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Curso de Direito Civil Contratos 3ª Série UNIARA. Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin

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Academic year: 2021

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Curso de Direito Civil – Contratos – 3ª Série – UNIARA.

Períodos Diurno e Noturno: Prof. Marco Aurélio Bortolin

Aulas 19 e 20 – Ementa - Extinção dos contratos (2ª parte). Resolução Contratual (variáveis): exceção de

contrato não cumprido (conteúdo, requisitos e aplicações); resolução por onerosidade excessiva.

I. Resolução dos Contratos. Variáveis.

1. Enfoque inicial. Na presente aula, analisaremos outros pontos

importantes que envolvem o campo da extinção dos contratos, mormente a possibilidade de não cumprimento do contrato motivado pelo inadimplemento anterior do outro contratante e a aplicação da vetusta Teoria da Imprevisão aos contratos. Tais pontos derivam de uma situação própria de não cumprimento voluntário ou integral da obrigação contratualmente assumida, e que, em tese, poderiam gerar extinção do contrato, acarretando sua resolução. Como veremos, a lei civil regula esses mecanismos que excepcionam a concepção básica de que qualquer descumprimento da carga obrigacional assumida pode acarretar a resolução do contrato mais a imposição de perdas e danos ou a sua execução forçada, tal como prevê genericamente o Art. 475, do Código Civil.

2. Exceção do contrato não cumprido. A exceção do contrato não

cumprido não é propriamente um mecanismo do contratante que invoca para si em Juízo a posição de credor, e sim, uma defesa do aparente devedor contratual que recebe proteção do Direito para não ser compelido a prestar a obrigação ajustada, antes de se operar a própria prestação do outro contratante no contrato bilateral, se este último vier a se arvorar injustamente na condição de credor contratual, conforme reza o artigo 476, do Código Civil1.

Igualmente, essa mesma defesa denominada de exceção do contrato não

cumprido pode servir como autêntica garantia do devedor, para a hipótese de contrato bilateral em que a

outra parte suporta significativa diminuição patrimonial após a formalização do contrato, colocando em risco a sua futura prestação, nos termos do artigo 477, do Código Civil2.

1Art. 476, Código Civil. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode

exigir o implemento da do outro.

2Art. 477, Código Civil. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em

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Notem os alunos e alunas. Em nossas aulas anteriores, estudamos a extinção do contrato pedida por uma das partes atingida por nulidade ou anulabilidade (rescisão), ou em razão de vícios ocultos que tornaram o bem adquirido imprestável ao fim destinado ou com seu valor diminuído (redibição), ou por franco exercício do direito de arrependimento previsto contratualmente. Vimos ainda que há causas posteriores, fundadas na vontade recíproca dos contratantes (resilição bilateral), ou na vontade exclusiva de um deles, ambas sem motivo necessário, mas apenas nos casos permitidos expressamente pela lei ou pela natureza do contrato (resilição unilateral), e ainda, baseados na mora ou inadimplemento do outro contratante (resolução).

Todas essas formas, nas suas variadas causas acima destacadas, ou seja, anteriores, simultâneas ou posteriores ao momento da celebração concreta do contrato traduzem a ideia segura de proteção jurídica do contratante que assume uma postura ativa frente ao outro que está se locupletar de uma situação de desequilíbrio não admitida pela norma nos contratos bilaterais.

Pois bem.

Em se tratando de contratos bilaterais - e agora deveremos nos restringir aos contratos bilaterais somente – naturalmente as partes contratantes ajustam obrigações de um a outro e reflexamente do outro ao primeiro, como, por exemplo, na compra e venda de um bem móvel (em que o

comprador deve entregar o dinheiro, e o vendedor, entregar o bem), ou na empreitada (em que o contratante deve entregar o dinheiro, e o contratado, a obra).

Como as obrigações são recíprocas, qualquer deles poderia, em tese, exigir a resolução do contrato por inadimplemento sob a alegação de descumprimento da outra parte, através de notificação prévia para ativação da já estudada cláusula resolutiva tácita ou por exercício de cláusula

resolutiva expressa (artigo 474, Código Civil), seguida de ação judicial correspondente de extinção do

contrato por resolução fundada em mora ou inadimplemento com perdas e danos ou sua execução forçada (artigo 475, Código Civil). Seguindo tal raciocínio, optando o contratante pela primeira hipótese de buscar a resolução do contrato mais perdas e danos, demonstrado o não cumprimento do contrato por parte do outro contratante (ora transformado em réu na ação de resolução contratual), por sentença, o Estado-Juiz reconheceria o direito do contratante autor de resolver o contrato e assim o declararia, somando a esse provimento, além da desconstituição do contrato, a condenação do inadimplente a ressarcir o outro da prestação efetivada sem correspondência, mais perdas e danos, se pleiteado e provado.

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Portanto, estaríamos diante de típica hipótese de extinção por resolução

fundada na mora ou no inadimplemento.

