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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE SAÚDE E SERVIÇOS CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA

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DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE SAÚDE E SERVIÇOS

CURSO TÉCNICO DE METEOROLOGIA

DIANDRA MARTINS

GABRIELA MAES MOREIRA COSTA

REGINA CÉLIA DE LIMA

O WINDSURF E O VENTO NA LAGOA DA CONCEIÇÃO

FLORIANÓPOLIS

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DIANDRA MARTINS

GABRIELA MAES MOREIRA COSTA

REGINA CÉLIA DE LIMA

O WINDSURF E O VENTO NA LAGOA DA CONCEIÇÃO

Monografia apresentada ao curso técnico em Meteorologia, primeiro módulo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.

FLORIANÓPOLIS

(3)

RESUMO

Este trabalho apresenta o windsurf, um esporte que chegou ao Brasil na década de 80, e foi trazido a Florianópolis por volta do ano de 1988. É herdeiro tanto do surfe quando da navegação à vela, com a qual compartilha os mecanismos de propulsão em que se baseiam os transportes movidos pelo vento. Porém, diferencia-se destes porque o mastro faz o papel de leme, e o corpo do velejador faz parte da aerodinâmica da embarcação. Segundo o estudo, a geografia e a climatologia da Lagoa da Conceição oferecem condições que a tornam propícia à prática do esporte. Suas águas calmas são protegidas pelo relevo a cerca a Leste e Oeste, promovendo a canalização dos ventos de Nordeste e Sul.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Rosa dos Ventos...09

Figura 2: Escala Beaufort...11

Figura 3: Partes de um equipamento de windsurf...12

Figura 4: O fluxo do ar gera empuxo...15

Figura 5: Há sempre um ângulo ideal para otimizar o empuxo...16

Figura 6: A vela paneja se o ângulo for muito fechado...16

Figura 7: A vela estola se o ângulo for muito aberto...17

Figura 8: O centro de esforço...18

Figura 9: Seqüência de execução da cambada...19

Figura 10: Primeiro passo da seqüência de execução do jibe: iniciando arribada...19

Figura 11: Segundo passo da seqüência de execução do jibe: arribando...20

Figura 12: Terceiro passo da seqüência de execução do jibe: rotacionando a vela...20

Figura 13: Quarto passo da seqüência de execução do jibe: recobrando o equilíbrio...21

Figura 14: Ao final da manobra, caça-se o vento e veleja-se...21

Figura 15: Figura do mapa de Santa Catarina demonstrando a localização de Florianópolis e da Ilha de Santa Catarina...23

Figura 16: Imagem do Google Earth que mostra a Lagoa da Conceição em um ângulo de aproximadamente 45º. Observa-se os morros à esquerda e à direita, e as dunas em primeiro plano...25

Figura 17: Imagem do Google Earth que mostra a escola de windsurf Ventuus na Lagoa da Conceição...26

(5)

SUMÁRIO

RESUMO ... 2

LISTA DE FIGURAS ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 5

2 O WINDSURF E SUA HISTÓRIA ... 6

3 O VENTO... 8

3.1 Brisa Marítima e Terrestre ... 9

3.2 Escala Beaufort ...10

4 A ENERGIA DO VENTO E O WINDSURF ...12

4.1 O equipamento ...12

4.2 Como o vento movimenta o equipamento ...14

4.3 Condições para a prática do esporte ...22

5 O WINDSURF NA LAGOA DA CONCEIÇÃO ...23

5.1 Fatores que tornam a Lagoa da Conceição um lugar adequado para a prática do esporte...24

6 CONCLUSÃO ...28

(6)

1 INTRODUÇÃO

A compatibilidade entre o esporte e o lugar onde se pretende experienciá-lo é essencial para que a prática resulte em prazer. Cada modalidade no mundo esportivo necessita de equipamentos e localização adequados para que o praticante consiga realizar as especificidades exigidas pelo esporte. Neste trabalho o assunto abordado será essa relação entre o esporte e o lugar, com ênfase nos aspectos atmosféricos deste.

