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Conselho Nacional de Justiça

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO N o 406/2006

REQUERENTE: ASSOCIA~ÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS

-

AMB ADVOGADO : ALBERTO PAVIE RIBEIRO (OAB/DF 7.077) e OUTROS REQUERIDO : TRIBüNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

-

TJGO

ASSUNTO : DESCONSTITUIÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO - RESOLUÇÕES N.' 2/2004 E N.' 2/2006 - TJGO - FIXAÇÃO CRITÉRIOS PROVIMENTO

COMARCAS, VARAS JUDICIAIS E JUIZADOS ESPECIAIS - NÃO PROVIMENTO - JUIZAMENTO MÍNIMO FEITOS - ALEGAÇÕES INCONSTITUCIONALIDADE -

VIOLAÇÃO GARANTIAS MAGISTRATURA - PRINCÍPIO DA IGUALDADE -

PEDIDO DECLARAÇÃO NULIDADE ATO

RELATOR: CONSELHEIRO MINISTRO VANTUIL ABDALA

EMENTA

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. NÃO CONHECIMENTO. MATÉRIA JÁ DECIDIDA NO ÂMBITO JüRISDICIONAL. SEGURANÇA JURIDICA

Acordam os Conselheiros do Conselho Nacional de Justiça, por unanimidade, não conhecer do procedimento de controle administrativo, por tratar-se de questão específica já decidida no âmbito jurisdicional.

Brasília-DF, 9 de maio de 2007.

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ASSOCIA~ÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS

-

AMB formula procedimento de controle administrativo visando declarar a nulidade das Resoluções n.O 2/2004 e 2/2006 do egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS, como ainda, para determinar a imediata abertura de editais de remoção e promoção para todas as comarcas vagas do Estado de Goiás, em atenção a Constituição Federal e a LOMAN.

Aduz a respeitável Associação que existem no Estado de Goiás várias comarcas desprovidas de juiz titular, algumas delas, há mais de dez anos.

Noticia que o Exmo. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás tem se omitido "quanto ao seu dever de publicar editais de

remoção e promoção para essas comarcas", designando j uí zes es c01 hidos

discricionariamente para atuar nas Comarcas vagas (fl. 04).

Ressalta que a omissão do Exmo. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás viola os princípios da moralidade (art. 37 da CF), o princípio da igualdade (art. 5", caput da CF) e o princípio do juiz natural (art. 5O, XXXVII, LI11 da CF).

Sustenta, ainda, que a LOMAN admite a possibilidade da designação temporária apenas no caso de excepcional interesse público, conforme seu art

.

124 : "o magistrado que for convocado para substituir, em primeira ou segunda instância, perceberá a diferença de vencimentos correspondentes ao cargo que passa a exercer, inclusive diárias e transporte, se for o caso" ( f 1

.

0 5 ) ; com efeito, informa que não é o que ocorre no Tribunal de Justiça de Goiás, onde o preenchimento das Comarcas vem sendo preterida por designações da Presidência.

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Conselho Nacional de Justiça

Revela que várias medidas judiciais foram tomadas contra os atos ilegais da Presidência do Tribunal de Justiça de Goiás e até hoje não surtiram quaisquer efeitos (fl. 07).

Noticia a Associação que foi impetrado o Mandado de Segurança n.O 11.024-6/01 pela magistrada estadual Viviane Atallah perante o Tribunal de Justiça de Goiás, visando anular a publicação de 16 (dezesseis) editais de promoção e remoção para que fossem publicados em conjunto com os editais de todas as comarcas vagas.

Este mandado de segurança, segundo a Autora deste PCA que atuou como assistente, teve a ordem denegada.

Informa que contra essa decisão foi interposto Recurso Ordinário ao Superior Tribunal de Justiça pela própria Associação dos Magistrados Brasileiros (RMS 19.895, Relator Ministro Gilson Dipp), onde aguarda julgamento.

Aduz também que foi proposta pela própria Associação requerente deste PCA Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF perante o Supremo Tribunal Federal - STF em

abril de 2004, distribuída ao Relator Ministro César Peluzo.

