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APLICAÇÃO DE UM MODELO DIDÁTICO DE REFERÊNCIA PARA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO

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APLICAÇÃO DE UM MODELO

DIDÁTICO DE REFERÊNCIA PARA O

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

DE PRODUTO

Alvaro Dutra Dias de Souza (UFV) alvarodutradias@gmail.com Luana Cassia Pinto (UFV) luanacpinto@gmail.com paula vanessa silva freitas (UFV) paulavanessa.sf@gmail.com RAFAELA CAMPOS DA SILVA (UFV) rafacampos123@gmail.com Adriana Ferreira de Faria (UFV) adrianaf@ufv.br

Este trabalho tem por objetivo relatar as atividades realizadas para o desenvolvimento de um produto inovador, útil, técnico e economicamente viável, de baixa complexidade e que atenda às expectativas do mercado, de acordo com um modelo diddático de referência para o processo de desenvolvimento de produto (PDP). O produto idealizado foi um “organizador para notebook”, a ser acoplado na parte traseira da tela do notebook. O modelo adotado envolveu as seguintes fases: geração do conceito, planejamento do projeto, projeto preliminar/detalhado e preparação da produção. Por meio da experiência didática descrita no trabalho, verificou-se a importância de cada etapa envolvida no processo,no gerenciamento do mesmo e na identificação apropriada das necessidades dos clientes e sua tradução em aspectos técnicos, a fim de contribuir para a melhoria do desempenho do produto, aumentando, portanto, sua probabilidade de sucesso no mercado.

Palavras-chaves: Processo de desenvolvimento de produto, Projeto de produto, Gestão de desenvolvimento de produto

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1. Introdução

Com o advento da globalização, e, consequentemente, a acirrada competição de mercados, as empresas buscam fatores que as diferenciem das demais. A procura incessante pela redução de custos e das margens de lucro, a fim de se obter impacto em custos, não são mais componentes de diferenciação, pois não são vantagens sustentáveis ao longo do tempo. O desenvolvimento de produtos se tornou, junto com a possibilidade de integração desse processo por meio de tecnologia de informação, o foco da competição global. A ordem passou a ser desenvolver mais rápido, mais eficientemente e mais efetivamente (MONTEIRO & BARATA, 2003).

Acompanhando as mudanças no estilo de comportamento social, no exterior e no Brasil, as necessidades e preferências dos consumidores foram se modificando e a indústria sente a necessidade de se adaptar a essas mudanças (CHIOCHETTA, 2008). É possível observar que as empresas estão criando melhores condições para o desenvolvimento de novos produtos, não mais como uma opção de estratégica, mas sim como uma necessidade de sobrevivência em ambientes cada vez mais competitivos (SANTOS, 1993 apud MONTEIRO & BARATA, 2003).

Diante de todos esses fatores, ferramentas e métodos relacionados à Gestão do Desenvolvimento de Produtos (GDP) têm sido cada vez mais procurados e valorizados pelas organizações. Um simples erro no desenvolvimento de produto representa não só significativa perda financeira, mas também perda de espaço em um mercado altamente competitivo.

O presente trabalho tem como objetivo relatar as atividades acadêmicas realizadas na disciplina Projeto de Produto, oferecida pelo curso de Engenharia de Produção para o desenvolvimento de um produto de baixa complexidade tecnológica. A partir de um

brainstorm realizado entre os membros da equipe, foi idealizado um organizador de objetos

pessoais para ser acoplado ao notebook, de modo a facilitar o acesso a esses objetos enquanto se utiliza o aparelho. Por meio da experiência didática descrita no trabalho, verificou-se a importância de cada etapa envolvida no processo, no gerenciamento do mesmo e na identificação apropriada das necessidades dos clientes e sua tradução em aspectos técnicos.

2. Referencial teórico

Desenvolver novos produtos é um desafio constante. No mundo em transformação, a empresa que não se antecipar às necessidades de seus clientes, com bens e serviços inovadores, estará condenada ao desaparecimento (MARTINS & LAUGENI, 1998 apud BORNIA & LORANDI, 2008). A Gestão de Desenvolvimento de Produtos (GDP) deve, portanto, estar diretamente relacionada à estratégia da organização, de modo a identificar as expectativas do mercado e transformá-las em produtos que agreguem valor ao consumidor.

