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QUALIDADE DO SONO, O USO DE ESTIMULANTES E O DESEMPENHO ACADÊMICO

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QUALIDADE DO SONO, O USO DE ESTIMULANTES E O DESEMPENHO

ACADÊMICO

Teresa Celia de Mattos Moraes dos Santos

1

, Fabiola Vieira Cunha

2

, Milva Maria

Figueiredo De Martino

3

1-3

Universidade Estadual de Campinas/ Departamento de Enfermagem, Avenida Tessália Vieira de Camargo, 126 – Cidade Universitária “Zeferino Vaz” Distrito de Barão Geraldo – Campinas – SP, CEP:

13.083-887

1

teresacelia@terra.com.br, 2fabiolavcunha@bol.com.br, 3marfi@fcm.unicamp.br

Resumo - A privação do sono é comum na sociedade moderna, mas seus efeitos a longo prazo sobre o desempenho cognitivo começam a ser entendidos a partir das investigações científicas. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a produção científica sobre os distúrbios do sono em estudantes que usam estimulantes e/ou álcool e o seu desempenho acadêmico. Dessa forma, trata-se de uma revisão de literatura realizada em periódicos internacionais inseridos nas bases de dados digitais da Literatura Científica e Técnica da Pubmed, no período de janeiro de 2010 a abril de 2012. A qualidade do sono é prejudicada quando há o consumo de álcool, que, pode afetar o desempenho acadêmico devido à sonolência. Conclui-se que os estudantes de diferentes níveis de ensino são privados de sono ou tem uma má qualidade do sono e como consequência ocorre à sonolência diurna, fato que pode ser agravado com o uso de estimulantes. O sono deficiente afeta o comportamento, leva a problemas cognitivos, reduz o desempenho escolar e aprendizagem. Estudo de intervenção deve ser realizado para melhorar a duração e qualidade do sono, bem como a redução do uso de substâncias estimulantes e o uso de álcool.

Palavras-chave: Privação de sono; Transtornos relacionados a substâncias; Desempenho acadêmico. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde.

Introdução

A privação do sono é comum na sociedade moderna, mas seus efeitos em longo prazo sobre o desempenho cognitivo começam a ser entendidos a partir de investigações científicos. É de conhecimento que o sono insuficiente ocasiona uma diminuição na rapidez da resposta e maior variabilidade no desempenho, principalmente para atividades simples que envolvam atenção, alerta e vigilância, há ainda efeitos em muitas capacidades cognitivas de nível mais complexo como a percepção, memória e funções executivas (KILLGORE, 2010).

Estudos laboratoriais realizados em relação aos efeitos da privação de sono sobre a cognição, muito tem contribuído para a compreensão de que algumas tarefas complexas são as mais afetadas pela falta de sono em relação a outras (WHITNEY; HINSON, 2010).

O que muito tem se discutido é a questão de saber se a privação de sono afeta as capacidades cognitivas de uma maneira global, por meio da diminuição da atenção, ou se a privação de sono prejudica alguns aspectos da cognição mais do

que outros. A tomada de decisão e planejamento são tarefas relativamente pouco afetadas pela perda de sono, enquanto os aspectos criativos e inovadores são mais prejudicados pela falta de sono (KILLGORE, 2010). Assim pode-se observar que alguns componentes envolvidos em uma tarefa podem ser mais afetados do que outros (WHITNEY; HINSON, 2010). Em estudos realizados recentemente demonstram que os problemas do sono são muito comuns entre os estudantes, e apoia a necessidade de avaliar os problemas do sono e identificar os alunos em risco sobre o baixo rendimento escolar (ANGELONE et al., 2011). Destaca-se a importância da necessidade de tempo adequado de sono para o desempenho do aluno (ELIASSON;, LETTIERI; ELIASSON, 2010).

Durante os anos de adolescência, ocorre um atraso do ciclo vigília-sono, porém muitos pais e profissionais de saúde não tem conhecimento de que uma vez estabelecidos, esses maus hábitos de sono, o mesmo pode continuar na idade adulta e levar a problemas durante os anos da faculdade. O início do horário escolar muito cedo pode iniciar uma perda de sono e em consequência iniciar um

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ciclo de sonolência diurna, o que pode afetar o humor, comportamento e aumentar o risco de acidentes ou ferimentos (MARHEFKA, 2011).

