• Nenhum resultado encontrado

Aula 0. Direito Penal para o Delegado da Polícia Civil do Pará Princípios do Direito Penal. Professores: Julio Ponte e Lorena Nascimento

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Aula 0. Direito Penal para o Delegado da Polícia Civil do Pará Princípios do Direito Penal. Professores: Julio Ponte e Lorena Nascimento"

Copied!
39
0
0

Texto

(1)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento

Aula 0

Direito Penal para o Delegado da Polícia Civil do Pará - 2016 Princípios do Direito Penal

(2)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento

Aula Conteúdo Programático Data

00 Princípios do Direito Penal. 15/07

01 A lei penal no tempo. A lei penal no espaço.

Interpretação da lei penal 19/07 02 Infração penal: elementos, espécies, tentativa.

Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. 22/07 03 Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. 29/07 04 Excludentes de ilicitude e de culpabilidade. Erro de

tipo; erro de proibição. Imputabilidade penal 05/08 05 Concurso de pessoas. Concurso de crimes. Erro na

execução. Resultado diverso do pretendido. 12/08

06 Crimes contra a pessoa. 19/08

07 Crimes contra o patrimônio. Crimes contra o

sentimento religioso. 26/08 08 Crimes contra a dignidade sexual. Crimes contra a

família. 02/09

09 Crimes contra a incolumidade pública. Crimes

contra a paz pública 09/09 10 Crimes contra a fé pública. Crimes contra a

administração pública. 16/09 11 Penas: teoria da pena, penas restritivas de direito,

penas privativas de liberdade 23/09

Aula 0 – Aula Demonstrativa

(3)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento Tópicos da Aula

1. Apresentação ... 3

2. Princípios do Direito Penal ... 5

3. Lista das Questões Apresentadas ... 29

4. Gabarito ... 39

1. Apresentação

Olá, pessoal! Égua! O edital da Polícia Civil do Pará saiu!    

Vamos iniciar o curso de Direito Penal para o cargo de Delegado de

Polícia Civil do Estado do Pará – 2016, com a presente aula demonstrativa,

cujo tema será Princípios do Direito Penal.  

 

Temos que ligar as turbinas dos estudos e nos preparar para acertar as 10 questões de Legislação Especial da prova, afora as outras 70!!!

Antes de mais nada, permitam-nos fazer uma breve apresentação.

Meu nome é Lorena Lima Nascimento, sou Delegada de Polícia Federal, desde o ano de 2003. Antes de assumir o concurso da PF, fui advogada e Técnica Judiciária do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, onde lá trabalhei junto à Vara da Infância e da Juventude.

E eu sou o Julio Ponte, Policial do Senado Federal, aprovado no concurso de 2008. Fui Oficial da Marinha do Brasil, formado pela Escola Naval. Mas após sair do meio militar, ainda passei pelo cargo de Analista de Gestão e Trânsito do DETRAN/RJ e pela Polícia Rodoviária Federal antes de chegar à Polícia Legislativa.

(4)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento  

Sua remuneração inicial será de R$ 12.250,00, estando previstas 142

vagas. Vale dizer tratar-se de um cargo bastante cobiçado por muitos concurseiros, especialmente os recém formados e porque não para aqueles que se encontram na iminência de conclusão do curso, haja vista ser um cargo privativo de bacharel em Direito e não haver a necessidade de prática jurídica, o que também implica a possibilidade de percepção de uma ótima remuneração como primeiro emprego e também para aqueles que desejam ingressar na carreira policial.  

 

Consta do item 2.3. do edital as atribuições do cargo de Delegado de

Polícia Civil do Estado do Pará, quais sejam: dirigir, coordenar, supervisionar e fiscalizar as atividades administrativas e operacionais do órgão ou unidade policial sob sua direção; cumprir e fazer cumprir, no âmbito de sua competência, as funções institucionais da Polícia Civil; planejar, dirigir e coordenar, com base na estatística policial e no conhecimento produzido pela atividade de inteligência policial, as operações policiais no enfrentamento efetivo à criminalidade, na área de sua competência; exercer poderes discricionários afetos ao cargo que objetivem proteger os direitos inerentes à pessoa humana e resguardar a segurança pública e a justiça criminal; praticar todos os atos da polícia, na esfera de sua competência, visando à diminuição da criminalidade e da violência; zelar pelo cumprimento dos princípios e funções institucionais da Polícia Civil; zelar pelos direitos e garantias constitucionais fundamentais; instaurar e presidir inquéritos policiais e outros procedimentos administrativos no âmbito de sua competência, cabendo-lhe, privativamente, o indiciamento decorrente do livre convencimento jurídico penal, fundamentado nos elementos informativos de prova colhidos no Inquérito Policial; promover diligências, requisitar informações, determinar exames periciais, remoções e documentos necessários à instrução do inquérito policial ou outros procedimentos decorrentes das funções institucionais da Polícia Civil e manter o sigilo necessário à elucidação do fato e às investigações a seu cargo, incluídas todas aquelas estabelecidas no art. 34 e demais disposições contidas na LC no 22/94 e

(5)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento

no Regimento Interno da Policia Civil do Estado do Pará - RIPC/PA, aprovado

pelo Decreto n° 2.690 de 18 de Dezembro de 2006.  

 

O Delegado de Polícia Civil precisa ter amplo conhecimento em Direito Penal, haja vista que a autoridade policial terá muitas vezes apenas 5 segundos (às vezes menos, às vezes mais) para raciocinar e concluir, por exemplo, pela necessidade de busca pessoal ou veicular em barreiras policias, bem como para constatar ou não uma situação flagrancial e, por conseguinte, determinar a prisão ou não de uma pessoa, dentre outras situações que requerem o pronto emprego das atividades.  

 

Somos “suspeitos” para falar da área policial, pois nos identificamos muito com nossas profissões! O papel do Delegado de Polícia para a sociedade é essencial, visto que ele é o primeiro juiz da causa e a força especializada para combater os mais diversos crimes afetos às searas de suas atribuições.

Queremos ver todos vocês de .40 na cintura!

Vamos aos estudos!

2. Princípios de Direito Penal

2.1. Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade (ou da reserva legal): artigo 1º do CP: "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal". e reiterado no art. 5º, XXXIX, CF. Constitui uma efetiva limitação do poder punitivo estatal.

8 Dimensões do princípio da legalidade: 1 – lei escrita e publicada no DOU;

(6)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento 2 – lex populi lei emanada do parlamento (o Pres. não pode criar crimes ou aumentar penas por MP);

3 – lei certa, a lei penal deve descrever taxativamente o crime; 4 – lei clara, inteligível (palavras que o povo entenda);

5 – lei determinada, a lei penal deve descrever fatos empiricamente comprováveis;

6 – lei estrita, a lei deve ser interpretada restritivamente: não é possível analogia contra o réu;

7 – lei prévia, princípio da anterioridade da lei penal;

8 – Não há crime sem ofensa a bem jurídico – a lei deve impor algumas ofensas.