A GDP refere-se ao conjunto de processos, tarefas e atividades de planejamento, organização, decisão e ações envolvidas para que o sistema considerado alcance os resultados de sucesso esperado (CHENG & MELO FILHO, 2007). Desenvolver produtos é um conjunto de atividades em que se busca, a partir das necessidades do mercado e de suas possibilidades e

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restrições tecnológicas, considerando as estratégias competitivas e as de produtos, chegar às especificações de um projeto de um produto e de seu processo produtivo, a fim de que a manufatura seja capaz de produzi-lo. O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) também possui atividades que estão relacionadas ao acompanhamento do produto após seu lançamento para que eventuais mudanças possam ser realizadas no projeto do produto quando necessárias (ROZENFELD et al., 2006).

A Figura 1 representa o modelo de referência proposto por Rozenfeld et al. (2006). De acordo com esse modelo, o PDP é divido em três macrofases: Pré-desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento. Cada uma dessas macrofases se subdivide em fases mais detalhadas que especificam atividades do processo. Entre essas fases é realizado o processo de gate, que se refere à revisão e aprovação formal dos resultados da fase concluída antes que se possa prosseguir para uma nova fase.

Figura 1 - Modelo de referência do processo de desenvolvimento de produtos. Fonte: Rozenfeld et al. (2006)

Conforme a Figura 1, o modelo se inicia no pré-desenvolvimento, etapa que engloba a fase de planejamento estratégico dos produtos e o planejamento do projeto. O planejamento de produtos deve ser feito de modo a definir um portfólio de produtos que condizem com a estratégia da empresa. Uma vez que a capacidade da empresa é finita, nesta fase deve-se ainda definir quais produtos do portfólio serão priorizados para só então escolher um produto para a execução do projeto. Em seguida, no planejamento do projeto, o escopo do projeto é definido, levando em conta a viabilidade econômica, a capacidade da organização em executar o projeto e ainda a escolha dos indicadores necessários e relevantes para o acompanhamento do projeto (SALES & NAVEIRO, 2010).

Na macrofase de desenvolvimento, além da concepção do produto propriamente dita, são também definidos e dimensionados os processos de fabricação e de montagem relacionados. Estão inclusas nessa macrofase as fases de:

a) projeto informacional – arrolamento das informações necessárias sobre o projeto (requisitos de clientes e do produto principalmente) e interpretação dessas informações de forma a definir as especificações do projeto;

b) projeto conceitual – descrição da função global do produto, incluindo o seu arranjo esquemático (materiais e componentes, layout, geometria e estética do produto);

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c) projeto detalhado – envolve o detalhamento de sistemas e componentes, o desenvolvimento de fornecedores e a documentação dos processos e do produto (SALES & NAVEIRO, 2010). Envolve também o planejamento do processo de fabricação e montagem, o planejamento do fim de vida do produto, e por fim a homologação do produto e a aprovação do projeto para desenvolvimento;

d) preparação da produção – envolve o recebimento e instalação dos recursos, a produção do lote piloto, homologação do processo, otimização da produção e certificação do produto, treinamento dos funcionários e o planejamento do Marketing (KECHINSKI et al., 2010);

e) lançamento do produto – compreende a estruturação das atividades de marketing, vendas, e distribuição do produto além dos processos de atendimento ao cliente e assistência técnica. O produto então estará pronto para ser lançado no mercado. Ao final de cada fase da etapa de desenvolvimento, são feitas avaliações nas quais a conclusão de uma fase busca fornecer informações necessárias para um momento formal de tomada de decisão (gate), que funciona como autorização para prosseguir para a próxima etapa. Em cada gate é avaliada a evolução do projeto, se os resultados estão dentro dos esperados, se as atividades foram cumpridas, se ocorreram mudanças no mercado relacionadas ao produto, qual o valor do projeto frente aos demais projetos de produto da empresa e, finalmente, se realmente vale a pena dar prosseguimento ao projeto (SALES & CANCIGLIERI JUNIOR, 2011). Ao submeter o projeto a uma tomada de decisão ao final de cada estágio, podem-se evitar gastos desnecessários com a condução de projetos que não são mais relevantes ou até mesmo com futuras correções que poderiam ser realizadas anteriormente.

