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SÍNTESE DE DERIVADOS DE ISATINA COMO POTENCIAIS INIBIDORES DA ENZIMA ABL QUINASE

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XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 1

SÍNTESE DE DERIVADOS DE ISATINA COMO POTENCIAIS INIBIDORES DA

ENZIMA ABL QUINASE

Karolinni Bianchi Britto

1

, Caroline Tiengo Zambom

2

, Mikaela Vieira Beloni

2

,

Heberth de Paula

2

, Warley de Souza Borges

3

, Pedro Alves Bezerra Morais

4

1Universidade Federal do Espírito Santo/Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas,

Vitória – ES, CEP 29043-900, karolbbritto@hotmail.com

2Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Farmácia e Nutrição, Alegre-ES, CEP

29500-000, mikaelabeloni@hotmail.com.br

3Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Química, Vitória-ES, CEP 29075-910

warley000@yahoo.com.br

4Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Química e Física, Alegre-ES, CEP

29500-000, pedmora2005@gmail.com

Resumo – A isatina (1H-indol-2,3-diona) ao decorrer dos anos, tem chamado a atenção de químicos e farmacêuticos devido seu amplo espectro de atividades biológicas e, ainda devido sua estrutura, tem sido utilizada como o bloco de construção para a síntese orgânica. Neste trabalho, está descrita a preparação de novos derivados N-alquilados de isatina por reação de substituição nucleofílica bimolecular (SN2) e derivados triazólicos da isatina, via cicloadição 1,3-dipolar de Huisgen, através da

conjugação entre o alquinil e azidas funcionalizadas. Além disso, está descrita também a caracterização das moléculas formadas a partir da análise de RMN 1H e o ensaio de alguns desses novos compostos

como inibidores da enzima tirosina quinase ABL.

Palavras-chave: isatina, produto natural, triazóis, síntese orgânica, bioquímica. Área do Conhecimento: Ciências Exatas e da Terra.

Introdução

A isatina (1H-indol-2,3-diona) é um composto que possui em sua estrutura os grupos ceto e lactama e um núcleo de indol (MATHUR; NAIN, 2014). Na natureza a isatina ocorre nas folhas e raízes do Strobilanthes cusia (Nees), também como um componente da secreção da glândula parótida de sapos Bufo (SILVA; GARDEN; PINTO, 2001), em fungos, moluscos marinhos (KHAN; MAALIK, 2015) e, em seres humanos, é um derivado metabólico da adrenalina (HALKET, 1991). As possíveis mudanças na estrutura básica da isatina mostram que seus derivados apresentam um amplo espectro de atividades biológica e farmacológica (SONAWANE; TRIPATHI, 2013). Pode-se citar sua importante ação antibacteriana, antifúngica, anticonvulsivante (CHALUVARAJU; ZARANAPPA, 2011), analgésica, espermicida, antioxidante, antiviral, anticorrosiva, antitubecular, antidepressiva, inibitória da fibrilogênese da transtirretina (TTR), antiepilética, anticancerígena, antiprotozoária e citotóxica (KHAN; MAALIK, 2015).

Classes de enzimas tirosina quinases participam de processos celulares normais como a divisão celular, transmissão sináptica e certos aspectos do desenvolvimento embrionário (KRAUSE; VAN ETTEN, 2005). O gene híbrido BCR-ABL que produz constitutivamente proteínas quiméricas com atividade tirosino quinase elevada é um achado característico da leucemia mieloide crônica (LMC), uma neoplasia da medula óssea. A perda da atividade tirosina quinase através de mutação ou inibição farmacológica bloqueia a atividade oncológica da proteína BCR-ABL (DRUKER et al., 2001). O tratamento da LMC avançou consideravelmente nos últimos anos e a terapia molecular com inibidores de tirosina quinase mudou drasticamente a terapia convencional, demonstrando resultados promissores para pacientes com esta doença (JABBOUR et al., 2007).

