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Questões Metodológicas

Esse capítulo descreve o enfoque metodológico aplicado à pesquisa e apresenta os instrumentos utilizados para o levantamento dos dados.

3.1.

Métodos e Técnicas

A lacuna de conhecimento que desencadeou essa pesquisa foi detectada no processo de gerência e manutenção do site da PUC-Rio, do qual sou Webmaster desde junho de 1997. Foi imersa nesse contexto que detectei lacunas e perguntas não respondidas dentro das áreas de conhecimento de Design e Informática, a respeito de documentação de sites. O trabalho norteou-se na seguinte questão:

- Os métodos empregados atualmente para documentação de sites permitem documentar cada um dos elementos de Design e de Informática que o compõem (o conjunto de informações disponibilizadas, o projeto gráfico, a estrutura de navegação, etc.), bem como as relações intrínsecas e de

interdependência desses elementos, e levam a geração de uma documentação

que sirva como ferramenta consistente para a atualização, manutenção e

gerência do site ?

Baseada em Chizzotti (1999), que defende a idéia de que “a pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do pesquisador, sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia adequada ao campo de pesquisa”, selecionei os métodos e técnicas que identifiquei como os mais adequados para compor a metodologia que guiaria minha pesquisa. Os mesmos serão apresentados a seguir.

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3.2.

Fase inicial: a elaboração das hipóteses

Sob o ponto de vista metodológico, embora alguns autores, como Padua (1998), defendam a idéia de que nem todos os tipos de investigação científica necessitam da elaboração de hipóteses, concordo com Gil (1991), que diz “que todo procedimento de coleta de dados depende da formulação prévia de uma hipótese, sendo que em algumas pesquisas elas são implícitas e em outras são formalmente expressas”.

No meu caso, optei por expressá-las formalmente, pois elas balizaram meus objetivos, o que foi de extrema importância do início até o fim do trabalho.

Para uma melhor compreensão do processo que resultou na elaboração das hipóteses, faz-se necessário apresentar alguns aspectos importantes a respeito da história do site da PUC-Rio e a origem da sua documentação, que veio a tornar-se um dos objetos de estudo dessa pesquisa. Conforme dito por Azevedo (1999), o envolvimento e conhecimento prévio do pesquisador a respeito do tema pesquisado é um dado que não deve ser ignorado, pois pode trazer um grande enriquecimento do material coletado. Constatei que minha profunda imersão em um contexto intrinsicamente relacionado com o tema da pesquisa me proporcionou observar dados importantes para o tratamento do mesmo. Por esse motivo a seguir são descritos alguns aspectos dessa imersão considerados influentes no processo de definição do problema, elaboração das hipóteses, e levantamento de dados.

Embora já navegasse na World Wide Web desde 1993, minha experiência profissional em construção e gerência de sites iniciou-se em 1995, quando passei a trabalhar no Centro de Computação da PUC-Rio, o Rio Datacentro - RDC, no recém anexado Laboratório de Multimídia, para o qual fui contratada para ser coordenadora. Ainda em 1995, como primeira tarefa no RDC, tive a incubência de coordenar o projeto de desenvolvimento do primeiro Web site da Fundação Planetário do Rio de Janeiro.

Logo percebi que, apesar de estar lidando com uma tecnologia recente e pouco difundida, um enfoque sistêmico de projeto teria que ser dado ao trabalho, já que entre nossas atribuições estava o treinamento da equipe da Fundação

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Planetário, que ficaria responsável pela manutenção do site. Portanto teríamos que nos preocupar em estruturar o produto a ser gerado de forma que ele estivesse adequado a sofrer alterações, sem que as mesmas afetassem sua integridade estrutural e visual. Percebemos que o produto criado, por ser baseado em tecnologia computacional, e disponibilizar informações, poderia ser encarado como uma espécie de sistema de computador, para o qual, assim como em qualquer sistema semelhante, deveria ser desenvolvido algum tipo de documentação. Na época elaboramos então um pequeno manual que continha informações textuais sobre como atualizar as páginas, bem como todas as telas impressas a partir do browser, onde estava documentada a forma de visualização de cada uma delas.

O Web site da PUC foi lançado em 1992, sendo um dos primeiros sites criados no Brasil. Em 1995 embora ainda fosse um produto acadêmico e desenvolvido de forma experimental, já era um grande repositório de informações da Universidade. A partir de 1996 minha equipe passou a ser responsável pela parte visual do mesmo. Nesse mesmo ano nos foi dada a incubência de redesenhar suas interfaces. Na época, o Web site construido inicialmente como algo experimental, não possuia nenhuma forma de documentação que nos permitisse entender sua estrutura, de forma que pudessemos organizar e dimensionar o trabalho de redesenho das interfaces. Da mesma forma como ocorreu no projeto da Fundação Planetário, percebi que seria inviável realizar o projeto se não dispuséssemos de pelo menos de algum tipo de representação da estrutura de navegação. A necessidade dessa representação fazia-se ainda mais presente nesse projeto, pois o Web site da PUC apresentava uma quantidade muito grande de informações, e já um nível considerável de complexidade. Percorri então toda sua árvore de navegação e, utilizando um editor de texto, elaborei uma espécie de fluxograma hierárquico, que me permitiu saber o nivel de profundidade da árvore do Web site, enxergar categorias e quantidade de páginas. Os esboços visuais das interfaces gráficas foram feitos paralelamente em papel e diretamente no computador, usando um software de edição de imagens. No final de 1996 o Web site sofreu outro redesenho das interfaces. Para esse projeto utilizamos o fluxograma que havia sido desenvolvido para o redesenho anterior, com as devidas atualizações de estrutura sofridas no site.

