x e m p lo , q u a n d o o s a u t o r e s t r a b a lh a m f o r a d a G r ã - B r e ta n h a , c o m e x c e ç ã o d o p e s s o a l e m p r e g a d o n a s p la ta fo r m a s d e e x p lo r a ç ã o d e p e t r ó le o fo r a d o m a r te rr ito ria l, a o q u a l t a m b é m s e e s t e n d e a ju r is d iç ã o d e s s e s tr ib u n a is p o r fo r ç a d o " E m p lo y m e n t P r o t e c t io n O r ­ d e r " , d e 1 9 7 6, e d o " S e x D i s c r im in a t io n a n d E q u a l P a y O r d e r " , d e 1987,

III. C O M P O S I Ç Ã O D O S " I N D U S T R I A L T R I B U N A L S "

C o m o no Brasil, o s tr ib u n a is tr a b a lh is ta s e s p e c ia liz a d o s d a G r ã - B r e ta n h a tê m u m a c o m p o s i ç ã o p a r it á r ia. T a n to n a p r im e ir a c o m o n a s e g u n d a i n s t â n c ia s s ã o i n ­ t e g r a d o s p o r a p e n a s trê s ju íz es, s e n d o u m o p r e s id e n te ( " c h a i r p e r s o n " o u " c h a i r ­ m a n " ) , e s c o l h i d o n e c e s s a r ia m e n t e d e n t r e a d v o g a d o s o u p r o c u r a d o r e s ( “ b a r r is -

(4)

t e r " o u “ s o l i c i t o r " ) c o m e x p e r iê n c ia f o r e n s e d e , p e lo m e n o s , s e te (7) a n o s , p a r a p r e s id ir t r ib u n a l d e p rim e ir a Instâ ncia , ou ju iz m e m b r o d a C o r te d e A p e la ç ã o ( “ C o u rt o f A p p e a l " - t r ib u n a l n ã o e s p e c ia liz a d o e h ie r a r q u ic a m e n t e s u p e r io r a o s " E m p l o y ­ m e n t A p p e a l T r ib u n a ls " ) , s e e s c o lh id o p a ra p r e s id ir u m d e s t e s t r ib u n a is t r a b a lh is ­ ta s d e s e g u n d a in s tâ n c ia . E s te s p r e s id e n te s (“ c h a ir p e r s o n s " ) p o d e m e x e rc e r o c a r ­ g o e m t e m p o in te g ra l, h ip ó te s e e m q u e s ã o v ita líc io s a té a id a d e d e 7 2 a n o s , q u a n ­ d o s ã o c o m p u ls o r ia m e n t e a p o s e n ta d o s , o u e m t e m p o p a rc ia l, q u a n d o s ã o n o m e a ­ d o s p a ra u m m a n d a t o d e a p e n a s trê s a n o s d e c a d a v e z . O s " f u ll tim e c h a ir p e r s o n "

p e r c e b e m a r e m u n e r a ç ã o d e 2 4 .0 0 0 lib r a s in g le s a s p o r a n o e o s “ p a r t - t i m e ” p e r ­ c e b e m 120 lib r a s p o r d i a, s e g u n d o d a d o s d e 1 9 8 3 (2). A n o m e a ç ã o d e u n s e o u tro s , n a I n g l a t e r r a e P a ís d e G a le s , é f e ita p e lo “ L o r d C h a n c e l l o r " , q u e é u m d o s c h a ­ m a d o s " L a w L o r d s " , m e m b r o s d a " H o u s e o f L o r d s " , n ã o v in c u la d o s a p a r tid o s p o ­ lític o s .

O s d o is o u t r o s m e m b r o s d o s r e fe r id o s t r ib u n a is s ã o ju íz e s le ig o s , u m d e le s in d i c a d o p e lo s t r a b a lh a d o r e s , em lis ta e la b o r a d a p e la C o n f e d e r a ç ã o d e s e u s s i n ­ d ic a t o s ( T U C - T ra d e U n io n s C o n f e d e r a t io n ” ), e o o u t r o p e lo s e m p r e g a d o r e s , p o r m e lo d e lis ta o r g a n iz a d a p e la C o n f e d e r a ç ã o d a I n d ú s t r ia B r it â n ic a ( “ C B I - C o n f e ­ d e r a t io n o f B r itis h In d u s t r y " ) , o u p o r o u tra s e n tid a d e s c o m o a “ R etail C o n s o r t iu m ” , a " L o c a l A n t h o r l t i e s C o n d it io n s o f S e r v ic e A d v is o r y B o a r d " o u o " D e p a r t m e n t o f H e a lth a n d S o c ia l S e c u r it y ” , s e n d o a m b o s n o m e a d o s p e lo " S e c r e t a r y o f E m p lo y ­ m e n t ” q u e c o r r e s p o n d e a o n o s s o M in is tro d o T ra b a lh o ). O m a n d a t o d e s s e s ju íz e s le ig o s é d e t r ê s a n o s , c a d a ve z. E s te s j u íz e s n ã o s ã o e s c o lh id o s e n o m e a d o s p a ­ r a a t u a r e m c o m o " r e p r e s e n t a n t e s " d a s c a t e g o r ia s , p r o f is s io n a l e e c o n ô m ic a , d e o n d e s ã o o r iu n d o s , m a s c o m o v e r d a d e ir o s m a g is tr a d o s , le v a n d o p a r a o s tr ib u n a is q u e p a s s a m a c o m p o r a p e n a s a s u a e x p e riê n c ia p r o fis s io n a l o u e m p r e s a ria l. A p ó s a n o m e a ç ã o r e c e b e m ele s u m t r e in a m e n to d e trê s d ia s e d e v e m fr e q ü e n t a r , a n u a l­

m e n te , u m s e m in á r io s o b r e a lte r a ç õ e s e d e s e n v o lv im e n t o s d a le g is la ç ã o q u e a p li­

c a m n o s j u l g a m e n t o s d e q u e p a r t ic ip a m .

C a d a m e m b r o d o t r ib u n a l t e m u m v o t o d e ig u a l v a lo r e as d e c is õ e s p o d e m s e r u n â n im e s o u p o r m a io ria , p o d e n d o , e m a lg u n s c a s o s (1% d a s q u e s tõ e s ) , o v o ­ t o d o p r e s i d e n t e s e r v e n c i d o p e lo s d o s j u íz e s le i g o s (3).

