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PALAVRAS-CHAVE: estereótipos; preconceitos; aprendizagem, cultura. 1- A cultura e costumes paraguaios facilitam a aprendizagem do espanhol

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ISSN 2178-8200

ROMPENDO PRECONCEITOS E CONHECER A CULTURA PARAGUAIA POR MEIO DO PROJETO DE INTERCAMBIO LINGUÍSTICO-CULTURAL

ENTRE DOCENTES E DISCENTES DO BRASIL E DO PARAGUAI

TRISTONI, Jerry Silvio (G- FAG-Cascavel) jerrytritoni@hotmail.com TRISTONI, Rejane Hauch Pinto (UNIOESTE-Cascavel)

rejanetritoni@hotmail.com RESUMO: Expor os alunos em situações de imersão na língua e na cultura paraguaia, além de romper com estereótipos e preconceitos existentes, torna-se a aprendizagem do espanhol agradável e eficaz, já que proporciona, aos nossos acadêmicos, oportunidades de comunicação e de conhecimento. Para Moita Lopes (2001) é importante que o estudante conheça e participe da cultura e da língua do outro, uma vez que “pessoas se tornam conscientes de quem são construindo suas identidades sociais ao agir no mundo através da linguagem” (MOITA LOPES, 2001, p 304). Entende-se, então, que a imersão dos participantes, deste projeto, em um país de fala espanhola proporciona, além do conhecimento da língua e da história de outro país, a construção de sua própria identidade e, a partir disso, o rompimento com estereótipos e preconceitos existentes. Dessa maneira, o projeto de Intercâmbio Cultural entre Brasil e Paraguai tem possibilitado, aos nossos acadêmicos, professores do ensino médio e a comunidade externa, a troca de relações culturais entre os países citados, permitindo que alunos brasileiros e paraguaios conheçam a cultura, a história e os costumes da língua do outro e, por meio disso, aumenta o interesse em conhecer o modo de viver do povo paraguaio que, muitas vezes, é visto com desprezo e preconceito, despertando, assim, o interesse para o estudo do bilinguismo, já que se trata de um país dono de um falar bilíngue (espanhol-guaraní).

PALAVRAS-CHAVE: estereótipos; preconceitos; aprendizagem, cultura

1- A cultura e costumes paraguaios facilitam a aprendizagem do espanhol

O ensino de línguas passou muitas transformações, desde o Método Gramática - Tradução em que a aprendizagem de línguas se centrou no ensino repetitivo e exaustivo da gramática, até os dias atuais, em que o ensino de línguas se centra na comunicação (RICHARDS,RODGERS, 1998).

Neste sentido, o ensino-aprendizagem de línguas passou por um período de

Jerry Silvio Tristoni. Acadêmico do 4º Ano do curso de Psicologia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG/Cascavel. Participante do projeto de extensão Projeto de Intercâmbio lingüístico-cultural entre docentes e discentes do Brasil e do Paraguai - da UNIOESTE de Cascavel/PR.

Rejane Hauch Pinto Tristoni - Professor Adjunto da UNIOESTE/Cascavel. Coordenadora do Projeto de Intercâmbio lingüístico-cultural entre docentes e discentes do Brasil e do Paraguai - da UNIOESTE de Cascavel/PR

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busca por um método perfeito, para Brown (2001), uma obsessão, ou seja, uma busca por um método que garantisse a aprendizagem do estudante de língua estrangeira, uma vez que, de acordo com Nunan (1995), acreditava-se na possibilidade de desenvolvimento ou descoberta de um método que pudesse ser bem-sucedido em todos os contextos e com todos os alunos.

No entanto, estudar uma língua estrangeira, não se resume na aplicação de um método, significa conhecer outras culturas, outras maneiras de pensar e de resignificar o próprio mundo. Por esta razão, a exposição em situações de imersão na língua e na cultura nativa transforma-se em um valioso instrumento para entender o implícito cultural que se faz presente. Com isso, a aprendizagem de línguas se torna envolvente ao trazemos para nossas aulas o ensino da arte, da cultura e da história, afinal, aprender um idioma, não é, apenas, conhecer e decorar uma porção de regras que o aluno nem sabe como aplicá-las, como foi, durante, a abordagem do método tradicional (RICHARDS, RODGERS, 1998). É também, expor nossos alunos em situações de imersão na língua e na cultura paraguaia, tornando a aprendizagem do espanhol agradável e eficaz, já que proporciona, aos nossos acadêmicos, oportunidades de comunicação e de conhecimento.