O desenvolvimento do tema basear-se-á na prática do windsurf na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e em paralelo tratará de uma das ferramentas mais relevantes para se exercer o desporto: o vento e sua influência. O assunto estudado visa apresentar equipamentos e funcionalidades consistentes no esporte em questão e descrever o mecanismo de captação de energia do vento pela vela e como ela impulsiona o equipamento sobre a água. A metodologia utilizada é levantamento bibliográfico, realização de entrevista, visita ao local em que o esporte é praticado, observações in loco e experiência empírica.

Com o intuito de apresentar a Lagoa da Conceição como um bom lugar para prática da atividade, serão descritas as condições de vento que o local oferece, além de um breve histórico do esporte em Florianópolis.

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2 O WINDSURF E SUA HISTÓRIA

O windsurf é um esporte aquático cujo equipamento consiste em uma prancha à vela. Seu surgimento baseou-se tanto no surfe quanto na navegação a vela, e teve seu ápice na década de 1980.

Segundo o portal da Associação Brasileira de Windsurf – ABWS, a primeira tentativa de unir vela e prancha aconteceu em 1935 no Hawaii. O surfista Tom Blake acoplou uma vela a sua longboard e denominou o novo equipamento como sailboard.

O primeiro protótipo do que viria a ser o atual equipamento de windsurf foi feito em 1963 pelo casal americano Newman e Naomi Darby, ele, velejador e ela, canoísta. O projeto não teve êxito, devido ao alto custo de produção e de patenteamento.

Cinco anos depois, os californianos Jim Drake (engenheiro aeroespacial) e Hoyle Schweitzer (empresário e surfista) conseguiram patentear a criação do casal Darby, e denominaram-na windsurf. Conforme Jones (1982),Drake foi o responsável pela resolução das dificuldades ligadas à aerodinâmica e ao funcionamento da embarcação. Seu maior problema era como conferir um leme a um equipamento que tem somente uma prancha e uma vela. Tal questão foi resolvida com um mastro articulado que fazia então a função do leme, ao tempo que hasteava uma vela com retranca dos dois lados. O velejador, de pé, poderia estar em qualquer um dos dois lados da vela, de acordo com a direção do vento.

Em 1970 a dupla fundou a marca Windsurfer, que produziu os primeiros equipamentos em fibra de vidro. Posteriormente passaram a utilizar polietileno da Dupont. No mesmo ano, a empresa holandesa Tencate adquiriu a licença para fabricar o equipamento na Europa. Em pouco tempo, o esporte alastrou-se pelo continente europeu, em águas lisas e pouco vento.

Em 1978, Mike Waltze, durante uma viagem ao Hawaii, velejou em águas agitadas e com presença de ventos fortes. A ousadia do windsurfista impulsionou o surgimento de adaptações e variações de tamanho, volume e resistência do aparelhamento.

A década de 80 representou o ápice do windsurf como esporte olímpico. Foi reconhecido em 1984 pelo Comitê Olímpico Internacional, o que possibilitou que figurasse entre as competições daquele ano.

(8)

De acordo com o Portal da Associação Brasileira de Windsurf - ABWS, o windsurf surgiu no Brasil, no final da década de 70, trazido pelos praticantes Klaus Peters, Marcelo Aflalo e Leonardo Klabin. Em 1981, ficou conhecido por meio da abertura da novela “Água Viva”, exibida pela Rede Globo, e dos eventos “Hollywood Vela”, realizados em praias de todo o país. Em 1984, os windsurfistas brasileiros criaram representação de classe na Confederação Brasileira de Vela e Motor - CBVM, por meio da criação da Associação Brasileira de Prancha e Vela, hoje ABWS.

(9)

3 O VENTO

Para um entendimento mais refinado referente ao esporte em questão, é importante que se tenha conceitos básicos sobre o vento. Sempre ao sair de casa olha-se para as árvores com intuito de estabelecer um diagnóstico do dia, caso as folhas estejam se movendo é porque há vento. A partir desse princípio entende-se que os movimentos do ar atmosféricos possuem direção e velocidade e podem ocorrer “[...] naturalmente no interior de um fluido, à superfície ou a grandes alturas” (CARDOSO e NASCIMENTO, 2010).