O s j u íz e s c la s s is t a s ( " l a y m e m b e r s " ) , c o m o o s p r e s id e n t e s d o s t r i b u n a i s ( “ c h a ir p e r s o n s ) p o d e m s e r ju iz e s d e t e m p o In te g r a l o u d e t e m p o p a rc ia l. N e n h u m d e le s é v i n c u l a d o a u m d e t e r m in a d o ó r g ã o ju d ic ia l, c o m o a c o n t e c e n o B ra s il, o n ­ d e o s p r e s id e n t e s d e ju n ta s , o s ju íz e s o u m in is tro s c la s s is ta s e o s ju íz e s o u m in is ­ t r o s t o g a d o s s ã o n o m e a d o s p a r a c o m p o r e m d e t e r m in a d a ju n t a d e c o n c i l i a ç ã o e ju lg a m e n t o , t r ib u n a l r e g io n a l d o tr a b a lh o o u T rib u n a l S u p e r io r d o T ra b a lh o . O s j u í ­ z e s d o s “ In d u s tria l T rib u n a ls " e d o s " E m p lo y m e n t A p p e a l T rib u n a ls " (EATs) s ã o c o n ­ v o c a d o s p a r a o j u lg a m e n t o d e c a d a c a s o , c o n v o c a ç ã o q u e é fe it a p e lo P r e s id e n ­ te ( s u p e r v is o r d e t o d o s o s tr ib u n a is in d u s tria is e o m a is a n tig o d o s " c h a i r p e r s o n s " ) o u p e lo " r e g i o n a l c h a i r p e r s o n " , g e r a lm e n t e p o r r o d íz io . C o n s e q ü e n t e m e n t e , n ã o e x is te , n o R e in o U n id o , u m t r ib u n a l d e c o m p o s iç ã o p e r m a n e n t e p a r a t o d o s o s c a ­ s o s tr a b a lh is ta s d e d e te r m in a d a reg iã o , v a ria n d o tal c o m p o s iç ã o p a ra c a d a c a s o , d e (2) C o n fo rm e John McllRoy, “ In d u s tria l T rib u n a is ", P luto Press, Lo n d o n , 1983, pág. 6.

(3) Cf. John M cllRoy, op, c it., p. 7,

(5)

acordo com a convocação para julgá-los. Em 1983 havia na Grã-Bretanha (Ingla­

terra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) setenta e sete (77) j uízes "to g a ­ dos” .de tempo integral e cento e quarenta e um (141) de tempo parcial, isto é, que além da função judicante, podiam continuar a

p ra tic a r,

em

h o r á r io c o m p a tív e l, s u a

advocacia, consultoria, etc. Na mesma época, participavam dos "Industrial Tribu­

nais", em todo o país, cerca de 2.275 juízes leigos(4).

IV. A INFORMALIDADE DO PROCEDIMENTO NOS TRIBUNAIS INDUSTRIAIS E NA CORTE DE APELAÇÃO

Há uma acentuada informalidade no funcionamento e procedimento dos tri­

bunais industriais. Tanto na primeira como na segunda Instância os juízes não usam toga ou qualquer outra vestimenta especial. A participação de advogados é facul­

tativa e isto está expressamente previsto em norma de processo, a Regra 7 dos

"Industrial Tribunais ("Rules of Procedure") Regulations 1985". As partes podem demandar pessoalmente ou ser representadas por um funcionário de sindicato pro­

fissional, por um representante de associação de empregadores ou por um advo­

gado. As decisões são debatidas em conselho, isto é, em sessão secreta, e só a conclusão é divulgada em público perante as partes, após a discussão e votação, como acontece no Brasil no tribunal do júri, no processo criminal. Tanto para for­

mulação do pedido ("aplication") como da defesa (“ notice of appearance"), po­

dem ser utilizados formulários Impressos, fornecidos pelos tribunais e preenchi­

dos pelas partes, sendo a “ notice of appearance" declaração do réu de que pre­

tende defender-se da ação e respondendo a um questionário sobre os fatos ale­

gados nesta, apresentado antes da audiência ("hearing"). A instrução e o julga­

mento das ações são feitos, geralmente, em apenas uma ou duas sessões do tri­

bunal.

V. REMUNERAÇÃO DOS JUÍZES EFETIVOS E TEMPORÁRIOS

Os membros efetivos dos tribunais industriais (“ chairmen") e os j uízes lei­

gos ("lay members") são remunerados na forma prevista na "Schedule 9” , "S ec­

tion" 128, ns. 9 e 10 e na "Schedule 11", "Section" 135, "P art” II, ns. 25 e 26, do

“ Employment Protectlon (Consolidation) Act 1-978” . Os j uízes efetivos de tempo in­

tegral ganhavam, em 1983, 24.000 libras esterlinas (cerca de US$ 37.200) por ano, ou seja, uma remuneração mensal de US$ 3.100. O juiz de tempo parcial recebia 120 libras esterlinas por dia, equivalente a uma diária de aproximadamente US$

186,00, pelo câmbio atual (setembro/1992)(5).

VI. VOLUME DE PROCESSOS

O número de casos julgados pelos “ Industrial Tribunais" (primeira instância) da Inglaterra, País de Gales e Escócia foi o seguinte nos três anos judiciais findos em março de 1990, 1991 e 1992:

(4) Conforme John McilRoy, op. cit., págs. 5 e 6.

(5) Apud John McilRoy, op. cit., pág. 6.

(6)

89/90 90/91 91/92

8 8 / 8 9 8 9 / 9 0 9 0 / 9 1

3 7 2 9 1 8

2 0 2 2 14

2 8 3 3 17

2 9 18 1 5 (6 ).

C a s o s p r o t o c o l a d o s : 3 4 .6 9 7 4 3 . 2 4 3 6 7 . 4 4 8

C a s o s i n s t r u í d o s e ju l g a d o s : 10.381 1 1 .86 4 1 6 .3 6 3

N o s " E m p l o y m e n t A p p e a ls T r ib u n a i s ” ( s e g u n d a in s t â n c ia ) , c o r r e s p o n d e n ­ te s a o s n o s s o s T rib u n a is R e g io n a is d o T ra b a lh o , o v o lu m e d e p r o c e s s o s f o i o s e ­ g u in t e :

8 9 /9 0 9 0 /91 9 1 /9 2

R e c u r s o s a ju iz a d o s : 6 0 7 6 3 0 8 4 5

R e c u r s o s In s t r u í d o s e ju lg a d o s : 2 6 4 2 6 7 2 4 6

J á o s r e c u r s o s e m m a t é r ia t r a b a lh is t a a d m it id o s e a p r e c ia d o s p e la C â m a ­ r a C iv il d a C o r t e d e A p e la ç ã o , e q u iv a le n te , n o B ra s il, a o T rib u n a l S u p e r io r d o T ra ­ b a lh o , n o s m e s m o s p e r í o d o s , a p r e s e n t a m a s e g u in t e e s t a t ís t ic a :

R e c u r s o s p e n d e n t e s ; R e c u r s o s n o v o s : R e c u r s o s ju l g a d o s : R e m a n e s c e n t e s :

P o r aí s e v e r i f i c a q u e o v o lu m e d e p r o c e s s o s s u b m e t id o à a p r e c ia ç ã o d o s t r ib u n a is t r a b a lh is t a s in g le s e s é in c o m p a r a v e lm e n te in fe rio r a o d o s p r o c e s s o s a ju i­

z a d o s p e r a n t e o s ó r g ã o s d e ju r is d iç ã o t r a b a lh is t a d o B ra s il, c u jo s n ú m e r o s , n o s t r ê s (3) ú lt im o s a n o s , f o r a m o s s e g u in te s :

JUNTAS DE CONCILIAÇÃO E JULGAMENTO ( 1 ª in s t â n c ia )

