• Nenhum resultado encontrado

LEIS PENAIS ESPECIAIS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "LEIS PENAIS ESPECIAIS"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

2018

LEIS ESPECIAIS

para

concursos

Dicas para realização de provas com questões de concursos e jurisprudência do STF e STJ inseridas artigo por artigo

Coordenação:

LEONARDO GARCIA

12

GABRIEL HABIB

LEIS PENAIS ESPECIAIS

Volume Único

revista,atualizada e ampliada

10ª

(2)

Abuso de Autoridade.

Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965

Art. 1º O direito de representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos,

são regulados pela presente lei.

1. Fundamento constitucional. O direito de representação está previsto no art. 5º,

XXXIV, alínea a da CRFB/88, que dispõe: “são a todos assegurados,

independente-mente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa

de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder”. A lei 4.898/65 possibilitou à

vítima de qualquer abuso de poder por parte de um agente público levar tal fato

ao conhecimento das autoridades públicas.

2. Bem jurídico tutelado. São dois os bens jurídicos tutelados pela lei. O primeiro é

o regular funcionamento da Administração Pública. O segundo são os direitos e as

garantias fundamentais previstos na CRFB/88. Como veremos adiante, cada tipo

penal da presente lei constitui violação de um direito ou de uma garantia

funda-mental.

3. Sujeito ativo. É a autoridade pública, conforme veremos adiante ao comentarmos

o art. 5º.

4. Sujeito passivo. O primeiro sujeito passivo é o Estado, também denominado nesses

delitos sujeito passivo mediato, indireto ou permanente. O segundo sujeito passivo

é o indivíduo vítima do abuso, também chamado sujeito passivo imediato, direto

e eventual.

їAplicação em concurso.

• Promotor de Justiça-TO/2012. CESPE

Com relação aos crimes de abuso de autoridade, previstos na Lei nº 4.898/1965, e à responsabilidade dos prefeitos, de que trata o Decreto-Lei nº 201/1967, assinale a opção correta.

A) Conforme disposto no Decreto-Lei nº 201/1967, somente os entes municipais, interes-sados na apuração de crime de responsabilidade praticado pelo prefeito do município, podem intervir no processo como assistentes da acusação.

(3)

B) Os crimes de abuso de autoridade sujeitam-se a ação pública condicionada à repre-sentação do ofendido.

C) Os crimes de abuso de autoridade são de dupla subjetividade passiva: o sujeito passivo imediato, direto e eventual, e o sujeito passivo mediato, indireto ou permanente. D) Cometerá abuso de autoridade o guarda municipal que, com a intenção de adentrar

em determinado imóvel a fim de procurar documentos de seu interesse pessoal, se fizer passar por delegado de polícia e invada casa alheia.

E) Considere que um prefeito municipal tenha sido condenado definitivamente, após o trâmite regular da ação contra ele ajuizada, pelo desvio, em proveito próprio, de receitas públicas do município. Nesse caso, de acordo com o Decreto-Lei nº 201/1967, o prefeito não só perderá o cargo, como também estará inabilitado para o exercício de cargo ou função pública, eletivo ou de nomeação, pelo prazo de oito anos.

Alternativa correta: letra C.

5. Competência para processo e julgamento. Compete à Justiça Comum, Federal

ou Estadual processar e julgar o delito de abuso de autoridade. Caso a prática do

delito cause violação a alguns bens, interesse ou serviço da União Federal, suas

entidades autárquicas ou empresas públicas, a competência será da Justiça Federal,

na forma do art. 109, IV da CRFB/88, como na hipótese de o abuso ser praticado

dentro de uma Delegacia de Polícia Federal ou dentro do INSS, Autarquia Federal.

Caso contrário, a competência para processo e julgamento será da Justiça Estadual.

Deverão ser seguidas as regras de competência do Código de Processo Penal, sendo,

portanto o local da consumação do crime o competente para processar e julgar a

autoridade pública autora do delito (art. 70).

É de se notar que a simples condição de o agente que pratica o delito de abuso de

autoridade pertencer aos quadros da Administração Pública Federal, não determina

a competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito.

X STJ

Informativo nº 430. Sexta Turma.

COMPETÊNCIA. CRIME. ABUSO. AUTORIDADE.

