• Nenhum resultado encontrado

Introdução...3 Agradecimentos...4 Sumário Executivo...5 Contexto e objectivos gerais...15 Metodologia do Inquérito...16 Capítulo 6.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Introdução...3 Agradecimentos...4 Sumário Executivo...5 Contexto e objectivos gerais...15 Metodologia do Inquérito...16 Capítulo 6."

Copied!
122
0
0

Texto

(1)

Introdução ...3

Agradecimentos ...4

Sumário Executivo...5

Contexto e objectivos gerais ...15

Metodologia do Inquérito ...16

Capítulo 6. Características da população do inquérito...17

Capítulo 7. Nível de Participação Política ...24

7.1 Conhecimento do direito de voto como expressão de participação política...24

7.2 Intenção do exercício do direito de voto nas próximas eleições...25

7.3 Grau de importância das eleições autárquicas e nacionais ...28

7.4 Sobre a importância das eleições locais...31

7.5 Propensão para aceitar um cargo político e nível de conhecimento sobre

eleições...32

7.6 Participação política activa e filiação partidária ...34

7.7. Perfil dos candidatos a cargos políticos ...36

Capítulo 8. Nível de expectativas /percepções das eleições e mobilidade política ...40

8.1 Atitudes perante as eleições legislativas e presidenciais ...40

8.2 Mobilidade política ...42

8.3 Expectativa comparada da validade/ justeza das novas eleições ...45

8.4 Processo de democratização aprofundado e eleições livres e justas...47

Capítulo 9. Percepções dos cidadãos sob os actores políticos e confiança nas

instituições ...49

9.1. Percepções dos cidadãos em relação aos partidos políticos...49

9.2. Confiança dos potenciais eleitores nas instituições ...54

9.3 Síntese das percepções de confiabilidade institucional ...59

Capítulo 10. Atitudes e percepções sobre a prestação de serviços públicos...62

10.1. Dificuldade na obtenção dos serviços públicos ...62

10.2 Cobertura dos serviços sociais e de segurança ...70

13.3 Qualidade dos serviços públicos...71

13.4 Informalização dos serviços públicos ...71

13.5 Preços dos serviços prestados pelo Governo ...73

Capítulo 11. Determinantes da tendência de voto ...76

11.1 Factores que influenciam o processo de decisão de voto ...76

11.2 Previsibilidade de Mobilidade política ...79

11.3 Previsibilidade de votar nas próximas eleições ...79

11.4 O respondente perante os desafios da mudança...80

11.5 A influência ou aconselhamento no processo de decisão do voto ...83

12. Os Medias e as eleições ...84

12.1 Acesso à Informação...84

12.2 Papel da Comunicação Social nas próximas eleições...87

Capítulo 13. Questões de Política Económica e Social que podem configurar as

Campanhas Políticas ...92

13.1. Alimentação ...93

13.2. Saúde e SIDA...95

13.3. Emprego...98

13.4. Educação...99

13.5. Abastecimento de água ...101

Capítulo 14. Género e Participação Politica ...103

14.1 Genéro e percepção da participação política ...103

(2)
(3)

Introdução

O Instituto Republicano Internacional (IRI) congratula-se pela oportunidade de se

encontrar em Angola nesta fase importante da história da nação. Convidado pelo

Governo de Angola através do Departamento de Estado dos Estados Unidos e da

Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, a missão do IRI é

a de apoiar a educação e o treinamento dos partidos políticos em Angola, na

preparação das próximas eleições.

Visando este objectivo, temos o prazer de apresentar os resultados de uma pesquisa

nacional, encomendada no início deste ano. A nossa expectativa é que o governo, os

partidos políticos, e as organizações da sociedade civil, considerem esta informação

não apenas interessante mas também valiosa para a compreensão das atitudes e das

opiniões dos cidadãos sobre as eleições passadas e as futuras, e as questões e

preocupações que são importantes para eles.

Gostariaamos de agradecer a contribuição de todos os que apoiaram este projecto,

incluindo o Departamento de Estado dos Estados Unidos e a Agência dos Estados

Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Especial reconhecimento vai para o

nosso parceiro local neste projecto, o A-IP, cujo trabalho demonstra alta qualidade e

profissionalismo. Estamos profundamente agradecidos a todos os nossos parceiros.

Robert

Miller

Christine

Wilkins

(4)

Agradecimentos

A realização deste estudo sobre as expectativas dos angolanos em relação às próximas

eleições envolveu um vasto conjunto de participantes. O A-IP, Instituto de Pesquisa

Económica e Social, aproveita a oportunidade da apresentação deste relatório para

manifestar publicamente o seu reconhecimento a todos quantos contribuíram para a

realização desta pesquisa.

Aos Governadores, Administradores Municipais e outros funcionários da

Administração pública do Estado nas Províncias de Luanda, Malanje, Uíge,

Lunda-Sul, Huambo, Benguela e Huíla, pela disponibilidade na criação de condições para a

realização da pesquisa nas respectivas áreas de jurisdição.

Aos integrantes das equipas – coordenadores, supervisores e inquiridores, pela

dedicação, perseverança e cuidado dedicados á realização da pesquisa.

Ao Instituto Republicano Internacional, IRI, pela oportunidade criada pelo

financiamento deste estudo, numa altura em que o País se prepara para a realização do

segundo acto eleitoral.

(5)

Sumário Executivo

Algumas das conclusões gerais do estudo mostram que Luanda constitui um mundo sociológico político distinto das Outras Províncias do país. Os respondentes de Luanda são no geral mais propensos a mudanças políticas comparativamente aos outros respondentes. A diferença fundamental entre os dois grupos de respondentes esta no nível de percepção com relação a algumas questões chave da actualidade Angolana embora estruturalmente os problemas de desenvolvimento sejam idênticos entre os dois grupos. Outra conclusão geral é que as próximas eleições serão disputadas mais na base dos comportamentos de partidos e candidatos do que nas ideias e programas dos mesmos. Uma das implicações disto poderá ser que o desenho de estratégias políticas específicas ás diferentes necessidades dos clientes político possa ser uma solução mais adequada.

Nível de Participação Política

A maioria dos respondentes, 93 em cada 100, entende o acto de votar como o exercício de um direito de cidadania. A diversidade regional da amostra, Luanda e Outras Províncias, e o sexo do respondente, não constituem factores decisivos na percepção diferenciada pelos respondentes. Contudo é entre os respondentes rurais, 10,3% dos respondentes que prevalece o sentimento que votar é uma obrigação imposta pelo governo. Igualmente, 16 % dos analfabetos têm a mesma percepção.

Oitenta e seis em cada cem respondentes da amostra com idade legal de voto em 1992 exerceram o seu direito de voto em 1992. Eles constituem na amostra um pouco acima de metade, 54,8% ou seja são os velhos eleitores. Cerca de 68 em cada cem respondentes manifestaram a sua intenção de votar nas próximas eleições. A percentagem de indecisos, 22,8 % que ainda não decidiram se irão ou não votar, representa o sub-conjunto de eleitores a serem conquistados pelas plataformas eleitorais dos partidos políticos, apresentadas ao público durante a campanha eleitoral.

A comparação entre os padrões de comportamento de voto no acto eleitoral de 1992 e as actuais respostas dos respondentes, um proxy de comportamento às futuras eleições parlamentares mostra que:

• 86 % dos inquiridos desta amostra com idade legal de voto em 1992 exerceram o seu direito de voto em 1992;

• Em meados de 2003, 67,7% dos respondentes declaravam a sua intenção de votar nas próximas eleições;

• a diferença actual de 18,3 % traduz a perda actual previsional do nível de participação política no futuro acto eleitoral.

O padrão de resposta dos respondentes sob a questão de decisão de voto nas próximas eleições é idêntico entre Luanda e as Outras Províncias. Já em 1992 entre Luanda e as Outras Províncias o padrão de participação foi idêntico entre os respondentes. Os resultados indicam o comportamento de voto nas futuras eleições entre novos e velhos eleitores, os que votaram e não votaram em 1992:

• Os novos eleitores estão menos propensos a não votar que os velhos eleitores, um diferencial de 13.5%;

• O nível de absentismo entre os respondentes de Luanda é superior ao das Outras Províncias. 14 % dos respondentes afirmam que não irão votar.

• O nível de indecisão entre os novos e velhos eleitores é relativamente maior entre os novos eleitores. As Outras Províncias apresentam o maior nível de indecisos entre os novos eleitores.