A última macrofase, o pós-desenvolvimento, envolve a retirada sistemática do produto do mercado e a avaliação e compreensão de todo o ciclo de vida do produto. Essa macrofase é composta basicamente pelas fases de acompanhamento do produto no mercado e a descontinuidade deste. O principal objetivo do pós-desenvolvimento é garantir o acompanhamento do desempenho do produto na produção e no mercado, identificando necessidades ou oportunidades de melhorias e garantindo que a descontinuidade cause o menor impacto possível aos consumidores (NEVES et al., 2011).

No âmbito da GDP, existem ferramentas e métodos, seja para o planejamento estratégico e/ou operacional que auxiliam no desenvolvimento de produtos mais eficientes do ponto de vista de mercado. Entre esses métodos está o Desdobramento da Função Qualidade (QFD).

O QFD (Quality Function Deployment) pode ser conceituado como uma forma de comunicar sistematicamente informações relacionadas com a qualidade e de explicitar ordenadamente trabalho relacionado com a obtenção da qualidade. Esta ferramenta tem o objetivo de alcançar o enfoque da garantia da qualidade durante o desenvolvimento de produto. O método é aplicado tanto para o desenvolvimento de novos produtos, quanto para a remodelagem ou melhoria de produtos existentes. Sua implantação objetiva, dentre outras finalidades, auxiliar no processo de desenvolvimento do novo produto, buscando, traduzir e transmitir as necessidades e desejos do cliente, e dar aporte ao processo de garantia da qualidade (CHENG & FILHO, 2007).

Para a elaboração da matriz da qualidade do QFD, Cheng & Melo Filho (2007) propuseram a seguinte metodologia:

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 Elaboração da Tabela da Qualidade Exigida: Engloba a representação organizada e detalhada das verdadeiras exigências dos clientes, segundo a linguagem do grupo de desenvolvimento, obtidas de diversas fontes de informação;

 Elaboração da Tabela de Qualidade Planejada: Permeia o planejamento da melhoria de desempenho do novo produto de acordo com as exigências dos clientes, considerando a avaliação dos clientes com relação ao grau de importância a cada item da qualidade exigida, a avaliação de desempenho do protótipo do produto e a comparação com produtos substitutos ou similares;

 - Elaboração da Tabela das Características da Qualidade: Essa tabela é elaborada por meio do processo de extração das qualidades exigidas, com o auxílio da equipe técnica do projeto. Devem-se listar todas as características técnicas que podem interferir nas qualidades desejadas e organizá-las na tabela;

 Elaboração da Tabela de Qualidade Projetada: Esse processo deve ser realizado após a correlação entre as tabelas de qualidades exigidas e a tabela de características da qualidade.

3. Modelo didático de referência para o processo de desenvolvimento de produto

Nesse trabalho, utilizou-se o modelo para o desenvolvimento do produto proposto para a disciplina Projeto de Produto. O modelo didático de referência foi estruturado na macrofase de Pré- Desenvolvimento, subdividida nas fases de Geração do Conceito e Planejamento do Projeto, e na macrofase de Desenvolvimento, subdividida nas fases de Projeto Preliminar/Detalhado, Desdobramento da Função Qualidade (QFD) e Preparação da Produção. Nos tópicos a seguir serão descritos os trabalhos desenvolvidos em cada uma dessas fases.

3.1. Geração do conceito (1ª Fase)

O objetivo dessa fase é o desenvolvimento da concepção do produto, com vistas a solucionar determinado problema, além da análise inicial de viabilidade técnico-econômica do mesmo.

3.1.1. Geração de ideias

A primeira etapa da fase geração do conceito compreende a geração de ideias. Nessa etapa os membros da equipe procuraram idealizar um produto que fosse inovador, útil, técnico e economicamente viável e de baixa complexidade, de forma que fosse possível a confecção do seu protótipo. Após várias ideias descartadas, foi decidido que esse produto seria o “organizador para notebook”, que consiste em um organizador dotado de bolsos, para ser acoplado na parte traseira da tela no notebook, permitindo a acomodação de diversos objetos pessoais (como canetas, pen-drives, HD externo, blocos de anotações, papéis, dentre outros) e que ainda contém um suporte para folhas, que facilita a digitação de textos.