Trata-se de habeas corpus em que o paciente afirma ser incompetente a Justiça Federal para processar o feito em que é acusado pelo crime de abuso de autori-dade. Na espécie, após se identificar como delegado de Polícia Federal, ele teria exigido os prontuários de atendimento médico, os quais foram negados pela chefe plantonista do hospital, vindo, então, a agredi-la. A Turma, por maioria, entendeu que, no caso, não compete à Justiça Federal o processo e julgamento do referido crime, pois interpretou restritivamente o art. 109, IV, da CF/1988. A simples condição funcional de agente não implica que o crime por ele praticado tenha índole federal, se não comprometidos bens, serviços ou interesses da União e de suas autarquias públicas. Precedente citado: CC 1.823-GO, DJ 27/5/1991. HC

102.049-ES, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 13/4/2010.

6. Infração de menor potencial ofensivo. Considerando-se que a pena máxima cominada

(4)

Abuso de Autoridade. Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965 Art. 2º

o abuso de autoridade é considerado infração penal de menor potencial ofensivo,

sendo, portanto, a competência, dos Juizados Especiais Criminais, e lá devem ser

aplicadas as medidas despenalizadoras. Após a alteração do art. 61 da lei 9099/95

pela lei 11.313/2006, mesmo os delitos, para os quais haja procedimento especial

previsto em lei, são considerados infrações penais de menor potencial ofensivo.

X STJ

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ABUSO DE AUTORIDADE. DELITO DE ME-NOR POTENCIAL OFENSIVO. LEI 11.313/06. COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. ORDEM CONCEDIDA. 1. “Com o advento da Lei nº 11.313/2006, que modificou a redação do art. 61 da Lei nº 9.099/95 e consolidou entendimento já firmado nesta Corte, “consideram-se infrações penais de menor potencial ofen-sivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa’, independentemente de a infração possuir rito especial” (HC 59.591/RN, Rel. Min. FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJ de 4/9/06). 2. Ordem concedida para reconhecer a competência do 2º Juizado Especial Criminal da Comarca de Porto Velho/RO para o julgamento da ação penal referente ao delito de abuso de autoridade. (HC

163.282/RO, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 18/05/2010).

їAplicação em concurso.

• AGU. Advogado da União/2015. CESPE.

O crime de abuso de autoridade, em todas as suas modalidades, é infração de menor potencial ofensivo, sujeitando-se seu autor às medidas despenalizadoras previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais cíveis e criminais, desde que preenchidos os demais requisitos legais.

A alternativa está correta.

7. Competência para processo e julgamento no caso de conexão entre abuso de

autoridade e homicídio doloso. Nesse caso, aplica-se a norma contida no art. 78,

I do Código de Processo Penal, sendo o Tribunal do Júri o órgão competente para

processar e julgar os dois delitos, uma vez que a conexão, como causa de

modifica-ção de competência que é, modificará a competência para processo e julgamento

do abuso de autoridade, sobretudo após o advento da lei 11.313/2006, que alterou

a redação do art. 60 da lei 9099/95, determinando a observância das regras de

conexão e continência.

Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de petição:

a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;

b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência para iniciar processo--crime contra a autoridade culpada.

Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se as houver.

(5)

1. Petição de representação. Trata-se de um requerimento escrito e formalizado em

um termo, por meio do qual qualquer pessoa que se julgue vítima de abuso de

autoridade por parte do agente público pode requerer às autoridades a

responsa-bilização civil, administrativa e penal do autor do abuso.

2. Destinatário da representação. De acordo com as alíneas a e b, a representação

pode ser dirigida ao superior hierárquico do autor do abuso que tiver atribuição

para a aplicação da sanção, como as Corregedorias. A representação pode ser

também dirigida ao membro do Ministério Público. Nesse último caso, nada obsta

que o Ministério Público requisite a instauração de inquérito policial para reunir

mais elementos probatórios para a formação da sua opinio delicti.

3. Natureza jurídica da representação e ação penal. A leitura apressada do dispositivo

legal pode levar o intérprete ao equívoco de pensar que a representação a que o

dispositivo faz menção é uma condição objetiva de procedibilidade, sendo,

por-tanto, a ação penal pública condicionada à representação, sobretudo se conjugado

ao art. 12 da lei. Entretanto, a representação não tem tal natureza, mas, sim, um

espelho do direito de petição, positivado no art. 5º, XXXIV, alínea a da CRFB/88, por

meio do qual se leva ao conhecimento das autoridades públicas qualquer abuso

de poder. Dessa forma, a representação tem natureza jurídica de notitia criminis.

