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Síntese de Poliuretanas obtida dos óleos de Mamona (Ricinus communis) e Buriti (Mauritia flexuosa) livre de solventes.

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Síntese de Poliuretanas obtida dos óleos de Mamona (Ricinus communis) e Buriti (Mauritia flexuosa)  livre de solventes. 

 

Germana  Maria  Santos  Paiva  *1,  Carlos  Ednardo  Alves  Pereira1,  Edson  Cavalcante  da  Silva  Filho1,  Nouga Cardoso Batista2, José Milton Elias de Matos1.  *germanappaiva@gmail.com  1. Departamento de Química, Universidade Federal do Piauí.  2. Departamento de Química, Universidade Estadual do Piauí.    Palavras‐chave: Polímero, Óleos Naturais, Poliuretanas.    Introdução 

O  constante  aumento  na  demanda  por  fontes  de  energia,  a  ampliação  da  consciência  ecológica  e  o  esgotamento  das  reservas  de  petróleo  de  fácil  extração,  aliado  a  um  possível  desenvolvimento  econômico‐social,  têm  incentivado  pesquisas  no  sentido  de  desenvolver  novos  insumos básicos, de caráter renovável, para diversas áreas de interesse industrial(PETROVIC, JAVNI et 

al., 2004; ANDJELKOVIC, VALVERDE et al., 2005; SUAREZ, MENEGHETTI et al., 2007). 

Neste  contexto,  os  óleos  e  as  gorduras  animais  e  vegetais  (triglicerídeos),  in  natura  ou  modificados, têm tido um papel importante em muitos segmentos, tais como materiais poliméricos,  lubrificantes,  biocombustíveis,  revestimentos,  adesivos  estruturais,  entre  outros.  O  processo  de  transformação de gorduras e óleos vegetais mediados por catalizadores é denominado oleoquímica.  (PETROVIC,  JAVNIet  al.,  2004;  ANDJELKOVIC,  VALVERDE  et  al.,  2005;  SUAREZ,  MENEGHETTI  et  al.,  2007). 

A posição da hidroxila dentro da cadeia do óleo é assim reativa, sendo que a molécula pode  ser dividida naquele ponto através de alta temperatura por pirólise, além do mais, através de uma  fusão  cáustica  a  molécula  do  ácido  pode  render  produtos  úteis  de  comprimento  de  cadeia  mais  curto, prevenindo a formação de hidroperóxido. O óleo de rícino consiste em ésteres de ácidos 12‐ hidroxi‐9‐octadecenoico (ácido ricinoléico), assim a presença de grupos de hidroxila e da dupla faz o  óleo satisfatório para muitas reações químicas e modificações (OGUNNIYI, 2006). 

Em relação a outros óleos e gorduras tais como: óleo de babaçu, soja, canola e gorduras de  porco  que  não  possuem  grupamentos  hidroxilas  (que  como  visto  anteriormente  é  um  importante  ponto, na molécula, para diversas reações, inclusive de polimerização), podemos a partir de reações  em meios básicos, conseguir formar mono ou diglicerois, com uma ou duas hidroxilas presentes na  cadeia respectivamente (PAIVA, BORGESet al., 2009; PAIVA, BORGES et al., 2010). 

Com  as  hidroxilas  presentes  na  cadeia  carbônica,  podemos  investir  na  formação  de  polímeros biodegradáveis, dentre estes, chamamos atenção para os poliuretanos, formados a partir  de reações de mono/diglicerois com diisocianato. O óleo de mamona é utilizado na obtenção de um  polímero  com  propriedades  fantásticas,  conhecido  como  poliuretano,  que  apresenta  caráter  biodegradável minimizando um dos grandes problemas que enfrentamos em relação ao lixo, pois os 

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plásticos em geral possuem período de degradação muito longo, de 100 a 450 anos, dependendo do  material. O poliuretano de óleo de mamona ganhou recentemente o reconhecimento internacional  com sucesso na medicina para fabricação de próteses(PAIVA, BORGESet al., 2009; PAIVA, BORGES et 

al., 2010). 

