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A interatividade e os formatos dos conteúdos nos programas de notícias transmitidos pelas emissoras de rádios de Imperatriz - MA

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A interatividade e os formatos dos conteúdos nos programas de

notícias transmitidos pelas emissoras de rádios de Imperatriz

-MA

Adaylma Rocha de Sousa 1 Isabel Delice Gomes Macedo 2 Marco Antônio Gehlen (orientador) ³ Resumo: Mesmo sendo considerado um produto de comunicação de um para muitos, o rádio se destaca também como um meio de interatividade, demonstrando essa característica desde suas primeiras transmissões, na década de 1920. O presente artigo propõe apresentar como é proposta essa interação entre os ouvintes e as emissoras radiofônicas de Imperatriz, cidade localizada no sudoeste do Estado do Maranhão, que apresentam alguma veiculação de notícias. Dentre as rádios de frequência modulada, da região, uma apresenta conteúdo jornalístico que é produzido por uma agência de notícias, outra veicula conteúdos locais de forma alternada e as demais em atividade reproduzem conteúdos produzidos para plataforma da internet. O radiojornalismo, nesse momento, age como elo entre emissora e ouvinte. Dessa forma, o artigo pretende entender como se dá a relação entre esse meio de comunicação e ouvinte.

Palavras-chave: Rádio; Radiojornalismo; Jornalismo; Interatividade; Emissor-ouvinte.

1.

Introdução

As infinitas possibilidades de interação, existentes entre os canais de comunicação, carregam consigo a característica de proporcionar uma relação mais estreita entre quem emite o conteúdo e quem irá absorvê-lo.Esse atributo dos canais de comunicação é estudado por Klöckner (2011), quando discute sobre o conceito do que é interação. Desde as primeiras transmissões radiofônicas oficiais no Brasil, na década de 1 Graduanda do 7º período do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus de Imperatriz, e-mail: adaylma.rocha@gmail.com.

2 Graduanda do 7º período do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus de Imperatriz, e-mail: deliceisabel@gmail.com.

³ Professor mestre do curso de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, Campus Imperatriz. E-mail: gehlen.m@gmail.com.

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1920, que existe um elo entre emissor e ouvinte. Dessa forma, esse processo é antigo, mas permanece eficaz.

Uma das principais autoras e pesquisadoras da área de rádio, Gisela Ortriwano (1985), fala sobre o papel social que o rádio desempenha e também sobre a função crítica que o radiojornalismo se propõe a desenvolver. Por se tratar de um meio rápido, conciso e de grande alcance, que a autora afirma que “o rádio foi o primeiro dos meios de comunicação de massa que deu imediatismo à notícia, graças à possibilidade de divulgar os fatos no exato momento em que ocorrem” (ORTRIWANO, 1985, p. 84).

Em sequência cronológica de surgimento de novas mídias, e consequentemente de novos modelos de interação, houve uma variedade nas plataformas que veiculavam conteúdos noticiosos inseridos no mercado, a televisão e internet são exemplos a serem lembrados. O rádio, para se manter vivo e atuante nesse modelo de reprodução de produtos noticiosos, aderiu as novas práticas de produções, o radiojornalismo ganhou força nas emissoras radiofônicas. Desde então, as agências de notícias iniciam um forte trabalho nas rádios, produzindo conteúdo próprio para o meio. Pesquisas da área de comunicação não datam quando esse tipo de serviço tem início na plataforma do rádio, no entanto, existem exemplos que garantem a eficácia desse segmento. A agência Rádio Web nasceu em 2001 e produz roteiro diário de música, conteúdo jornalístico e institucional. A rádio possui ainda 33 filiações no estado do Maranhão.

Esse tipo de organização é um segmento em constante evolução, tanto em faturamento, atuação, pontos de trabalho, práticas e desenvolvimento de seus serviços. No que se refere à sua atuação é uma proposta estratégica, de gestão que pode ser desempenhada em conjunto, além disso, é representativa e recíproca com quem adere a essa nova maneira de fazer jornalismo. Para Schmitz (2012) esse modelo de organização se define também como uma empresa de pequeno porte. “As agências, a par do aprimoramento dos serviços, buscam uma cultura empresarial, em que empreendedores da comunicação se voltam para uma visão do negócio, posicionamento estratégico, economia criativa, geração de emprego e renda etc”. (SCHMITZ 2012, p. 05).