Os movimentos do ar acontecem devido a diferenças entre valores de pressão atmosférica (gradiente de pressão). O vento move-se a partir de um centro de alta pressão atmosférica para um centro de baixa pressão atmosférica. Quanto maior for o gradiente de pressão, ou seja, a diferença entre a alta e a baixa pressão, maior é a velocidade do vento. Os centros de alta pressão são chamados anticiclones, e os centros de baixa pressão, ciclones.

As diferenças de pressão na atmosfera ocorrem devido às diferenças de temperatura na superfície do planeta. A energia térmica da atmosfera tem origem na radiação solar, que não incide uniformemente sobre toda a superfície terrestre, de modo que algumas regiões recebem mais radiação do que as outras. É A diversidade no momento da absorção da energia solar em diferentes lugares da Terra que ocasiona os gradientes de pressão que, por sua vez, geram o movimento do ar (<http://www.iag.usp.br/siae98/meteorologia/dinamica.htm>, acesso em: 12 setembro de 1010). Os ventos nada mais são do que a conversão de energia térmica em energia cinética, na “tentativa” de a atmosfera alcançar o equilíbrio termodinâmico.

A partir desta explanação de como ocorre o vento, pode-se discorrer agora sobre a direção de sua origem: “A direção do vento exprime a posição do horizonte aparente do observador a partir da qual o vento parece provir (ou seja: de onde o vento sopra), e nunca para onde o vento estaria indo”. (VAREJÃO, 2006, p. 259). A aferição é feita com base em pontos cardeais e colaterais (como na figura 1), a que correspondem graus (azimute), tomados por meio do sistema de coordenadas horizontal local.

(10)

Disponível em: < http://www.iag.usp.br/siae98/meteorologia/dinamica.htm>. Acesso em: 12 setembro de 2010.

Figura 1: Rosa-dos-ventos permite apontar a direção do vento. Vento SW vem de Sudoeste e locomove-se em direção ao Nordeste; vento N vem de Norte em direção ao Sul.

O vento é caracterizado por dois parâmetros, a direção, que foi abordada acima, e a velocidade, que pode ser expressa em três unidades de medida: metros por segundo (m/s), quilômetros por hora (km/h) e knots (kt) (nós). O último, freqüentemente utilizado no meio naval, equivale a uma milha náutica por hora, isto é, 1852 m/h (VAREJÃO, 2006, p. 260).

Além da rosa-dos-ventos desenhada em uma bússola, também existem outros instrumentos com finalidade de se obter não apenas direção como velocidade do vento. Segundo Varejão-Silva (2006, p. 262), são denominados anemógrafos ou anemômetros, o que difere um do outro é a maneira como é feito o registro. Os instrumentos podem conter saída analógica, digital ou ambas.

3.1 Brisa Marítima e Terrestre

Sabe-se que em um dia ensolarado de verão a areia da praia aquece mais rápido que o mar. Sendo assim, forma-se um centro de alta pressão sobre a água e um de baixa pressão sobre a terra. O vento então sopra do mar para a terra (vento maral) e forma-se a brisa marítima.

Observa-se que para ocorrer a brisa terrestre inverte-se o processo. Como à noite o mar permanece aquecido, o ar que se encontra acima dele é quente e então é deslocado pelo ar frio

(11)

(mais pesado) proveniente da terra (areia), formando a brisa terrestre (vento terral). Consoante o autor Varejão-Silva (2006, p. 312), “a brisa terrestre é, em geral, mais fraca que a marítima”. Às vezes nem são perceptíveis.