Em julho de 1997, em decorrência de modificações estruturais e de diretoria

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do RDC, o Web site da PUC passou a ser administrado por mim, auxiliada por minha equipe. Cabia a nós agora não só a responsabilidade sobre a parte gráfica do site, mas também sua atualização, gerência, e desenvolvimento de novas páginas. Como registro de projeto recebemos impressas, a partir do browser, todas as páginas do Web site, e alguns documentos escritos a mão e outros impressos, onde estavam descritos, de forma suscinta, procedimentos de atualização de algumas de suas páginas. Em relação ao projeto do ano anterior, o site já havia crescido muito em número de páginas e em grau de complexidade. Como forma de documentação, as páginas impressas nunca vieram a servir a equipe, pois como mostravam as informações da época em que foram impressas, rapidamente ficaram obsoletas. Tratamos de digitar os documentos redigidos à mão e os armazenamos em pastas de fácil acesso.

Com o crescimento da Web, aumentou também o número de acessos ao Web site da PUC, bem como o interesse da Universidade em utilizá-lo como um canal de comunicação com seu público alvo. O resultado é que o site cresceu ainda mais, e de forma muito rápida. E em menos de seis meses como sua coordenadora e webmaster eu já havia percebido a necessidade da existência de ferramentas que auxiliassem em sua gerência, bem como a urgência em estruturá-lo de forma que o mesmo fosse atualizado o mais facilmente e rapidamente possível.

Em abril de 1998, com a reestruturação do Web site em andamento, uma reduzida equipe de trabalho e uma crescente demanda por novos serviços e páginas, dei início a um processo emergencial de documentação, onde a idéia era registrarmos as informações que considerávamos fundamentais para a gerência e manutenção do site. Na época a equipe era composta por mim e uma funcionária, e contávamos com a ajuda de dois bolsistas trabalho e alguns estagiários. Somente a partir do segundo semestre de 2000 é que a equipe começou a ser ampliada, com a efetivação de alguns desses bolsistas e estagiários, formando a equipe que temos em 2002.

Em 1999 o site recebeu uma contribuição importante em relação ao formato de sua documentação, quando a aluna do curso de Desenho Industrial, Ludmila Fabiano Leão, minha orientanda, aceitou minha proposta de fazer como Projeto de Conclusão de Curso o desenvolvimento de um manual de manutenção do Web site da PUC-Rio.

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Além do papel de orientadora, assumi, juntamente com minha única funcionária na época, o papel de “público alvo” do projeto de Ludmila. Recolhemos informações e discutimos aspectos que seriam importantes para nós, no que dizia respeito à documentação.

Um dos objetivos principais do projeto está documentado no próprio manual:

“O site da PUC, existente desde 1992, foi um dos primeiros sites na web do Brasil e é um dos grandes repositórios de informação da universidade.A sua manutenção é coordenada pelo “webmaster” e feita por uma equipe formada por funcionários e alunos da faculdade, que trocam seus serviços por uma bolsa de estudo. Como essa equipe é flutuante, toda vez que um novo aluno é integrado ao grupo o

“webmaster” tem que prover-lhe o necessário treinamento. Considerando que o site cresceu substancialmente nos últimos anos surgiu a necessidade de se automatizar o processo de manutenção e treinamento da equipe.Este projeto se propõe a organizar informações sobre o site sob formato de um manual on-line. O manual agrupa de forma organizada as tarefas de manutenção do site através de tabelas de dados cruzados, que estão relacionadas aos fluxogramas, frequência de

manutenção, e páginas afetadas no processo.Com a utilização desse manual, haverá um maior controle de consistência dos dados do site e o treinamento técnico da equipe de manutenção poderá ser realizado em um espaço de tempo inferior ao atual. Ele será igualmente útil em futuras restruturações do site.”

[ http://www.puc-rio.br/manual/autoras.html ]

Um dos principais objetivos do manual era servir como um documento que nos ajudasse a treinar novos estagiários a realizar tarefas de manutenção, pois o processo de treinamento demandava muito esforço e tempo de nossa parte, e era agravado pelo fato de estarmos constantemente perdendo estagiários, que com frequência deixavam a equipe pouco tempo depois de terem recebido treinamento, levados para fora da universidade por propostas sedutoras geradas pelo “boom” da web, que de 1998 a 2000 viveu seu auge no Brasil. Nossa idéia era criar um formato de manual que pudesse funcionar como um repositório de informações sobre o site e uma espécie de tutorial de treinamento para algumas tarefas de manutenção.

