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Aplicação do Regulamento «Reconhecimento Mútuo» a produtos de construção que não ostentem a marcação CE

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COMISSÃO EUROPEIA

DIRECÇÃO-GERAL DAS EMPRESAS E DA INDÚSTRIA

Bruxelas, 13.10.2011

-

Documento de orientação

1

Aplicação do Regulamento «Reconhecimento Mútuo» a produtos

de construção que não ostentem a marcação CE

1. INTRODUÇÃO

O presente documento pretende explicar de forma acessível a aplicação do Regulamento (CE) n.º 764/20082 (o Regulamento «Reconhecimento Mútuo» ou simplesmente «Regulamento») a produtos de construção que não ostentem a marcação CE. Será actualizado de modo a reflectir a experiência adquirida pelos Estados-Membros, as autoridades e as empresas, bem como as informações que tenham divulgado.

A definição de «produtos de construção» é a constante do regulamento relativo aos produtos de construção (a seguir designado «RPC»)3. Nos termos do artigo 2.º, n.º 1, entende-se por «produto de construção» «um produto ou kit fabricado e colocado no mercado para incorporação permanente em obras de construção ou em partes delas e cujo desempenho influencia o desempenho das obras de construção no que se refere aos seus requisitos básicos».

2. QUADRONORMATIVOAPLICÁVELAOSPRODUTOSDECONSTRUÇÃO A Directiva «Produtos de Construção» (Directiva 89/106/CEE, com a redacção que lhe foi dada pela Directiva 1993/68/CEE e pelo Regulamento (CE) n.º 1882/2003 – a seguir

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O presente documento não é juridicamente vinculativo. Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa agindo em seu nome são responsáveis pelo uso que possa ser feito da informação contida na presente publicação, nem por quaisquer erros que subsistam, apesar de uma preparação e verificação cuidadosas. O presente documento de orientação não deverá obstar à harmonização adicional de regras técnicas, se for esse o caso, a fim de melhorar o funcionamento do mercado interno. O presente documento de orientação não reflecte necessariamente o parecer ou a posição da Comissão Europeia.

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Regulamento (CE) n.º 764/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Julho de 2008, que estabelece procedimentos para a aplicação de certas regras técnicas nacionais a produtos legalmente comercializados noutro Estado-Membro, e que revoga a Decisão n.º 3052/95/CE, JO L 218 de 13.8.2008, p. 21.

3

Regulamento (UE) n.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Março de 2011, que estabelece condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e que revoga a Directiva 89/106/CEE do Conselho, JO L 88 de 4.4.2011, pp. 5-43.

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designada «DPC»)4 está a ser substituída por um novo regulamento, o RPC5, que já entrou em vigor. Contudo, os artigos 3.º a 28.º, 36.º a 38.º, 56.º a 63.º, 65.º e 66.º, bem como os anexos I, II, III e V, apenas são aplicáveis a partir de 1 de Julho de 2013. De qualquer forma, os produtos de construção que tenham sido colocados no mercado em conformidade com a directiva relativa aos produtos de construção e antes de 1 de Julho de 2013 são considerados conformes ao regulamento relativo aos produtos de construção.

2.1. Período de transição (até 1 de Julho de 2013)

Todos os «artigos operacionais» do novo RPC (ou seja, todos os artigos com excepção dos artigos que contêm definições e dos artigos necessários à aplicação do novo quadro, por exemplo, artigos relativos a notificações, ao comité permanente, etc.) apenas são aplicáveis a partir de 1 de Julho de 2013.

2.2. Após 1 de Julho de 2013

O RPC pretende proibir a utilização de marcações nacionais incompatíveis com a declaração de desempenho e assegurar que os produtos que ostentem a marcação CE podem ser colocados no mercado do EEE sem ensaios complementares.

