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O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A REDEFINIÇÃO DA REDE URBANA DO RIO GRANDE DO NORTE

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1 Edseisy Silva Barbalho Tavares Doutoranda do Programa de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia da UFRN Professora de Geografia do IFRN edseisy.tavares@ifrn.edu.br

O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A REDEFINIÇÃO DA REDE URBANA DO RIO GRANDE DO NORTE

1 INTRODUÇÃO

A difusão do meio técnico-científico-informacional no território do Rio Grande do Norte promove mudanças no desenvolvimento da sua configuração territorial, principalmente por intermédio da expansão dos sistemas de transportes e de telecomunicações, pela disseminação de formas produtivas modernas além das regiões polarizadas, e ainda pela expansão não apenas de forma de produção material, como também das formas de produção não-material, como é o caso por exemplo, da educação e da saúde.

A partir das mudanças que vem ocorrendo mesmo que não de forma generalizada e total em todos os espaços, mas marcando a totalidade do mesmo (SANTOS, 2012), já que a tendência é a conquista “relativamente rápida, de mais áreas para o meio técnico-científico” (SANTOS, 2005, p. 43), verificamos em função da inserção desses novos usos do território proporcionados pela técnica, ciência e informação, uma redefinição nas relações entre as cidades, e desse modo na rede urbana do estado do Rio Grande Norte.

De tal modo, este trabalho constitui-se na análise dos novos sistemas de ações e de objetos imersos no território do Rio Grande do Norte a partir da difusão do meio técnico-científico-informacional que possibilitaram a redefinição da sua rede urbana. Os resultados preliminares aqui apresentados contemplam um dos objetivos da pesquisa de doutorado sobre a ruptura da hierarquia da rede urbana do Rio Grande do Norte no período atual. Para tanto, recorremos a um estudo bibliográfico: Inicialmente partindo

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2 de contribuições teóricas, principalmente as de Milton Santos no que se refere aos novos fixos e fluxos implantados nos territórios com a difusão do meio técnico-científico-informacional, para compreender as principais mudanças ocorridas no território do estado, identificando e analisando os elementos relevantes na redefinição da sua rede urbana; as discussões de diversos autores sobre as mudanças das redes urbanas no contexto atual; e a produções que versam sobre a dinâmica dos novos usos do território do Rio Grande do Norte.

2 A INSERÇÃO DO NOVOS FIXOS E FLUXOS NO TERRITÓRIO

O território do Rio Grande do Norte entre as décadas de 1960 e 1970 apresenta os primeiros indícios da constituição de um meio técnico-científico-informacional, que somente irá se intensificar no estado a partir dos anos 1990. A difusão deste meio no estado, não ocorre de forma homogênea, nem como um todo, pois “em nenhum caso a difusão dos objetos técnicos se dá uniformemente ou de modo homogêneo. Essa heterogeneidade vem da maneira como eles se inserem desigualmente na história e no território, no tempo e no espaço” (SANTOS, 2012, p. 39).

Datam desse período alguns eventos que passam a remodelar o território estadual, surgindo conforme Santos (2005, p. 39) enquanto característica de generalização desse meio, o aparecimento de “mudanças importantes, de um lado, na composição técnica do território pelos aportes maciços de investimentos em infraestruturas, e, de outro lado, na composição orgânica do território”, além da cientificização do trabalho.

Entre os eventos que permitem uma nova configuração territorial ao estado e novas relações entre as suas cidades e nas diversas escalas estão inicialmente: a chegada da energia da hidrelétrica de Paulo Afonso, a construção de açudes e perfuração de poços, o abastecimento de água, a expansão das telecomunicações e das rodovias, e as políticas de habitação do Banco Nacional de Habitação (BNH) (SOUZA, 1999). Conforme, podemos perceber estes eventos estão relacionadas às mudanças

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3 socioespaciais apontadas por Côrrea (2001), que a partir da década de 1970, promoveram profundas transformações na rede urbana brasileira. Neste sentido, destaca-se com influência sobre o Rio Grande do Norte: as inovações organizacionais junto aos setores industriais, comerciais e de serviços; a ampliação de uma base técnica associada, primordialmente, aos transportes e às comunicações, que possibilitou a diversificação das interações espaciais, e também associada à produção e distribuição de energia; a incorporação de novas áreas ao processo produtivo global e a refuncionalização de outras áreas; os novos padrões de mobilidade espacial da população; o aumento quantitativo e qualitativo da urbanização; e uma maior estratificação social, com ampliação das classes médias e aumento do consumo.