Devido à complexidade das questões que surgiram, ficou decidido que o projeto de minha orientanda focaria em elaborar um manual online de manutenção do Web site da PUC-Rio, concentrando-se no formato do mesmo e na disponibilização das informações. O projeto da aluna foi concluído em 1999, quando a partir de então o manual começou a ser alimentado de conteúdo. A equipe de desenvolvimento e manutenção do site passou a trabalhar sob a

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orientação geral de que a documentação é uma ferramenta importante no processo de gerência e manutenção de um site do porte e complexidade do site da universidade, e que a mesma deveria ser constantemente atualizada. De 1999 a 2002 a equipe gerou vários tipos de documentos onde foram registradas informações do projeto do site, tais como aspectos de Design e Informática ligados à construção e atualização das páginas, rotinas e periodização da manutenção, listas de aplicações desenvolvidas (script’s, CGI’s, etc) e outras informações relevantes para a gerência do site. Além dos itens do projeto original do Manual, outros foram acrescentados ao longo dos anos.

Já durante o processo de orientação do projeto de minha orientanda, identifiquei um grande número de lacunas no que diz respeito à documentação de sites. E nos dois primeiros anos de uso do manual pela equipe, simultâneos ao surgimento de novas tecnologias na construção de páginas, eu já tinha material suficiente para definir a hipótese central dessa dissertação, enunciada a seguir:

Sites que demandam atualização rápida, diária e organizada são projetos complexos, que incorporam elementos de Design e de Informática, para a

disponibilização de conteúdo na World Wide Web. Sua documentação é

fundamental para sua gerência e requer um enfoque metodológico

adequado para gerá-la, de forma que a mesma possa servir como uma ferramenta eficiente e consistente para a atualização, manutenção e gerência do site, onde estejam registrados cada um dos elementos de Design e de Informática que o compõem (o conjunto de informações

disponibilizadas, o projeto gráfico, a estrutura de navegação, etc.), bem como as relações de interdependência desses elementos, tornando-os, assim, produtos com características de projeto de Desenho Industrial, onde estão registradas as normas e padrões que tornam possíveis sua reprodução e continuidade.

Uma segunda hipótese foi também elaborada, complementando a hipótese central:

Web site que necessitam de atualização constante, rápida e organizada devem ser considerados como projeto de Desenho industrial, pois requerem

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formas de representação e documentação que tornem possível sua reprodução e continuidade.

É importante registrar que o manual online resultante do projeto da aluna Ludmila Fabiano Leão, embora tenha sido acrescido de alguns novos itens, é mantido atualizado, é consultado pela equipe e continua sendo utilizado no treinamento de novos estagiários, apesar da equipe ter crescido em número de funcionários. Ele foi inclusive objeto de estudo de um dos levantamentos de dados dessa pesquisa, conforme será visto a seguir.

3.3.

Levantamento de dados e a definição por um estudo de caso

De acordo com Köche (1997), a partir das teorias publicadas em livros ou obras congêneres é possível encontrar explicações do problema tratado, bem como conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre o tema. Portanto após a elaboração das hipóteses, iniciei o trabalho com uma pesquisa

bibliográfica, buscando base teórica que apoiasse ou negasse minhas hipóteses, e

tentando também relacionar o maior número de dados possível sobre o tema

tratado ou a ele relacionados. A pesquisa estendeu-se também a buscas na World

Wide Web, e a conversas com profissionais de Design e Informática, ligados a Web.

Infelizmente pouco foi encontrado a respeito do tema “documentação e gerência de sites”. A maioria das publicações na área trata de aspectos ligados somente à construção de sites, sejam eles aspectos de Design ou de Informática, e nem sequer exploram a relação ou áreas de fronteira existentes entre ambos. Novas e complexas questões emergiram, devido à interdisciplinaridade do tema tratado, e deparei-me diante de um universo gigante de possibilidades a serem exploradas.

Identifiquei, dentro do problema, várias sub-questões e lacunas a serem preenchidas. Minha proposta inicial era desenvolver uma metodologia apropriada para documentação de sites. Verifiquei que para a realização desse trabalho seria necessário fazer um estudo anterior, onde deveriam ser levantados dados que servissem para guiar o desenvolvimento dessa metodologia, já que as interseções

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entre as questões de Design e Informática, o perfil interdisciplinar das equipes de desenvolvimento e manutenção, e o fato da Web agrupar um conjunto de tecnologias recentes, com poucas pesquisas na área, geravam questões que precisariam ser melhor compreendidas antes de partir-se para a elaboração de uma metodologia de documentação.