Nesse sentido, é o art. 1º da lei 5.249/67 que dispõe: “A falta de representação do

ofendido, nos casos de abusos previstos na Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965,

não obsta a iniciativa ou o curso da ação penal”. Assim, a ação penal é pública

incondicionada.

4. Requisitos da petição de representação. Estão previstos no parágrafo único.

їAplicação em concurso.

• Notário. TJ/BA. 2014. CESPE.

Em se tratando de crime de abuso de autoridade, a representação do ofendido é condição de procedibilidade para a propositura da ação penal.

A alternativa está errada.

• Delegado de Polícia-PR/2013. UEL

Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, afirmações quanto aos crimes de abuso de autoridade tipificados na Lei nº 4.898/1965.

A) São crimes de ação penal pública condicionada, uma vez que o Art. 1º da Lei trata do direito de representação, sendo esta a condição de procedibilidade para a propositura da ação penal.

B) A competência para processar e julgar crimes de abuso de autoridade praticados por militares no exercício de suas funções será da Justiça Militar, uma vez que possuem prerrogativa de função.

C) Para efeitos de aplicabilidade da Lei, os militares estão excluídos, uma vez que a eles será aplicado o Código Penal Militar.

D) São crimes de ação penal pública incondicionada, uma vez que o Art. 1º da Lei trata do direito de representação, sendo esta nada mais do que o direito de petição estampado no Art. 5º, inciso XXXIV da Constituição Federal.

(6)

Abuso de Autoridade. Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965 Art. 2º

E) Considera-se autoridade qualquer pessoa que exerça cargo, emprego ou função pú-blica, excluindo-se aqueles que exercem cargo, emprego ou função pública de forma transitória e sem remuneração.

Alternativa correta: letra D.

• TRT-Juiz do Trabalho Substituto 15ª região/2010

No que se refere ao crime de abuso de autoridade, assinale a opção correta.

A) O direito de representação do ofendido, previsto na legislação específica sobre o tema, constitui condição de procedibilidade, sem a qual a respectiva ação penal não poderá ser ajuizada.

B) Eventual falha na representação, ou sua falta, não obsta a instauração da ação penal. C) Compete à justiça militar processar e julgar crime de abuso de autoridade praticado

por policial militar em serviço.

D) A sanção penal por crime de abuso de autoridade poderá consistir em perda de cargo e inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública, por prazo de até 10 anos.

E) A ação penal por crime de abuso de autoridade somente poderá ser iniciada se devi-damente instruída com os autos do inquérito policial.

Alternativa correta: letra B.

• Delegado de Polícia-RO/2009. Funcab

Sobre a Lei nº 4.898/1965, que regula o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade, é correto afirmar que:

ΈA) considera-se autoridade, para os efeitos dessa lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública de modo definitivo e mediante remuneração.

ΈB) o processo administrativo disciplinado na referida lei será sempre sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal ou civil.

ΈC) a ação penal nos crimes tratados por essa lei é pública incondicionada.

ΈD) a ação penal depende de representação do ofendido, que será exercida por meio de petição dirigida à autoridade policial.

ΈE) o crime de abuso de autoridade consistente no atentado à liberdade de locomoção admite tentativa.

Alternativa correta: letra C.

• Delegado de Polícia Civil/RJ. 2009. FESP.

No dia 02 de agosto de 2009, Valdilene compareceu à 14ª Delegacia de Polícia e disse que seu filho Valdilucas, com 24 anos, havia sido agredido por policiais, que estavam na comunidade onde reside a fim de prenderem pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. Segundo narrou ao Delegado, os policiais abordaram algumas pessoas que estavam na rua, dentre elas o seu filho e, sem motivo aparente, deram vários tapas no rosto de Valdilucas, sendo certo que não ficaram marcas das agressões. Como deve proceder o Delegado?

A) Receber aquela informação como uma notícia-crime, necessitando da representação de Valdilucas para instaurar inquérito policial e apurar crime de abuso de autoridade, para o qual a lei prevê a necessária representação como condição de procedibilidade.

(7)

B) Instaurar inquérito policial para apurar crime de constrangimento ilegal, que é de ação pública incondicionada.

C) Receber aquela informação como uma notícia-crime, necessitando da representação de Valdilucas para instaurar inquérito policial para apurar crime de lesão corporal, pois a vítima possui mais de 18 anos e se trata de crime de ação pública condicionada à representação.