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Mesmo o rádio sendo visto como um meio de comunicação de um para muitos, carrega consigo características que marcam sua interatividade e lhe dão singularidade, mantendo uma estreita relação com seu público. Gisela exemplifica essa qualidade do veículo, evidenciando que desde seu início esse atributo já era notado, porém, quando se têm apenas entretenimento essa particularidade pode ser prejudicada. “O rádio, antes de ser um meio de comunicação de massa, era um meio interativo de comunicação, que se viu limitado em sua capacidade bidirecional à medida em que se constituía o sistema econômico de sua exploração”. (ORTRIWANO, 1993)

Em Imperatriz, as emissoras de frequência modulada não apresentam conteúdos jornalísticos com produção própria, e por conta disso, acabam aderindo aos serviços das agências, ou mesmo reproduzindo conteúdos do webjornalismo. Uma análise sobre o jornalismo nas FM’s de Imperatriz foi abordado por Brito e Carvalho (2014), afirmando que “o jornalismo na rádio aparece tangencialmente, pois o carro chefe é o entretenimento. Músicas e participação de ouvintes é o que acaba dando suporte ao objeto de estudo em questão”, (BRITO E CARVALHO, 2014, p. 10). Logo, o caminho que a notícia percorre atravessa todos esses canais de comunicação, desde quem produz esse conteúdo, para sua primeira veiculação, até quem recebe a informação. Então, com base nesse breve panorama, que o artigo se propõe a refletir sobre como se dá esse processo de interação entre as emissoras radiofônicas de Imperatriz que apresentam alguma programação jornalística, com o ouvinte.

Para desenvolver este artigo foi utilizado o processo de pesquisa bibliográfica, sendo ela a norteadora para o desenvolvimento dessa breve análise. Esse tipo de recolhimento de dados caracteriza-se como “um conjunto de conhecimentos que visa identificar informações bibliográficas, selecionar documentos pertinentes ao tema estudado” (STUMPF, 2006, p. 51). Trabalhos de conclusão de curso, artigos, dissertações foram utilizados, também, para dar embasamento à escrita.

A entrevista também foi usada como método de pesquisa para obter um maior número de informações para a análise. Arnoldi, Rosa (2006) expõem as vantagens desse procedimento:

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Permitem a obtenção de grande riqueza informativa – intensiva, holística e contextualizada – por serem dotadas de um estilo especialmente aberto, já que se utilizam de questionamentos semi-estruturados. Proporcionam ao entrevistador uma oportunidade de esclarecimentos, junto aos segmentos momentâneos de perguntas e respostas, possibilitando a inclusão de roteiros não previstos, sendo esse um marco de interação mais direta, personalizada, flexível e espontânea. (2006, p. 87).

A interlocução foi utilizada, nesse caso, para obter informações mais precisas a respeito do objeto estudado. Para isso, dois locutores das rádios locais, que inserem conteúdo jornalístico na programação, explanaram como ocorre essa prática em seus programas.

2.

Conteúdo jornalístico oferecido pelas agências de notícias

O jornalismo de agência surge no século XIX. Sempre atuando de acordo com os moldes das notícias, as agências iniciam seus trabalhos dando os primeiros passos na evolução do formato como a notícia chega ao seu público alvo. A informação passa a ser o produto de troca, inicia-se então, de fato, a definição de onde advém sua nomenclatura, pois a intencionalidade de mercado se sobrepõe a de apenas difundir conteúdo. Agências são “empresas que procuram e distribuem notícias às empresas jornalísticas e a outras entidades, privadas ou públicas, com o fim de lhes assegurar um serviço de informação tão completo quanto possível”. (SILVA JUNIOR, 2006, p. 25).

A agência Havas foi pioneira nesse segmento, criada em 1835 por Charles Havas, que deu nome à empresa jornalística. Em ordem de acontecimentos, em seguida a agência de notícias inglesa, Reuters, e a alemã, Wolf se instalaram em 1859. Logo após em 1860, a agência Associated Press abria as portas para se inserir no mercado. A ampliação dessas organizações fez com que essas empresas se firmassem nesse segmento.