Após 1 de Julho de 2013, o quadro existente será simultaneamente reforçado e simplificado com a entrada em vigor de disposições em matéria de:

• Requisitos básicos das obras de construção (artigo 3.º); • Declaração de desempenho e marcação CE (artigos 4.º-10.º); • Deveres dos operadores económicos (artigos 11.º - 16.º); • Especificações técnicas harmonizadas (artigos 17.º - 28.º); • Procedimentos simplificados (artigos 36.º - 38.º);

• Fiscalização do mercado e procedimentos de salvaguarda (artigos 56.º - 59.º); • Actos delegados (artigos 60.º - 63.º); e

• Anexos I, II, III e V.

No que respeita à aplicação do princípio do reconhecimento mútuo e do Regulamento «Reconhecimento Mútuo», nem o período de transição nem o novo quadro normativo aplicável após 1 de Julho de 2013 implicam qualquer alteração da situação geral descrita no presente documento de orientação.

4

Directiva 89/106/CEE do Conselho, de 21 de Dezembro de 1988, relativa à aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos Estados-Membros no que respeita aos produtos de construção, JO L 40 de 11.2.1989, p. 12. Directiva com a redacção que lhe foi dada pela Directiva 93/68/CEE do Conselho, de 22 de Julho de 1993, JO L 220 de 30.8.1993, pp. 1-22, e pelo Regulamento (CE) n.º 1882/2003 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Setembro de 2003, JO L 284 de 31.10.2003, p. 1.

5

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Este novo instrumento legislativo clarifica melhor os conceitos e a utilização da marcação CE e introduz procedimentos simplificados que reduzirão os custos incorridos pelas empresas, em especial pelas PME. Ao impor critérios de designação novos e mais rigorosos aos organismos envolvidos na avaliação e na verificação dos produtos de construção, o RPC reforça igualmente a credibilidade e a fiabilidade de todo o sistema.

3. QUAIS SÃO OS PRODUTOS DE CONSTRUÇÃO QUE CONTINUAM A

ESTAR ABRANGIDOS PELO PRINCÍPIO DO RECONHECIMENTO

MÚTUO?

Dado que todos os produtos de construção podem ostentar a marcação CE ao abrigo do regime da DPC e do RPC, o factor determinante para estabelecer se o princípio do reconhecimento mútuo é aplicável a um dado produto de construção é a presença ou a ausência da marcação CE. Apenas os produtos que não ostentam a marcação CE estão abrangidos por este princípio e pelas suas consequências processuais. Os produtos de construção que ostentam a marcação CE devem ser tratados em conformidade com as disposições da DPC ou, a partir de 1 de Julho de 2013, do RPC.

4. LIVRECIRCULAÇÃODEPRODUTOSCOMMARCAÇÃOCE 4.1. Situação ao abrigo da DPC

Nos termos do artigo 6.º, n.º 1, da DPC, deve ser possível utilizar um produto que ostente a marcação CE (indicando que o mesmo é conforme aos requisitos de uma norma harmonizada) em toda a União Europeia, sem ensaios ou requisitos adicionais. O objectivo das normas, nos termos da DPC, consiste em fornecer métodos e critérios harmonizados para a avaliação do desempenho dos produtos de construção e não para a harmonização dos próprios produtos nem para o estabelecimento de requisitos respeitantes ao seu desempenho. Contrariamente a outras directivas de harmonização, a questão da conformidade de um produto de construção com uma norma harmonizada ao abrigo da DPC deve ser entendida no sentido de que o desempenho desse produto deve ser avaliado em conformidade com (aplicando) os métodos e critérios enunciados na norma harmonizada. A conformidade de um produto de construção com uma norma harmonizada não pode, portanto, ser interpretada como oferecendo a presunção de conformidade com requisitos legais aplicáveis à utilização do produto. Do mesmo modo, um produto de construção não pode ser considerado apto para o uso a que se destina unicamente por ser conforme a uma norma harmonizada, porquanto a adequação para o uso é determinada através do exame do desempenho do produto à luz, justamente, dos mesmos requisitos legais, que podem diferir em função do uso específico (o que está implícito no nono e décimo considerandos da directiva).