Diante deste contexto este estudo, objetiva-se avaliar a produção científica sobre os distúrbios do sono em estudantes que usam estimulantes ou álcool e o seu desempenho acadêmico.

Metodologia

Trata-se de uma revisão da literatura, com busca em periódicos internacionais, no período de janeiro de 2010 a abril de 2012. Foram utilizados periódicos internacionais inseridos nas bases de dados digitais Literatura Científica e Técnica da

Pubmed. Para a busca dos artigos científicos

foram utilizados os seguintes descritores: desordem do sono; distúrbios do sono; privação do sono em estudantes. Foram encontrados 36 artigos, que, depois de lidos e selecionados, foram incluídos as pesquisas realizadas sobre privação de sono, transtornos relacionados a substâncias; desempenho acadêmico, no período estabelecido. Os critérios de inclusão dos artigos selecionados para a presente pesquisa foram:

- Artigos que retratavam o assunto em questão; - Artigos publicados em revistas indexadas na base de dados Pubmed;

- Artigos que abordaram as palavras-chave escolhidas, como: privação de sono, transtornos relacionados a substâncias; desempenho acadêmico;

- Artigos publicados no idioma inglês;

- Artigos publicados no período de 2010 a 2012. Resultados e Discussão

Os estudantes e a qualidade do sono

Em uma pesquisa realizada com um grupo de 196 jovens estudantes de enfermagem da Áustria, com o objetivo de medir a qualidade subjetiva do sono, latência de início, duração do sono, escore de depressão, sintomas físicos, ansiedade-traço e comportamentos alimentares patológicos, observou-se que a qualidade subjetiva do sono foi negativa, a correlação com a pontuação depressão (r de Pearson = -0,57), sintomas físicos (r = -0,51) e ansiedade-traço (r = -0,54) (p <0,001 para todos os três). A associação da qualidade subjetiva do sono, com latência de início era mais forte do que com a duração do sono. Observou-se que os sintomas físicos e mentais estão associados com a má qualidade do sono e, quando expostos em longo prazo, tem grande impacto negativo sobre a saúde (AUGNER, 2011).

Um estudo, realizado no Sul do Brasil, com 1.180 alunos de graduação, cujo objetivo era

avaliar os distúrbios do sono e a associação com sintomas depressivos, demonstrou que as alterações do sono foram encontradas em 59,6%. A prevalência de depressão foi de 9,3% (n = 110). Identificou-se a depressão leve em 5,9% (n = 62), moderadas em 3,4% (n = 40), e grave em 0,7% (n = 8) dos alunos. Na regressão logística, o sexo feminino (OR, 1,48; IC 95%, 1,09-2,01, P = 0,012) e estar deprimido (OR, 4,42; IC 95%, 2,30-8,50, P <0,001) foram fatores independentes para o sono interrompido. As alterações do sono são queixas frequentes entre os jovens, estando presente em quase 60% dos estudantes. O sexo feminino e estar deprimido são fatores independentes para ter alguma forma de distúrbio do sono (FALAVIGNA, 2011).

Uma pesquisa realizada em três escolas públicas, quatro escolas particulares e dois cursos pré-universitários, em um bairro de classe média de São Paulo - Brasil, abrangendo uma população de 529 alunos, 451 cursos de ensino médio e 78 cursos de pré-vestibular; cujos critérios de inclusão foram: idade entre 16 e 19 anos, ser um estudante do terceiro ano do ensino médio em uma escola pública, escola particular ou pré-universitário, ter a permissão por escrito dos pais ou responsáveis (após esclarecimento) e responder ao questionário sobre o Índice de Qualidade do Sono de Pitsburg (PSQI), objetivou verificar a ocorrência de distúrbios do sono no terceiro ano do ensino médio e pré-universitários. Pôde-se verificar que 52,9% dos participantes levavam cerca de 30 minutos para dormir, com uma média de 306,4 minutos dormidos, apresentavam sonolência diurna moderada (n = 243, 45,9%) e indisposição (n = 402, 75,9%) e houve uma ocorrência de um distúrbio e má qualidade do sono na população estudada (ROCHA; ROSSINI; REIMÃO, 2010).