O produto foi pensado como uma solução viável para as pessoas, principalmente estudantes, que utilizam o notebook em locais de pouco espaço, como carteira escolar, cama ou sofá, de forma que o alcance aos objetos possa ser facilitado e o local se mantenha organizado. Nessa fase, foram avaliados os seguintes itens referentes ao produto idealizado:

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 Utilidade: o produto tem como objetivo armazenar objetos para facilitar a sua acessibilidade, permitindo melhor alcance a estes, principalmente em locais pouco espaçosos e de locomoção limitada.

 Funcionalidades: Além de acomodar objetos de uso corriqueiro de forma organizada e compacta, outra função do organizador é o suporte para folhas, possibilitando a leitura de textos ao mesmo tempo em que se utiliza o notebook.

 Nível de complexidade: o produto apresenta baixo nível de complexidade, pois a sua confecção não requer processos complexos de fabricação e os materiais utilizados são facilmente encontrados.

 Principal caráter de inovação: organização e praticidade de acesso aos objetos, principalmente em locais que possuem dimensões limitadas (carteira escolar, mesinhas, colo, ônibus, avião, etc.), além de um suporte para leitura para uso em notebook, sem que seja necessária uma mesa.

 Tipo de processo produtivo: discreto, com operações de corte e costura.

 Fornecedores: tecidos, aviamentos em geral, papel paraná e suporte para folhas.

 Embalagem: plástica, com fechamento em aba de papelão.

 Processo de distribuição: inicialmente o produto poderia ser vendido diretamente para as lojas especializadas em acessórios para notebooks e informática em geral.

 Estimativa de preço: R$ 30,00 (baseado nos preços de acessórios para notebook e no preço total dos materiais).

3.1.2. Avaliações iniciais de viabilidade

Nessa etapa foi realizada uma avaliação técnica e econômica inicial do “organizador para notebook”, abrangendo o potencial de mercado do produto e suas características, a especificação das oportunidades, a análise dos produtos concorrentes e os aspectos de proteção intelectual.

 Público alvo: usuários de notebook, principalmente estudantes das classes A, B e C.

 Aspectos críticos determinantes do sucesso ou fracasso do novo produto: preço, canais de venda e estratégias de divulgação.

 Aspectos que geram incertezas em relação ao mercado consumidor: lançamento de um produto novo, ainda desconhecido pelos usuários de notebook; posicionamento do produto frente aos concorrentes; precificação adequada; adequação do design às diferentes necessidades dos consumidores (quantidade e tamanho dos bolsos, cores, etc.)

 Necessidades pressupostas dos consumidores: organização e praticidade de acesso a objetos ao se utilizar o notebook; organização eficiente de objetos em espaços limitados, como carteiras escolares; facilidade de leitura de textos durante a digitação simultânea.

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 Benefícios secundários: Praticidade e facilidade de acesso a materiais de trabalho, possibilitando maior conforto do usuário de notebook; melhor organização dos objetos e maior facilidade na digitação e consulta a dados impressos ou manuscritos (por meio do suporte de folhas).

 Concorrentes: Não existem produtos concorrentes diretos para o produto, conforme pesquisa realizada na internet. Existem, entretanto, concorrentes indiretos, com funções similares à do produto, capazes de suprirem as mesmas necessidades dos clientes, de forma que esses concorrentes indiretos podem ser considerados produtos substitutos. Exemplos de tais produtos substitutos estão apresentados na Tabela 1.

 Proteção intelectual: Apesar de terem sido encontradas muitas patentes relacionadas a organizadores no banco de patentes do Instituto Nacional de Proteção Intelectual (INPI), não foi encontrada nenhuma que fornecesse um produto específico para ser utilizado acoplado ao notebook.

Produtos substitutos Faixa de preço (R$) Características principais do produto Diferenciais competitivos Desvantagens em relação ao produto proposto Pastas ou mochilas 30,00 a 200,00 Possuem compartimentos internos com bolsos e

local para guardar o notebook.

Permitem o transporte do

computador.

Não possui a praticidade de acesso fácil aos objetos de

uso corriqueiro.

Mesa

suporte 40,00 a 150,00

Possui suporte para notebook e pés de apoio

podendo ser utilizada, por exemplo, em cima da

cama. Permite maior conforto na utilização do notebook e possui cooler .