1 9 8 9 1 9 9 0 1991

R e c la m a ç õ e s r e c e b id a s : 1 .1 3 1 .5 5 6 1 .2 3 3 .4 1 0 1 . 4 9 6 .8 9 0 R e c la m a ç õ e s s o lu c io n a d a s : 9 5 0 .7 4 2 1 . 0 5 3 .2 3 7 1 .2 6 3 .4 9 2 T R I B U N A I S R E G IO N A IS D O T R A B A L H O

( 2 ª in s t â n c ia )

1989 1 9 9 0 1991

P r o c e s s o s r e c e b i d o s : 116.716 1 4 5 .6 4 6 2 1 1 .2 2 2

P r o c e s s o s s o l u c i o n a d o s : 117.741 1 2 9 .3 7 9 1 4 9 .2 1 7

T R I B U N A L S U P E R IO R D O T R A B A L H O ( in s t â n c i a e x t r a o r d i n á r i a t r a b a lh is t a )

1 9 8 9 1 9 9 0 1991

P r o c e s s o s r e c e b i d o s : 19.201 2 0 . 2 7 6 2 2 . 0 3 9

P r o c e s s o s s o l u c i o n a d o s : 2 3 ,8 1 2 2 0 .4 7 3 2 4 .7 1 3 (7) (6) D a d o s fo rn e c id o s p e la E m baixada B ritânica, em Brasília, por c a rta de 27.08,92, d o S e cretário d e In fo r­

m ação.

(7) D a d o s fo rn e c id o s p e lo T ribunal S u p e rio r do Trabalho, em Brasília, em s e te m b ro de 1992.

(7)

Nos anos de 1988 e 1989 a maior parte das ações ajuizadas nos "industrial tribuanis", cerca de 60%, teve como causa a despedida injusta ("unfair dismissal"), seguindo-se-lhe as questões sobre salários, disciplinadas pela "Wages Act" (12%

em 1988 e 15% em 1989). No mesmo período, 30% das questões solucionadas fo­

ram julgadas pelos tribunais e 70% conciliadas pelas partes ou retiradas. Nas re­

clamações contra despedida injusta, 37,5% foram julgadas procedentes, mas so­

mente em 3% dos casos foi determinada a readmissão do reclamante no empre­

go, havendo, na maior parte deles, a condenação em indenização. Esta indeniza­

ção está sujeita a limites de valor, que variam de acordo com a causa da despe­

dida, sendo mais elevados se determinada por discriminação de sexo ou de raça ou por associação do empregado a um sindicato. Para a hipótese de ter sido de­

terminada a readmissão no emprego e a empresa não a cumprir, o valor da inde­

nização corresponde a 156 semanas de salários, ou seja, exatamente 3 anos de remuneração, a qual não pode, porém, ser inferior a 18.795 libras esterlinas.

Mais de 50% dos recursos para a 2 ª instância trabalhista (EAT), que em 1987/88 somaram 776 apelações, foram interpostos pelos empregados(8).

VII. CONCILIAÇÃO

Na Grã-Bretanha, o procedimento para conduzir as partes de um conflito tra­

balhista a solucioná-lo mediante acordo não é tarefa dos juízes dos “ industrial tri­

bunais” , cuja função é meramente julgadora. Tal encargo é confiado aos "c o n c i­

liation officers” , que são funcionários do “ Advisory Conciliation and Arbitration Ser­

vice” (ACAS), do Departamento de Emprego. Antes mesmo de ser ajuizada uma reclamação trabalhista, mas desde que a mediação do "conciliation officer” é so­

licitada por qualquer uma das partes, a atuação destes funcionários é obrigatória (art. 133, do "Employment Protection (Consolidation) Act 1978"). No caso de já ha­

ver sido ajuizada a reclamação perante um "industrial tribunal", uma cópia da ini­

cial é enviada ao ACAS, geralmente acompanhada da resposta do reclamado, sen­

do então dever do "conciliation officer" se esforçar para conseguir um acordo an­

tes da decisão do tribunal, desde que: a) solicitada sua mediação pelo autor ou pelo réu, ou b), se não sendo feita tal solicitação, julgar que poderá agir, com ra­

zoável possibilidade de sucesso, para conseguir que as partes conciliem, Em se tratando de casos em que o reclamante foi despedido, o “ conciliation officer” atua­

rá particularmente no sentido da readmissão ou reintegração do trabalhador no emprego, pelo empregador, por seu sucessor ou por empresa do mesmo grupo, desde que em termos considerados justos pelo conciliador, salvo se o emprega­

do não quiser ser reamitido ou quando a readmissão ou reintegração não for fac­

tível, hipóteses em que será tentado acordo para pagamento de uma soma em di­

nheiro como indenização pela despedida. Tal acordo, quando feito com a interme­

diação de um "conciliador” do ACAS, é vinculativo para ambas as partes e impe­

de o empregado de recorrer ao Judiciário, se ainda não ajuizou a questão. Na hi­

pótese de a ação já haver sido ajuizada, se as partes chegam a um acordo antes do julgamento, há três maneiras do "industrial tribunal” lidar com o problema: 1º) o

(8) Dados contidos no "Fact Sheet - November 1990", dos Tribunais Industriais da Inglaterra e País de Gales.

(8)

e m p r e g a d o f a z u m a p e t i ç ã o d e s is t in d o d a a ç ã o e o t r i b u n a l p o d e e n t ã o r e j e i t a r ( " d i s m i s s " ) , c o n d e n a n d o o u n ã o o a u to r n as c u s ta s d o p ro c e s s o ; 2 º ) q u a n d o o t r i­

b u n a l r e c e b e c ó p ia d o a c o r d o e n v ia d a p e lo " c o n c ilia tio n o ffic e r" , c o s t u m a o “ c h a ir ­ m a n " p r o f e r i r u m d e s p a c h o " d e t e r m i n a n d o q u e o p r o c e s s o s e ja s u s p e n s o , a té q u a n d o f o r n e c e s s á r io to r n a r e fe tiv o s o s te rm o s d o a c o r d o " , q u e s e rã o d e v id a m e n ­ te r e l a c i o n a d o s n o p r o c e s s o , d e t e r m in a n d o o tr ib u n a l o a d ia m e n t o d o c a s o “ s in e d ie " ; 3 º ) a s p a r te s f a z e m u m a p e tiç ã o e m c o n ju n to , d ir ig id a ao " C e n tr a l O f f ic e " d o s t r ib u n a is , r e q u e r e n d o q u e o a c o r d o s e ja a p r o v a d o c o m o d e c is ã o f o r m a l d o t r i b u ­ n a l a f im d e s e r r e g i s t r a d a o f ic ia lm e n t e c o m o ta l.