D) Instaurar inquérito policial para apurar crime de abuso de autoridade, que independe da representação da vítima, pois se trata de delito de ação pública incondicionada. E) Instaurar inquérito policial para apurar crime de tortura, que é crime de ação pública

incondicionada.

Alternativa correta: letra D.

• PC/RJ – Delegado de Polícia – 2009. FESP.

Sobre a Lei nº 4.898/1965, que regula o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade, é correto afirmar que:

D) a ação penal depende de representação do ofendido, que será exercida por meio de petição dirigida à autoridade policial.

A alternativa está errada.

• PC/RJ – Delegado de Polícia – 2009. FESP.

Sobre a Lei nº 4.898/1965, que regula o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade, é correto afirmar que:

C) a ação penal nos crimes tratados por essa lei é pública incondicionada.

A alternativa está correta.

• PC/ES – Agente da Polícia Civil 2008. CESPE.

A ação penal por crime de abuso de autoridade é pública condicionada à representação do cidadão, titular do direito fundamental lesado.

A alternativa está errada.

• TJ/AC – Juiz substituto – 2007. CESPE.

Com relação ao crime de abuso de autoridade, inexiste condição de procedibilidade para a instauração da ação penal correspondente.

A alternativa está correta.

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:

1. Crimes de atentado. Os crimes previstos no art. 3º da lei são classificados como

crimes de atentado, que são aqueles que já trazem a figura da tentativa como

ele-mento do tipo. Logo, se a tentativa já esgota a figura típica na conduta do agente,

o delito já está consumado. Seria correto, portanto, afirmar que, nesses crimes, o

(8)

Abuso de Autoridade. Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965 Art. 3º

їAplicação em concurso.

• Notário. TJ/BA. 2014. CESPE.

São crimes de atentado aqueles em que o tipo penal incriminador não prevê a figura tentada em seu enunciado, razão pela qual, no processamento desses crimes, se faz uso da norma de extensão referente à tentativa, disposta na parte geral do Código Penal.

A alternativa está errada.

2. Condutas que configuram o abuso. Os crimes estão previstos nas alíneas. Cada

uma delas configura uma forma de abuso de autoridade e cada uma delas configura

violação a um direito fundamental.

3. Violação ao princípio da legalidade. O legislador utilizou, na descrição dos tipos

penais, conceitos vagos e imprecisos, o que dificulta a sua interpretação, violando,

dessa forma, o princípio da legalidade, na vertente taxatividade.

4. Crimes próprios. Em todas as alíneas, o crime é próprio, uma vez que só pode ser

praticado por autoridade pública, nos moldes do art. 5º da lei, que será visto adiante.

5. Consumação. Em todas as alíneas do art. 3º, o delito estará consumado no momento

da prática das condutas descritas nas alíneas.

a) à liberdade de locomoção;

1. Direito fundamental violado. A conduta viola o direito fundamental previsto no art.

5º, XV da CRFB/88, que dispõe “é livre a locomoção no território nacional em tempo

de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou

dele sair com seus bens.” Como o próprio tipo penal está a sugerir, basta qualquer

forma de atentado à liberdade de locomoção do indivíduo para a configuração do

delito em análise. Assim, não é necessária a efetiva privação da liberdade, que, se

ocorrer, configurará o delito do art. 4º, a da mesma lei. Caso a autoridade atente

contra a liberdade de alguém, mas por um motivo justificado, não haverá a

prá-tica do delito, uma vez que, nessa hipótese, o agente público está usando, e não

abusando, do seu poder de autoridade, como no caso de o agente policial deter

alguém que esteja tentando causar um dano ao patrimônio público ou na hipótese

de prisão em flagrante (art. 301 do Código de Processo Penal), realização de blitz,

com busca pessoal quando a autoridade tiver fundada suspeita de porte de arma

por parte de alguém (art. 244 do Código de Processo Penal).

2. Direito de liberdade de ir e vir e sua relatividade. O direito constitucionalmente

assegurado de ir e vir não é absoluto, como não o são todos os direitos e as garantias

fundamentais. Com efeito, todo e qualquer direito fundamental é relativo,

poden-do ceder em face de outros direitos. Há casos, portanto, nos quais a lei permite a

restrição da liberdade de alguém de forma lícita, sem que tal privação constitua,

portanto, o delito em análise. É o que ocorre com o art. 139 da CRFB/88, que

afir-ma que “na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I,

(9)

permanência em localidade determinada; II – detenção em edifício não destinado

a acusados ou condenados por crimes comuns”.

