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TODOS VÓS SOIS UM SÓ EM CRISTO JESUS (Gl 3,28d)

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SERVIÇO DE ANIMAÇÃO BÍBLICA – SAB

“TODOS VÓS SOIS UM SÓ

EM CRISTO JESUS”

(Gl 3,28d)

Carta aos Gálatas

Mês da Bíblia – 2021

(2)

Paulinas Rua Dona Inácia Uchoa, 62 04110-020 – São Paulo – SP (Brasil)

Tel.: (11) 2125-3500

http://www.paulinas.com.br – editora@paulinas.com.br Telemarketing e SAC: 0800-7010081

Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Direitos reservados.

Direção-geral: Flávia Reginatto Editora responsável: Vera Ivanise Bombonatto

Elaboração dos textos:

Zuleica Aparecida Silvano (introdução e os textos preparatórios de cada encontro) Maria Eliene Pereira de Oliveira (primeiro encontro);

Eliani Aparecida Araujo Costa (colaborou no texto preparatório do segundo encontro) e Inácio José Tadeu Rodrigues Martins (segundo encontro);

Atila Mariano de Almeida; Leonardo Enrique Gamboa León; Vinícius Pimentel Baquer (terceiro encontro);

Carlos Eduardo de Vasconcelos; Iago Maia Pereira; Itallo Cardoso de Oliveira; Tales Eduardo Gasparini (quarto encontro);

Maria Nady Martins e Rita Renilda Guimarães Protzner (celebração); Ruth Almeida Moreira de Souza e Zuleica Silvano (maratona bíblica);

Maria Inês Carniato (revisão) Copidesque: Ana Cecilia Mari Coordenação de revisão: Marina Mendonça

Revisão: Sandra Sinzato Gerente de produção: Felício Calegaro Neto

Capa e diagramação: Tiago Filu Imagem da capa: Cláudio Pastro Para outras informações, dirija-se ao Serviço de Animação Bíblica – SAB Av. Afonso Pena, 2142 – Bairro Funcionários

30130-007 – Belo Horizonte – MG Tel.: (31) 3269-3737 sab@paulinas.com.br 1a edição – 2021

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SUMÁRIO

Introdução ...7 Nosso subsídio ...15 Texto preparatório para o 1o encontro

A revelação de Jesus na estrada de Damasco ...18 1o Encontro

O encontro de Paulo com Cristo (Gl 1,1-24) ...24 Texto preparatório para o 2o encontro

Assembleia de Jerusalém e suas conclusões (Gl 2,1-21) ...30 2o Encontro

Ele nos amou e por nós se entregou (Gl 2,15-21) ...36 Texto preparatório para o 3o encontro

Não somos escravos, mas livres:

a experiência batismal (Gl 3,1–4,31) ...41 3o Encontro

“Vós todos sois filhos de Deus pela fé no Cristo Jesus” (Gl 3,26–4,7) ...44 Texto preparatório para o 4o encontro

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4o Encontro

O agir cristão: a verdadeira liberdade é Cristo

(Gl 5,13–6,10) ...54 Celebração de encerramento

Salvos pela fé em Jesus Cristo ...60 Maratona bíblica 2021 ...67

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INTRODUÇÃO

É com imensa alegria que celebramos, neste ano de 2021, o 50o aniversário do “Mês da Bíblia”. Essa iniciativa

teve início no Brasil em 1971, por ocasião do jubileu de ouro da Arquidiocese de Belo Horizonte. O “Mês da Bíblia” foi recomendado pelas Irmãs Paulinas, após a solicitação de sugestões a Dom João Resende Costa, então arcebispo metropolitano. Essa atividade expandiu-se pelas dioceses do regional Leste 2 da CNBB. Em 1985, essa atividade foi assumida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com o Serviço de Animação Bíblica (SAB), sendo, assim, proposta a todas as dioceses do país. Esse convênio entre SAB e CNBB foi concluído em 1995. Em 1999, o tema e o lema começaram a ser escolhidos pela Dimensão Bíblico-Catequética da CNBB em sintonia com as instituições bíblicas, entre elas o SAB-Paulinas. Hoje o “Mês da Bíblia’ é também realizado em várias dioceses e arquidioceses da América Latina e da África, tornando-se todos os anos um tempo privilegiado para aprofundar de-terminado livro ou tema bíblico.