C o m o v is to , o “ c o n c ilia t o r o ffic e r ” só p a r t ic ip a d o p r o c e s s o s e a s u a m e d ia ­ ç ã o f o r p e d i d a p e la s p a r t e s o u q u a n d o , a ju iz a d a a a ç ã o t r a b a lh is t a e r e c e b e n d o e le c ó p ia d a m e s m a , e n t e n d e r q u e te m c h a n c e s d e o b t e r u m a c o r d o e n tre a s p a r ­ te s . C o n s e q ü e n t e m e n t e , p o d e m e s ta s c o n c ilia r s e m a p a r t i c i p a ç ã o d o " c o n c i l i a ­ d o r ” , m as, n e s te c a s o , o a c o r d o n ã o é ju r id ic a m e n te v in c u la n te e n a d a im p e d e q u e o e m p r e g a d o a ju íz e r e c la m a ç ã o , s e n ã o fic a r s a tis fe ito c o m a t r a n s a ç ã o fe ita c o m o e m p r e g a d o r ,

VIII. RECURSOS DAS DECISÕES PROFERIDAS PELOS TRIBUNAIS

- P e d id o d e R e v is ã o ( “ A p p lic a t io n fo r R e v ie w ” )

P r e v ê e m a s r e g r a s d e p ro c e s s o , in c lu s iv e a R e g r a 10, d o s " I n d u s t r ia l T rib u ­ n a is R e g u la t io n s - 1 9 8 5 ” , q u e o t r ib u n a l p r o la t o r d a s e n t e n ç a p o d e , e m a lg u m a s h ip ó te s e s , re v is á - la s , m o d ific á - la s o u m e s m o a n u lá -la s , P a ra ta n to , a p a r te in t e r e s ­ s a d a d e v e a ju iz a r u m p e d id o d e r e v is ã o ( " a p p lic a t io n fo r r e v i e w " ) , d e s d e q u e a le ­ g u e e d e m o n s t r e u m d o s s e g u in t e s f u n d a m e n t o s :

a) q u e a d e c is ã o fo i e r r o n e a m e n te p ro fe rid a e m c o n s e q ü ê n c ia d e e rro d e f u n ­ c i o n á r i o d o t r ib u n a l;

b) q u e a p a r t e n ã o r e c e b e u n o t if ic a ç ã o d o s a to s p r o c e s s u a is q u e c o n d u z i ­ r a m à d e c is ã o ;

c) q u e a d e c is ã o fo i p ro fe r id a s e m a a u d iê n c ia d e u m a d a s p a rte s o u d e p e s ­ s o a q u e d e v e r ia s e r o u v id a ;

d) q u e n o v a s p r o v a s fo r a m o b tid a s a p ó s a s e n te n ç a , d e s d e q u e a s m e s m a s n ã o p o d e r ia m , r a z o a v e lm e n t e , s e r c o n h e c i d a s o u p r e v is t a s p e la s p a r t e s ;

e) q u e o I n t e r e s s e d a ju s t i ç a e x ig e a r e v i s ã o (9).

O p e d i d o d e r e v i s ã o é a p r e c ia d o , p r e lim in a r m e n t e , p e lo P r e s id e n t e d o Tri­

b u n a l q u e d e c id iu o c a s o , o q u a l te m o p o d e r ( R e g r a n. 1 0 (3 ), d a s " 1 9 8 5 R e g u la ­ t io n s " ) d e n e g a r s e g u im e n t o a o p e d id o , se e n te n d e r q u e n ã o te m e le r a z o á v e l p o s ­ s ib ilid a d e d e s u c e s s o , o u s u b m e t ê - lo à s a p re c ia ç ã o d o ó r g ã o q u e p r e s id iu , o q u a l p o d e c o n c e d e r o u n ã o a r e v is ã o , c o n f ir m a n d o - a , m o d if i c a n d o - a o u a a n u la n d o . (9) M ic h a e l J. G o o d m a n , op. cit., pág . 68.

(9)

- R e c u r s o p a r a o “ E m p lo y m e n t A p p e a l T r ib u n a l”

E s te ó r g ã o , c u ja s c o n s t it u i ç ã o e f u n ç õ e s s ã o a t u a lm e n t e d i s c i p l i n a d a s p e ­ Io " E m p l o y m e n t P r o t e c t io n ( C o n s o li d a t io n ) A c t ” , d e 1 9 7 8 ( " S e c t i o n s 1 3 5 - 1 3 6 e S c h e d u le 11"), é o t r ib u n a l d e a p e la ç ã o d a ju s tiç a t r a b a lh is ta d a G rã - B r e ta n h a , s e n ­ d o I n t e g r a d o p o r u m ju iz d a “ H ig h C o u r t " e d o is ju íz e s le ig o s , c o m e s p e c ia l c o n h e ­ c im e n t o e e x p e r iê n c ia e m r e la ç õ e s tr a b a lh is ta s , um d e le s e s c o lh id o d e n tr e o s e m ­ p r e g a d o r e s e o o u tr o e s c o lh id o p e lo s t r a b a lh a d o r e s , E s te t r ib u n a l c o r r e s p o n d e a o s n o s s o s tr ib u n a is re g io n a is d o tr a b a lh o , d o s q u a is d ife re p o r d o is a s p e c to s : 1º ) N o r ­ m a lm e n t e n ã o r e e x a m in a m m a té r ia d e fa to , s e n d o o s r e c u r s o s p a r a e le I n t e r p o s ­ t o s s o m e n t e p o r v io la ç ã o d e le i ( " o n a p o in t o f la w " ) , n ã o s e n d o a d m i t i d a a p e l a ­ ç ã o p a r a r e e x a m e d e m a té r ia d e fa to , is to é, d a s p r o v a s c o lh id a s e a p r e c ia d a s n a p r i m e ir a in s tâ n c ia , r e s s a lv a d o o q u e já fo i d it o n o ite m 1, d e s te t r a b a lh o ; 2 º ) O n ú ­ m e r o d e s e u s m e m b r o s é s e m p r e o m e s m o , tr ê s ju íz e s , e n q u a n t o q u e n o B r a s il o n ú m e r o m ín im o é d e 8 (o ito ) ju íz e s , h a v e n d o tr ib u n a is , c o m o o d a 2 ª R e g iã o (S ã o P a u lo ) , q u e c h e g a m a t e r m a is d e 4 0 ( q u a r e n ta ) m e m b r o s ; 3 º ) O r e c u r s o p a r a o s

" E m p l o y m e n t A p p e a ls T r ib u n a is " n ã o e s tá s u je ito a o p a g a m e n t o d e ta x a s , d e p ó ­ s it o s o u d e s p e s a s ju d ic ia is e a p a rte q u e p e r d e n ã o e s tá n o r m a lm e n t e e x p o s t a a o r is c o d e p a g a r a s d e s p e s a s fe ita s p e la p a rte v e n c e d o r a ; 4 º ) O p r a z o p a r a o r e c u r ­ s o é d e 4 2 ( q u a r e n t a e d o is ) d ia s , c o n t a d o s d a d a t a e m q u e o r e c o r r e n t e fo i n o ­ t if ic a d o d a d e c is ã o r e c o r r id a , e n q u a n t o q u e n o B ra s il ta l p r a z o é d e a p e n a s 8 ( o i­

to ) d ia s e m t o d o s o s r e c u r s o s t r a b a lh is t a s ,

- R e c u r s o p a r a a " C o u r t o f A p p e a l "