Não obstante, alguns Estados-Membros continuam a exigir marcações nacionais complementares à marcação CE, contrariando o objectivo básico de mercado livre da DPC. As numerosas queixas recebidas pelos serviços da Comissão revelam que, em vez de tomarem as medidas necessárias para que os seus requisitos sejam tidos em conta no contexto dos processos de normalização europeus, os Estados-Membros invocaram os conjuntos nacionais de especificações técnicas, que podem ser consideradas vinculativas. Por vezes, estes instrumentos impõem aprovações ex ante

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e/ou aprovações nacionais específicas que são demasiado pesadas para um eficiente acesso ao mercado de produtos de construção que já ostentam a marcação CE. Assim, foi através dos sistemas nacionais, e não dos meios previstos nas normas europeias harmonizadas, que surgiram requisitos adicionais para os produtos de construção, o que levanta obstáculos significativos à livre circulação de produtos que ostentam a marcação CE.

Os Estados-Membros podem garantir a segurança das obras de construção no contexto e com os meios oferecidos pelo sistema harmonizado estabelecido pela DPC e pelas normas harmonizadas no seu âmbito, em vez de recorrerem a mecanismos nacionais adicionais para a definição dos requisitos em matéria de desempenho dos produtos de construção.

4.2. Situação ao abrigo do RPC

A partir de 1 de Julho de 2013, nos termos do artigo 8.º, n.º 2, do RPC, ao apor ou mandar apor a marcação CE no produto de construção, os fabricantes indicam que assumem a responsabilidade pela conformidade do produto com o seu desempenho declarado, bem como pelo cumprimento de todos os requisitos aplicáveis estabelecidos no RPC e noutra legislação de harmonização relevante da União que prevêem a sua aposição. Nos termos do RPC, a marcação CE deveria, assim, consolidar a sua posição de única marcação que indica a conformidade do produto de construção com o desempenho declarado e com os requisitos aplicáveis por força da legislação de harmonização da União.

Os artigos 56.º a 59.º do RPC estabelecem disposições em matéria de fiscalização do mercado e de procedimentos de salvaguarda, no caso de um produto de construção não ser conforme aos requisitos previstos no regulamento, apresentar um risco para a saúde e a segurança ou ser formalmente não conforme.

No caso de o Estado-Membro de destino ter razões legítimas para proibir ou restringir no seu território a comercialização de produtos de construção, ainda que estes sejam legalmente comercializados noutro Estado-Membro, as autoridades nacionais podem invocar o artigo 36.º do TFUE. Com efeito, este artigo enuncia os fundamentos com base nos quais os Estados-Membros podem justificar medidas nacionais que constituam um entrave ao comércio transfronteiriço, nomeadamente a protecção da saúde e da vida de pessoas e animais, e a preservação das plantas. O Tribunal de Justiça faz uma interpretação restritiva da lista de derrogações do artigo 36.º do TFUE, todas elas relacionadas com interesses não económicos. Além disso, todas as medidas devem respeitar o princípio da proporcionalidade e não devem «constituir, em caso algum, um meio de discriminação arbitrária ou uma restrição dissimulada ao comércio entre Estados-Membros»6.

De qualquer forma, o ónus da prova no que respeita à justificação de medidas adoptadas ao abrigo do artigo 36.º recai sobre o Estado-Membro e não sobre o operador económico.

6

Processo 34/79, Henn e Darby, Col. 1979, p. 3795, ponto 21, e Processos apensos C-1/90 e C-176/90,

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5. REGULAMENTO (CE) N.º 764/2008 (REGULAMENTO

«RECONHECIMENTOMÚTUO»)

O Regulamento aplica-se a decisões administrativas destinadas aos operadores económicos, com base numa regra técnica, no que diz respeito a qualquer produto não harmonizado legalmente comercializado noutro Estado-Membro, sempre que essas decisões tenham como efeito directo ou indirecto a proibição, a modificação, o ensaio complementar ou a retirada do produto (artigo 2.º, n.º 1). Qualquer autoridade que pretenda tomar uma decisão deste género tem de seguir os requisitos processuais previstos no Regulamento.