O mês de setembro foi escolhido por causa da memória da morte de São Jerônimo, que, com Paula e Eustáquia,1

1 PAPA FRANCISCO. Carta apostólica Scripturae Sacrae Affectus: XVI centenário da morte de São Jerônimo. Vaticano, 2020. Disponível em: <http://www.vatican.va/ content/francesco/pt/apost_letters /documents/ papa-francesco-lettera-ap_20200930_ scripturae-sacrae-affectus.html>. Acesso em: 24 de outubro de 2020.

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traduziram a Bíblia dos originais hebraico e grego para o latim, a tradução chamada Vulgata.

Neste ano, o tema do “Mês da Bíblia” é a Carta de Pau-lo aos Gálatas e o lema é “Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d), extraído do “hino batismal”, descrito em Gl 3,26-28, quando Paulo afirma que todos são filhos e filhas de Deus. Portanto, pelo Batismo, as divisões foram superadas e, dessa forma, “não há mais judeu ou grego, nem escravo ou livre, nem macho ou fêmea”, pois somos um em Cristo Jesus. Acreditamos que o aprofundamento da Carta aos Gálatas será uma linda forma de celebrar os 50 anos da realização do “Mês da Bíblia”.

POR QUEM, QUANDO E ONDE FOI ESCRITA?

A Carta aos Gálatas é considerada autenticamente de Paulo, o apóstolo, por isso é chamada protopaulina.

Há duas propostas de datação da carta, bem como do local onde ela surgiu. A primeira hipótese propõe que tenha sido escrita entre os anos 56-57 d.C., na Macedônia. A segunda afirma que foi redigida em Éfeso, em meados dos anos 50 d.C. (entre 54 e 57). Esta última proposta parece ser a mais provável, ao considerarmos os estudos atuais e a revisão da datação das outras cartas de Paulo.

INTERLOCUTORES

Quanto à identificação dos destinatários dessa carta, temos um problema, dado a indicação genérica do cabeça-lho (“igrejas da Galácia”) e por individuarmos duas áreas

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geográficas com o mesmo nome: a região da Galácia, cha-mada de região norte (Galácia setentrional), e a província romana da Galácia, que englobava a região sul da Ásia Menor (Galácia meridional). A opção pela região, e não pela

província, é a mais plausível, pois sabe-se que Paulo não

costumava citar os nomes oficiais das províncias romanas em suas cartas, e sim os nomes originais das regiões (Gl 1,17.21; 4,25; 1Ts 2,14; Rm 15,24).

A Galácia era formada por uma população de origem celta, que, no século III a.C., emigrou da Europa para o centro-norte da Ásia Menor, e corresponde à região central da atual Turquia. No período do domínio grego não houve resistência dos gálatas, tendo ocorrido a helenização da região. Mas depois, diante das vantagens que os romanos prometiam, os gálatas os apoiaram, sendo recompensados com a ampliação de seu território, por Pompeu e Augusto, e em 25 a.C. a Galácia tornou-se província romana.2

Paulo passou pela Galácia e ali permaneceu por um tem-po, por causa de uma enfermidade (Gl 4,13-14), provavel-mente contagiosa, sendo acolhido pelas pessoas dessa região como um mensageiro de Deus. Nesse período foi fundada a comunidade, constituída, em sua maioria, por pessoas de origem pagã (Gl 4,8; 5,2; 6,12-13), da cultura greco-romana, pois era rara a presença de judeus nessas cidades. Não há muitos dados sobre os costumes dos gálatas, porém, sabe-se que frequentavam as religiões pagãs, que adoravam deuses e deusas e veneravam fenômenos da natureza, tais como as estrelas, o sol e a lua. Havia uma miscigenação de elementos 2 SCHNELLE, U. Paulo: vida e pensamento. São Paulo/Santo André; Paulus/Academia

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de culturas religiosas primitivas, com suas diversas concep-ções de mundo, diferentes da cultura judaica.

QUAL A PRINCIPAL FINALIDADE DA CARTA?