D a s d e c is õ e s p ro fe rid a s p e lo s EATs c a b e r e c u r s o p a ra a C â m a ra C ivil d a C o r ­ te d e A p e la ç ã o , q u e n ã o é tr ib u n a l t r a b a lh is ta , m a s ó r g ã o d a ju s t iç a c o m u m . O r e ­ c u r s o é, p o ré m , s u je ito a ju íz o d e a d m is s ib ilid a d e n o p r ó p r io EAT q u e p ro fe r iu a d e ­ c is ã o , o u n a p r ó p r ia “ C o u r t o f A p p e a l" , q u e p o d e d e ix a r d e a d m iti- lo m e s m o q u e t e n h a s id o lib e r a d o p e la in s tâ n c ia In fe rio r. S e e s ta t r a n c a r a a p e la ç ã o , c a b e r e c u r ­ s o p a r a a " C o u r t o f A p p e a l” e x c lu s iv a m e n te p a ra o b te r o d e s t r a n c a m e n t o d o m e s ­ m o , q u e c o r r e s p o n d e , n o B ra s il, a o a g r a v o d e I n s t r u m e n t o d o d e s p a c h o d o P r e ­ s id e n te d o T R T q u e n ã o a d m ite a re v is ta p a ra o TST. E sta " e s p é c ie d e a g r a v o " p o ­ d e s e r p r e lim in a r m e n t e tr a n c a d o , já na " C o u r t o f A p p e a l” , p o r u m d o s ju í z e s d e s ­ ta ( q u e s e r ia e n tr e n ó s o R e la to r) . D e ta l " d e s p a c h o ” c a b e t a m b é m r e c u r s o p a r a o P le n o d a C o r te d e A p e la ç ã o , q u e p o d e r á d e s t r a n c a r o u n ã o o r e c u r s o i n t e r p o s ­ t o d a d e c is ã o d o EAT, q u e c o r r e s p o n d e a o n o s s o a g r a v o r e g im e n ta l d e d e s p a c h o t r a n c a t ó r i o d o R e la to r, n o T rib u n a l S u p e r io r d o T ra b a lh o . S e a " C o u r t o f A p p e a l ” p r o v ê o " a g r a v o ” , a a p e la ç ã o é lib e r a d a p e lo “ E m p lo y m e n t A p p e a l T r ib u n a l" e j u l ­ g a d a p e la " C o u r t t o f A p p e a l ” .

- R e c u r s o p a r a a " H o u s e o f L o r d s "

A " H o u s e o f L o r d s " é n ã o s o m e n t e u m ó r g ã o p o lí t ic o , c o r r e s p o n d e n t e a o n o s s o S e n a d o , c o m o t a m b é m ó r g ã o ju d ic ia l, e a m a is e le v a d a in s t â n c ia d o p o d e r ju d ic iá r io d o R e in o U n id o . Todavia, s o m e n te o s d e n o m in a d o s " L a w L o r d s " , q u e n ã o fa z e m p a r te d a o p o s iç ã o , n e m d o g o v e rn o , tê m f u n ç ã o ju d ic ia l. E s te s m e m b r o s d a

(10)

“ H o u s e o f L o r d s " c o r r e s p o n d e m , p o is , a o s n o s s o s M in is t r o s d o S u p r e m o T r ib u ­ na l F e d e r a l. P a r a a “ H o u s e o f L o r d s ” c a b e r e c u r s o d a s d e c is õ e s p r o f e r id a s p e la C â m a r a C iv il d a " C o u r t o f A p p e a l s ” , e m m a té r ia t r a b a lh is t a , d e s d e q u e a d m it id o p o r e s ta . T a m b é m a q u i h á u m ju íz o d e a d m is s i b i lid a d e n o T rib u n a l a q u o ( “ C o u r t o f A p p e a ls ” ) e, se tr a n c a d o o r e c u r s o p o r este, p o d e s e r t e n ta d a s u a lib e r a ç ã o a tra ­ v é s d e a p e lo p a r a a p r ó p r ia " H o u s e of L o r d s " . O r e c u r s o p a ra a “ H o u s e o f L o r d s " , d a d e c is ã o p r o fe r id a p e la C â m a r a C ivil d a C o r te d e A p e la ç ã o , p o d e ser, p o is , e q u i­

p a r a d o a o r e c u r s o e x t r a o r d in á r io p a r a o S u p r e m o T rib u n a l F e d e r a l d a s d e c is õ e s p r o f e r i d a s p o r q u a lq u e r u rn a d a s S e ç õ e s ( S e ç ã o d e D is s í d io s I n d iv id u a i s o u S e ­ ç ã o d e D is s í d io s C o le t iv o s ) d o T rib u n a l S u p e r io r d o T r a b a lh o , q u e p o d e s e r t r a n ­ c a d o p e lo P r e s id e n t e d e s t e e lib e r a d o p e lo S u p r e m o , m e d ia n t e a g r a v o d e in s t r u ­ m e n to .

- R e c u r s o p a r a a C o r t e E u r o p é i a d e J u s t iç a

F in a lm e n te , d a s d e c is õ e s d a p r ó p r ia “ H o u s e o f L o r d s " , in s tâ n c ia m á x im a d a J u s t iç a d o R e in o U n id o , p o d e c a b e r , e m m a té r ia t r a b a lh is t a r e g u la m e n t a d a p e la s D ir e t iv a s d a C o m u n i d a d e E u r o p é ia , q u e v is a m u n if o r m iz a r a le g is la ç ã o d e p r o t e ­ ç ã o a o t r a b a lh o n o s p a ís e s q u e a in te g ra m , r e c u r s o p a r a a C o r te E u r o p é ia d e J u s ­ tiç a , p r e v is t o p e lo A rt. 164, d o T ra ta d o d e R o m a d e 1 9 5 8, e q u e t e m s e d e e m L u ­ x e m b u r g o .

A s d ir e t r iz e s já a p r o v a d a s p e la " E u r o p e a n C o m is s io n ” , d e p r o t e ç ã o a o e m ­ p r e g o , d iz e m r e s p e it o a o p r i n c í p io d e ig u a l s a lá r io p a r a o m e s m o t r a b a lh o , a o d e is o n o m ia d e t r a t a m e n t o p a r a h o m e n s e m u lh e r e s , à p r e s e r v a ç ã o d o s d ir e i t o s t r a ­ b a lh is ta s n a m u d a n ç a d e p r o p r ie d a d e d a s e m p r e s a s , a p r o t e ç ã o d o s e m p r e g a d o s n o s c a s o s d e d e s p e d i d a s c o le t iv a s e d e In s o lv ê n c ia d o e m p r e g a d o r , à lib e r d a d e d e m o v i m e n t a ç ã o d o s t r a b a lh a d o r e s p e lo s p a ís e s d a C o m u n i d a d e e a o s d ir e i to s d e s t e s à s a ú d e e s e g u r a n ç a n o t r a b a l h o (10) .

O c u r i o s o é q u e o s p r ó p r i o s t r ib u n a is t r a b a l h i s t a s d e p r i m e ir o e s e g u n d o g ra u s , o s " I n d u s t r ia l T rib u n a is ", p o d e m , a n te s d e d e c id ir c a s o s u m e t id o à s u a a p r e ­ c ia ç ã o q u e e n v o lv a u m a d e s s a s m a té r ia s , c o n s u lt a r a C o r t e E u r o p é i a d e J u s t iç a s o b r e a q u e s t ã o s u b ju d i c e , h ip ó t e s e e m q u e d e v e r ã o d e c i d i r d e a c o r d o c o m a o r i e n t a ç ã o r e c e b i d a d e s s a C o r te In t e r n a c io n a l.