No Nordeste do Brasil, por exemplo, onde os ventos alísios são persistentes e intensos durante todo o ano, quase sempre as brisas apenas contribuem para mudar um pouco a direção e a velocidade daqueles. Dependendo da orientação da costa, a velocidade do vento, resultante da superposição alísio-brisa, pode ser maior ou menor que a do alísio. (VAREJÃO-SILVA, 2006, p. 312)

3.2 Escala Beaufort

Em 1805, o almirante Francis Beaufort inventou uma escala de classificação dos ventos segundo o efeito por eles causado, que ficou denominada Escala Beaufort (LAW, 1979). Conforme figura 2, a escala vai de 0 (calmaria) a 12 (furacões e ciclones tropicais), e muito auxilia a navegação à vela.

(12)

Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ventos/ventos-3.php>, acesso em: 3 outubro de 2010.

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4 A ENERGIA DO VENTO E O WINDSURF

4.1 O equipamento

A partir da enumeração de Bond e Mathias (1983), é possível reconhecer 16 partes de um equipamento de windsurf, como demonstra a figura 3: prancha, vela, mastro, retranca, quilha, bolina, pé de mastro com junta universal, valuma, tala, janela, manga, puxão, e os cabos de esteira, de amarração, da testa e de segurança.

Fonte: Bond e Mathias, 1983.

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Começar-se-á a descrição pela prancha e pela vela, elementos que conferem identidade ao esporte e evidenciam sua origem tanto no surfe quanto na navegação à vela.

A prancha é semelhante à de surfe, com grande variedade de formatos e tamanhos. Até o início da década de 90, utilizava-se prancha de regata, que permitia poucas manobras. A partir de então, começaram a surgir os modelos modernos. As pranchas pequenas medem até 3m; as médias, entre 3m e 3,5m; as grandes, acima de 3,5m. Seu volume é medido em litros. As longas locomovem-se bem contra o vento e em ventos fracos. Quanto menor e mais leve for a prancha, maior é a possibilidade de realizarem-se manobras diferentes (< http://acw.esp.br>, acesso em: 31 agosto de 2010). O material de que é produzida é carbono e Divinicell, e seu interior é preenchido por isopor com resina epóxi.

A vela é triangular, com uma manga na lateral, onde se encaixa o mastro. É responsável por captar a energia do vento e impulsionar o equipamento. Dentre vários tipos e tamanhos, as mais comuns têm entre 3m2 e 12m2 (< http://acw.esp.br>, acesso em: 31 agosto de 2010).

Além dos dois elementos principais, há os elementos acessórios. A quilha é ajustada na parte de trás, embaixo da prancha. Tem função de ajudar a direcionar o equipamento e de auxiliar a prancha a vencer a resistência da água.

A bolina é uma chapa retrátil encaixada numa fenda também na parte de baixo da prancha, um pouco atrás do ponto do mastro (BOND e MATHIAS, 1983). Auxilia o velejador a direcionar-se contra o vento, pois é projetada para se mover com rapidez para frente e com dificuldade para os lados (< http://acw.esp.br>, acesso em: 31 agosto de 2010). Seu uso foi praticamente abandonado, devido à tecnologia aplicada no desenvolvimento das novas pranchas e ao fato de a peça limitar consideravelmente a velocidade. É mais utilizada por iniciantes, por conferir maior estabilidade ao equipamento.

O mastro é feito para ser flexível, de acordo com a força que o vento aplica sobre a vela. No início da década de 80 era feito de plástico ou de alumínio (BOND e MATHIAS, 1983). Hoje em dia, é usado o carbono, material muito mais leve. Tem função dupla: serve tanto para hastear a vela quanto para fazer papel de leme, conferindo direção ao equipamento.

A junta do mastro é um suporte giratório que une o pé do mastro à prancha e permite que este seja rotacionado em todas as direções (BOND e MATHIAS, 1983).

A retranca envolve a vela. É presa ao mastro por uma armação e à parte posterior da vela (punho) pelo cabo de esteira, que é regulável (BOND e MATHIAS, 1983). Também é constituída de carbono. É o ponto de união entre o equipamento e o velejador, cujo corpo praticamente faz parte da aparelhagem, uma vez que seu próprio peso é utilizado para equilibrar e posicionar a vela.

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O puxão é uma espécie de corda que fica presa à dianteira da retranca e ao pé do mastro. É usado para levantar a vela da água.

