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Direito de nacionalidade é a expressão jurídica da nacionalidade.

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Direito Constitucional II

Prof. Dr. João Miguel da Luz Rivero jmlrivero@gmail.com

(19) 8139-5005

DIREITO DE NACIONALIDADE BRASILEIRA Da Nacionalidade (Arts. 12 e 13)

Conceito de Nacionalidade

“Nacionalidade é o vínculo jurídico político que liga um indivíduo a um certo e determinado Estado, capacitando-o a exigir sua proteção e sujeitando-o ao cumprimento de deveres impostos”.

Aluísio Dardeau de Carvalho Direito de nacionalidade é a expressão jurídica da nacionalidade.

A nacionalidade, por sua vez, é o vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes do dimensão pessoal do Estado.

Pontes de Miranda Definições Importantes

Povo: é o conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, é o elemento humano do Estado, ligado a este pelo vínculo da nacionalidade.

População: é conceito meramente demográfico, mais amplo que o conceito de povo, utilizado para designar o conjunto de residentes de um território, quer sejam nacionais, quer sejam estrangeiros

Nação: agrupamento humano fixado num território, ligados por um vínculo cultural, histórico, econômico ou lingüístico; o fato de possuírem as mesmas tradições e costumes, bem como a consciência coletiva dão os contornos ao conceito de nação.

Nacionais: são todos aqueles que o Direito de um Estado define como tais; são todos aqueles que se encontram presos ao Estado por um vínculo jurídico que os qualifica como seus integrantes.

Cidadão: “É o nacional no gozo dos direitos políticos e participante da vida do Estado”, Alexandre de Moraes.

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Estrangeiros: são todos aqueles que não são tidos como nacionais, em relação a um determinado Estado, isto é, as pessoas a que o Direito do Estado não atribui a qualidade de nacionais.

Espécies de Nacionalidade

Nacionalidade Originária (involuntária, nata, primária, de origem ou de primeiro grau): resulta do nascimento, adquirida pela vinculação de sangue (ius sanguinis) ou pelo nascimento em território de um Estado (ius solis ou ius loci). Nacionalidade Secundária (voluntária, derivada, adquirida ou de segundo grau): adquirida após o nascimento, por ato voluntário do indivíduo, ou do Estado. Polipátrida (conflito positivo): “É quem tem mais de uma nacionalidade, o que acontece quando sua situação de nascimento se vincula aos dois critérios de determinação da nacionalidade primária”, José Afonso da Silva.

Heimatlos (conflito negativo): “Expressão alemã que significa sem pátria, apátrida, é também um efeito possível da diversidade de critérios adotados pelos Estados na atribuição da nacionalidade”, José Afonso da Silva.

Formas de aquisição originária de nacionalidade

Os critérios adotados foram o ius solis, e também o ius sanguinis combinado com alguns requisitos.

Art. 12, I, a - ius solis.

Art. 12, I, b - ius sanguinis + critério funcional.

Art. 12, I, c - ius sanguinis + registro em repartição pública brasileira competente ou critério residencial + opção confirmativa (Nacionalidade Potestativa) EC nº 54/2007.

Forma de aquisição secundária da nacionalidade

A única forma de aquisição secundária é a naturalização, sempre mediante manifestação de vontade do interessado.

A naturalização não se configura como direito público subjetivo do indivíduo. A plena satisfação das condições e dos requisitos não assegura ao estrangeiro o direito à nacionalização, visto que a nacionalidade brasileira é ato de soberania nacional, discricionário do Chefe do Poder Executivo.

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Espécies de naturalização

Naturalização Tácita: art. 69, § 4º, da Constituição de 1891, “cidadãos brasileiros os estrangeiros que, achando-se no Brasil aos 15 de novembro de 1889, não declararem, dentro em seis meses depois de entrar em vigor a Constituição, o ânimo de conservar a nacionalidade de origem”. Esta possibilidade foi suprimida pela CF/88.

Naturalização Expressa: quando fica condicionada ao requerimento do interessado, esta é a espécie adotada pela CF/88. Divide-se em ordinária e extraordinária:

a) ordinária: concede-se a nacionalidade os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (requisitos: capacidade civil de acordo com a lei brasileira; visto permanente no País, saber ler e escrever em Português; exercício de profissão etc.). (art. 12, II, a, e §1º da CF/88, e art. 112, da Lei 6.815/80)

b) extraordinária: concede-se a nacionalidade aos estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (art. 12, II, b).

Nessa espécie de naturalização, ao contrário da ordinária, não há discricionariedade para o Chefe do Poder Executivo, tendo o interessado direito subjetivo à nacionalidade brasileira, desde que preenchidos os pressupostos. Cumpridos os 15 anos de residência no Brasil sem condenação penal, efetivado o requerimento, o Poder Executivo não pode negar a naturalização.