O trabalho em agências é um trabalho diferenciado daquele nas redações de veículos, por uma série de especificidades a serem examinadas em detalhe mais adiante, e como trabalho – no sentido marxiano – tem papel marcado dentro da estrutura produtiva da mídia. Ao mesmo tempo, participa da reprodução das condições de produção da informação. (AGUIAR, 2009, p. 03).

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No Brasil, esse cenário teve início com a agência Americana, em São Paulo, em 1913. A empresa jornalística foi pensada e inserida no mercado por Raul Perdeneiras e Casper Líbero. Com 18 anos da inserção da primeira agência brasileira, Assis Chateaubriand cria a Meridional.

Um eixo fundamental para a produção das notícias internacionais nos veículos de comunicação são as agências de notícias. Elas são empresas ou grupos especializados na seleção e coleta de informações, imagens, áudios, etc.; de interesse jornalístico, para elaboração de notícias, que posteriormente serão distribuídas a assinantes. Os veículos de mídia assinantes passam a ter direito à utilização e reprodução do material recebido. (FERNANDES, 2012, p.06).

Por ser de custo benefício maior para quem adquire os seus serviços, as agências produzem conteúdos e difundem com maior agilidade e precisão. Uma empresa local é incapaz, em sua maioria, de estar em vários locais ao mesmo tempo, pois como se tratam de pequenas corporações, existem dificuldades econômicas e de deslocamento que afetam esses empreendimentos. Assim, faz com que a rapidez e praticidade das agências sejam solicitadas. Logo, a melhor maneira de manter o público informado e se manter no mercado, sempre atuante, são por meio dos serviços oferecidos pelas agências de notícias.

3.

Conteúdo jornalístico oferecido pela plataforma de web

O Webjornalismo é o fruto das produções anteriores de jornalismo impresso, radiofônico e de televisão. Na internet consegue-se uma maior conexão midiática com facilidade e assim um grande alcance de público. As mídias anteriores estão sempre se reformulando assim que outra consegue um espaço nesse mercado tão singular. A Internet se constitui como uma poderosa plataforma para conexões multimidiáticas (SANTAELLA, 2009).

O Webjornalismo no Brasil surgiu na década de 1990, com o pioneiro da web, o Jornal do Brasil. A inovação de conteúdos na plataforma da web somente veio se consolidar nos anos 2000.

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Brito (2009) divide o Webjornalismo em quatro fases distintas, com a intenção de compreender sua evolução com o passar do tempo. Na primeira, os produtos oferecidos eram apenas reproduções de jornais impressos, podendo ter ou não atualização diária. A linguagem era literalmente a mesma do veículo impresso e o conteúdo estático.

Na segunda fase, “os jornalistas criam conteúdos originais para a rede, passando a utilizar hiperlinks, interatividade, ferramenta de buscas, conteúdo multimídia como vídeo, áudio e imagens”(BRITO, 2009). São as primeiras ações de interatividade e de conteúdos designados para Internet.

Na terceira fase, com o desenvolvimento da Web, o Webjornalismo também evolui. Passa a ser utilizados serviços como infográficos digitais, WebTV, enquetes, chats, entre outras ferramentas multimídia que estão revolucionando o jornalismo na web.

Na quarta, os portais de notícia e sites jornalísticos aderem inteiramente aos padrões da Web. Os conteúdos são produzidos de forma totalmente direcionada à Internet, há a possibilidade de customização de conteúdo e a interação é otimizada e integrada às redes sociais. Os conteúdos como são produzidos diretamente para essa plataforma, há a possibilidade de sempre melhorá-lo, isso de acordo com a relação existente entre emissor e receptor.

Essa interação presente tanto na web, como no rádio, no que se refere à veiculação de conteúdos noticiosos, é bastante notada. É possível ter conhecimento desta interatividade por meio das respostas vindas dos receptores dos conteúdos. Contato imediato ao que a as notícias são veiculadas, um retorno positivo ou mesmo negativo, fazem com que a interatividade esteja sempre presente.

4.

