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RELATÓRIO DA I AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE DISCRIMINAÇAO RACIAL E AÇÕES AFIRMATIVAS EM SANTA CATARINA

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RELATÓRIO DA I AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE DISCRIMINAÇAO RACIAL E AÇÕES AFIRMATIVAS EM SANTA CATARINA

A I Audiência Pública sobre Discriminação Racial e Ações Afirmativas em Santa Catarina, promovida pelo Ministério Público Federal, através da iniciativa da Drª. Samantha Chantal Dobrowolski, Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão em Santa Catarina (PRDC/SC), com o apoio da Drª. Maria Eliane Menezes de Farias, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), ocorreu nos dias 19 e 20 de novembro de 2002, na Assembléia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis.

O evento contou com a parceria da Procuradoria Regional do Trabalho-12ª Região/MPT, da Delegacia Regional do Trabalho de Santa Catarina (DRT), do Conselho Estadual de Populações Afro-descendentes (CEPA), e do Núcleo de Estudos Negros (NEN).

Sua realização levou em conta pleito de atuação conjunta em relação à questão étnica, apresentado pelo NEN à PRDC/SC. A partir disto, considerou-se relevante, em Santa Catarina, Estado com o menor índice percentual de afro-descendentes no país, segundo estatísticas oficiais, dar visibilidade a este tema, enfocado sob um tríplice aspecto – saúde, educação e trabalho, tidos como direitos fundamentais dos mais básicos –, a fim de se buscar conferir a maior objetividade e concreção possível às discussões e propostas de solução a serem apresentadas durante o evento.

Para organizar e viabilizar a Audiência Pública foram adotadas as seguintes providências:

1. Inicialmente, foram realizadas reuniões preparatórias na sede da Procuradoria da República em Florianópolis, entre a Drª. Samantha e as instituições parceiras, a saber: • 19/06/2002 – Primeiro contato com Núcleo de Estudos Negros (NEN), para definir

atuação conjunta.

• 20/08/2002 – Reunião com representantes de Organizações não governamentais voltadas ao combate à discriminação étnica (NEN, Conselho de Populações Afro-descendentes) e outras Organizações não-governamentais para definir estratégias para a realização da Audiência Pública.

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• 30/08/2002 – Reunião com as entidades civis e parceiros estatais (MPT; DRT), para definir a data da Audiência - tendo sido sugerida e aprovada a realização da Audiência Pública nos dias 19 e 20 de novembro ( este, “Dia Nacional da Consciência Negra” ), além de apresentação de sugestões de nomes de palestrantes.

• 14/10/2002 – Reunião com os organizadores para encaminhamentos finais, tais como, a definição de convites a representantes de entidades públicas, local para realização da Audiência, contatos para divulgação perante outras instituições ligadas à temática abordada, última distribuição de tarefas (divulgação, contato com grupos artísticos para apresentação no evento, etc.)

2. Paralelamente foram feitos contatos com o Presidente da Assembléia Legislativa de Santa Catarina para a cessão do auditório e do apoio material daquela Casa, e providenciada a confecção de “folders”, convites, “banners”, faixas e cartazes alusivos ao evento. Além disto, a assessoria de imprensa da Procuradoria da República em Santa Catarina (PR/SC) divulgou o evento na imprensa local e na página da “internet” da PR/SC.

3. Foram expedidos 246 (duzentos e quarenta e seis) ofícios convidando para o evento representantes de universidades públicas e privadas, organizações não-governamentais, órgãos públicos municipais e estaduais, órgãos do Poder Judiciário, bem como o Ministério Público Estadual.

4. Para viabilizar a confecção do material de divulgação, dos certificados de participação no evento, o transporte e a hospedagem dos palestrantes, foi solicitada a cooperação da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, que disponibilizou também três servidores de Brasília, para auxiliarem os trabalhos nos dias da Audiência Pública.

5. Ficou a cargo das secretárias de gabinete à disposição da Drª. Samantha (Mara, Vânia, Neide), fazer os contatos telefônicos, agendamentos de reuniões, recepção, reserva de passagens e hospedagens dos palestrantes, além de organização do local do evento.

6. Nos dias do evento, coube às secretárias de gabinete a recepção dos participantes e dos palestrantes, distribuição do material da Audiência Pública, apoio técnico e cerimonial do evento. Também os motoristas da PR/SC foram escalados para efetuar o transporte dos palestrantes e do material para o evento, bem como se contou com o apoio técnico de dois servidores da Divisão de Informática da PR/SC.

7. A Audiência Pública foi registrada pelo grupo de taquígrafos da Assembléia Legislativa de Santa Catarina, e a equipe da assessoria de imprensa da PR/SC filmou e fotografou o evento.

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8. Durante a realização da Audiência, foram disponibilizados dois analistas jurídicos lotados na Unidade de Tutela Coletiva e Cidadania da PR/SC, para registro escrito de denúncias do público, que também teve oportunidade de se manifestar oralmente, tanto para fazer perguntas aos palestrantes, após cada painel, como na tarde do dia 19 de novembro de 2002, quando se abriu espaço para notícias, depoimentos e “denúncias” verbais.

9. Foram expedidos certificados de participação a todos os presentes, dentre os quais se destacam integrantes do grupo de trabalho de combate à discriminação da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

10. A programação dos temas abordados na Audiência Pública foi organizada da seguinte forma:

I. Dia 19 de novembro de 2002:

-Abertura oficial

1º Painel : Educação e igualdade de oportunidades: a situação da população negra em Santa Catarina.

