Prof. Dr. Marco Lucio Bittencourt Eng. WallaceGusm~ao Ferreira
1 Solidos 3
1.1 Introduc~ao. . . 3
1.2 Denic~ao daCinematica . . . 4
1.3 Deformac~ao . . . 5
1.4 Movimento deCorpoRgido. . . 9
1.5 TrabalhoInterno . . . 9
1.6 Princpiodos Trabalhos Virtuais(PTV) . . . 12
1.7 Lei deHookeGeneralizada. . . 13
1.8 Aplicac~ao da Equac~ao Constitutiva . . . 16
1.9 Formulac~ao Empregando Tensores . . . 17
1.9.1 Corpo . . . 17
1.9.2 Vetores . . . 18
1.9.3 Cinematica . . . 19
1.9.4 Deformac~ao . . . 19
1.9.5 Movimentosde Corpo Rgido . . . 27
1.9.6 TrabalhoInterno . . . 29
1.9.7 Aplicac~ao doPTV . . . 33
1.9.8 Aplicac~ao daEquac~aoConstitutiva . . . 33
2 Casos Particulares 35 2.1 Barra . . . 35 2.1.1 Cinematica . . . 35 2.1.2 Deformac~ao . . . 35 2.1.3 TrabalhoInterno . . . 36 2.1.4 PTV . . . 36
2.1.5 Aplicac~ao daEquac~aoConstitutiva . . . 36
2.2 Flex~ao Puraem VigasPrismaticas . . . 37
2.2.1 Cinematica . . . 37
2.2.2 Deformac~ao . . . 38
2.2.3 TrabalhoInterno . . . 38
2.3.2 Deformac~ao . . . 41
2.3.3 TrabalhoInterno . . . 41
2.3.4 PTV . . . 42
2.3.5 Aplicac~ao daEquac~ao Constitutiva . . . 42
2.4 Estado Plano deTens~oes. . . 43
2.5 Estado Plano deDeformac~oes . . . 44
3 Soluc~ao Aproximada 46 3.1 Forma Forte . . . 46
3.2 Forma Fraca . . . 46
3.3 Aproximac~ao . . . 50
4 Aplicac~oes 53 4.1 Metodos Analticos . . . 53
4.1.1 Equac~oesde Compatibilidade . . . 53
4.1.2 Barra - Soluc~ao 3D . . . 56
4.1.3 Torc~ao deEixos CircularesPrismaticos- Soluc~ao 3D . . . 61
4.1.4 Viga - Soluc~ao3D . . . 63
4.2 Metodos Numericos . . . 66
4.2.1 Estudo de Casos . . . 69
Solidos
1.1 Introduc~ao
O proposito deste texto e a apresentac~ao de uma metodologia para o tratamento e analise
de tens~oes e deformac~oes em corpos solidos. Inicialmente sera descrita a cinematica do problema,
pemitindoestabelecer o conceitogeral de deformac~ao. Atraves do conceito de TrabalhoInterno e da
aplicac~aodoPrinc
ipiodosTrabalhosVirtuaisser~aodeduzidasasequac~oesdiferenciaisparaoequil
ibrio
tridimensional,aposa introduc~ao do conceito de tens~ao. Finalmenteser~ao deduzidas asequac~oes de
Navier,atravesdasaplicac~aodomodeloconsitutivo(relac~oesentretens~aoedeformac~oesemfunc~aodo
tipodematerial),nessecasoaleideHooke,paramateriaiselasticos,homog^eneose isotropicos. Am
de permitiruma notac~ao mais compacta e generalizada para a formulac~ao dos modelos, asequac~oes
ser~ao reescritasutilizando oconceitomatematico de tensores,seguindo-seosmesmospassosdescritos
anteriormente.
Com o intuito de exemplicar e aplicar os resultados obtidos com a formulac~ao geral para a
analise de tens~oes e deformac~oes em solidos tridimensionais,ser~ao formuladosos modelos
unidimen-sionais de problemas de barra, viga , torc~ao e estados planos (tens~ao e deformac~ao), deduzidos do
modelo maisgeral, levando-seem conta ashipotesescinematicassimplicadoras paracadacaso.
A formulac~ao apresentada sera baseada na mec^anica dos meios cont
inuos que e o ramo da
mec^anica que trata do estudo de tens~oes em solidos, l
iquidos e gases, bem como a deformac~ao e o
uxo desses materiais. O termo cont
inuo aqui utilizado signica que s~ao desconsiderados os efeitos
decorrentes da estrutura molecular da materia, imaginando-a como sendo isenta de vazios e
descon-tinuidades. Doponto de vista matematico isso implicaem dizerque asfunc~oes empregadasna
mod-elagem devemser suaves epossuir derivadascont
inuas emtodo o dom
inioanalizado.
O conceito de contnuo permiteo uso de artifcios matematicos do calculo diferencial,
possibil-itandoo estudo de distribuic~oescomplexas e n~ao uniformes de tens~ao e deformac~ao dos corpos e, ao
mesmotempo,denirmodelosfsicosconsideradosaceitaveis nadescric~aodo comportamentomateria
como um todo. Esta metodologia permite que ramos da mec^anica como elasticidade, plasticidade e
mec^anica dos fuidos establecam previs~oes quantitativas bastante razoaveis para uma larga faixa de
problemasde analise de tens~oes, deformac~oese uxomaterial no campo da engenharia.
Considerando-sequeatualmenteousodeferramentascomputacionaiseumarealidadecadavez
maispresenteno cotidianoda engenharia,para asoluc~ao de problemasenvolvendogrande
complexi-dade,comoasoluc~aoanal
iticadeequac~oesdiferenciais,seraapresentadaumapropostadeaproximac~ao
dasoluc~aodasequac~oesdeequil
ibrio,permitindoousodeferramentasnumericas,comooja
consagra-do Metodo dos Elementos Finitos (MEF), entre outros. De forma simplicada, o metodo utilizado
plos de aplicac~ao das soluc~oes, de forma anal
itica, utilizando o equacionamento desenvolvido e de
forma numerica, utilizandoo programa deelementos nitosANSYS.
1.2 Denic~ao da Cinematica
ConsidereumcorpotridimensionalBeumsistemaderefer^enciacartesianoilustradosnaFigura
1.1. SejaP
1
umponto qualquerdo corpoBcomcoordenadas(x;y;z) segundoosistemaderefer^encia
adotado, denotando-se P 1 (x;y;z). Sendo fe x ;e y ;e z
g uma base ortonormal do sistema de refer^encia,
o vetorposic~aor P 1 do ponto P 1 edenidocomo r P 1 =xe x +ye y +ze z .
Suponhaagora queo corpo B sofra umdeslocamento. Neste caso, o ponto P
1
assumea posic~ao nal
P 0 1 (x 0 ;y 0 ;z 0
) e o respectivo vetorposic~aoe dadopor
r P 0 1 =x 0 e x +y 0 e y +z 0 e z .
Figura 1.1: Cinematica deum CorpoSolido
Dene-se o vetor deslocamento u do ponto P
1
como a diferenca entre as suas posic~oes nal
(x 0 ;y 0 ;z 0 ) einicial(x;y;z), ou seja, u =r P 0 1 r P 1 =(x 0 x)e x +(y 0 y) e y +(z 0 z) e z . (1.1) Observa-se que u = (x 0 x), v = (y 0 y) e w = (z 0
z) s~ao, respectivamente, as componentes do
vetor deslocamento u nasdirec~oesx,y e z. Logo, a express~ao anteriorpode serreescrita como
u =ue x +ve y +we z , (1.2) ou emforma matricial, u = 8 > < > : u v w 9 > = > ; . (1.3)
Devido a hipotese de meiocontnuo, o corpo B possuiinnitospontos. Cada umdestes pontos
apresenta um vetor deslocamento u quando o corpo se desloca. Logo, a cinematica de um corpo
solidoe descritaporinnitosvetoresdeslocamentosdo tipo(1.3). Estesinnitosvetoresdenemum
campo vetorial de deslocamento u(x;y;z). Assim, ao se substituir as coordenadas (x;y;z) de um
ponto arbitrario P
1
u(x;y;z)= u(x;y;z)e x +v(x;y;z)e y +w(x;y;z)e z = 8 > < > : u(x;y;z) v(x;y;z) w(x;y;z) 9 > = > ; . (1.4) 1.3 Deformac~ao
Deseja-seagoracaracterizaravariac~aodedist^anciaentredoispontosarbitrariosdocorposolido
antes e depois da ac~ao de deslocamento. Isto permitira deniro que se entende por deformac~ao do
corpo solido. Considere os pontos arbitrarios P
1
(x;y;z) e P
2
(x+x;y+y;z+z) ilustrados na
Figura 1.2e seusrespectivosvetoresposic~ao
r P 1 = xe x +ye y +ze z e (1.5) r P 2 = (x+x)e x +(y+y)e y +(z+z)e z . (1.6)
De acordo com a Figura 1.2, a dist^ancia d entre os pontos P
1 e P
2
e dada pela diferenca entre
o seusvetoresposic~ao,ou seja,
d =r P 2 r P 1 =xe x +ye y +ze z .
Aposaac~ao dedeslocamento docorpode acordocomacinematica(1.4), ospontosP
1 eP
2
assumem,
respectivamente, as posic~oes nais P 0 1 (x 0 ;y 0 ;z 0 ) e P 0 2 (x 0 +x 0 ;y 0 +y 0 ;z 0 +z 0 ) com os seguintes vetores posic~ao r P 0 1 = x 0 e x +y 0 e y +z 0 e z e (1.7) r P 0 2 = (x 0 +x 0 )e x +(y 0 +y 0 )e y +(z 0 +z 0 )e z . (1.8)
Portanto, a dist^ancia d 0
entreospontosP
1 e P
2
aposo deslocamento do corpoe dadapor
d 0 =r P 0 2 r P 0 1 =x 0 e x +y 0 e y +z 0 e z .
Figura 1.2: Deformac~ao deum CorpoSolido
A partir da Figura 1.2 e adotando procedimento analogo ao utilizado na obtenc~ao da equac~ao
(1.4), tem-se que osvetores deslocamento dospontosP
1 e P
2
entre ascongurac~oesinicial enal s~ao
dados,respectivamente,por
u(x) = r P 0 1 r P 1 =u(x)e x +v(x)e y +w(x)e z ,
A partirdestasexpress~oes, pode-seescreverosvetoresposic~aodospontosP
1 eP
2
emfunc~ao de
seus vetoresdeslocamento, ou seja,
r P 0 1 = r P 1 +u(x)=[ x+u(x)]e x +[y+v(x)]e y +[z+w(x)]e z , r P 0 2 = r P 2 +u(x 0 )= x+x+u(x 0 ) e x + y+y+v(x 0 ) e y + z+z+w(x 0 ) e z . Portanto, expressa-sed 0 como d 0 =r P 0 2 r P 0 1 =(x+u)e x +(y+v)e y +(z+w)e z , (1.9)
sendo adiferenca dosdeslocamentosentre ospontos P
1 eP
2
nasdirec~oesx,y e z dadospor
u = u(x 0
) u(x)=u(x+x;y+y;z+z) u(x;y;z),
v = v(x 0 ) v(x)=v(x+x;y+y;z+z) v(x;y;z), w = w(x 0 ) w(x)=w(x+x;y+y;z+z) w(x;y;z).