(6)

Sob o ponto de vista das habilitações literárias, os respondentes apresentam o mesmo padrão de participação política de 1992 com relação às próximas eleições. No que respeita aos padrões de resposta atendendo à auto-avaliação do status sócio-económico dos respondentes, verificou-se uma tendência decrescente na participação, proporcionalmente inversa à melhoria da situação social e económica dos inquiridos. Relativamente às próximas eleições, os padrões de resposta apontam para um decréscimo na participação dos grupos auto-avaliados como “muito pobre” a “remediado, onde também se encontram os maiores níveis de indecisão. Os resultados do estudo mostram que 61 em cada 100 respondentes consideram a guerra como um factor que pode influenciar o voto; 29 em cada cem pensam que o resultado das eleições pode influenciar o voto, e para 40 em cada 100, o que ouviu e viu, influenciará o seu voto.

Grau de importância das eleições autárquicas e nacionais

Um total de 64% dos respondentes não sabe ou não ouviram falar em eleições locais. Comparativamente às Outras Províncias, Luanda (38,5%) apresenta um maior nível de conhecimento. Os respondentes da área urbana possuem um maior conhecimento sob eleições locais e os rurais o menor. O menor conhecimento encontra-se entre os mais jovens (18/25 anos), logo seguido dos mais velhos, com mais de 60 anos. Os homens (37,9%) manifestam um maior conhecimento do que as mulheres (28,1%). Maior o nível de escolaridade formal, maior o conhecimento sobre eleições locais. Os grupos auto-designados de “pobres” e “muito pobres” possuem um menor conhecimento sobre eleições locais.

Metade dos respondentes com conhecimento sobre as eleições locais considera que as mesmas são tão importantes quanto as eleições nacionais. Quase um terço considera que são mais importantes. Cerca de 70 em cada cem respondentes da amostra manifestaram preferência em votar nas eleições legislativas. Esta tendência parece confirmar-se pelo facto de que mesmo entre os respondentes com conhecimento sobre as eleições locais, um pouco acima de metade 53 % mantem a preferência por votar nas eleições legislativas. Há uma maior propensão entre os respondentes por parte daqueles que têm maior conhecimento sobre as eleições locais em aceitar um cargo político. A sequência do calendário para a realização das eleições, gerais/nacionais e locais, mostra que 70,9% dos respondentes considera que as eleições locais deveriam anteceder as eleições gerais, nacionais, para o legislativo e o executivo.

Status de filiação partidária

Trinta e quatro em cada cem respondentes tinham uma afiliação política; um quinto teve uma afiliação política no passado. A maioria, sessenta, em cada cem não possui alguma afiliação política. O estudo permitiu identificar os perfis socio-demográficos dos respondentes simpatizantes, militantes, ex-membros de partidos e os sem nenhuma filiação partidária, perfil de candidatos a cargos políticos.

Do ponto de vista dos 35,4% respondentes que declararam ser membros, militantes ou simpatizantes, de um partido político, as principais razões para a escolha de um partido político (por ordem decrescente de indicações), são: (a) as ideias e propostas defendidas pelo partido escolhido; (b) os líderes do partido escolhido; (c) as vantagens de ser membro de um partido; (d) o partido com maior poder na região; (e) influência de família e de amigos; (f) a maioria dos líderes do partido são da região do respondente e; (g) a pressão política.

(7)

As correlações entre a principal razão para a escolha de um partido político, ideias e propostas desse partido, e as características individuais dos respondentes (como sexo, idade, status sócio-económico, habilitações literárias, língua materna e religião) não são significativas. Isso significa que as ideias e propostas são valorizadas, independentemente das diferenças entre os respondentes. Já as correlações entre a segunda razão apontada para a escolha de um partido político, a influência carismática do “líder” e as características individuais dos respondentes, são significativas para a “localização” dos respondentes: meio rural, periurbano ou zona urbana. A relação com a liderança ou a propensão para valorizar a liderança como critério de escolha para a filiação partidária, é influenciada pelo local de residência do respondente.

Expectativas /percepções das eleições

Numa óptica retrospectiva o inquérito permitiu capturar as atitudes dos respondentes perante as primeiras eleições legislativas e presidenciais no país (1992) caracterizadas por: (a) medo e incerteza do pós-eleições, 61 em cada cem respostas; (b) importância do exercício do direito de voto, 72 em cada cem respostas; (c) necessidade de mudança, 68 em cada cem respostas. Já as percepções sobre as futuras eleições estão mais centradas sobre: (a) necessidade de mudança, 64 de cada cem respostas; (b) exercício do direito de voto, 30 de cada cem respostas. Comparativamente aos dois períodos pode-se afirmar que há actualmente menos expectativas sobre a importância do exercício individual de voto, ou seja votar já não tem tanta importância como experiência pessoal como em 1992. Quando as eleições são vistas como um mecanismo de mudança social, há actualmente menos 14 de cada cem respondentes que acreditam que as eleições podem produzir tal efeito. Pode-se afirmar que há actualmente entre os respondentes um maior descrédito ou menor confiança nesse mecanismo institucional.

Mobilidade política

A mobilidade política expressa a propensão à mudança de apoio e ligação a uma associação ou partido político. Neste estudo, pretendeu-se conhecer em que medida os respondentes ao inquérito se mantêm fiéis ao mesmo partido político em que votaram em 1992. Os resultados mostram que um pouco acima de metade dos respondentes, 53 em cada cem, mostram-se fiéis ao partido político em que votaram em 1992. Antecipa-se pois que à partida e aproximativamente1 os partidos políticos votados em 1992 têm uma reserva de metade de eleitores garantidos entre os velhos eleitores2. Contudo, o número de indecisos entre os velhos eleitores é bastante elevado, 38 em cada cem respondentes, o que mostra existir uma relação de incerteza e desilusão política com relação aos partidos políticos, antecipatório de um potencial nível de absentismonas próximas eleições entre os velhos votantes. Por outro lado quase 10 em cada cem respondentes afirmaram que não vão votar no mesmo partido político, indicador de uma ruptura partidária. Os níveis de mobilidade política são diferenciados entre Luanda e as Outras Províncias sendo maior em Luanda. Em termos de educação formal, maior o nível de escolaridade maior a mobilidade política. O acesso á informação tem implicações sobre os níveis de mobilidade política já que é entre os respondentes que lêm os jornais, vêm TV e ouvem a rádio todos os dias que se encontra a maior taxa de recusa de voto no mesmo partido político (12 a 13 %) e o nível mais baixo de indecisão no voto.

1Não se conhecendo o partido político em que votou em 1992 não se pode afirmar quem mais perdeu em termos de mobilidade

política.

(8)

Expectativa comparada da validade/ justeza das futuras eleições

A análise de percepção sobre a confiança nas futuras eleições mostra que 8 em cada dez respondentes considera que as futuras eleições serão mais livres e justas que as eleições de 1992. (4,032 respondentes). Não há diferenças de percepção entre os que votaram em 1992 e os que não votaram.

Aos respondentes ao inquérito foi-lhes igualmente pedido que identificassem um conjunto de razões que poderiam condicionar a realização das futuras eleições e que em certa medida poderiam influenciar a qualidade das mesmas. Os resultados mostram que: (a) oito em cada dez respostas identificaram o retorno da maioria dos deslocados ás suas áreas e o fim do processo de desmobilização como os factores mais importantes. (b) a vontade política de marcar uma data foi o factor menos identificado. Os resultados apontam o sentimento entre os respondentes para a necessidade de uma preparação correcta das eleições, que ocorram num ambiente de estabilidade.

Processo de democratização aprofundado e eleições livres e justas

Em que medida as novas eleições podem aprofundar o processo de democratização esta intrínsecamente ligado á aceitação pública dos resultados das próximas eleições, que por sua vez esta dependente do próprio processo eleitoral. Aos respondentes foi solicitado que selecionassem de um conjunto de factores, aqueles que os ajudariam a melhor aceitar as futuras eleições como livres e justas. Os resultados mostraram que:

(a)

Oitenta e sete em cada cem respostas assinalam que nenhum cidadão em idade de votar seja impedido de registar-se como eleitor e nenhuma cidadão com cartão de eleitor seja impedido de votar; (b) a possibilidade dos partidos políticos terem acesso ás assembleias de voto e à contagem dos votos, 77 em cada cem respostas e a presença de um Presidente da Comissão Eleitoral competente e apartidário, 78 em cada cem respostas.

Confiança institucional

A percepção sobre o papel social dos Partidos políticos exige mudanças

Há uma percepção crítica do papel social dos partidos políticos relativamente a dimensões de funcionamento, instrumentalização, credibilidade, ética política, representatividade e de liberdade de pensamento político.