Para os óleos de babaçu e buriti em detrimento ao óleo de mamona, estes necessitam de  uma  reação  prévia  para  a  formação  de  uma  hidroxila  livre  dentro  da  cadeia,  para  que  ocorra  uma  reação satisfatória para os óleos com o polimerizador (diisocianato de hexametileno).Normalmente,  os  MAG  são  sintetizados  quimicamente  via  glicerólise  de  triglicerídeos  empregando  catalisadores  inorgânicos  (Ca(OH)2,  NaOH).  A  utilização  de  temperaturas  elevadas,  além  de  acarretar  um  alto 

consumo  energético,  é  responsável  pela  parcial  degradação  dos  produtos,  com  formação  de  subprodutos  escuros  e  sabor  de  queimado.  Desta  forma,  quando  esta  rota  é  usada,  se  obtém  um  produto  constituído  por  uma  mistura  que  contém  cerca  de  35‐60%de  monoglicerídeos,  35‐50%  de  diglicerídeos,  1‐20%  de  triglicerídeos,1‐10%  de  ácidos  graxos  livres,  e  o  sal  de  metal  alcalino  resultante(FREITAS, BUENO et al., 2008). 

  Metodologia 

Para  a  obtenção  do  polímero  de  Mamona,  Buriti  e  Babaçu  foram  feitas  reações  entre  os  óleos e o Diisocianato de Hexametileno. Com os óleos de Buriti e Babaçu primeiramente foram feitas  reações com o hidróxido de lítio para que pudesse assim ocorrer à reação com o Diisocianato, já para  a Mamona essa reação prévia não foi necessária.A síntese foi realizada com aquecimento até 100 oC,  por um tempo de 24 horas em atmosfera ambiente, aonde foram utilizados um agitador mecânico  com aquecimento (QUIMIS), um condensador de refluxo de bolas com junta esmerilhada, um balão  de três bocas (VIDROLABOR) de 250 mL e um banho de areia.    Resultado e Discussão  A formação da poliuretana foi monitorada por Infravermelho (Figs. 1 a 4) usando o método  de ATR. A conclusão da reação, sem qualquer catalisador ou solvente, foi confirmada pela análise de  Infravermelho‐ATR.A intensidade da banda de vibração do diisocianato localizado em 2235 cm‐1 foi  utilizada  para  acompanhar  a  formação  da  poliuretana.  De  fato,  esta  banda  desapareceu  completamente. Além disso, a vibração NH em 3300 cm‐1, a vibração da carbonila em 1743 cm‐1 e a  vibração  C‐N  em  1550  cm‐1  são  fortes  indícios  para  a  formação  da  poliuretana.  Outra  importante  observação  foi  à  mudança  brusca  de  viscosidade  obtida  para  a  mistura,  e  não  para  o  óleo  de  mamona e buriti sozinhos, nas mesmas condições. 

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                  Figura 1: Óleo de Mamona e Polímero formado.  4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0 0 ,4 0 0 ,3 5 0 ,3 0 0 ,2 5 0 ,2 0 0 ,1 5 0 ,1 0 0 ,0 5 0 ,0 0 T ran sm it ânci a ( % ) N ú m e r o d e o n d a s c m- 1 P o liB u r it i 4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0 0 , 4 0 0 , 3 5 0 , 3 0 0 , 2 5 0 , 2 0 0 , 1 5 0 , 1 0 0 , 0 5 0 , 0 0 T ra n smi tânci a (%) N ú m e r o d e o n d a s c m - 1 Ó l e o d e B u r it i   Figura 2: Polímero de Buriti.      Figura 3: Óleo de Buriti.    4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0 0 , 4 0 0 , 3 5 0 , 3 0 0 , 2 5 0 , 2 0 0 , 1 5 0 , 1 0 0 , 0 5 0 , 0 0 4 0 0 0 3 7 5 0 3 5 0 0 3 2 5 0 3 0 0 0 2 7 5 0 2 5 0 0 2 2 5 0 2 0 0 0 1 7 5 0 1 5 0 0 1 2 5 0 1 0 0 0 7 5 0 5 0 0 0 , 4 0 0 , 3 5 0 , 3 0 0 , 2 5 0 , 2 0 0 , 1 5 0 , 1 0 0 , 0 5 0 , 0 0 Tr a n smitâ c ia (% ) P o l í m e r oÓ l e o d e B u r i t i N ú m e r o s d e o n d a c m- 1   Figura 4: Óleo de Buriti e polímero formado.    Para o óleo de mamona também foram feitas análises térmica como de termogravimetria  (Fig. 5) e calorimetria exploratória diferencial (Fig. 6), além de testes de degradação (Fig. 7) com uma  solução  tampão  de  fosfato  com  pH  7,5,  peróxido  de  hidrogênio  e  formaldeído,  estes  teste  de  degradação tiveram a duração de cinco semanas para uma observação mais precisa da amostra de  poliuretana como mostrado nas figuras e tabela abaixo.  4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0 3 0 4 0 T ra n s m it ân ci a ( % ) N ú m e r o d e o n d a s ( c m - 1) Ó l e o P o l í m e r o