O ouvinte no rádio: relação de interatividade entre os receptores

e a emissora durante a programação jornalística

Nesse artigo que aborda a interatividade existente entre os programas de notícias e o ouvinte desse produto, foi verificado que todo o conteúdo jornalístico que é veiculado para a população é produzido por terceiros, e não algo feito exclusivamente

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para o rádio. A forma como as emissoras radiofônicas transmitem esse conteúdo, tanto vindo da web como de agências, não existem muita burocracia. A utilização dos conteúdos da web para a plataforma do rádio acontece sem muitas restrições, pois, como os conteúdos estão disponíveis para todo o público que acessa a internet, quem reproduz para o rádio faz a apuração, e informa os ouvintes das fm’s.

O rádio deve ser o mais claro possível, visto que o único sentido que seu ouvinte irá usar para decodificar a mensagem será a audição. Esse aspecto é destacado por Barbeiro e Lima (2003) lembrando aos profissionais desse meio que “o ouvinte só tem uma chance para entender o que está sendo dito. [...] a mensagem no rádio se “dissolve” no momento em que é levada ao ar” (BARBEIRO E LIMA, 2003, p.72).

Em um relatório de pesquisa, do ano de 2010, a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro) traçou um perfil com relação aos hábitos do consumo de informação da população brasileira. Esse estudo teve como intuito mostrar para o governo como se dá a busca de conteúdos de informação dos cidadãos.

A pesquisa foi direcionada à população maior de 16 anos residente em domicílios particulares permanentes do território da nação. Ela trata de dados que revelam como os brasileiros consomem mídia no cenário que estava presente. Quando abordada a questão do rádio, a Fenapro obteve números que no ano de 2010, as produções radiofônicas eram ouvidas por 80,3% da população.

O ouvinte, que é o grande motivador dessa comunicação de um para muitos, sempre teve um papel importante nas transmissões radiofônicas. As produções, em tese, são feitas pensando neles, logo, como se propõe esse diálogo é algo que sempre foi estudado. A segmentação, a particularidade e as notícias de localidade foram se aprimorando, justamente por conta desse ouvinte que participava e que impulsionava toda essa programação do rádio. As FM’s, assim que instaladas no Brasil, em 1970, se tornaram cada vez mais próximas dos ouvintes, por suas notícias rápidas e mais intimistas, e até por conta de sua qualidade sonora.

Em Imperatriz, cidade localizada no Estado do Maranhão, as rádios de frequência modulada não são diferentes. Com grande popularidade, existe uma interação constante entre ouvintes com as programações, a principal é a musical que

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ainda é o carro chefe das emissoras da região. O conceito de interatividade no rádio estudado por Klöckner (2011) são diferenciadas em três modalidades:

a) Completa: é o que oportuniza o diálogo direto e ao vivo, em 3 circunstância equivalente de espaço e de tempo, com réplicas e tréplicas; b) Parcial: estabelecida quando, igualmente no mesmo tempo e espaço, o ouvinte opina, pergunta, mas não conquista um lugar ou não se interessa pela réplica ou tréplica; c) Reacional: ocorreria quando o ouvinte apenas reage a uma situação proposta no programa, sem que ele próprio exija ou obtenha uma resposta, como no caso de envio de e-mails e de torpedos à rádio que são apenas lidos no ar. (KLÖCKNER, 2011, p. 126-127).

Com relação a essa interatividade, que Klöckner já discutia em sua obra, a pesquisa mencionada anteriormente, citou quais as preferências entre o público, e de acordo com a Fenapro a especulação de que, as produções musicais são predominantes, acabam se confirmando.

Entre os ouvintes de rádio predomina a preferência pela programação musical (68,9%). O noticiário foi citado por 19,2% dos ouvintes de rádio como a programação preferida, seguido do futebol, com 5,4%. Consequentemente se verificou o predomínio de rádios FM (programação predominantemente musical) sobre rádios AM (programação predominantemente jornalística). Rádios FM são ouvidas por 73,5% dos usuários de rádio, enquanto que rádios AM são ouvidas por apenas 30,7% dos usuários. (FENAPRO, 2010, p. 24).

