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AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

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Academic year: 2021

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AGRONEGÓCIO

BRASILEIRO

3º tri 2020

(2)

do

MERCADO DE TRABALHO

DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O Boletim Mercado de Trabalho do Agronegócio Brasileiro é uma

publicação trimestral, elaborada pelo Centro de Estudos Avançados

em Economia Aplicada (CEPEA), que aborda aspectos da conjuntura

e da estrutura do mercado de trabalho do setor. O agronegócio, setor

foco deste boletim, é entendido como a soma de quatro segmentos:

insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica, ou

pri-mária, agroindústria (processamento) e agrosserviços. A pesquisa do

Cepea utiliza como principal fonte de informações os microdados da

PNAD-Contínua e, de forma complementar, dados da Relação Anual

de Informações Sociais (RAIS-MTE) e de outras pesquisas do IBGE. É

importante mencionar que as análises do Cepea se baseiam na

PNA-D-Contínua, que não contempla indivíduos que atuam no setor

pro-duzindo apenas para próprio consumo. A descrição metodológica do

cálculo e o acompanhamento do mercado de trabalho do

agronegó-cio podem ser obtidos mediante solicitação: pibcepea@usp.br.

ELABORAÇÃO:

CEPEA – CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA

BARROS, G.S.C.; CASTRO, N.R.; MACHADO, G.C.; ALMEIDA, F.M.S.; ALMEIDA, A.N. BOLETIM MERCADO DE TRABALHO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). PIRACICABA, 3º TRIMESTRE 2020, 2021.

Coordenação Geral: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros.

Equipe técnica: Dra. Nicole Rennó Castro, Msc. Gabriel Costeira Machado, Msc. Felipe Miranda de Souza Almeida, Dr. Alexandre Nunes de Almeida.

Jornalista responsável: Alessandra da Paz (MTb: 49.148)

Revisão e diagramação: Bruna Sampaio (MTb: 79.466), Flávia Gutierrez (Mtb: 53.681) e Nadia Zanirato (MTb: 81.086)

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SUMÁRIO EXECUTIVO

• No terceiro trimestre de 2020, o número de ocupados no agronegócio demon-strou recuperação frente ao segundo trimestre (+1,3% ou 217 mil pessoas), pux-ada pelas ocupações na agropecuária; porém, o número recuou na comparação com o registrado no mesmo período de 2019 (-7,6% ou 1,39 milhões de pessoas). • Na comparação entre os terceiros trimestres de 2019 e de 2020, a queda no setor foi menos acentuada que no Brasil como um todo, de -12,1%.

• Entre os perfis de trabalhadores, as reduções mais significativas em números de ocupa-dos foram observadas para empregaocupa-dos, com e sem carteira assinada, para trabalhadores com menores níveis de escolaridade e para mulheres.

• Em geral, as perdas mais acentuadas no número de ocupações ocorreram na agroin-dústria e nos agrosserviços. Por serem comportamentos atípicos ou de magnitude mais elevada do que a usual, é provável que essas perdas estejam, em partes, relacionadas à crise da cov-id-19.

• Em relação aos rendimentos efetivos mensais, entre os terceiros trimestres de 2019 e de 2020, houve aumento real na média para os empregados (4,8%) e para os empregadores (5,7%); mas queda para trabalhadores por conta própria (4,2%). Em partes, as altas também podem ser explicadas pela saída do mercado de trabalho, diante da pandemia, de trabalhadores mais vulneráveis e que recebiam salários menores.