• 62 em cada cem respondentes identifica uma relação de causalidade entre a estreita ligação de “alguns” funcionários públicos aos partidos políticos e o mau funcionamento das instituições (instrumentalização do Estado e desempenho institucional);

• 2,997 respondentes ou 75 em cada cem, considera existir uma transformação dos partidos políticos em centros de afirmação e veiculação de interesses de pequenos grupos (credibilidade e representatividade);

• metade dos respondentes (2,017) acha que para se ter um bom emprego/cargo numa organização tem de se pertencer a um partido político (instrumentalização dos partidos políticos);

• cerca de 4 em cada 5 respondentes têm muita dificuldade em identificar os dirigentes políticos/ deputados, responsáveis pela respectiva área/província/município, pois

(9)

• cerca de 60 em cada 100 respondentes manifestaram-se abertamente contra as práticas de corrupção entre os seus dirigentes partidários afirmando que retirariam o seu voto (ética política);

• 42 em cada cem respondentes consideram não existir liberdade de pensamento político dentro dos partidos políticos; entre os membros dos partidos a percepção é mais positiva, 58 em cada cem (liberdade de pensamento político);

A análise dos resultados mostra que os respondentes de Luanda são mais sensíveis á: instrumentalização política de funcionários públicos e impacto sob o desempenho das instituições; á transformação dos partidos políticos em centros de pressão de interesses de grupo; ao distanciamento dos responsáveis políticos das suas bases de apoio social e á corrupção partidária. Comparativamente aos respondentes de Outras Províncias, os Luandenses possuem uma percepção mais positiva sobre a liberdade de pensamento no seio dos partidos políticos. A análise por localização urbana, peri-urbana e rural do respondente mostra a existência de diferenças de percepção entre respondentes urbanos e rurais sendo os primeiros mais críticos em relação ao papel social dos partidos políticos. Indirectamente, pode-se aferir da leitura dos resultados que há uma percepção generalizada entre os respondentes de problemas de representatividade dos partidos políticos.

Os níveis de confiança na política e partidos políticos permitem espaço para

melhorias

No seu conjunto 31 em cada cem respondentes não tem uma relação de confiança ou empatia positiva para com a política em geral e partidos políticos em particular. O comportamento de resposta encontrado é idêntico entre ambos os respondentes de Luanda e Outras Províncias. A análise do perfil dos respondentes com menor confiança no sistema político mostra que eles são tendencialmente mulheres; jovens com idades compreendidas entre os 18 e 33 anos; maioritariamente pobres ou remediados; católicos; falam português, umbundo ou kimbundo e vivem largamente nas áreas peri-urbanas. Por outro lado a análise da confiança nos partidos políticos medida pela percepção dos respondentes quanto á sua capacidade de resolução dos problemas da população revelou o seguinte:

• Os partidos políticos encontram-se no penúltimo lugar de um total de 23 instituições selecionadas de entre as três mais confiáveis para a resolução de problemas da população. Ou seja somente 4.1 % dos respondentes tem a percepção que os mesmos têm um papel a desempenhar na resolução dos problemas da população. Este perfil de resposta é idêntico para Luanda e Outras Províncias.

• Quando a questão é formulada no sentido de saber dos entrevistados em que instituição menos confia para a resolução dos problemas da população, os Partidos Políticos aparecem na terceira posição com 7.4 % das respostas.

Confiança dos potenciais eleitores em outras instituições

Os níveis de confiança dos respondentes nas instituições do Estado e da sociedade foram testados através de um exercício que consistia pedir aos respondentes que indicassem 3 instituições de um conjunto potencial de 22 instituições, sob as quais depositavam maior confiança e menor confiança para a resolução dos problemas da população. Igualmente desses dois conjuntos foi pedido que selecionassem as instituições “mais” e menos” confiável. As instituições foram ordenadas por ordem da frequência de resposta.

A primeira constatação é que a confiança está bastante distribuída pelas instituições, ou seja há uma percepção de que não há uma instituição forte, o Executivo por exemplo, como sendo a instituição mais confiável. Uma segunda constatação é que entre Luanda e Outras Províncias há um padrão de prioridades e resposta relativamente distinto. A terceira

(10)

constatação geral é que instituições que não têm uma responsabilidade social de resolução dos problemas da população como a família, igrejas e amigos são aquelas sob as quais os respondentes possuem maior confiança. As quatro instituições em que os respondentes mais confiam para a resolução dos problemas são por ordem de importância, a Família, Igrejas, Presidente da República e Governo.

No caso de Luanda, o conjunto das instituições públicas com funções de defesa da ordem pública, provisão da justiça, legislativa e executiva recolheram sómente um terço das respostas de confiança depositada pelos respondentes para a solução dos problemas da população. No caso das Outras Províncias há um maior equilíbrio nas percepções dos respondentes com metade dos mesmos a confiar nas instituições governamentais para a solução dos seus problemas.

Os níveis de confiança atribuídos às instituições foram igualmente analisados na óptica inversa pela solicitação aos respondentes das instituições em que eles menos confiavam. Em Luanda e Outras Províncias a Polícia é considerada como a instituição menos confiável para a resolução dos problemas da população. Os respondentes de Luanda têm uma percepção mais negativa das instituições públicas pois cinco das primeiras seis instituições por si seleccionadas são públicas. Os respondentes identificaram de entre as três instituições menos confiáveis aquela que seria a menos confiável. A polícia aparece em primeiro lugar para Luanda e Outras Províncias. Já o Presidente da República que aparece como a instituição menos confiável para Luanda é para as Outras Províncias a mais confiável. A imagem dos partidos políticos não aparece como das melhores em ambos os domínios de estudo pois aparece com a terceira instituição menos confiável.

A análise síntese das respostas sobre os níveis de percepção de confiabilidade institucional, reflectindo o diferencial das respostas positivas de confiança menos as respostas negativas de confiança mostra o seguinte:

• Em Luanda as Famílias, as Igrejas seguidas pela Rádio Nacional aparecem com as mais instituições mais credíveis. Ao mesmo tempo a Polícia, Administração municipal e Partidos políticos aparecem com as instituições menos confiáveis. Interessante observar que os órgãos de informação em geral com excepção do Jornal de Angola possuem uma imagem positiva, ou seja o diferencial de respostas entre os que possuem uma boa imagem e os que possuem uma má imagem é positivo. Preocupante é o facto de que todas as instituições com o diferencial de imagem negativo são estatais, justamente a quem compete na realidade a resolução dos problemas da população. Excepção vai para as forças armadas cuja imagem entre os respondentes é positiva.

• Nas Outras Províncias as Igrajas são a instituição mais confiável para a resolução de problemas seguido da instituição Presidente da República. Igualmente o Governo aparece como a quarta instituição mais confiável seguida de perto das autoridades tradicionais em quinto lugar. Os órgãos de informação privada, Jornal de Angola, amigos e partidos políticos aparecem como as cinco instituições menos confiáveis. As percepções de confiança institucional são realizadas num contexto de um cenário de crise e de instabilidade pos-conflito. Neste tipo de cenário os níveis de confiança institucional em geral e particularmente com relação ás instituições políticas são fortemente abalados pois em última análise as crises têm lugar sobre as instituições. Conhecer o tipo de percepção da natureza dessa crise institucional é importante para melhor adequar as propôstas de solução

(11)

• Um descrédito nas instituições políticas pela sua incapacidade em influenciar positivamente a solução dos problemas da população;

• A valorização desproporcionada da importância de instituições como a Família e as Igrejas nos papéis sociais de solução de problemas da população;

• Níveis diferenciados de confiança institucional entre o centro (Luanda) e a periferia (Outras províncias).

Determinantes da tendência de voto

Uma das questões mais fascinantes na sociologia política é a tentativa de compreender quais os factores, as determinantes principais, que influenciam a decisão de voto do cidadão. Que factores pesam no processo de decisão individual de cada cidadão no acto de votar? O conhecimento dos mesmos pode ajudar os partidos políticos a adoptar estratégias eleitorais que tenham em linha de conta tais factores.

Os resultados mostram que a experiência política do candidato, candidato não associado com a corrupção (ética do servidor público) e experiência anterior de governação como os três factores mais importantes para o processo de decisão individual de voto. Eles foram apontados por 48, 47 e 39 por cada cem dos respondentes respectivamente. No caso de Luanda o factor, candidato não associado com corrupção, foi apontado como o mais importante por 59 em cada 100 respondentes contra 40 em 100 nas Outras Províncias (terceiro factor mais importante). Se ao factor, a mesma língua nacional falada do candidato se agregar a região, ambos indicadores de etnicidade, então pode-se afirmar que a etnicidade é um factor importante para um terço dos respondentes das Outras Províncias. Esse factor é relativamente menor para Luanda, 18 em cada 100 candidatos. Nas áreas rurais ele é importante para 34 em cada cem respondentes. Embora o grau de importância dos factores que pesam na decisão do voto possam variar entre os respondentes de Luanda e das Outras Províncias ela têm em comum o facto de coincidirem sobre os quatro principais factores a considerar na decisão de voto: candidato não associado com corrupção, experiência política, experiência de governação e nível académico do candidato.

