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Carpectomia proximal do carpo na artrose radiescafolunar *

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Academic year: 2021

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Carpectomia proximal do carpo

na artrose radiescafolunar

*

JEFFERSON BRAGA SILVA1, JUAN TORRES DEL RIO2, HILDO FREIRE FERNANDES2, SILVANA DINIZ3, MONIK FRIDMAN4

RESUMO

Foram analisados 20 pacientes submetidos a carpecto-mia proximal do carpo. As seqüelas da pseudartrose do escafóide e necrose avascular do semilunar, acompanha-das sempre de artrose radiescafolunar, foram as indica-ções em igual número de casos. A melhora significativa da dor, mobilidade e força e retorno à mesma atividade profissional foram observados em 90% dos casos. A car-pectomia proximal do carpo poderá ser considerada al-ternativa terapêutica para pacientes portadores de seqüe-las traumáticas do carpo, com artrose radiescafolunar, em que será possível obter melhora funcional comparati-vamente ao estado pré-operatório.

Unitermos – Artrose radiescafolunar; carpectomia proximal; pseudartrose do escafóide; Kienböck

SUMMARY

Proximal row carpectomy in radio-scaphoid-lunate bone ar-throsis

The authors analyzed twenty patients who were submitted to proximal row carpectomy. The sequelae of scaphoid non-union and osteonecrosis of the lunate bone, always followed

* Trab. realiz. no Serv. de Ortop. e Traumatol. do Hosp. São Lucas-PUC-RS, e na Clín. SOS-Mão, Porto Alegre, RS.

1. Preceptor de Resid. Méd. do Hosp. São Lucas-PUC e Diretor da Clín. SOS-Mão, Porto Alegre, RS.

2. Estag. em Cir. da Mão e Microcir. – Clínica SOS-Mão, Porto Alegre, RS. 3. Estag. do Curso de Extensão Univ. em Cir. da Mão e Microcir. do Hosp.

São Lucas-PUC-RS, Porto Alegre, RS.

4. Chefe do Serv. de Ortop. e Traumatol. do Hosp. São Lucas-PUC-RS. Endereço para correspondência: Jefferson Braga Silva, Clínica SOS-Mão, Rua Dona Laura, 354/301 – 90430-090 – Porto Alegre, RS. Tel./Fax: (051) 330-6184.

by radio-scaphoid-lunate bone arthritis, were the indications in all cases. There was a significant pain relief, an increase in motion and strength, and 90% of the patients returned to their previous professional activities. The proximal row carpectomy can be considered an alternative therapy for those patients with post traumatic sequelae of the wrist, with ra-dio-scaphoid-lunate bone arthritis, where it is possible to obtain a functional improvement in the postoperative condi-tion.

Key words – Radio-scaphoid-lunate bone arthritis; proximal row

carpectomy; non-union of the scaphoid; Kienböck INTRODUÇÃO

Ollier(15), no século XIX, propôs a ressecção artroplástica, sem interposição, dos três ossos proximais do carpo: esca-fóide, semilunar e piramidal, às destruições articulares de origem tuberculosa.

Apesar de numerosas publicações(1,2,6-9,13,14,17-21,23) com quan-tidade significativa de casos e seguimento pós-operatório con-siderável, essa intervenção sempre foi considerada de “exce-ção”.

Vinte pacientes foram submetidos a carpectomia proxi-mal entre 1993 e 1996 e os resultados foram avaliados se-gundo a força, mobilidade, dor e retorno à atividade profis-sional.

MATERIAL E MÉTODOS

Vinte pacientes (15 masculinos) e com idade média de 35 anos (extremos de 20-40), foram analisados descritivamente. O intervalo, desde o trauma inicial ou aparecimento da sintomatologia (dor e déficit funcional), até a realização do procedimento de carpectomia proximal, foi em média de três anos.

A mão dominante foi acometida em 15 pacientes. O tempo médio de seguimento pós-operatório foi de 26 meses.

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Fig. 1 – Caso 1.

Kienböck.

Fig. 2 – Caso 1.

Carpectomia proximal (AP).

Fig. 3 – Caso 1. Carpectomia proximal (perfil).

ossos deve prevalecer, pois os ligamentos volares do carpo deverão ser preservados.

A sutura por planos, cápsula, LAPC e pele finalizará a intervenção. Salienta-se que a cápsula deverá ser suturada sem ressecção ou tensão, a fim de evitar qualquer rigidez pós-operatória.

A imobilização por tala gessada volar, por período de 21 dias, autorizará a flexo-extensão ativa digital precoce.

A terapia pós-imobilização deverá ser enfatizada funda-mentalmente no ganho da mobilidade articular e força. Quanto à etiologia, dez pacientes apresentavam

pseudar-trose do escafóide, com necrose do pólo proximal e arpseudar-trose radiescafóide. Os demais apresentavam necrose avascular do semilunar (Kienböck), estágio III de Delcoux, igualmente com artrose, ao nível da radiolunar.