A nova configuração territorial, constituída de objetos de diversas temporalidades permitiu a instalação de diversos sistemas de engenharia no estado, densificando algumas cidades de fixos e fluxos mais intensos e organizando uma rede de relações entre as cidades e suas zonas de influência. Neste último aspecto, o melhoramento das rodovias, foi fundamental, dado permitir maior possibilidade de circulação dos transportes rodoviários, e principalmente como enfatiza Costa (1977), a organização da rede de circulação de ônibus.

A expansão das rodovias permite uma ampliação da circulação e orienta os fluxos, que buscaram entre outros condicionantes uma maior facilidade de deslocamento. Geiger (1963) ao discutir sobre as redes urbanas do Brasil sempre destaca o papel que o sistema técnico rodoviário apresenta para o melhor desenvolvimento e importância das cidades nas redes. O mesmo ainda enfatiza a relevância que a rodovia tem no contexto do processo de industrialização do país e na ligação proporcionada entre as diversas regiões do país e a evolução da rede urbana.

No mesmo sentido, Costa (1977, p. 76), nos chama a atenção para a importância apresentada pelos transportes “para a compreensão da organização da rede urbana, uma vez que geralmente convergem para as cidades maiores, constituindo-se nas ‘vias por onde os fluxos se fazem’”. Partindo desta compreensão fica evidente a relevância desta infraestrutura para a rede de relações entre as cidades do estado e em relação aos seus

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4 vizinhos, dado que os centros urbanos que apresentam as maiores densidades do estado em termos tanto de fixos quanto de fluxos são acessíveis pelas rodovias, como é o caso de Natal, Mossoró, Caicó, Pau dos Ferros, Currais Novos, Assú, João Câmara e Santa Cruz.

Todavia, mesmo permitindo um maior avanço desse novo meio, tais sistemas técnicos não são redefinidores da rede urbana estadual, uma vez que seguem a mesma lógica concentradora de localização. De tal modo, é principalmente a partir da década dos anos 1980 e 1990, com a geograficização de alguns eventos e a inserção dos objetos que permitiram a expansão dos serviços bancários, de educação, de saúde, de lazer e comércio em geral, que esta reestruturação se torna notória, dado redefinirem os conteúdos e os papéis das cidades do território potiguar independente de suas dimensões. A instalação destas formas-conteúdo possibilitaram ao território novos usos e, portanto, mudanças nas diversas instâncias mencionadas anteriormente.

Concomitantemente a inserção destes novos objetos, que se constituem verdadeiros sistemas de engenharia, assim como a outros eventos ocorridos em diversas escalas e temporalidades, as economias tradicionais no estado também vivenciam neste momento, uma crise. Esta nova situação permite o surgimento de outras atividades econômicas, as quais vão demandar um uso mais intenso das áreas urbanas, assim como outra lógica de uso, e a alteração da importância das cidades na rede. As cidades mudam sua forma, estrutura, função e conteúdo, e apresentam na configuração do território uma organização espacial que atenda as diversas intencionalidades do momento. Este novo arranjo espacial, não é apenas uma sucessão do anterior, mas este vivencia uma nova totalização, na qual os novos elementos coexistem com os anteriores, resultando numa totalidade que também já está envolvida no processo constante de totalização.

Assim, entendemos conforme Santos (2012), que o mundo se apresenta como um conjunto de possibilidades, uma totalidade (una), e que está sempre em movimento, realizando totalizações de novos processos relacionais dos novos sistemas de objetos e de ações, que conduzem a novas totalidades. Contudo, é no lugar que acontece uma ou alguma das possibilidades existentes no mundo, uma combinação particular de

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5 elementos e variáveis, que comandada pela totalidade, se interrelacionam de modo ímpar.