Click Chemistry foi definida por Kolb e Sharpless (2003) como uma abordagem de ampla aplicação a ser utilizada na preparação de uma série de substâncias com grande diversidade química. Dentre essas preparações, a reação em questão, deve produzir derivados em altos rendimentos, gerar subprodutos mínimos e inofensivos e ser estereoespecífica (KOLB; SHARPLESS, 2003). Nesta classe de reações de click concertadas, a cicloadição dipolar de Huisgen, entre alcinos e azidos, com formação regioseletiva de 1,2,3-triazóis-1,4-dissubstituídos, também conhecida como reação CuAAC (“copper(I)-catalyzed alkyne-azide cycloaddition”) (FREITAS, 2011), merece atenção especial

(2)

(ARAGAO-XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 2 LEONETI et al., 2010). O anel triazólico apresenta grande relevância para a química medicinal pois atua também como ponte entre biomoléculas de interesse para formação de híbridos e funciona, ainda, como bioisóstero do grupo amida, por apresentar propriedades físico-químicas semelhantes a este, portanto melhora as propriedades farmacológicas e farmacocinéticas dos fármacos que apresentem este grupo em sua estrutura (KOLB; SHARPLES, 2003).

Metodologia

Síntese de derivados N-alquilados de isatina (2-4)

Esquema 1: Síntese dos derivados N-alquilados 2-4 da isatina via SN2.

A obtenção dos derivados N-alquilados de isatina foi realizada na presença de brometos comerciais funcionalizados (0,51 mmol) os quais foram adicionados à solução contendo isatina (0,05 g, 0,35 mmol), em DMF (4 mL), e carbonato de potássio (0,05 g, 0,35 mmol). A mistura reacional foi mantida sob agitação constante, e a temperatura ambiente por 3 horas. Para finalizar concentrou e evaporou a fase orgânica utilizando tolueno com o auxílio de um evaporador rotatório. Por fim a coluna de cromatografia foi realizada em sílica comum (63-200 μm) utilizando fase móvel uma mistura de hexano/acetato na proporção de 7:3 (Esquema 1).

Síntese do 1-(prop-2-in-1-il)indolina-2,3-diona (5)

Esquema 2. Síntese do derivado alquinil da isatina.

A uma mistura de isatina (1) (1 g, 6,7 mmol), em DMF (20 mL), foi adicionado 0,92 g de K2CO3 (6,7

mmol), e mantido sob agitação por 20 minutos em banho de gelo. Em seguida foi vagarosamente adicionado 1,5 mL de brometo de propagila (8,37 mmol). A mistura reacional resultante foi mantida sob agitação durante 3 horas à temperatura ambiente. Após esse período a solução resultante foi concentrada no rotaevaporador, dissolvida em acetato de etila e realizada uma partição acetato/água sendo a fase orgânica lavada com água (3 x 10,0 mL). Por fim a fase orgânica foi concentrada no rotaevaporador. O produto (5) foi obtido em rendimento quantitativo (Esquema 2).

(3)

XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 3 Síntese de derivados triazólicos de isatina (6-8)

Esquema 3: Síntese dos derivados triazólicos da isatina 6-8 via cicloadição azido-alcino catalisada por Cu(I), (CuAAC).

Em um tubo para microondas, contendo alquinil isatina (5) (0,1 g; 0,5 mmoL) em 1 mL de DMF, foram adicionados um azido comercial funcionalizado (2,1 mmoL), ascorbato de sódio (10 mg; 0,05 mmoL) e 150 µL de uma solução de CuSO4 0,1 M (2,4 mg; 0,015 mmoL). Posteriormente o tubo foi

selado e irradiado com microondas a 150W, 70ºC, durante 15 minutos. Por fim uma coluna cromatográfica foi realizada utilizando como fase móvel uma mistura de hexano/acetato 8:2 para purificação do produto obtido (Esquema 3).

Atividade enzimática

A atividade de tirosina quinase ABL foi medida através de um Ensaio de Kinase de ADP-Glo® que quantifica a produção enzimática dependente de quinase de ADP a partir de ATP usando uma reação associada à luminescência. A enzima tirosina quinase ABL (100 μg / μL) foi diluída por 50 vezes com 1x solução tampão (Tris 8 mM, pH 7,5, MgCl2 4 mM, soroalbumina bovino 0,02 mg / mL, DTT 10 uM).