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No gráfico da Figura 5 estão apresentadas as curvas da reação A, B e C (Tabela 1). Observa‐se  pelas curvas de TG que as reações B e C possuem uma estabilidade térmica maior que a reação A,  pois nesta ocorreu a vaporização, ou seja, perda de massa, de compostos com menor peso molecular  a uma temperatura de aproximadamente 140 °C, ou seja, a reação do óleo de mamona com o ácido  bórico resulta na formação de mais de um produto com massa molar distintas, logo não é um bom  mecanismo para uma reação de polimerização.     Tabela 1: Amostras analisadas por TG e DSC.  Reação Óleo de mamona (mL) Anidrido Acético (mL) Diisocianato de hexametileno (mL) Ácido Bórico (g) Temperatura em °C A 50 0,0 0,0 0,1 130 B 50 0,5 0,85 0,0 135 C 50 3,0 5,0 0,0 110   Observa‐se ainda que o mecanismo reacional das reações B e C resultam em um só produto  polimérico  que  resiste  ate  cerca  de  320  °C  sem  haver  uma  perda  de  massa  significativa  como  na  reação A, mas ainda há vaporização de impurezas que resultam em pequenas flutuações na curva de  TG.   Entretanto o outro produto que não é vaporizado a uma temperatura de aproximadamente  140 °C se comporta de forma semelhante aos produtos da reação B e C, voltando a ocorrer perda de  massa na mesma faixa de temperatura da reação B e C, cerca de 320 °C. Logo os compostos podem  ser muito semelhantes quanto à estrutura química.  

No  gráfico  apresentado  acima  da  curva  de  DSC  das  reações  A,  B  e  C,  observa‐se  que  o  produto da reação A apresenta eventos térmico mais intenso que os eventos térmicos das amostras  das reações B e C. Portanto os produtos destas reações mostram‐se menos sensíveis a variações de  temperatura quanto aos eventos térmicos que podem ocorrer na molécula do produto. 

Estes eventos podem ser de caráter endotérmico ou exotérmico, sendo que cada fenômeno  possui  sua  particularidade,  ou  seja,  representa  uma  mudança  distinta  na  estrutura  da  molécula  do  produto.  O  tamanho  do  pico  mostrado  no  gráfico  da  Figura  B  esta  intrinsecamente  ligada  à  intensidade  da  influencia  nas  propriedades  físicas  e  químicas  do  produto,  provenientes  dos  fenômenos térmicos. Nos termogramas, observamos eventos endotérmicos, em torno de 100 oC, que  podem ser devido a reações de oxidação ou de processos de croslinking do polímero, e exotérmicos,  em torno  de  180 oC, que podem ser  devido aos processos de fusão do polímero., mais  precisamos  ainda, analisar os resultados de RMN, que estamos esperando, para uma melhor caracterização 

Nota‐se  ainda  que  a  amostra  da  reação  B  e  C  possuem  um  perfil  da  curva  de  DSC  muito  parecida  variando  cerca  de  10  °C  na  temperatura  que  ocorre  o  fenômeno.  Além  disto,  pode‐se 

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observar  que  mesmo  na  amostra  da  reação  A,a  temperatura  em  que  ocorrem  os  fenômenos  térmicos são muito próximas das temperaturas onde ocorrem os fenômenos nas amostras da reação  B e C, portanto pode‐se dizer que os fenômenos são os mesmos, mas em intensidades diferentes.  50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 0 20 40 60 80 100 120 pe rda de m as sa (%) Temperatura (oC ) Reação A Reação B Reação C   Figura 5: Termogravimetria (TG).       Figura 6: Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).    Compostos poliméricos podem sofrer perda de massa quando os mesmo passam um período  submetido  à  ação  de  determinados  compostos  químicos,  compostos  estes  que  por  possuírem  características  distintas,  podem  atacar  a  molécula  do  polímero  e  alterá‐la  de  alguma  forma,  sendo  este um processo de degradação da matéria, no caso o polímero. Em relação às amostras, as mesmas  foram enumeradas de 1 a 5, relativos à 07, 14, 21, 28 e 35 dias, respectivamente (Figura 7).               Figura 7: Teste de Degradação 

