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A conservação da família está diretamente ligada à conscientização de sua posição na história

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Academic year: 2022

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Jaime Kemp

A conservação da família está diretamente ligada à conscientização de sua posição na história

Alvin Toffler, autor do famoso livro “Choque do Futuro”, escreveu posteriormente “A Terceira Onda”, em que enfoca o século vinte e um e os subseqüentes. Toffler defende a tese de que a primeira onda que invadiu a terra foi a Agrícola; a segunda, a Industrial e a terceira, a que presenciamos atualmente, a Tecnológica.

Sobre esta terceira onda, ele escreve: “Uma poderosa onda em formação está se erguendo em nosso mundo hoje, criando às vezes, um clima de confusão, perplexidade e temor. Desde a responsabilidade de criar os filhos, até a vida do aposentado, o trabalho, o lazer, o ambiente doméstico, tudo é afetado por ela. Nesse contexto incerto, homens de negócio nadam contra correntes econômicas que oscilam entre altos e baixos; políticos se apavoram com a variação de seu Ibope, afetado por questões insignificantes ou não; universidades, hospitais e outras instituições lutam contra uma inflação que, repentinamente, pode ressurgir com o mesmo apetite devastador de outrora; sistemas de valores tradicionais que o Estado, a família e a igreja estabeleceram, tornaram-se joguetes, manipulados tal qual um barquinho em meio a uma terrível tormenta” (Alvin Toffler, “The Third Wave”- London – England, Pan Books, 1980, pág. 15).

Alvin Toffler, mesmo não sendo cristão, tem considerações muito pertinentes sobre a época que atravessamos. A insegurança econômica já atinge o mundo todo. O crescente abismo entre as nações ricas e as pobres é uma preparação para um futuro governo global, no qual o anti-Cristo surgirá.

Seja como for, infelizmente, podemos afirmar que a família não ficará incólume ao forte impacto desta onda. É um “Tsunami” com ondas de vários tamanhos. É necessário que nos abriguemos e nos seguremos fortemente. Através da influência das filosofias vigentes já

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vemos nítidas inversões dos valores familiares e isso deverá continuar a acontecer neste tempo chamado de pós-moderno.

Estas filosofias têm impactado toda a sociedade e, conseqüentemente, também a família cristã. Vamos ver quais são:

1.     Humanismo: O homem destrona a Deus como autoridade absoluta e entroniza a si mesmo.

2.     Relativismo: Os absolutos deixam de existir. A esfera torna-se: “Sua opinião contra a minha.”

3.     Hedonismo: O prazer torna-se o alvo principal da vida.

4.     Materialismo: A abundância dos bens materiais se torna o alvo da vida.

5.     Individualismo: O foco é colocado no indivíduo e em seus direitos.

6.     Cientificismo: A centralidade é colocada na ciência como verdade absoluta e esta oferece, de forma radical, todas as respostas certas.

Estas filosofias têm chegado como um forte vento e promovido mudanças em nossa

sociedade. É difícil fazer uma estimativa das transformações ocorridas no contexto familiar, pois elas ocorrem de forma sutil e vão atingindo suas estruturas. Vamos, juntos, procurar enxergar essas alterações.

Considerável aumento teve o número de bebês com pais adolescentes, que seria maior, não

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com muito mais freqüência nas delegacias especializadas. Uniões homossexuais estão sendo, paulatinamente, aceitas pela sociedade bem como filhos adotivos dessa relação.

Todos esses ingredientes apresentam um perfil bem diferente da família do início do século XX. Nos últimos trinta, quarenta anos nossos códigos de conduta têm sido alterados.

Conceitos absolutos deram lugar a relativos pontos de vista. Longos relacionamentos, sejam em níveis conjugais ou profissionais têm sido substituídos por uniões baseadas em

conveniências. Valores dorsais, nos quais instituições eram embasadas têm sido redefinidos.

O número de divórcios entre os cristãos tem aumentado significativamente (ou seja, os corações estão mais endurecidos) bem como o número de pessoas amasiadas que afirmam ter mentes abertas, e dispensam o registro civil por julgá-lo desnecessário.

O Humanismo e o Hedonismo também têm desestabilizado a família. Muitos casamentos só duram enquanto o sentimento de paixão existir. Tanto homens quanto mulheres têm dito: 

“Enquanto a relação me agradar eu permaneço nela!”. Quando cessam “as borboletas na barriga”, quando o rio não oferece mais a sensação de rafting, a união é desmanchada. Quando um cônjuge não supre mais a necessidade do outro, ele é substituído. O

Individualismo

acarreta destruição pessoal e familiar. Este cenário pós-moderno produz um crescente número de separações. Se esse índice continuar, por volta do ano 2010 teremos cerca de 50% de nossos filhos sendo criados em lares com pais separados. Entre eles 89%

experimentarão necessidades diversas por falta de recursos financeiros, deficiências cognitivas (dificuldade de aprendizado escolar) e problemas emocionais.