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MERCADO DE

TRABALHO

NÚMERO DE OCUPADOS NO AGRONEGÓCIO SE RECUPERA,

MAS CONTINUA ABAIXO DO DE 2019

N

o terceiro trimestre de 2020, a popula-ção ocupada (PO) no agronegócio cres-ceu 1,3% (o equivalente a um aumento de aproximadamente 217 mil pessoas) em relação ao segundo trimestre do ano, totali-zando 16,94 milhões de pessoas. Na mesma comparação, o número de ocupados no Brasil diminuiu 1,06%, ou mais de 883 mil pessoas (Tabela 1). Esse comportamento é um indica-tivo de recuperação no mercado de trabalho do agronegócio após o período considerado, até então, o mais crítico em termos dos efei-tos da pandemia sobre o setor (especialmente de abril a junho). Diante desses movimentos, a participação do agronegócio no merca-do de trabalho brasileiro alcançou 20,55% no terceiro trimestre de 2020 (Tabela 1).

Entretanto, ao se comparar o tercei-ro trimestre de 2020 com o mesmo período

de 2019, houve queda expressiva no núme-ro de ocupados no agnúme-ronegócio, de 7,58%, o equivalente a 1,39 milhão de pessoas, e a queda mais expressiva na comparação entre terceiros trimestres desde o início da série histórica do Cepea, em 2012. Nessa mesma comparação, houve baixa de 12,09% na po-pulação ocupada brasileira total, equivalente a 11,34 milhões de pessoas (Figura 1 e Tabela 1). A Figura 1 apresenta a evolução do núme-ro de ocupados no agnúme-ronegócio entre 2012 e 2020, levando-se em consideração o terceiro trimestre de cada ano. Nota-se que, em geral, a PO do agronegócio passou por uma tendên-cia de queda (com alguma estabilização em 2018 e 2019) ao longo dos anos, mas que a redução observada em 2020 foi bem mais acentuada, em decorrência da pandemia.

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Figura 1 - População ocupada no agronegócio no terceiro trimestre de cada ano, de 2012 a 2020 Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

Segmentos 2019 2020 /3T20193T2020 /2T20203T2020 3T 2T 3T Insumos 231.889 222.976 215.692 -6,99% -3,27% Primário 8.287.245 7.791.966 8.096.068 -2,31% 3,90% Agroindústria 3.900.579 3.420.489 3.448.730 -11,58% 0,83% Agrosserviços 5.912.089 5.289.961 5.181.872 -12,35% -2,04% Agronegócio 18.331.802 16.725.391 16.942.362 -7,58% 1,30% Brasil 93.800.646 83.347.112 82.463.740 -12,09% -1,06% Agronegócio/Brasil 19,54% 20,07% 20,55%

Tabela 1 - Número e variação da população ocupada (PO) no agronegócio, seus segmentos e no Brasil como um todo (2020/2019)

Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

19,55 19,38 19,19 19,01 18,23 18,19 18,31 18,33 16,94 15,5 16 16,5 17 17,5 18 18,5 19 19,5 20 3 T 2 0 1 2 3 T 2 0 1 3 3 T 2 0 1 4 3 T 2 0 1 5 3 T 2 0 1 6 3 T 2 0 1 7 3 T 2 0 1 8 3 T 2 0 1 9 3 T 2 0 2 0 MI LH ÕE S

A

o analisar a evolução do mercado

de trabalho por segmento do agro-negócio, na comparação entre julho e setembro de 2020 frente ao mesmo pe-ríodo de 2019, observa-se que a queda se deu em todos os segmentos, com diferentes intensidades – Tabela 1. Os recuos mais sig-nificativos (em termos relativos), superiores a 10%, ocorreram nos segmentos

agroin-dustrial e de agrosserviços, enquanto na agropecuária a redução foi de 2,31% e, nos insumos, de 6,99%. Em termos absolu-tos, as perdas de ocupações nos segmentos foram as seguintes: 16,2 mil pessoas em insumos; 191,18 mil pessoas na agropecu-ária; 451,85 mil pessoas na agroindústria e 730,22 mil pessoas nos agrosserviços.

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A

análise do perfil de trabalhadores do agronegócio brasileiro contem-pla as seguintes categorias: (i) posi-ção na ocupaposi-ção e categoria de emprego; (ii) nível de instrução e (iii) gênero (Tabela 2). Na Tabela 2 são apresentadas as dinâ-micas do perfil do trabalhador do agrone-gócio na comparação com o mesmo tri-mestre do ano anterior (3T2019) e com o trimestre imediatamente anterior (2T2020).