O Regulamento aplica-se sempre que se encontrarem reunidas as condições a seguir enunciadas:

5.1. A decisão administrativa (prevista) deve dizer respeito a um produto legalmente comercializado noutro Estado-Membro

O princípio do reconhecimento mútuo aplica-se quando um produto, independentemente da sua origem efectiva (UE ou importado de um país terceiro), legalmente comercializado num Estado-Membro é colocado no mercado de outro Estado-Membro. Segundo este princípio, um Estado-Membro não pode, em princípio, proibir a venda, no seu território, de produtos legalmente comercializados noutro Estado-Membro, ainda que tenham sido fabricados segundo regras técnicas diferentes. O Regulamento rege as recusas de reconhecimento mútuo, sejam elas efectivas ou potenciais. Deste modo, um Estado-Membro que pretenda proibir o acesso ao seu mercado deve seguir o procedimento previsto no artigo 6.º

Os produtos que não tenham sido previamente comercializados no território da UE não se inserem no âmbito de aplicação do Regulamento. Em consequência, têm de observar todas as regras técnicas aplicáveis no Estado-Membro em que são colocados pela primeira vez no mercado na UE.

5.2. A decisão administrativa (prevista) deve dizer respeito a um produto que não é objecto de legislação da UE harmonizada

O Regulamento funciona no domínio da não harmonização, em relação a produtos para os quais não existe harmonização da legislação, a nível da UE, ou a aspectos não abrangidos por uma harmonização parcial (relativamente aos produtos de construção, cf. ponto 3 supra).

5.3. A decisão administrativa (prevista) deve destinar-se aos operadores económicos Em conformidade com o artigo 2.º, n.º 1, o Regulamento aplica-se a decisões administrativas destinadas aos operadores económicos, tomadas ou a tomar com base numa «regra técnica», no que diz respeito a produtos de construção legalmente comercializados noutro Estado-Membro, sempre que essas decisões tenham como efeito directo ou indirecto a proibição, a modificação, o ensaio complementar ou a retirada desses produtos, tal como se refere no ponto 5.5.

Quaisquer decisões restritivas tomadas por uma autoridade nacional que tenham como destinatário qualquer pessoa singular ou colectiva que não seja um operador económico não se inserem no âmbito de aplicação do Regulamento. Conforme disposto no artigo 2.º, n.º 18, do RPC, um operador económico é, basicamente,

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qualquer pessoa da cadeia de abastecimento do produto em causa: o seu fabricante, o mandatário deste, o seu importador ou o seu distribuidor.

Deste modo, e sem prejuízo do artigo 36.º do TFUE, quaisquer decisões restritivas tomadas por uma autoridade competente que tenham como destinatário qualquer pessoa singular ou colectiva que não seja um operador económico não se inserem no âmbito de aplicação do Regulamento «Reconhecimento Mútuo».

5.4. A decisão administrativa (prevista) deve basear-se numa regra técnica

O Regulamento «Reconhecimento Mútuo» aplica-se a decisões administrativas (previstas) tomadas com base numa «regra técnica» (artigo 2.º, n.º 2).

Para efeitos do Regulamento, uma regra técnica é uma disposição legal, regulamentar ou administrativa de um Estado-Membro que:

(a) proíbe a comercialização de quaisquer produtos legalmente comercializados noutro Estado-Membro no território do Estado-Membro que tomou ou tomará a decisão administrativa ou cujo cumprimento é obrigatório em caso de comercialização dos produtos no território desse Estado-Membro, e

(b) estabelece:

• as características exigidas desse produto (ou tipo de produto), tais como níveis de qualidade, desempenho ou segurança, ou dimensões, incluindo os requisitos aplicáveis no que respeita ao nome sob o qual é vendido, terminologia, símbolos, ensaios e métodos de ensaio, embalagem, marcação ou rotulagem; ou

• qualquer outro requisito que seja imposto ao produto (ou tipo de produto) para efeitos de defesa dos consumidores ou do ambiente, e que afecte o seu ciclo de vida depois da sua colocação no mercado, como as condições de utilização, reciclagem, reutilização ou eliminação, no caso de essas condições poderem influenciar significativamente a composição, a natureza ou a comercialização do produto de construção.