Uma das maneiras que podemos colaborar, para que o ensino-aprendizagem de LE consiga resultado, é motivar nossos alunos, trazendo para nossas aulas de LE o estudo da cultura, e da arte e, mostrar ao aprendiz que aprender uma língua é também aprender um pouco da história, dos costumes, do modo de viver dos falantes do idioma estudado, relacionando, assim, a aprendizagem da língua ao conhecimento cultural, histórico do aluno.

Dessa maneira, o Projeto de Intercâmbio linguístico-cultural1 tem possibilitado, aos nossos acadêmicos, professores do ensino médio e a comunidade externa, a troca de relações culturais entre os países citados, permitindo que alunos brasileiros e paraguaios conheçam a cultura, a língua e os costumes do idioma estudado, isto é, o português, para os paraguaios e o espanhol, para os brasileiros.

Essa troca de relações culturais entre Brasil e Paraguai, um dos objetivos do projeto, coaduna-se com o pressuposto, apresentado por Freire (1996), de que ensinar não é transferir conhecimentos ou depositá-los, é, contudo, salienta o pesquisador, na

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troca de saberes e de experiências que o conhecimento se constrói, para isso, é preciso rejeitar qualquer forma de discriminação que possa separar os indivíduos. Além disso, destaca o estudioso, respeitar o conhecimento do outro significa também respeitar a sua cultura e sua identidade, levando o indivíduo, por meio da ação pedagógica, entender que os sujeitos são históricos condicionados a uma realidade e a uma cultura que precisa ser respeitada e valorizada. (FREIRE, 1996), pois

Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros (...) ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. È a “outredade” do “não eu”, ou do

tu, que me faz assumir a radicalidade de meu eu. (FREIRE, 1996,

p.41).

2- O ensino de língua e a valorização da identidade

A aprendizagem de idioma, não apenas por meio deste projeto, possibilita, além do conhecimento da história, dos costumes, do modo de viver dos falantes da língua estudada, a valorização e o respeito da cultura e dos costumes do outro.

Neste sentido Moita Lopes (2001) alerta sobre a importância da participação, do estudante, da cultura e da língua do outro, para o pesquisador, é necessário que o aluno conheça e participe de outras culturas, uma vez que, para o autor, os participantes discursivos constroem significado ao conhecerem a história e a cultura, pois “pessoas se tornam conscientes de quem são, construindo suas identidades sociais ao agir no mundo através da linguagem” (MOITA LOPES, 2001, p. 304), portanto, vemos que a imersão dos alunos de LE em um país de fala espanhola, proporciona, não somente, o conhecimento da língua e da história de outro país, mas também, a construção de sua própria identidade.

Desse modo, a língua estrangeira possibilita, por meio do processo de ensino-aprendizagem, além da formação e a valorização de identidade, o respeito de seu entorno social. Por isso, é importante criar estratégias pedagógicas que, entre outros aspectos, “valorizem e reconheçam a importância do contexto” (MORAES, 2004).

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competências, dentro do processo de ensino-aprendizagem, que propicie o respeito e o desenvolvimento da identidade dos alunos envolvidos, levando-os a conhecer e respeitar a identidade cultural alheia. E, ainda, a formação do indivíduo é um processo de conhecimento – dele mesmo e de seus semelhantes (DUARTE, 2003, p. 32).

Além disso, vale destacar que o direito à educação está previsto no ordenamento jurídico nacional, a qual deve contribuir para a promoção do desenvolvimento do aluno: “No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às fontes de cultura” (art. 58, da Lei n. 8.069/1990).

Desta forma o estudo de línguas estrangeiras pode contribuir para o desenvolvimento humano, uma vez que, ao estudar os aspectos culturais de uma língua, passa a entender melhor os falantes desta língua e respeitá-los, permitindo, portanto, o rompimento de preconceitos que eram causados por falta de conhecimento sobre tais falantes. Além disso, contribui também para a inclusão social, bem como a valorização do grupo de que faz parte. Vygotsky (1989) explica que a formação das funções superiores da mente acontece do exterior para o interior, ou seja, do plano social (interpsíquico) para o individual (intrapsíquico). Portanto, a partir da interação com o outro, mediada pela linguagem, que o homem se transforma de ser biológico em ser sócio-histórico-cultural (VIGOTSKI, 1989).