Finalmente, avariac~ao dedist^ancia de dadapor
d=d 0 d=ue x +ve y +we z : (1.10)
Considere-se agora os elementos tridimensionais ilustrados na Figura 1.3 cujas diagonais s~ao
dadas, respectivamente, por d e d 0
. O elemento n~ao-deformado e um cubo de dimens~oes x, y e
z e suas arestas s~ao linhas retas formando angulos^ retos entre si. Apos o deslocamento, este cubo
se deforma para uma nova congurac~ao entre os pontos P 0
1 e P
0
2
com dimens~oes x 0
, y 0
e z. As
arestassealongameos^angulosentreasarestasdeixamdeserretosapresentandodistorc~oes. Deseja-se
caracterizar estes alongamentos e distorc~oes denindo a deformac~ao em cadaponto do corpo solido.
Parafacilitara apresentac~ao, consideram-seosplanosxy,xz eyz individualmente.
(a)FormaInicial (b)FormaDeformado
Figura1.3: ElementosDiferenciais
AsFiguras1.4ae1.4bilustramasprojec~oesdoselementosn~ao-deformadoedeformadonoplano
xy com os respectivos deslocamentos u e v dos pontos P
1 e P 2 e as distorc~oes 1 e 2 . Analisa-se
inicialmenteapenaso casoemque ocorre somente alongamentosdo elemento nasdirec~oesx ey,
con-formeilustradonaFigura1.4a. Oalongamento nadirec~ao xsera dadopelavariac~ao de comprimento
x 0
x divididopelocomprimento inicialx,ouseja,
x 0
x
x .
Porsuavez,a partirda Figura 1.4a, tem-seque x 0 =x+u. Logo, x 0 x x = x+u x x = u x . (1.11)
Fazendo x pequeno, tem-se que o ponto P
1
se aproxima de P
2
e dene-se a deformac~ao especca
longitudinaldo ponto P
1
na direc~ao x como olimite parax tendendoa zero, ou seja,
" xx (x;y;z)= lim x!0 u x = lim x!0
u(x+x;y+y;z+z) u(x;y;z)
x
(c) (d)
(e) (f)
Figura1.4: Deformac~oes doelemento diferencial
Olimiteanterioreapropriadenic~aode derivada parcialpoisodeslocamento udependedas
coorde-nadas(x;y;z) de cadaponto. Portanto,
" xx (x;y;z)= @u(x;y;z) @x . (1.13)
Este mesmo procedimento pode serrepetidopara seobter adeformac~ao especcalongitudinal
de P 1 na direc~ao y,ouseja, " yy (x;y;z)= lim y!0 v x = lim y!0 v(x+x;y+y;z+z) v(x;y;z) y . (1.14) Portanto, " yy (x;y;z)= @v(x;y;z) @y . (1.15)
1 tan 1 = v x . (1.16)
Tomando-se xpequeno,tem-sequeatangentede
1 eaproximadamenteiguala 1 ,ouseja, tan 1 1
. Logo, a seguinte relac~aoe valida
1 = lim x!0 v x = lim x!0 v(x+x;y+y;z+z) v(x;y;z) x = @v(x;y;z) @x . (1.17)
Considerandoagora apenasumadistorc~ao
2
,conforme Figura1.4d, nessecaso,
tan 2 = u y .
Tomando-se agora y pequeno,tem-se quetan
2 2 e portanto 2 = lim y!0 u y = lim y!0
u(x+x;y+y;z+z) u(x;y;z)
y
=
@u(x;y;z)
@y
. (1.18)
A distorc~ao totalno planoxy,denotada como
xy
(x;y;z),e dadapelasomade
1 e 2 ,ouseja, xy (x;y;z)= 1 + 2 = @v(x;y;z) @x + @u(x;y;z) @y . (1.19)
Analogamenteparaoplanoxz,Figura1.4e, comosrespectivosdeslocamentosu ewdospontos
P 1 eP 2 easdistorc~oes 3 e 4
,efetua-seomesmoprocedimentoanterior,determinando-seadeformac~ao
espec
icalongitudinaldo ponto P
1 na direc~ao zcomo " zz (x;y;z)= @w(x;y;z) @z (1.20) e adistorc~ao xz (x;y;z) no plano xz xz (x;y;z)= 3 + 4 = @u(x;y;z) @z + @w(x;y;z) @x . (1.21)
Finalmente, tomando-seo planoyz,Figura1.4f, tem-se a distorc~ao
yz (x;y;z) dadapor yz (x;y;z)= 5 + 6 = @v(x;y;z) @z + @w(x;y;z) @y : (1.22)
As componentes de deformac~ao anteriores podem se reorganizadas numa forma matricial da
seguintemaneira 8 > > > > > > > < > > > > > > > : " xx (x;y;z) " yy (x;y;z) " zz (x;y;z) xy (x;y;z) xz (x;y;z) yz (x;y;z) 9 > > > > > > > = > > > > > > > ; = 2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 4 @ @x 0 0 0 @ @y 0 0 0 @ @z @ @y @ @x 0 @ @z 0 @ @x 0 @ @z @ @y 3 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 5 8 > < > : u(x;y;z) v(x;y;z) w(x;y;z) 9 > = > ; , (1.23) ou ainda f" g=[L]fug,
sendo [L]um operadordiferencial.
Assim, tem-se que o estado de deformac~ao em cada ponto de um corpo solidoe caracterizado
por 6 componentes de deformac~ao. Observa-se que as componentes de deformac~ao especcas "
xx , " yy e " zz
s~ao quantidadesadimensionais, asquaisestabelecem umarelac~ao devariac~ao especcadas
componentes de deslocamento ao longo de umadeterminada direc~ao. Porsua vez, asdistorc~oes
xy , xz e yz
representamdeformac~oes angulareses~ao dadasemradianos.
de doispontosarbitrariosP
1 e P
2
docorposolido. A dist^ancia d entre estespontospode serfeita t~ao
pequenaquanto sequeira,de tal forma quepode-se falar do estado de deformac~aoem P
1 .
1.4 Movimento de Corpo Rgido
Seasnormasdosvetoresded 0
ilustradosnaFigura1.2s~aoiguaisent~aoocorposolidosofreuum
deslocamentor
igido. Dene-secorpor
igidocomoaqueleemqueadist^anciaentredoispontosquaisquer
permanece constante para qualquer ac~ao de movimento. Isto implica que todas as componentes de
deformac~ao emcadaponto do corpo s~ao nulas, ouseja,
8 > > > > > > > > > > > > > > > > > > < > > > > > > > > > > > > > > > > > > : " xx (x;y;z)= @u(x;y;z) @x =0 " yy (x;y;z)= @v(x;y;z) @y =0 " zz (x;y;z) = @w(x;y;z) @z =0 xy (x;y;z) = @v(x;y;z) @x + @u(x;y;z) @y =0 xz (x;y;z)= @u(x;y;z) @z + @w(x;y;z) @x =0 yz (x;y;z)= @v(x;y;z) @z + @w(x;y;z) @y =0 . (1.24)
Se a cinematica u(x;y;z) =fu(x;y;z) v(x;y;z) w(x;y;z)g T
e tal que as componentes de
deslocamento u;v e ws~ao constantesparatodosospontosdeB,ent~aotem-se apenasumatranslac~ao
rgida. Nessecaso, ascondic~oesanterioress~aosatisfeitas.
Se agora o corpo apresenta rotac~oes
x ,
y e
z
constantesem torno doseixosx, y e z
respecti-vamente, o vetor deslocamentoedadopor
u( x;y;z)=r=det 2 6 4 e x e y e z x y z x y z 3 7 5 =(y z z y )e x +(z x x z )e y +(x y y x )e z ,(1.25) sendo ( y z z y) = u, ( z x x z) = v e ( x y y
z) = w. Novamente, o deslocamento anterior
implicaque ascomponentesde deformac~ao sejamnulas.
Dessa forma,umdeslocamento rgidogerale dadopelasoma de umatranslac~ao e umarotac~ao
rgidada seguinte forma
u( x;y;z)=u 0 +r= 8 > < > : u 0 v 0 w 0 9 > = > ; + 8 > < > : (y z z y ) (z x x z ) (x y y x ) 9 > = > ; ; (1.26) sendo u 0 ,v 0 ,w 0 , x , y e z
constantes paratodosospontosdo corpo B:
1.5 Trabalho Interno
No casodecorposdeformaveis,emprega-seo conceitodetrabalhointernoparasedeterminaros
esforcos internosassociados asdeformac~oes decorrentes dasac~oes cinematicas impostas ao corpo. O
trabalhointernoassociaasdeformac~oesumconjuntodeesforcosinternoscompat
iveiscomasproprias
componentesde deformac~ao e coma cinematica do problema.
Assim, associado ascomponentes dedeformac~ao normal"
xx ,"
yy e "
zz
dT i = [ xx " xx + yy " yy + zz " zz + xy xy + xz xz + yz yz ].
O sinal e introduzido apenas por conveni^encia quando da aplicac~ao do Princpio dos Trabalhos
Virtuais.
O trabalhointernototal e obtidoatraves da soma dotrabalho de cadaelemento diferencial, ou
seja, atravesda integral devolume
T i = Z V " xx (x;y;z)" xx (x;y;z)+ yy (x;y;z)" yy (x;y;z)+ zz (x;y;z)" zz (x;y;z) + xy (x;y;z) xy (x;y;z)+ xz (x;y;z) xz (x;y;z)+ yz (x;y;z) yz (x;y;z) # dV.(1.27)
Fazendoumaanalisedimensionaldoprimeirotermonointegrandodaexpress~aoanterior,sabe-se
quea unidaderesultante deve ser igualatrabalho interno,ou seja,
[ xx (x;y;z)" xx (x;y;z)dV]= N m 2 m m [m 3 ]=[Nm]. (1.28)
Logo, associada a deformac~ao "
xx
( x;y;z) , quee umnumero adimensionalpor denic~ao, deve existir
uma func~ao contnua
xx
(x;y;z) ; representando os esforcos internos normais na direc~ao x, com
di-mens~ao N m 2
. Assim, aose realizara integrac~ao no volume docorpoV,expressoem[m 3
],obt^em-se
unidades de trabalho ou energia [Nm]. A func~ao
xx
(x;y;z) e denominada componente de tens~ao
normalna direc~ao x.
Substituindoascomponentes dedeformac~ao na express~aodo trabalho,tem-se que
T i = Z V 2 6 6 6 6 6 6 4 xx (x;y;z) @u(x;y;z) @x + yy (x;y;z) @v(x;y;z) @y + zz (x;y;z) @w(x;y;z) @z + xy (x;y;z) @v(x;y;z) @x + @u(x;y;z) @y + xz (x;y;z) @u(x;y;z) @z + @w(x;y;z) @x + yz (x;y;z) @v(x;y;z) @z + @w(x;y;z) @y 3 7 7 7 7 7 7 5 dV(1.29)
As tens~oes normais representadas por
xx ,
yy e
zz
na equac~ao (?? ) s~ao responsaveis pelo
alongamento docorponasdirec~oesx, y ez respectivamente. Porsuavez,astens~oes de cisalhamento
xy , xz e yz
s~aoresponsaveis pelasdistorc~oesnosplanosxy,xz e yzrespectivamente.