Nota-se, primeiramente, que a queda do contingente de ocupados no setor ocor-reu em quase todos os grupos de posições na ocupação e categorias do emprego dos tra-balhadores na comparação entre os terceiros

trimestres de 2019 e 2020. Destaque é dado para as quedas de 9,39% (ou 609,95 mil pessoas) e de 17,29% (ou cerca de 560 mil pessoas) observadas nas categorias empre-gados com e sem carteira assinada, respec-tivamente. Essas categorias, em especial os trabalhadores informais (sem carteira assi-nada), têm sido fortemente impactadas pela crise que assola o País. Já entre o segundo e o terceiro trimestres de 2020, a principal categoria a registrar aumento das ocupações também foi a de empregados sem carteira – indicando que a ainda lenta recuperação do mercado de trabalho do agronegócio tem ocorrido sobretudo na informalidade.

Como evidenciado no relatório an-terior, desde 2015 já havia tendência de re-dução no número de ocupados do segmento agroindustrial, decorrente da crise econô-mica no País e seu efeito sobre o nível de atividade das agroindústrias mais dependen-tes do mercado doméstico. Mas, levando-se em consideração os terceiros trimestres de cada ano, essa foi a queda mais expressiva observada desde o início da série histórica em 2012. Por outro lado, nos agrosserviços, até 2019 se observava tendência geral de alta no número de ocupados. Na compa-ração entre os terceiros trimestres de cada ano, a PO do segmento recuou apenas entre 2014 e 2015 e entre 2015 e 2016 (-0,2% ou aproximadamente 9 mil pessoas, e -2,6% ou aproximadamente 146 mil pessoas, res-pectivamente), mas com magnitude bastante reduzida frente ao que se observou em 2020.

Também se destacou no relató-rio anterelató-rior que os movimentos retrata-dos na Tabela 1 são atípicos ou de magni-tude mais elevada do que o usual, e, por isso, é provável que estejam, ao menos em partes, relacionados à crise da covid-19. No entanto, deve-se mencionar tam-bém que, entre o segundo e o terceiro tri-mestres, a PO do agronegócio aumentou, pu-xada sobretudo pela agropecuária (+3,9% ou 304 mil pessoas). Mesmo na agroindús-tria, segmento do agronegócio mais afetado pela pandemia, foi observado modesto au-mento no número de ocupações no terceiro trimestre frente ao segundo (+0,8% ou 28 mil pessoas). Esse é um indicativo de recupe-ração no mercado de trabalho do setor após o período de abril a junho, considerado, até então, o mais crítico em termos dos efeitos da pandemia sobre o agronegócio.

PERFIL: MAIS VULNERÁVEIS SÃO MAIS AFETADOS NO CENÁRIO DE

REDUÇÃO DE OCUPAÇÕES

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Categorias 2019 2020 /3T20193T2020 /2T20203T2020 3T 2T 3T Posição na ocupação e categorias de emprego Empregado c/ carteira 6.493.644 6.013.916 5.883.697 -9,39% -2,17% Empregado s/ carteira 3.239.138 2.494.027 2.679.114 -17,29% 7,42% Empregador 798.275 732.931 732.459 -8,24% -0,06% Conta própria 5.978.163 5.611.764 5.752.324 -3,78% 2,50% Outros 1.822.584 1.872.752 1.894.767 3,96% 1,18% Níveis de instrução Sem instrução 878.523 676.766 709.938 -19,19% 4,90% Fundamental* 8.304.562 7.146.642 7.258.175 -12,60% 1,56% Médio* 6.393.276 6.058.703 6.057.118 -5,26% -0,03% Superior* 2.755.444 2.843.280 2.917.131 5,87% 2,60% Gênero Masculino 12.582.917 11.570.691 11.708.202 -6,95% 1,19% Feminino 5.735.545 5.148.657 5.227.769 -8,85% 1,54%

Tabela 2 - Número e variação na PO do agronegócio por classes de posição na ocupação e categorias de emprego, de níveis de instrução e por gênero (2020/2019)

Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS. * ou com até um ano de estudo; ** completo ou incompleto; *** não inclui a CNAE 01999.