Preparou-se uma solução de mistura de substrato adicionando: substrato de peptídeo sintético (EAIYAAPFAKKK) 50%; solução tampão (4 vezes mais concentrada que a solução utilizada anteriormente), 25% e ATP 100 μM 25%. A reação foi feita adicionando 5 μL do composto inibidor ou água destilada (controle) e 20 μL de solução enzimática e incubadas a 30 ° C durante 10 min. Depois, adicionou-se 20 μL de solução de mistura de substrato e incubou-se a 30 ° C durante 15 min. Todo o ATP não transformado por enzima foi esgotado pela adição de 50 μL de reagente ADP-GLO® durante 40 minutos à temperatura ambiente. A enzima ADP produzida reagiu com 100 μL de ADP-GLO Detection Reagent® durante 60min e a luminescência registrada (tempo de integração 0.5-1s), usando o luminomêtro (Glomax® – Promega LLC). O tubo de controle foi assumido como atividade enzimática a 100%. Todos os reagentes foram adquiridos da Promega, LLC.

Resultados

1-(4-nitrobenzil)indolina-2,3-diona (2). Rendimento 12 % (0,0115 g: 0,04 mmol). RF 0,39 (hexano: acetato). RMN 1H (300 MHz, (CDCl3) δH: 5,04 (2H, s, CH2-1’); 6,71 (1H, d, J7,6 8,2 Hz, H-7); 7,15 (1H, t,

J7,6 8,2 Hz, J6,5 7,8 Hz, H-6); 7,50-7,55 (3H, m, J4’,5’ 8,6 Hz, H-5, H-2’ e H-5’); 7,67 (1H, d, J5,4 7,8 Hz,

H-4); 8,23 (2H, d, J4’,5’ 8,6 Hz, H-3’ e H-4’).

1-((9,10-dioxo-9,10-dihidroantracen-2-il)metil)indolina-2,3-diona (3). Rendimento 70,29 % (0,0876 g: 0,23 mmol). RF 0, 42 (hexano: acetato). RMN 1H (300 MHz, (CDCl3) δH: 5,01 (2H, s, CH2-1’); 6,76 (1H,

d, J7,6 8,2 Hz, H-7); 7,13 (1H, t, J7,6 8,2 Hz, J6,5 7,4 Hz, H-6); 7,50 (1H, t, J6,5 7,4 Hz, J5,4 8,2 Hz, H-5);

7,67 (1H, d, J5,4 8,2 Hz, H-4); 7,76 (1H, d, J2’,3’ 7,8 Hz, H-2’); 7,79-7,84 (2H, m, H-3’ e H-8’); 8,26-8,34

(4H, m, H-4’, H-5’, H-6’ e H-7’).

1-(4-fluorobenzil)indolina-2,3-diona (4). Rendimento 55,13 % (0,0478 g: 0,18 mmol). RF 0,58 (hexano: acetato). RMN 1H (300 MHz, (CDCl3) δH: 4,90 (2H, s, CH2-1’); 6,77 (1H, d, J7,6 7,8 Hz, H-7); 7,10 (2H,

(4)

XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 4 t, J2’,3’ 7,4 Hz, H-3’ e H-4’); 7,11 (1H, t, J6,7 7,4 Hz, J6,5 7,4 Hz, H-6); 7,29-7,35 (2H, m, J4’,5’ 8,6 Hz, H-2’

e H-5’); 7,50 (1H, t, J5,4 7,4 Hz, J6,5 7,4 Hz, H-5); 7,62 (1H, d, J5,4 7,4 Hz, H-4).

1-(prop-2-in-1-il)indolina-2,3-diona (5). Rendimento quantitativo. RMN 1H (300 MHz, (CD3)2SO) δH:

4,52 (2H, s, CH2-1’); 7,68 (1H, t, J6,5 7,8 Hz, J5,4 7,8 Hz, H-5); 7,56 (1H, d, J5,4 7,4 Hz, H-4); 7,21 (1H, d,

J7,6 7,8 Hz, H-7); 7,15 (1H, t, J7,6 7,4 Hz, J6,5 7,4 Hz, H-6).