Os factores referenciados pelos respondentes como os mais importantes estão curiosamente relacionados com a práctica e comportamentos do candidato enquanto que os outros factores estão relacionados com o potencial de qualidades dos candidatos. Os dados parecem indicar que os respondentes pretendem incorporar nos seus processos de decisão como factores primeiros aqueles ligados a praxis do candidato em vez do potencial de qualidades que o candidato parece possuir. Ou seja, os dados parecem apontar para uma atitude de “julgar os actos conhecidos” do que apostar uma carta em branco no potencial das ideias, conhecimento técnico e outro tipo de características do candidato.

Com o recurso a modelos de regressão binários pretendeu-se previr que variáveis tinham impacto sobre a mobilidade política e a previsibilidade de um eleitor votar nas próximas eleições. A variável, Experiência de Governação do Candidato, é a que apresenta o maior valor explanatório para explicar o comportamento potencial do respondente no tocante á mobilidade política. Ou seja a probabilidade de um respondente votar num partido político diferente daquele que votou em 1992 esta relacionado com a experiência de governação do candidato. Esta variável por sua vez esta correlacionada positivamente com a corrupção. A previsibilidade de um respondente votar nas próximas eleições esta estatísticamente relacionado com a importância que ele atribua ás seguintes variáveis: experiência de governação do candidato, experiência política e conhecimento pessoal do candidato. O modelo prevê em 91 % a probabilidade de votar se estas variáveis são tidas em conta.

(12)

O respondente perante os desafios da mudança

Algumas questões visando testar comportamentos de mudança foram colocadas aos respondentes. As perguntas envolviam uma situação de conflito de interesses para os respondentes, suposto que era terem, os mesmos, simpatias idênticas pelas ideias dos dois candidatos. As questões tinham a ver com diferenças intergeracionais, permanência num cargo político e o voto em novos partidos.

A questão sobre a diferença geracional encerrava a ideia de escolha entre o candidato mais idoso, depositário de maior experiência, ou a escolha do candidato novo, símbolo de novas ideias. Os resultados mostram uma ligeira preferência pelo candidato com maior experiência sendo ela mais significativa entre os respondentes de Outras Províncias. Entre os Luandenses há uma propensidade a votar em candidatos novos. A análise mostrou igualmente que os respondentes rurais são mais propensos a votar no candidato mais velho e os respondentes de menor idade tendem a votar preferencialmente por candidatos que simbolizem novas ideias. Aos respondentes foi igualmente solicitado que se pronunciassem sobre a escolha de dois candidatos com as mesmas ideias para um cargo público, numa situação que poderia envolver ou não a substituição daquele que ocupava o cargo. No geral, 43 em cada cem respondentes votaria no candidato que já se encontra no cargo enquanto que 28 em cada cem não tinha opinião formada sobre o assunto. Quando a análise é realizada em termos de domínio de estudo fica evidente que Luanda possui um perfil de resposta diferente com ligeiramente mais respondentes a votar por um novo candidato para o cargo. Um terço dos respondentes de Luanda e Outras Províncias do estudo estão disponíveis ao aparecimento na cena política de novos partidos políticos, o que pode ser um indicador de mudança política. O padrão de resposta é idêntico para novos e velhos eleitores, localização física do respondente (urbano, peri-urbano e rural), habilitações literárias, língua materna do respondente entre as principais línguas faladas.

A influência ou aconselhamento no processo de decisão do voto

Aos respondentes foi solicitado que em caso de dúvida sobre um candidato a quem é que eles iriam recorrer em termos de conselho. Aos respondentes foi dada a possibilidade de escolha múltipla, ou seja poderiam escolher mais de uma fonte de aconselhamento. A tabela abaixo mostra o seguinte:

• Os respondentes de Luanda, acima de um terço, são menos propensos a solicitar apoio a outras pessoas que os respondentes das Outras províncias;

• A família constitui a principal fonte de aconselhamento seguida dos indíviduos mais velhos e o padre/pastor. Nas Outras Províncias o soba joga também o mesmo papel.

Os media e as eleições

Os resultados do inquérito apontam, que de uma forma geral, o acesso por parte dos cidadãos à informação veiculada pelos orgãos de comunicação social é deficiente. Cerca de 30% dos cidadãos não tem, numa base semanal, acesso à informação, quer seja via rádio, jornal ou televisão, enquanto que apenas 3% dos cidadãos têm acesso a informação, a partir destes 3 órgãos, numa base diária. De uma forma geral, constatou-se que existe um nível alto de incertezas quanto à neutralidade da comunicação social durante a fase das eleições, já que cerca de 2/5 dos respondentes não emitiram opinião. Os níveis de acesso à informação e os níveis de incerteza sob o papel da neutralidade dos mass media durante as eleições estão

(13)

atestando assim a sua clara falta de confiança num exercício independente destes orgãos. Nas restantes províncias regista-se uma proporção mais baixa, mas nem por isso menos significativa, com entre 47% em relação à rádio e 40% em relacao à TPA. Embora em proporções relativamente mais baixas, a opinião expressa para o caso dos órgãos privados é similar. Em Luanda, pelo menos 57% dos indivíduos no grupo mais privilegiada, em termos de acesso à informação, acreditam que os órgãos privados irão fazer campanha para um partido político. Nas outras províncias esta percepção é mais baixa (oscilando entre 32% em relacão as rádios privadas e 35% em relação aos jornais).

O nível de confiança, dos cidadãos entrevistados, nos jornalistas é substancialmente baixo pois sessenta dos respondentes em cada cem com acesso à informação em Luanda e metade nas Outras Províncias revelaram que não iriam confiar ou iriam confiar pouco naquilo que os jornalistas mostram, dizem ou escrevem. A percepção da falta de neutralidade da comunicação social no tratamento de matérias relacionadas com o próximo processo eleitoral, aumenta com o nível de escolaridade do indivíduo. Os contrastes entre órgãos de comunicação social públicos e privados, por um lado e por outro, entre Luanda e outras províncias, são idênticos aos encontrados no cruzamento dos dados envolvendo o acesso á informação.

Os resultados apresentados sugerem que qualquer estratégia de disseminação de informação durante o processo eleitoral, que se pretenda a mais abrangente possível, deverá ser orientada para a rádio. Apesar disto o acesso à radio nas Outras Províncias não é, ainda assim, generalizado pois enquanto em Luanda apenas cerca de 18% dos respondentes não ouvem rádio, nas Outras Povíncias quase metade não ouve rádio. Os dados apontam para - tendo em conta os níveis significativos de analfabetismo e baixo nível de escolaridade generalizado – os riscos de que uma importante parte da população eleitora seja sujeita á manipulação de informação.

Questões de Política Económica e Social e Campanhas Políticas

Questões críticas de desenvolvimento que preocupam a sociedade podem tornar-se o alvo de debates políticos e configurar programas eleitores e campanhas políticas. Assim pretendeu-se identificar quais seriam as cinco questões de ordem económica e social que mais preocupavam os respondentes. Os resultados desagregados por domínio de estudo mostram que a alimentação, saúde, habitação, deslocados de guerra e reinserção social e abastecimento de água são colectivamente as cinco principais questões mais importantes. No caso de Luanda a corrupção recebe uma maior importância que a habitação. Contudo, quando os respondentes foram postos sob o dilema de selecção da principal prioridade a partir das cinco questões que ele/ela inicialmente haviam selecionado, as questões de emprego e educação acabaram por ser mais relevantes sob o ponto de vista individual, substituindo questões mais colectivas como a habitação e deslocados de guerra e resinserção social.

Sobre a segurança alimentar do agregado pode-se afirmar que existe uma percepção geral de baixa segurança alimentar, traduzida na fraca disponibilidade alimentar mensal, preços elevados e não acesso a determinada classe de alimentos, as proteínas necessárias ao desenvolvimento e crescimento individual. Há a percepção de um fraquíssimo apoio à produção alimentar, na forma de baixo investimento privado, baixo crédito comercial rural, fraca política de fomento agrícola e que o pequeno agricultor só por si não tem capacidade para abastecer o mercado interno. Há a percepção generalizada que a distribuição alimentar não teve um impacto negativo sobre a capacidade dos produtores agrícolas trabalharam, embora exista a percepção de que metade das pessoas tenham caído na dependência alimentar. Igualmente existe a percepção de baixa eficiência do PAM que não consegue disponibilizar a ajuda alimentar quando esta é necessária.

(14)

Em termos do mercado de trabalho e criação de empregos as questões abordadas (eficicâcia das políticas públicas para a criação de emprego, os grupos etários mais afectados pelo desemprego, disponibilidade de empregos no sector formal e nível de salários) mostraram uma unanimidade. Assim, em relação a eficâcia das políticas públicas no sector do emprego, 70% dos entrevistados acham que o governo não tem conseguido estimular a criação de emprego. Cerca de 90% considera os jovens como sendo os mais prejudicados pela problemática do desemprego, encontrando no mercado formal a alternativa, para além de pensarem que ainda, quando existem empregos, o problema não fica resolvido porque os salários são baixos.