IX. EXECUÇÃO DAS SENTENÇAS

A J u s t i ç a d o T r a b a lh o d a G r ã - B r e t a n h a n ã o t e m p o d e r e s p a r a e x e c u t a r as s u a s p r ó p r ia s d e c is õ e s , r e s i d i n d o n is t o u m a d a s d i f e r e n ç a s f u n d a m e n t a i s c o m a s u a c o n g ê n e r e b r a s il e i r a , p e lo m e n o s a p a r t ir d e 1 9 3 9 (11).

(10) C o o p e rs & Lybrand , " E m p lo y m e n t Law In E u ro p e ", G ow er P u b lis h in g C o. Ltd., E n glan d, 1991, págs.

7 a 12.

(11) A n te s d o DL n. 1.237, d e 02.05,39 (art. 67), as Juntas d e C o n c ilia ç ã o e J u lg a m e n to não tinham p od er p a ra e xecu tar as suas sentenças. O s trab alha dore s b rasileiros q u e ganhavam u m a a ção n a J u s tiç a do Trabalho eram o b r ig a d o s a re q u e re r, ju n to ao ju iz d e d ire ito d a lo c a lid a d e , ju n ta n d o c e rtid ã o d a s e n ­ ten ça , a e x e c u ç ã o d e s ta q u a n d o o e m p re g a d o r v e n c id o s e re c u s a v a a c u m p ri-la e s p o n ta n e a m e n te . As Ju n ta s d e C o n c ilia ç ã o e Ju lg a m e n to in stituídas pelo D e creto 22.132, d e 25.11.32, alte ra d o pelo D e­

c reto 24.742, d e 14.07.34, não podiam executar suas sentenças, as qua is só eram exeqüíveis pelo Juiz d e Direito d a Vara Cível d a lo ca lid a d e em q u e tivesse sede a Junta, s egu ndo o processo civil para exe­

c u ç ã o d e s e n te n ç a (D L n. 39, de 03.12.37).

(11)

Com efeito, se o empregador vencido recusar-se a cumprir a decisão do Tri­

bunal Idustrial que o condenou, o vencedor é obrigado, após promulgação da sen­

tença (que consiste em seu registro formal no “ Registrar” desses Tribunais e sua intimação às partes), decorrido o prazo de 42 dias contados dessa intimação, a requerer à “ County C ourt"(12) do distrito onde o empregador exerce sua ativida­

de que expeça um mandado de execução. Se a condenação é em obrigação de fazer, como a readmissão ou reintegração nas antigas funções ou admissão em novas funções, os tribunais Ingleses não podem forçar o empregador a cumpri-la, sendo necessário convertê-la em obrigação de pagar para que a execução seja possível(13).

O "R egistrar" (Oficial Encarregado dos Registros) da “ County Court” po­

de, a seu arbítrio, conceder ao empregador um certo prazo para que cumpra a de­

cisão, Havendo recurso da sentença o “ Registrar" é obrigado a conceder tal pra­

zo ao empregador. A execução pode ser feita por meio de penhora de bens pe­

tencentes ao executado e sua venda pelos "bailiffs" (espécie de oficial de justiça) da “ County Court” , através de mandado para que o empregador faça o pagamen­

to por prestações ou pelo processo de falência do executado. Em casos de inde­

nização por despedida em razão de excesso de empregados ("redundancy pay­

ment"), de condenação em salários não pagos e de indenização por despedida injusta, não haverá necessidade de recurso à "County Court” (ou à “ Sheriff Court"), pois, quando o empregador é insolvente ou resiste ao pagamento do “ redundancy payment” , o Secretário do Estado para o Emprego (o Ministro do Trabalho da Grã- Bretanha) está autorizado a pagar tais quantias levantando-as do “ Redundancy Fund” , como previsto nos Arts. 101 e 122, do "Employment Protection (Consoli­

dation) A ct” , de 1978.

Assinalam John Mcilroy e Michael Goodman que uma grande proporção das decisões dos tribunais industriais que condenam os réus em obrigação de pagar são cumpridas Independentemente de qualquer processo de execução(14).

X. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS “ INDUSTRIAL TRIBUNALS"

Na opinião dos sindicatos de trabalhadores ingleses ("trade unions"), os tri­

bunais do trabalho do Reino Unido oferecem as seguintes vantagens e desvanta­

gens:

Dentre as vantagens citam as de serem tais órgãos integrados, também, por j uízes leigos que entendem e conhecem as particularidades de um sistema de pa­

gamentos por resultados, o significado de uma cláusula sobre o “ status quo” pa­

cificamente aceito pelas partes antes de um conflito, como funciona uma peça de-

(12) Na Escócia, o Juízo perante o qual a execução da decisão trabalhista é requerida é o "Sheriff Court", do distrito em que o empregador tem a sua empresa.

(13) Também no Brasil não pode o juiz do trabalho compelir o empregador a reintegrar ou readmitir um em­

pregado no emprego. Se a empresa se recusa a fazê-lo, o que pode o juiz é aplicar-lhe a multa pre­

vista no Art. 729 da CLT, que é de um valor de referência regional, por dia, ou, a requerimento do em­

pregado ou por Iniciativa própria, fundada em seu poder de executar as decisões (Art. 878, da CLT), converter a obrigação de fazer em obrigação de pagar, para tornar viável sua execução.

(14) John McilRoy, op. c it, p. 227; Michael Goodman, op. cit, p. 66.

(12)

t e r m in a d a d e u m a m á q u in a e, a in d a , o s p r o b le m a s p r á t ic o s q u e o c o r r e m n o s l o ­ c a is d e t r a b a lh o , t u d o o q u e é g e r a lm e n t e ig n o r a d o p e lo s ju íz e s c o m u n s , a c a r r e ­ t a n d o m u ita s v e z e s d e c is õ e s d a n o s a s p a ra o s t r a b a lh a d o r e s .

O u tra v a n ta g e m a p o n ta d a é a c e le rid a d e d e ju lg a m e n to . E n q u a n to u m a q u e s ­ t ã o s o b r e h ig ie n e e s a ú d e d o t r a b a lh o p o d e d u r a r c e r c a d e d o is a n o s p e r a n t e a

" H ig h C o u r t ” , o q u e p o d e s e r a u m e n ta d o p a ra tr ê s a n o s se u rn a d a s p a r te s r e c o r ­ re, n o s " I n d u s t r ia l T rib u n a ls ” as a ç õ e s , d e p e n d e n d o d a é p o c a e m q u e s ã o p r o p o s ­ ta s , d a c o m p le x id a d e d o c a s o , d a d ific u ld a d e d e c o n c ilia ç ã o , e tc., p o d e m d u r a r d e 9 a 13 s e m a n a s , O ite n t a p o r c e n to d o s c a s o s s ã o s o l u c io n a d o s n u m a s ó a u d iê n ­ c ia e n o v e n ta e c in c o p o r c e n to em d o is d ia s d e a u d iê n c ia s , O c u s t o d e u m a q u e s ­ t ã o a p r e s e n t a d a p e r a n t e u m t r ib u n a l in d u s t r ia l é, g e r a lm e n t e , b e m m e n o r d o q u e o d e u m a a ç ã o a j u iz a d a n a J u s t iç a C o m u m .