Antecedente do princípio é a Magna Carta, 1215. Em seu art. 39, estabelecia que nenhum homem livre poderia ser submetido a julgamento senão pelos seus pares e de acordo com a lei local (law of land).

2.2. Princípio da Irretroatividade da Lei Penal

Decorrência do princípio da legalidade, é a garantia fundamental da irretroatividade da lei penal, sem a qual não haveria nem segurança e nem liberdade na sociedade. Todavia, o art. 5º, inciso XL, CF, faz ressalva expressa sobre a aplicação retroativa da lei penal mais benéfica. Por tal princípio, de regra, a lei penal destina-se a reger fatos posteriores a sua vigência até a sua revogação. Não retroage, nem tem ultra-atividade.

A irretroatividade, como princípio geral do direito penal moderno, embora de origem mais antiga, é consequência das ideias consagradas pelo Iluminismo, insculpida na Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Atualmente, é consagrada na maioria dos ordenamentos jurídicos como garantia fundamental contra o arbítrio do Poder Estatal.

(7)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento Entretanto, há exceções ao presente princípio, quais sejam, as leis temporárias ou excepcionais que, decorrido o seu período de vigência ou cessadas as circunstâncias, ainda assim são aplicadas (ultrativas) aos fatos cometidos sob seu império, e as leis penais benéficas que, em qualquer situação retroagem. Retirar o caráter de ultratividade das leis temporárias ou excepcionais significaria anular a força intimidativa de suas disposições.

2.3. Princípio da Intervenção Mínima

O princípio da intervenção mínima, também conhecido com ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se para o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as penais. Por essa razão, diz-se ser o Direito Penal a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os demais ramos do direito revelarem-se ineficazes ou incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes do indivíduo e da própria sociedade.

O princípio da intervenção mínima possui dois aspectos relevantes (também chamados de princípios): a) fragmentariedade e b) subsidiariedade.

Fragmentariedade: o Direito Penal só deve proteger os bens jurídicos mais relevantes (ex: vida) contra os ataques mais intoleráveis. O pcp da insignificância tem por fundamento a fragmentariedade do Direito Penal.

Subsidiariedade: se outros ramos jurídicos são suficientes para a solução do litício, não se deve utilizar o Direito Penal.

Em suma: antes de se recorrer ao Direito Penal, deve-se esgotar todos os meios extrapenais de controle social.

(8)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento

2.4. Princípio da Ofensividade

Não há crime sem lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico (nullum crimen sine iniuria). Uma vez acolhido esse princípio, não há espaço para o perigo abstrato no Direito Penal. É preciso que a ofensa seja relevante (princípio da alteralidade).

2.5. Princípio da Humanidade

Nenhuma pena pode ser cruel, desumana ou degradante.

Segundo Zafaroni, esse princípio determina “a inconstitucionalidade de qualquer pena ou conseqüência do delito que crie uma deficiência física (morte, amputação, castração, etc), como também qualquer conseqüência inapagável do delito”.

2.6. Princípio da Culpabilidade

Só pode ser punido penalmente, de outro lado, o autor do fato punível que podia comportar-se de forma distinta, conforme o Direito (e não se comportou); o poder de agir de modo diverso é a essência do princípio da culpabilidade.

O signo culpabilidade exprime três significados que se complementam:

1) culpabilidade como fundamento da pena: refere-se ao fato de ser possível ou não a aplicação de uma pena ao autor de um fato típico e antijurídico;

(9)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento 2) culpabilidade como elemento de determinação ou medição da pena. Nessa acepção funciona não com fundamento da pena, mas como limite desta, impedindo que a pena seja imposta aquém ou além da medida prevista na própria ideia de culpabilidade;

3) culpabilidade como conceito contrário à responsabilidade objetiva: impede a atribuição da responsabilidade objetiva. Ninguém responderá pelo resultado absolutamente imprevisível, se não houver obrado com dolo ou culpa.

2.7. Princípio da Proporcionalidade ou da Razoabilidade ou da Proibição de Excesso

Toda a intervenção penal (na medida em que é uma restrição da liberdade) só se justifica se: (a) adequada ao fim a que se propõe, (b) necessária (a intervenção penal é a última das medidas possíveis; logo, deve ter a “menor ingerência possível”); e (c) e desde que haja proporcionalidade e equilíbrio na medida (ou na pena).

2.8. Princípio da Individualização da Pena

Garante ao acusado a individualização da pena imposta pelo Estado, de acordo com os critérios legais. A Constituição Federal preconiza, em seu art. 5o.

inciso XLVI, que:

“a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade; b) perda dos bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

(10)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento Tendo o juiz chegado à conclusão de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável, dirá qual a infração praticada pelo agente e começará, agora, a individualizar a pena, de acordo com as regras do art. 59 (circunstâncias judiciais) e 68 (cálculo da pena), ambas do Código Penal.

Neste particular, o STF julgou inconstitucional o art. 2° da Lei dos Crimes Hediondos.

2.9. Princípio da Responsabilidade Pessoal

Não existe no Direito Penal responsabilidade coletiva, societária ou familiar. Cada um responde pelo que fez, na medida de sua culpabilidade. Ninguém pode ser responsabilizado por fato de outrem. A responsabilidade é pessoal.

É possível responsabilidade da pessoa jurídica somente nos crimes ambientais. Quanto aos econômicos, está permitida pela CRFB/88, mas ainda não há lei definindo.

Pessoal, apresentamos agora uma bateria de questões sobre os tópicos da aula de hoje.

1) (FUNCAB – PC/MT – Investigador – 2014) O princípio da fragmentariedade do Direito Penal significa:

a) que, uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal.

b) que o legislador valora as condutas, cominando-lhes penas que variam de acordo com a importância do bem a ser tutelado.

(11)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento c) que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada.

d) que as proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem gravemente direitos de terceiros.

e) que a lei é a única fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou impor condutas sob a ameaça de sanção.