Em termos da educação há a percepção que o baixo acesso ás escolas é maior nas Outras Províncias, segundo 60 em cada cem respondentes. A percepção do pagamento informal aos professores e administração das escolas públicas por serviços educacionais, uma forma de corrupção é maior entre os respondentes de Luanda, 75 em cada cem respondentes. Esta percepção negativa é mais evidente nas áreas periurbanas e urbanas com 64,8 e 54% respectivamente de respostas. Há a percepção generalizada que a comissão de pais como mecanismo institucional de reclamação não funciona. Cerca de 62,3% dos respondentes urbanos considera que as comissões de pais não funcionam. A má qualidade de ensino nas escolas públicas referida pela grande maioria dos respondentes.

Sob o abastecimento de água há a percepção que o preço da água é muito alto para as

famílias que vivem no subúrbio. (Luanda (90,9%), Benguela (87,9%), e Uíge (62,5%)). Um

pouco menos de metade dos respondentes consideram que o problema da água nas cidades não é por causa da falta de cobrança do consumo assim como da falta de pagamento dos cidadãos. A maioria dos respondentes afirma que as administrações e as ONG´s não construíram furos e poços nas suas vilas ou municipalidades. Segundo os dados da pesquisa o problema da água é maior nas áreas periurbana e urbana.

Genéro e percepção da participação política

Aos respondentes foi perguntado se o número de mulheres no Governo, na Assembleia Nacional e na Administração seria alto, médio ou baixo. Esta pergunta tinha por objectivo obter a percepção entre os respondentes de participação política. A opinião generalizada entre homens e mulheres é que ela era baixa. Por outro lado, o indíce de participação política mostra que as mulheres têm uma maior probabilidade de possuir um nível de participação política inferior ao dos homens. Um outro indicador de participação política é a predisposição dos respondentes em aceitar, se convidados, ser candidatos a um cargo político. Os resultados mostram que as mulheres estão relativamente menos disponíveis que os homens. As mulheres, membros ou simpatizantes de um partido político estão menos disponíveis para trabalhar para as eleições que os homens. No geral, as mulheres entrevistadas depositam maior confiança em mulheres para assumirem um cargo presidencial com 51.7%, de deputada com 72.2%, e para administração, com 67.7%. Ou seja, os dados parecem indicar existir entre as mulheres uma percepção de auto-estima elevada e positiva de que as mulheres podem exercer as mesmas funções que os homens em cargos políticos. A percepção masculina, no que respeita à tendência de voto, indica que os homens se sentem mais confortáveis em votarem em mulheres para cargos da sociedade civil, como “líderes de sindicatos”, 65%, “líderes de associação” 72%, do que para o cargo de presidente (35.2%). Contudo no geral existe uma ampla abertura por parte de pelo menos metade dos entrevistados masculinos que á excepção do voto para o cargo de Presidente da República estariam na disposição de votar numa mulher para vários cargos políticos. As conclusões parecem apontar que os partidos

(15)

CONTEXTO E OBJECTIVOS GERAIS

O Instituto de Pesquisa Económica e Social (A-IP), foi contratado pelo Instituto Republicano Internacional (IRI), para a realização de um inquérito de opinião sobre as eleições em Angola. Este estuod pretende servir de suporte para a futura programação do IRI de apoio aos Partidos Políticos, Parlamento e outros actores sociais angolanos, em áreas como educação cívica e reforço institucional, entre outras.

Entre Março e Abril de 2003, o A-IP preparou a realização dessa consulta pública, através da concepção do inquérito e da organização logística para a recolha de opiniões em 7 das 18 províncias do País. A pesquisa de campo decorreu no período de 29 de Abril a 4 de Junho de 2003. Em 23 de Julho de 2003, foram apresentados os resultados preliminares deste estudo. No esteio de todo este processo, dois objectivos principais foram visados:

• oferecer aos cidadãos e aos actores políticos, nacionais e estrangeiros, um conjunto de informaçõs sobre o actual perfil do eleitor angolano, as suas avaliações em relação ao presente e as suas expectativas em relação ao futuro

• suportar, pela informação tornada pública, a realização de debates e reflexões, mais ou menos abrangentes, sobre as opções políticas e o papel das próximas eleições. Com estes objectivos, a primeira pesquisa sobre eleições gerais em Angola, propôs-se examinar os seguintes temas:

• o perfil do eleitor angolano; • nível de participação política;

• expectativas e percepções em relação às eleições e mobilidade política; • percepção em relação aos actores políticos e confiança nas instituições; • determinantes das tendências de voto;

• relação entre os eleitores, os media e as eleições;

• questões de política pública que podem configurar as campanhas políticas; • o género e a participação política.

(16)

METODOLOGIA do INQUÉRITO

1. Amostragem do Inquérito de Opinião sobre Eleições

1.1. Universo da amostra

O universo da amostra inclui todos os cidadãos em idade de votar, dezoite anos e mais habitando nas sete províncias seleccionadas da amostra. Excluídos da amostra estão as pessoas que vivem em locais institucionais tais como quartéis, dormitórios, prisões, hospitais, etc. Cidadãos que estejam de visita ao agregado familiar mas que não habitem no agregado não foram incluídos na amostra, ou seja não podiam ser selecionados.

1.2. Desenho da amostra

O desenho da amostra é probabilística de área de estádios múltiplos. Cada elemento tem a mesma oportunidade de ser incluído na amostra através do recurso a métodos de selecção aleatória. Numa série de fases do desenho da amostragem, áreas de amostragem definidas geográficamente de tamanho decrescente foram selecionadas. O asseguramento de que a amostra é representativa, a probabilidade de selecção, foi ajustada da seguinte forma:

a) a amostra esta estratificada por províncias e localidade residencial (urbana e rural). A estratificação por áreas permite que grupos étnico-linguísticos tenham a mesma oportunidade de incluforam na amostra. A estratificação urbano-rural encontra-se enviesada com relação à área urbana, 60 % da amostra contra 40 % da área rural. As razões desta escolha têm a ver com questões logísticas por um lado e por outro lado com a programação de pesquisas seguintes que irão cobrir mais a área rural;

b) Na primeira fase da amostragem, amostragem aleatória foi conduzida com probabilidade proporcional ao tamanho da população. O universo da amostra das sete províncias estima-se que cubra 85 % da população total do país. A amostra esta subdividida em dois estratos primários a Capital e as Outras Províncias.

No stratum a Capital a amostra esta distribuída proporcionalmente ao tamanho da população de cada município constituinte da capital aplicando-se na íntegra o princípio da probabilidade proporcional ao tamanho da população de cada município. No stratum Outras Províncias foram selecionados 19 municípios com base nos critérios de maior densidade demográfica e acessibilidade. Á excepção da província do Uíge (questão logística de acesso) os municípios escolhidos nas outras províncias (média de 3) têm uma população superior á metade da população da província. A população urbana neste stratum está estimada em 69%. Para compensar a sub-representatividade rural optou-se por realizar 48 % dos inquéritos deste stratum na área rural.

No total da amostra 69 % dos inquéritos tiveram lugar na área urbana. O desenho da amostra teve quatro fases:

• Uma primeira fase para estratificar e seleccionar aleatóriamente as unidades primárias de amostragem (UPAS);

• Uma segunda fase para seleccionar aleatóriamente os pontos de amostragem de arranque (PAAs);

(17)

Capítulo 6. Características da População do Inquérito

Demografia dos inquiridos

Os dados da pesquisa revelam que 50% dos inquiridos, potenciais eleitores têm pelo menos 32 anos de idade, enquanto que 75% dos inquiridos têm até 42 anos. Os resultados das segundas eleições vão pois ser decididas por uma população relativamente jovem.

Idade dos inquiridos

Respostas Válidas 4,149 Não respostas 151 Média 34.6 Mediana 32.0 Percentil 25 25 50 32 75 42

Como se pode observar os grupos etários mais jovens, em particular o grupo etário dos 18 a 25 anos é o mais numeroso. Em 1992 os mais velhos deste grupo tinham somente 14 anos e os mais novos 7. Grupos etários Nº % 18 – 25 1,172 28.2 26 – 33 1,045 25.2 34 – 41 835 20.1 42 – 49 581 14.0 50 – 59 295 7.1 + 60 anos 221 5.3 Total respostas 4,149 100

Sexo dos inquiridos

Conforme os dados da tabela abaixo indicada, 50,8% dos inquiridos são do sexo masculino, contra 49,2% do sexo feminino, correspondendo ao princípio de aplicação da quota do género definida na metodologia da amostra. É de realçar de que as províncias de Benguela e Lunda Sul a proporção das mulheres esta muito abaixo do principio de aplicação da quota de género definida na metodologia da amostra. Isto deve-se ao facto de que terem ocorrido nestas províncias situações em que os sobas não autorizaram as entrevistas e em que os maridos não autorizaram que as suas mulheres fossem entrevistadas. Nas províncias da Huíla e Luanda, a proporção das mulheres é maior em relação aos homens. Nestas províncias a maioria do eleitorado nas futuras eleições prevê-se que serão mulheres. (ver tabela anexo)

Nível educacional dos inquiridos

A média de habilitações declarada pelos inquiridos, corresponde a 8ª classe, IIIº nível de escolaridade. O nível de analfabetismo é de 15.9%. Os inquiridos com nível médio corresponde a 14.7%. Somente 2.4% dos inquiridos possuem o nível superior. 36,8 e 25,1%

(18)

dos inquiridos das províncias de Luanda, e Benguela possuem o 3º nível de escolaridade. Os maiores deficits de educação formal registam-se nas províncias da Lunda Sul, e Malange em que 36 e 34 em cada cem inquiridos, são analfabetos.