3- Rompendo preconceitos por meio do ensino de línguas e do projeto de intercâmbio Brasil- Paraguai

O projeto de Intercâmbio cultural entre Brasil e Paraguai, uma das ferramentas que contribui para o ensino-aprendizagem de espanhol, possibilita, aos participantes, a quebra de preconceitos existentes, uma vez que permite, por meio da troca de relações culturais entre Brasil e Paraguai, o conhecimento da cultura, da língua e dos costumes do outro, acabando, portanto, com os preconceitos, principalmente, em relação à cultura paraguaia, a qual, na maioria das vezes, os brasileiros generalizam seus conceitos a respeito do Paraguai, criando estereótipos, tais como, pensar que o Paraguai é igual à Ciudad de Leste, umas das cidades paraguaias que faz fronteira com Brasil e muito visitada por brasileiros, porém pelo fato dos estrangeiros serem atraídos por seu confuso comércio de compras, e ainda, por não apresentar elementos culturais que atraiam o

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estrangeiro, os brasileiros, devido as estes “pré-conceitos”, demonstram uma resistência em aceitar a cultura paraguaia.

Por isso, um dos objetivos deste Projeto de Extensão “Intercâmbio Cultural entre Brasil e Paraguai” é expor o aluno em situações reais da língua, além de fazê-lo vivenciar os costumes e a cultura de um povo, levando, os participantes, a conhecerem e respeitarem a identidade do outro, e ainda, despertar o interesse, de nossos acadêmicos, para estudo do bilinguismo, já que o Paraguai é um país bilíngue e suas línguas oficiais são o espanhol e o guarani. Dessa maneira, ao ampliar os conhecimentos culturais e colocar em prática atividades de estudos culturais e interculturais que possibilitam que se conheça e participe da cultura do outro, consegue-se romper com os estereótipos e preconceitos em relação ao outro.

4- Considerações finais

Ao introduzir nas aulas de Língua Espanhola este projeto de intercâmbio cultural, podemos perceber que a maioria dos participantes apresenta um “pré-conceito” a respeito do Paraguai, porém com a possibilidade de conhecer e participar da cultura, dos costumes, da historia deste país eles mudam seus conceitos, bem como a valorização, não só da identidade do outro, mas também, da própria identidade.

Notamos, também, que os alunos demonstram mais segurança e mais autonomia em relação à língua estudada e também em relação a sua própria língua, conforme aponta Oliveira (1992, P. 33) “que a aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que somente podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas”.

Percebemos que os alunos envolvidos, nesta atividade, mantêm um vínculo de amizade entre os países, já que eles continuam correspondendo.

Notamos a importância das parcerias estabelecidas para que este projeto se realize, fortalecendo os trabalhos e a construção do conhecimento de forma coletiva e interdisciplinar, como a parceria com Colégios Estaduais do Ensino Médio e Fundamental e a parceria entre os professores e acadêmicos dos colegiados de Letras e Pedagogia da Unioeste, bem como outras universidades como, por exemplo, a FAG.

É possível perceber que ao estar em contato com o povo paraguaio e conhecer sua história e sua cultura, nossos acadêmicos demonstram um maior interesse pela

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aprendizagem da língua e começam a valorizar o modo de viver do povo paraguaio que, muitas vezes, é visto com desprezo e preconceito.

Assim, além de conhecer a história e os costumes paraguaios, podemos notar que se trata de um país dono de um falar bilíngue (espanhol-guaraní), que preserva suas tradições, sua cultura e seu modo de viver, que tem orgulho de manter vivo seu idioma nativo, o guaraní, assim como, tomar o tererê, e seguir mantendo seus costumes e história.

Depreende-se que a aula de língua estrangeira se torna produtiva ao propiciar, aos alunos, conhecimentos culturais e históricos, rompendo com o mito de que aula de língua é ruim, pois tem que aprender gramática e regras.

Referências bibliográficas

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DUARTE, Newton. Sociedade do Conhecimento ou Sociedade das Ilusões? Campinas: Autores Associados, 2003. (Coleção polêmicas do nosso tempo, 86).

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MIQUEL, Lourdes. El choque intercultural, reflexiones y recursos para el trabajo en el aula, Carabela, Lengua y cultura en el aula de E/LE. Madrid: SGEL, 1999, p. 27-46. MOITA Lopes, L.P. Discursos de identidade em sala de aula de leitura de L1: a construção da diferença. In: SIGNORINI, I. (Org.). Lingua(gem) e identidade: elementos para discussão no campo aplicado. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001. MORAES, Maria Cândida. Pensamento eco-sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. São Paulo: Vozes, 2004.

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Referências

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