Não supre a necessidade de organização e facilidade; não é utilizada em carteiras

escolares; falta de praticidade no seu transporte. Porta-objeto 15,00 a 50,00 Possuir reservatórios de diferentes tamanhos e formato para armazenagem de objetos.

Preço mais baixo; diferentes formatos

para cada necessidade; pode

ser transportado facilmente.

Não possui acesso fácil; não é possível de ser utilizado em locais de

pouco espaço.

Tabela 1 - Produtos substitutos do “organizador para notebook”

3.2. Planejamento do projeto (2ª Fase)

A segunda fase do desenvolvimento do “organizador para notebook” compreende o Planejamento do Projeto, que permeia a elaboração da declaração do escopo do projeto, cujo objetivo é orientar o desenvolvimento do produto, contendo as seguintes informações: objetivos do projeto, descrição do escopo do produto, entregas do projeto, requisitos do projeto, fronteiras do projeto, critérios de aceitação do produto, restrições do projeto, organização inicial do projeto, riscos inicialmente definidos, cronograma de macros, estimativas de custos, especificações do projeto e requisitos para aprovação do projeto.

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3.3.1. Projeto preliminar/detalhado

Normalmente, nos modelos tradicionais de PDP esta fase é dividida em duas etapas, Projeto Preliminar e Projeto Detalhado, com um gate entre elas. Porém, haja vista que o produto proposto é de baixa complexidade tecnológica, do tipo modelo de utilidade, as duas etapas foram realizadas conjuntamente. Na fase do Projeto Preliminar/Detalhado foram definidos a forma do produto idealizado, o dimensionamento dos componentes e os materiais necessários para sua fabricação, bem como os desenhos esquemáticos, conforme apresentado na Figura 2. O dimensionamento dos componentes foi realizado para um organizador adaptável a um notebook de 14”. Foram projetados bolsos específicos para pen-drives e canetas ou lápis, além de outros bolsos que permitem armazenar objetos diversos, como HD externo, folhas, blocos de anotação, celulares, carregadores, dentre outros.

Essa fase também envolveu a confecção do protótipo do “organizador para notebook”, realizada de acordo com o dimensionamento executado anteriormente, utilizando os mesmos materiais que serão empregados para a confecção do produto, exceto o suporte para papel, que para o produto será comprado pronto. Na Figura 3 estão expostas fotografias do protótipo. O protótipo apresentou um resultado satisfatório quanto às funcionalidades esperadas e ao dimensionamento dos componentes, porém, verificou-se que, para o produto, seria necessária uma melhor qualidade de acabamento.

Figura 2 – Desenhos do arranjo preliminar do conjunto, incluindo a representação em 3D e a vista frontal do produto, elaborados no software SolidWorks

Figura 3 – Protótipo do “organizador para notebook”

3.3.2. Método Desdobramento da Função Qualidade (QFD)

Nessa etapa foi aplicado o método QFD, por meio da elaboração da matriz da qualidade. Inicialmente, elaborou-se um questionário, que foi aplicado, juntamente com a apresentação do protótipo, a dez estudantes da Universidade, portadores de notebooks. Dessa maneira,

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foram identificadas as qualidades exigidas pelo cliente, possibilitando a confecção da Tabela de Qualidade Exigida.

A Tabela de Qualidade Planejada foi construída identificando o grau de importância atribuído a cada item da qualidade exigida e da avaliação de desempenho do produto frente aos concorrentes (produtos substitutos), obtidos através dos questionários realizados, como também por meio da definição do plano de qualidade definido pela equipe. Através do processo de extração das qualidades exigidas, foi elaborada a Tabela das Características da Qualidade, com as características técnicas do produto que possuem relação com a qualidade exigida. Na sequencia foram realizadas as correlações entre as qualidades exigidas e as características da qualidade.

Para a Tabela de Qualidade Projetada, foi feita a conversão do peso relativo dos itens da qualidade planejada para os itens de característica da qualidade, considerando as notas referentes às correlações. Essa tabela também apresenta os valores apresentados pelo produto para cada característica da qualidade e as metas de desempenho traçadas de acordo com as prioridades determinadas.

A Tabela 2 apresenta os pesos relativos e acumulados para a construção dos gráficos de pareto (Figura 4) das Qualidades Exigidas versus Qualidade Planejada e das Características da Qualidade versus Qualidade Projetada. Os itens situados acima da linha vermelha das tabelas são os que possuem maior relevância, de acordo com o cliente, e portanto devem ser priorizados no projeto do produto.

