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Abertura para (um mundo) outro

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Academic year: 2021

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Abertura para

(um mundo)

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Abertura para (um mundo) outro Abertura para (um mundo) outro propõe a “ocupação” da palafita comum. Embora seja uma das menores, a palafita possui boa visibilidade e acesso, possibilitando, assim, uma aproximação visual/ “experiencial”, através da “rua” existente, lateralmente à mesma. A estrutura sugere um “cubo mágico” semienterrado, com suas várias possibilidades de jogo, como o tema (tridimensional) dos nove quadrados. Os recursos limitados, entretanto, impõem uma abordagem mais criativa, onde o jogo é apenas sugerido e a matemática sublimada através de uma “dobra” pictórico-escultórica. Os vãos delimitados por pilares e vigas são vedados com tapume, abrigando uma pintura, que amplia a percepção tridimensional de uma escultura, criando, assim, uma ilusão de ótica desde um ponto específico. Não obstante, o conjunto das visuais da intervenção

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criará um diálogo com o visitante, sugerindo sua aproximação e vistas inusitadas, abrindo e intensificando a experiência da obra. Esta nova superfície bi e tridimensional, portanto, desconstrói a rigidez excessiva da malha estrutural, criando um “painel” incorporado à arquitetura, flertando com a síntese das artes – síntese que hoje pressupõe o entendimento da paisagem. Um ou mais módulos têm um caráter de subtração em relação à superfície formada – a “abertura”. É como uma janela surrealista em um outdoor, o ruído silencioso na passividade “política” do painel mural. Ela deverá ser estrategicamente posicionada, em uma situação de destaque em relação à aproximação ao local, isto é, ocupando os módulos localizados na esquina. O desenho final é um site especific com ilusão de ótica. De fato, um orçamento mais generoso permitiria transformar a palafita em uma galeria de arte pública. Bastaria a execução de um piso, a vedação dos módulos, ora opacos ora tratados como

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“vitrines” e iluminação – a galeria poderia ocupar de um módulo até seis ou mais com pé-direito duplo. A poética da grelha Desde Jean-Nicolas-Louis Durand, a grelha ou malha é expediente de racionalização do processo de geração de formas na arquitetura. Em Durand, entretanto, tal processo relaciona-se mais especificamente com a geometria, com o controle geométrico da concepção, portanto, controle racional do projeto. A malha estrutural, tal como vemos nas palafitas, é fenômeno posterior. O ponto, de qualquer forma, é sua origem “racionalizante” que aqui revela-se em um lado “irracional”, como em um ato falho da racionalidade arquitetônica, seu “inconsciente” ou, simplesmente, seu outro. O esqueleto (estrutural) “enterrado” no quintal que teima em aparecer... Consequência de legislações urbanas indiferentes aos contextos específicos, no caso a topografia, somadas à voracidade dos

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mercados da construção e imobiliário, as palafitas funcionam como um registro das contradições e limites das atuações destes agentes na construção da paisagem, da cidade e do espaço público. Não obstante, a opção aqui não é por reforçar tautologicamente esse descaso e, sim, retomar o cuidado com a paisagem, esse outro que a arquitetura de mercado parece sempre esquecer. Bernard Tschumi “brinca” com o tema da grelha ou malha em seu projeto para o parque de La Villette. Um sistema de pontos, outro de caminhos e um terceiro de superfícies se sobrepõem como meio de relativizar a racionalidade excessiva da grelha. O sistema de pontos ou malha orienta o posicionamento das folies, pequenos pavilhões advindos da tradição romântica dos parques que, ao materializarem o sistema de referência da malha, desmaterializam seu excesso de racionalidade com pequenas loucuras arquitetônicas. A proposta também possui três “sistemas”: a malha estrutural, a superfície pictórica e a escultura. Como em La Villette, há uma

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sobreposição entre malha/ superfície pictórica/ escultura, mas aqui brinca-se com os efeitos de bi e tridimensionalidade. Dialoga-se ainda com outras referências como Lucio Fontana e os rasgos que abrem a tela para outras dimensões; ou as obras de Anish Kapoor, sugerindo realidades espaciais inexploradas.

A impossibilidade do ócio A impossibilidade do ócio liga-se ao direito à preguiça, isto é, à sua negação. A primeira ideia para a intervenção era brincar com a impossibilidade de ocupar “ociosamente” os módulos vazios da malha estrutural, dispondo redes e outros elementos remetendo à domesticidade do habitar – portas, janelas, etc. Não obstante, esta primeira ideia algo “tropicalista” cedeu espaço para uma abordagem mais abstrata, onde a impossibilidade do ócio ou do uso dá lugar a possibilidade de uma outra coisa.