Indica a requerente que em ambos os casos alegou-se a violação ao princípio da isonomia, do juiz natural e da moralidade administrativa, bem como a publicação restritiva de editais de promoção e remoção sem observar a totalidade das Comarcas vagas do Estado, por omissão do Exmo. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Com efeito, aduz a Associação que este procedimento

"diferencia-se das demais medidas processuais anteriormente utilizadas, pois, com o transcurso do tempo, as omissões perpetradas pelo Presidente do TJGO, que antes eram irrestritamente arbitrárias, ganharam critérios formais, ainda que ilegais" ( f 1

.

0 8 )

.

Justifica a requerente que a partir de 25 de fevereiro de 2004 as arbitrariedades ora denunciadas "ganharam

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contornos formais de aparente legalidade" com a edição da Resolução n

.

O 2/2004 do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, alterada pela Resolução n. O 2 /2 0 0 6, que "dispõe sobre critérios para o provimento de Comarcas, Varas Judiciais e Juizados Especiais da estrutura organizacional do Poder

Judiciário do Estado de Goiás" ( f 1 s

.

2 9- 3 1 )

.

Estabelece a Resolução n.O 2/2004 do Tribunal:

"Art. 1" Enquanto as atuais restrições orçamentárias e financeiras persistirem, impossibilitando a elevação, no volume necessário, do quantitativo dos magistrados em atividade, não serão providas, por promoção ou remoção, as comarcas, varas e juizados especiais em que, no ano anterior, não tiverem sido ajuizados, no mínimo, 300, 350 e 400 feitos, exceto os executivos fiscais, exclusivamente criminais, cíveis e criminais e exclusivamente cíveis, respectivamente, salvo quanto as Varas da Comarca de Goiânia com competência para os crimes dolosos contra a vida e presidência do Tribunal do Júri".

Por sua vez, a Resolução n. O 2, de 11 de janeiro de 2006, dá nova redação ao art. l0 da Resolução n.O 2 de 25 de fevereiro de 2004, alterando, tão-somente, a quantidade mínima de feitos necessária para fins de promoção e remoção nas comarcas, varas e juizados especiais, que passa a ser 400, 450 e

500 feitos, respectivamente.

Diz a requerente que não pode o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás simplesmente alegar que não há movimento forense nas comarcas para as quais não foi aberto concurso e designar juízes de forma discricionária para nelas atuar.

Noticia ainda que o egrégio Tribunal de Justiça não tem competência para decidir quais comarcas vagas serão ou não submetidas a concurso de remoção ou promoção.

Assevera a Associação requerente que a LOMAN dispõe em seu art. 83 que "a notícia da ocorrência de vaga a ser preenchida, mediante promoção ou remoção, deve ser imediatamente veiculada pelo órgão oficial próprio, com indicação, no caso de

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provimento através de promoção, das que devam ser preenchidas segundo o critério de antiguidade ou de merecimento".

Conclui a requerente noticiando violação as garantias da magistratura (Art. 93, 11, da CF) e do princípio da igualdade (Art. 5O, caput, da CF); aos princípios da independência do Poder Judiciário, do juiz natural e da moralidade administrativa (Arts. 5O, LI11 e XXXVII e 37, caput, da CF), uma vez que, em síntese, o critério adotado pelo Tribunal permite que uma comarca fique sem titular durante longos anos, o que não condiz com a Carta Constitucional que garante o direito a todo magistrado de ser promovido de entrância para entrância segundo critérios de antiguidade e merecimento.

Por fim, requer que este Conselho conheça e julgue procedente o pedido "não apenas para declarar a nulidade das Resoluções n." 212004 e

n." 212006 do TJGO, como ainda para determinação da imediata abertura de editais de remoção e

promoção para todas as comarcas vagas do Estado de Goiás, obedecendo-se, assim a CF e a

LOMAN" (fl. 15).

AS fls. 138-139, solicitei informações ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

Aponta o eminente Presidente do Tribunal, Desembargador José Lenar de Me10 Bandeira, que a medida de exceção aberta na Resolução n.O 2/2006 do Órgão Especial do Tribunal tem e feito temporário

,

"por prevalecer somente enquanto for insuficiente o quantitativo de magistrados" ( f 1

.

14 3 )

.

Consigna ainda o ilustre Presidente que a excepcionalidade tende a continuar diminuindo, a medida da disponibilização de magistrados para as vagas existentes e que a necessidade de j uí zes para as comarcas "abarrotadas de processos judiciais", enquanto que as que contam com menos de 500 processos podem perfeitamente continuar a ser

cumulativamente atendidas por juízes de outras comarcas próximas"; Aduz ainda que se a excepcionalidade não fosse adotada, a situação decorrente da opção dos magistrados se inverteria, preenchendo-se as unidades

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de poucos processos, enquanto que as de maior volume permaneceriam indefinidamente vagas (fls. 143-144).