Peso relativo Freq. acum. Peso relativo Freq. acum.

1.1.1. Não atrapalhar a visão da tela 12,38% 12,38% 5.3.1. Encaixe de silicone no notebook adequado 15,57% 15,57% 1.2.1. Facilitar a leitura de folhas 10,37% 22,75% 5.1.1. Altura dos bolsos 9,14% 24,71% 3.1.2. Ter estabilidade (não ficar bambo na tela) 9,40% 32,16% 5.1.2. Largura dos bolsos 9,14% 33,85% 3.2.3. Garantir prático acesso aos objetos 8,70% 40,86% 5.1.3. Volume dos bolsos 8,84% 42,69% 3.2.1. Acomodar facilmente os objetos nos bolsos 7,70% 48,55% 4.1.1. Largura 6,81% 49,51% 3.1.1. Ter boa adaptação ao tamanho da tela 7,35% 55,90% 4.1.2. Altura 6,81% 56,32% 3.2.2. Ter facilidade de armazenamento 7,14% 63,04% 4.4. Rigidez 6,05% 62,37% 3.1.3. Adequar o tamanho dos compartimentos

aos objetos mais usuais 6,96% 70,00% 5.2.1. Comprimento do suporte de folhas 5,26% 67,63% 1.1.2. Não atrapalhar no fechamento do notebook 6,69% 76,69% 4.5. Peso 5,17% 72,80% 2.2.2. Ter bom acabamento 6,08% 82,77%

2.2.1. Ter boa apresentação 5,26% 88,03% 5.2.2. Carga suportada pelo suporte de folhas 4,87% 82,80%

2.1.2. Não desgastar os componentes rapidamente 4,46% 92,49% 6.1.1. Tecido utilizado no revestimento da base 4,79% 87,59%

3.1.4. Ser leve 4,03% 96,52% 4.3.1. Qualidade dos componentes 3,69% 91,28%

2.1.1. Ter boa rigidez (não ser muito flexível) 3,48% 100,00% 4.1.3. Espessura 3,67% 94,95%

4.2.1. Volume 2,98% 97,93% 6.2. Cor 2,07% 100,00% TOTAL 100% 100% Q U A L ID A D E S E X IG ID A S X Q U A L ID A D E PL A N E J A D A Qualidades Exigidas Qualidade Planejada C A R A C T E R ÍS T IC A S D A Q U A L ID A D E X Q U A L ID A D E PR O J E T A D A Características da Qualidade Qualidade Projetada

6.1.2. Tecido utilizado nos bolsos 5,13% 77,93%

TOTAL

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Figura 4 – Gráficos de pareto das Qualidades Exigidas e das Características da Qualidade

Através da combinação de todos os fatores descritos anteriormente, foi possível a elaboração da Matriz do Desdobramento da Qualidade (Figura 5). Após analisadas as correlações e atribuídos os pesos para as características da qualidade planejada, observou-se que as qualidades exigidas que devem receber maior atenção no projeto do produto são aquelas que obtiveram maior peso relativo. São elas: “não atrapalhar a visão da tela”, “facilitar a leitura de folhas”, “ter estabilidade” e “garantir prático acesso aos objetos”.

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Figura 5 – Matriz da qualidade do “organizador para notebook”

3.4. Preparação da produção (4ª Fase)

Essa fase apresenta a definição dos custos e do planejamento do processo produtivo. O objetivo dessa etapa é desenvolver e finalizar todas as especificações referentes ao produto, a fim de as mesmas que sejam encaminhadas à produção.

3.4.1. Definição dos custos e do processo produtivo

Essa etapa tem como objetivo analisar novamente a viabilidade técnica e econômica do produto, após o detalhamento do projeto. Para isso, foram identificados os custos de todos os componentes do produto, assim como foi definido seu processo produtivo.

A quantificação dos custos dos componentes foi executada a partir de pesquisa realizada no mercado e via internet, enquanto a determinação das quantidades dos materiais necessários para a fabricação do produto foi baseada nos dimensionamentos feitos no Projeto do Produto

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e na quantidade dos materiais utilizados para confecção do protótipo. Os custos relacionados com energia, mão-de-obra e outros insumos não foram considerados, pois não eram de abrangência da disciplina. A Tabela 3 apresenta a descrição dos custos de todos os materiais.