O p r o c e d im e n t o é t a m b é m m u ito m a is in fo rm a l d o q u e n a s C o r te s C o m u n s , p o is o s t r ib u n a is in d u s t r ia is p r o c u r a m , t a n t o q u a n t o p o s s ív e l, e v ita r a s c o m p l i c a ­ ç õ e s e f o r m a lis m o s le g a is , e m b o r a s e ja m o b r ig a t o r ia m e n t e o b s e r v a d a s c e rta s n o r ­ m a s d e p r o c e s s o . H á o r e c e io d e u m in c r e m e n to d o f o r m a lis m o le g a l n o fu tu ro , d e ­ v i d o à f o r m a ç ã o ju r í d ic a d o s p r e s id e n t e s d e s s e s t r ib u n a is , a o a u m e n t o d a p a r t i ­ c ip a ç ã o d e a d v o g a d o s e a o u s o d e c o n c e ito s le g a is n a le g is la ç ã o e n o s is te m a d e r e c u r s o s .

E m c o n t r a p o s i ç ã o a e s s e s a s p e c to s p o s it iv o s s ã o a p o n t a d a s a s s e g u in te s d e s v a n t a g e n s d o s t r ib u n a is c r ia d o s p a ra d e c id ir p r iv a t iv a m e n t e as c o n t r o v é r s ia s e n t r e e m p r e g a d o s e e m p r e g a d o r e s :

E m p r i m e ir o lu g a r, o s r e s u lt a d o s s ã o p o u c o a t r a e n t e s p a r a o s t r a b a l h a d o ­ re s e a t e n d ê n c ia te m s id o n o s e n tid o d e c a ir o n ú m e r o d e d e c is õ e s fa v o rá v e is a o s r e c la m a n t e s , q u e e r a m d e 3 9 ,6 % e m 1975 e q u e , e m 1981, s e r e d u z ir a m a 2 3 ,3 % , e m c a s o s d e d e m is s ã o s e m ju s t a c a u s a . A s s e n t e n ç a s m a n d a n d o r e i n t e g r a r t r a ­ b a l h a d o r e s n a e m p r e s a s ã o c a d a v e z m e n o s n u m e r o s a s , t e n d o r e p r e s e n ta d o , e m 1981, a p e n a s 0 ,8 % d o s 1 3 .4 3 6 c a s o s a p re c ia d o s . A s in d e n iz a ç õ e s p o r d e s p e d i d a fo ra m , e m m é d ia , d e 3 7 5 lib ra s e m 1978, 401 lib ra s e m 1 9 7 9 e 9 6 3 lib ra s e s te rlin a s e m 1981, a n o e m q u e m a is d a m e ta d e d a s in d e n iz a ç õ e s fo r a m f ix a d a s e m m e n o s d e 1 .0 0 0 lib r a s .

T a m b é m a lim ita ç ã o d a s le is é a p o n ta d a c o m o u m a d a s d e s v a n ta g e n s d a u ti­

liz a ç ã o d o s t r i b u n a i s p a r a s o lu ç ã o d a s d is p u t a s t r a b a l h i stas. A s s im , le i n e n h u m a o b r ig a o s e m p r e g a d o r e s a r e in t e g r a r o t r a b a lh a d o r n o e m p r e g o , p o r m a is in ju s t a q u e te n h a s id o a a t it u d e d a e m p r e s a . O s e m p r e g a d o r e s n ã o p o d e m s e r le g a lm e n ­ te Im p e d id o s d e d e s p e d ir e m m a s s a o s se u s e m p r e g a d o s , p o r m a is triv ia is q u e s e ­ ja m a s s u a s j u s t if ic a ç õ e s d e o r d e m e c o n ô m ic a . O s t r ib u n a is n ã o p o d e m c o m p e ­ lir a e m p r e s a a c o n c e d e r lic e n ç a o u I n t e r r u p ç ã o d o c o n t r a t o d e t r a b a lh o p o r u m c e r to t e m p o a u m s e u e m p r e g a d o , m as, a p e n a s , c o n d e n a r ta l e m p r e s a a p a g a r s a ­ lá r io s a o s e u e m p r e g a d o q u e e s te v e f o r a d o t r a b a lh o p o r u m a o c o r r ê n c ia p a s s a ­ d a . O s e m p r e g a d o s q u e e n tr a m e m g re v e n ã o tê m n e n h u m d ir e i t o s e o e m p r e g a ­ d o r d e s p e d e t o d o s e le s s e m e x c e ç ã o . L e g a lm e n te , o s t r a b a lh a d o r e s n ã o p o d e m t a m b é m fa la r liv r e m e n t e q u a n d o a u t o r iz a d o s a fa z e r p iq u e te s e m e m p r e s a s o n d e n ã o t r a b a lh a m . A le g is la ç ã o n ã o c o n c e d e , o u t r o s s im , n e n h u m a g a r a n t ia d o d i r e i ­ to fu n d a m e n t a l d e r e c o n h e c im e n t o d o s in d ic a to . A s leis d o R e in o U n id o s o b r e d e s -

(13)

p e d id a e p r o t e ç ã o à m a t e r n id a d e e s tã o e n tre as p io r e s d o s p a ís e s d a C o m u n i d a ­ d e E u r o p é ia , A p r i n c i p a l r a z ã o p e la q u a l o ú lt im o g o v e r n o t r a b a l h i s t a c o n s e g u i u a p r o v a r s u a s le is d e p r o t e ç ã o a o e m p r e g o fo i a d e p e r m it ir a o s e m p r e s á r io s a d ­ m in is t r a r m a is e f ic ie n t e m e n t e s e u s e m p r e e n d i m e n t o s , p e la m u d a n ç a d o c o m p o r ­ t a m e n t o d o s t r a b a lh a d o r e s , f a z e n d o - o s s u b s t it u i r o m é t o d o d a g r e v e e d a n e g o ­ c ia ç ã o d ir e t a p e lo d o p r o c e d im e n t o le g a l, q u e é b e m m e n o s e fic a z ,

A s t e n d ê n c ia s d o s j u íze s s ã o t a m b é m a p o n t a d a s p e lo s s in d ic a t o s d e t r a b a ­ lh a d o re s in g le s e s c o m o d e s v a n ta g e m d a u tiliz a ç ã o d o s trib u n a is . P ara eles, o s m e m ­ b r o s d o P o d e r J u d ic iá r io n u m a s o c ie d a d e c a p ita lis ta , na q u a l as le is lim ita m o s d i ­ re ito s d o s d e te n to re s d o c a p ita l s o m e n te p a ra p ro te g e r a p ro p r ie d a d e c a p ita lis ta , t e n ­ d e m a e v ita r q u e ta is lim ita ç õ e s v ã o m a is lo n g e . D iz e m e s s e s c r í tic o s d o ju d ic iá r io t r a b a lh is t a d o R e in o U n id o , c u ja a p r e c ia ç ã o d e v e s e r, p o ré m , e n c a r a d a c o m c e r t a re s e rv a , q u e a lg u m a s d e c is õ e s d o s " E m p lo y m e n t A p p e a ls T rib u n a ls ” re v e la m u m in ­ c o n s c ie n t e r a c is m o , p r e c o n c e it o p o lític o e d is c r im in a ç ã o e m r a z ã o d e s e x o .