Habilitacoes Literarias 4.0% 2.4% 14.7% 23.6% 22.1% 17.3% 15.9% Missing Universitario Medio III nivel II nivel I nivel Analfabeto

Etnicidade: Língua materna dos inquiridos

A maioria relativa dos inquiridos tem como língua materna o Umbundo, constituindo 29 em cada cem inquiridos da amostra. As línguas maternas Kimbundo e português representam 25 e 23% da amostra. A distribuição da língua materna por províncias, mostra que, a língua predominante nas províncias do Huambo e Huíla, é o Umbundo, constituindo 91 e 62,1% dos inquiridos. Na província de Benguela, 50% dos inquiridos, falam Umbundo e 49% falam Português. Nas províncias, Lunda Sul, Malange e Uíge, a maior predominância das línguas características destas regiões nomeadamente: Cokwe, Kimbundo e kikongo. Na província de Luanda, 39 em cada cem inquiridos falam kimbumdo, 28 em cada expressam-se na língua portuguesa e cerca de 15 em cada cem falam kikongo (15,6%). (ver tabela em anexo).

(19)

Língua Materna Outra 1% Cokwe 10% Ganguela 1% Portugues 23% Kimbundo 25% Kikongo 10% Nhaneca/Humbe 1% Umbundo 29%

Portugues Kimbundo Kikongo Nhaneca/Humbe

Umbundo Cokwe Ganguela Outra

Religião dos inquiridos

A maioria relativa dos inquiridos professa a religião católica, constituindo 46% da amostra. 28% dos inquiridos são protestantes, enquanto que somente 9% não professa nenhuma religião. Religião Sem religião 9% Protestante 28% Católico 46% Outra 17%

Sem religião Protestante Católico Outra

Analisando os dados por província nas províncias do Huambo, Benguela, Malange, Huíla e Luanda, a maioria dos inquiridos professa a religião católica. Quarenta e seis e trinta e quatro em cada 100 inquiridos das províncias do Uíge e Lunda Sul são protestantes.

(20)

Relação familiar dos inquiridos/estado marital

Os inquiridos que vivem em união de facto constituem uma maioria, relativa de 41%. Os casados e os solteiros correspondem a 27 e 21% respectivamente do total dos inquiridos. Os viúvos e os separados correspondem apenas a 6 e 5% dos inquiridos.

Estado Marital Separado 5% Casado(a) 21% Viúvo 6% União de facto 41% Solteiro(a)27%

Casado(a) Solteiro(a) União de facto Viúvo Separado

Ao nível das províncias, os dados da pesquisa indicam que na província do Huambo, 39 em cada cem inquiridos são casados. Nota-se que nas demais províncias Benguela, Malange, Uíge, Lunda Sul, Huíla e Luanda, a proporção dos inquiridos que vivem em união de facto é significativa. Relativamente aos inquiridos que são viúvos nas províncias de Malange, Huambo e Benguela representam 9.4; 8.6; e 7% respectivamente do total da amostra.

Estatuto de chefia do agregado familiar

Durante o inquérito foram inquiridos indivíduos de 18 anos e mais que faziam parte do agregado seleccionado. Conforme os dados abaixo, revelam que 44% dos inquiridos são chefes de família, enquanto que 35% são cônjuges e os restantes 21% correspondem a outros membros do agregado.

Estatuto de Chefia do Agregado Familiar

Chefe 44% Esposo(a) 35% Outro 21%

(21)

A tabela abaixo, mostra a relação, entre o estatuto marital e o estatuto de chefia do agregado familiar. Observa-se que 46.3% dos inquiridos chefes de família vivem em união de facto, 22.5% são casados, 15.6% são solteiros, 8,1% são viúvos e 7.1% são separados respectivamente.

Estatuto de chefia do agregado familiar

Chefe Esposo(a) Outro

Estado marital Casado 22.5 29.2 2.3 Solteiro(a) 15.6 10.7 75.0 União de facto 46.3 53.6 11.0 Viúvo 8.1 4.6 5.2 Separado 7.4 1.8 6.5 Total 100.0 100.0 100.0

Tamanho médio da família por província

As províncias do Huambo, e Huíla o número médio por agregado familiar é de 6 pessoas. As províncias de Benguela, Malange, Uíge, e Lunda Sul possuem 5, enquanto que Luanda é a província que o número médio por agregado é de 7, sendo a maior.

Estatuto económico e ocupacional dos Inquiridos

Atendendo a auto avaliação do status sócio económico dos inquiridos, 38% consideram-se pobres. Pobres, muito pobres e remediados apresentam níveis elevados de vulnerabilidade-totalizando 79% dos inquiridos. À partida pode-se projectar que a maioria dos eleitores é pobre. No que respeita a avaliação do status sócio económico a nível das províncias, 31% dos inquiridos da província do Huambo consideram-se “Muito pobres”, na Huíla (44.9%) e no Uíge (16,3%) dos inquiridos consideram-se “ricos”3*. Luanda é a província onde 46 e 41 em cada cem inquiridos consideram-se “mais ou menos” e “ remediados”, a percentagem de inquiridos que se consideram pobres é de 30.5%.

Auto definição de pobreza

Muito pobre 8% Pobre 38% Remediado 33% Mais ou menos 20% Rico 1%

Muito pobre Pobre Remediado Mais ou menos Rico

3

*A percepção que muitos inquiridos têm sobre riqueza, refere-se a questões religiosas, onde se utiliza a expressão “quem tem Jesus, ou melhor quem é fiel a Deus e a Jesus Cristo tem tudo”.

(22)

Percepção do estatuto de pobreza do vizinho

Aos inquiridos foi-lhes colocada a seguinte questão: Como considera o seu vizinho em termos

de estatutos de pobreza? De acordo com os dados apurados do inquérito, a tabela abaixo

mostra que 83% dos inquiridos que se consideram pobres também têm a mesma percepção que o vizinho é pobre, 73% dos que se consideram muito pobres também acham que o vizinho é muito pobre. Setenta e oito em cada cem inquiridos que se consideram remediados, também acham que o vizinho é remediado e finalmente 54 em cada cem inquiridos acham que o vizinho é rico.

Percepção do estatuto de pobreza do

vizinho

Muito

pobre Pobre Remediado

Mais ou menos Rico Não sei Muito pobre 73 17 3.7 5.5 0.3 0.6 Pobre 2.6 83 8.5 4.8 0.4 0.7 Remediado 0.9 8.3 77.5 10.9 2.3 0.1 Mais ou menos 0.5 5 20 70.6 3.3 0.6 Rico 12.5 12.5 20.8 54.2 Auto definição de pobreza Total 7.4 36.7 33 20.2 2.2 0.5

Ocupação dos Inquiridos

A composição das categorias ocupacionais dos inquiridos, conforme o gráfico abaixo, permitiu apurar de um total de 11 categorias indicadas no questionário, cinco que são as mais relevantes: agricultor/camponês (20%); funcionário público (18%); trabalhador por conta própria (17%); desempregado (10%); e estudantes (9%).

(23)

Categoria Ocupacional

Militar 2% Funcionário 18% Desemprego 10% Outra situação 1% Estudante 9% mpregado/empresa privada 8% Assalariado informal 5% Dona de casa 7% Agricultor/camponês 20%

Trabalhador por conta própria

17% Patrão/dono do negócio

3%

Desemprego Funcionário

Trabalhador por conta própria Patrão/dono do negócio

Agricultor/camponês Assalariado informal

Dona de casa Empregado/empresa privada

Militar Estudante

Outra situação

Distribuição dos inquiridos por sector institucional

Os dados da pesquisa conforme o gráfico abaixo, revelam que 43% dos potenciais eleitores estão empregados no sector informal da economia. O sector informal ocupa o 1º lugar como provedor de empregos, seguindo-se-lhe o sector formal com 29% dos futuros eleitores. O que significa que uma grande parte dos futuros eleitores dedicam-se a actividades de negócios (conta própria), ou cultivando a terra ou trabalhando como trabalhadores assalariados informais através de pequenas artes e ofícios. Nas províncias do Huambo, Malange, Uíge, Lunda Sul e Huíla os potenciais eleitores são em maior número agricultores/camponeses. Nas restantes províncias Benguela e Luanda 28,6 e 18,8% são trabalhadores por conta própria. Em todas as províncias onde se realizou o inquérito o número médio de trabalhadores por agregado é de duas pessoas.