Gabarito: A. Principio da Fragmentariedade: nem toda lesão a bem jurídico com dignidade penal carece de intervenção penal, pois determinadas condutas lesam de forma tão pequena, tão ínfima, que a intervenção penal, extremamente grave, seria desproporcional, desnecessária. Apenas a grave lesão a bem jurídico com dignidade penal merece tutela penal.

a) Correta

b) Individualização da pena c) Princípio da adequação social d) Princípio da lesividade

e) Princípio da legalidade (Reserva legal)

2) (FUNCAB – PC/RJ – Delegado de Polícia – 2012) De acordo com o Glossário Jurídico do Supremo Tribunal Federal, “o princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação”. Sobre o tema princípio da insignificância, assinale a resposta correta.

a) Buscando sua origem, de acordo com certa vertente doutrinária, no Direito Romano, o princípio da insignificância vem sendo objeto de recorrentes decisões do STF, nas quais são estabelecidos dois

(12)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento parâmetros para sua determinação: reduzidíssimo grau de reprovabi l idade do compor tamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada.

b) O princípio da insignificância, decorrência do caráter fragmentário do Direito Penal, tem base em uma orientação utilitarista, tem origem controversa, encontrando, na atual jurisprudência do STF, os seguintes requisitos de configuração: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

c) Sua atual elaboração deita raízes na doutrina de Claus Roxin e, no Direito Penal brasileiro, consoante jurisprudência atual do STF, se limita à avaliação da inexpressividade da lesão jurídica provocada, ou seja, observa-se se a ofensa ao bem jurídico tutelado é relevante ou banal.

d) Surgindo como uma consequência lógica do princípio da individualização das penas, a insignificância penal não aceita a periculosidade social da ação como parâmetro, de acordo com o posicionamento atual do STF, em razão da elevada abstração desse conceito, mas apresenta como requisi tos: a mínima ofensividade da conduta do agente; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

e) Inserida no princípio da intervenção mínima, embora já mencionada anteriormente por Welzel como uma faceta do princípio da adequação social, a insignificância determina a inexistência do crime quando a conduta praticada apresentar a simultânea presença dos seguintes requisitos, exigidos pela atual jurisprudência do STF: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; a inexpressividade da lesão jurídica provocada; e a inexistência de um especial fim de agir.

(13)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento

Gabarito: B. Requisitos para o Princípio da Insignificância: “HC 115.729 BAHIA - 18/12/2012 SEGUNDA TURMA DO STF III - A aplicação do princípio da insignificância deve observar alguns vetores objetivos:

(i) conduta minimamente ofensiva do agente; (ii) ausência de risco social da ação;

(iii) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; (IV) inexpressividade da lesão jurídica.”

O Supremo Tribunal Federal vem adotando quatro requisitos principais para o reconhecimento da insignificância, quais sejam:

a) minima ofensividade da conduta do agente: se relaciona ao princípio da lesividade, que proíbe "a incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico". Desse modo, a conduta do agente deve ser apta a gerar um dano ou um perigo de dano relevante a um interesse.

b) a ausência de periculosidade social da ação: consiste na avaliação dos efeitos causados pela conduta e por sua eventual descriminalização na sociedade como um todo. Assim, a aplicação do princípio da bagatela em um caso concreto não pode, por exemplo, gerar descrença da coletividade no Judiciário.

c) a falta de reprovabilidade da conduta: se relaciona com o princípio da adequação social. Consiste na avaliação do desvalor da ação diante da sociedade. Através desse critério, o funcionário que toma para si uma cesta básica em uma empresa alimentícia não pode ser tratado de maneira idêntica ao sujeito que a subtrai de um miserável que utilizaria os alimentos para manter sua família.

d) a inexpressividade da lesão jurídica causada. relaciona-se ao ínfimo valor da coisa. Questão tormentosa acerca desse tópico é se a proporção da lesão deve ser verificada em face da vítima ou através de um critério objetivo. o Supremo Tribunal Federal já proferiu julgado manifestando o seguinte entendimento:

Se interpretássemos o tipo penal do furto por meio do princípio da insignificância para excluir a incriminação em caso de objeto material de baixo valor, seja quanto ao patrimônio da vítima, seja em face de um parâmetro

(14)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento genérico e abstrato como o salário mínimo, poderíamos chegar a situações absurdas como a exclusão do crime quando a vítima fosse um milionário e o bem furtado não lhe diminuísse sensivelmente o patrimônio. Por hipótese, poderíamos considerar uma vítima cujo patrimônio se assemelhasse ao de Bill Gates; ocorrendo o furto de um automóvel de propriedade dessa pessoa, não se pode dizer da ocorrência de prejuízo significativo. Entretanto, em face da sociedade, tal conduta não poderia ser tida como um indiferente penal. Portanto, o critério para a utilização da insignificância não deve ser exclusivamente a relação entre o objeto material do delito e o patrimônio da vítima no caso concreto, sob pena de chegarmos a interpretações teratológicas.

Mnemônico dos requisitos para aplicação do princípio da insignificância: MARI

M - Mínima ofensividade da conduta do agente; A - Ausência de periculosidade social;

R - Reduzidíssimo grau de reprovabilidade da conduta; I - Inexpressividade da lesão ao bem jurídico tutelado.

3) (FUNCAB – SEGEP/MA – Agente Penitenciário – 2016) O direito penal não admite analogias incriminadoras Essa afirmativa é uma decorrência do princípio da:

a) adequação social.

b) responsabilidade penal pessoal. c) individualização das penas. d) legalidade.

e) responsabilidade penal subjetiva.

Gabarito: D. Se o crime deve obrigatoriamente constar de rol legal, é inviável uma analogia incriminadora, pois foge ao princípio da legalidade. O princípio da legalidade em insculpido no inciso XXXIX do art. 5° da CF/88,

(15)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento afirma: “não há crime sem lei anterior que o defnia, nem pena sem prévia cominação legal.” Trata-se do princípio mais importante do Direito Penal.

4) (UFMT – DPE/MT – Defensor Público – 2016) O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a

a) punibilidade. b) executividade.

c) tipicidade material. d) ilicitude formal. e) culpabilidade.

Gabarito: C. O conceito de tipicidade envolve dois aspectos: o formal e o material. O formal consiste na subsunção entre o fato e o tipo. O material é a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. Exemplo: ao furtar um serenata de amor: conduta formalmente típica, mas materialmente atípica.

Não cabe insignificância em caso de reincidência; ou presença de qualificadoras, tendo em vista que a conduta é mais reprovável.

Princípio da Bagatela Própria: é o próprio princípio da insignificância. Princípio da Bagatela Imprópria: são casos de irrelevância penal decorrente da desnecessidade da pena. Não é aceita pelos Tribunais (entendimento bom para concurso da Defensoria).

5) (VUNESP – TJM/SP – Juiz de Direito Substituto – 2016) A respeito dos princípios penais e constitucionais penais, assinale a alternativa correta.

a) O princípio da humanidade, previsto expressamente na Constituição Federal, proíbe a pena de morte (salvo caso de guerra declarada), mas não impede que dos presos se exijam serviços forçados.

(16)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento b) A pessoalidade da pena e a individualização da san- ção penal são princípios constitucionais implícitos, já que não são enumerados expressamente na Constituição Federal, mas deduzidos das normas constitucionais nela contidas.

c) O postulado da irretroatividade da lei penal, por expressa determinação constitucional, é excepcionado quando em causa lei penal benéfica ao réu. Isto importa que a lei penal retroage em favor do réu, desde que inexista sentença com trânsito em julgado.

d) O princípio da intervenção mínima do direito penal desdobra-se no caráter subsidiário e fragmentário do direito penal. O primeiro impõe que apenas lesões graves a bens jurídicos dignos de tutela penal sejam objeto do direito penal. Já o segundo impõe que só se recorra ao direito penal quando outros ramos do direito mostrarem-se insuficientes à proteção de determinado bem jurídico.

e) O princípio da legalidade desdobra-se nos postulados da reserva legal, da taxatividade e da irretroatividade. O primeiro impossibilita o uso de analogia como fonte do direito penal; o segundo exige que as leis sejam claras, certas e precisas, a fim de restringir a discricionariedade do aplicador da lei; o último exige a atualidade da lei, impondo que seja aplicada apenas a fatos ocorridos depois de sua vigência.