Nas áreas urbanas do Rio Grande do Norte até 1970, desenvolviam-se algumas atividades que complementavam o circuito espacial do que era produzido nas áreas agrícolas, e mais a concentração de atividades típicas deste espaço como a prestação de serviços a população. A partir deste período, as antigas atividades econômicas, e todas as formas-conteúdo presentes no território, em função dos diversos usos, passam a coexistir com o petróleo, a extração de sal mecanizada, a fruticultura irrigada, a carcinicultura, os espaços industriais, os centros comerciais de produtos diversos e o aumento da prestação dos serviços privados e públicos em todas as esferas.

Com a constituição deste novo meio, todos os usos do território irão se dar mediante uma renovação da materialidade e das ações, conforme podemos verificar com o que ocorre na reorganização produtiva do território, que vivenciará a emergência de novas atividades já marcadas pela densidade de técnica, ciência e informação, e pela expansão e permanência de algumas atividades já presentes no território, mas que do mesmo modo, passaram a buscar a sua inserção neste meio, por intermédio de um processo de modernização.

Algumas atividades são bastante elucidativas desta realidade de expansão, modernização e consequente influência sobre a redefinição da rede urbana no estado. Um setor relevante neste sentido, é o comércio varejista que segundo Costa (1977), além de ser a modalidade que predominava no estado até a década de 1970, ainda tinha o seu número reduzido nos municípios pequenos. A partir da difusão do meio técnico-científico-informacional, temos um contexto completamente diferente para esta atividade, pois se verifica uma melhor espacialização do comércio atacadista e uma ampla difusão do setor varejista, consequentemente redefinindo as relações entre as cidades, dado ocorrer uma mudança no abastecimento do seu mercado e dos seus estoques e ainda se ter a opção de uma variedade de produtos que anteriormente precisariam ser adquiridos em outro centro.

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6 Pessoa e Gomes (2013) analisando a formação e as expansões das redes comerciais nas pequenas cidades norte-rio-grandense evidenciam a ampliação da oferta desta atividade varejista nos últimos anos nas pequenas cidades do estado e como a instalação dessas redes promove uma nova dinâmica urbano-regional nas cidades do Rio Grande do Norte. Apesar da instalação dessas redes comerciais ter ocorrido segundo Pessoa e Gomes (2013) priorizando cidades que as autoras entendem como sendo os pólos regionais do estado, também extrapolou estes pólos estando localizados em outras cidades que não apresentam a mesma importância na rede urbana, sendo a maior concentração nas cidades das mesorregiões Oeste e Central Potiguar. Nas duas mesorregiões mais próximas a Natal, as cidades apresentam uma significativa densidade de fixos e fluxos, apresentam a disponibilidade de concentração de comércios e prestação de serviços em alguns centros. No entanto, muitas cidades e uma boa parcela da população residente nestas constituem zona de influência da capital, para este comércio. De modo, que quanto mais se distanciam as cidades da capital, maior é o número de centros concentradores, sendo também mais densos e mais importantes no contexto da rede urbana.

Outro setor que entendemos ser relevante para o entendimento da redefinição da rede urbana do estado por também ter expandido a sua oferta e modernizado os seus serviços para uma maior área do estado, são os serviços bancários. Costa (1977, p. 57) nos lembra que “até a década de 1970, os serviços bancários no estado eram muito concentrados” configurando uma situação de dependência, em relação a esta atividade, para boa parte das cidades.

A partir da dinâmica econômica promovida pelos novos usos do território das cidades do Rio Grande do Norte, possibilitados pela difusão do meio técnico-científico-informacional, como a nova divisão territorial do trabalho e as relações sociais e de trabalho, o lugar se modifica para atender as novas demandas que precisam de um capital circulando, e consequentemente teremos como evidencia Santos (2005, p. 56), ao tratar da nova urbanização, “a presença de ramificações do sistema bancário, até mesmo em núcleos menores”. Esta sendo uma realidade notória no estado, pois a

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7 espacialidade dos pontos de serviços bancários do estado revela que o capital financeiro tende a não deixar de lado nenhuma parcela do território.