Distribuição dos inquiridos por sector institucional

Sector informal 43% Não activos 28% Sector formal 29%

(24)

Capítulo 7. Nível de Participação Política

Este capítulo trata das questões de participação política através da análise de várias dimensôes tais como o conhecimento do direito de voto; a participação política medida pelo exercício do voto em 1992 e as expectativas do exercício de voto nas próximas eleições; a participação política activa na forma de ocupação de cargos políticos ou de afiliação partidária; e a importância relativa das eleições parlamentares e autárquicas. Um índice de participação política foi elaborado para suportar o processo de análise.

7.1 Conhecimento do direito de voto como expressão de participação política

A maioria dos respondentes, 93 em cada 100, entende o acto de votar como o exercício de um direito de cidadania. A diversidade regional da amostra, Luanda e Outras Províncias (Huambo, Uíge, Lunda Sul, Benguela, Huíla), o sexo do respondente não constituem factores decisivos na percepção diferenciada, pelos respondentes, do acto de votar como um direito ou como uma obrigação. Contudo é entre os respondentes rurais, 10,3% dos respondentes que prevalece o sentimento que votar é uma obrigação imposta pelo governo. Igualmente, 16 % dos analfabetos têm a mesma percepção.

Col % 83.4% 91.2% 94.2% 95.9% 97.9% 97.1% 93.0% 16.6% 8.8% 5.8% 4.1% 2.1% 2.9% 7.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% 100.0% Direito de cidadania Obrigacao decidida pelo Governo Votar significa Total

Analfabeto I nivel II nivel III nivel Medio

Universitar io Habilitacoes Literarias

Total

Exercício do direito de voto em 1992

Oitenta e seis em cada cem respondentes da amostra com idade legal de voto em 1992 exerceram o seu direito de voto em 1992. Eles constituem na amostra um pouco acima de metade, 54,8% ou seja são os velhos eleitores. A principal razão indicada para a não participação nas primeiras e únicas eleições gerais, apresentada pelos respondentes foi o déficit de idade: cerca de 82% dos que declararam não ter votado em 1992, tinham menos de 18 anos naquela altura. Dos restantes, 4,7% não tinham cartão de eleitor e 3,5% não se

Col % 84.2% 80.4% 81.9% 4.0% 5.7% 5.0% 3.8% 5.7% 4.9% 2.1% 6.5% 4.7% 5.9% 1.9% 3.5% 100.0% 100.0% 100.0% Não tinha idade

outra

Não tinha interesse Não tinha cartão de eleitor Não estava no país Razao principal de nao votar em 1992 Total Luanda Outras provincias Dominio de estudo Total

(25)

número dos votantes potenciais possua um cartão de eleitor. Por outro lado quase 10 % dos respondentes declaram não ter tido interesse ou tinham Outro tipo de razão para não votar, tendo esse número entre os analfabetos atingido os 20 %.

7.2 Intenção do exercício do direito de voto nas próximas eleições

Cerca de 68 em cada cem respondentes manifestaram a sua editemção de votar nas próximas eleições. A transformação dessa intenção em acção dependerá, em grande medida, da qualidade das propostas eleitorais dos partidos políticos, em termos de programas de políticas e das alianças criadas.

Vai votar nas proximas eleicoes ?

3.3% 22.8% 6.3% 67.7% Missing Nao sei Nao Sim

A percentagem de indecisos, 22,8 % que ainda não decidiram se irão ou não votar, representa o sub-conjunto de eleitores a serem conquistados pelas plataformas eleitorais dos partidos políticos, apresentadas ao público durante a campanha eleitoral.

A comparação entre os padrões de comportamento de voto no acto eleitoral de 1992 e as actuais respostas dos respondentes, um proxy de comportamento às futuras eleições parlamentares mostra que:

• 86 % dos inquiridos desta amostra com idade legal de voto em 1992 exerceram o seu direito de voto em 1992;

• Em meados de 2003, 67,7% dos respondentes declaravam a sua intenção de votar nas próximas eleições;

• a diferença actual de 18,3 % traduz a perda actual previsional do nível de participação política no futuro acto eleitoral.

O padrão de resposta dos respondentes sob a questão de decisão de voto nas próximas eleições é idêntico entre Luanda e as Outras Províncias. Já em 1992 entre Luanda e as Outras Províncias o padrão de participação foi idêntico entre os respondentes.

955 64.6% 163 11.0% 361 24.4% 1955 72.9% 106 4.0% 620 23.1% 2910 70.0% 269 6.5% 981 23.6% Luanda Outras provincias Dominio de estudo Total Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Vai votar nas proximas eleicoes ?

(26)

A tabela seguinte ilustra melhor o padrão de votação de facto de 1992 (não inclui os

tabela abaixo mostra o padrão de resposta futuro por localização dos respondentes sendo

tabela seguinte mostra a relação entre novos e velhos eleitores, os que votaram e não

• Os novos eleitores estão menos propensos a não votar que os velhos eleitores, um

• entre os respondentes de Luanda é superior ao das Outras

• ente maior entre os

respondentes que não tinham idade para votar na época (considerando-se negligenciável a percentagem dos que viviam fora do país, que está incluída) por localização do respondente.

913 85.4% 156 14.6% 963 85.1% 169 14.9% 420 89.7% 48 10.3% 2296 86.0% 373 14.0% Rural Periurbano Urbano Localizacao Total Count Row % Sim Count Row % Nao Votou nas eleicoes em 1992

A

observável que não há diferenças substanciais. O que estes resultados mostram é que os padrões futuros de resposta actual em termos de exercício de voto são idênticos aos de 1992 quando se toma em linha de conta a dimensão espacial.

1115 75.5% 53 3.6% 308 20.9% 1229 65.9% 166 8.9% 470 25.2% 566 69.1% 50 6.1% 203 24.8% 2910 70.0% 269 6.5% 981 23.6% Rural Periurbano Urbano Localizacao Total Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Vai votar nas proximas eleicoes ?

A

votaram em 1992, com relação ao seu comportamento de voto nas futuras eleições. Os resultados indicam o seguinte:

diferencial de 13.5%; O nível de absentismo

Províncias: 14 % dos respondentes afirmam que não irão votar. O nível de indecisão entre os novos e velhos eleitores é relativam

novos eleitores. O domínio “Outras Províncias” apresenta o maior nível de indecisos entre os novos eleitores.

Col %

Dominio de estudo: Total Votou nas eleicoes em 1992 Luanda Outras provincias

Sim Sim 70.6 78.6 76.0

Nao 7.8 2.2 4.0

Nao sei 21.7 19.2 20.0

Total 100 100 100

Nao Sim 58.6 65.1 62.5

Vai votar nas proximas eleicoes ?

(27)

A tabela abaixo m is grupos os • e 42 is: foi o •

de abstenção registou-se no grupo dos 26-33 (mais propriamente aos seus integrantes que têm hoje 29 anos ou mais),

Sob o ponto de participação padrões de resp

verificou-se um rescente na participação, proporcionalmente inversa à melhoria da os padrões de avaliados como indecisão. Procurou-se de afectar a decisã qui-quadrado d es se relaciona

ositivamente com o exercício do direito de voto em 1992.

ostra o padrão de resposta por grupos etários. A comparação entre os do que votaram em 1992 e os que não votaram mostra o seguinte:

Em 1992 a comparência às urnas foi maior nos respondentes com mais d anos, correspondendo aos grupos etários que tinham, então, 31 anos ou ma maior no grupo dos 39- 48 anos, seguido do grupo dos 31-38 anos e depois grupo com 49 anos ou mais.

A intenção de participação nas próximas eleições é maior entre os respondentes que têm hoje entre 50-59 anos e que, em 1992, com 39 a 48 anos, foi o grupo com maior participação, também;

754 66.5% 95 8.4% 285 25.1% 1134 100.0%

• Em 1992, o maior nível

2846 69.9% 266 6.5% 961 23.6% 4073 100.0

Tot

considerando que os respondentes do grupo dos 18 aos 25 anos não tinham idade para votar.