Condição Jurídica do brasileiro nato e naturalizado

As diferenças existentes entre as condições de ambos são apenas as mencionadas pela CF/88, conforme a determinação do art. 12, § 2º.

As diferenças existente entre a condição jurídica do nato e do naturalizado são as seguintes:

CARGOS Art. 12, § 3º

FUNÇÃO Art. 89, VII

EXTRADIÇÃO Art. 5º, LI

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Perda da nacionalidade brasileira

Esta possibilidade ocorre exclusivamente nos casos previstos no § 4º do art. 12 da CF/88 (EC nº 3, de 7 de junho de 1994).

a) tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

b) adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. A sentença judicial que decreta a perda da nacionalidade não retroage, dada a sua eficácia ex nunc. Seus efeitos são para o futuro, produzindo-se depois do seu trânsito em julgado. Resultado: o indivíduo apenas perde a naturalização a partir da sentença.

Reaquisição da nacionalidade brasileira

Regra geral é vedada a reaquisição da nacionalidade brasileira, salvo se o cancelamento for desfeito em ação rescisória.

O que a perdeu por naturalização voluntária, só virá a readiquiri-la por decreto do Presidente da República, se estiver domiciliado no Brasil (Lei 818/49, art. 36) Aquele que, eventualmente, a tenha perdido, nos termos de constituições anteriores, por ter aceitado comissão, emprego ou pensão de governo estrangeiro, sem licença do Presidente da República, poderá agora recuperá-la sem mesmo renunciá-los, como se exigia antes, porquanto não constitui mais causa de perda da nacionalidade.

Condição jurídica do estrangeiro no Brasil

Estrangeiro: “Quem tenha nascido fora do território nacional que, por qualquer forma prevista na Constituição, não adquira a nacionalidade brasileira”.

José Afonso da Silva

A condição jurídica, no âmbito dos direitos e deveres civis, do estrangeiro residente no Brasil é equiparada quase que por completo à dos brasileiros (Lei 6.815/1980, arts. 95 a 110, com as alterações da Lei 6.964/1981).

Condição Jurídica dos portugueses no Brasil

A Constituição Federal confere tratamento favorecido aos portugueses residentes no Brasil, ao dispor que “aos portugueses com residência permanente no País, se

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houver reciprocidade em favor dos brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta constituição (art. 12, § 1º). Nessa hipótese, não se trata de concessão aos portugueses da nacionalidade brasileira (se assim o desejarem, deverão instaurar o processo de naturalização ordinária, valendo-se da condição de estrangeiro originário de país de língua portuguesa).

Pressupostos para o exercício dos direitos: a) que tenha residência permanente no país;

b) que o ordenamento jurídico português outorgue o mesmo direito requerido a brasileiros.

A condição dos portugueses residentes no Brasil, conforme o entendimento que se pode alcançar do §1º, art. 12, da CF/88 é a de brasileiro naturalizado, não de brasileiro nato.

Constituição Portuguesa, art. 15: “Aos cidadãos dos países de língua portuguesa podem ser atribuídos, mediante convenção internacional e em condições de reciprocidade, direitos não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso à titularidade dos órgãos de soberania e dos órgãos de governo próprio das regiões autônomas, o serviço das forças armadas e a carreira diplomática”.

Locomoção no Território Nacional

A liberdade de locomoção no território nacional é assegurada a qualquer pessoa no art. 5º, XV. O estrangeiro residente no País goza dessa liberdade como qualquer brasileiro; assim, também, o estrangeiro não residente, que tenha ingressado regularmente no País. Em tempo de paz a liberdade de locomoção dentro do território nacional é ampla.

A lei, contudo, disciplina o direito de qualquer pessoa entrar no território nacional, nele permanecer ou dele sair, só ou com seus bens (art. 5º, XV). A lei, que estabelece esses preceitos em relação ao estrangeiro, é o Estatuto dos Estrangeiros (Lei nº 6.815/1980, alterada pela Lei nº 6.964/1981).

Requisitos:

a) Entrada: Visto de entrada, conforme o caso: de trânsito, de turista, temporário, permanente, de cortesia; oficial ou diplomático. O visto pode ser extensivo aos dependentes. Não se concederá. Porém, visto ao estrangeiro menor de dezoito anos (salvo se viajar acompanhado de responsável) nem a estrangeiros nas situações enumeradas no art. 7º da Lei nº 6.815/1980. o visto não cria direito subjetivo, mas mera expectativa de direito.