Além disso, sob o ponto de vista da Informática, Documentação de Projetos é uma área com muitos trabalhos publicados, mesmo que não especificamente voltados para a Web. Conforme dito no capítulo anterior, em Design, os produtos sempre foram objetos concretos, ou “sólidos” Apenas recentemente a área de Design começou a lidar com produtos virtuais, ou “líquidos”, maleáveis,

modificáveis (como é o caso dos sites) 6. Já em informática, o produto sempre foi

virtual, portanto a geração de uma documentação sempre foi parte do processo de desenvolvimento de sistemas. De certa forma, em Informática a única parte concreta (“sólida”) do produto gerado é a documentação. O resto é e sempre foi virtual, maleável, modificavél, ou “líquido”. Portanto, embora não tenha sido encontrada nenhuma metodologia especificamente voltada para a documentação de sites, e que respondessem às questões propostas em minha dissertação, ainda assim, a forma como a documentação se encaixa em projetos sob o ponto de vista da Informática, levou-me a questionar se ela não seria também um produto da metodologia de construção empregada para desenvolver o site, ou se ela não seria um dos produtos de resultantes de seu projeto de desenvolvimento. Ou seja, uma abordagem da minha pesquisa poderia ser a de afirmar que não há necessidade da existência de uma metodologia adequada para documentar sites, uma vez que uma metodologia de desenvolvimento de sites adequadamente empregada gera documentação (e a partir desse enunciado propor como objetivo do trabalho avaliar a documentação gerada através de uma metodologia de desenvolvimento de sites tendo em vista seu uso como uma ferramenta de auxílio a gerência, atualização e manutenção do site).

Outra questão não respondida dizia respeito a como os profissionais de Design e Informática percebem o desenvolvimento de um site: seria um projeto? Seria um produto artesanal? Seria um projeto de Desenho Industrial? A resposta a

6 A utilização dos termos “sólido”, “líquido” e “gasoso”, surgiu em uma das entrevistas, onde o

entrevistado fez uma analogia feita por um Designer, entre as etapas de desenvolvimento de um projeto e os três estados da matéria.

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essas perguntas desencadeou novas questões a respeito de como os sites são construídos, e de quanto o processo de construção influencia sua manutenção.

Entretanto, tanto do ponto de vista de Informática quanto de Design no que diz respeito à documentação de sites, as questões não respondidas encontravam-se em aspectos da documentação (enfoque metodológico e formatos) considerando seu uso como uma ferramenta de auxílio a gerência, atualização e manutenção do site.

Segundo Salomon (1999), “assim como há pesquisa e pesquisas, também há problema e problemas”. Ele entende “por problema que requer tratamento científico a questão que se coloca diante do estudioso como um desafio à sua capacidade solucionadora, revestida de notas de relevância: operativa, contemporânea , humana. A relevância operativa se dá quando o problema é capaz de produzir novos conhecimentos; a relevância comtemporânea se refere à atualização ou novidade em relação ao estágio atual da evolução científica e a relavância humana representa a utilidade acarretada para o homem, através da solução do problema”.

Verifiquei que o problema tratado em minha pesquisa revestia-se dos três tipos de relevância descritos por Salomon (1999), pois ao mesmo tempo em que seu estudo inicial levantara novas questões que gerariam novos conhecimentos (relevância operativa), ele era pouco explorado no atual estágio de conhecimento a ele relacionado (relevância contemporânea), além de possuir lacunas que, caso preenchidas, traria grande benefício ao trabalho das equipes de manutenção e desenvolvimento de Web sites (relevância humana).

Ainda segundo Salomon (1999), “existem problemas complexos, que merecem tratamento à maneira científica, mas nem sempre dentro da estandartização do método científico (...), o que abre perspectivas de abordagens diferentes das tradicionais, promove a realização científica em áreas até então desconhecidas ou em áreas fronteiriças do saber humano e propicia a criação de novos ‘métodos’ e de novas ‘técnicas’ de pesquisa.”

Por tratar-se de uma dissertação de mestrado, onde o tempo determinado para realização da pesquisa [Bell, 1987] não justificava buscar um método ciêntifico novo que tratasse de um problema interdisciplinar complexo, e considerando o número de desdobramentos possíveis, optei por aprofundar o estudo em um caso específico, onde segundo Santos (1999) eu poderia selecionar

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um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe aspectos característicos.

O foco da dissertação passou então a ser o estudo da documentação de um Web site de grande porte (institucional ou não) que demandasse atualização rápida, diária e organizada, com o objtivo de levantar e analisar dados, e extrair recomendações e conclusões a respeito de questões metodológicas, formatos e formas de representação da informação envolvidas na geração de sua documentação, bem como o uso da mesma como uma ferramenta no processo de gerência e manutenção do site

Conforme dito anteriormente, o problema desencadeou muitas questões, portanto existem muitos desdobramentos a serem explorados em trabalhos posteriores, conforme poderá ser visto no Capítulo “Resultados”.

Para a escolha do Web site a ser estudado, fiz então um levantamento de dados, onde analisei vários sites com a característica essencial para a realização da pesquisa: Web site de grande porte (institucional ou não), que demande atualização rápida, diária e organizada.

Como o caso em estudo abrangia a aplicação de uma entrevista de

abordagem qualitativa, para a elaboração do roteiro de perguntas percebi ser

necessária a realização de um novo levantamento de dados, pois diante do pouco material a respeito de documentação e manutenção de Web sites, que tratasse de questões de Design e Informática, identifiquei que metodologias de construção de Web sites poderiam contribuir bastante em dados para o levantamento de questões de manutenção, entre elas a documentação.