Os programas radiojornalísticos em Imperatriz são poucos, os existentes são produzidos por agências de notícias ou então apenas com conteúdos reproduzidos de outras mídias, principalmente da plataforma de web. No cenário atual, no que se refere às FM’s de maior popularidade na cidade, estão em plena atuação as emissoras: Difusora Sul Fm, Missão FM, Nativa FM, Mirante FM e FM Terra. A produção jornalística em todas é escassa, pois não existe uma frequência contínua de veiculação de notícias. Dentre as citadas a Nativa FM é a única que possui em sua grade um programa que se assemelha ao radiojornalismo, denominado Rádio Alternativa. A Mirante FM conta com um redator que produz boletins, que são lidos pelos locutores durante a programação, e a FM Terra veicula um programa no período noturno disponibilizado por uma agência de notícias do Paraná. (SILVA e SILVA, 2014, p. 10).

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O jornalismo ainda não é a prioridade de grande parte das empresas radiofônicas, pois, como dito anteriormente, o que move todo o processo é a programação musical, ou seja, o entretenimento. Dessa forma, em Imperatriz não é diferente esse cenário, pois não há uma preocupação em desenvolver conteúdos realmente direcionados aos ouvintes. Existe, sim, uma interação entre emissora e ouvinte, porém, os conteúdos propostos nas emissoras locais, advindos da web e de agência de notícias de outros estados, por mais que se assemelhem aos que deveriam ser produzidos, ainda não suprem a necessidade existente na região.

Não existe uma pesquisa que mostre o percentual de público no momento em que conteúdos jornalísticos são veiculados nas produções radiofônicas, pois na cidade não há, ainda, essa preocupação de identificar em qual horário, ou o programa que possui maior audiência. A interatividade é algo inerente, inclusive nos momentos, que ainda são poucos, em que o jornalismo assume a direção.

Mesmo se tratando de um jornalismo feito para complementar a programação, as informações veiculadas causam um impacto entre os ouvintes, e consequentemente nas emissoras. Não há pesquisas que mostrem que no cenário de Imperatriz, um programa tenha mais audiência que outro nesses momentos singulares, pois cada programa além da identificação com o que é ali exposto existe também a identificação com quem reproduz, os locutores no caso, que é bastante forte na cidade.

Quadros com informações são reproduzidos nas rádios como no Programa do Arimatéia Jr, Programa do Mano Santana, Programa do Citônio, são exemplos de programações que reproduzem conteúdos de outras plataformas. Boletins, em sua maioria da web, são repassados para os ouvintes. Ainda assim, existe uma interação, que é o objeto dessa breve análise, entre o rádio e o ouvinte. Essa foi verificada por meio de observação dos programas nas rádios. Constatada também por meio de entrevistas presenciais, e pela internet com os locutores de algumas das rádios. Notícias locais e nacionais são reproduzidas para o público diariamente, porém, vale reforçar, que ainda não existem produções feitas exclusivamente para essa mídia. A interação aqui é estabelecida por meio das redes sociais e também por meio de ligações dos ouvintes com as emissoras.

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Outro exemplo que mostra o jornalismo que é veiculado, ainda em segundo plano, e a relação de interatividade, é o da emissora Mirante FM, com o programa Power 95. Nesse programa radiofônico, em sua maioria são veiculadas notícias do meio artístico e de um site de notícias do mesmo sistema da empresa. Existe especificamente uma maior interação nessa programação, dentre toda a grade, pois ela se dá por meio das redes sociais - whatsapp e facebook. O feedback é imediato. Os ouvintes logo em seguida à notícia ser veiculada, tanto do mundo do entretenimento, quanto jornalísticas, comentam por meio dessas redes sociais e dessa forma o locutor percebe o alcance que aquela produção atingiu. Esses dados foram obtidos através de uma pesquisa de campo e entrevista. A quantidade de interação não teve como ser calculada, porém, por se tratar de uma mídia de conversa, os ouvintes estão em constante contato entre si e com o locutor do programa. Além dessa forma de colhimento dos dados, pode-se perceber também por meio de pesquisa de campo com o acompanhamento do programa.

Um ponto característico importante desse programa é justamente o fato dos produtos de cunho jornalísticos, as produções de notícias, serem oferecidas para os ouvintes somente por meio da leitura das principais manchetes de um portal webjornalístico. A matéria não é lida na íntegra, apenas uma chamada do que é mais importante no momento é disponibilizada para os receptores no momento que o programa de rádio vai ao ar.