O cabo da esteira é regulável e tensiona a parte de trás da vela. Sua ação conjunta com outro cabo que há unindo o ponto mais abaixo da vela com o mastro permite que a vela seja afrouxada (para ventos fracos) ou esticada (para ventos fortes). Por fim, o cabo da retranca une o mastro ao ponto mais dianteiro da retranca.

4.2 Como o vento movimenta o equipamento

Como toda a embarcação a vela, o equipamento de windsurf pode velejar em todas as direções, exceto contra o vento. O ângulo máximo com que o velejador consegue orçar (velejar a contravento) é 450 com relação à direção do vento. Para alcançar um local que esteja a barlavento do windsurfista, é necessário que se faça um percurso em zigue-zague, sempre orçando. Por meio da explicação deste capítulo sobre como a vela movimenta a prancha, poder-se-á compreender como isso é possível.

O que confere direção à prancha é o mastro, que ao ser inclinado para a frente, faz com que a proa vire a favor do vento, e ao ser posicionado para trás, direciona a proa contra o vento. Como explica Winner (1982, p. 73), “a inclinação do mastro para frente e para trás vira a prancha porque o vento faz a vela atuar como uma alavanca, levando o casco a girar ao redor da bolina”. Portanto, a resultante das forças que atuam sobre a vela, tanto originárias do vento quanto dos movimentos do braço e do peso do velejador, é transferida para o mastro que, por sua vez, transfere-as para a prancha. É assim que o mastro informa à prancha aonde o velejador deseja ir.

A ação do vento sobre a vela se dá da seguinte forma: o fluxo de vento, ao alcançar a vela, divide-se em dois, como demonstra a figura 4. Uma parte do fluxo segue a sotavento, e a outra, a barlavento. A sotavento o ar é acelerado pela curvatura convexa da vela. A barlavento, o ar pode exercer uma força de pressão suficiente para gerar o empuxo necessário que impulsiona o equipamento, pois é retido sobre a face côncava da vela. A diferença de pressão a sotavento e a barlavento provoca o empuxo, “(...) que é gerado perpendicularmente a uma linha traçada do mastro ao punho da vela” (WINNER, 1982, p.74). O punho da vela é a sua ponta mais dianteira.

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Fonte: Winner, 1982.

Figura 4: O fluxo do ar gera empuxo.

Como pode-se visualizar na figura 5, há sempre um ângulo entre a vela e o vento que otimiza o empuxo para cada situação e direção (LAW, 1979). Quanto mais fechado o ângulo, mais a contravento veleja-se. Se este arco for muito fechado, a vela “paneja”, isto é, sua parte dianteira treme e não é utilizada para gerar propulsão, como na figura 6. Quando, ao contrário, o ângulo é muito aberto, a vela “estola”, como demonstra a figura 7. Neste caso o ar não flui suavemente pela superfície a sotavento, o que gera redemoinhos. Isso diminui a diferença de pressão entre o lado barlavento e o sotavento, e o empuxo torna-se cada vez menos eficiente.

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Fonte: Winner, 1982.

Figura 5: Há sempre um ângulo ideal para otimizar o empuxo.

Fonte: Winner, 1982.

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Fonte: Winner, 1982.

Figura 7: A vela estola se o ângulo for muito aberto.

O que Winner (1982) denomina “centro de esforço” é um ponto imaginário na vela onde encontram-se todas as forças que nela atuam (figura 8). O “centro de resistência”, por sua vez, encontra-se sob a prancha, aproximadamente um pouco atrás do pé de mastro. Ao velejar-se no ângulo ótimo para captar energia da vela, o centro de esforço encontra-se aproximadamente no centro desta, e exatamente sobre o centro de resistência. Ao panejar, o centro de esforço é deslocado para trás, e acaba posicionado também além do centro de resistência. A vela orça, ou seja, tende a mover-se a contravento. Ao panejar, o centro de esforço é deslocado para frente, ou seja, aquém do centro de resistência. A vela arriba, ou seja, move-se cada vez mais a favor do sentido do vento. Se o velejador acentuar esse ângulo, a vela “sai” do vento.