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b) Permanência: entende-se como permanência a estada do estrangeiro no Brasil, sem limitação de tempo, assim a quem obtenha o visto com o intuito de fixar-se definitivamente aqui, como ao que, obtendo o visto de turista ou temporário, resolva permanecer no País definitivamente, desde que preencha as condições para o visto permanente. Há que registrar-se no Ministério da Justiça, sendo-lhe fornecida a chamada carteira de identidade de estrangeiros (Decreto-lei nº 499/1969).

c) Saída: o estrangeiro, como qualquer pessoa, pode deixar o território nacional, com visto de saída. Se for registrado como permanente, poderá regressar independentemente de visto, se o fizer dentro de dois anos. Findo esse prazo, o reingresso no País, como permanente, dependerá de concessão de novo visto. Aquisição e gozo de direitos civis

Direitos Civis: O princípio é o de que a lei não distingue entre nacionais e estrangeiros quanto à aquisição e ao gozo dos direitos civis. Há, porém, limitações aos estrangeiros estabelecidos na Constituição, de sorte que podemos asseverar que eles só não gozam dos mesmos direitos assegurados aos brasileiros quando a própria Constituição autorize a distinção.

Art. 22, XV – compete à União legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros.

Art. 190 – determina que a lei regule e limite a aquisição ou arrendamento de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabeleça os casos em que tais negócios dependam de autorização do Congresso Nacional.

Art. 172 – a lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. Art. 176, § 1º - é vedado autorizar ou conceder a estrangeiros, mesmo a residentes, a pesquisa e a lavra de recursos minerais ou o aproveitamento de potencial de energia hidráulica.

Art. 222 – não podem ser proprietários de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, nem responsáveis por sua administração e orientação intelectual.

Art. 5º, XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil rege-se pela lei brasileira, sempre que lhe não seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.

Art. 2227, § 5º - a lei estabelecerá os casos e condições em que estrangeiros podem adotar crianças brasileiras.

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Direito Individuais e Sociais: No âmbito dos direitos individuais o estrangeiro é equiparado ao brasileiro (art. 5º, caput). Já os direitos sociais não são expressamente assegurados, porém não estão descartados. Vê-se bem ao contrário, por exemplo, no referente aos direitos dos trabalhadores, que são extensivos a todos, urbanos e rurais, sem restrições (art. 7º).

Direitos Políticos: Os estrangeiros não adquirem direitos políticos (art. 14, § 2º), só atribuídos aos brasileiros natos ou naturalizados.

Asilo Político: “Consiste no recebimento de estrangeiros no território nacional, a seu pedido, sem os requisitos de ingresso, para evitar punição ou perseguição política no seu país de origem por delito de natureza política ou ideológica”.

A Constituição prevê a concessão do asilo político sem restrições, considerado como um dos princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil (art. 4º, X).

Obs.: O asilado não poderá sair do País sem prévia autorização do governo brasileiro, sob pena de renúncia ao asilo e de impedimento de reingresso nessa condição.

Extradição: “É ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito ou já condenado como criminoso, à justiça de outro, que o reclama, e que é competente para julgá-lo e puni-lo”.

Compete a União legislar sobre extradição (art. 22, XV), vigorando atualmente sobre ela os arts. 76 a 94 da Lei nº 6.815/1980 (alterada pela Lei nº 6.964/1981). A CF veda a extradição do estrangeiro por crime político ou de opinião, e a de brasileiro nato de modo absoluto, e a de brasileiro naturalizado, salvo em relação a crime comum cometido antes da naturalização ou envolvido em tráfico de entorpecentes e drogas afins (art. 5º, LI). É, portanto, inconstitucional o § 1º do art. 77 da Lei nº 6.815/1980 ao declarar que o fato político não impedirá a extradição quando constituir, principalmente, infração da lei penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir fato principal.

Competência para processar e julgar ordinariamente a extradição

A competência para processar e julgar ordinariamente a extradição solicitada por Estado estrangeiro é o STF (art. 102, I, g). E a lei lhe atribuiu, com exclusividade, a apreciação do caráter da infração, dando-lhe ainda a faculdade de não considerar crimes políticos os atentados contra os Chefes de Estado ou qualquer outra pessoa que exerça autoridade, assim como os atos de anarquismo, terrorismo, ou sabotagem, ou que importem propaganda de guerra ou de processos violentos para subverter a ordem política e social (art. 77, §§ 2º e 3º da Lei nº 6.815/1980.

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Obs.: Leia o art. 4º, VIII e o art. 5º, XLIII.

Expulsão: “É um modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional por delito ou infração ou atos que o tornem inconveniente”. É decretada exclusivamente pelo Presidente da República, mas o controle de constitucionalidade do ato é feito pelo Judiciário.

É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a segurança nacional, a ordem política e social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à convivência e aos interesses nacionais, entre outros casos previstos em lei (arts. 65 a 75 da Lei 6815/80).

Reserva-se exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a oportunidade da expulsão ou sua revogação, que se fará por decreto. Mas o ato expulsório fica sujeito ao controle de constitucionalidade e de legalidade pelo Poder Judiciário.

Deportação: “Consiste na saída compulsória do estrangeiro. Fundamenta-se no fato de o estrangeiro entrar ou permanecer irregularmente no território nacional”. A deportação só ocorre contra estrangeiro, visto que o banimento foi vedado pelo art. 5º, XLVII, d.

Referências

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