Para  cada  reagente,  as  possíveis  modificações  foram  analisadas  por  trinta  e  cinco  dias,  ou  seja,  a  cada  sete  dias.  Neste  processo,  observou‐se  uma  degradação  não  significativa  da  amostra  inicial. Portanto o polímero analisado mostrou resistência aos reagentes a que foi submetido já que a  perca  de  massa  não  foi  muito  significativa  principalmente  em  relação  à  solução  tampão  (Na2HPO4. 

H2O/ NaH2PO4. H2O) e ao peróxido (H2O2).    0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 mW Temperatura (oC) Reação A Reação B Reação C 5 1 0 1 5 2 0 2 5 - 5 % 0 % 5 % 1 0 % 1 5 % 2 0 % 2 5 % 3 0 % P e rd a d e m ass a T e m p o ( d i a s ) T a m p ã o P e r ó x i d o F o l m a l d e í d o

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Conclusão: 

O  presente  trabalho  apresentou  bons  resultados,  os  quais  apresentam  uma  nova  forma  para  a  obtenção de poliuretanas com uma estabilidade térmica e química como citados acima para os óleos  de mamona e buriti com diisocianato de hexametileno na ausência de solventes. Podendo assim ser  observados que o resultado alcançado pelo trabalho foi satisfatório.  

 

Agradecimentos: 

Agradecemos  as agências  CNPq,  CAPES  pelo  suporte  financeiro  para  concretizar  este  trabalho  e  ao  LIMAV  (Laboratório  Interdisciplinar  de  Materiais  Avançados)  pela  utilização  dos  laboratórios  e  dependências. 

 

ReferenciasBibliográficas 

ANDJELKOVIC, D. D., VALVERDE, M., HENNA, P., LI, F., LAROCK, R. C. Novel thermosets prepared by  cationic  copolymerization  of  various  vegetable  oils‐‐synthesis  and  their  structure‐property  relationships.Polymer, v.46, n.23, p.9674‐9685. 2005.    CANEVAROLO, S. V. J. Técnicas de caracterização de polímeros. São Paulo: Artliber Editora. 2003    FREITAS, L., BUENO, T., PEREZ, V. H., CASTRO, H. F. D. Monoglicerídeos: produção por via enzimática  e algumas aplicações Química Nova, v.31, n.6, p.11514‐1521. 2008.    OGUNNIYI, D. S. Castor oil: A vital industrial raw material.Bioresource Technology, v.97, p.1086–1091.  2006.   

PAIVA,  G.  M.  S.,  BORGES,  F.  D.  M.,  BATISTA,  N.  C.,  LIMA,  S.  G.  D.,  MATOS,  J.  M.  E.  D.  Síntese  de 

poliuretana obtida  do óleo de mamona (ricinus communis) na ausência de solventes. 62ºCongresso 

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PAIVA, G. M. S., BORGES, F. M., ALCÂNTARA, A. F. P., BATISTA, N. C., SANTOS, M. R. M. C., LIMA, S. G.,  MATOS,  J.  M.  E.  Polyurethanes  obtained  from  momonas  (ricinus  communis)  oil.  11ª  Conferencia  Internacional de Materiais Avançados. Rio de Janeiro, 2009. 1 p. 

 

PETROVIC,  Z.,  JAVNI,  I.,  GUO,  A.,  ZHANG,  W.  Method  of  making  natural  oil‐based  polyols  and  polyurethanes  therefrom.  UNITED  STATES  PATENT  AND  TRADEMARK  OFFICE  GRANTED  PATENT  2004. 

 

SUAREZ,  P.  A.  Z.,  MENEGHETTI,  S.  M.  P.,  MENEGHETTI,  M.  R.,  WOLF,  C.  R.  Transformação  de  triglicerídeos  em  combustíveis,  materiais  poliméricos  e  insumos  químicos:  algumas  aplicações  da  catálise na oleoquímica.Química Nova, v.30, n.3, p.667‐676. 2007. 

     

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