Palestrantes:

• João Carlos Nogueira – Sociólogo, Coordenador-Geral do Núcleo de Estudos Negros (NEN)

• Jeruse Romão – Consultora da UNESCO/MEC

• Neli Góes – Presidente do Conselho Estadual de Populações Afro-descendentes (CEPA)

2º Painel: Discriminação Racial : panorama sobre a situação do negro no Brasil

Palestrantes:

• Drª. Luiza Cristina Fonseca Frischeisen – Procuradora Regional da República em São Paulo

• Samuel Vida - Professor da UFBA, Representante do Movimento Negro da Bahia

3º Painel: O direito ao igual acesso nas relações de trabalho Palestrantes:

• Sílvia Maria Zimmermann - Procuradora do Trabalho/SC

• Nilo Kawai - Advogado/SC

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II. Dia 20 de novembro de 2002:

1º Painel: Políticas de saúde para população negra Palestrantes:

• Cláudia Maria de Paula Carneiro - Membro do CND - Rede de Direitos Humanos

em DST/AIDS/Ministério da Saúde

Márcio de Souza - Farmacêutico, Professor, Vereador/ Florianópolis

2º Painel: A promoção da igualdade e o combate à discriminação racial na sociedade democrática

Palestrantes:

• Sandro Sell - Professor, Sociólogo, Doutorando-Direito/UFSC • Guilherme Soares - Doutorando-Direito/UFSC

• David Wilson Abreu Pardo - Juiz Federal no Acre, Mestre e Doutorando-Direito/UFSC 3º Painel: Igualdade, direito à diferença e ações afirmativas

• Daniel Antônio de Moraes Sarmento - Procurador da República /RJ, Mestre, Doutorando-Direito/UERJ, Professor UERJ

• Dora Lúcia Bertúlio - Procuradora-Geral da UFPR

• Márcio de Souza - Farmacêutico, Professor, Vereador/ Florianópolis

• Wilson Roberto Prudentye - Procurador do Trabalho/ES

Apresentação artística: Dança folclórica de origem africana. Homenagem: Hino da África

4º Painel: Aspectos culturais da discriminação racial na sociedade brasileira

• Ilka Boaventura - Antropóloga, Professora do Departamento de Antropologia/UFSC

5º Painel: Construindo parcerias para o combate ao racismo institucional

• Luiza Bairros - Consultora do PNUD - Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento

11. Ao término da Audiência Pública, foi feito rápido balanço sobre a importância do evento, bem como registro sobre a anotação das propostas coletadas durante os debates, para futura adoção ou encaminhamento de medidas concretas visando à erradicação da discriminação étnica (adiante resumidas, no anexo I).

!2. Durante o evento, houve uma exposição de livros, fornecidos pelo NEN, sobre a temática abordada na Audiência Pública.

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13. Posteriormente, foram expedidos ofícios de agradecimento aos palestrantes e a todas as autoridades presentes.

14. A coordenação do grupo de taquígrafos da Assembléia Legislativa comprometeu-se a enviar a degravação da Audiência Pública- o que ainda não ocorreu.

15. Toda a documentação expedida ou enviada para realização do evento foi arquivada na forma de Procedimento Administrativo de Acompanhamento sobre a Discriminação Racial e Ações Afirmativas- atuação conjunta (interinstitucional e com a sociedade civil), cujo número é 1862/02.

Expostos os fatos, este é o relatório.

Gledismara Franzoni Secretária de Gabinete

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ANEXO I

PROPOSTAS E SUGESTÕES, COLETADAS DURANTE OS DEBATES NA AUDIÊNCIA PÚBLICA, PARA FUTURA ADOÇÃO OU ENCAMINHAMENTO DE

MEDIDAS CONCRETAS VISANDO À ERRADICAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO ÉTNICA

1.Ensino Fundamental e Médio:

• Levantamento da população negra e afro-descendente no Ensino Fundamental e Médio pelo INEP.

• Implementação de cotas para negros e afro-descendentes para acesso ao Instituto Estadual de Educação em Florianópolis/SC (reserva de vagas no sorteio para matrícula). • Incorporação de 3 a 4% dos alunos negros e afro-descendentes por ano, subsidiados por universidades particulares, dadas as peculiaridades do ensino Superior em Santa Catarina.

2. Patrimônio Histórico Cultural:

• Identificação e preservação da memória e do patrimônio histórico cultural das comunidades negras e afro-descendentes- através do IPHAN.

• Incorporação do patrimônio histórico cultural das comunidades negras nos Estudos de Impacto Ambiental do IPHAN e do IBAMA.

3.Trabalho :

• Promoção de Ajustamento de Conduta com a mídia para exclusão do quesito “boa aparência” nos anúncios para propostas de emprego.

• Incentivo às empresas para que incluam, em seus regimentos internos, campanhas contra a discriminação racial.

• Implementação de incentivos fiscais para empresas que promovam ações afirmativas, tanto para facilitar o acesso dos funcionários negros e afro-descendentes a cargos de gerência, quanto para a capacitação e o treinamento dos mesmos.

• Criação do selo “diversidade étnica”, para empresas que adotem e empreguem populações carentes de negros e afro-descendentes e outras minorias.

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4. Apoio e articulação de novos núcleos de estudos dos problemas das comunidades negras ( à semelhança do NEN) em Santa Catarina e no Brasil.

5. Saúde:

• Treinamento e capacitação de agentes comunitários de saúde, em direitos humanos, para habilitá-los ao atendimento da diversidade (Ministério da Saúde, Secretarias de Estado da Saúde e Secretarias Municipais de Saúde).

6. Incentivo a programas sobre diversidade étnica-cultural nos Meios de Comunicação.

7. Desenvolvimento de pesquisas e estatísticas sobre a população negra e afro-descendentes:

“Quem são? Quantos são? Onde estão?”, a fim de se estudar e promover políticas públicas adequadas a esta população, também na área de saúde.

Referências

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