ANÁLISE SETORIAL: INDÚSTRIA AGRÍCOLA REGISTRA A MAIOR PERDA

DE OCUPAÇÕES DENTRE OS SEGMENTOS

Assim como evidenciado no relató-rio anterelató-rior, a análise para os níveis médios de qualificação da mão de obra (ou nível de instrução) também reforça a evidên-cia de impacto diferenevidên-ciado da crise para trabalhadores mais ou menos vulneráveis. Primeiramente, na comparação entre os ter-ceiros trimestres, houve queda na PO em to-dos os níveis de instrução, exceto entre os trabalhadores com ensino superior. Para os demais níveis, as baixas mais acentuadas, em termos relativos, foram verificadas para

os trabalhadores sem instrução nenhuma ou com até ensino fundamental: -19,19% ou 168,59 mil pessoas e -12,60%, ou 1,05 milhões de pessoas, respectivamente.

Quando analisada a variação do nú-mero de ocupações em relação ao gênero, na comparação entre o terceiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2019, houve re-dução relativa pouco maior entre as mulheres (8,85%, ou 507,78 mil pessoas) do que entre os homens (6,95%, ou 874,71 mil pessoas).

Nessa seção, é feito o detalhamen-to das variações no número de ocupados para os setores e atividades específicos que compõem cada segmento do agronegócio. A Tabela 3 se refere aos insumos. Comparati-vamente aos demais segmentos, o número de trabalhadores é pequeno, de modo que a análise se torna suscetível aos problemas de caráter amostral da PNAD-C. No terceiro

trimestre de 2020, o número de ocupados no segmento de insumos apresentou que-das de 7,0% na comparação com o mesmo trimestre de 2019 e de 3,3% frente ao tri-mestre imediatamente anterior. Nesse movi-mento, destacam-se as reduções no número de ocupados das indústrias de rações e, em menor magnitude, de máquinas agrícolas.

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2019 2020 3T2020/2T2020 3T2020/3T2019 3T 2T 3T % Δ % Δ Cereais 450.064 493.776 506.443 2,6% 12.667 12,5% 56.379 Algodão 11.108 2.482 3.652 47,1% 1169,773956 -67,1% -7.456 Cana-de-açúcar 294.421 237.178 282.712 19,2% 45.534 -4,0% -11.709 Fumo 266.959 272.194 269.789 -0,9% -2.405 1,1% 2.830 Soja 381.476 407.029 406.849 0,0% -180 6,7% 25.373 Horticultura 549.979 583.794 628.869 7,7% 45.075 14,3% 78.890 Laranja 168.188 125.346 156.972 25,2% 31.626 -6,7% -11.216 Uva 93.759 89.476 80.949 -9,5% -8.526 -13,7% -12.810 Flores e plantas ornam. 49.521 37.667 40.847 8,4% 3.181 -17,5% -8.674 Café 642.222 666.703 706.950 6,0% 40.247 10,1% 64.728 Cacau 133.346 135.750 156.806 15,5% 21.056 17,6% 23.460 Outras lavouras 1.743.641 1.624.166 1.782.442 9,7% 158.277 2,2% 38.801 Sementes/mudas 11.453 12.302 13.763 11,9% 1.461 20,2% 2310,211668 Produção florestal 390.807 253.533 254.566 0,4% 1.033 -34,9% -136.241 Agricultura e floresta 5.195.309 4.945.232 5.295.790 7,1% 350.557 1,9% 100.481 Bovinos 2.102.619 1.971.472 1.919.670 -2,6% -51.802 -8,7% -182.949 Suínos 113.768 116.504 114.802 -1,5% -1.702 0,9% 1.034 Aves 240.127 252.302 268.254 6,3% 15.951 11,7% 28.127 Outros animais 180.420 127.048 120.771 -4,9% -6.278 -33,1% -59.649 Pesca e aquicultura 450.025 377.199 374.572 -0,7% -2.628 -16,8% -75.453 Pecuária e pesca 3.091.937 2.846.734 2.800.279 -1,6% -46.455 -9,4% -291.658 Agropecuária total 8.287.245 7.791.966 8.096.068 3,9% 304.102 -2,3% -191.177