Podemos dizer que Gálatas pertence ao gênero epistolar, com uma finalidade apostólica, ou seja, traz um discurso de Paulo dirigido aos gálatas, num determinado momento de conflito no interior da comunidade. Seu objetivo era superar a crise provocada pelos cristãos3 vindos do judaísmo, os

chamados judaizantes (Gl 1,7.9; 4,17; 5,7.8-10.12; 6,12.13), ao exigirem que aqueles que aderissem a Jesus Cristo, sem pertencerem à cultura e religião judaica, passassem pela circuncisão e praticassem os mandamentos determinantes para a identidade judaica (Gl 3,2; 4,10.21; 5,3-4). Eles, ainda, diziam que Paulo não anunciava aos gentios o verda-deiro Evangelho, conforme os outros apóstolos ensinavam. Apesar de não serem expressamente identificados na Carta aos Gálatas, possivelmente os judaizantes eram cristãos vindos de Jerusalém.

Ao entrecruzar dados autobiográficos e teológicos, Paulo reafirmou que os gentios não precisavam circuncidar-se nem obedecer aos mandamentos exigidos pelos judaizantes, ou seja, ninguém precisava ser um prosélito do judaísmo para 3 É um anacronismo usar o termo “cristão” ou “cristã” no contexto do primeiro século, mas iremos utilizá-lo somente como uma comodidade linguística, para não repetir a expressão “seguidores de Jesus Cristo”. Assim, a expressão “judeo-cristão” deve ser interpretada como o seguidor de Jesus Cristo proveniente da tradição e da cultura judaica; já o “gentio-cristão” é aquele seguidor de Jesus Cristo proveniente da cultura greco-romana. A inadequação do uso de “judeo-cristão” e “gentio-cristão”, no sentido historiográfico, no século I, foi aprofundada por: PESCE, M. De Jesus ao cristianismo. São Paulo: Loyola, 2017. p. 207-216. (Bíblica Loyola, 71).

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tornar-se depois um seguidor ou uma seguidora de Cristo com o Batismo, bem como comprovou que a redenção provém da fé em Cristo Jesus e não da prática da lei. Desse modo, defendeu a validade de seu Evangelho, e abordou um dos temas principais de sua “teologia”, a justificação pela fé em Cristo crucificado e ressuscitado.

Por estar na fase final da ação missionária de Paulo, Gálatas reflete toda a experiência e a maturidade teológica desse incansável apóstolo e missionário de Jesus Cristo e nos oferece algumas informações sobre as comunidades primitivas (Gl 2,1-14).

ESTRUTURA DA CARTA AOS GÁLATAS

Há várias propostas de subdivisão das argumentações presentes no texto. De forma geral, Paulo segue o esquema clássico de uma carta: temos o cabeçalho (os remetentes, os destinatários, a saudação) com a indicação do problema a ser tratado (Gl 1,1-10), o corpo da carta, no qual é desenvolvido o conteúdo (1,11–6,10), e a saudação final (6,11-18).

O corpo da carta articula-se em três partes: a) dados da vida de Paulo e defesa da justificação pela fé em Cristo, e não pela observância das obras da lei (1,13–2,21); b) seis argumentos que comprovam a justificação pela fé, tirados da experiência da comunidade e da Escritura, particularmente das narrativas sobre Abraão (3,1–4,31); e c) a parte exortati-va, advertindo os gálatas a manterem a liberdade em Cristo e a caminharem segundo o Espírito (5,1–6,10). Conclui-se com alguns comentários pessoais e com uma breve bênção (Gl 6,11-18), conforme o esquema que segue:

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Introdução 1,1-10 Cabeçalho e indicação da problemática

Corpo da carta

1,11–2,21 PARTE I

Tema principal da carta (1,11-12) Dados autobiográficos e defesa da justi-ficação pela fé (1,13–2,21)

3,1–4,31 PARTE II

Seis argumentos que comprovam a jus-tificação pela fé e não pela observância das obras da lei

5,1–6,10 PARTE III

Parte exortativa: a liberdade em Cristo e a vida segundo o Espírito

Conclusão 6,11-18 Assinatura, comentários finais e bênção

DESTAQUES TEOLÓGICOS

A Carta aos Gálatas é um dos escritos paulinos mais importantes por evidenciar o que Paulo entende por justifi-cação, por Evangelho, e por conter uma variedade de termos que expressam a ação salvífica de Deus por meio de Jesus Cristo. Ela é também uma carta polêmica e, por isso, é a que mais contém aspectos autobiográficos, dado que o Evange-lho pregado por Paulo aos gentios (aqueles de cultura não judaica) e a sua autoridade apostólica tinham sido colocados em discussão pelos judaizantes.