Busquei então levantar metodologias especificamente voltadas para a construção de sites, sendo que optei por fazer um estudo mais aprofundado em relação à metodologia OOHDM - Object-Oriented Hypermedia Design Method [Schwabe, 1996], visando levantar aspectos, elementos e/ou etapas do processo de construção de um Web site que tivessem relação ou implicação em sua manutenção, e que viessem a afetar a forma de documentação. Tal metodologia foi escolhida para esse fim por estar voltada especificamente para o desenvolvimento de aplicações hipermídia (entre as existentes, um Web site é um tipo), por abordar de forma profunda a relação entre as informações disponibilizadas em um Web site e sua estrutura de navegação, e por estar voltada para o desenvolvimento de Web sites onde há neceessidade de organização da

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informação. Além disso, os projetos gerados através dessa metodologia geram documentação. O estudo aprofundado da OOHDM foi extremanente útil na elaboração do roteiro das entrevistas realizadas posteriormente com a equipe do Web site em estudo nessa pesquisa.7

Foram pesquisados e analisados vários Web sites, para a escolha daquele a ser estudado.

Conversei com Designers com experiência no desenvolvimento para a Web a respeito do assunto, examinei a documentação de sites por eles elaboradas, e realizei uma visita ao local de trabalho de um dos sites cogitados para o estudo, onde pude conversar com Designers, Programadores e com o Coordenador da equipe a respeito de aspectos de documentação.

Cabe ressaltar que um dado comum aos Web site analisados e cogitados para estudo de caso é o fato de todos terem uma história semelhante ao da PUC-Rio, ou seja, cresceram rapidamente e sem registro de projeto, resultante do rápido e inesperado crescimento da Web, transformando-se em uma nova mídia, em uma nova forma de comunicação, mas que por ser baseada numa tecnologia recém-nascida, era carente de metodologias de desenvolvimento, trabalho e aplicação adequadas, com inúmeras lacunas a serem preenchidas em várias áreas do conhecimento, destacando-se entre elas as áreas de Design, Informática, Ergonomia, Interação Homem-Computador, Comunicação, Psicologia, Sociologia e Educação.

Outro fator comum é que todos (inclusive o Web site da PUC-Rio) possuiam claramente uma divisão entre funções de desenvolvimento e manutenção dentro das equipes. Nessa dissertação o termo desenvolvimento refere-se a projeto de novas páginas, e o termo manutenção refere-se à atualização de páginas, ou criação de novas baseadas em modelos já existentes.

Um terceiro fator comum e muito importante detectado nos Web sites pesquisados era o fato das equipes de desenvolvimento e manutenção trabalharem com algum tipo de documentação, mas nenhuma delas gerada através de metodologia específica, ou seja, a documentação resultante era resultado do método, formato ou técnica de documentação da preferência do membro da equipe que a havia gerado.

7 A partir de Dezembro de 2000 passamos a utilizar a metodologia OOHDM noprocesso de

desenvolvimento de alguns dos novos recursos do site da PUC-Rio.

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Ao final da análise o Web site o escolhido acabou por ser o da PUC-Rio, pelos motivos abaixo apresentados. O site, criado de forma experimental em 1992, foi um dos primeiros do Brasil e passou por vários processos de evolução – da fase experimental até a atual estrutura profissional de funcionamento e construção – o que gerou vasto material para a pesquisa. Além disso, como integrante da equipe do mesmo desde 1996, sendo que a partir de 1997 me tornei sua Webmaster e coordenadora geral, tive a oportunidade de conviver em profunda imersão no ambiente da pesquisa. Voltando a citar Azevedo (1999), como pesquisadora, minha imersão no contexto da pesquisa, e profundo conhecimento dos instrumentos envolvidos no estudo, permitiram-me não só detectar o problema norteador dessa dissertação, mas também me colocou diante de uma grande riqueza de informações sobre o tema e questões aqui tratados, e me

permitiu deobservar de forma direta a relação projeto/construção/manutenção do

Web site, a elaboração de documentação para o mesmo e seu uso pela equipe. Conclui então que, diante dos objetivos traçados para essa pesquisa, o site da PUC-Rio apresentava-se como um excelente e rico caso para estudo. Além disso, os outros Web sites cogitados para estudo começaram, por volta do ano de 2001, a ter suas equipes desintegradas, devido ao fim do auge do “boom” da Web no Brasil e no mundo, o que tornaria impossível sua utilização como estudo para essa pesquisa.

O passo seguinte foi realizar uma pesquisa documental, onde analisei a documentação gerada e em uso pela equipe de desenvolvimento e manutenção do Web site da PUC-Rio durante os anos de 1999, 2000, 2001 e até a presente data de 2002, onde foram levantados seus aspectos e caracteristicas gerais, bem como as

formas de representação e documentação de informações utilizadas. Esse

material, bem como outros aspectos do site estudado, serão apresentados com mais detalhe no próximo capítulo. A análise da documentação permitiu-me extrair categorias de formas de representaçao presentes na documentação do site, o que auxiliou bastante no processo de elaboração do roteiro das entrevistas que seriam realizadas.

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3.4.

As entrevistas

O último passo para o levantamento de dados para a pesquisa foi a realização das entrevistas com membros da equipe de desenvolvimento e manutenção do Web site da PUC-Rio. Optei por uma amostra intencional de profissionais, que por sua competência e experiência na área mostravam-se adequados ao propósito da pesquisa. Foram entrevistados 2 (dois) Analistas de Sistemas, 2 (dois) Designers e 1 (um) Programador.