5.5. Os efeitos directos ou indirectos da decisão administrativa (prevista) devem ser, designadamente:

(c) a proibição da colocação no mercado desse produto (ou tipo de produto);

(d) a modificação ou o ensaio suplementar desse produto (ou tipo de produto), antes de ser possível a sua colocação ou manutenção no mercado;

(e) a retirada desse produto (ou tipo de produto) do mercado.

Quaisquer decisões (previstas) deste género devem ser tomadas em conformidade com o artigo 2.º, n.º 1, do Regulamento.

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Além disso, e à luz da comunicação interpretativa da Comissão sobre a aplicação prática do reconhecimento mútuo7, os Estados-Membros são ainda incentivados a inserir nos seus projectos de regulamentação técnica nacional cláusulas de reconhecimento mútuo para produtos legalmente fabricados e/ou comercializados noutro Estado-Membro da União Europeia ou na Turquia, ou legalmente fabricados num Estado EFTA que seja parte contratante no Acordo EEE.

6. PROCEDIMENTOSDEAUTORIZAÇÃOPRÉVIA

Os operadores económicos que anteriormente tenham comercializado legalmente os seus produtos num Estado-Membro que imponha requisitos técnicos diferentes ou que não imponha quaisquer requisitos podem enfrentar dificuldades quando procurarem introduzir os seus produtos em Estados-Membros que realizem controlos mais rigorosos.

O Tribunal de Justiça estatuiu8 que, na ausência de disposições de harmonização completa ao nível da União Europeia, incumbe aos Estados-Membros decidir do nível a que pretendem garantir a segurança no seu território, sempre tendo em conta as exigências da livre circulação de mercadorias no interior da União Europeia9.

O Tribunal de Justiça determinou ainda que, dado que o grau de protecção pode variar de um para outro Estado-Membro, deve ser concedido aos Estados-Membros uma certa margem de apreciação e, em consequência, o facto de um Estado-Membro impor regras menos estritas do que outro Estado-Membro não significa que estas últimas sejam desproporcionadas10.

Por conseguinte, o direito da União Europeia não impede, em princípio, os Estados-Membros de tomarem as medidas que considerem necessárias para controlar e/ou restringir a colocação de produtos de construção no mercado. Em regra, os Estados-Membros adoptam essas medidas no âmbito de procedimentos de autorização prévia, em conformidade com os quais, antes de um produto poder ser colocado no mercado de um dado Estado-Membro, as respectivas autoridades competentes devem dar a sua aprovação formal na sequência de requerimento.

7

Comunicação interpretativa da Comissão - «Facilitar o acesso de produtos ao mercado de um outro Estado-Membro: a aplicação prática do reconhecimento mútuo» (2003/C 265/02) (Texto relevante para efeitos do EEE), JO C 265/2, de 4.11.2003, pp. 2-16. Nesta comunicação convidam-se os Estados-Membros a escolher entre quatro modelos de cláusulas de reconhecimento mútuo.

8

Acórdão do Tribunal (Grande Secção) de 10 de Fevereiro de 2009, Comissão/República Italiana, Processo C-110/05, Col. 2009, p. I-519.

9

Processo 50/83, Comissão/Itália, Col. 1984, p. 1633, ponto 12, e, por analogia, Processo C-131/93,

Comissão/Alemanha, Col. 1994, p. I-3303, ponto 16.