Ao percorrer a carta, podemos identificar alguns eixos do ensinamento paulino. O primeiro é o teológico, quando expressa a relação entre Deus Pai e seu filho Jesus (1,16; 2,20; 4,4.6). Deus Pai é o agente de todo o plano da redenção. É ele que estabelece quando será o tempo de enviar o Filho e o Espírito e, assim, revelar seu plano de amor ao mundo e a todos nós. Ele é o Pai que nos chama (1,6.15-16), dele recebemos graça e paz (1,3), somos justificados diante dele

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(3,11) e, mediante o Batismo e a fé em Jesus Cristo, nos tornamos seus filhos adotivos (3,26; 4,7).

O segundo eixo é o cristológico-soteriológico,4 que

afir-ma a gratuidade da redenção concedida por Jesus Cristo, o que Paulo chama de justificação pela fé, sendo esse um dos pontos teológicos centrais da carta. Para o apóstolo, a lei judaica conduziu o povo eleito até a plenitude da revelação, que se dá com a vinda de Cristo. Dessa forma, a promessa feita a Abraão (Gl 3,6-9), por ter acreditado, realiza-se em Jesus (Gl 4,1-5), de forma particular, no fato de ele conceder a redenção a toda a humanidade (Gl 2,16.17.21; 3,8.11.21.24; 5,4.5). Outro elemento importante é a fé, como adesão à iniciativa salvífica do Pai, mediada pela obediência do Filho (Gl 2,19-20) e pela ação do Espírito (Gl 4,6-7).

Paulo usa o termo “evangelho” para falar sobre o alegre anúncio salvífico centrado no mistério da vida de Cristo, sobretudo, no mistério pascal (Gl 1,11-12). O cristão, aco-lhendo o Evangelho e a ele aderindo, participa gratuitamente, por meio do Batismo, da filiação divina (Gl 3,26-4,7). Essa filiação se expressa concretamente na vivência da liberdade em Cristo, que consiste em deixar-se conduzir pelo Espírito (Gl 5,1-26), isto é, ter uma vida pautada pelo amor, pelo ser-viço (Gl 5,13; 6,1-10), sendo uma nova criatura (Gl 6,15).5

Portanto, o terceiro e último tema teológico é o papel do Espírito no plano da salvação e a dimensão ética, isto é, a prática cotidiana de quem o acolhe em sua vida.

4 Cristologia é a parte da teologia que trata de Jesus Cristo, e soteriologia versa sobre a salvação da humanidade por Jesus Cristo e sobre a ação salvífica de Deus. 5 SILVANO, Z. A. Carta aos Gálatas: tradução, introdução e comentários. In: A Bíblia:

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NOSSO SUBSÍDIO

Este fascículo tem como objetivo proporcionar aos grupos de reflexão e círculos bíblicos um encontro pessoal e comu-nitário com a Palavra a partir da Carta de Paulo aos Gálatas. O subsídio contém quatro encontros e cada um é precedi-do por um texto preparatório sobre o trecho bíblico abordaprecedi-do. No final, é proposta uma celebração de encerramento que pode ser preparada no grupo ou em comunidade.

No primeiro encontro fazemos uma reflexão sobre Gl 1,11-24, em que Paulo traz, em sua vida, os elementos fun-damentais da revelação de Jesus Cristo, Filho de Deus. A Assembleia de Jerusalém e suas consequências, relatadas em Gl 2,1-21, são abordadas no segundo encontro. No terceiro, consideramos o texto de Gl 3,1–4,31, focalizando a experiên-cia batismal. No quarto encontro, propomos aprofundar sobre o agir cristão e as exortações de Paulo para a comunidade, presentes em Gl 5,13–6,10.

O último encontro é reservado para a celebração de en-cerramento, fazendo memória dos quatro temas anteriores. Como nos anos anteriores, foi elaborada uma maratona bíblica que poderá ser feita em seu grupo, sua paróquia, pastoral ou movimento.