Gabarito. E.

A) INCORRETA. Art. 5, XLVII, CF: Não haverá penas: c) de trabalhos forçados;

B) INCORRETA. São princípios explícitos na CF. Vejamos: Art. 5, XLV: nenhuma oena passará da pessoa do condenado... XLVI: a lei regulará a individualização da pena…;

C) INCORRETA. a lei penal mais benéfica retroagirá mesmo se houver sentença transitada em julgado;

D) INCORRETA. Os conceitos do caráter subsidiário e fragmentário estão invertidos;

(17)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento E) CORRETA.

6) (IBEG – Prefeitura de Guarapari/ES – Procurador Municipal – 2016) Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por reflexo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático e obediente aos princípios constitucionais que o informam, passando o tipo penal a ser uma categoria aberta, cujo conteúdo deve ser preenchido em consonância com os princípios derivados deste perfil político-constitucional. Assim, analisando as premissas abaixo, pode-se afirmar que:

I. Não se admitem mais critérios absolutos na definição dos crimes, os quais passam a ter exigências de ordem formal (somente a lei pode descrevê-los e cominar-lhes uma pena correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser questionado à luz dos princípios constitucionais derivados do Estado Democrático de Direito).

II. Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático de Direito parte o princípio da dignidade humana, orientando toda a formação do Direito Penal. Qualquer construção típica, cujo conteúdo contrariar e afrontar a dignidade humana será materialmente inconstitucional, posto que atentatória ao próprio fundamento da existência de nosso Estado.

III. Assim, considerando a aplicação do princípio da legalidade, para a caracterização do crime de calúnia, é imprescindível a imputação falsa de fato determinado e definido na lei como crime ou contravenção penal.

IV. Os princípios da legalidade e anterioridade são os principais alicerces de manutenção da segurança jurídica num Estado Democrático de Direito, pois se tratam de obstáculos à intervenção estatal na esfera de liberdade do indivíduo. É uma conquista de cunho político, uma proteção ao cidadão. Dessa forma, não poderá o Estado atuar de forma absoluta ou arbitrária, tendo o seu poder punitivo limitado ao direito positivo.

V. O princípio da legalidade não veda o uso da analogia in malam partem, pois se admite o emprego de analogia para normas

(18)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento incriminadoras, desde que haja lacunas na lei em questão e disposição legal relativa a um caso semelhante.

a) Apenas as assertivas I, II e III são verdadeiras. b) Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras. c) Apenas as assertivas II, IV e V são verdadeiras. d) Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras. e) Apenas as alternativas II, III e V são verdadeiras. Gabarito: B

I. Não se admitem mais critérios absolutos na definição dos crimes, os quais passam a ter exigências de ordem formal (somente a lei pode descrevê-los e cominar-lhes uma pena correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser questionado à luz dos princípios constitucionais derivados do Estado Democrático de Direito). CORRETO.

II. Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático de Direito parte o princípio da dignidade humana, orientando toda a formação do Direito Penal. Qualquer construção típica, cujo conteúdo contrariar e afrontar a dignidade humana será materialmente inconstitucional, posto que atentatória ao próprio fundamento da existência de nosso Estado. CORRETO.

III. Assim, considerando a aplicação do princípio da legalidade, para a caracterização do crime de calúnia, é imprescindível a imputação falsa de fato determinado e definido na lei como crime ou contravenção penal. ERRADO. A assertiva encontra-se correta até a palavra crime, a imputação falsa de contravenção penal não configura o crime de calúnia, portanto, trata-se de uma extrapolação.

IV. Os princípios da legalidade e anterioridade são os principais alicerces de manutenção da segurança jurídica num Estado Democrático de Direito, pois se tratam de obstáculos à intervenção estatal na esfera de liberdade do indivíduo. É uma conquista de cunho político, uma proteção ao cidadão. Dessa forma, não poderá o Estado atuar de forma absoluta ou arbitrária, tendo o seu poder punitivo limitado ao direito positivo. CORRETO. O princípio da

(19)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento legalidade (latu sensu), que inclui o princípio da reserva legal (strictu sensu), bem como o da anterioridade, que diz respeito à retroatividade da lei penal, estão explícitas no texto constitucional.

V. O princípio da legalidade não veda o uso da analogia in malam partem, pois se admite o emprego de analogia para normas incriminadoras, desde que haja lacunas na lei em questão e disposição legal relativa a um caso semelhante. ERRADO. Há uma negação. O princípio da legalidade veda o uso da analogia in malam partem.

7) (UESPI – PC/PI – Delegado de Polícia – 2014) Configuram desdobramento do princípio da reserva legal, EXCETO,

a) Lex praevia. b) Lex stricta. c) Lex scripta. d) Lex certa. e) Ultima ratio. Gabarito. E.

O princípio da Legalidade possui quatro funções fundamentais:

1 - proibir a retroatividade da lei penal (nullum crimen nulla poena sine lege praevia);

2 - proibir a criação de crimes e penas pelos costumes (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);

3 - proibir o emprego de analogia para criar crimes, fundamentar ou agravar penas (nullum crimen nulla poena sine lege stricta);

4 - proibir incriminações vagas e indeterminadas (nullum crimen nulla poena sine lege certa).

8) (VUNESP – PC/SP – Delegado de Polícia – 2014) Assinale a alternativa que apresenta o princípio que deve ser atribuído a Claus Roxin, defensor da tese de que a tipicidade penal exige uma ofensa de gravidade aos bens jurídicos protegidos.

(20)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento a) Insignificância. b) Intervenção mínima. c) Fragmentariedade. d) Adequação social. e) Humanidade. Gabarito. A.

A - CORRETA Princípio da Insignificância. - neste, o fato é socialmente inadequado, mas considerado atípico dada a sua ínfima lesividade; lei não cabe preocupar-se com infrações de pouca monta, insuscetíveis de causar o mais ínfimo dano à coletividade.

B - INCORRETA Intervenção mínima. a lei só deve prever as penas estritamente necessárias. Somente haverá Direito Penal naqueles raros episódios típicos em que a lei descreve um fato como crime; ao contrário, quando ela nada disser, não haverá espaço para a atuação criminal.

C- Fragmentariedade. O direito penal só deve se ocupar com ofensas realmente graves aos bens jurídicos protegidos.

D - Adequação social. Concebido por Hans Welzel, o princípio da adequação social preconiza que não se pode reputar criminosa uma conduta tolerada pela sociedade, ainda que se enquadre em uma descrição típica. Trata-se de condutas que, embora formalmente típicas, porquanto subsumidas num tipo penal, são materialmente atípicas, porque socialmente adequadas, isto é, estão em consonância com a ordem social.