Emgeral,deseja-se obterumaexpress~aoemtermosdascomponentesdodeslocamentodocorpo
e n~ao de suas derivadas, como aparecem na equac~ao (?? ) para o trabalho interno. Considerando
que as componentes de tens~ao e de deslocamento presentes na equac~ao (?? ) s~ao contnuas em todo
o domniodo corpo, pode-se realizar o procedimento de integrac~ao por partes de forma a reduzir a
suaordemde diferenciac~aonas componentes de deslocamento. Deumaforma geral, aintegrac~ao por
partespara func~oescontnuasquaisquerf e g dependentes dex, y e ze denidacomo
8 > > > > > > < > > > > > > : Z V f(x;y;z) @g(x;y;z) @x dV = Z V @f(x;y;z) @x g(x;y;z)dV + Z S f(x;y;z)g(x;y;z)n x dS Z V f(x;y;z) @g(x;y;z) @y dV = Z V @f(x;y;z) @y g(x;y;z)dV + Z S f(x;y;z)g(x;y;z)n y dS Z V f(x;y;z) @g(x;y;z) @z dV = Z V @f(x;y;z) @z g(x;y;z)dV + Z S f(x;y;z)g(x;y;z)n z dS ,(1.30)
sendof(x;y;z)eg(x;y;z)func~oesescalaresecontnuasnodomnioV en
x ,n y en z s~aoascomponentes do vetor n=n x e x +n y e y +n z e z
normal asuperfcieS (contorno deV),verFigura 1.5.
tem-se que 8 > > > > > > > > > > > > > > > > > > < > > > > > > > > > > > > > > > > > > : Z V xx @u @x dV = Z V @ xx @x udV Z S xx un x dS Z V yy @v @y dV = Z V @ yy @y vdV Z S yy vn y dS Z V zz @w @z dV = Z V @ zz @w wdV Z S zz wn z dS Z V xy ( @u @y + @v @x )dV = Z V @ xy @y udV Z S xy un y dS+ Z V @ xy @x vdV Z S xy vn x dS Z V xz ( @u @z + @w @x )dV = Z V @ xy @z udV Z S xz un z dS+ Z V @ xz @x wdV Z S xz wn x dS Z V yz ( @v @z + @w @y )dV = Z V @ yz @z vdV Z S yz vn z dS+ Z V @ yz @y wdV Z S yz wn y dS .(1.31)
Substituindoasexpress~oesanterioresna equac~ao (?? ) e reagrupandoos termos,obtem-se
T i =T V i +T S i , (1.32) sendo T V i = Z V @ xx @x + @ xy @y + @ xz @z u+ @ xy @x + @ yy @y + @ yz @z v (1.33) + @ xz @x + @ yz @y + @ zz @w w dV (1.34) e T S i = Z S [ ( xx n x + xy n y + xz n z )u+( xy n x + yy n y + yz n z )v (1.35) +( xz n x + yz n y + zz n z )w]dS. (1.36)
Fazendouma analise dimensionaldosintegrandos dasexpress~oes de T V i e T S i , observa-seque @ xx @x = N m 2 1 m = N m 3 , (1.37) [ xx n x ] = N m 2 : (1.38) Logo, o termo @ xx @x
Os objetivosdo PTV s~ao estabelecer osesforcos externoscompatveis comos esforcos internos
edeterminar umaexpress~ao localparao equilbrioentre estesesforcos. Este princpioestabelece que,
seocorpoestaemequilbrio,ostrabalhosexternoeinternos~aoosmesmosparaqualquerac~ao virtual
de movimento ^ u(x;y;z)= 8 > < > : ^ u(x;y;z) ^ v(x;y;z) ^ w(x;y;z) 9 > = > ; , (1.39)
aplicada sobreo corpo,a partirde suacongurac~ao deformada. Otermoac~ao virtual signicaque o
princpioe validopara toda e qualquerac~ao hipotetica de movimento,pequenaougrande,desde que
compatvel coma cinematica doproblema.
Para avaliar intuitivamente o peso de um corpo qualquer a partir de sua congurac~ao de
equilbrio,imp~oe-seumaac~aodemovimento^u(x;y;z)pararetirarocorpodoseuestado deequilbrio.
Dessaforma,peloPTVpode-se concluirque,otrabalhodasforcasexternasnecessarioparafazercom
queocorpoabandonesuacongurac~aodeequilbrioeigualaenergiapotencialgravitacional(trabalho
das forcasinternas, nesse caso o peso) armazenada no corpo na nova congurac~ao de equilbrio. De
maneira simplicada, ergue-se o corpo ate uma altura generica h, realizando um trabalho externo
T
e
. Aplicandoo PTV e possvel concluir que T
e
= Ph, sendo P o peso do corpo em quest~ao.
E
importantesalientarque,opesoP docorpoesemprepossveldeserdeterminado,independentemente
do valor de numerico de h, por isso que a ac~ao de movimento u(x;^ y;z); que levou o corpo da sua
congurac~ao originalde equilbrioate a alturahe denidacomo virtual.
Dene-se o PTV como T e +T i =0, (1.40) sendoT e eT i
ostrabalhosdasforcasexternaseinternasagindosobreocorpo. Substituindooresultado
da equac~ao (?? ) em(1.40), obtem-se T e = T i = T V i T S i . (1.41)
Para que ocorra equilbrio,e preciso que haja em contrapartida aos esforcos internos, esforcos
externosde volumee superfcie,de tal forma que,
T V e +T S e = T V i T S i , (1.42) sendo T V e e T S e
, respectivamente, o trabalho externo das forcas de corpo e de superfcie necessarios
paragarantir oequilbrio.
Denindob(x;y;z)comosendoadensidadedasforcasexternasporunidadedevolumeet(x;y;z)
como aforca externa distribudana superfciedo solido, tem-se
T e = T V e +T S e (1.43) = Z V b T (x;y;z)^u(x;y;z)dV + Z S t T (x;y;z)^u(x;y;z) dS (1.44) = Z V ( b x ^ u+b y ^ v+b z ^ w)dV + Z S (t x ^ u+t y ^ v+t z ^ w)dS. (1.45)
Para que haja equilbrioentre os trabalhosdos esforcosexternos e internose preciso que para
qualquerac~ao virtual^u(x;y;z)
T V e = T V i , (1.46) T S e = T S i . (1.47)
Substituindoasexpress~oesdostrabalhosdasforcasdevolumeesuperficiedaequac~ao(1.45) em
(1.46) e (1.47) e agrupandoostermos dasintegrais de volumee de superf
icietem-se que
Z V @ xx @x + @ xy @y + @ xz @z +b x ^ u+ @ xy @x + @ yy @y + @ yz @z +b y ^ v + @ xz @x + @ yz @y + @ zz @w +b z ^ w dV =0 (1.48) e Z S [( xx n x + xy n y + xz n z t x )u^+( xy n x + yy n y + yz n z t y )^v +( xz n x + yz n y + zz n z t z )w]^ dS=0 (1.49)
Como u(x;^ y;z)=f^u(x;y;z) v(x;^ y;z) w(x;^ y;z)g T
e uma ac~ao de deslocamento virtual
arbi-trariacompatvelcom acinematicadoproblema,pode-seconcluirqueasequac~oes(??)e(1.49)ser~ao
satisfeitassomente quandoasequac~oesdiferenciais
8 > > > > > > < > > > > > > : @ xx @x + @ xy @y + @ xz @z +b x =0 @ xy @x + @ yy @y + @ yz @z +b y =0 @ xz @x + @ yz @y + @ zz @w +b z =0 (1.50)
e ascondic~oes decontorno
8 > < > : xx n x + xy n y + xz n z t x =0 xy n x + yy n y + yz n z t y =0 xz n x + yz n y + zz n z t z =0 , (1.51)
forem satisfeitas simultaneamente. O conjunto de equac~oes em (1.50) dene o sistema de equac~oes
diferenciais de equilbrioentre as forcas de volume externas e internasvalido em todo o domnio do
corpo solido. O conjundo de equac~oes em (1.51) dene as condic~oes de contorno na superfcie do
solido.
Ossistemasdeequac~oesem(1.50)e(1.51)denemoProblemadeValordeContorno(PVC)para
o equlbrio de solidos em tr^es dimens~oes. Nenhuma hipotese simplicadorafoi introduzida, alem da
continuidadedasac~oescinematicamente possveisedepequenasdeformac~oes. Assim,estaformulac~ao
e valida para qualquer meio contnuo independentemente do tipo de material com o qual o meio e
formado.
1.7 Lei de Hooke Generalizada
Ate omomento, foram estabelecidososconceitos de deformac~ao e tens~ao aplicaveis a qualquer
material em equilbrio que satisfaca as hipoteses de meio contnuo. Agora ser~ao denidas equac~oes,
caracterizandoo comportamento de umdeterminado tipode material e suas respostas dadoum
car-regamento aplicado. Tais equac~oes s~ao denominadas equac~oes constitutivas, pois descrevem o
com-portamento do material emdecorr^encia de suaconstituic~ao interna. Asequac~oes constitutivas
corre-spondem aformulac~ao matematica do modelode comportamento de ummaterial idealizado,visando
aproximarasobservac~oesexperimentaisdocomportamentodomaterialemumadeterminadafaixade
aplicac~ao.
Nessecontexto,dene-seosolidoelastico, linear,homog^eneo eisotropico, queobedeceomodelo
constitutivoconhecidocomoLeideHooke. Porelasticodeve-seentenderqueomaterialretornaasua
forma inicial, ou seja, n~ao existem deformac~oes permanentes apos cessar o carregamento. Linear
outrasdirec~oes. Umexemplo de materiaisque obedecem estaleipara umafaixa denidacomofaixa
elastica, s~aoosmateriais metalicos (aco,alumnio,cobre, etc.) atemperaturaambiente.
Observa-se, atraves de experimentos que,quandoesses materiaiss~ao solicitadosuniaxialmente,
ou seja, tens~oes normaisem umaunica direc~ao,existe uma faixaonde arelac~ao tens~ao versus
defor-mac~ao apresenta umcomportamento linearelastico denidocomo
xx =E" xx )" xx = xx E , (1.52)
sendo E denidocomo Modulo de Elasticidade Longitudinal ou Modulo de Young, representando o
comportamento elastico domaterial,quando submetidoa umcarregamento uniaxial.