Para velejar de vento em popa, é preciso que o velejador esteja de costas para o vento e movimente a vela de um lado para o outro. Essa ação é necessária porque, como foi dito, ao arribar-se muito acentuadamente, a vela sai do vento, o que torna impossível manter uma mesma arribada eternamente. Portanto, é preciso continuamente arribar a vela e depois

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movê-la para o movê-lado oposto, para que se possa arribar novamente, ou seja, movimentá-movê-la de um movê-lado para o outro.

Fonte: Winner, 1982.

Figura 8: O centro de esforço.

A cambada e o jibe são manobras por meio das quais o velejador inverte o sentido do movimento e pode voltar aonde estava. Basicamente, ele gira a vela sobre a prancha e “troca de lugar” com ela. Ao cambar, o velejador inicia seu movimento por meio de uma orçada acentuada, e quando a prancha aponta para o sentido do vento, ele gira a vela e caminha ao redor do mastro. O velejador passa pela frente, e a vela, por trás (figura 9). No jibe, ele começa com uma arribada acentuada, e quando a vela está saindo do vento, ele a gira rapidamente, e depois “caça” o vento. A vela passa pela frente, e o velejador, por trás (figuras 10, 11, 12, 13 e 14).

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Disponível em: <http://www.oriodejaneiro.net/esporteswindicas.htm>. Acesso em: 2 novembro de 2010. Figura 9: Seqüência de execução da cambada.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=XecVsTGLXTk&feature=related>. Acesso em: 2 novembro de 2010.

(21)

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=XecVsTGLXTk&feature=related>. Acesso em: 2 novembro de 2010.

Figura 11: Segundo passo da seqüência de execução do jibe: arribando.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=XecVsTGLXTk&feature=related>. Acesso em: 2 novembro de 2010.

Figura 12: Terceiro passo da seqüência de execução do jibe: rotacionando a vela.

(22)

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=XecVsTGLXTk&feature=related>. Acesso em: 2 novembro de 2010.

Figura 13: Quarto passo da seqüência de execução do jibe: recobrando o equilíbrio.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=XecVsTGLXTk&feature=related>. Acesso em: 2 novembro de 2010.

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Finalmente, para velejar a contravento (em zigue-zague), é preciso ter paciência, pois o percurso é lento. O que se faz é sempre orçar e cambar, voltar a orçar e cambar novamente, assim sucessivamente até que se chegue ao destino almejado.

4.3Condições para a prática do esporte

Para conhecer a prática do esporte e deste na Lagoa da Conceição, entrevistou-se Paulo Henrique Fittipaldi Barra, instrutor da escola de windsurf Ventuus e praticante há 30 anos. O instrutor informou que a velocidade mínima de vento que permite a prática do esporte é 12

knots. Experiências empíricas, entretanto, demonstram que é possível velejar em ventos de

velocidade mínima de 4 ou 5 knots, e o windsurfista, quando questionado, afirma que, de fato, iniciantes começam a velejar em velocidades muito inferiores. Winner (1982) dedica um capítulo de seu livro a orientar aqueles que já adquiriram confiança e sensibilidade com a vela e agora querem ultrapassar a “barreira dos 8 knots”.

Não há limite máximo de velocidade para este que é, segundo Paulo, o esporte aquático mais veloz até os dias atuais. No entanto, turbulências e redemoinhos muito freqüentes dificultam e podem até impossibilitar o velejo. Um velejador sensível às forças atuantes na vela consegue manter-se em equilíbrio mesmo quando apanhado por uma rajada, em movimentos de folgar ou contrair os braços, firmar o mastro na vertical ou soltá-lo ou pendurar-se na retranca.

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5 O WINDSURF NA LAGOA DA CONCEIÇÃO

A Lagoa da Conceição é, na verdade, uma laguna, pois foi formada pelo represamento de um corpo d’água salobra ocasionado pelo recuo do nível do mar. Localiza-se na Ilha de Santa Catarina (figura 15) e denomina um dos principais bairros turísticos e históricos de Florianópolis. A localidade é ponto de encontro de jovens, boêmios, esportistas, lojistas, pescadores e rendeiras da região.