E- Humanidade. - Princípio segundo o qual o objetivo da pena não é o sofrimento ou a degradação do apenado. O Estado não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica do condenado.

A questão não fala em subsidiariedade, mas como ela está dentro da intervenção mínima, é bom falar. É só pensar assim: quando nenhum ramo do Direito der conta, CHAMA O DIREITO O PENAL!!!

Mnemônico prático para memorizar o Princípio da insignificância: 1. M – mínima ofensividade

(21)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento 2. A – nenhumapericulosidade da ação

3. R -reduzida reprovabilidade 4. I - inexpressividade da lesão.

9) (UEG – PC/GO – Delegado de Polícia – 2013) Ana, menor de 17 anos de idade, contrariando proibição de seus pais, procura Júlio para que este realize uma tatuagem no seu ombro com aproximadamente 15 centímetros de diâmetro. Ainda que presente a tipicidade formal, poderá ser aplicado o Princípio da Alteridade porque

a) não houve lesão efetiva ao bem jurídico tutelado. b) a lesão foi irrelevante ou insignificante.

c) a lesão está dentro do que se considera como socialmente adequado.

d) não houve lesão a bem jurídico de terceiro.

Gabarito. D. Segundo Rogério Sanches, assevera que o principio da alteridade não pode ser punido uma atitude que não ultrapasse a esfera individual do agente, ou seja, que de nenhuma forma recaía em bem jurídico alheio.

Para complementar, em 2014, na prova de Agente de Polícia Civil de Santa Catarina, a Banca ACAFE considerou como correta a seguinte afirmação: "O princípio da lesividade proíbe a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor"

10) (MS Concursos – PC/PA – Delegado de Polícia – 2012) No art. 5° da Constituição Federal, respectivamente incisos XXXIX e XL, há a determinação de que “ não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legar " e “ a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu". É a mais importante garantia do cidadão contra o arbítrio do Estado, pois só a lei poderá estabelecer que condutas serão consideradas criminosas e quais as punições para cada

(22)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento crime. Analise estes princípios constitucionais e assinale a alternativa incorreta:

a) Um réu com sentença penal transitada em julgado, condenado em 13 (treze) anos, 8(oito) meses e 23 (vinte e três) dias, tendo cumprido 2 (dois) anos, deverá ser posto em liberdade imediatamente, porque a lei posterior deixou de considerar delito o fato por ele praticado. A lei nova, neste caso, acrescentou causas de exclusão da ilicitude, culpabilidade ou punibilidade do agente. As leis penais só podem retroagir para benefício do réu, atingindo, nesse caso, até mesmo a coisa julgada, o que não viola a Constituição Federal.

b) Se não há crime sem lei anterior que o defina, ela poderá retroagir para alcançar um fato que, antes dela, não era considerado delito. Não há delito sem tipicidade, ou seja, não há crime sem que a conduta humana se ajuste à figura delituosa definida pela lei. O intérprete deverá ficar atento, porque a lei nova poderá não abolir o crime do sistema jurídico penal, apenas inseri-lo por nova legislação, até mesmo denominando-o de forma diferenciada, não ocorrendo, no caso, abolitio criminis.

c) Não se aplica a lei nova, durante a vacatio legis, mesmo se mais benéfica, posto que esta ainda não está em vigor. A abolitio criminis elimina todos os efeitos penais, subsistindo, tão somente, os efeitos civis afetos ao fato criminoso. Assim, mesmo que a lei nova não considere crime a conduta do agente que era prevista como ilícita em lei anterior, a vítima, ou sua família, poderá interpor ação de reparação de danos morais e/ou materiais na esfera civil.

d) Em face do princípio da retroatividade da lei mais benéfica, a abolitio criminis, quando a lei deixar considerar como crime certa conduta que antes era considerada como ilicitude penal, alcança o fato em qualquer fase em que ele se encontre. Assim, como definitivamente jurídica, inexistindo processo, o mesmo não pode ser iniciado. Se há ação penal, a mesma deverá ser decididamente arquivada, extinguindo-se a punibilidade. Havendo condenação, a pena não poderá extinguindo-ser

(23)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento executada. Se o condenado já está cumprindo pena, deverá ser expedido o alvará de soltura imediatamente.

e) Em caso de crime permanente ou habitual, iniciado sob a vigência de uma lei e prolongando sob a de outra, vale esta, ainda que mais desfavorável como, por exemplo, extorsão mediante sequestro, que se prolonga ao perdurar a ofensa ao bem jurídico, enquanto a vítima estiver em poder dos sequestradores. Caso a execução tenha início sob o império de uma lei, prosseguindo sobre o de outra, aplica-se a mais nova, ainda que mais gravosa, pois, como a conduta se prolonga no tempo, a todo o momento renovam-se a ação e a incidência da nova lei. O tempo do crime se dilatará pelo período de permanência. Assim, se o autor, que era menor, durante a fase de execução do crime vier a atingir a maioridade, responderá segundo o Código Penal e não segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente — ECA (Lei n. 8.069/90).

Gabarito. B. Abolitio criminis é a nova lei que exclui do âmbito do Direito Penal um fato até então considerado criminoso. Encontra previsão legal no art. 2.º, caput, do Código Penal e tem natureza jurídica de causa de extinção da punibilidade (art. 107, III). Alcança a execução e os efeitos penais da sentença condenatória, não servindo como pressuposto da reincidência, e também não configura maus antecedentes. Sobrevivem, entretanto, os efeitos civis de eventual condenação, quais sejam, a obrigação de reparar o dano provocado pela infração penal e constituição de título executivo judicial.

11) (CEPERJ – PC/RJ – Delegado de Polícia – 2009) Ensina JORGE DE FIGUEIREDO DIAS que “o princípio do Estado de Direito conduz a que a proteção dos direitos, liberdade e garantias seja levada a cabo não apenas através do direito penal, mas também perante o direito penal” (DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal: parte geral. tomo I. Coimbra: Coimbra Editora, 2004, p. 165). Assim, analise as proposições abaixo e, em seguida, assinale a opção correta

(24)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento I- O conteúdo essencial do princípio da legalidade se traduz em que não pode haver crime, nem pena que não resultem de uma lei prévia, escrita, estrita e certa.

II- O princípio da legalidade estrita não cobre, segundo a sua função e o seu sentido, toda a matéria penal, mas apenas a que se traduz em fixar, fundamentar ou agravar a responsabilidade do agente.

III- Face ao fundamento, à função e ao sentido do princípio da legalidade, a proibição de analogia vale relativamente a todos os tipos penais, inclusive os permissivos.

IV- A proibição de retroatividade da lei penal funciona apenas a favor do réu, não contra ele.