Percebe-se tambem que tais materiais s~ao isotropicos, na maioria dos casos, apresentando o
mesmo comportamento emtodasas direc~oes. Logo,
yy = E" yy )" yy = yy E , (1.53) zz = E" zz )" zz = zz E . (1.54)
No caso de umcarregamento unixial,observam-se deformac~oesnasdirec~oesperpendicularesao
carregamento. Considerandoumalongamento "
xx
do corpo na direc~ao x,vericam-se encurtamentos
do corpo nasdirec~oes perpendiculares(neste caso y e z), os quais s~ao proporcionaisao alongamento
na direc~ao x. Porexemplo,para ocasode uma barratracionada na direc~ao longitudinal,ocorre uma
reduc~ao do di^ametro. O inverso ocorre no caso de compress~ao. Assim, no caso de um carregamento
na direc~ao x,tem-se que
" yy =" zz = v" xx )" yy =" zz = v E xx . (1.55)
Analogamente para asoutrasdirec~oes, considerando aisotropia domaterial
" xx = " zz = v" yy )" xx =" zz = v E yy , (1.56) " xx = " yy = v" zz )" xx =" yy = v E zz . (1.57)
A propriedade v e denominada Coeciente de Poisson. Um valor tpico para o aco e v = 0;33. O
sinalde nasequac~oes (1.55) (1.56) e (1.57)eempregado apenaspararepresentaro fen^omeno fsico
observado.
Paracarregamentostriaxiais(tens~oenormaisnasdirec~oesx,yez;simultaneamente)observa-se
queexisteumasobreposic~aodosefeitosdoscarregamentosemcadadirec~ao. Portanto,superpondoos
efeitos vemque
" xx = xx E v E yy v E zz = 1 E [ xx v( yy + zz )], (1.58) " yy = yy E v E xx v E zz = 1 E [ yy v( xx + zz )], (1.59) " zz = zz E v E yy v E xx = 1 E [ zz v( yy + xx )]. (1.60)
Considerandoagora o casode cisalhamento purodo material,verica-seque
xy = G xy = E 2(1+v) xy ) xy = 2(1+v) E xy , (1.61) xz = G xz = E 2(1+v) xz ) xz = 2(1+v) E xz , (1.62) yz = G yz = E 2(1+v) yz ) yz = 2(1+v) E yz . (1.63)
O termo G e denominadoModulo de Elasticidade Transversal. A Figura 1.1 iustra ostipos de
(c) (d)
(e)
Figura1.6: Carregmentosatuando sobre umcorpo tridimensional
Deve-se observar, atraves dasequac~oes(1.61) (1.62) e(1.63), queosefeitosdocisalhamento em
um determinado plano n~ao provocam distorc~oes nos outros planos. Desta forma,
xy ; xz e yz s~ao independentes(desacoplados).
Pode-se escrever asrelac~oesanterioresna forma matricial
8 > > > > > > > < > > > > > > > : " xx " yy " zz xy xz yz 9 > > > > > > > = > > > > > > > ; = 1 E 2 6 6 6 6 6 6 6 4 1 v v 0 0 0 v 1 v 0 0 0 v v 1 0 0 0 0 0 0 2(1+v) 0 0 0 0 0 0 2(1+v) 0 0 0 0 0 0 2(1+v) 3 7 7 7 7 7 7 7 5 8 > > > > > > > < > > > > > > > : xx yy zz xy xz yz 9 > > > > > > > = > > > > > > > ; ; (1.64) ou seja,
8 > > > > > > > < > > > > > > > : xx yy zz xy xz yz 9 > > > > > > > = > > > > > > > ; = E (1+v)(1 2v) 2 6 6 6 6 6 6 6 4 1 v v v 0 0 0 v 1 v v 0 0 0 v v 1 v 0 0 0 0 0 0 1 2v 2 0 0 0 0 0 0 1 2v 2 0 0 0 0 0 0 1 2v 2 3 7 7 7 7 7 7 7 5 8 > > > > > > > < > > > > > > > : " xx " yy " zz xy xz yz 9 > > > > > > > = > > > > > > > ; , (1.65) ou emforma compacta fg=[D]f" g.
Expandindoa express~ao para
xx ,tem-se que xx = E (1+v)(1 2v) " xx + Ev (1+v)(1 2v) (" yy +" zz ). (1.66)
Somando e subtraindo o termo
Ev
(1+v)(1 2v) "
xx
do lado direito da equac~ao (?? ) e rearranjando,
obtem-se xx = E (1+v) " xx + Ev (1+v)(1 2v) (" xx +" yy +" zz )=2" xx +e, (1.67)
sendo e oscoecientesde Lame dadospor
= E 2(1+v) , (1.68) = Ev (1+v)(1 2v) . (1.69)
Otermo erepresentaa dilatac~ao do corpo,ou seja,
e=" xx +" yy +" zz :
Efetuandoomesmoprocedimentoparaasdemaiscomponentesdetens~aonormal,tem-seaonal
asexpress~oesda Leide Hooke generalizadaparaummaterial elastico, linear,homog^eneoe isotropico
8 > > > > > > > < > > > > > > > : xx =2" xx +e yy =2" zz +e zz =2" zz +e xy = xy xz = xz yz = yz . (1.70)
1.8 Aplicac~ao da Equac~ao Constitutiva
As express~oes anteriores fornecem para um solido elastico, linear, homog^eneo e isotropico as
componentesdetens~aoemcadapontodocorpoemfunc~aodasrespectivascomponentesdedeformac~ao.
Substituindoestas relac~oes nas equac~oes de equil
ibrio (1.50) obt^em-se as condic~oes de equil
ibrio em
termos dascomponentesde deslocamento.
Paraa primeira equac~ao de (1.50) vem que
@ @x (2" xx +e)+ @ @y ( xy )+ @ @z ( xz )+b x = 0 @e @x +2 @" xx @x + @ @y ( @u @y + @v @x )+ @ @z ( @u @z + @w @x )+b x = 0. (1.71) Observa-seque @ @y ( @u @y + @v @x ) = @ 2 u @y 2 + @ @x ( @v @y )= @ 2 u @y 2 + @" yy @x , (1.72)
@ @z ( @u @z + @w @x ) = @ u @z 2 + @ @x ( @w @z )= @ u @y 2 + @" zz @x . (1.73)
Substituindoestas relac~oes em(1.71), tem-se que
@e @x +2 @" xx @x + @ @y ( @ 2 u @y 2 + @" yy @x )+ @ @z ( @ 2 u @y 2 + @" zz @x )+b x =0. (1.74) Lembrando-seque e=" xx +" yy +" zz e @" xx @x = @ 2 u @x 2 e reagrupandoostermos (+) @e @x +( @ 2 @x 2 + @ 2 @y 2 + @ 2 @z 2 )u+b x =0. (1.75)
Efetuando o mesmoprocedimento paraasduasoutrasequac~oesem (1.50),obt^em-seao nalas
Equac~oes deNavier emtermos dascomponentesde deslocamento e da dilatac~ao e,ou seja,
8 > > > > > > > < > > > > > > > : (+) @e @x +( @ 2 @x 2 + @ 2 @y 2 + @ 2 @z 2 )u+b x =0 (+) @e @y +( @ 2 @x 2 + @ 2 @y 2 + @ 2 @z 2 )v+b y =0 (+) @e @z +( @ 2 @x 2 + @ 2 @y 2 + @ 2 @z 2 )w+b z =0 . (1.76)
Observa-sequeenquantoasequac~oesdeequilbrio(1.50)s~aovalidasparaqualquermeiocontnuo
tridimensionalem pequenasdeformac~oes, as equac~oes de Navier fornecem o equilbrioem termos de
deslocamentosapenas paraummaterial queobedece aleide Hooke.
E importantesalientarqueasoluc~aoanalticadosistemadeequac~oesem(1.76) pode serobtida
apenasemalgunscasosmuitoparticulares. No casoden~aoexistirumasoluc~aofechadaparaumdado
problema,aplicam-setecnicasde soluc~ao numericacomo oMetodo dos Elementos Finitos(MEF).
1.9 Formulac~ao Empregando Tensores
Aformulac~aoempregadaate agorautilizounumerosescalaresevetorescomoentesmatematicos
basicos. Um outro conceito matematico de grande import^anciano estudo deproblemas de Mec^anica
e o tensor. O seu uso permite apresentar de forma compacta e elegante a formulac~ao de varios
problemas. Umaoutravantagemequeasequac~oesexpressasnaforma tensorials~aoindependentesdo
sistema de coordenadas empregado. Assim,e poss
ivel concentrar-se apenas nos conceitos envolvidos
nas equac~oes sem se preocupar com detalhes desnecessariossob o ponto de vista da apresentac~ao de
umaformulac~ao. Estesdetalhesser~aoimportantesapenasquandoseadotaumsistemadecoordenadas
espec
icopara oestudo de umproblema.
Na verdade,o conceitodetensorrepresenta umageneralizac~ao.de escalaresevetores, poisestes
podem ser denidos, respectivamente, como tensores de ordens zero e um. Os tensores de segunda
ordems~aousadosextensivamenteemMec^anica,podendo-secitarostensoresdedeformac~ao,detens~ao
ede inercia. Porsuavez,tensores dequartaordems~aoempregadosparaarepresentac~ao deequac~oes
constitutivasde materiais.
A seguir,formula-seoproblemadecorpossolidosintroduzindooconceitodetensor. Paratanto
ser~ao seguidos os mesmos passos utilizados anteriormente. Antes disso porem, torna-se importante
apresentar umadenic~aopara umcorpo.
1.9.1 Corpo
Oespacogeometrico emconsiderac~aonoestudo daMec^anica doCont
nenhuma destas regi~oes possa ser associada ao corpo, torna-se conveniente selecionar uma delas,
denominadacongurac~ao de refer^encia B, identicando pontos do corpo com assuas posic~oesem B.
Destamaneira, um corpo B passa a ser umaregi~ao regularde E,sendo ospontos de B denominados
pontos materiais. Qualquersubregi~aoregularlimitadadeBechamadaparte,aqualeindicadaporP.
Os contornosdo corpoB e da parte P s~ao indicados, respectivamente, por@B e @P. Estesconceitos
est~ao ilustradosnaFigura 1.7.
Como umcorpo pode ocupardiferentesregi~oes ao longode ummovimento, torna-se necessario
aintroduc~aodeumpar^ametrot2[t
0 ;t
f
] ,designandoumacertacongurac~aoB
t
docorpo. Observa-se
queem variosproblemastn~aorepresenta necessariamente o tempo.
Figura 1.7: Denic~ao de Corpo
1.9.2 Vetores
Intuitivamente,observa-sequeasomadedoispontosn~aopossuinenhumsignicado. Entretanto,
a diferencaentre doispontosx ey e denidacomo sendo umvetor, ouseja,
v=y x x;y2E: (1.77)
Pode-seent~aocolocaraseguinteimportanteobservac~ao. Umvetoredenidoformalmentecomo
a diferenca de pontos de E. Apenas quando se adota um sistema de coordenadas, pode-se falar das
componentesde umvetor,assim comoda suadirec~ao esentido.