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS

Sugestões para a pessoa ou equipe que conduzirá os encontros:

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• ler com antecedência o texto preparatório e a indicação bíblica;

• providenciar os símbolos e preparar o ambiente para acolher os participantes;

• caso seja necessário, substituir cantos desconhecidos por outros familiares ao grupo, e, assim, favorecer a participação de todos;

• este subsídio traz várias músicas de Paulinas/COMEP. Fotografe o QR Code abaixo e acesse-as nas platafor-mas digitais;

• preparar a celebração de encerramento com outros grupos que fazem parte das comunidades, da paróquia, ou do grupo que deseja aprofundar esse texto bíblico. A maratona bíblica pode envolver todos que partici-param dos encontros dos círculos bíblicos nas paróquias, nas comunidades ou nas casas. Podem ser também criadas outras modalidades que se adaptem à realidade local. Se for conveniente, pode-se premiar as pessoas ou os grupos que acertarem o maior número de questões. Para isso, os animadores ou animadoras deverão antecipadamente obter os prêmios e organizar o sorteio.

Ao final dos encontros, o grupo é convidado a fazer uma avaliação e enviá-la para a equipe do SAB. Suas sugestões são valiosas para a preparação dos próximos subsídios do “Mês da Bíblia”.

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PARA APROFUNDAR O TEMA

A BÍBLIA: Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2015.

BARBAGLIO, G. As cartas de Paulo, I. São Paulo: Loyola, 1989. (Bíblica Loyola, 4).

BINGEMER, M. C. L. Jesus Cristo: servo de Deus e Messias glo-rioso. Teologia sistemática: cristologia. São Paulo/Valencia; Paulinas/Siquem, 2008. (Livros Básicos de Teologia, 8.) BROWN, R. E. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo:

Pau-linas, 2004. (Bíblia e História. Maior).

FRANÇA, A. A cruz em Paulo: um sentido para o sofrimento. São Paulo: Paulinas, 2010.

GRENZER, M. Trajetória do apóstolo Paulo. 4. ed. São Paulo: Paulinas, 2015.

HAWTHORNE, G.; MARTIN, R.; REID, D. Dicionário de Paulo e suas Cartas. São Paulo: Vida Nova/Paulus/Loyola, 2008. MURPHY-O’CONNOR, J. Jesus e Paulo: vidas paralelas. 2. ed.

São Paulo: Paulinas, 2009.

SERVIÇO DE ANIMAÇÃO BÍBLICA. Em Jesus, Deus comuni-ca-se com o povo: comunidades cristãs na diáspora. 4. ed. São Paulo: Paulinas, 2009.

SILVA, Valmor da. Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus! Teologia paulina. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2008. SILVANO, Z. A. Carta aos Gálatas: “Até que Cristo se forme em

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1

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A REVELAÇÃO DE JESUS

NA ESTRADA DE DAMASCO

O texto que dá início à carta (Gl 1,1-24), e que aprofun-daremos no primeiro encontro, pode ser dividido em três partes: o cabeçalho (1,1-5), a indicação da problemática entre Paulo e a comunidade dos gálatas (1,6-10) e alguns dados autobiográficos de Paulo, com os quais o apóstolo prova que o Evangelho anunciado por ele e sua missão lhe foram dadas por revelação de Deus (1,11-24). Estudaremos cada uma dessas temáticas separadamente.

CABEÇALHO E SAUDAÇÃO (Gl 1,1-5)

Hoje, estamos acostumados com mensagens curtas enviadas pelas redes sociais (e-mail, whatsapp, facebook, instagram, telegram e outras), e já quase nem recordamos das partes tradicionais da escrita de uma carta. Na antigui-dade, era costume iniciar uma carta colocando o nome do remetente, para, depois, citar o destinatário e saudá-lo. Paulo, algumas vezes, apresenta mais de um remetente em suas cartas. Escreve para uma comunidade específica e, além da saudação característica (“graça e paz”), acrescenta uma ação de graças, na qual recorda a fidelidade dos fiéis no seguimen-to de Jesus Crisseguimen-to, a perseverança diante das perseguições e outros elementos próprios da vivência da fé da comunidade.