Essas separações, diferentemente de vinte anos atrás, são feitas com a maior naturalidade.

Antigamente, aqueles que se apartavam da relação, aceitavam o motivo bíblico como a causa principal, assumindo sua postura com mais dignidade: “dureza de coração” (Mateus 19.7-8).

Hoje em dia tudo é feito com base no individualismo, onde o egocentrismo supera o altruísmo.

O compromisso perdeu seu significado no mundo pós-moderno em que o homem ocupou o trono de Deus.

Proveniente do século XIX o Cientificismo era a ilusão de que a ciência viria resolver todos os problemas humanos e proporcionar felicidade geral. Hoje em dia descobrimos quase o mesmo sentimento, em grande parte devido à tecnologia, por isso, novamente, essa

nomenclatura veio à tona.

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Num mundo onde o Relativismo impera, o aborto tem sido praticado até como método anticoncepcional. A vida perdeu o valor intrínseco, tudo é relativo! Quando é conveniente, a concepção não é vista como um bebê, mas como um corpo estranho que deve ser expulso.

Por outro lado, muitas mulheres cujo sonho sempre foi o de ser mãe, dão à luz, mas não conseguem permanecer ao lado do filho contemplando seu desenvolvimento, suas primeiras palavras, suas dúvidas e problemas na escola, porque o mercado de trabalho as absorve.

Não são somente as mulheres cuja sobrevivência pessoal e familiar exige sua permanência fora do lar, muitas também ocupam altas posições em empresas, algumas são executivas, tendo vários departamentos sob sua direção. São mulheres extremamente capazes que muitas vezes estão se realizando como profissionais, mas não como mães. (Neste ponto, eu preciso fazer uma interrupção desta matéria e abrir um parêntesis para dizer:  - Querida mamãe, se for possível, procure trabalhar somente meio período, pelo menos enquanto seu filho estiver em idade escolar.  Procure acompanhá-lo, “curti-lo”, orientá-lo pessoalmente. São muitas as mulheres que, em meus aconselhamentos, choram por não terem tomado essa atitude. Ouvir seus filhinhos chamarem a babá de “mamãe” e preferirem estender as mãozinhas para elas, pode abalar qualquer estrutura familiar!). Creio ser necessário que façamos uma reavaliação de prioridades.

Li, recentemente, um artigo muito interessante escrito por Ana Maria Giamarino para o site da Associação dos Administradores de Pessoal (

http://www.aapsa.com.br/

), em que ela diz:

“... para a mulher, este tem sido um desafio de equilíbrio. A transmissão dos valores

essenciais dos seres humanos, ainda é papel da família. A escola, ou outros cuidados, não substitui a necessidade que as crianças têm de sentir a coerência entre o discurso e a prática pela observação e convivência com a família. E isto, sem dúvida passa mais perto do papel feminino. O núcleo familiar é a base de sustento e o equilíbrio dos papéis entre homem, mulher, pai, mãe e profissional tem sido muito desafiador”.

Como conselheiro familiar tenho caminhado ao lado de muitas famílias em que as mulheres, por estarem assumindo um papel de muita responsabilidade fora, ao chegar em casa estão

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a louça!. E esse fator de desequilíbrio tem levado muitas mulheres à depressão.

O Materialismo, por outro lado, também assume proporções inimagináveis, com

profissionais dedicados especialmente à arte de seduzir compradores. Porém, nos deparamos cada vez mais com recursos menores x ganância maior. Como resolver essa equação? Filhos contemplam seus pais se endividando para adquirir bens materiais, muitas vezes pelo simples prazer de comprar. E esta é a situação de muitas crianças que em seus anos primordiais, quando deveriam ter os pais ao seu lado como exemplo, os vêem desestabilizados e endividados.

Temos meios de comunicação eficientíssimos, facilidades técnicas das mais variadas categorias, meios de transporte velocíssimos, porém, as mensagens que chegam até nós vêm imersas, molhadas, ou respingadas de algumas ou de várias dessas filosofias vigentes.

Faço, então, um apelo àqueles que estiverem enxergando esta situação. Que se levantem, assumam posições firmadas na Palavra, se posicionem, não contra o progresso propriamente dito, mas contra as posturas que ignoram o Deus criador da família e o colocam como simples aparato de uma época em que as pessoas são descartadas ao apertar de um botão.

Jaime Kemp é  doutor em ministério familiar e diretor da Sociedade Religiosa Lar Cristão.

Foi missionário da Sepal por 31 anos e fundador da missão Vencedores Por Cristo. É

palestrante internacional e autor de 50 títulos. Casado com Judith é pai de 3 filhas e avô de 2 netos.

Fonte: Revista Lar Cristão

Referências

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