Peça componente Material Unidade Medida Preço unitário (R$) Qtd. Preço total (R$) % do custo total

Base Papel paraná metro 4,5 0,3 1,35 8%

Revestimento e bolsos Tecido de brim m2 15 0,3 4,5 28%

Fecho Zíper pacote c/ 50 35 0,06 2,1 13%

Acabamento Viés rolo de 50m 19,6 0,04 0,78 5%

Suporte de acoplamento ao notebook Silicone rolo de 50m 35 0,004 0,14 1%

Suporte para papel Suporte pronto unidade 6 1 6 37%

Costura Linha Carretel(4570 m) 5 0,2 1 6%

Fixação do suporte Velcro metro 2,5 0,1 0,25 2%

16,12 100%

TOTAL

Tabela 3 – Definição dos custos de materiais

A definição do processo produtivo se deu por meio da idealização de um arranjo físico para a fabricação do produto (Figura 6), apresentando o fluxo de materiais que ocorrerá neste layout.

Figura 6 – Representação do arranjo físico do processo de produção

A Tabela 4 apresenta o fluxo do processo produtivo, indicando, para cada operação, o equipamento necessário e a mão de obra a ser utilizada.

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Posto de trabalho Processo Equipamento Mão-de-obra

1 Estoque de MP Racks Auxiliar

2 Preparação do tecido para o corte Mesa de corte Auxiliar 3 Corte do tecido Máquina de corte com programação Cortadeira profissional

. Corte do papel paraná Bancada e máquina de corte . Preparação dos fechos Bancada e tesoura . Preparação do viés Máquina de costura . Preparação do silicone Bancada e tesuora . Fechos Máquina de costura - A . Bolsos e velcro Máquina de costura - B . Revestimento Máquina de costura - C

6 Acoplamento do suporte Bancada Costureira profissional

7 Inspeção Bancada Técnico em inspeção

8 Embalagem Bancada Auxiliar

9 Expedição Carrinhos Auxiliar

10 Estoque de produtos acabados Prateleira Auxiliar 4

Preparação dos materiais

Auxiliar

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Costura

Costureira profissional

Tabela 4 – Fluxo do processo produtivo

O processo inicia com a preparação do tecido para o corte, que é obtido no estoque de matéria prima. Em seguida, ocorre a preparação dos fechos, dos viés e do silicone e o corte do papel paraná, que são encaminhados, juntamente com o tecido cortado, para a costura. Na estação costura, são costurados os bolsos, os fechos, os velcros e é feito o revestimento da base com papel paraná. Após essa etapa, ocorre o acoplamento do suporte de papel e a inspeção do produto. Caso o produto esteja conforme, segue para a embalagem, expedição e é armazenado no estoque de produtos acabados.

4. Conclusão

A experiência didática da aplicação de um modelo de referência para o processo de desenvolvimento do “organizador para notebook” se deu de maneira eficiente e satisfatória, verificando-se a grande importância de cada etapa envolvida no processo. Apesar da simplicidade do produto proposto, foi possível constatar as competências e habilidades necessárias ao engenheiro de produção para gerenciar o processo de desenvolvimento de produtos.

Adicionalmente, o uso do método QFD orientou o desenvolvimento do produto para o atendimento às necessidades dos clientes, contribuindo para a melhoria do desempenho do produto e, aumentando, portanto, sua probabilidade de sucesso no mercado. O protótipo confeccionado atendeu às exigências mais relevantes dos clientes, entretanto, conclui-se que deveria ser realizado um estudo com o objetivo de aumentar o tamanho dos bolsos, bem como adaptá-los melhor à acomodação dos diversos objetos. Durante a realização das entrevistas, percebeu-se também o grande interesse que os entrevistados demonstraram pelo produto. De acordo com os critérios analisados, o produto apresentou-se viável. Porém, para transformar a ideia proposta em um negócio seria necessária a elaboração de um estudo ainda mais detalhado de viabilidade técnica, comercial e econômica, contendo uma pesquisa de mercado mais aprofundada, além da consideração de aspectos importantes à viabilidade do negócio como os investimentos necessários e as devidas análises financeiras.

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Referências

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Referências

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