O roteiro de perguntas foi elaborado a partir dos dados obtidos nos levantamentos anteriormente descritos.

Quanto ao método de aplicação das mesmas, duas questões mostravam-se importantes para mim. Um era que, assim como defendido por Bardin (sem data), preparei-me para “aceitar o caráter provisório das hipóteses, a fim de despistar as primeiras impressões”. Em nenhum momento pretendi comprovar como verdadeiras as hipóteses de minha dissertação, senão não estaria realizando um trabalho científico, mas sim buscando uma ideologia. Eu estava preparada para aceitar que as hipotéses, ou algumas de suas afirmações, poderiam ser comprovadas como falsas, consciente de que tal fato não invalidaria a contribuição resultante do meu trabalho, já que as perguntas seriam de qualquer maneira respondidas. Apenas os desdobramentos seriam afetados.

Outra questão fundamental era o fato de que eu estaria entrevistando minha própria equipe, o que exigia de minha parte uma postura de investigação consciente da minha imersão no ambiente de estudo. Segundo Spitz, (1993) seria fundamental na minha auto-observação durante a realização das entrevistas, onde o maior objetivo era obter respostas, opiniões e pontos de vistas autênticos de cada entrevistado. Portanto eu teria que estar constantemente atenta a esse fato.

Ao contrário da concepção tradicional a respeito de entrevista como um conjunto de questões formuladas por uma pessoa ( o pesquisador) e respondidas por outra (o sujeito), em geral o caso das pesquisas de natureza qualitativa é bem diferente. A predominância da noção de interatividade entre sujeito e objeto de estudo faz com que, em pesquisas de abordagem qualitativa, a entrevista seja considerada como um importante instrumento de captação imediata e corrente da informação desejada”, que permite interagir, em maior ou menor grau, com

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diferentes tipos de informante e sobre variados tópicos (Ludke e Andre, 1986, em Spitz 1993).

As entrevistas de caráter qualitativo, e cujo roteiro será apresentado a seguir, abordavam questões de Design e Informática ligadas a formas de representação, áreas de fronteira e interseção entre as citadas áreas, processo de trabalho e criação, visão de projeto e construção, manutenção e documentação de Web sites.

Seu objetivo era levantar informações a respeito das questões acima, sob o ponto de vista da mesma equipe já acostumada a produzir e utilizar documentação para o Web site da PUC-Rio, mas sem no entanto tê-la produzido utilizando uma metodologia ou forma de representação pré-estabelecida, e sem ter nunca inclusive discutido esse assunto. A análise das entrevistas e o cruzamento dos dados levantados com os dados recolhidos através da análise da atual documentação serão apresentados no capítulo “Resultados”.

O roteiro da entrevista foi elaborado de acordo com um modelo referido por Spitz (1993), onde foram relacionadas as questões envolvidas na pesquisa, e agrupando-se a elas perguntas guias, que não necessariamente apresentavam óbvia ligação com a questão tratada, o que permitia uma interação mais livre, não influenciando a resposta do sujeito e aumentando a possibilidade de aquisição de novos dados e até de novas questões. No mesmo roteiro, uma outra coluna identificava teorias relacionadas a cada questão. As perguntas iniciavam-se com questões gerais ligadas a Design ou Informática (dependendo do perfil do entrevistado), passando a questões ligadas a àreas de fronteira e interseção entre essas duas áreas e projetos de sites, para em seguida entrar em questões ligadas construção e manutenção de Web sites, e só no final abordar questões de documentação, incluido questões relacionadas a documentação dinâmica (auto-atualizável).

Apesar da excelente relação que mantenho com minha equipe, onde há muita clareza e transparência de atitudes e objetivos, e um canal constantemente aberto ao diálogo e comunicação, preocupei-me com o fato deles virem a confundir os papéis da chefe com o da pesquisadora que os entrevistava, ou tentassem “acertar” a resposta das perguntas, no pensamento de que haveria uma resposta certa.

A equipe conhecia superficialmente o tema do meu trabalho. Eles sabiam apenas que estava relacionado à documentação de Web sites e que os resultados

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poderiam vir a nos ajudar na elaboração de um novo manual de manutenção para uso da equipe.

Previamente à marcação das datas para entrevistas, consultei cada um entrevistados individualmente, sobre sua disponibilidade para as mesmas. Todos se declararam disponíveis e mostraram inclusive uma certa excitação positiva em relação a idéia.

Portanto, baseando-me em abordagem utilizada em pesquisas semelhantes, onde o pesquisador apresentava vinculação muito estreita com o tema tratado, além de no meu caso também apresentar um vínculo hierárquico forte com os entrevistados (chefe-subordinado), o que poderia vir a influenciar nas respostas obtidas, (Spitz, 1993), antes do início da entrevista tive os seguintes cuidados:

- explicar que a pesquisa, embora certamente venha a contrubuir para a forma como documentamos o site da PUC-Rio, não está preocupada com esse aspecto no momento. Portanto eles não deveriam se preocupar em relacionar suas respostas com nosso trabalho no site da universidade. Verifiquei que ao longo das entrevistas todos os entrevistados sentiram necessidade de relacionar suas respostas e exemplos ao trabalho desenvolvido, pois estavam respondendo a luz de sua experiência pessoal.