Em entrevista com o locutor do programa Power 95, Cid Moreno, uma de suas maiores preocupações é manter seus ouvintes sempre informados.

Procuro sempre movimentar bastante o programa, por que uma coisa que eu odeio no rádio de Imperatriz, é o rádio chamado feijão com arroz. Porque os ‘caras’ só tocam música e mandam ‘alô’, não tem a movimentação. No meu caso eu acho importante por que mantém o ouvinte informado. Às vezes ele gosta do Justin Bieber, mas não sabe o que o Justin Bieber tá fazendo, então, aí a gente vai e ler uma notícia do cara aqui e aguça a atenção do ouvinte. A importância é essa, manter o ouvinte evidenciado com relação ao ídolo dele (...) Então assim, digamos que fulano diga que não gosta da Katy Perry, e tem uma notícia legal que ‘tá’ bombando em todos os sites de entretenimento e tal e eu não vou ler só porque uma pessoa diz que não gosta? Tem pessoas que não gostam mas tem pessoas que gostam. A questão é manter o ouvinte informado e movimentar o programa. (MORENO, 2015).

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O ouvinte pode agir também como indivíduo que deseja ser informado, pois, como dito anteriormente, por meio das redes sociais ele demonstra sentir a necessidade que a rádio veicule além de músicas, também conteúdos noticiosos, sendo eles sobre entretenimento e jornalismo. Além do que esse é quem dá subsídio para a interatividade. A pessoa que ouve rádio gosta de saber do que está acontecendo de novo. “Fazer a locução de notícias (jornalísticas) foge um pouco do contexto musical, existe uma socialização, pois o ouvinte é curioso, sempre quer saber”. (MORENO, 2015).

Existe ainda, para o locutor, uma preocupação em como esses conteúdos, de entretenimento e jornalístico, serão reproduzidos. Verificar e apurar, antes de ser dito aos ouvintes é imprescindível.

O jornalismo está sendo inserido a cada dia, de forma gradual, nos programas do Sistema Mirante de Comunicação. A inserção de um portal de notícias na sua grade de apresentação e as notícias estão ganhando cada vez mais espaço, mesmo que ainda seja apenas com leituras de manchetes, o que já é considerado um avanço.

Outro exemplo de radiojornalismo e interatividade na cidade de Imperatriz ocorrem no Programa do Arimatéia Junior, na emissora Nativa FM. Durante o seu programa, denominado Rádio Alternativa, ele transmite notícias cotidianas. Uma locução feita de forma rápida, sem muitos conceitos de apuração e verificação da notícia, o que se pretende no radiojornalismo, é reproduzido para os ouvintes. Exemplos de conteúdos fornecidos são: ruas em congestionamento, acidentes dentro do perímetro urbano, dentre outras situações. A interação ocorre por meio do contato direto com a rádio e também por meio das redes sociais e ainda por telefone.

5.

Considerações Finais

Em tempos de convergência midiática, as plataformas de informação estão cada vez mais se aprimorando para alcançar um público maior. Rádio e web, devido ao seu alcance, atingem um patamar de extensão bastante significativo. Observa-se, mesmo com uma linguagem que em termos conceituais se assemelham, a linguagem que deve atingir os ouvintes das emissoras de frequência modulada é diferente e singular.

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No contexto atual, mesmo aderindo aos textos e conteúdos do webjornalismo e das agências de notícias, ainda assim, as emissoras deixam uma lacuna no jornalismo das rádios. O radiojornalismo ainda está se descobrindo na região, mas ainda não conseguiu seguir um modelo específico de veiculação de notícias, o que mais se aproxima à esse propósito é o programa da Rádio Nativa (Rádio Alternativa).Assim, verifica-se que novas plataformas pensadas de forma particular devem ser implantadas, como por exemplo, uma agência de notícias com conteúdo da Região Tocantina para a região, ou mesmo a contratação de jornalistas para trabalharem exclusivamente nesse segmento. Esse novo modelo de veiculação, tende até a aprimorar essa interatividade existente entre esses canais de comunicação, emissor-ouvinte.

Referências

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