1-((1-(4-(trifluorometil)fenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (6). Rendimento 70,38 % (0,1414 g: 0,124 mmol) RF 0,37 (hexano: acetato). RMN 1H (300 MHz, (CD3)2SO) δH: 5,07 (2H, s,

CH2-1’); 7,13 (1H, t, J7,6 8,2 Hz, J6,5 7,8 Hz, H-6); 7,19 (1H, d, J7,6 8,2 Hz, H-7); 7,58 (1H, d, J5,4 7,4 Hz, H-4);

7,63 (1H, t, J6,5 7,8 Hz, J5,4 7,8 Hz, H-5); 7,95 (2H, d, J 8,6 Hz, H-1” e H-4”); 8,08 (2H, d, J 8,6 Hz, H-2”

e H-3”); 8,98 (1H, s, H-triazol).

1-((1-(4-bromofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (7). Rendimento 24,12 % (0,0497g: 0,12 mmol) RF 0,61 (hexano: acetato). RMN 1H (300 MHz, (CD3)2SO) δH: 5,05 (2H, s, CH2-1’); 7,12 (1H,

t, J7,6 7,8 Hz, J6,5 7,4 Hz, H-6); 7,17 (1H, d, J7,6 7,8 Hz, H-7); 7,58 (1H, d, J5,4 7,8 Hz, H-4); 7,63 (1H, t,

J6,5 7,4 Hz, J5,4 7,8 Hz, H-5); 7,76 (2H, AB, JAB 8,9 Hz, H-1” e H- 4”); 7,81 (2H, AB, JAB 8,9 Hz, 2” e

H-3”); 8,86 (1H, s, H-triazol).

1-((1-(2-metoxifenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (8). Rendimento 17,66 % (0,0318g: 0,09 mmol) RF 0,48 (hexano: acetato). RMN 1H (300 MHz, (CD

3)2SO) δH: 5,04 (2H, s, CH2-1’); 7,12 (1H,

t, J7,6 7,4 Hz, J6,5 7,8 Hz, H-6); 7,55 (2H, d, J7,4 Hz, H-4 e H-7); 7,64 (1H, t, J6,5 7,8 Hz, J5,4 7,4 Hz,

H-5); 7,21 (1H, d, J2””,1”” 8,2 Hz, H-1”); 7,49 (1H, t, J2””,1”” 8,2 Hz, J3””,2”” 7,4 Hz, H-2”); 7,09 (1H, t, J3””,2”” 7,4 Hz, J4””,3”” 7,4 Hz, H-3”); 7,28 (1H, t, J4””,3”” 7,4 Hz, H-4”); 3,80 (3H, s, H-5’’); 8,50 (1H, s, H-triazol).

Dois dos inibidores candidatos da enzima tirosina quinase ABL sintetizados foram testados a uma concentração de 100 mM, sendo eles os compostos nitrobenzil)indolina-2,3-diona (2) e 1-(4-fluorobenzil)indolina-2,3-diona (4). Esses dois compostos inibiram a atividade enzimática da tirosina quinase ABL nas seguintes proporções: composto 2 (47,30%) e composto 4 (37,69%).

Discussão

Síntese de derivados N-alquilados de isatina

Durante a preparação dos compostos 1-(4-nitrobenzil)indolina-2,3-diona (2), 1-((9,10-dioxo-9,10-dihidroantracen-2-il)metil)indolina-2,3-diona(3) e o 1-(4-fluorobenzil)indolina-2,3-diona(4) utilizou-se o método de N-alquilação, via substituição nucleofílica bimolecular (SN2), através do tratamento da isatina

(1), em DMF (N,N-dimetilformamida), na presença de carbonato de potássio e brometos de arila comerciais. Obteve-se os seguintes rendimentos para os compostos 2, 3 e 4 respectivamente: 12 %, 70,29 % e 55,13 %. O carbonato de potássio (K2CO3) atua como base, favorecendo a transferência de

prótons N-H a partir da função lactama, produzindo o ânion amideto. Estas são classificadas como substituição nucleofílica bimolecular (SN2), pois ao ter o ataque do nucleófilo (N-) da molécula de isatina

sobre o carbono eletrofílico presente na estrutura do brometo de arila promove a quebra da ligação entre o carbono e grupo abandonador. Potanto, a reação ocorre em uma única etapa, uma vez que ao mesmo tempo em que o nucleófilo se liga o outro grupo sai, além disso, sua velocidade depende da concentração de ambos reagentes (CONSTANTINO, 2012).