E s s e s c r ític o s , p o r t u d o is s o , a c o n s e lh a m o s t r a b a lh a d o r e s a s ó r e c o r r e r e m a o s T rib u n a is In d u s tria is , d e p o is d e se c e rtific a re m d e q u e a a ç ã o d ir e ta d e s e u s in ­ d ic a to , a tra v é s d a n e g o c ia ç ã o , n ã o s e rá m a is v a n ta jo s a e, m e s m o a s s im , se lh e s e ­ rá p o s s í v e l r e c o r r e r à ju s t i ç a fa c e a o s o b s t á c u lo s d a le g it im a ç ã o p r o c e s s u a l, d a p r e s c r iç ã o d o d ir e ito d e a ç ã o e d a s c u s ta s p r o c e s s u a is , e m b o r a s e ja m e s ta s b e m m a is r e d u z id a s n o s t r i b u n a i s In d u s t r ia is ,

X I. C O N S I D E R A Ç Õ E S F IN A IS

D e t u d o o q u e fo i d it o s e in fe r e q u e :

I) O m o d e lo b r a s ile iro d e J u s t iç a d o T ra b a lh o c o m p o s t a p o r J uízes t o g a d o s , f o r m a d o s e m d ir e ito , e J u íze s le ig o s , in d ic a d o s , p a r ita r ia m e n te , p e lo s t r a b a l h a d o ­ r e s e p e lo s e m p r e g a d o r e s , fo i t id o c o m o d ig n o de im ita ç ã o p o r u m a n a ç ã o d o p r i­

m e i r o m u n d o , m a is d e d u a s d é c a d a s a p ó s s u a a d o ç ã o p e lo B r a s il;

II) Lá, c o m o a q u i, a c o m p o s iç ã o p a r itá r ia d a ju s t iç a e s p e c ia liz a d a n o ju l g a ­ m e n t o d a s q u e s tõ e s t r a b a lh is t a s fo i, e a in d a é, c o n s id e r a d a c o m o f a t o r d e d e m o ­ c r a t iz a ç ã o d a ju s t iç a , i n t e g r a n d o - a d e r e p r e s e n ta n t e s d e s e g m e n t o s d a s o c i e d a ­ d e , d e s im p lific a ç ã o d o p r o c e d im e n to t r a b a lh is t a e c e le r id a d e p r o c e s s u a l e d e c r e ­ d i b i l i d a d e d o ó r g ã o d e n t r e o s t r a b a lh a d o r e s ;

III) E s ta c e le r i d a d e , q u e n o B r a s il e s tá b a s t a n t e c o m p r o m e t i d a p e lo n ú m e ­ ro e x c e s s iv o d e p r o c e s s o s e p e lo c o m p li c a d o s is te m a d e r e c u r s o s , n o R e in o U n i­

d o é f a v o r e c id a p e lo r e d u z id o n ú m e r o d e q u e s tõ e s , m a s p r e ju d ic a d a p o r u m s i s ­ t e m a r e c u r s a l ig u a lm e n t e c o m p le x o , p o r u m n ú m e r o d e in s tâ n c ia s a in d a m a io r , se n e la s in c lu ir m o s a C o r te S u p e r io r E u r o p é ia d e J u s tiç a , e p e lo f a t o d e t a n t o a c o n ­ c ilia ç ã o , c o m o a e x e c u ç ã o d a s s e n t e n ç a s n ã o s e re m fe ita s p e lo m e s m o ó r g ã o j u l ­ g a d o r ;

IV) A s im p lific a ç ã o e a in fo r m a lid a d e q u e a in d a c a r a c te r iz a m o p r o c e s s o t r a ­ b a lh is t a n a q u e la n a ç ã o é a p o n t a d o c o m o u m a d a s v a n t a g e n s d a ju s t iç a t r a b a l h i s ­ ta, in d ic a n d o - s e c o m o m o tiv o d e p r e o c u p a ç ã o a t e n d ê n c ia a o f o r m a lis m o ju r íd ic o ,

83

(14)

que ultimamente vem também atingindo a Justiça do Trabalho no Brasil, por influên­

cia de um tecnicismo processual exagerado e prejudicial ao andamento das ques­

tões trabalhistas, abandonando-se, pouco a pouco, a simplificação do processo adotada pela já cinqüentenária Consolidação das Leis do Trabalho;

V) Uma das características dessa simplificação está no direito das partes de ajuizarem pessoalmente, sem participação de advogados, suas ações e mesmo recursos, não só nos tribunais trabalhistas propriamente ditos, como até mesmo perante a Câmara ou Divisão da Justiça Comum (“ Civil Division - Court of Appeal"), assegurando-se-lhes, pois, o “jus postulandi", ao fundamento de que nenhum obs­

táculo deve ser criado para o acesso dos jurisdicionados à Justiça;

VI) Finalmente, os Tribunais do Trabalho da Grã-Bretanha, diferentemente dos brasileiros, não decidem os processos que aqui são denominados "dissídios co­

letivos" e através dos quais são estabelecidas, pelo Judiciário, novas condições de trabalho para as categorias profissionais, limitando-se a competência dos tri­

bunais que integram aquela Justiça à solução de questões individuais,

INFORMAÇÕES ÚTEIS SOBRE OS TRIBUNAIS INDUSTRIAIS

ENDEREÇOS

1. CENTRAL OFFICE OF THE INDUSTRIAL TRIBUNALS (England and Wales) 93 Ebury Bridge Road

LONDON SW 1W 8RE - ENGLAND Tel.: 071.7309161

2. EMPLOYMENT APPEALS TRIBUNAL Audit House

58 Victoria Embankment, EC 4 LONDON, ENGLAND

3. TRADES UNION CONGRESS Congress House

Great Russel Street

LONDON WC 1 B 3LS - ENGLAND 4. CONFEDERATION OF BRITISH INDUSTRY

Centre Point

103 New Oxford Street, WC1 LONDON, ENGLAND

5. ADVISORY, CONCILIATION AND ARBITRATION SERVICE Clifton House

83 Euston Road

LONDON NW1 2RB, ENGLAND

(15)

85

Referências

Documentos relacionados

As rimas, aliterações e assonâncias associadas ao discurso indirecto livre, às frases curtas e simples, ao diálogo engastado na narração, às interjeições, às

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-

temperatura de fusão não pode ser medida, mas como a degradação ocorreu bem acima do ponto de fusão do ácido malêico, pode-se dizer que houve a formação de

Não podemos deixar de dizer que o sujeito pode não se importar com a distância do estabelecimento, dependendo do motivo pelo qual ingressa na academia, como

Assim, cabe às Ciências Sociais e Humanas trabalhar esta problemática pois além de pobreza, o desemprego gera consequências negativas a nível pessoal e social (Gonçalves, et

cionar e preparar elementos necessários à execução da fiscalização externa; verificar, em estabelecimentos co- merciais, a existência e a autenticidade de livros

O fato de a porcentagem de mulheres no sistema prisional ser baixa (6,3% no Brasil e entre 0% e 29,7% no mundo) faz com que suas necessidades não sejam consideradas