3. Estado de sítio. Na vigência de estado de sítio, pode haver restrição ao direito de

liberdade, sem que isso configure abuso de autoridade, por força da norma

cons-titucional prevista no art. 139, I da CRFB/88.

4. Princípio da especialidade. Caso a vítima do atentado seja criança ou

adolescen-te, o delito praticado será o do art. 230 da lei 8069/90, Estatuto da Criança e do

Adolescente – ECA, que dispõe “Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade,

procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo

ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena – detenção de seis meses

a dois anos.”

їAplicação em concurso.

• Notário. TJ/BA. 2014. CESPE.

Caso a autoridade policial, ao apreender adolescente, não observe as normas legais, sua conduta poderá ser o enquadramento no tipo penal de abuso de autoridade.

A alternativa está errada.

• MP/SP – Promotor de Justiça – 2010.

Relativamente às assertivas abaixo, assinale, em seguida, a alternativa correta: II. o fato de privar adolescente de sua liberdade sem obedecer às formalidades legais

(flagrante de ato infracional ou ordem escrita de autoridade judiciária) constitui crime previsto na Lei nº 4.898/65 (Abuso de autoridade), que prevalece sobre norma corres-pondente da Lei nº 8.069/90 (ECA);

A alternativa está errada.

• PC/RJ – Delegado de Polícia – 2009. FESP.

Sobre a Lei nº 4.898/1965, que regula o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos de abuso de autoridade, é correto afirmar que:

E) o crime de abuso de autoridade consistente no atentado à liberdade de locomoção admite tentativa.

A alternativa está errada.

5. Classificação. Crime próprio; doloso; comissivo; instantâneo; de atentado; não

admite tentativa.

їAplicação em concurso.

• Policial Rodoviário Federal. 2014. CESPE.

Considere que um PRF aborde o condutor de um veículo por este trafegar acima da velocidade permitida em rodovia federal. Nessa situação, se demorar em autuar o con-dutor, o policial poderá responder por abuso de autoridade, ainda que culposamente.

(10)

Abuso de Autoridade. Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965 Art. 3º

b) à inviolabilidade do domicílio;

1. Direito fundamental violado. A conduta viola o direito fundamental previsto no

art. 5º XI, da CRFB/88, que tem a seguinte redação: “a casa é asilo inviolável do

indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo

em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,

por determinação judicial”. Da construção mais moderna e de alto luxo ao

compar-timento feito de papelão onde alguns mendigos se abrigam durante a noite, tem-se

a proteção constitucional do domicílio, não podendo a autoridade pública nele

ingressar de forma irregular, sob pena de caracterização do delito em comento. O

ingresso só poderá se dar de forma regular, nos seguintes moldes constitucionais,

caso em que não haverá a prática do crime: flagrante delito; desastre; para prestar

socorro; durante o dia, por determinação judicial ou a qualquer hora do dia ou da

noite com a permissão do morador.

2. Domicílio. O seu conceito está no art. 150, § 4º do Código Penal, abrangendo,

portanto, qualquer compartimento habitado, aposento ocupado de habitação

coletiva e compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão

ou atividade. A contrario sensu, de acordo com o art. 150, § 5º do Código Penal,

não se compreende no conceito de domicílio hospedaria, estalagem ou qualquer

outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo o aposento ocupado de habitação

coletiva, bem como a taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.

їAplicação em concurso.

• Delegado de Polícia/PE. 2016. CESPE

A respeito da legislação penal extravagante brasileira, assinale a opção correta. Não constitui crime de abuso de autoridade a conduta, consumada ou tentada, de violação de domicílio, fora das hipóteses constitucionais e legais de ingresso em casa alheia, quando praticada por delegado de polícia, uma vez que este está amparado pelo estrito cumprimento do dever legal, como causa legal de exclusão de ilicitude da conduta típica.

A alternativa está errada.

• PC/ES – Agente da Polícia Civil 2008. CESPE.

