Pagando a dívida alheia
De repente estamos todos endividados e inadimplentes – ao menos a maioria de nós brasileiros comuns, sem mansões, nem iates, nem casas em Miami. Estamos assim porque fomos conclamados, tempos atrás, a consumir. Lembram? Eu não esqueci, e não consumi porque estava mais alerta e menos confiante: “Comprem seu carro! Troquem a geladeira! Comprem TV plana!
Não deixem de fazer nada disso; as elites brancas não querem que vocês tenham nada”.
E saíram os brasileiros confiantes e crédulos a consumir – como se consumo, e não investimento de parte do governo, fosse crescimento. Realmente tivemos por um breve período uma sensação nova de confiança e bem-estar. Disseram (e acreditamos) que a miséria tinha sido liquidada no país; e éramos todos da classe média: quem ganhava mais do que 350 reais era da classe média.
[...]
O Estado que ganhou mais do que podia e devia, com gestão equivocada, gastos faraônicos em empreendimentos luxuosos logo abandonados por falta de planejamento, agora nos convoca a pagar também suas dívidas – que não são nossas.
Há poucos dias fomos avisados: a caixa está vazia, o dinheiro dos governos acabou, entrou no ralo da imprudência.
Suspendem-se bolsas de estudo, investimentos em saúde e infraestrutura, e abre-se a dura realidade: projetos, comissões, estudos, palavrórios, mas não sabem o que fazer com o Brasil.
Para consertar o que parece inconsertável, corta-se na carne... sobretudo na nossa. Cortam-se benefícios como tempo de trabalho para ter seguro-desemprego, dificultam-se condições para obter aposentadoria, reduzem-se pensões, e aumenta a angústia do povo. Cresce a inflação, sobe o desemprego, combinação fatal. Operários, funcionários, empregados domésticos, gerentes de lojas e de empresas, de repente às voltas com falta de trabalho e excesso de dívidas.
[...]
A explicação fornecida para a crise é de romance: a Europa e os Estados Unidos são os responsáveis, e São Pedro, que faz chover demais numa região e pouco em outra.
Se não formos um povo escolarizado, um povo informado, que lê jornal, assiste a noticiosos, conversa com família, amigos e colegas para saber o que se passa, é assim que seremos tratados. Promessas retumbantes e discursos otimistas e confusos não deviam mais nos enganar. A gente precisa da verdade. Precisa de respeito. Precisa das oportunidades que nos foram tiradas quando nos colocaram entre os últimos do mundo em educação, economia, confiabilidade e outros.
Mas talvez se possa ajudar o Brasil usando as armas mais eficientes que temos, se bem usadas: manifestações ordeiras, não acreditar em promessas vazias, nem dar atenção a dança de políticos que trocam de partidos e convicções, na festa das gavetas que reina no Congresso. E usar o “voto” – gesto mínimo e definitivo que pode derrubar estruturas perversas e chamar de volta entre nós as duas irmãs indispensáveis para uma nação soberana: esperança e confiança.
Lya Luft. Veja, ano 48, nº 23, 10 de junho de 2015, p.23.
AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO
Disciplina: Língua Portuguesa Educadoras: Viviana e Rita 3ª Etapa
_____/_____/2018
Ano/Série: 9º Turma: Valor: pontos Nota: Educando(a):
Caro(a) aluno(a),
▪ Leia atentamente cada questão antes de respondê-la.
▪ Elabore respostas claras, coerentes e organizadas, com letra legível.
▪ Responda às questões fechadas assinalando uma única opção e obrigatoriamente a caneta. ▪ Use caneta AZUL ou PRETA, questões redigidas a lápis não lhe darão direito a revisão posterior. ▪ Evite rasuras.
QUESTÃO 01 – (DSG 2016) Segundo Lya Luft, o fato de que os brasileiros estão endividados e inadimplentes é a falsa confiança passada pela gestão governamental, tal tese se confirma em
a) "E saíram os brasileiros confiantes e crédulos a consumir – como se consumo, e não investimento de parte do governo, fosse crescimento."
b) "e éramos todos da classe média: quem ganhava mais do que 350 reais era da classe média." c) "Estamos assim porque fomos conclamados, tempos atrás, a consumir. Lembram?"
d) "Há poucos dias fomos avisados: a caixa está vazia, o dinheiro dos governos acabou, entrou no ralo da imprudência."