10

Cf., nomeadamente, acórdão do Tribunal, de 5 de Fevereiro de 2004, Comissão/República Francesa, Processo C-24/00, Col. 2004, p. I-0000, ponto 65, e, por analogia, Processo C-262/02, Comissão/República

Francesa, Col. 2004, p. I-6569, ponto 37, e Processo C-141/07, Comissão/Alemanha, Col. 2008, p. I-0000,

(9)

Não obstante, o Tribunal de Justiça tem sustentado reiteradamente11 que qualquer legislação nacional que sujeite a comercialização de produtos a procedimentos de autorização prévia restringe a livre circulação de mercadorias e constitui, na realidade, uma medida de efeito equivalente a uma restrição quantitativa à importação, na acepção do artigo 34.º do TFUE. Para ser justificada, a legislação nacional deve estar abrangida por uma das excepções previstas no artigo 36.º do TFUE ou basear-se numa das razões imperiosas reconhecidas pela jurisprudência do Tribunal e, em qualquer dos casos, ser adequada para garantir a realização desse objectivo e não exceder o estritamente necessário à realização desse objectivo (considerando 11 do Regulamento).

O Tribunal de Justiça enunciou igualmente várias condições para que o procedimento de autorização prévia se justifique:

• deve ser fundamentado em critérios objectivos, não discriminatórios e conhecidos antecipadamente das empresas em causa, de modo a enquadrar o exercício do poder de apreciação das autoridades nacionais, a fim de este não ser utilizado de modo arbitrário;

• os controlos não podem sobrepor-se a controlos que já foram efectuados no âmbito de outros procedimentos, quer nesse mesmo Estado-Membro quer noutro Estado-Membro;

• a autorização prévia só será necessária se for considerado que o controlo a

posteriori ocorreria demasiado tarde para ser verdadeiramente eficaz e permitir

atingir o objectivo perseguido;

• o procedimento não deve, atendendo à duração e aos custos , ser susceptível de dissuadir os operadores interessados de prosseguirem os seus projectos.

6.1.1. Será a autorização prévia uma regra técnica?

A obrigação de sujeitar os produtos de construção a autorização prévia antes da sua comercialização num Estado-Membro não se insere no âmbito de aplicação do Regulamento (considerando (12) do Regulamento). Essa obrigação não constitui, em si própria, uma regra técnica na acepção do Regulamento, porquanto este não prevê as características exigidas a esse produto de construção (ou tipo de produto de construção). Assim, qualquer decisão de excluir ou retirar produtos de construção do mercado com base unicamente no facto de estes não possuírem autorização prévia não constitui uma decisão a que se aplique o Regulamento.

Porém, quando for apresentado um pedido de autorização prévia obrigatória relativamente a um produto, qualquer decisão de indeferimento do pedido com base numa regra técnica deverá ser tomada nos termos do Regulamento, para que o requerente possa beneficiar das garantias processuais nele previstas.

11

Acórdão do Tribunal de Justiça, de 22 de Janeiro de 2002, Canal Satélite Digital SL, Processo C-390/99, Col. [2002], p. I-607, ponto 43; acórdão do Tribunal de Justiça, de 10 de Novembro de 2005, Comissão/República

Portuguesa, Processo C-432/03, Col. 2005, p. I-9665, ponto 52; acórdão do Tribunal de Justiça, de 15 de Julho

(10)

6.1.2. Procedimentos de autorização prévia e produtos já submetidos a ensaios noutros Estados-Membros

As exigências de proceder a avaliações da conformidade de uma forma concreta previstas na legislação nacional não devem ser consideradas uma regra técnica, mas antes um procedimento de autorização prévia, nos termos dos considerandos (11) e (12) do Regulamento «Reconhecimento Mútuo».

É evidente que, no âmbito desses procedimentos de autorização prévia, devem ser aplicadas normas técnicas na acepção do Regulamento. Essas regras poderão ser aplicadas no âmbito de ensaios, verificações ou de outras avaliações técnicas realizadas por laboratórios de ensaio, que, por seu turno, devem fornecer ao organismo administrativo nacional competente os elementos necessários a uma tomada de decisão sobre a matéria.

No âmbito de um dado regime de autorização prévia, não existem regras específicas da União Europeia para a avaliação dos casos em que tenham sido realizados ensaios em países nos quais tenham sido realizados os mesmos ensaios ou ensaios similares. A jurisprudência do Tribunal de Justiça12 requer que, nestes casos, a legislação nacional preveja procedimentos de autorização simplificados, que:

• sejam facilmente acessíveis,

• possam ser concluídos em prazos razoáveis, e

• se conduzirem a um indeferimento, a decisão de indeferimento deve poder ser objecto de recurso jurisdicional.