V- O princípio da aplicação da lei mais favorável vale mesmo relativamente ao que na doutrina se chama de “leis intermediárias”; leis, isto é, que entraram em vigor posteriormente à prática do fato, mas já não vigoravam ao tempo da apreciação deste.

a) Apenas uma proposição está errada.

b) Estão corretas apenas as proposições I, IV e V c) Estão corretas apenas as proposições I, II, III e IV d) Todas as proposições estão corretas

e) Apenas três da proposições estão corretas Gabarito. A.

Item I – CORRETO. O conteúdo essencial do princípio da legalidade se traduz em que não pode haver crime, nem pena que não resultem de uma lei prévia, escrita, estrita e certa.

Item II – CORRETO. O princípio da legalidade estrita não cobre, segundo a sua função e o seu sentido, toda a matéria penal, mas apenas a que se traduz em fixar, fundamentar ou agravar a responsabilidade do agente.

Item III - ERRADO. Face ao fundamento, à função e ao sentido do princípio da legalidade, a proibição de analogia vale relativamente a todos os

(25)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento tipos penais, inclusive os permissivos. (é possível a analogia de norma permissivas (ex: legitima defesa, estado de necessidade) uma vez que seriam a favor do réu.

Item IV – CORRETO. A proibição de retroatividade da lei penal funciona apenas a favor do réu, não contra ele.

Item V – CORRETA. O princípio da aplicação da lei mais favorável vale mesmo relativamente ao que na doutrina se chama de “leis intermediárias”; leis, isto é, que entraram em vigor posteriormente à prática do fato, mas já não vigoravam ao tempo da apreciação deste.

12) (CEPERJ – PC/RJ – Delegado de Polícia – 2009) Costuma-se afirmar que o direito penal das sociedades contemporâneas é regido por princípios sobre crimes, penas e medidas de segurança, nos níveis de criminalização primária e de criminalização secundária, fundamentais para garantir o indivíduo em face do poder penal do Estado. Analise as proposições abaixo:

I- O princípio da insignificância revela uma hipótese de atipicidade material da conduta.

II- O princípio da lesividade (ou ofensividade) proíbe a incriminação de uma atitude interna.

III- Por força do princípio da lesividade não se pode conceber a existência de qualquer crime sem ofensa ao bem jurídico protegido pela norma penal.

IV- No direito penal democrático só se punem fatos. Ninguém pode ser punido pelo que é, mas apenas pelo que faz.

V- O princípio da coculpabilidade reconhece que o Estado também é responsável pelo cometimento de determinados delitos, praticados por cidadãos que possuem menor âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto, principalmente no que se refere às condições sociais e econômicas do agente.

(26)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento a) todas as assertivas estão corretas.

b) somente duas das assertivas estão corretas. c) somente duas das assertivas estão erradas d) estão erradas as de número II e III.

e) somente a de número I está errada. Gabarito. A.

Item I – CORRETO. O princípio da insignificância revela uma hipótese de atipicidade material da conduta.

EXPLICAÇÃO = Tem o condão de afastar a tipicidade material do fato, tendo como vetores para sua incidência:

(a) a mínima ofensividade da conduta

(b) a ausência de periculosidade social da ação

(c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento (d) a inexpressividade da lesão jurídica.

Assim, quando retiramos a materialidade do crime, a conduta passa a ser atípica (não considerada crime), o que impõe a absolvição do réu, não lhe restando consequência penal alguma.

Item II – CORRETO. O princípio da lesividade (ou ofensividade) proíbe a incriminação de uma atitude interna.

EXPLICAÇÃO = Ao direito penal interessa a conduta que implique em dano social relevante aos bens jurídicos essenciais à coexistência. Sendo assim uma conduta interna, por exemplo, um pensamento (ex: quero estuprar essa mulher) não há de se falar em dano relevante ao bem jurídico.

Item III – CORRETO. Por força do princípio da lesividade não se pode conceber a existência de qualquer crime sem ofensa ao bem jurídico protegido pela norma penal.

EXPLICAÇÃO = Aplicando o referido princípio haverá atipicidade da conduta e absolvição do réu, logo não também não haverá crime.

Item IV – CORRETO. No direito penal democrático só se punem fatos. Ninguém pode ser punido pelo que é, mas apenas pelo que faz.

(27)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento Item V – CORRETO. O princípio da coculpabilidade reconhece que o Estado também é responsável pelo cometimento de determinados delitos, praticados por cidadãos que possuem menor âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto, principalmente no que se refere às condições sociais e econômicas do agente.

EXPLICAÇÃO = há de ser levado em consideração na dosimetria da pena o meio social no qual cresceu o agente criminoso, que, por exemplo, somente viveu em comunidades dominadas pelo tráfico de drogas.

13) (CESPE – PC/RN – Delegado de Polícia – 2009) Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos de bens jurídicos, cominando as respectivas sanções, de acordo com a importância para a sociedade. Assim, haverá o ilícito administrativo, o civil, o penal etc. Este último é o que interessa ao direito penal, justamente por proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade, patrimônio, liberdade sexual, administração pública etc.). O direito penal

a) tem natureza fragmentária, ou seja, somente protege os bens jurídicos mais importantes, pois os demais são protegidos pelos outros ramos do direito.

b) tem natureza minimalista, pois se ocupa, inclusive, dos bens jurídicos de valor irrisório.

c) tem natureza burguesa, pois se volta, exclusivamente, para a proteção daqueles que gerenciam o poder produtivo e a economia estatal.

d) é ramo do direito público e privado, pois protege bens que pertencem ao Estado, assim como aqueles de propriedade individualizada.

e) admite a perquirição estatal por crimes não previstos estritamente em lei, assim como a retroação da lex gravior.

(28)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento Item “a” – CORRETO. o Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que a sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado (caráter fragmentário).

Item “b” – ERRADO. Como desdobramento da fragmentariedade, temos o princípio da insignificância. Ainda que o legislador crie tipos incriminadores em observância aos princípios gerais do Direito penal, poderá ocorrer situação em que a ofensa concretamente perpetrada seja diminuta, que não seja capaz de atingir materialmente e de forma relevante o bem jurídico protegido. Nesses casos, estaremos diante do que se denomina “infração bagatelar”, ou “crime de bagatela”

Item “c” – ERRADO. Direito Penal se volta para a proteção de todos os bens jurídicos relevantes, sem exclusividade de natureza econômica.

Item “d” – ERRADO. Temos um ramo do direito público apenas, pois na edição de normas penais há predominância do interesse público sobre o privado, ainda que a norma penal tutele também interesses individuais

Item “e” – ERRADO. No Direito Penal vigora o princípio da reserva legal, segundo o qual a infração penal somente pode ser criada por lei em sentido estrito. Além disso, jamais a Lex gravior poderá retroagir.

14) (CESPE – PC/TO – Delegado de Polícia – 2008) Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de pessoas, julgue o item a seguir.

Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da intranscendência.

(29)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento Gabarito: CERTO. Tal princípio está previsto no art. 5º, XLV da CF. Também denominado princípio da intranscendência ou da pessoalidade ou, ainda, personalidade da pena, preconiza que somente o condenado, e mais ninguém, poderá responder pelo fato praticado, pois a pena não pode passar da pessoa do condenado.