Tabela 4 - SEGMENTO PRIMÁRIO: número de ocupados e variações no agronegócio Fonte: Cepea, com base em PNAD-C (IBGE), RAIS e metodologia própria.

2019 2020 3T2020/2T2020 3T2020/3T2019 3T 2T 3T % Δ % Δ Fertilizantes 25.316 25.664 28.259 10,1% 2.595 11,6% 2.943 Defensivos 5.769 5.848 6.439 10,1% 591 11,6% 671 Rações 119.816 104.792 99.657 -4,9% -5.135 -16,8% -20.159 Med. veter-inários 16.758 19.698 19.162 -2,7% -536 14,3% 2.404 Máquinas agrícolas 64.231 66.975 62.175 -7,2% -4.799 -3,2% -2.056 Segmento insumos 231.889 222.976 215.692 -3,3% -7.284 -7,0% -16.198

Tabela 3 - SEGMENTO DE INSUMOS: número de ocupados e variações no agronegócio Fonte: Cepea, com base em PNAD-C (IBGE), RAIS e metodologia própria.

A Tabela 4 mostra os dados desagre-gados para as atividades do

segmen-to primário, da agricultura e da pecuária.

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C

omo já visto na Tabela 1, no terceiro trimestre de 2020 foram observadas quedas na PO agropecuária na com-paração com o terceiro trimestre de 2019; por outro lado, houve crescimento em rela-ção ao segundo trimestre de 2020. Então, em geral, a PO agropecuária está em um patamar ainda baixo frente a 2019, mas há uma aparente recuperação – tem-se o maior crescimento da série histórica quando são comparados o terceiro trimestre e o imedia-tamente anterior (3,9% ou aproximadamen-te 304 mil pessoas). Apesar de o compor-tamento de queda não ser muito incomum para a agropecuária, em análises comple-mentares do Cepea 1, há evidências de que o impacto da pandemia foi intenso no nú-mero de ocupados na agropecuária, mas foi se dissipando a partir do terceiro trimestre. Nota-se que a redução da PO entre os terceiros trimestres de 2019 e de 2020 esteve atrelada sobretudo ao comportamen-to na pecuária, que registrou queda absoluta de mais de 291 mil pessoas (ou de 9,4%). Ao se analisar as atividades

separadamen-1 BARROS, G.S.C.; CASTRO, N.R.;

ALMEIDA, F.M.S.; BOLETIM MERCADO DE TRABALHO DA AGROPECUÁRIA BRASILEI-RA. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). PIRACI-CABA, N.7, 2020. Disponível em: <https:// www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/ files/Cepea_setembro2020_Relatorio%20 MERCADO%20DE%20TRABALHO(1).pdf>.

te, observa-se que aquelas que mais contri-buíram para essa diminuição no número de ocupações do segmento entre os terceiros trimestres foram a bovinocultura (-8,7% ou 182 mil pessoas) e a pesca/aquicultura (-16,8% ou 75 mil pessoas). Ainda no seg-mento primário pecuário, por outro lado, as criações de suínos e de aves registraram crescimento no número de ocupados no ter-ceiro trimestre (0,9% e 11,7%, respectiva-mente) frente ao mesmo período de 2019.