Os problemas do sono estão relacionados a problemas de saúde, como dificuldades irritabilidade, depressão, fadiga, atenção e concentração (ANGELONE et al., 2011). A qualidade do sono está associada com os parâmetros de saúde física e mental, sendo considerado um grave problema de saúde pública (AUGNER, 2011), um fator importante durante o processo de aprendizagem dos alunos. Estudos atuais sugerem que as queixas sobre problemas do sono são comuns em jovens estudantes, bem como o uso de café, bebidas energéticas, chá verde e preto e consumo de álcool foram registrados. Há uma correlação significativa entre o uso de estimulantes e a fragmentação do sono (MICU et al., 2012).

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Qualidade do sono e o uso de estimulantes Os estudantes universitários ingerem frequentemente e, muitas vezes, excessivamente estimulantes. Estudos mais recentes demonstraram deficiências do sono nessa população (KENNEY et al., 2012).

Em uma pesquisa com 492 estudantes universitários dos EUA sobre a sua qualidade do sono e características dos estudantes que faziam uso de estimulantes, os resultados demonstraram que os estudantes universitários que relataram fazer uso ou com história de uso tinham pior qualidade do sono subjetivo e distúrbios do sono dos que os não usuários. A razão citada mais comum para o uso de estimulantes foi para melhorar o desempenho do trabalho e a concentração. A pesquisa encontrou casos de sonolência diurna que pode ser por consequência do uso de estimulantes sem prescrição médica entre estudantes universitários, o que vem a apontar um grave problema de saúde pública (CLEGG-KRAYNOK; MCBEAN; MONTGOMERY-DOWNS, 2011).

Nos EUA, realizou-se uma pesquisa com uma amostra composta de 261 estudantes universitários, com o objetivo de examinar a relação entre a qualidade do sono e o risco do álcool. Foram examinados como esses fatores de risco podem interagir para aumentar os resultados negativos relacionados com o uso do álcool. Não houve relação entre a qualidade do sono global e beber semanalmente, porém a qualidade ruim do sono foi correlacionada com a forma de beber excessivamente. A qualidade do sono parece desempenhar um papel importante na relação entre o consumo de álcool e as consequências de tal forma que os estudantes que bebem excessivamente são aqueles com pior qualidade de sono. Intervenções de educação em saúde e consumo de álcool podem ser adaptados para abordar a importância de manter um estilo de vida saudável, tanto em termos de sono saudável e comportamentos de consumo (KENNEY et al., 2012).

Foram examinados os padrões de sono e consequências de estar em uma faculdade com uma amostra composta por estudantes de graduação (N = 1.039, 72% do sexo feminino, idade: M = 20,39 anos, desvio-padrão = 3,93) que responderam por uma semana o diário do sono. A amostra foi de 67% americano-europeu, 13% afro-americano, 10% latino e 10% outros. Os resultados demonstraram que não foram encontradas diferenças significativas entre gênero, etnia ou posição na classe em tempo de sono total (TST). O TST ideal foi de aproximadamente uma

hora a mais do que o TST real (p<.001; η2= 0,35) e sono insuficiente foi uma ocorrência frequente (70% dormiam menos de 6 horas e 43% dormiam menos de 5 horas pelo menos uma vez por semana). Dos que participaram da pesquisa, 16% referiram adormecer enquanto dirigiam e 2% relataram um acidente de automóvel devido à sonolência. Os homens (21%) eram significativamente mais propensos a adormecer ao volante do que as mulheres (14%; χ2= 6,07, p=. 014). A medicação foi utilizada como um auxiliar do sono por 6,83% dos participantes. O álcool foi usado como um auxílio para dormir por 11,36%, sendo que os homens (16,1%) eram significativamente mais propensos a usar o álcool do que as mulheres. Os estimulantes foram utilizados para aumentar a vigilância em 60% dos participantes, café (37%) foi o mais citado (TAYLOR; BRAMOWETH, 2010).