Quanto à atividade manual, 80% eram trabalhadores ma-nuais leves e 20% mama-nuais pesados.

Não encontramos sinais radiológicos nem achados trans-operatórios indicativos de artrose da superfície articular pro-ximal do capitato.

Técnica cirúrgica

O procedimento foi sempre realizado sob garrote pneu-mático e anestesia do tipo bloqueio axilar.

A incisão foi em sua totalidade dorsal e arciforme à con-cavidade interna. Secciona-se longitudinalmente o ligamen-to anular posterior do carpo (LAPC) ao nível do terceiro com-partimento dorsal. A esse nível é identificado o nervo inte-rósseo posterior e devidamente ressecado. A capsulotomia é realizada por uma incisão longitudinal, estendendo-se até a articulação mediocárpica.

A ressecção artroplástica inicia-se pelo semilunar, com flexão máxima do carpo. Especial atenção à superfície arti-cular do capitato, que deverá ser protegida e preservada. Se-gue-se a ressecção do piramidal e finalmente o escafóide. O cuidado na ressecção menos fragmentada possível desses

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Fig. 6 – Caso 2. Resultado funcional – extensão. Fig. 4 – Caso 2. Seqüela de pseudartrose do escafóide. Fig. 5 – Caso 2. REM – necrose 2/ 3 superfície óssea.

Fig. 7 – Caso 2. Resultado funcional – flexão.

QUADRO 2 Kienböck

Flexão Extensão Desv. rad. Desv. ulnar

Pré-operatório 15º 10º 5º 5º

Pós-operatório 38º 35º 5º 5º

Com relação à força, igualmente, aumento significativo foi constatado.

A medicação foi realizada ao dinamômetro de Jamar; mem-bro superior junto ao corpo e cotovelo a 90º. Uma média aritmética simples de três medições foi considerada (qua-dros 3 e 4).

QUADRO 3 Pseudartrose do escafóide

Mão acometida Mão contralateral

Pré-operatório 16kgf 28kgf

Pós-operatório 21kgf 28kgf

RESULTADOS

Quanto à mobilidade média pós-operatória obtivemos ga-nho significativo (quadros 1 e 2).

QUADRO 1 Pseudartrose do escafóide

Flexão Extensão Desv. rad. Desv. ulnar

Pré-operatório 08º 00º 5º 10º

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QUADRO 4 Kienböck

Mão acometida Mão contralateral

Pré-operatório 15kgf 30kgf

Pós-operatório 20kgf 30kgf

É importante salientar que o incremento na força e mobi-lidade foi gradual e progressivo, atingindo um platô ao sexto mês, independente da etiologia.

A melhora da dor, segundo a escala de Hutckinson(7), foi de 40% em relação ao pré-operatório.

O retorno à mesma atividade profissional foi observado em 90% dos casos, independente da etiologia e da atividade profissional anterior ao trauma.

DISCUSSÃO

A ressecção artroplástica da primeira fileira de ossos do carpo, citada desde o século XIX, continua sendo considera-da por muitos autores como procedimento de “exceção” e até mesmo preterindo-o em favor da artrodese total do carpo. Várias publicações com resultados satisfatórios revelam-na como boa alterrevelam-nativa para tratamento de lesões degenera-tivas ou seqüelas traumáticas do carpo(1,2,4,7-10,12,17,18).

Em nossa série as indicações restringiram-se à pseudar-trose do escafóide e à necrose avascular do semilunar (Kien-böck), estágio III de Delcoux, todos os casos acompanhados de artrose do compartimento externo (radiescafóide, radio-lunar e/ou radiescaforadio-lunar).

Na análise desses casos obtivemos resultados satisfatórios com ganho de mobilidade, força e melhora significativa da dor, os quais corroboram os dados da literatura.

A melhora da dor em pós-operatório imediato acredita-mos que se deve à ressecção do nervo interósseo posterior. A recuperação da força, constatamos, faz-se progressivamen-te. Isso deve-se provavelmente ao encurtamento de aproxi-madamente 1 a 1,5cm na altura do carpo(3,11), no qual os ten-dões flexores ficariam maiores em relação ao suporte ósseo, adaptando-se posteriormente. E quanto ao ganho de mobili-dade progressiva, deve-se ao fato de adaptação da neo-arti-culação capitato-rádio.

Braun(2) relata bons resultados na carpectomia proximal realizada na urgência, apresentando como indicações as fra-turas-luxações e amputações transcarpianas. Não incluímos nesta série um caso de amputação, pois desejávamos anali-sar uma série homogênea.

Dap(5) analisou uma série de 36 pacientes que foram sub-metidos à artrodese total do carpo. Os resultados foram con-siderados medíocres, ressaltando-se que 41% deles tiveram perda de força, 78% apresentavam persistência de dor e so-mente 20% retornaram a sua atividade profissional.