3. Lista das Questões Apresentadas

1) (FUNCAB – PC/MT – Investigador – 2014) O princípio da fragmentariedade do Direito Penal significa:

a) que, uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal.

b) que o legislador valora as condutas, cominando-lhes penas que variam de acordo com a importância do bem a ser tutelado.

c) que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada.

d) que as proibições penais somente se justificam quando se referem a condutas que afetem gravemente direitos de terceiros.

e) que a lei é a única fonte do Direito Penal quando se quer proibir ou impor condutas sob a ameaça de sanção.

2) (FUNCAB – PC/RJ – Delegado de Polícia – 2012) De acordo com o Glossário Jurídico do Supremo Tribunal Federal, “o princípio da insignificância tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou não sua não aplicação”. Sobre o tema princípio da insignificância, assinale a resposta correta.

(30)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento

a) Buscando sua origem, de acordo com certa vertente doutrinária, no Direito Romano, o princípio da insignificância vem sendo objeto de recorrentes decisões do STF, nas quais são estabelecidos dois parâmetros para sua determinação: reduzidíssimo grau de reprovabi l idade do compor tamento e inexpressividade da lesão jurídica provocada.

b) O princípio da insignificância, decorrência do caráter fragmentário do Direito Penal, tem base em uma orientação utilitarista, tem origem controversa, encontrando, na atual jurisprudência do STF, os seguintes requisitos de configuração: a mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

c) Sua atual elaboração deita raízes na doutrina de Claus Roxin e, no Direito Penal brasileiro, consoante jurisprudência atual do STF, se limita à avaliação da inexpressividade da lesão jurídica provocada, ou seja, observa-se se a ofensa ao bem jurídico tutelado é relevante ou banal.

d) Surgindo como uma consequência lógica do princípio da individualização das penas, a insignificância penal não aceita a periculosidade social da ação como parâmetro, de acordo com o posicionamento atual do STF, em razão da elevada abstração desse conceito, mas apresenta como requisi tos: a mínima ofensividade da conduta do agente; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e a inexpressividade da lesão jurídica provocada.

e) Inserida no princípio da intervenção mínima, embora já mencionada anteriormente por Welzel como uma faceta do princípio da adequação social, a insignificância determina a inexistência do crime quando a conduta praticada apresentar a simultânea presença dos seguintes requisitos, exigidos pela atual jurisprudência do STF: a

(31)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; a inexpressividade da lesão jurídica provocada; e a inexistência de um especial fim de agir.

3) (FUNCAB – SEGEP/MA – Agente Penitenciário – 2016) O direito penal não admite analogias incriminadoras Essa afirmativa é uma decorrência do princípio da:

a) adequação social.

b) responsabilidade penal pessoal. c) individualização das penas. d) legalidade.

e) responsabilidade penal subjetiva.

4) (UFMT – DPE/MT – Defensor Público – 2016) O princípio da insignificância ou da bagatela exclui a

a) punibilidade. b) executividade.

c) tipicidade material. d) ilicitude formal. e) culpabilidade.

5) (VUNESP – TJM/SP – Juiz de Direito Substituto – 2016) A respeito dos princípios penais e constitucionais penais, assinale a alternativa correta.

a) O princípio da humanidade, previsto expressamente na Constituição Federal, proíbe a pena de morte (salvo caso de guerra declarada), mas não impede que dos presos se exijam serviços forçados.

b) A pessoalidade da pena e a individualização da san- ção penal são princípios constitucionais implícitos, já que não são enumerados

(32)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento expressamente na Constituição Federal, mas deduzidos das normas constitucionais nela contidas.

c) O postulado da irretroatividade da lei penal, por expressa determinação constitucional, é excepcionado quando em causa lei penal benéfica ao réu. Isto importa que a lei penal retroage em favor do réu, desde que inexista sentença com trânsito em julgado.

d) O princípio da intervenção mínima do direito penal desdobra-se no caráter subsidiário e fragmentário do direito penal. O primeiro impõe que apenas lesões graves a bens jurídicos dignos de tutela penal sejam objeto do direito penal. Já o segundo impõe que só se recorra ao direito penal quando outros ramos do direito mostrarem-se insuficientes à proteção de determinado bem jurídico.

e) O princípio da legalidade desdobra-se nos postulados da reserva legal, da taxatividade e da irretroatividade. O primeiro impossibilita o uso de analogia como fonte do direito penal; o segundo exige que as leis sejam claras, certas e precisas, a fim de restringir a discricionariedade do aplicador da lei; o último exige a atualidade da lei, impondo que seja aplicada apenas a fatos ocorridos depois de sua vigência.

6) (IBEG – Prefeitura de Guarapari/ES – Procurador Municipal – 2016) Sendo o Brasil um Estado Democrático de Direito, por reflexo, seu direito penal há de ser legítimo, democrático e obediente aos princípios constitucionais que o informam, passando o tipo penal a ser uma categoria aberta, cujo conteúdo deve ser preenchido em consonância com os princípios derivados deste perfil político-constitucional. Assim, analisando as premissas abaixo, pode-se afirmar que:

I. Não se admitem mais critérios absolutos na definição dos crimes, os quais passam a ter exigências de ordem formal (somente a lei pode descrevê-los e cominar-lhes uma pena correspondente) e material (o seu conteúdo deve ser questionado à luz dos princípios constitucionais derivados do Estado Democrático de Direito).

(33)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento II. Podemos, então, afirmar que do Estado Democrático de Direito parte o princípio da dignidade humana, orientando toda a formação do Direito Penal. Qualquer construção típica, cujo conteúdo contrariar e afrontar a dignidade humana será materialmente inconstitucional, posto que atentatória ao próprio fundamento da existência de nosso Estado.

III. Assim, considerando a aplicação do princípio da legalidade, para a caracterização do crime de calúnia, é imprescindível a imputação falsa de fato determinado e definido na lei como crime ou contravenção penal.

IV. Os princípios da legalidade e anterioridade são os principais alicerces de manutenção da segurança jurídica num Estado Democrático de Direito, pois se tratam de obstáculos à intervenção estatal na esfera de liberdade do indivíduo. É uma conquista de cunho político, uma proteção ao cidadão. Dessa forma, não poderá o Estado atuar de forma absoluta ou arbitrária, tendo o seu poder punitivo limitado ao direito positivo.

V. O princípio da legalidade não veda o uso da analogia in malam partem, pois se admite o emprego de analogia para normas incriminadoras, desde que haja lacunas na lei em questão e disposição legal relativa a um caso semelhante.

a) Apenas as assertivas I, II e III são verdadeiras. b) Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras. c) Apenas as assertivas II, IV e V são verdadeiras. d) Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras. e) Apenas as alternativas II, III e V são verdadeiras.