Para a agricultura, houve crescimen-to de 1,9%, ou mais de 100 mil pessoas, na comparação entre os terceiros trimes-tres. Considerando-se a representatividade de cada atividade em termos de número de ocupados, nota-se que a expansão do segmento refletiu principalmente a maior população ocupada nas atividades de pro-dução de cereais (12,5% ou 56 mil pesso-as), de café (10,1% ou 64 mil pessoas) e da horticultura (14,3% ou 78 mil pessoas). Apenas seis das atividades agrícolas ava-liadas registraram queda de PO no período, com destaque para a produção florestal. A Tabela 5 mostra os dados para as agroindústrias de base agrícola e pecuária.

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2019 2020 3T2020/2T2020 3T2020/3T2019 3T 2T 3T % Δ % Δ Indústria de açúcar 123.848 113.350 121.630 7,3% 8.280 -1,8% -2.218 Indústria do etanol 83.014 85.016 79.337 -6,7% -5.679 -4,4% -3.677 Indústria de café 20.285 16.361 12.366 -24,4% -3.995 -39,0% -7.919 Suco de frutas e conservas 97.126 88.832 87.291 -1,7% -1.540 -10,1% -9.835 Óleos e gorduras 15.553 28.606 28.208 -1,4% -398 81,4% 12.655 Moagem e produ-tos amiláceos 185.052 161.848 153.916 -4,9% -7.931 -16,8% -31.136 Massas e outros 394.543 342.437 362.365 5,8% 19.928 -8,2% -32.178 Bebidas 171.764 138.816 129.470 -6,7% -9.346 -24,6% -42.294 Indústria do fumo 34.285 28.531 25.121 -12,0% -3.410 -26,7% -9.164 Têxteis de base natural 89.950 83.849 82.032 -2,2% -1.816 -8,8% -7.918 Vestuários e acessórios 583.970 457.339 480.267 5,0% 22.928 -17,8% -103.703 Produtos de madeira 411.683 323.799 298.782 -7,7% -25.017 -27,4% -112.901 Móveis de Madeira 474.442 423.467 436.417 3,1% 12.950 -8,0% -38.025 Papel e celulose 196.278 158.720 167.588 5,6% 8.868 -14,6% -28.690 Agroindústria base agrícola 2.881.793 2.450.969 2.464.790 0,6% 13.821 -14,5% -417.003 Abate de animais 512.528 491.365 511.483 4,1% 20.118 -0,2% -1.045 Laticínios 252.321 266.167 246.189 -7,5% -19.979 -2,4% -6.132 Couro e calçados 253.936 211.988 226.268 6,7% 14.281 -10,9% -27.668 Agroindústria base pecuária 1.018.785 969.519 983.939 1,5% 14.420 -3,4% -34.846

Tabela 5 - SEGMENTO AGROINDUSTRIAL: número de ocupados e variações no agronegócio Fonte: Cepea, com base em PNAD-C (IBGE), RAIS e metodologia própria.

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A

Tabela 1 mostrou que houve redução no número de ocupados na agroin-dústria na comparação entre os ter-ceiros trimestres de 2019 e de 2020. Da Tabela 5, nota-se que essa queda se atrelou sobretudo à indústria de base agrícola, com redução de 14,5% ou aproximadamente 417 mil trabalhadores entre os terceiros tri-mestres de 2019 e de 2020 – com destaque negativo para as indústrias de vestuários e acessórios, produtos de madeira, móveis de madeira, massas e outros, moagem e produ-tos amiláceos e bebidas. Com exceção dos produtos amiláceos, esses mesmos setores agroindustriais foram os que apresentaram retrações mais expressivas de produção. En-tre todas as atividades industriais avaliadas no ramo agrícola, apenas a indústria de óle-os e gorduras vegetais apresentou aumen-to da PO, resultado que também é coeren-te com o desempenho do PIB da indústria.

No tocante à agroindústria de base pecuária, conforme exibido na Tabe-la 5, a PO diminuiu 3,4% (ou cerca de 35 mil pessoas) em comparação ao terceiro trimestre de 2019. Esse resultado reflete as reduções da PO de laticínios e de couro e calçados e a quase estabilidade no nú-mero de ocupados na indústria do abate.