Quanto à substituição total da articulação por implante(6, 13,16), infelizmente não dispomos até o momento de modelo que se adapte às indicações pós-traumáticas. As degenera-ções decorrentes dessa são diferentes daquelas da artrite reu-matóide.

Não houve indicações de carpectomia proximal para ca-sos de instabilidade do carpo(12,22).

Não encontramos artrose pós-carpectomia proximal entre o capitato e o rádio, provavelmente devido a nosso tempo de seguimento pós-operatório. Em outras séries(12,18) observou-se que 20% dos casos, em cinco anos, deobservou-senvolveram artroobservou-se rádio-capitato, mas que não influenciaram no resultado fun-cional.

Salomon & Eaton(17) relatam excelentes resultados de res-secção parcial do capitato proximal com interposição de fás-cia ou cápsula dorsal, nos casos de artrose capitato-rádio pós-carpectomia em cinco anos. Não temos experiência com esse procedimento.

Em conclusão, acreditamos que a carpectomia proximal do carpo poderá ser considerada como boa alternativa para o tratamento de seqüelas traumáticas do carpo, na presença de artrose radiescafolunar, obtendo melhora funcional compa-rativamente ao estado pré-operatório.

REFERÊNCIAS

1. Begley, B.N. & Engber, W.D.: Proximal row carpectomy in advanced Kienböck’s disease. J Hand Surg [Am] 19: 1016-1018, 1994. 2. Braum, F.: Résection de la première rangée des os du carpe en urgence.

Ann Chir Main 4: 283-284, 1992.

3. Brumfield, R.H. & Champoux, J.A.: A biomechanical study of normal functional wrist motion. Clin Orthop 187: 23-25, 1984.

4. Crabbe, W.A.: Excision of the proximal row of the carpus. J Bone Joint Surg [Br] 46: 708-711, 1964.

5. Dap, F.: L’artrodèse du poignet: alternative à la résection de la première rangée des os du carpe? Ann Chir Main 4: 285-291, 1992.

6. Fatti, J.F., Palmer, A.K. & Mosher, J.H.: The long-term results of Swan-son’s silicone rubber interpositional wrist arthroplasty. J Hand Surg 11: 166-175, 1986.

7. Foucher, G. & Chimiel, Z.: La résection de la première rangée du carpe. À propos d’une serie de 21 patients. Rev Chir Orthop Traumatol 78: 372-377, 1992.

8. Green, D.P.: Proximal row carpectomy. Hand Clin 3: 163-168, 1987. 9. Inglis, A.E. & Jones, E.C.: Proximal row carpectomy for disease of the

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10. Jorgensen, E.C.: Proximal row carpectomy. An end-result study of twen-ty-two cases. J Bone Joint Surg [Am] 51: 1104-1111, 1969.

11. Kuhlmann, J.N.: Carpectomie proximale expérimentale. Biodynamique. Ann Chir Main 4: 296-301, 1992.

12. Legré, R.: Etude multicentrique de 143 cas de résection de la première rangée des os du carpe. Ann Chir Main 4: 257-263, 1992.

13. Michon, J., Merle, M. & Girot, J.: “Remplacement prothétique des os du carpe”, in Poignet et médecine de réeducation, Paris, Masson, 1981. p. 225-263.

14. Neviaser, R.J.: On resection of the proximal row. Clin Orthop 202: 12-15, 1986.

15. Ollier: Traité des résections des grandes articulations, Paris, Masson, 1895.

16. Rossello, M.I., Costa, M. & Bertolotti, J.M.: Silastic implant arthroplas-ty of the carpal scaphoid. Rev Esp Cir Mano 21: 57-64, 1994. 17. Salomon, G.D. & Eaton, R.G.: Proximal row carpectomy with partial

capitate resection. J Hand Surg [Am] 21: 2-8, 1996.

18. Schernberg, F.: Intérêts et limites de la résection arthroplastique de la première rangée du carpe dans les formes évoluées, stade IIIb et IV, de pseudoarthrose du scaphoïde carpien. Rev Chir Orthop Traumatol 74: 735-737, 1988.

19. Stack, J.K.: End results of excision of the carpal bones. Arch Surg 57: 425-452, 1948.

20. Stamm, T.T.: Excision of the proximal row of the carpus. Proc R Soc Med 38: 74-75, 1944.

21. Tomaino, M.M., Delsignore, J. & Burton, R.I.: Long-term results fol-lowing proximal row carpectomy. J Hand Surg [Am] 19: 694-703, 1994.

22. Watson, H.K. & Ballet, F.L.: The “slac wrist”: scapho lunate advanced collapse pattern of degenerative arthritis. J Hand Surg [Am] 9: 358-365, 1984.

23. White, G.M., Clark, G.L. & Elias, L.S.: Proximal row carpectomy for posttraumatic disorders of the wrist. J Hand Surg [Am] 13: 310, 1988.

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