Ao se analisar as características espectrais da isatina em cada um dos compostos N-alquilados pode-se observar a presença dos quatros hidrogênios H-7, H-6, H-5 e H-4 pertencentes ao benzeno da molécula. Todos os sinais são satisfatórios, afinal os hidrogênios presentes na molécula isatina estão ligados a carbono sp2, e considerando os efeitos dos elétrons π da ligação dupla entre carbonos

espera-se um efeito de desprotonação forte, pois os elétrons passam a ter muito mais espaços para circular desprotegendo os hidrogênios e o movimento dos elétrons são menos restringidos pela atração do núcleo. Do mesmo modo considera-se que os hidrogênios ligados a aromáticos sofrem uma desproteção ainda maior, devido a corrente elétrica ao longo dos anéis aromáticos podendo ser muito maior.

Os espectros de RMN 1H dos compostos 2-4 apresentaram em comum, para

1-(4-nitrobenzil)indolina-2,3-diona (2), 1-((9,10-dioxo-9,10-dihidroantracen-2-il)metil)indolina-2,3-diona (3) e o 1-(4-fluorobenzil)indolina-2,3-diona(4), os sinais correspondentes aos hidrogênios 7, 6, 5, H-4, e H-CH21’ (Tabela 1).

Tabela 1. Deslocamentos químicos (δ) dos hidrogênios H-7, H-6, H-5, H-4, e H-CH21’ apresentados

(5)

XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 5

O ânion amideto formado na posição 1 da molécula de isatina (1) tem atuação na reação como um nucleófilo apresentando um par não-compartilhado de elétrons que irá reagir com o carbono deficiente de elétron presente na molécula de brometo. Assim, o bromo (Brδ-) age na reação como um bom grupo abandonador sendo substituído pelo nucleofílico, o que se confirmar a formação dos produtos (2), (3) e (4) devido a presença de CH2 -1’ nas respectivas regiões δ 5,04 (s), 5,01 (s) e 4,90 (s).

Em relação ao composto 1-(4-fluorobenzil)indolina-2,3-diona(4) que também possui em seu anel aromático um deslocamento químico em para ao grupo flúor, pode-se observar seus sinais de deslocamentos em região entre δ 7,29-7,35 (m) correspondentes aos hidrogênios H-2’ e H-5’, bem como, na região de δ 7,50 (t) o hidrogênio H-5 e na região de δ 7,62 (d) referente ao hidrogênio H-4. Sinais estes presentes em campos mais baixos (maior δ) pois o flúor é um grupo halogênio que tem tendência de sacar elétrons. Devido seu efeito eletronegativo alto tem a capacidade de alterar as características eletrônicas do composto, modificando sua atividade e reatividade, além disso garante maior lipofilicidade, estabilidade química e térmica a molécula (CONSTANTINO, 2012).

Síntese de derivados triazólicos de isatina

A primeira reação de cicloadição 1,3-dipolar catalisada por cobre (I), (CuAAC), foi realizada empregando o azido comercial contendo em sua estrutura uma porção 4-trifluorometil a fim de obter o derivado triazólico 6. A condensação entre os grupos alcino e azido, na presença de CuSO4 e ascorbato

de sódio, para geração do catalisador Cu(I), em DMF e irradiação por micro-ondas a 150W, 70ºC, forneceu o produto 1-((1-(4-(trifluorometil)fenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (6) com 70,38 % de rendimento. Os sinais referentes ao azido são observados aproximadamente na região δ 7,95 (d), correspondente aos dois hidrogênios H-1” e H-4” e δ 8,08 (d), H-2’’ e H-3’’. Eses hidrogênios estão presentes conforme esperado na região característica dos sinais de aromáticos. Além disso, devido a eletronegatividade do grupo trifluorometila os hidrogênios H-1” e H-4” sofrem um maior efeito de desblindagem. Por fim, o sinal de hidrogênio característico de H-triazol se mostra presente na região de δ 8.98 (s).