• A declaração de não participação nas próximas eleições é maior no grupo mais jovem e mais numeroso da amostra, dos 18 aos 25 anos, 8,4%, e menor no grupo etário dos 50 aos 59 anos, o que apresenta maior intenção de voto e, também, o que mais votou em 1992;

• A indecisão é maior nos respondentes com mais de 60 anos, 25,8%, seguindo-se os respondentes da faixa etária mais jovem, dos 18 aos 25 anos, com 25,1%. O grupo que hoje declara que não irá votar, tinha então 49 anos ou mais e foi o terceiro no ranking de participação em 1992.

de vista das habilitações literárias, os respondentes apresentam o mesmo padrão política de 1992 com relação às próximas eleições. No que respeita aos osta atendendo à auto-avaliação do status sócio-económico dos respondentes,

a tendência dec

situação social e económica dos inquiridos. Relativamente às próximas eleições, resposta apontam para um decréscimo na participação dos grupos “muito pobre” a “remediado, onde também se encontram os maiores níveis de terminar em que medida o exercício de voto em 1992 afectou ou poderá

o de votar nas próximas eleições. A realização do teste não-paramétrico do emonstra que a decisão de participar nas próximas eleiçõ

p

Factos ocorridos após 1992 que podem influenciar a decisão de voto

Os resultados do estudo mostram que 61 em cada 100 respondentes consideram a guerra como um factor que pode influenciar o voto; 29 em cada cem pensam que o resultado das eleições pode influenciar o voto, e para 40 em cada 100, o que ouviu e viu, influenciará o seu

716 69.5% 71 6.9% 243 23.6% 1030 100.0% 590 71.1% 55 6.6% 185 22.3% 830 100.0% 413 72.3% 25 4.4% 133 23.3% 571 100.0% 223 76.6% 9 3.1% 59 20.3% 291 100.0% 150 69.1% 26 - 33 34 - 41 42 - 49 50 - 59 + 60 anos 18 - 25 11 5.1% 56 25.8% 217 100.0% Grupos etarios al Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei % Vai votar nas proximas eleicoes ?

Count Row %

(28)

voto. A tabela seguinte relaciona o que aconteceu em 1992 e a intenção futura de voto nas próximas eleições. O factor guerra após as eleições continua a persistir no imaginário político ngolano como o principal factor, quer para quem vai votar como para quem não vai votar (a

Conforme ouviram

se acrescentar os que responderam não ouviu falar em

O perfil de conhecimento sobre as eleições autárquicas caracteriza-se da seguinte forma: a

% de respostas refere-se a escolhas múltiplas, ou seja o respondente podia escolher mais que um factor).

Row %

7.3 Grau de importância das eleições autárquicas e nacionais

o gráfico abaixo apresenta, é bastante reduzida a percentagem de respondentes que falar de eleições locais, apenas cerca de um terço da amostra. Se a esta percentagem “não sei”, um total de 64% dos respondentes não sabe ou eleições locais.

63.0% 30.6% 38.3%

50.6% 30.8% 44.1%

Sim Nao Vai votar nas

proximas eleicoes ? A guerra após as eleições O resultado das eleições Aquilo que ouvi dos meus familiares e amigos e vi 59.0% 21.3% 41.0% 61.3% 28.4% 39.3% Nao sei Total

O que aconteceu em 1992 que pode afectar decisao de voto

Ouviu falar de eleicoes locais ?

4.5% 41.9% Missing Nao Sim Nao sei 22.2% 31.4%

(29)

menor conhecimento, havendo também um grande déficit de conhecimento no Huambo.

• Os respondentes da área urbana possuem um maior conhecimento sob as eleições locais. O maior déficit de conhecimento sobre as eleições locais regista-se no meio rural.

Os homens (37,9%) manifestam um maior conhecimento do que as mulheres • maior o nível de escolaridade formal, maior o conhecimento sobre eleições

locais, como o demonstra a tabela abaixo

• 568 38.5% 735 49.8% 172 11.7% 781 29.7% 1068 40.6% 784 29.8% 1349 32.8% 1803 43.9% 956 23.3% 322 22.3% 616 42.6% 508 35.1% 695 37.6% 852 46.1% 301 16.3% 332 40.8% 335 41.2% 147 18.1% 1349 32.8% 1803 43.9% 956 23.3% Luanda Outras provincias Dominio de estudo Total Rural Periurbano Urbano Localizacao Total Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Ouviu falar de eleicoes locais ?

307 26.8% 569 49.7% 269 23.5% 362 35.7% 441 43.5% 211 20.8% 310 38.4% 317 39.2% 181 22.4% 211 37.7% 209 37.4% 139 24.9% 95 33.5% 119 41.9% 70 24.6% 44 21.1% 101 48.3% 64 30.6% 1329 33.1% 1756 43.7% 934 Total 23.2% 18 - 25 26 - 33 34 - 41 42 - 49 50 - 59 + 60 anos Grupos etarios Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Ouviu falar de eleicoes locais ?

• Os grupos etários dos 34/41 e dos 42/49 anos demonstram um maior conhecimento. O menor conhecimento encontra-se entre os mais jovens (18/25 anos), logo seguido dos mais velhos, com mais de 60 anos.

(28,1%); Quanto

Os grupos auto-designados de “pobres” e “muito pobres” são aqueles que demonstram menor conhecimento sobre eleições locais.

78 11.8% 304 46.0% 279 42.2% 150 21.0% 340 47.6% 225 31.5% 262 28.4% 464 50.3% 197 21.3% 415 41.8% 422 42.5% 155 15.6% 336 54.6% 214 34.8% 65 10.6% 72 73.5% 18 18.4% 8 8.2% 1313 32.8% 1762 44.0% 929 23.2% Analfabeto I nivel II nivel III nivel Medio Universitario Habilitacoes Literarias Total Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Ouviu falar de eleicoes locais ?

(30)

• Os respondentes “sem religião”, seguidos do grupo de respondentes com “outras religiões que não as indicadas no inquérito, são os que apresentam maior conhecimento.

• O grupo cuja língua materna é o Português é aquele que apresenta um maior conhecimento sob as eleições locais.

1331 33.0% 1770 43.9% 935 23.2% Total 356 38.2% 441 47.4% 134 14.4% 91 26.7% 126 37.0% 124 36.4% 370 24.1% Muito pobre Pobre uto efinicao e pobreza 731 47.7% 433 28.2% 516 38.5% 593 44.2% 233 17.4% 341 41.5% 337 41.0% 144 17.5% 27 55.1% 7 14.3% 15 30.6% 1345 32.9% 1794 43.9% 949 23.2% Remediado Mais ou menos Rico A d d Total Count Row %

Sim Nao Nao sei

Count Row % Count Row % Ouviu falar de eleicoes locais ?

146 38.3% 164 43.0% 71 18.6% 349 30.8% 517 Sem religião Protestante Religião 45.7% 266 23.5% 606 32.8% 808 43.7% 434 23.5% 230 34.1% 281 41.6% 164 24.3% Católico Outra Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Ouviu falar de eleicoes locais ?

314 30.6% 500 48.7% 212 20.7% 130 31.6% 196 47.6% 86 20.9% 22 35.5% 24 38.7% 16 25.8% .0% 0% 17 34.7% 18 36.7% 14 28.6% 18 48.6% 18 48.6% 1 2.7% 1332 32.7% 1792 44.0% 950 23.3% Portugues Kimbundo Kikongo Nhaneca/Humbe ela Outra Lingua materna Total Count Row % Sim Count Row % Nao Count Row % Nao sei Ouviu falar de eleicoes locais ?

350 30.2% 474 40.9% 336 29

125 31.5% 121 30.5% 151 38.

Umbundo Cokwe Gangu

Referências

Documentos relacionados

Dos estados da Região Norte, foi possível se obter respostas de 91,18% (32) dos cursos. Conforme os dados obtidos, 60% dos cursos oferecem o ensino de TCC por intermédio de mais

Tal instrumento de pesquisa foi constituído de 2 blocos, o primeiro buscou informações pessoais dos respondentes (faixa etária de idade, sexo e

A função do controle de estoques é maximizar o efeito lubrificante no feedback de vendas não realizadas, ajudando no ajuste do planejamento da produção. A administração do

A apixaba- na reduziu o risco de AVE e embolismo sistêmico em mais de 50%: houve 51 eventos entre os pacientes do grupo apixabana versus 113 no grupo do AAS

Se este é o momento para revelar velhas feridas, e recompor caminhos, também é o momento para se propor reflexões sobre a humanização do processo, que, necessariamente,

Sendo assim, o trabalho aqui apresentado relaciona-se ao objeto de pesquisa de doutorado, isto é, os fundamentos da Organização do Conhecimento, concretamente, as

A identificação da população a ser estudada iniciou pela análise da tabulação de dados realizada pelo Serviço de Fisioterapia do CAISM/UNICAMP de mulheres submetidas à cirurgia

- NO PERÍODO DE 12H ÀS 20H, SÓ SERÁ PERMITIDO O ACESSO DE CONVIDADOS DE SÓCIO MEDIANTE A APRESENTAÇÃO DO CONVITE INDIVIDUAL PARA O BAILE DE CARNAVAL (DEMAIS TIPOS DE CONVITE