Concretamente, as autoridades nacionais não têm o direito de requerer análises técnicas ou químicas ou ensaios laboratoriais desnecessários, no caso de essas análises e esses ensaios já terem sido realizados noutro Estado-Membro e de os seus resultados se encontrarem à disposição dessas autoridades ou poderem ser, a seu pedido, colocados à sua disposição. O estrito cumprimento dessa obrigação requer uma abordagem activa por parte do organismo nacional a que é apresentado o pedido de aprovação de um produto ou de reconhecimento, nesse contexto, da equivalência de um certificado emitido por um organismo de aprovação de outro Estado-Membro. A mesma abordagem activa deve igualmente ser adoptada, se for caso disso, pelo segundo organismo, incumbindo, neste contexto, aos Estados-Membros assegurar a cooperação entre os organismos de aprovação competentes, tendo em vista facilitar os procedimentos a observar para obter acesso ao mercado nacional do Estado-Membro importador13.

12

Em especial, acórdão do Tribunal, de 5 de Fevereiro de 2004, Comissão/República Francesa, Processo C-24/00, Col. 2004, p. I-0000.

13

Cf. acórdãos do Tribunal de Justiça, de 10 de Novembro de 2005, Comissão/República Portuguesa, Processo C-432/03, Col. 2005, p. I-9665, pontos 46 e 47, Processo C-272/80, Frans-Nederlandse Maatschappij voor

Biologische Producten, Col. 1981, p. 3277, ponto 14, Processo Brandsma, ponto 12, e Processo C-400/96, Harpegnies, Col. 1998, p. I-5121, ponto 35.

(11)

6.1.3. Produtos colocados pela primeira vez no mercado e produtos legalmente comercializados noutro Estado-Membro

No seu artigo 2.º, n.ºs 16 e 17, o RPC estabelece uma clara distinção entre «disponibilização no mercado» e «colocação no mercado» de produtos de construção. Entende-se por «disponibilização no mercado» qualquer oferta de um produto de construção para distribuição ou utilização no mercado da União no âmbito de uma actividade comercial, enquanto por «colocação no mercado» se entende a primeira disponibilização de um produto de construção no mercado da União.

No que respeita à disponibilização no mercado de um Estado-Membro de produtos comercializados legalmente noutro Estado-Membro, e na ausência de medidas de harmonização ao nível da União Europeia, uma disposição nacional que exija que os produtos importados sejam submetidos aos mesmos ensaios que os produtos colocados no mercado pela primeira vez e sejam previamente aprovados constitui uma medida equivalente a uma restrição quantitativa à importação, na acepção do artigo 34.º do TFUE14.

No que respeita à primeira colocação no mercado da União Europeia, ver ponto 5.1,

supra.

7. PROCEDIMENTOSDEAVALIAÇÃOEPEDIDOSDEINFORMAÇÃO

Quando uma autoridade competente submete um produto a uma avaliação para determinar se se justifica ou não a tomada de uma decisão administrativa, o Estado-Membro pode solicitar ao operador económico em causa algumas informações pertinentes sobre as características do produto (artigo 4.º do Regulamento). O pedido deve, todavia, ser proporcionado: os controlos não devem sobrepor-se a controlos que já foram efectuados no âmbito de outros procedimentos, quer no mesmo Estado-Membro quer noutro Estado-Membro.

Os Estados-Membros não podem recusar os certificados e relatórios de ensaio emitidos por organismos de avaliação da conformidade acreditados para o domínio de avaliação da conformidade em causa nos termos do Regulamento (CE) n.º 765/2008, por razões relacionadas com a competência técnica desses organismos (artigo 5.º do Regulamento).

14

Cf. Processo C-14/02, Atral/Bélgica, Col. 2003, p. I-04431, ponto 62, e Processo C-390/99, Canal Satélite

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