Contudo, essa mora ou inadimplemento do contratante deve ser a exclusiva e unilateral causa da extinção do contrato, mas não pode ser destacada da postura do próprio contratante que se considera credor frente ao cumprimento da sua reflexa obrigação. Em outras palavras, se as obrigações são recíprocas e reflexamente dispostas no contrato, sem suspensão de efeitos a uma delas por elemento acidental do negócio jurídico, não podemos referendar esse pedido de resolução acima destacado no parágrafo anterior, se o próprio contratante autor da ação igualmente não cumpriu a obrigação contratualmente assumida.

Nessa segunda hipótese, qual seja, a de mora bilateral, tal pretensão de resolução por um dos contratantes, baseada na mora ou inadimplemento do outro (ignorando a sua própria) comporta defesa da parte contrária, baseada no fato de que em um contrato bilateral ninguém pode exigir o cumprimento da obrigação do outro sem antes ter cumprido a sua própria obrigação. Por essa razão que em uma ação judicial como a acima descrita, é dado ao réu apresentar defesa (chamada de exceção) do contrato

não cumprido em resistência do pedido deduzido pelo autor da ação, e se demonstrado esse fator, a ação

proposta será julgada improcedente, sendo que, essa exceção ou defesa permitirá ao réu retardar o cumprimento da sua obrigação até que a contraprestação do autor não venha a ser efetivamente prestada, e vice-versa (artigo 476, do Código Civil).

A sobredita defesa ou exceção pode ser utilizada ainda de outra forma. Há a possibilidade de servir a exceção do contrato não cumprido como garantia para o obrigado, se este vislumbrar que o outro contratante (autor da ação) passou a suportar enorme diminuição patrimonial que esteja colocando visivelmente em risco o cumprimento futuro da contraprestação. Nesse caso, se o credor, que está com seu patrimônio fortemente abalado, vier a reclamar em Juízo o cumprimento da obrigação ajustada pelo outro contratante, poderá este, na condição de réu, invocar a mesma exceção para exigir garantias de recebimento da contraprestação do autor, para possibilitar o seu próprio cumprimento da obrigação que lhe caiba no contrato, retardando fundamentadamente a exigibilidade sobre a sua prestação (artigo 477, do Código Civil).

2.1. Requisitos. A exceção do contrato não cumprido, conhecida desde o

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o abandono recíproco dos contratantes em relação ao contrato.

De se notar que o contrato bilateral segue um regime de proteções aos contratantes, ora como fundamento para a ação, como nos casos de vícios redibitórios e de evicção, ora como fundamento de defesa, como a exceção do contrato não cumprido, e sempre os focos dessas proteções estarão baseados na reciprocidade das obrigações encontradas nos contratos bilaterais.

Entretanto, a proteção conferida ao contratante demandado, apta a suspender a exigibilidade da sua obrigação contratual, somente guardará cabimento se efetivamente demonstrado ao longo da relação processual que de fato houve prévio descumprimento da obrigação reservada no contrato pelo próprio autor (3º requisito), sem o qual apenas o réu estará em mora, gerando a resolução do contrato, mais perdas e danos.

2.2. Variações. Além das hipóteses de se invocar a exceção do contrato não

cumprido como defesa por força da ausência de prévio cumprimento da obrigação que compete à parte

contrária (artigo 476, Código Civil), e ainda, como defesa para garantir ao contratante demandado que a outra parte que sofreu significativa diminuição patrimonial por outros fatores, preste primeiro a sua obrigação ou garanta a prestação futura (artigo 477, Código Civil), significativa é a discussão em torno

da validade de se prever contratualmente expressa renúncia desse direito, e a questão que envolve os contratos entre a Administração Pública e o particular, além da mora parcial.

2.3. Mora parcial. Pode ainda ocorrer uma inexecução parcial da

obrigação por aquele que está cobrando do outro contratante a sua prestação por inteiro. Esse contratante cobrado pode invocar como defesa a exceção do contrato não cumprido parcialmente, conhecida tradicionalmente como exceptio non rite adimpleti contractus, cuja aplicação segue a mesma disciplina da exceção invocada para o contrato não cumprido integralmente.

3. Resolução por onerosidade excessiva. Em nossas aulas anteriores

tratamos das formas de extinção dos contratos, e dentre as mais variadas causas analisadas, vimos que há motivos de extinção que antecedem ou que são simultâneos ao momento da formação dos contratos e há motivos de extinção que são posteriores ao momento da formação dos contratos, estando neste segmento compreendidas as formas de resilição e de resolução.

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A resolução por onerosidade excessiva, conforme já ressaltado, é um mecanismo disponibilizado ao contratante que está em mora quanto ao cumprimento de sua obrigação, mas não qualquer mora, porque sabemos que essa mora comum permitiria a resolução somente a pedido do credor, e sim, estamos a focar uma mora específica, decorrente de uma superveniente onerosidade excessiva.

Tal onerosidade excessiva, que se traduz por situação contratual que impõe ao contratante uma desvantagem exagerada e não prevista na formação do contrato deve decorrer, conforme estabelece o artigo 478, do Código Civil3, como consequência de acontecimentos extraordinários e

imprevisíveis, ou seja, de uma situação que não poderia ser prevista pelos contratantes no momento da formação do contrato de trato sucessivo (ou de duração) e ainda nos de execução única mas diferida, e que no curso destes, transformaram a vinculação das partes a uma situação desvantajosa ao extremo para um ou ambos os contratantes.