O conjunto de vetores obtidos pela diferenca de pontos de E forma na verdade um espaco de
vetoresou espaco vetorialV. Observa-seainda quea somaentre umponto xe umvetorv deneum
novo ponto y ,istoe,
y=x+v x2E; v2 V . (1.78)
Um sistema de coordendasconsiste de uma baseortonormal fe
1 ;e
2 ;e
3
g e um ponto arbitrario
o de E denominado origem. A partir da, as coordenadas de qualquer ponto x passam a ser dadas
pelovetor posic~ao r=x o emrelac~ao a origemo. Estes conceitos est~ao ilustradosna Figura 1.8
A seguirapresenta-se aformulac~ao desolidointroduzindooconceito detensor. Apesarde uma
dasvantagensdeseempregartensoreseobterexpress~oesgeraisparaqualquersistemadecoordenadas,
utilizam-se a seguir coordenadas cartesianas (x;y;z) para manter compatibilidade com a notac~ao
Figura1.8: Denic~ao deVetores eSistemas de Refer^encia
1.9.3 Cinematica
Como vistona Sec~ao1.2, a cinematica de umcorpo solidoe descritaporum campo vetorialu,
oqualparacadapontodo corpo,comcoordenadas (x;y;z),fornece ascomponentes dedeslocamento
u,vew nasdirec~oese
x ,e
y ee
z
,respectivamente. Logo,acinematicade umsolidotridimensionalem
termos de deslocamento pode serdenotada como
u(x;y;z)= 8 > < > : u(x;y;z) v(x;y;z) w(x;y;z) 9 > = > ; . (1.79) 1.9.4 Deformac~ao
Sejaf(x) umafunc~aoda variavelx: Assim,paracada valor de x,f(x)fornece umnumeroreal
ou escalar. Por exemplo, f(x) pode representar o deslocamento axial num problema de barra, ou
ainda o deslocamento transversal numproblemade ex~ao de vigas. Pode-se expandira func~ao f na
vizinhancade x utilizandoa seriede Taylor, ou seja,
f(y) = f(x)+ df(x) dx d+ 1 2 d 2 f(x) dx 2 d 2 +:::+ 1 n! d (n) f(x) dx (n) d n + 1 (n+1)! d n+1 (1.80) = f(x)+ df(x) dx d+O(d 2 ), (1.81) sendo d =(y x)e O(d 2 ) um termo de ordemd 2
: Issosignica que quando y se aproxima de x, ou
seja, d=(y x)vaipara zero, d 2
tendea zero maisrapidamente. Logo,
lim y!x d 2 y x = lim y!x (y x) 2 y x = lim y!x (y x)=0. (1.82)
Suponha agora que f e uma func~ao que fornece valores escalares, mas depende das variaveis
x;y e z. Pode-se dizer que f depende do vetor posic~ao x=(x;y;z) de um ponto do corpo solido,
denotando-se como f = f(x;y;z) = f(x). Utilizando-se a serie de Taylor, pode-se expandir f em
torno de xda seguintemaneira
f(y )=f(x)+rf T
(x)d+ O(k dk 2
), (1.83)
sendod=(y x)ovetor diferencaentreasposic~oesy=(x 0 ;y 0 ;z 0 )ex=(x;y;z). Anormaeuclidiana de d e indicada por kdk e kdk 2 =(x 0 x) 2 +(y 0 y) 2 +(z 0 z) 2 . Assim, O(kdk 2 ) e umtermo de ordemkdk 2 .
Comof eagoraumafunc~aode3variavies,aprimeiraderivada
dx
em(1.81)esubstitudapelo
vetor gradiente de f,ou seja
f rf(x)g= 8 > > > > > > < > > > > > > : @f(x) @x @f(x) @y @f(x) @z 9 > > > > > > = > > > > > > ; . (1.84)
Por suavez, o termo O(k dk 2
) signicaque o mesmo vaipara zero mais rapidamente do que a
normak dkquando y tendea x; istoe,
lim y !x kdk 2 ky xk = lim y !x ky xk 2 k y xk = lim y !x ky xk=0. (1.85)
Sejaf agoraumafunc~aovetorialdependentedasvariaveisx;yez,ouseja,f =f(x;y;z)=f(x):
Destamaneira, f temcomponentes nasdirec~oesx,y e z:Logo
ff(x) g= 8 > < > : f x (x) f y (x) f z (x) 9 > = > ; . (1.86)
Expandindof em tornodo ponto x, tem-se que
f(y )=f(x)+rf(x)d+ O(kdk 2
). (1.87)
Nessecaso, o gradientede f(x)edadopor
rf(x)= @f(x) @x @f(x) @y @f(x) @z . (1.88)
Porsuavez como f eumafunc~ao vetorial,cadaumdoscompnentes dolado direitodaequac~ao
(?? )e umvetor analogo ao daequac~ao(1.84). Expandindocadaumdoscomponentes vemque
[rf(x)]= 2 6 6 6 6 6 6 4 @f x (x) @x @f x (x) @y @f x (x) @z @f y (x) @x @f y (x) @y @f y (x) @z @f z (x) @x @f z (x) @y @f z (x) @z 3 7 7 7 7 7 7 5 , (1.89)
Assim,ogradientedeumafunc~aovetorialf dependentedovetorposic~aox=(x;y;z)eumamatrizde
ordem3. Na verdade aequac~ao (1.89)e arepresentac~ao matricialdotensorrf(x)segundo osistema
cartesiano. Observe queao semultiplicara representac~ao matricialdo tensor rf dadaem(1.89) por
umvetor v comcomponentescartesianas (v
x ;v
y ;v
z
), tem-se como resultadoum outrovetor, ouseja,
2 6 6 6 6 6 6 4 @f x @x @f x @y @f x @z @f y @x @f y @y @f y @z @f z @x @f z @y @f z @z 3 7 7 7 7 7 7 5 8 > < > : v x v y v z 9 > = > ; = 8 > > > > > > < > > > > > > : @f x @x v x + @f x @y v y + @f x @z v z @f y @x v x + @f y @y v y + @f y @z v z @f z @x v x + @f z @y v y + @f z @z v z 9 > > > > > > = > > > > > > ; .
Torna-seimportanteaquiestabeleceroconceitodetensor. Deformaanalogaao casodevetores,
tem-se uma denic~aoformal do conceito de tensor. Apenasquando se utilizaum sistemade
coorde-nadas,pode-sefalardascomponentesdeumtensor. Assim,formalmente,dene-seumtensorTcomo
umatransformac~aolinear do espaco vetorialV em V denotando-secomo
Tu=v . (1.90)
Isto implica que ao se aplicar o tensor T num vetor qualquer u, tem-se como resultado o vetor v .
Comoa tranformac~aoe linear,asseguintespropriedades s~ao validas
sendo umnumeroescalar.
Asequac~oes(1.90)e(1.92) denemumtensor. Utilizandoumsistemade coordenadascomuma
base fe 1 ;e 2 ;e 3
g, denem-seascomponentes de T como
T ij =e i Te j .
Desta maneira, em termos de componentes as equac~oes (1.90) e (1.92) s~ao dadas,
respectiva-mente,por 2 6 4 T 11 T 12 T 13 T 21 T 22 T 23 T 31 T 32 T 33 3 7 5 8 > < > : u 1 u 2 u 3 9 > = > ; = 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; , 2 6 4 T 11 T 12 T 13 T 21 T 22 T 23 T 31 T 32 T 33 3 7 5 0 B @ 8 > < > : u 1 u 2 u 3 9 > = > ; + 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; 1 C A = 2 6 4 T 11 T 12 T 13 T 21 T 22 T 23 T 31 T 32 T 33 3 7 5 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; + 2 6 4 T 11 T 12 T 13 T 21 T 22 T 23 T 31 T 32 T 33 3 7 5 8 > < > : u 1 u 2 u 3 9 > = > ; , 2 6 4 T 11 T 12 T 13 T 21 T 22 T 23 T 31 T 32 T 33 3 7 5 0 B @ 8 > < > : u 1 u 2 u 3 9 > = > ; 1 C A = 0 B @ 2 6 4 T 11 T 12 T 13 T 21 T 22 T 23 T 31 T 32 T 33 3 7 5 8 > < > : u 1 u 2 u 3 9 > = > ; 1 C A .
A cinematica de um corpo solido tambem edescrita por umafunc~ao vetorial u dependente do
vetor posic~ao x=(x;y;z) como indicado em (1.79). Expandindou(x) na vizinhanca de x de forma
analoga a equac~ao (1.87) vem que
u(y )=u(x)+ru(x)d+O(k dk 2
), (1.93)
sendo ru(x)ogradientedocampode deslocamentos calculadoem x,cujarepresentac~ao no sistema
cartesianoe dadapor
[ru(x)]= 2 6 6 6 6 6 6 4 @u(x) @x @u(x) @y @u(x) @z @v(x) @x @v(x) @y @v(x) @z @w(x) @x @w(x) @y @w(x) @z 3 7 7 7 7 7 7 5 . (1.94)
Como d=y x; tem-se que y=x+d. Logo, aexpress~ao (1.93) pode serreescrita como
u(x+d)=u(x)+ru(x)d+ O(kdk 2
). (1.95)
Observeque otensor gradientedo campode deformac~ao pode serescrito como
ru(x) = 1 2 ru(x)+ 1 2 ru(x) = 1 2 ru(x)+ 1 2 ru T (x)+ 1 2 ru(x) 1 2 ru T (x) (1.96) = 1 2 [ru(x)+ru T (x)]+ 1 2 [ru(x) ru T (x)]. (1.97)
Neste caso, ru (x) e o tensor transposto de ru(x). Para se obter a representac~ao matricial de
ru T
(x) no sistemacartesiano, basta trocar aslinhaspelas colunasem(1.94), ou seja,
[ru T (x)]= 2 6 6 6 6 6 6 4 @u(x) @x @v(x) @x @w(x) @x @u(x) @y @v(x) @y @w(x) @y @u(x) @z @v(x) @z @w(x) @z 3 7 7 7 7 7 7 5 . (1.98)
Denem-se ostensores de deformac~ao E erotac~ao innitesimais,respectivamente, como
E(x)= 1 2 [ru(x)+ru T (x)], (1.99) (x)= 1 2 [ru(x) ru T (x)]. (1.100)
A representac~ao matricialdotensorde pequenasdeformac~oes Eno sistemacartesianoeobtida
substituindo(1.94) e (1.98) em (1.99). Efetuando asoperac~oesindicadasvem que
[E(x)]= 2 6 6 6 6 6 6 4 @u(x) @x 1 2 @v(x) @x + @u(x) @y 1 2 @w(x) @x + @u(x) @z 1 2 @u(x) @y + @v(x) @x @v(x) @y 1 2 @w(x) @y + @v(x) @z 1 2 @u(x) @z + @w(x) @x 1 2 @v(x) @z + @w(x) @y @w(x) @x 3 7 7 7 7 7 7 5 . (1.101)
Observa-se que as componentes cartesianas de E(x) apresentam uma relac~ao direta com as
componentes de deformac~ao deduzidas anteriormente na Sec~ao ?? . Logo, pode-se reescrever (1.101)
como [E(x)]= 2 6 4 " xx (x) 1 2 xy (x) 1 2 xz (x) 1 2 xy (x) " yy (x) 1 2 yz (x) 1 2 xz (x) 1 2 yz (x) " zz (x) 3 7 5 . (1.102)
E comum escrevero tensorde deformac~ao innitesimalda seguintemaneira
[E(x)]= 2 6 4 " xx (x) xy (x) xz (x) yx (x) " yy (x) yz (x) zx (x) zy (x) " zz (x) 3 7 5 . (1.103)
Ascomponentesdadiagonal principal"
xx (x);"
yy (x) e"
zz
(x) representam asdeformac~oesespeccas
nasdirec~oesx;y ezcalculadasno ponto x. Ascomponentesforadadiagonalprincipals~ao as
compo-nentes dedeformac~ao cisalhanteou distorc~ao. O tensorEesimetrico pois
xy (x)= yx (x) , xz (x)= zx (x) , yz (x)= zy (x) . (1.104)
Emgeral, asimetriade umtensor Te denidacomo
T=T T
. (1.105)
Emtermos de componentes, istoimplicaque
T 12 =T 21 , T 13 =T 31 , T 23 =T 32 , (1.106) ou deforma geral T ij =T ji , i;j=1;2;3 . (1.107)
Lembre-sequeaprimeira letraem
xy
indicaoplano x,enquantoosubscritoy indicaadirec~ao
dadeformac~ao. Analogamente, para
xz e
yz
(veja Figura1.4). Observequeasdistorc~oestotais
xy , xz e yz
nosplanos xy, xz e yz dadas em (1.23) s~ao duas vezes asrespectivas distorc~oes
xy , xz e yz ,ou seja, xy (x)=2 xy (x) , xz (x)=2 xz (x) , yz (x)=2 yz (x) . (1.108)
(1.94) e (1.98) em (1.100). Logo [(x)]= 2 6 6 6 6 6 6 4 0 1 2 @u(x) @y @v(x) @x 1 2 @u(x) @z @w(x) @x 1 2 @u(x) @y @v(x) @x 0 1 2 @v(x) @z @w(x) @y 1 2 @u(x) @z @w(x) @x 1 2 @v(x) @z @w(x) @y 0 3 7 7 7 7 7 7 5 . (1.109)
Pode-se escrever o tensor(x)da seguintemaneira
[(x)]= 8 > < > : 0 z (x) y (x) z (x) 0 x (x) y (x) x (x) 0 9 > = > ; , (1.110) pois x (x) ; y (x) e z
(x) indicam as rotac~oes innitesimais de cada ponto x em torno dos eixos
cartesianos x;y e z respectivamente.