Consigna, por fim, o Presidente do Tribunal em suas informações que a situção é decorrente da falta de juízes para atender a todas as Comarcas e a solução não estaria na extinção das de menor movimento forense, mas sim na continuidade do processo de aumento do número de magistrados.

É o relatório.

Verifica-se, inicialmente, que a q u a e s t i o j u r i s deste procedimento de controle administrativo é semelhante a do

mandado de segurança n. O 11.024-6/01, impetrado pela magistrada

estadual Viviane Atallah perante o egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, no qual a Associação Requerente deste PCA atuou como assistente.

Esse w r i t restou denegado pelo Tribunal de Justiça.

Encontra-se, atualmente, em fase de recurso ordinário no egrégio Superior Tribunal de Justiça, onde aguarda julgamento.

Registre-se, ainda, que foi proposta Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF perante o Supremo

Tribunal Federal sob os mesmos argumentos deste PCA, onde também aguarda julgamento.

Em síntese, o que se alega no presente procedimento de controle administrativo é a omissão do Exrno. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, por não publicar editais

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Conselho Nacional de Justiça

para promoção e remoção de magistrados para todas as Comarcas vagas no Estado.

Para tanto, sustenta a Associação dos Magistrados do Brasil violação das garantias da magistratura (art. 93, 11, CF); do princípio da igualdade (Art. 50f caput, CF) ; do princípio da independência do Poder Judiciário, do juiz natural e da moralidade administrativa (Art. 50f LI11 e XXXVII e Art. 37,

caput, da CF)

.

Este Conselho Nacional de Justiça recebeu com a edição da Emenda Constitucional n o 45/2004 a elevada função de realizar o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes

(Art. 103-B, § 4)

.

Assim, não há como utilizar este Conselho Nacional de Justiça para revogar uma decisão em mandado de segurança do egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, que examinou os mesmos fundamentos jurídicos do presente PCA.

A sua atuação objetiva o interesse coletivo do Poder Judiciário, não pretendendo o texto constitucional torná-lo exclusivamente uma instância recursal e até originária, de todas as decisões administrativas, como pretende a requerente.

De outra parte, verifica-se ainda, que a requerente do presente procedimento interpôs recurso ordinário ao Superior Tribunal de Justiça contra a decisão proferida nos autos do mandado de segurança julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, conforme declara e comprova a própria requerente as fls. 86-100.

Vê-se, pois, que, analisar o mérito do presente procedimento de controle administrativo é analisar uma decisão em processo judiciário, o que não compete a este Conselho Nacional de Justiça.

Com efeito, a análise deste procedimento seria, ainda, violar frontalmente o princípio da segurança jurídica, previsto

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no art. 2O da Lei 9.784/99 (Art. 100, RICNJ), que regula o processo administrativo, v e r b i s :

"Art. 2". A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência". (grifei)

A estabilidade das relações jurídicas é uma das bases fundamentais do Estado de Direito. Conforme entendimento doutrinário de J. J. Gomes Canot ilho, "na actual sociedade de risco cresce a necessidade de actos provisórios e actos precários a fim de a administração poder reagir a alteração das situações fáticas e reorientar a prossecução do interesse público segundo os novos conhecimentos técnicos e científicos. Isto tem de articular-se com salvaguarda de outros princípios constitucionais, entre os quais se conta a proteção da confiança, a segurança jurídica, a boa-fé dos administrados e os direitos fundamentais". (CANOT ILHO, J. J. Gomes

.

D i r e i t o c o n s t i t u c i o n a l e T e o r i a da C o n s t i t u i ç ã o . 5 . Ed. Coimbra, Almedina, 1992)

Por esses fundamentos, tratando-se de questão específica já decidida no âmbito jurisdicional, e I

principalmente, preservando-se o princípio da segurança jurídica, não conheço do presente procedimento de controle administrativo.

Oficie-se à requerente, na pessoa de seu procurador, dando-lhe ciência do inteiro teor desta decisão.

Brasília, 9 de maio de 2007.

CONSE

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