7) (UESPI – PC/PI – Delegado de Polícia – 2014) Configuram desdobramento do princípio da reserva legal, EXCETO,

a) Lex praevia. b) Lex stricta. c) Lex scripta.

(34)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento d) Lex certa.

e) Ultima ratio.

8) (VUNESP – PC/SP – Delegado de Polícia – 2014) Assinale a alternativa que apresenta o princípio que deve ser atribuído a Claus Roxin, defensor da tese de que a tipicidade penal exige uma ofensa de gravidade aos bens jurídicos protegidos.

a) Insignificância.

b) Intervenção mínima. c) Fragmentariedade. d) Adequação social. e) Humanidade.

9) (UEG – PC/GO – Delegado de Polícia – 2013) Ana, menor de 17 anos de idade, contrariando proibição de seus pais, procura Júlio para que este realize uma tatuagem no seu ombro com aproximadamente 15 centímetros de diâmetro. Ainda que presente a tipicidade formal, poderá ser aplicado o Princípio da Alteridade porque

a) não houve lesão efetiva ao bem jurídico tutelado. b) a lesão foi irrelevante ou insignificante.

c) a lesão está dentro do que se considera como socialmente adequado.

d) não houve lesão a bem jurídico de terceiro.

de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio autor"

10) (MS Concursos – PC/PA – Delegado de Polícia – 2012) No art. 5° da Constituição Federal, respectivamente incisos XXXIX e XL, há a determinação de que “ não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legar " e “ a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu". É a mais importante garantia do cidadão contra o arbítrio do Estado, pois só a lei poderá estabelecer que

(35)

Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento condutas serão consideradas criminosas e quais as punições para cada crime. Analise estes princípios constitucionais e assinale a alternativa incorreta:

a) Um réu com sentença penal transitada em julgado, condenado em 13 (treze) anos, 8(oito) meses e 23 (vinte e três) dias, tendo cumprido 2 (dois) anos, deverá ser posto em liberdade imediatamente, porque a lei posterior deixou de considerar delito o fato por ele praticado. A lei nova, neste caso, acrescentou causas de exclusão da ilicitude, culpabilidade ou punibilidade do agente. As leis penais só podem retroagir para benefício do réu, atingindo, nesse caso, até mesmo a coisa julgada, o que não viola a Constituição Federal.

b) Se não há crime sem lei anterior que o defina, ela poderá retroagir para alcançar um fato que, antes dela, não era considerado delito. Não há delito sem tipicidade, ou seja, não há crime sem que a conduta humana se ajuste à figura delituosa definida pela lei. O intérprete deverá ficar atento, porque a lei nova poderá não abolir o crime do sistema jurídico penal, apenas inseri-lo por nova legislação, até mesmo denominando-o de forma diferenciada, não ocorrendo, no caso, abolitio criminis.

c) Não se aplica a lei nova, durante a vacatio legis, mesmo se mais benéfica, posto que esta ainda não está em vigor. A abolitio criminis elimina todos os efeitos penais, subsistindo, tão somente, os efeitos civis afetos ao fato criminoso. Assim, mesmo que a lei nova não considere crime a conduta do agente que era prevista como ilícita em lei anterior, a vítima, ou sua família, poderá interpor ação de reparação de danos morais e/ou materiais na esfera civil.

d) Em face do princípio da retroatividade da lei mais benéfica, a abolitio criminis, quando a lei deixar considerar como crime certa conduta que antes era considerada como ilicitude penal, alcança o fato em qualquer fase em que ele se encontre. Assim, como definitivamente jurídica, inexistindo processo, o mesmo não pode ser iniciado. Se há ação penal, a mesma deverá ser decididamente arquivada,

(36)

extinguindo-Profs. Julio Ponte e Lorena L. Nascimento se a punibilidade. Havendo condenação, a pena não poderá ser executada. Se o condenado já está cumprindo pena, deverá ser expedido o alvará de soltura imediatamente.

e) Em caso de crime permanente ou habitual, iniciado sob a vigência de uma lei e prolongando sob a de outra, vale esta, ainda que mais desfavorável como, por exemplo, extorsão mediante sequestro, que se prolonga ao perdurar a ofensa ao bem jurídico, enquanto a vítima estiver em poder dos sequestradores. Caso a execução tenha início sob o império de uma lei, prosseguindo sobre o de outra, aplica-se a mais nova, ainda que mais gravosa, pois, como a conduta se prolonga no tempo, a todo o momento renovam-se a ação e a incidência da nova lei. O tempo do crime se dilatará pelo período de permanência. Assim, se o autor, que era menor, durante a fase de execução do crime vier a atingir a maioridade, responderá segundo o Código Penal e não segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente — ECA (Lei n. 8.069/90).

11) (CEPERJ – PC/RJ – Delegado de Polícia – 2009) Ensina JORGE DE FIGUEIREDO DIAS que “o princípio do Estado de Direito conduz a que a proteção dos direitos, liberdade e garantias seja levada a cabo não apenas através do direito penal, mas também perante o direito penal” (DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito penal: parte geral. tomo I. Coimbra: Coimbra Editora, 2004, p. 165). Assim, analise as proposições abaixo e, em seguida, assinale a opção correta

I- O conteúdo essencial do princípio da legalidade se traduz em que não pode haver crime, nem pena que não resultem de uma lei prévia, escrita, estrita e certa.

II- O princípio da legalidade estrita não cobre, segundo a sua função e o seu sentido, toda a matéria penal, mas apenas a que se traduz em fixar, fundamentar ou agravar a responsabilidade do agente.

III- Face ao fundamento, à função e ao sentido do princípio da legalidade, a proibição de analogia vale relativamente a todos os tipos penais, inclusive os permissivos.

Referências

Documentos relacionados

O item é uma das recomendações do protocolo para turistas do Selo Turismo Responsável, do Ministério do Turismo, criado para que os consu- midores se sintam seguros ao viajar

Como veremos, a análise da teia de relações de poder entre os diversos atores em presença nas empresas públicas em Portugal é essencial para se entender as decisões tomadas

O presente estudo utilizou as técnicas da estatística descritiva e inferencial para comparação das médias, visando identificar diferenças entre as mesmas, tendo o

- A despeito da ausência de estudos randomizados comprovando efi- cácia de análogos de somatostatina para controle de doença nos TNE pulmonares, recomenda-se utilizar esta classe

Em outro aspecto, a intoxicação exógena por psicofármacos foi abordada como o método mais utilizado nas tentativas de suicídio, sendo responsável por 33,3% do total de

A indústria adota as ferramentas e os formatos de TI não obrigatórios disponibilizados pela ECHA As bases da estratégia de TI (implementadas em 2011-2013) demonstram

Mas responderá na forma cul- posa, se prevista esta modalidade na lei (tipicidade), a não ser que seja o ERRO seja inevitável, caso em que restará excluída, ainda, a CULPA (crime

A descentralização política da gestão ambiental no Brasil, iniciada em 1981, com a instituição da Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA – e fortalecida pela