Processualmente, pode ser invocada como pretensão do contratante que está diante de uma desvantagem motivada por circunstâncias externas e posteriores à formação do contrato, ou por reconvenção, se judicialmente cobrado como contratante em mora4.

Podemos extrair do artigo 478, do Código Civil, como requisitos para se invocar a resolução do contrato por onerosidade excessiva: a) a existência de um contrato de execução diferida para prestação única ou de trato sucessivo (1º requisito); b) a transformação da situação de equilíbrio normal que se verificava entre as partes ao tempo da contratação em uma situação nova ao longo da execução, que impôs a um dos contratantes desvantagens exageradas (2º requisito); c) ter essa transformação da situação contratual sido provocada pelo advento de circunstâncias e fatores imprevisíveis e imprevistos pelos contratantes (3º requisito); d) ter provocado, de fato, uma onerosidade, uma desvantagem exagerada, em regra, a uma das partes, mas podendo também atingir as duas partes (4º

3 Art. 478, Código Civil. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar

excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

4 Exemplo: hipótese de contrato de fornecimento de hortaliças em que há atraso na entrega de produtos (hortaliças) de chacareiro a

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requisito).

3.1. Revisão contratual por onerosidade excessiva. São duas as hipóteses

de revisão, sendo a primeira possível de ser buscada pelo credor da obrigação, acionado pelo devedor que pretende a resolução do contrato por onerosidade excessiva. Segundo o artigo 479, do Código Civil5, na

ação proposta pelo contratante que busca a resolução por onerosidade excessiva, ou seja, que vai a Juízo para invocar uma imprevisibilidade contratual que tornou o contrato extremamente desvantajoso para si por força de fatores externos não previstos ao tempo da formação do contrato, poderá o outro contratante, réu na ação, tentar evitar a resolução através do aceno com a possibilidade de revisão do contrato, para que, com equidade, o contrato possa ser reajustado frente a essa nova realidade das partes.

Não podemos esquecer, contudo, que há uma segunda hipótese de revisão do contrato e não propriamente de resolução, desta feita, pretendida a revisão pelo próprio contratante atingido pela onerosidade excessiva. Estamos a invocar a hipótese de revisão do contrato com base no

artigo 317, do Código Civil, que deve ser interpretado em conjunto com os artigos 478 e 479, ambos do Código Civil!

3.2. Contratos unilaterais. Também admite o artigo 480, do Código

Civil6, eventual modificação do contrato por onerosidade excessiva a pedido do único obrigado em contratos

unilaterais, se tais circunstâncias posteriores ao momento da formação tiverem provocado situação nova e extremamente desvantajosa ao contratante que assumiu obrigação de forma unilateral.

Nessa hipótese, o contratante poderá pleitear que sua prestação seja reduzida, ou então, pleitear eventual alteração do modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva, dispondo:

II. Dispositivos do Código Civil referidos nesta aula (fonte: www.planalto.gov.br).

Art. 317, Código Civil. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.

5 Art. 479, Código Civil. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.

6 Art. 480, Código Civil. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação

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Art. 476, Código Civil. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Art. 477, Código Civil. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. Art. 478, Código Civil. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

Art. 479, Código Civil. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato.

Art. 480, Código Civil. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

III. Julgados relacionados aos temas da aula (Fonte:www.tjsp.jus.br).

“REVISÃO – Compra e venda - Admissibilidade – Caso em que é incabível a alegação de exceção de contrato não cumprido, porque, segundo o compromisso de fls. 8, cabia à apelante cumprir, por primeiro sua prestação – Recurso parcialmente provido, com observação” (TJSP - Apelação n. 358.423-4/1 – 9ª Câmara de Direito Privado – Relator: José Luiz Gavião de Almeida – 1º.03.05 - V.U.).

“Ementa: APELAÇÃO – CERCEAMENTO DE DEFESA – Análise que, no caso, se confunde com o mérito – AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO – ONEROSIDADE EXCESSIVA NÃO DEMONSTRADA – Inexistindo dever contratual de realização de campanhas de marketing, tampouco cláusula de exclusividade no contrato firmado, os eventos elencados como causadores da onerosidade excessiva devem ser considerados como riscos decorrentes da operação, ainda que não previstos pelos apelantes, mas previsíveis na análise de atuação do mercado de postos de combustíveis – Não comprovação de eventos extraordinários e Imprevisíveis causadores de desequilíbrio contratual, conforme requer o artigo 478, do Código Civil – RECONHECIMENTO DO DESEQUILÍBRIO PELA PARTE CONTRÁRIA NÃO DEMONSTRADO – LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ – NÃO OCORRÊNCIA - Sentença mantida. RECURSO IMPROVIDO (TJSP – Apelação 0176183-02.2009.8.26.0100 – Rel. Des. Luiz Fernando Nishi – 32ª Câmara de Direito Privado – Comarca: São Paulo – J. 12/04/2018).

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