Pesquisa realizada com um total de 1.285 alunos (610 meninas e 669 meninos, seis sem resposta), incluindo adolescentes entre 16 a 19 anos que eram estudantes do ensino médio da Noruega, objetivou investigar a prevalência e correlatos da fase do sono atrasado, caracterizado por problemas em adormecer à noite e dificuldade para despertar pela manhã. Um total de 216 alunos (17,2%) relataram dificuldades em adormecer antes de 2 horas pelo menos três noites por semana, enquanto 345 alunos (27,3%) relataram problemas de despertar no horário. A fase do sono atrasada parece ser comum entre os adolescentes noruegueses e está associada a resultados negativos, tais como notas mais baixa do ensino médio, tabagismo, uso de álcool, ansiedade elevada e índices de depressão (SAXVIG et al., 2012).

Foi realizado em 2006, na Universidade do Meio-Oeste urbano, um estudo para caracterizar os padrões de sono e causas de má qualidade do sono em uma população de 1.125 estudantes universitários, sobre hábitos de sono, sonolência, cronótipo, estados de Humor, angústia e dúvidas sobre o desempenho acadêmico, a saúde física e uso de drogas psicoativas. Os estudantes que tinham idades entre 17 a 24 anos relataram sono perturbado e mais de 60% foram classificados como de baixa qualidade. A hora de dormir foi adiada durante a semana e citaram o uso frequente de drogas psicoativas para alterar o sono/vigília e que o estresse emocional e acadêmico tem impacto negativo no sono. Os padrões de sono insuficiente e irregular têm sido amplamente documentados em adolescentes mais jovens, também estão presentes em níveis alarmantes na população universitária. Dadas as estreitas relações entre a qualidade do sono e a saúde física e mental, programas de intervenção

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para distúrbios do sono nessa população devem ser consideradas (LUND et al., 2010).

Desempenho dos estudantes

Foi realizado um estudo com universitários dos EUA em outubro de 2007, com 157 estudantes, cujo objetivo era investigar a importância do tempo de sono total e comparar o tempo de sono e vigília com o desempenho acadêmico. O questionário coletou informações sobre hábitos de sono, cochilos, os motivos da falta de sono, o desempenho acadêmico, hábitos de estudo, tempo de trabalho fora da escola e uso de estimulantes. Os resultados demonstraram que os estudantes com o melhor desempenho dormiram horas mais cedo (p = 0,05) e tempos de vigília (p = 0,008). Cochilar era mais comum entre os estudantes com alto desempenho (p = 0,07). Não houve diferenças significativas no tempo total de sono, com ou sem sestas, hábitos de sono nos fim de semana, o tempo de estudo, sexo, raça, razões para ficar até à noite nem no uso de bebidas com cafeínas e uso de estimulantes com ou sem prescrição. Conclui-se que o tempo de sono e vigília tem mais correlação com o desempenho acadêmico do que o tempo total de sono e outros fatores relevantes. Esses resultados demonstram ainda implicações importantes para os programas destinados a melhorar o desempenho acadêmico, visando os hábitos de sono dos estudantes (ELIASSON; LETTIERI; ELIASSON, 2010).

Um estudo investigou se as preferências circadianas dos alunos estão relacionadas com o bom desempenho acadêmico. Um total de 1.471 estudantes universitários da Turquia entre 18 e 25 anos de idade. Alguns dos estudantes da amostra frequentaram aulas durante o período que começou às 08h e terminou às 14h50, os demais começaram às 15h e terminaram às 21h50. Foram encontradas diferenças nas pontuações do MEQ em relação ao sexo. Observou-se que o bom desempenho do acadêmico difere de acordo com a época do período letivo. O exame final, que foi aplicado às 09h30min, obteve pontuações de acordo com suas preferências circadianas, os alunos com uma preferência pela manhã alcançou notas superiores em relação aqueles com preferência pela noite ou os indiferentes. Os autores concluíram que tanto o ensino como os horários de início das provas, afeta o desempenho acadêmico (BEŞOLUK; ONDER; DEVECI, 2011).

Realizou-se um estudo transversal entre 364 estudantes de enfermagem da Universidade de L'Aquila, na Itália com o objetivo de realizar um levantamento para caracterizar o período noturno e hábitos diurnos em estudantes de enfermagem para estimar a prevalência de insônia crônica e

distúrbios do sono. Os resultados demonstraram que a prevalência de insônia foi de 26,7%, sendo que aumentou significativamente de 10,3% para estudantes com idade inferior a 20 anos para 45,5% para aqueles com idade> 40 anos. A prevalência dos distúrbios do sono foi de 9,4% para os transtornos do início do sono, 8,3% para o sono interrompido, 7,7% para despertar de manhã cedo e 22,3% para a qualidade subjetiva do sono ruim. A análise dos resultados mostrou que quanto maior a idade maior o risco de insônia. Observou-se ainda que a cefaleia, depressão Observou-severa e autopercepção da qualidade de vida ruim são fatores que predispõem ao risco de insônia. Os alunos que relataram sono de má qualidade tem maior risco de um desempenho insatisfatório (ANGELONE et al., 2011).