Paravericarqueistoe verdadeiro,considereo elemento diferencialdeummeiosolidosofrendo
umadistorc~ao
1
noplanoxy,conformemostradonaFigura1.9a. Observequeadiagonaldoelemento
apresentaumarotac~ao
1
emtornodoeixoznosentidoanti-horario. Dos^angulosindicadosnaFigura
1.9a, asseguintes relac~oes s~ao validas
2 =2+ 1 ) =a+ 1 2 1 , (1.111) + 1 =a+ 1 . (1.112)
Substituindo() (1.112)vem que
a+ 1 2 1 + 1 =a+ 1 ) 1 = 1 2 1 . (1.113)
Considerando agora que o elemento sofra uma distorc~ao
2
, mostrada na Figura 1.9b, tem-se
que a diagonal doelemento apresenta uma rotac~ao
2
emtorno de z no sentido horario e,portanto,
de valornegativo. DaFigura 1.9b
2 =2+ 2 ) =a+ 1 2 2 , (1.114) 2 =a+ 2 , (1.115) e substituindo(1.114)em(1.115) 2 = 1 2 2 . (1.116)
Paraocasogeral,ondeoelementosofreumadistorc~aototal
1 +
2
(verFigura1.9c),adiagonal
apresenta uma rotac~ao rgidalocal
z (x) dadapor z (x)= 1 + 2 . (1.117)
Substituindo(1.113) e (1.116)em(?? ) e lembrando que
2 = @v @x e 2 = @u @y vemque z (x)= 1 2 @v(x) @x @u(x) @y . (1.118)
Analogamente,para osdemaisplanos(verFiguras1.9d e1.9e), tem-seque
x (x)= 1 2 @v(x) @z @w(x) @y , (1.119) y (x)= 1 2 @u(x) @z @w(x) @x . (1.120)
(c) (d)
(e)
Figura 1.9: Rotac~oes de CorpoRgido
Observe ainda de (1.110) que o tensor (x) e anti-simetrico. De forma geral, um tensor T e
anti-simetricose
T= T
T
. (1.121)
Emtermos de componentes, istoimplicaque
T 12 = T 21 , T 13 = T 31 , T 23 = T 32 , (1.122) T 11 =T 22 =T 33 =0, (1.123)
ou deforma geral, parai;j=1;2;3
T ij = T ji , i6=j ; (1.124) T ij =0 i=j . (1.125)
Substituindo(1.99) e (1.100) em (1.97) tem-se que
anti-simetrico(x): Estadecomposic~aoe validaparaqualquer tensorA. Logo, A=A S +A A , (1.127)
sendo aspartessimetricaA S
e anti-simetrica A A
de Adadas,respectivamente, por
A S = 1 2 (A+A T ), (1.128) A A = 1 2 (A A T ). (1.129)
Diz-se assim que E e representam, respectivamente, as partes simetrica e anti-simetrica do
gradiente de u, denotando-asda seguinteforma
E(x) = r S u(x), (1.130) (x) = r A u(x). (1.131)
Substituindoagora (1.126)em(1.95) vemque
u(x+d)=u(x)+E(x)d+(x)d+ O(kdk 2
). (1.132)
Esta relac~ao e bastante importante, pois mostra que o campo de deslocamnentos de um meio
contnuotridimensional contem umaparcelarelativa adeformac~aoinnitesimal,dadapelotensorE,
e outra compreendendouma rotac~ao inntesimal,dadapelotensor. Logo, apenas ascomponentes
de deformac~ao em E n~ao s~ao sucientes para levar umcorpo da suacongurac~ao original ate a sua
congurac~ao deformada. Uma rotac~ao rgida innitesimal ocorre na vizinhanca de cada ponto do
corpo.
Parailustrareste fatoconsidereaviga embalanco tratadacomo umcorpo,conformeilustrado
na Figura 1.10a. Suponha que a viga seja constru
ida de chapas unidasatraves de pinos. A Figura
1.10b ilustra a geometria deformada da viga conforme esperado. Removendo os pinos da parte
superiore etindocadachapaseparadamente,observa-seque,searotac~aor
igidan~aoestiverpresente,
ageometriadeformadaobtidan~aoecorreta(verFigura1.10c),amenosqueexistaumarotac~aor
igida
dos pontos. Logo, este exemplo simples mostra que a parcela da rotac~ao innitesimal (1.132) esta
sempre presente quandoum corpo sofre umadeformac~ao.
(a) (b) (c)
Figura 1.10: Interpretac~ao da rotac~ao rgidade umaviga.
Considerando agora que os pontos y=x+d e x, ilustrados na Figura 1.11, estejam bem
proximos, tem-se que a norma do vetor d e bem pequena. Assim, na equac~ao (1.132),
despreza-seo termo O(kdk 2
) e obtem-se aseguinte express~ao para o campo de deslocamentos innitesimalna
vizinhancade y=x+d
u(x+d)=u(x)+E(x)d+(x)d, (1.133)
mente relacionadas ao casode pequenasdeformac~oes. Rescreve-se (1.134) como
u(x+d) u(x)=ru(x)d. (1.135)
A partir daFigura 1.11, observa-se que
d 0
=d+u(x+d) u(x).
Substituindo(1.134) na express~ao anteriorvemque
d 0
=d+ru(x)d=[I+ru(x)]d, (1.136)
sendo Io tensoridentidadecujarepresentac~ao matriciale dadapor
I= 2 6 4 1 0 0 0 1 0 0 0 1 3 7 5 . (1.137) Denominando agora F(x) =I+ru(x), (1.138)
como otensor gradiente de deformac~ao,tem-se que (1.136)assume aseguinteforma
d 0
=F(x)d . (1.139)
Figura 1.11: Deformac~ao de umCorpoSolido
A equac~ao (1.139)permitedeterminara dsist^anciad 0 entreP 0 1 e P 0 2
aposadeformac~ao, atraves
dotensorFedadist^anciainiciald. Paraseobteradeformac~aodo pontoP
1
,bastatomaradiferenca
entreoscomprimentosdosvetoresd 0
e d. Lembre-se queocomprimento kv k 2
deumvetor qualqerv
e obtidopelo produtoescalar comele mesmo,ou seja, k v k 2 =vv . Logousando (1.139) d=d 0 d 0 dd=F(x)dF(x)d dd. (1.140)
DadoumtensorA,tem-sequeotranspostoA T
deAeounicotensorcomaseguintepropriedade
uAv=A T
uv , (1.141)
paraquaisquervetores u ev .
Com basenesseconceito, a express~ao(1.140)
d = F T (x)F(x)dd dd = [F T (x)F(x) I]dd. (1.142) Denominando E (x)= 1 2 [F T (x)F(x) I], (1.143)
d=2E
(x)dd. (1.144)
Substituindo(1.138)em (1.143), vemque
E (x)= 1 2 f[I+ru(x)] T [I+ru(x) ] Ig. (1.145)
Dados dois tensores A eB; tem-se que
(A+B) T =A T +B T . (1.146) ComoI T =I,portanto E (x) = 1 2 f[I+ru T (x)] [I+ru(x) ] Ig = 1 2 [I+ru(x)+ru T (x)+ ru T (x) ru(x) I] = 1 2 [ru(x)+ ru T (x) ]+ 1 2 ru T (x) ru(x) = E(x)+ 1 2 ru T (x) ru(x) . (1.147)
Com base na equac~ao (1.147), pode-se observar que o tensor de Cauchy-Green fornece uma
medida de deformac~ao geral, aplicavel tanto para pequenas quanto para grandes deformac~oes. No
entanto,parapequenasdeformac~oesasnormasdeuerus~aopequenas,ouseja,kuk<"ek ruk<";
com " da ordem de 10 4
por exemplo. Neste caso, o termo n~ao-linear 1 2 ru T (x) ru(x) torna-se desprez ivele otensorE
sereduz ao propriotensorde deformac~ao innitesimalE.
1.9.5 Movimentos de Corpo Rgido
Comosesabe,umcorpotridimensionaltem6movimentosr
igidos,correspondentesas3translac~oes
nasdirec~oesx;y ez e3rotacoesemtornodoseixosx;ye z;conforme Figura1.12. Deseja-severicar
comoasac~oesr
igidaspodemserrepresentadasutilizandoosconceitosapresentadosnasec~aoanterior.