- certificar-me que eles estavam fisicamente confortáveis. No desenrolar das entrevistas me preocupei em verificar novamente, de tempos em tempos, a respeito do conforto físico, pois como as entrevistas foram longas, poderiam estar com vontade de ir ao banheiro, beber água, fazer alguma ligação telefônica, etc.

- esclarecer que não havia respostas certas ou erradas. Eles deveriam responder o que realmente pensavam ou quisessem a respeito de cada tema levantado.

- pedir autorização para publicação na dissertação de seus nomes reais e para gravar a entrevista.

- por fim, deixar claro que quem estava diante deles não era a chefe, mas a pesquisadora, e que era muito importante para a validação da minha pesquisa que eles fossem sinceros nas respostas, considerendo que eu não estaria julgando-as sob o ponto de vista de estarem certas ou erradas, nem muito menos relacionando-as com o dia-a-dia do trabalho. Portanto eles deveriam responder como indivíduos, e não como funcionários, mesmo que várias respostas fossem dadas à luz da experiência adquirida trabalhando no site da PUC-Rio.

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Nas perguntas relacionadas à documentação, tive o cuidado de perguntar se eles continuariam documentando o site, caso não fosse uma rotina de trabalho da equipe, para que eles pudessem se manifestar livremente a respeito da ação de documentar um trabalho.

As entrevistas tiveram duração média de duas horas. Em uma delas realizamos um pequeno intervalo para descanso, a pedido do próprio entrevistado.

A seleção dos entrevistados baseou-se nos perfis detectados durante a fase de levantamento de dados: as equipe dos sites candidatos ao estudo eram compostas por profissionais de Design e de Informática, alocados em funções de Manutenção e Desenvolvimento. Haviam, por parte dos profissionais de Informática perfis de Analistas de Sistemas, que são profissionais que desenvolvem funções de projeto ou com visão sistêmica, e Programadores, que não necessariamente necessitam de uma visão sistêmica no desenvolvimento de suas funções. Designers, independentemente de trabalharem com manutenção ou desenvolvimento, desempenham função de projetistas, o que requer visão sistêmica. Esse aspecto é inerente inclusive da própria formação do Designer.

A atual equipe de manutenção e desenvolvimento do site da PUC-Rio é composta por dois Analistas de Sistemas, um atuando na área de Desenvolvimento e outro na área de manutenção, um Programador atuando nas duas áreas, e três Designers, sendo um mais alocado a desenvolvimento, e outro alocado em ambas as áreas. O terceiro Designer foi recentemente contratado para funções de manutenção, com eventual envolvimento em projetos de desenvolvimento. Mas devido a motivos de cronograma dessa dissertação não foi possível alocá-lo na entrevista. Com exceção do Programador, todos os entrevistados possuem mais de três anos de experiencia na área.

Os perfis dos entrevistados serão apresentados no Capítulo “O site da PUC-Rio, sua equipe e documentação” e o roteiro de perguntas e questões pode ser visto no Anexo I.

O Analista de Sistemas João Condack dos Santos foi propositalmente escolhido para ser o primeiro a ser entrevistado, pois sabendo que na primeira entrevista o roteiro talvez necessitasse de adaptação, optei por entrevistar em primeiro lugar alguém cujas respostas eu poderia prever mais facilmente. João utiliza metodologia OOHDM no desenvolvimento de seus projetos e sempre deixou clara sua postura favorável ao uso de metodologias. Portanto ele era o mais

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indicado e possível de detectar questões não abordadas no roteiro , caso houvessem.

Entretanto o roteiro mostrou-se muito completo em sua abordagem. Poucas adaptações surgiram dessa entrevista, portanto o roteiro original permaneceu praticamente inalterado ao longo de todas as entrevistas.

A profundidade do levantamento de dados executado para a elaboração do roteiro foi fundamental para que o mesmo resultasse em um conjunto bem completo de perguntas, onde foi possível aprofundar alguns aspectos com novas questões que surgiram durante o processo de realização das entrevistas, sem no entanto quebrar-se o encadeamento de idéias e questões pré-estabelecidas.

As outras entrevistas seguiram-se em ordem não determinada para a escolha do entrevistado, com exceção da Designer Flavia Aucar Soler, alocada com mais ênfase em Manutenção, que propositalmente deixei por último, pois tendo sido ela uma das responsáveis pelo atual projeto de Interfaces do Web site da PUC-Rio versão 2002, para o qual gerou extensa documentação, optei por entrevistá-la quando já tivesse recolhido material de todos os outros entrevistados, o que me permitiria ir para sua entrevista com uma grande riqueza de informações, permitindo-me explorar ainda mais profundamente as respostas obtidas.

3.5.

A análise dos dados

De acordo com Bardin, a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações.