Considerando o resultado satisfatório, obtido nesta etapa de condensação, foram também preparados os compostos (4-bromofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (7) e 1-((1-(2-metoxifenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (8) mostrados no Esquema 3.

Os sinais característicos nas análises de RMN 1H para os hidrogênios H-7, H-6, H-5, H-4, H-CH 21’,

H-1”, H-4”, H-2”, H-3” e H-triazol estão apresentados na tabela 2, confirmando a formação dos produtos, em especial o anel triazólico, para os compostos 6-8.

Tabela 2. Deslocamentos químicos (δ) dos hidrogênios H-7, H-6, H-5, H-4, H-CH21’, H-1”, H-4”, H-2”,

H-3” e H-triazol apresentados nos espectros de 6-8.

Hidrogênio Composto 2 Composto 3 Composto 4

H-7 6,71 (d) 6,76 (d) 6,77 (d)

H-6 7,15 (t) 7,13 (t) 7,11 (t)

H-5 7,50- 7,55 (m) 7,50 (t) 7,50 (t)

H-4 7,67 (d) 7,67 (d) 7,62 (d)

H-CH21’ 5,04 (s) 5,01 (s) 4,90 (s)

Hidrogênio Composto 6 Composto 7 Composto 8

H-7 7,19 (d) 7,17 (d) 7,55 (d) H-6 7,13 (t) 7,12 (t) 7,12 (t) H-5 7,63 (t) 7,63 (t) 7,64 (t) H-4 7,58 (d) 7,58 (d) 7,55 (d) H-CH21’ 5,07 (s) 5,05 (s) 5,04 (s) H-1”, H-4” 7,95 (d), 7,95 (d) 7,76 (AB) 7,21 (d), 7,28 (d) H-2”, H-3” 8,08 (d), 8,08 (d) 7,81 (AB) 7,49 (t), 7,09 (t) H-triazol 8,98 (s) 8,86 (s) 8,50 (s)

(6)

XXI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VII Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 6

O derivado 1-((1-(4-bromofenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (7) foi preparado pelo acoplamento entre 5 e o azido comercial azido-4-bromobenzeno com um rendimento de 24,12%. A análise de RMN 1H confirmou a formação de (7) pois observa-se o sistema AB com os hidrogênios

H-1’’, H-4’’, H-2” e H-3”, onde cada um dos quatros picos aparecem como um quadrupleto, podendo se observar a simetria do sistema onde os dois hidrogênios H-1” e H-4” são idênticos um ao outro e aparecem na região de δ 7,76 (AB) com JAB 8,9 Hz e o mesmo ocorrendo com os dois hidrogênios

H-2” e H-3” que estão presentes na região de δ 7,81 (AB) com JAB 8,9 Hz. O hidrogênio do H-triazol

formado se confirma pelo sinal correspondente na região de 8,86 (s).

O derivado 1-((1-(2-metoxifenil)-1H-1,2,3-triazol-4-il)metil)indolina-2,3-diona (8), foi o último composto obtido, com um rendimento de 17,66%. A molécula possui hidrogênios característicos, como por exemplo, os pertencentes ao grupo metoxila (OCH3), o qual se apresentou no espectro de RMN1H

com deslocamento químicoem δ 3,80. Além disso, os hidrogênios do anel aromático também estavam visíveis.

Conclusão

Tanto a reação de N-alquilação quanto a reação de cicloadição 1,3-dipolar, ou cicloadição azido-alcino catalisada por Cu(I), foram convenientes para gerar os derivados da isatina com interessante diversidade estrutural, em rendimentos satisfatórios. As estruturas dos compostos inéditos obtidos foram confirmadas através de análise de RMN 1H descrita no presente trabalho. Além disso, 2

compostos testados como inibidores da tirosina quinase ABL obtiveram também resultados. Novos ensaios estão sendo realizados com os compostos inéditos derivados da isatina sintetizados e a enzima citada. Ressalta-se ainda que posteriormente haverá melhor discussão a respeito desse mecanismo de inibição enzimática.

Referências

ABBOUR, E. et al. Current and emerging treatment options in chronic myeloid leukemia. Cancer, v. 109, n. 11, p. 2171-2181, 2007.

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Referências

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