Figura1.12: Movimentos de Corpo Rgido
Uma deformac~ao e homg^enea se o gradiente do campo de deslocamento ru e constante para
todosospontosxdocorpo,indicando-seru=ru
0
. Nessecaso,aexpress~ao(1.95) simplica-separa
u(x+d)=u(x)+ru
0
Comotodosos pontosdo corposofrem ummesmodeslocamento,ver Figura1.11, logo
u(x+d)=u(x) . (1.149)
Substituindoesta relac~ao em(1.148), tem-se que
ru
0
d=0, (1.150)
Comod e adist^ancia entredois pontos arbitrariosdo corpo,ent~ao a express~aoanteriore nulase
ru
0
=0: (1.151)
Dessa forma, como o gradiente do campo de deslocamentos e nulo, tem-se que o campo de
deslocamentosu
0
paraumatranslac~aoe constantepara todosospontos do corpo,ou seja,
u(x)=u(x+d)=u 0 = 8 > < > : u 0 v 0 w 0 9 > = > ; , (1.152) sendou 0 ;v 0 ew 0
ascomponentesdetranslac~aonasdirec~oesx;yez:Comou
0 ;v 0 ew 0 s~aoconstantes,
asrespectivascomponentesdotensordedeformac~ao Es~aonulas,oquecaracterizaummovimento de
corporgido.
Considere agora uma rotac~ao r
igidado corpo emtorno do ponto P
1
. Alemdisso, suponhaque
o sistema de refer^encia cartesiano esteja centrado em P
1
, conforme ilustrado na Figura 1.13. Nesse
caso, o deslocamento u(x)do ponto P
1
na equac~ao (1.148) e nulo. Logo,
u(x+d)=(ru)d. (1.153)
Figura 1.13: Rotac~ao RgidaLocal
Comoo movimentoe rgido,a partesimetricaderu,ouseja, otensordedeformac~ao
innites-imalE e nulo. Portanto,
u(x+d)=d. (1.154)
Associado a todotensor anti-simetrico , existeumvetor axial!, talque
v=!v, (1.155)
para todo vetor v=fv
1 v 2 v 3 g T
:Nesse caso, ascomponentes do vetor !;s~ao
x ; y e z ;ou seja,
asrotac~oesrgidasemtornodoseixosx,ye z:Paravericaristo,bastaexpandirosdois lados,istoe,
v= 2 6 4 0 z y z 0 x y x 0 3 7 5 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; = 8 > < > : v 3 y v 2 z v 1 z v 3 x v 2 x v 1 y 9 > = > ; , (1.156)
!v= 2 6 4 e x e y e z ! 1 ! 2 ! 3 v 1 v 2 v 3 3 7 5 > < > : v 1 v 2 v 3 > = > ; = > < > : v 3 ! 2 v 2 ! 3 v 1 ! 3 v 3 ! 1 v 2 ! 1 v 1 ! 2 > = > ; . (1.157) Portanto, 8 > < > : ! 1 = x ! 2 = y ! 3 = z . (1.158)
Com basenessesresultados, pode-se escrever
u(x+d)=!d. (1.159)
Logo,ummovimento geraldecorporgidoseradadopelasuperposic~aodosmovimentosdetranslac~ao
e rotac~ao,expressos por(1.152)e (1.159). Assimumaac~ao rgidageralpode serescrita como
u(x)=u
0
+!d, (1.160)
como obtidoanteriormente na Sec~ao1.4.
1.9.6 Trabalho Interno
No caso geral de pequenas deformac~oes num solido, o estado de deformac~ao em cada ponto e
dadopelas 9componentes indicadasem (1.103). Associadasasdeformac~oesnormais"
xx (x), " yy (x) e " zz
(x), tem-se asrespectivas componentes de tenss~ao normal
xx (x), yy (x) e zz (x)representando,
respectivamente, o estado das forcas internas no ponto x nas direc~oes x;y e z. Da mesma maneira,
associadas as distorc~oes
xy (x), yx (x), xz (x), zx (x), yz (x) e zy (x), tem-se as 6 componentes de tens~ao de cisalhamento xy (x), yx (x), xz (x), zx (x), yz (x) e zy
(x), fornecendo o estado das
forcasinternascisalhantes no ponto x segundo os planosxy,xz e yz. Assim, o estado de tens~ao em
cadaponto de umcorpo solidosegundo umsistemacartesianoe dadopelas 9componentes detens~ao
ilustradasemFigura 1.14.
Figura 1.14: Estado deTens~oesem umponto de umcorpo solido.
A partirda,aexpress~aogeraldotrabalhointernoparaumcorpotridimensionaleescrita como
T i = Z V [ xx (x)" xx (x)+ yy (x)" yy (x)+ zz (x)" zz (x) + xy (x) xy (x)+ yx (x) yx (x)+ xz (x) xz (x) (1.161)
xx xx N m 2 ,tem-se que [ xx (x)" xx (x)]= N m 2 m m = Nm m 3 . (1.163)
Logo, aunidadedo termo
xx (x)"
xx
(x) e dadacomo trabalhoporunidadedevolume.
Denotando port
i
a densidadede trabalhointerno,ou seja,
t i = xx (x)" xx (x)+ yy (x)" yy (x)+ zz (x)" zz (x) + xy (x) xy (x)+ yx (x) yx (x)+ xz (x) xz (x) + zx (x) zx (x)+ yz (x) yz (x)+ zy (x) zy (x), (1.164)
tem-se quea express~ao(1.162) pode ser reescritacomo
T i = Z V t i dV. (1.165)
Denotam-se ascomponentesdetens~aonopontoxatravesdotensordetens~oesdeCauchyT(x),
cujarepresentac~ao matricialnosistema cartesianoe a seguinte
[T(x)]= 2 6 4 xx (x) xy (x) xz (x) yx (x) yy (x) yz (x) zx (x) zy (x) zz (x) 3 7 5 . (1.166)
O tensor de tens~oes de Cauchy T representa o estado interno de tens~oes para cada ponto x de
coordenasdas x;y ez de umsolidotridimensional.
Sabe-se que produto escalar de dois vetoresa(a
1 ;a 2 ;a 3 ) eb( b 1 ;b 2 ;b 3 ) e calculadocomo ab=a 1 b 1 +a 2 b 2 +a 3 b 3 . (1.167)
Esteprodutoescalardevetoreseumcasoparticulardo conceitomaisgeralde produto interno,oqual
pode ser aplicado a outrasentidadesmatematicas, taiscomo func~oes e tensores. Observa-se tambem
queo produtointernode vetorese comutativo,ou seja,
ab=ba. (1.168)
Tomando-se os tensores de pequenas deformacoes E e de tens~oesT, o produto interno ETe
denidocomo
ET=tr(E T
T), (1.169)
sendotr otracodeumtensor,oqualedadopelasomadostermosdadiagonalprincipal. Substituindo
ascomponentes cartesianasde E e Te efetuando o produto
ET = tr 0 B @ 2 6 4 " xx xy xz yx " yy yz zx zy " zz 3 7 5 T 2 6 4 xx xy xz yx yy yz zx zy zz 3 7 5 1 C A = xx " xx + yy " yy + zz " zz + xy xy + yx yx + xz xz + zx zx + yz yz + zy zy . (1.170)
Comparando este resultadocom (1.164), observa-se que a densidade de trabalho interno t
i e o
proprioprodutointerno ET;ou seja,
t
i
=T(x)E(x) . (1.171)
Assim,pode-se escrever aexpress~ao naldo trabalhointerno da seguinte forma
T i = Z V T(x)E(x) dV. (1.172)
Uma constatac~ao importante da Mec^anica dos Meios Cont
inuos e que o tensor de tens~oes de
Cauchye simetrico. A simetriade TeumdosresultadosmaisimportantesdoconhecidoTeorema de
Cauchy. Para vericareste fato, considera-seo trabalhointerno associado aummovimento decorpo
r
igido. Para ummovimento de corpo r
queotrabalhointernodedeformac~aoassociadoaumarotac~aodecorporigidodevesernulo,portanto T i = Z V T(x)E(x)dV + Z V T(x)(x) dV T i = Z V T(x)(x)dV =0.
Expandindooprodutointerno indicadotem-se que
T i = Z V f[ yx (x) xy (x) ] z +[ xz (x) zx (x) ] y +[ yz (x) zy (x) ] x gdV =0.
Paraquea express~aoanterior sejaverdadeiratem-se que ointegrandodeve ser nulo, assim
[ yx (x) xy (x) ] z +[ xz (x) zx (x) ] y +[ yz (x) zy (x) ] x =0: Comoascomponentes x ; y e z
s~ao arbitrarias, aexpess~ao anterior soe satisfeita quando
8 > < > : xy (x)= yx (x) xz (x)= zx (x) yz (x)= zy (x) .
Este resultado implica que o tensor de tens~oes de Cauchy T e simetrico, ou seja, T = T T
. Dessa
forma,s~aonecessariasapenas6componentesparaseestabelecerporcompletoo estado detens~oes de
umponto qualquerde umcorpo solido.
UmoutroimportanteresultadoequeoprodutointernodeumtensorsimetricoAporumtensor
antisimetrico Besempre nulo, ouseja,
AB=0.
Resta agora integrar por partesa express~ao do trabalho interno. Paraisso, denem-seos
con-ceitos dediverg^encia de umvetor ede umtensor.
Dado umvetor v ,dene-se oseu divergente como
divv=tr(rv ). (1.173)
Expandindoaexpress~ao anterior emtermos dascompnentescartesianas de v ( v
1 ;v 2 ;v 3 ),tem-se que divv=tr 0 B B B B B B @ 2 6 6 6 6 6 6 4 @v 1 @x @v 1 @y @v 1 @z @v 2 @x @v 2 @y @v 2 @z @v 3 @x @v 3 @y @v 3 @z 3 7 7 7 7 7 7 5 1 C C C C C C A = @v 1 @x + @v 2 @y + @v 3 @z , (1.174) ou ainda, divv= 8 > > > > > < > > > > > : @ @x @ @y @ @z 9 > > > > > = > > > > > ; 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; =rv .
Porsuavez,a diverg^encia de umtensor Aedenidacomo
(div A)v=div (A T
v ) . (1.175)
Desenvolvendoo ladodireitoda express~aoanterior
(div A)v = div 0 B @ 2 6 4 A 11 A 12 A 13 A 21 A 22 A 23 A 31 A 32 A 33 3 7 5 T 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; 1 C A 8 > < A 11 v 1 +A 21 v 2 +A 31 v 3 9 > =
(div A)v= 8 > > > > > < > > > > > : @ @x @ @y @ @z 9 > > > > > = > > > > > ; 8 > < > : A 11 v 1 +A 21 v 2 +A 31 v 3 A 12 v 1 +A 22 v 2 +A 23 v 3 A 13 v 1 +A 23 v 2 +A 33 v 3 9 > = > ; . (1.177)
Realizando o produtoescalar ecolocandov
1 ;v 2 e v 3 emevid^encia (div A)v= 8 > > > > > > < > > > > > > : ( @A 11 @x + @A 12 @y + @A 13 @z ) ( @A 21 @x + @A 22 @y + @A 23 @z ) ( @A 31 @x + @A 32 @y + @A 33 @z ) 9 > > > > > > = > > > > > > ; 8 > < > : v 1 v 2 v 3 9 > = > ; . Portanto, divA= 8 > > > > > > < > > > > > > : ( @A 11 @x + @A 12 @y + @A 13 @z ) ( @A 21 @x + @A 22 @y + @A 23 @z ) ( @A 31 @x + @A 32 @y + @A 33 @z ) 9 > > > > > > = > > > > > > ; : (1.178)
Observe que a diverg^encia de um vetore umnumeroescalar, enquanto a diverg^encia de umtensore
umvetor.