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Do ponto de vista de uma arquitetura do cuidado com o outro e a paisagem, a utopia seria a conversão, quando possível, das palafitas – impossível não vê-las, de fato, como o esqueleto estrutural enterrado no quintal, os pilotis modernos que elevavam os edifícios, permitindo atividades diversas, o “fim” de uma sociabilidade perdida – em apartamentos populares promovendo a mistura social; áreas de estar públicas conectadas a escadarias, amenizando o esforço da subida em novas peatonais; pequenos comércios; etc. Nessa direção, as palafitas comum, dos cachorros e esbelta (8, 7 e 6) posicionamse ao longo de um percurso que conecta três ruas -Prof. Euclydes, M. H. Surette e F. Martins – somadas às quais poderiam ser imaginadas praças nos afloramentos rochosos existentes.

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Abertura(s) ao vazio Evidentemente, a proposta opera uma simplificação espacial inicial

da palafita, reduzindo-a, em um primeiro momento, a uma superfície quase bidimensional, como uma tela de Mondrian. Tal expediente, contudo, é apenas o recurso para aumentar a potência e o efeito de tridimensionalidade do(s) módulo(s) destacado(s), intensificando a experiência do olhar: como uma possibilidade, janela ou porta que se abre para uma realidade outra, uma paisagem outra, uma cidade outra, uma outra sociabilidade, onde arte, arquitetura e espaço público assumem um papel de destaque. Objetivos Ocupar a palafita comum, entendendo a intervenção como algo temporário, mas que aponta caminhos para soluções não efêmeras. Como solução “genérica”, não há como ultrapassar o nível da sugestão, posto que cada palafita propõe uma especificidade, quer

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projetual quer em termos da negociação com o condomínio responsável. Justificativa Consequência de uma legislação não atenta à paisagem urbana, as

palafitas são um testemunho das contradições existentes na construção do espaço da cidade brasileira. Nesse sentido, a proposta aposta na esperança de reversão pontual deste quadro, ao retomar o cuidado com a paisagem, esse outro que a arquitetura ainda não incorporou plenamente.

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A escultura (e a pintura) principal é site specific. A execução é relativamente simples, por exemplo: em um plano executado na diagonal do módulo escolhido – deixando um pilar da estrutura “solto” na esquina – define-se o ponto A; os vértices das arestas são então ligados ao ponto A, por retas (1,2, 3, etc.) e estas e os ângulos formados são medidos para execução das peças. O mesmo valendo para o efeito de ilusão de ótica da pintura. Tal procedimento pode ser adotado no canteiro, testando a melhor alternativa, através de barbantes ou cordas representando as retas da figura ao lado, sendo fixadas em pregos ou ganchos.

Inicialmente, imagina-se que a escultura será realizada com o mesmo material do tapume. No entanto, como forma de simplificar sua execução, ela poderia ser feita alternativamente em tecido. Além disso, até mesmo outras possibilidades plásticas podem ser imaginadas e exploradas.

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Estimativa resumida de custos

Material/ serviços Dimensões Valor

Tapume em madeira 1,22m x 2,2m x 8mm 45,00 x 80

Estrutura de fixação 1.500,00

Instalação e pintura,

incluindo escultura 5.000,00 x 2

Limpeza terreno, acesso,

iluminação 5.000,00

Total aproximado = 20.000,00

Material/ serviços Dimensões Valor

Chapa plastificada 1,1 m x 2,2m x 10mm 105,00 x 80

Estrutura de fixação 1.500,00

Instalação incluindo

escultura 5.000,00

Limpeza terreno, acesso,

iluminação 5.000,00

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A superfície a ser coberta é próxima a 180m2 + execução da escultura. Dividindo 180 por (1,22 x 2,2 = 2,68m2) temos menos de 70 placas de tapume. Assim, 80 x R$ 45,00 = R$ 3.600,00 + estrutura de fixação, aproximadamente R$ 5.000,00. O mesmo valor aproximado para mão de obra R$ 5.000,00. Se o valor da pintura do tapume em madeira for superior a R$ 5.000,00 é possível utilizar a chapa plastificada, embora alterando a cor branca imaginada. De qualquer forma, temos R$ 15.000,00, o que permite recursos para limpar o terreno, colocação de brita no acesso e eventual iluminação. Em sendo uma estimativa, no caso de ser necessário rever a divisão de gastos, é possível optar por vedar apenas os módulos imediatamente adjacentes à escultura ou mesmo executar apenas esta, na opção em que ela ocupa os três módulos da esquina. Além disso, paralelamente à escultura, poderia ser projetado um vídeo com o processo de execução da mesma.

Referências

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