Ainda segundo o autor, apelar para instrumentos de investigação laboriosa de documentos, é situar-se ao lado daqueles que querem dizer não a “ilusão da transparência”, recusando ou tentando afastar os perigos da compreensão espontânea. É igualmente “tornar-se desconfiado” relativamente aos pressupostos, lutar contra a evidência do saber subjetivo, destruir a intuição em proveito do “construído”, rejeitar a tentação da sociologia ingênua, que acredita poder apreender intuitivamente as significações dos protagonistas sociais, mas que somente atinge a projeção da sua própria subjetividade. Essa atitude de “vigilância crítica” exige o rodeio metodológico e o emprego de ‘técnicas de ruptura” e afigura-se tanto mais útil para o especialista de ciências humanas, quanto mais ele

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tenha impressão de familiaridade face ao seu objeto de análise. É ainda dizer não “à leitura simples do real”, sempre sedutora, e forjar conceitos operatórios,

aceitar o caráter provisório das hipóteses, definir planos experimentais e de

investigação (a fim de despistar as primeiras impressões). À luz dessas recomendações, minha atenção perante minha familiaridade e imersão no contexto permaneceu durante a fase de análise dos dados.

Concordo com Hammersley e Atkinson (em Spitz, 1993), para quem, em pesquisas de natureza qualitativa a análise dos dados não é uma fase distinta das demais, mas sim começa antes mesmo da entrada do pesquisador em campo, na formulação e clarificação dos questões de estudo, e continua até a redação do relatório final.

Na presente pesquisa a análise de dados iniciou-se formalmente durante a aplicação das entrevistas, quando já fui relacionando aspectos e categorias que iam emergindo.

Durante as entrevistas, fiz anotações dos aspectos que mais me chamaram atenção, fosse em funçao da quatidade de menções ou referência a seu respeito, por apresentarem dados novos para a pesquisa, ou por me permitirem fazer cruzamentos imediatos com outras informações já levantadas. Ao final de cada entrevista, cruzava os novos dados com os que já havia obtido anteriormente, revendo os aspectos já coletados, avaliando cada aspecto surgido, o que me ajudou a estruturar meu pensamento além de manter continuamente “em dia” minha linha de raciocínio e a análise dos dados, onde começaram a surgir categorias mesmo antes do fim da entrevistas. Essas informações foram anotadas a caneta, nas folhas do roteiro da entrevista. Criei um código para identificar as informações de cada entrevistado.

Alves (em SPITZ, 1993) “ressalta o enorme volume de dados frequentemente gerados por pesquisas qualitativas, e a importância da realização de um continuado processo complexo e não-linear de organização e compreensão das informações coletadas. Nesse processo, segundo a autora, que se inicia na fase exploratória e acompanha toda a investigação, procura-se identificar dimensões, categorias, tendências, padrões e relações, desvendando-lhes o significado.

Diante portanto, da enorme quantidade de informações a serem transcritas, optei por primeiramente organizar a informação que já tinha. Trancrevi, portanto, as informações manuais para o formato digital, e criei um item que intitulei

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“Dados que mais se evidenciaram durante as entrevistas”. Também escrevi as conclusões às quais eu havia chegado até aquele momento, com os cruzamentos e informações das entrevistas ainda frescos na minha cabeça, e antes da transcrição das fitas e análise mais detalhada das informações colhidas.

A entrevista de cada candidato foi gravada em fitas separadas. A fase inicial de análise, antes da transcrição das fitas, onde foram extraídas o que denominei de “pré-conclusões” e cruzados dados que mais se evidenciaram durante as entrevistas, mostrou que o cruzamento constante de dados seria um elemento facilitador da análise, já que as respostas dos entrevistados podiam ser cruzadas, comparadas e pré-conclusões extraidas. Por esse motivo escolheu-se transcrever as fitas seguindo a ordem de aplicação das perguntas, ou seja ouvindo-se e transcrevendo-se as respostas de todos os entrevistados sobre cada pergunta. Esse procedimento possibilitou que as informações fossem sendo analisadas durante a transcrição, já que era possivel ouvir todos os entrevistados sobre cada ponto de

vista, o que facilitou a análise dos dados. Após as transcrições das entrevistas e

sua leitura atenta, reavaliei as categorias já existentes, até chegar às categorias finais.

Separei as formas de representação de informação encontradas a partir do estudo da documentação atual do site da PUC Rio, das que foram descritas ou sugeridas nas entrevistas. Também separei os formatos de documentação citados, dos passoos, rotinas, normas ou procesos de documentação que mergiram nas entrevistas, considerando que essses últimos estão relacionados a métodos, e os primeiros a geração de documentos (através ou não de métodos). Também listei questões novas, decorrentes do caráter aberto da entrevista, ou novas características percebidas dos perfis dos entrevistados, resultantes da função que desempenham.

O conjunto final de categorias de análise resultou da relação dinâmica entre as questões inicialmente delineadas, e as questões que emergiram durante o processo de pesquisa.

Os dados obtidos durante a pesquisa foram analisados através dos processos descritos em Spitz (1993) e Bardin (sem data).

Cabe ressaltar que devido à constante evolução tecnológica relacionada a área em estudo, paralelo a análise dos dados fiz uma atualização do referencial teórico, para certificar-me se havia surgido alguma nova informação que viesse a

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influenciar na análise de dados e nos enunciados dessa pesquisa.

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