Se um delegado de polícia, mediante fundadas suspeitas de que um motorista esteja transportando em seu caminhão certa quantidade de substância entorpecente para fins de comercialização, determinar a execução de busca no veículo, sem autorização judicial, resultando infrutíferas as diligências, uma vez que nada tenha sido encontrado, essa conduta da autoridade policial caracterizará o crime de abuso de autoridade, pois, conforme entendimento doutrinário dominante, o veículo automotor onde se exerce profissão ou atividade lícita é considerado domicílio.

A alternativa está errada.

3. Inviolabilidade do domicílio e sua relatividade. Considerando a relatividade do

direito fundamental da inviolabilidade de domicílio, caso a autoridade pública

in-gresse na residência de alguém autorizado pela norma legal ou constitucional, não

se poderá falar em abuso de autoridade.

(11)

4. Estado de sítio. Na vigência de estado de sítio, pode haver restrição ao direito de

inviolabilidade de domicílio, sem que isso configure abuso de autoridade, por força

da norma contida no art. 139, V da CRFB/88.

5. Princípio da especialidade. O delito em análise é um tipo penal especial em relação

ao art. 150 do Código Penal. Assim, se um particular violar o domicílio de alguém,

pratica esse delito. Entretanto, caso seja autoridade pública, pratica o delito do art.

3º, b da lei 4898/65.

6. Art. 150, § 2º do Código Penal. Teve sua incidência prejudicada pelo delito ora

estudado, não mais podendo ser aplicado.

7. Classificação. Crime próprio; doloso; comissivo; instantâneo; de atentado; não

admite tentativa.

c) ao sigilo da correspondência;

1. Direito fundamental violado. A conduta viola o direito fundamental previsto no art.

5º, XII da CRFB/88, que preconiza o seguinte “é inviolável o sigilo da correspondência

e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,

no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer

para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.

2. Direito ao sigilo da correspondência e sua relatividade. Conforme dito alhures,

todos os direitos fundamentais são relativos. Dessa forma, o sigilo das

correspon-dências, comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas cedem

em razão de outros interesses de maior valor, como o interesse público. Assim, não

constituem esse delito os seguintes casos autorizados pela lei e pela jurisprudência:

busca domiciliar, na qual se pretenda apreender cartas fechadas, destinadas ao

acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que seu conteúdo possa ser

útil à elucidação do fato (art. 240, § 1º, f do Código de Processo Penal); apreensão

de documento em poder do defensor do acusado, quando o seu conteúdo

cons-tituir elemento do corpo de delito (art. 243, § 2º, do Código de Processo Penal); o

conhecimento justificado pelo diretor do estabelecimento prisional do conteúdo

da correspondência escrita e recebida pelo preso (art. 41, parágrafo único da lei

7210/84) e o administrador judicial, na falência, sob a fiscalização do juiz e do comitê

receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando-lhe o que não

for assunto de interesse da massa (art. 22, III, d, da lei 11.101/2005).

їAplicação em concurso.

• Delegado de Polícia-RJ/2012. FUNCAB

O Diretor de determinado presídio é informado, por bilhete anônimo, de que um preso estaria trocando informações por correspondência com membros do seu bando, a fim de viabilizar a entrada de substância entorpecente no estabelecimento prisional, visando ao tráfico de drogas. Diante disso, o Diretor intercepta uma carta fechada e destinada ao detento, e, após abri-la, lê o seu conteúdo, descobrindo quando e como se daria o ingresso da droga. No caso em tela, pode-se afirmar que o Diretor:

Referências

Documentos relacionados

Considerando que, no Brasil, o teste de FC é realizado com antígenos importados c.c.pro - Alemanha e USDA - USA e que recentemente foi desenvolvido um antígeno nacional

By interpreting equations of Table 1, it is possible to see that the EM radiation process involves a periodic chain reaction where originally a time variant conduction

O desenvolvimento desta pesquisa está alicerçado ao método Dialético Crítico fundamentado no Materialismo Histórico, que segundo Triviños (1987)permite que se aproxime de

Sandra Sofia Moreira Ribeiro Sara Andreia Monteiro Guedes Sara Daniela Monteiro Faria Sara de Lurdes Ferreira Batista Sérgio Augusto da Silva Marques Sérgio Filipe Ferreira

Assim procedemos a fim de clarear certas reflexões e buscar possíveis respostas ou, quem sabe, novas pistas que poderão configurar outros objetos de estudo, a exemplo de: *

 Criação de uma compilação de algumas experiências pelas quais profissionais da área de design já passaram, com o objetivo de entender comportamentos nas

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..