Disponível em: <http://www.ciasc.gov.br. Acesso em: 5 novembro de 2010.

Figura 15: Figura do mapa de Santa Catarina demonstrando a localização de Florianópolis e da Ilha de Santa Catarina. Fonte: Mapa interativo CIASC.

O windsurf na Lagoa surgiu associado ao movimento turístico e econômico da avenida das Rendeiras e do centro comercial da Lagoa. Paulo conta sobre a história do windsurf no bairro. Ele e mais nove pessoas foram os veteranos na prática do esporte em Florianópolis há 22 anos, utilizando os velhos e pesados equipamentos da década de 80. As pioneiras velejadas ocorreram no mar (windsurf wave). Paulo afirma que introduziu o velejo em águas calmas

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(slalom) na cidade, o que fez com que, a partir de então, quando as condições atmosféricas não eram apropriadas ao velejo na praia, as pessoas praticavam o esporte na laguna.

A primeira loja da cidade foi um empreendimento do velejador conhecido como Pingüim, que a instalou no shopping Aderbal Ramos da Silva (ARS), situado no centro da capital. Depois de Pingüim, os velejadores Pedro Paulo e o Claudio Vasconcellos foram os próximos a abrir uma loja, dessa vez na avenida das Rendeiras, no terreno em que hoje está um restaurante.

Em 1992, Paulo inaugurou na avenida Afonso Delambert Neto a loja Open Winds. Após dois anos, a loja foi transferida para a avenida das Rendeiras, quando passou a sediar a primeira escolinha de windsurf e guarderia da cidade. A idéia da guarderia surgiu porque muitas pessoas eram impedidas de praticarem o esporte por não terem onde guardar o equipamento. A loja permaneceu aberta ao público até 2008. O mesmo lugar foi aproveitado pelo windsurfista Macelo “Torero” para a instalação de uma nova escola e guarderia, a

Ventuus.

Hoje, a Lagoa da Conceição conta com dois clubes de windsurf e kite surf, a Ventuus e a

Windcenter, esta localizada na rua Rita Lourenço da Silveira. Há duas etapas do campeonato

catarinense que são realizadas no bairro, cada qual promovida por um dos clubes.

O windsurf tem disputado desde 2006 o interesse dos novos velejadores catarinenses com o kite surf, esporte em que o praticante é suspenso por uma grande pipa à qual é preso por cordas de 30 metros e “esquia” sobre a água com uma prancha semelhante à de snowboard. No entanto, o windsurf é um esporte consagrado, pois já superou a fase do mero modismo. Suas competições têm tradição e regularidade, e o atual campeão mundial na categoria wave é morador da Lagoa da Conceição: Kauli Seadi.

5.1 Fatores que tornam a Lagoa da Conceição um lugar adequado para a prática do esporte

Os principais sistemas atmosféricos influentes na circulação do ar na Lagoa da Conceição são o anticiclone do Atlântico Sul, que constitui a Massa Tropical Atlântica, e os anticiclones

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migratórios polares, ou Massa Polar Atlântica (MONTEIRO, 2001). Esses dois centros de ação ocasionam os ventos de Nordeste e de Sul, respectivamente. A Massa Tropical Continental também atua na região, porém em menor grau. Além disso, há o relevo que circunda a laguna, o que a protege dos ventos de oeste.

Há um fato isolado, porém curioso, sobre a história dos ventos já observados pelos windsurfistas da Lagoa. Conta Paulo que o vento mais veloz velejado por eles na região aconteceu em um mês de maio da década de 90, quando foram registrados ventos entre 40 e 45 knots, e que sopravam de oeste.

A laguna está assentada sobre terreno sedimentar limitado a leste e a oeste por morros formados por rochas graníticas (CASTILHOS, 1997), como se pode observar na figura 16. Paulo conta que essas elevações do relevo provocam uma canalização dos ventos sul e nordeste, aumentando suas velocidades e tornando a prática do windsurf mais propícia.