Entende-se que a agroindústria foi mais afetada pela crise desencadeada pela pandemia, em comparação ao segmento “dentro da porteira”, por exemplo – buscan-do atender às medidas de distanciamento social, houve desde concessão de férias cole-tivas aos trabalhadores até a paralisação de atividades; além disso, muitas agroindústrias tiveram um importante choque negativo de demanda. Assim, os efeitos dos choques cau-sados pela crise devem acompanhar mais len-tamente a retomada gradual das atividades.

RENDIMENTOS: APENAS RENDIMENTO DOS EMPREGADOS

CAI NO TERCEIRO TRIMESTRE

E

ssa análise utiliza os rendimentos efe-tivamente recebidos pelos trabalha-dores do agronegócio, deflacionados pelo IPCA para preços de agosto de 2020. A Figura 2 apresenta os rendimentos médios mensais efetivos, no agronegócio e no Brasil, para empregados, empregadores e trabalha-dores por conta própria de forma separada. Nota-se, primeiramente, a queda verificada nos rendimentos dos trabalhadores por

con-ta própria e a expansão dos rendimentos dos empregados e empregadores, tanto no Brasil como um todo quanto no agronegó-cio, entre os terceiros trimestres de 2019 e de 2020. Em partes, os aumentos do rendi-mento médio também podem ser explicados pela saída do mercado de trabalho, diante da pandemia, de trabalhadores mais vulne-ráveis e que recebiam salários menores.

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Figura 2 - Rendimento médio mensal efetivo no agronegócio e no Brasil, para empregados, empregadores e trabalhadores por conta própria (em R$ de agosto de 2020)

Fonte: Cepea, a partir de informações dos microdados da PNAD-Contínua e de dados da RAIS.

R$ 1.873,47 R$ 1.964,07 R$ 2.287,08 R$ 2.428,78 R$ 0 R$ 1.000 R$ 2.000 R$ 3.000 R$ 4.000 R$ 5.000 R$ 6.000 R$ 7.000 3T2019 3T2020 Empregados e outros Agronegócio Brasil R$ 5.535,03 R$ 5.850,85 R$ 5.908,60 R$ 6.006,21 R$ 0 R$ 1.000 R$ 2.000 R$ 3.000 R$ 4.000 R$ 5.000 R$ 6.000 R$ 7.000 3T2019 3T2020 Empregadores Agronegócio Brasil R$ 1.279,15 1.225,36R$ R$ 1.661,72 1.498,97R$ R$ 0 R$ 1.000 R$ 2.000 R$ 3.000 R$ 4.000 R$ 5.000 R$ 6.000 R$ 7.000 3T2019 3T2020 Conta Própria Agronegócio Brasil

N

o agronegócio, para os empregados, o aumento real foi de 4,8%, chegando no terceiro trimestre à média de R$ 1.964 (abaixo da média brasileira). Entre os segmentos, houve expansão em todos, com destaque para os insumos (31,3%) e para as indústrias agrícola e pecuária (8,9% e 11,9%, respectivamente). Para os emprega-dores do agronegócio, o crescimento real foi de 5,7%, bem acima do aumento de 1,7% registrado no rendimento médio dos empre-gadores do Brasil como um todo. Com isso, chegou-se à média de R$ 5.851 (ainda abai-xo da média brasileira) no terceiro trimestre do ano. Dentre os segmentos, o rendimento médio real do trabalho efetivamente

rece-bido aumentou para os insumos (70,2%), para o primário da pecuária (16,5%) e para a indústria da pecuária (33%); por outro lado, houve queda para o primário agrícola (-6,9%), para a indústria agrícola (-17,4%) e para os agrosserviços (-1,3%).

Em tendência contrária, o rendi-mento médio efetivamente recebido pe-los trabalhadores atuando por conta pró-pria no agronegócio recuou em termos reais no período, 4,21%. No Brasil como um todo, a queda foi de 9,76%. O valor médio no agronegócio chegou a R$ 1.225, ainda 18% menor que a média do Brasil.

Referências

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