Sendo Aum tensore uum vetor,a seguinterelac~aoe valida
Aru=div(A T
u) (divA)u. (1.179)
Usando esta relac~ao em(1.172) elembrando que E=r S u e T=T T T i = Z V h div (T T
(x)u(x)) (divT(x))u(x) i dV = Z V (divT(x))u(x)dV Z V div (Tu (x))dV. (1.180)
Oteoremadadiverg^encia permitetransformarumaintegralaolongodovolumeV numaintegral
ao longo dasuperfcieS do corpo. Sendovum campo vetorial, esteteorema implicaque
Z V divv (x)dV = Z S v (x)n(x)dS, (1.181)
sendo no campovetorialdas normaisasuperfcieS:
Aplicandoeste teorema na segundaintegralda equac~ao (1.180) vemque
Z V div(T(x)u(x))dV = Z S (T(x)u(x))n(x)dS. (1.182)
Usando adenic~ao detensor transposto(1.141) e asimetriade T
Z S u(x)T T (x)n(x)dS= Z S u(x)T T (x)n(x)dS = Z S T(x)n (x)u(x)dS. (1.183)
Substituindoeste resultadoem (1.180), obtem-se
T i = Z V (divT(x))u(x)dV Z S T(x)n (x)u(x)dS, (1.184)
Conforme visto na Sec~ao ??, a express~ao do trabalho externo compat
ivel com (1.184) e dada
por T e = Z V b T (x)^u (x)dV + Z S t T (x)^u (x)dS, (1.185)
sendo b e t; respectivamente, a densidade de forca externa porvolume ea cargaexterna distribu
ida
na superf
iciedosolidoeu^ uma dadaac~ao cinematica virtual. Aplicandoo PTV
T
e +T
i
=0, (1.186)
e reagrupandoostermos de forma conveniente, tem-se
Z V (divT(x)+b(x))u(x)dV^ + Z S ( T(x)n(x)+t(x))^u(x)dS =0, (1.187)
para todo deslocamento virtual u:^ Para que a express~ao anterior seja nula, considerando que ^u e
arbitrario,ostermos entre par^enteses devemser simult^aneamentenulos,ou seja,
(
divT(x)+b(x)=0
T(x)n(x)=t(x)
. (1.188)
As equac~oes anteriores representam o mesmo Problema de Valor de Contorno (PVC) em
ter-mos de tens~ao, obitido em na Sec~ao ??. No entanto, (1.188) e, sem duvida, uma apresentac~ao mais
compacta e elegante parao problema de equilbriode corpos tridimensionais. Alem disto, a notac~ao
anterioreabstrata,poisevalidaparaqualquersistemadecoordenadasadotado. Comoobservado
an-teriormente,oPVC(1.188)evalidoparaqualquermeiocontnuo(solido, lquidoougas)empequenas
deformac~oes.
1.9.8 Aplicac~ao da Equac~ao Constitutiva
A Lei de Hookegeral dadaem(1.70) na Sec~ao?? , podeser escrita tensorialmente como
T(x)=2E(x)+e(x)I, (1.189)
sendo T o tensor de tens~oes de Cauchy, E o tensor de pequenas deformac~oes, { o tensor identidade,
e(x)=" xx +" yy +" zz
a dilatac~ao e e oscoecientesde Lame.
Para vericarque (1.70) e (1.189) s~ao id^enticas, expande-se(1.189) segundo o sistemade
coor-denadas cartesiano, ou seja,
2 6 4 xx (x) xy (x) xz (x) yx (x) yy (x) yz (x) zx (x) zy (x) zz (x) 3 7 5 =2 2 6 4 " xx (x) xy (x) xz (x) yx (x) " yy (x) yz (x) zx (x) zy (x) " zz (x) 3 7 5 +e(x) 2 6 4 1 0 0 0 1 0 0 0 1 3 7 5 . (1.190) Porexemplo, xx (x) = 2" xx (x)+e(x), xy (x) = 2 xy (x),
asquaiss~ao asmesmasexpress~oesques~ao obtidasa partirde (1.70).
O PVC de equil
ibrioem (1.188) esta dadoem termos das componentes de tens~ao. Paraobter
asequac~oes de Navieremtermos dosdeslocamentos, basta substituir(1.189) em (1.188). Logo
div[2E(x)+e(x)I]+b(x) =0. (1.191)
Comooscoecientesde Lame s~ao constantes, adiverg^enciaeumoperadorlineare Eefunc~aoderu;
pode-se escrever
div ru(x) +div r T
divru(x) = div 2 6 6 6 6 6 6 4 @u @x @u @y @u @z @v @x @v @y @v @z @w @x @w @y @w @z 3 7 7 7 7 7 7 5 = 8 > > > > > > > < > > > > > > > : ( @ 2 u @x 2 + @ 2 u @y 2 + @ 2 u @z 2 ) ( @ 2 v @x 2 + @ 2 v @y 2 + @ 2 v @z 2 ) ( @ 2 w @x 2 + @ 2 w @y 2 + @ 2 w @z 2 ) 9 > > > > > > > = > > > > > > > ; = @ 2 @x 2 @ 2 @y 2 @ 2 @z 2 8 > < > : u(x) v(x) w(x) 9 > = > ; =u(x) , (1.193)
sendo ooperadorLaplaciano.
Parao segundo termode (1.192), a seguinte express~aoe valida
divr T
u(x)=r(divu(x)): (1.194)
Porsuavez,
divu(x)=tr(ru(x))= @u(x) @x + @v(x) @y + @w(x) @z =" xx (x)+" yy (x)+" zz (x)=e(x). (1.195) Logo, div r T u(x)=re(x). (1.196)
Parao terceirotermode (1.192)observa-seo seguinte
dive(x)I=div 2 6 4 e(x) 0 0 0 e(x) 0 0 0 e(x) 3 7 5 = 8 > > > > > > < > > > > > > : @e(x) @x @e(x) @y @e(x) @z 9 > > > > > > = > > > > > > ; =re(x). (1.197)
Substituindo (1.193), (1.196) e (1.197) em (1.192), tem-se as equac~oes de Navier validas para
umsolidodeHooke emnotac~ao tensorial,istoe,
u(x) +(+)re(x)+b(x)=0. (1.198)
Casos Particulares
Nestecap
ituloser~aoexemplicadososresultadosobtidoscomaformulac~aogeraldesolidos
tridi-mensionais,considerandoosmodelosunidimensionaisdeproblemasdebarra,vigaetorc~ao,deduzidos
do modelo maisgeral,levando-seemconta ashipotesescinematicassimplicadoraspara cadacaso.
2.1 Barra
Pode-se denircomo barra, umelemento estrutural, cujaprincipal caracter
istica geometrica e
possuirocomprimentobemmaiorqueasdimens~oesdasec~aotransversal. Nocasodebarrasubmetidas
a esforcos de trac~ao e/oucompress~ao, cosidera-sea barra como sendoum elemento unidimensionale
analisa-seoseucomportamentoaolongodadirec~aoparalelaadimens~aolongitudinal,ouseja, nocaso
do sistemacartesiano, a direc~aodo eixox.
2.1.1 Cinematica
A cinematica do modelo de barra consiste de ac~oes de moviemento axiais, ou seja, as sec~oes
transversaispermanecemperpendicularesaoeixodabarra,aposadeformac~ao. Asac~oesdemovimento
rgidocorrespondem atranslac~oesna direc~aodo eixox; nessecaso
u(x)= 8 > < > : u(x) v(x) w(x) 9 > = > ; )u(x)= 8 > < > : u(x) 0 0 9 > = > ; . (2.1)
Assim, so existem ac~oes cinematicas ao longo do eixo x, sendo agora as componentes v(x) e w(x)
nulase o vetor deslocamento somentedependenteda direc~aox:
2.1.2 Deformac~ao
Com basena hipotesecinematica anterior,o tensorde pequenasdeformac~oesse reduza
[E(x)]= 1 2 ru(x)+r T u(x) = 2 6 6 4 du(x) dx 0 0 0 0 0 0 0 0 3 7 7 5 , (2.2) ou seja [E(x)]= 2 6 4 " xx (x) 0 0 0 0 0 3 7 5 : (2.3)
Associadaadeformac~ao"
xx
(x)deveexistir,nessecaso, somenteacomponentedetens~aonormal
xx
(x), assimo tensorde tens~oesde Cauchysereduz a
[T(x)]= 2 6 4 xx (x) 0 0 0 0 0 0 0 0 3 7 5 . (2.4)
Consequentemente,a express~aodo TrabalhoInterno parao problemadabarra e dadapor
T i = Z V TE= Z V xx (x)" xx (x)dV = Z V xx (x) du(x) dx dV = Z L 0 Z A xx (x)dA du(x) dx dx = Z L 0 xx (x)A du(x) dx dx= Z L 0 N x (x) du(x) dx dx, (2.5)
sendo L o comprimento da barra, A a area da sec~ao transversal, considerada constante ao longo do
comprimento,e N
x
(x)=
xx
(x)A a forca interna normal asuperciedasec~ao transversal.
Integrandoporpartesa express~ao do trabalhointerno,vem
T i = Z L 0 dN x (x) dx u(x)dx N x (L)u(L)+N x (0)u(0): (2.6) 2.1.4 PTV
A mde seavaliarosesforcosexternosagindo sobre abarra, seraaplicado o PTV,assim
T
e +T
i
=0: (2.7)
Portanto, os trabalhoexterno compatvelcom a cinematica da barra, paraqualquer ac~ao cinematica
virtualu(x)^ deveser
T e = Z L 0 p(x)^u(x)dx+P L ^ u(L)+P 0 (0)^u (0),
sendo p(x) acarga externa distribudaporunidadede comprimento axialmente sobre abarra e P
L e
P
0
osesforcosexternosaxiaisconcentrados nasextremidades emx=0 e x=L.
Dessa forma, atraves do equil
ibrio entre os trabalhos externo e interno, pode-se estabelecer o
problemade valorde contorno paraumabarrasubmetidaacarregamentosaxiaisdaseguintemaneira
8 > > < > > : dN x (x) dx =A d xx (x) dx = p(x) para x2 (0;L) N x (0)=P 0 emx=0 N x (L)=P L emx=L . (2.8)
2.1.5 Aplicac~ao da Equac~ao Constitutiva
Apesar de existirem,para o caso tridimensionalascomponentes de tens~ao
yy e yy e as com-ponentes de deformac~ao " yy e " zz
, devidoao efeito de Poisson, no caso unidimensional, esses efeitos
s~ao desconsiderados,dessa forma, parao modelode barra a leide Hooke simplica-separa
xx
=(2+)"
xx
(2.9)
ou,lembrando-se que,
= E 2(1+v) , (2.10) = Ev (1+v)(1 2v) , (2.11)