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Nesta carta, devido à problemática existente entre Paulo e os gálatas (veja introdução deste subsídio), são omitidos alguns aspectos presentes nas outras cartas e acrescentados outros. De fato, na indicação dos remetentes, Paulo não identifica os colaboradores, mas, sim, usa uma expressão genérica (“todos os irmãos que estão comigo”) e cita só o próprio nome: Paulo (1,1a-2b). Junto ao nome, acentua a origem divina de sua vocação missionária e o cumprimento do plano salvífico de Deus. Essa introdução visa provar que Paulo é um apóstolo enviado por Jesus Cristo ressuscitado e, portanto, o Evange-lho por ele anunciado é verdadeiro (Gl 1,1). Diferentemente das outras cartas, esta é escrita para uma região com diversas comunidades (v. 3), e não há nenhuma ação de graças. Pelo contrário, nela se expressa a indignação do apóstolo diante da atitude dos gálatas, que acreditaram nas críticas injustas dos judaizantes a ele (Gl 1,6).

Esses elementos diversos ressaltam a problemática provocada na comunidade pelos chamados opositores, que, provavelmente, afirmavam não ser Paulo um verdadeiro apóstolo, mas, sim, o anunciador de um falso Evangelho. É importante destacar que sua preocupação não é a de defen-der sua identidade de apóstolo, mas de manter a verdade e a origem divina do Evangelho.

No início da carta, Paulo se vê como um enviado de Deus para ser instrumento da ação salvífica divina no meio dos gentios, ou seja, daqueles que não nasceram na tradição religiosa judaica. Assim, afirma que todo aquele ou aquela que adere a Jesus Cristo é também filho ou filha de Deus e que a salvação é oferecida a toda a humanidade, por meio da morte e da ressurreição de Jesus (Gl 1,4-5).

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Por isso, temos o anúncio da morte de Jesus, da salvação concedida por Cristo (v. 4), acompanhada de uma frase que nos convida a louvar e agradecer a Deus Pai, por todos os séculos, por manifestar a sua glória por meio da ressurreição de Jesus (v. 5).

A expressão “tempo presente mau”, no v. 4, que em al-gumas traduções pode ter a frase “século mau” ou “mundo mau”, provém da tradição judaica, que distinguia o tempo dominado pelo pecado, o tempo da escravidão (tempo mau), do tempo vindouro, do Reino de Deus, que para Paulo se inicia com Jesus Cristo.

A CRISE DA COMUNIDADE (Gl 1,6-10)

Após essa breve introdução, Paulo substitui a habitual ação de graças por uma exortação que exprime a indig-nação diante da inconstância dos gálatas, por se deixarem levar pelos argumentos dessas pessoas que ele chama de “adversários”. Paulo não deseja criar uma discussão com a comunidade, mas expressa a sua “raiva”, de forma irônica, com o intuito de expor a gravidade do problema e convencer os gálatas a retomarem o caminho já iniciado conforme seus ensinamentos. Por isso, o apóstolo defende o Evangelho por ele anunciado e convoca os gálatas a tomarem consciência de que não podem deixar-se seduzir pelo evangelho que ele chama de “diverso”.

Esse “evangelho diverso”, provavelmente, é aquele pre-gado por pessoas que aderiram a Jesus Cristo, provenientes da tradição religiosa judaica, chamadas de “judaizantes”. Elas defendiam a necessidade de exigir dos batizados, de origem

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gentílica,1 práticas próprias do judaísmo, como a circuncisão

e a observância da lei, sobretudo, as leis referentes ao repouso sabático, à participação das festas judaicas, e ao consumo ou não de determinados alimentos, chamadas de leis dietéticas. Esses judaizantes afirmavam que, para ser seguidor de Jesus, era necessário ser antes judeu. Paulo discordava, pois defendia que a vinda de Jesus Cristo trouxe uma novidade que não tinha sido prevista nas expectativas messiânicas da tradição judaica.

A palavra “evangelho” (v. 7), segundo a perspectiva pau-lina, designa a revelação do filho Jesus Cristo, ressuscitado, após a morte na cruz. Para Paulo, Jesus não foi enviado para morrer pelos nossos pecados, mas morre porque é fiel ao pla-no do Pai, que foi rejeitado pelas autoridades de seu tempo, por interesses pessoais, políticos e religiosos. Porém, Deus não se vinga, mas continua revelando seu amor ao resgatar a humanidade do pecado e libertá-la da escravidão, por meio da morte e ressurreição de Jesus. Isso revela a solidariedade do Filho e o amor do Pai para com toda a humanidade.