QUESTÃO 02 – (DSG 2016) No excerto a seguir podemos encontrar uma ironia construída pela autora, identifique e explique-a. “A explicação fornecida para a crise é de romance: a Europa e os Estados
Unidos são os responsáveis, e São Pedro, que faz chover demais numa região e pouco em outra.”.
___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ QUESTÃO 03 – (DSG 2016) No último parágrafo do texto, a colunista enumera quatro soluções para a crise política no Brasil. Há uma ideia de gradação (enumeração crescente ou decrescente de ideias) implícita. Identifique quais são essas soluções e as coloque em ordem de importância conforme a autora coloca. Ao identificar a mais importante, justifique essa classificação.
1ª________________________________________________________________________________ 2ª________________________________________________________________________________ 3ª________________________________________________________________________________ 4ª_________________________________________________________________________________ QUESTÃO 04 - (UFPE) DESCOBERTA DA LITERATURA
No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/ cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./ E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/
para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./ Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/ ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/ com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./ Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/
em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/ e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/
a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/ que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/ e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/ receava que confundissem/ o de perto com o distante,/ o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/
e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/ ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./ (…)
João Cabral de Melo Neto Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo:
1ª COLUNA
(1) Romance de barbante (2) Roda morta; folheto guenzo (3) Como puro alto-falante
(4) Perto/distante/mágico/Franzino/gigante (5) Cochichavam-me em segredo 2ª COLUNA ( ) Pleonasmo ( ) Metáfora ( ) Comparação ( ) Metonímia ( ) Antítese A ordem correta é: a) 1, 2, 3, 4, 5 b) 5, 2, 3, 1, 4 c) 3, 1, 4, 5, 2 d) 2, 1, 3, 4, 5
QUESTÃO 05 – Observe e leia com atenção a tirinha:
Analise as afirmativas sobre a tirinha do Garfield.
I – Garfield não atende ao “chamado da vida” e prefere continuar dormindo. II – Jon, o dono do gato, tenta acordá-lo, mas não tem sucesso.
III – Garfield prefere não dormir e atende ao chamado da vida. As afirmativas CORRETAS estão em
a) I e II. b) II e III. c) I, II e III. d) I e III.
QUESTÃO 06 – (DSG 2016) Há na fala do 3º quadrinho da tirinha uma dualidade de sentido, ocasionada pelo entendimento de Garfield, explique essa dualidade, demonstrando cada possibilidade de interpretação e explicando-a. 1º sentido _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 2º sentido _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________
QUESTÃO 07 – Classifique cada oração grifada conforme sua coordenação ou subordinação em relação a principal.
a) Ela sabia que ele estava fazendo o certo.
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b) Era imprevisível que ele ficava assim tão perto de uma mulher.
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c) Mas não estava neles modificar um namoro que nascera difícil, cercado, travado.
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d) O momento foi tão intenso que ele teve medo.
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e) Solta que você está me machucando.
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QUESTÃO 08 – Observe os períodos abaixo:
I - Mário estudou muito e foi reprovado!
II - Mário estudou muito e foi aprovado.
Em I e II, a conjunção e tem, respectivamente, valor:
a) aditivo e conclusivo
b) adversativo e aditivo
c) aditivo e aditivo
d) adversativo e conclusivo
Questão 09 - Classifique as orações em destaque.
a) Na saúde, acho que muito melhorou.
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b) Teremos de descobrir o que fazer com tanto tempo de vida a mais que nos será concedido.
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c) Dieta, que hoje se tornou obsessão, era impensável, (...)
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e) As vastas bibliotecas de papel serão museus, guardando o cheiro da minha infância, quando...
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10. Preencha as lacunas das frases seguintes com um pronome relativo adequado. Faça-o preceder de uma preposição conveniente (não empregue o qual e variações).
a) Este é um preceito _____ convém obedecer.
b) O fim _____ visa o ensino é o progresso do homem. c) A pessoa ____ qualidades me refiro acaba de chegar. d) Desconheço os regulamentos ___ eles desobedeceram. e) Este é o advogado _____ devemos pagar os honorários. f) Consegui a posição ____ sempre aspirei.
g) Você é um amigo _______ lealdade não me esquecerei jamais.
h) Você é uma pessoa _____ todos simpatizam. i) O escritor _______ obra o professor fez referência é modernista.