Disponível em: <http://www.maps.google.com>. Acessso em: 5 novembro de 2010.

Figura 16: Imagem do Google Earth que mostra a Lagoa da Conceição em um ângulo de aproximadamente 45º . Observa-se os morros à esquerda e à direita, e as dunas em primeiro plano.

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A escola de windsurf Ventuus, como se visualiza na figura 17, fica próxima às dunas, essa área esbranquiçada ao sul do clube. Observa-se que o formato do depósito eólico acompanha a direção de movimento do vento sul (CASTILHOS, 1997).

Disponível em: <http://www.maps.google.com>. Acessso em: 5 novembro de 2010.

Figura 17: Imagem do Google Earth que mostra a escola de windsurf Ventuus na Lagoa da Conceição.

Segundo pode-se aferir da descrição climática de Monteiro (2001) para Santa Catarina, o outono é a estação em que ocorrem mais situações de estabilidade atmosférica, o que é conhecido na região como “veranico de maio”. Paulo confirma a climatologia de Monteiro (2001) ao afirmar que a pior época para a prática do esporte é entre os meses de abril e junho. Para o windsurfista, a melhor época para velejar é a primavera, quando se intensificam os ventos de nordeste.

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O instrutor ainda informa que os velejadores da Lagoa da Conceição utilizam-se das previsões do Centro de Previsão de Tempo e Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) e de observações empíricas. Não consultam dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) nem da Rede Brasil Sul de telecomunicação (RBS).

As condições geográficas da Lagoa da Conceição, portanto, propiciam seu uso para a prática do windsurf.

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6 CONCLUSÃO

Ao iniciar-se esta pesquisa, visava-se ao objetivo geral de “analisar a influência do vento na prática do windsurf”. A Lagoa da Conceição era apenas o ambiente em que a equipe observaria essa influência.

No decorrer da pesquisa, deixou-se de considerar a Lagoa como mero local de observação e passou-se a vê-la como mais um objetivo. Além de descrever como o vento possibilita a prática do esporte, o foco também abarcou a forma como o esporte insere-se no ambiente, este tomado não mais como um simples laboratório onde há vento, mas sim como um dos principais pontos de atenção do trabalho.

A Lagoa da Conceição, tanto nos seus aspectos climáticos quanto nos seus aspectos geomorfológicos e sócio-econômicos, é um ambiente propício para a prática do esporte. Os investimentos econômicos na Lagoa possibilitaram a instalação dos clubes de windsurf, assim como estes hoje otimizam a exploração do turismo na região.

Pôde-se observar com muita clareza o papel da força de fricção no escoamento do ar, ou seja, a influência que as limitações orográficas exercem sobre os ventos. Além disso, ficou indubitável a importância das previsões meteorológicas na prática esportiva. Em contrapartida, muito instigou a equipe o fato de os velejadores da Lagoa utilizarem prognósticos de um centro de previsões que não se localiza próximo à região, uma vez que a EPAGRI é mais próxima e trabalha com o foco muito mais voltado para Santa Catarina do que o CPTEC/INPE.

O trabalho foi muito bem sucedido ao explicar como o vento impulsiona o equipamento, o que permitiu ao grupo visualizar o que se sabe sobre vetores e resultante de forças. A fundamentação teórica delimitada no projeto da pesquisa (termodinâmica e mecânica dos fluidos, conceitos de vetores, força e alavanca e climatologia) foi suficiente para promover a compreensão da mecânica do esporte em questão.

A maior limitação que os autores enfrentaram foi a falta de disponibilidade de tempo (neste caso, cronológico). Os membros do grupo gostariam de ter mais contato empírico com o esporte, mas não foi possível agendar datas para praticá-lo.

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O trabalho deu sentido ao estudo da meteorologia, da física e da mecânica. Ficam como propostas para próximas pesquisas a realização de uma climatologia da Lagoa da Conceição, a influência do vento na prática de outros esportes, o windsurf em outras localidades e ventos locais na Lagoa da Conceição.

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REFERÊNCIAS

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