Paulo, nesses versículos, sustenta a autenticidade do seu anúncio, afirmando que o Evangelho pregado por ele não é de origem humana, mas divina (v. 10). Essa mensagem tem sua centralidade em Cristo. Desse modo, o chamado à fé é um dom gratuito, fundamentado na obediência filial de Cristo Jesus ao projeto de amor de Deus Pai.

1 Essas pessoas são também chamadas, em algumas traduções, de “pagãs”, e podem ser erroneamente interpretadas como aquelas que não têm religião. Na realidade, gentios são aqueles que não nasceram dentro da tradição religiosa judaica. Eles pertenciam a outras tradições religiosas, como o politeísmo (culto a vários deuses), o henoteísmo (culto a vários deuses, mas um deus se destacava, como Zeus, entre os gregos, e Mar-duk, entre os babilônios), a monolatria (adoração de um único deus regional, porém com a crença de que havia outros deuses que protegiam outras regiões) ou até mesmo o monoteísmo, com características diferentes do Deus cultuado na tradição judaica.

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A REVELAÇÃO DE JESUS A PAULO NA ESTRADA DE DAMASCO (Gl 1,11-24)

A terceira seção da carta pode ser considerada não mais uma introdução, mas o desenvolvimento do conteúdo (Gl 1,11-24). Nela, Paulo fala de sua vocação, para justificar a origem da mensagem anunciada por ele. O apóstolo inicia relatando a sua experiência de fé, quando, por revelação, compreende que Jesus humano, morto e ressuscitado é o Messias, e mais do que isso, é o Filho de Deus. Afirmar que Jesus é o Messias e o Filho de Deus parece não ser nenhu-ma novidade para nós, dado que nascemos nunenhu-ma realidade religiosa e professamos muitas vezes a nossa fé em Jesus humano e divino, mas poucas vezes dedicamos tempo para refletir sobre o que isso significa e quais consequências tal confissão de fé traz para nossa vida. No entanto, no início da fé cristã, isso era uma grande novidade, sobretudo para a tradição judaica daquele tempo. Ao ressaltar a novidade dessa revelação na Carta aos Gálatas, Paulo nos informa sobre sua tradição religiosa judaica e afirma ser zeloso. Era apegado a essas tradições, a ponto de fazer parte do grupo dos fariseus, que tinha como prioridade estudar os textos sagrados, ensiná-los e ajudar as pessoas a trilharem o caminho prescrito pela lei dada a Moisés. Para os fariseus, Jesus era um impostor e um blasfemo, por afirmar que era Filho de Deus e Messias. Para Paulo, antes do encontro de Damasco, Jesus estava enganando os judeus e afastando--os da tradição judaica. Por isso, ele se sentia responsável por perseguir os judeus iludidos por esse falso messias, a ponto de não perceberem a impossibilidade de um messias morrer na cruz, ou seja, um messias maldito (Dt 21,22-23), abandonado por Deus. Além disso, era um absurdo acreditar

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que um ser humano poderia ser o “Filho de Deus”. Paulo era um zeloso fariseu e não uma pessoa ruim2 (Gl 1,13-14).

Conhecendo essa dimensão de sua vida, podemos entender a grande novidade que foi a revelação gratuita de Deus ex-perimentada por Paulo, de que Jesus crucificado era o Filho de Deus encarnado na condição humana.

Em Gl 1,15-16, o apóstolo define sua experiência em Damasco como uma revelação direta de Jesus Cristo, por iniciativa de Deus Pai. Nessa revelação, ele também recebe a vocação, com uma missão específica: anunciar a Boa-Nova do amor de Deus por meio de seu Filho para todos os povos (v. 15; Is 49,1; 50,4; Jr 1,5). A partir de sua experiência, per-cebe claramente que Deus deseja oferecer a todos a redenção mediante a fé em Cristo.

2 Paulo, juridicamente, não podia prender nem tampouco aplicar a punição indicada para esses casos, que era receber quarenta golpes de vara, menos um. Mas podia apresentá--los às autoridades judaicas legítimas, que exerceriam tal julgamento e punição. Essa punição tinha um caráter disciplinar, que era de ajudar as pessoas a tomarem consci-ência de que estavam trilhando um caminho errado e sendo enganadas por um falso messias.

Referências

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