Medidas de higiene do sono podem ser iniciadas para ajudar a quebrar o ciclo, juntamente com a educação e implementação de um regime rigoroso. Se iniciadas já na escola primária e ao longo dos anos de faculdade pode ter um impacto tanto sobre o desempenho acadêmico como na saúde emocional (MARHEFKA, 2011).

Em 2009, foi realizada uma pesquisa com estudantes na Palestina com o objetivo de descrever os hábitos de sono e problemas de sono em uma população de estudantes universitários e a associação entre auto avaliação da qualidade do sono e auto relato de desempenho acadêmico. Participaram da pesquisa 400 alunos com idade média de 20,2. A duração média do sono noturno foi de 6,4 ± 1,1 horas. A maioria (58,3%) dos estudantes foi para a cama antes da meia noite e 18% do total da amostra acordou antes das 6h da manhã. A latência do sono de mais de uma hora estava presente em 19,3% dos estudantes. Dois terços (64,8%) dos alunos relataram ter pelo menos um despertar noturno, por noite. Os pesadelos foi o distúrbio mais comum relatado pelos alunos. O cochilo diurno foi comum e relatado em 74,5%. A qualidade do sono foi relatada como ruim em apenas 9,8% e foi significativamente associada com a latência do sono, a frequência de despertares noturnos, a hora de ir para a cama, pesadelos, mas não com desempenho acadêmico. Hábitos de sono entre os estudantes universitários palestinos foram semelhantes aos relatados em estudos europeus. Os problemas do sono são comuns e não houve associação significativa entre a qualidade do sono e desempenho acadêmico (SWEILEH et al., 2011).

Uma pesquisa realizada com uma amostra de estudantes de graduação em Portugal, sendo 1654 (55% mulheres) em tempo integral, com idade entre 17 a 25 anos de idade, examinou as associações dos padrões de sono com várias

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medidas de desempenho acadêmico de estudantes universitários de graduação, os quais responderam a um questionário sobre sono, estilo de vida e bem-estar, revelou que a fase do sono matutino/vespertino, a privação do sono, qualidade do sono e irregularidade do sono foram significativamente associados com pelo menos há duas medidas de desempenho acadêmico (GOMES; TAVARES; AZEVEDO, 2011).

Durante o ano letivo de 2007-2008, nos EUA, foi realizado um estudo para examinar a prevalência de risco para distúrbios do sono entre estudantes universitários por sexo e idade. A amostra foi composta por 1.845 estudantes universitários. 27% dos estudantes estavam em risco e pelo menos um apresentava distúrbio do sono. Os estudantes africanos, americanos e asiáticos relataram menor risco para a insônia e melhor qualidade do sono em relação aos estudantes brancos e latinos. Os estudantes relataram sono insuficiente e uma discrepância entre o dia da semana e quantidade de sono no final de semana. Muitos estudantes universitários estão em risco de distúrbios do sono, e as pessoas em risco podem também estar em risco de um desempenho acadêmico ruim (GAULTNEY, 2011).

Conclusão

Os resultados sugerem que estudantes de diferentes níveis de ensino são privados de sono ou tem uma má qualidade do sono e como consequência ocorre à sonolência diurna; fato que pode ser agravado com o uso de estimulantes sem prescrição médica. A qualidade do sono e a quantidade estão intimamente relacionadas à capacidade de aprendizagem dos alunos e com o desempenho acadêmico. Assim a revisão concluiu que o sono deficiente afeta o comportamento, leva a problemas cognitivos, reduz o desempenho escolar e aprendizagem. Estudos de intervenção devem se realizados para melhorar a duração e qualidade do sono, bem como com a redução do uso de substâncias estimulantes e o uso de álcool para combater a privação de sono, de modo a prevenir riscos de acidentes.

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