Também é um setor que vivencia mudanças significativas, as quais repercutem sobre as relações das cidades do estado, a expansão das atividades de ensino. A difusão do meio técnico-científico-informacional promoveu segundo Santos (2005) a necessidade do aumento da quantidade de trabalho intelectual, consequentemente de que a população se torne mais letrada, e isto em toda a escala do território, embora com distinções. Aumentaram-se paralelamente ao consumo de produtos materiais, os não-materiais, com destaque para a educação. Discutindo sobre a rede urbana e mais especificamente sobre a oferta de serviços nos centros urbanos do estado na década de 1970, Costa (1977, p. 63) nos diz que,

apenas um terço das cidades apresentam cursos de nível ginasial e um décimo têm curso de nível colegial. Isso provoca o deslocamento de estudantes de suas cidades para aqueles onde existe este serviço, fato importante para a análise das áreas de influências das cidades.

Conforme podemos observar, as atividades de ensino eram extremamente concentradas e raras no território até este período, isso no que se refere aos níveis ginasial e colegial, que correspondem respectivamente, aos ensinos fundamental e médio. Todavia, este é um dos setores que mais expandiu no meio atual e redefiniu as relações entre as cidades, pois a dispersão do serviço permitiu que para ocorrer o acesso ao mesmo, não seja mais necessário o deslocamento para outra cidade ou região. A espacialização das escolas para estes níveis de ensino se dá de forma mais dispersa no território. Situação que redefine a relação entre as cidades, pois cada cidade atenderá a sua demanda, não sendo necessário recorrer a um centro maior que tenha a oferta deste serviço. Exceção ao uso deste serviço no próprio município de residência se dá majoritariamente para a oferta do mesmo pela esfera privada e no caso do Ensino Médio, pelos Institutos Federais, que vivenciam um processo de expansão iniciado em

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8 2006 (e ainda em curso), se localizando em alguns centros que já são concentradores de outras atividades comerciais e de prestação de serviços.

Até mesmo o ensino superior que era ainda mais restrito, vivencia um processo de espacialização mais equitativa no território, com a expansão das instituições de Ensino Superior (IES), de todas as esferas. Neste sentido compartilha-se do entendimento de Amorim (2010, p. 183) de que “a modernização histórica e atual do território brasileiro, através de sua densidade técnico-científico-informacional [...] acaba por influenciar a escolha dos investimentos públicos e privados na alocação dos recursos em educação superior”.

A espacialização da expansão dos serviços de educação de nível médio, técnico e superior com os câmpus do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, e do ensino superior com os centros das Universidades Federais e Estadual do estado revelam que a instalação destas instituições de ensino nas cidades do interior do estado ocorreram em cidades que apresentam relevância no contexto regional da rede urbana potiguar, reforçando a concentração espacial, embora diferentemente de períodos anteriores quando se tinha uma centralização e concentração ainda mais acentuada.

Embora a maior parte destas instituições de ensino médio, técnico e superior tenha se dispersado para os centros urbanos já densos, conforme já mencionado, temos também a instalação de algumas dessas unidades além dessas áreas. Os municípios que recebem estas unidades de ensino, consequentemente apresentaram uma mudança na sua posição hierárquica na rede urbana do estado, sendo uma referência para este tipo de serviço, inclusive em muitos casos tendo a criação de condições de acessibilidade e de permanência de população oriunda de diversas localidades.

A efetivação destes usos nestes centros não tão concentradores de fixos e fluxos, como os demais, redefine as relações entre as cidades para o uso destes serviços. O lugar será redefinido pelos novos objetos e pelas novas ações, assim com estes conformaram um novo conjunto na constituição com esse lugar específico. Assim, centros que pertenciam e para alguns casos ainda pertencem a uma zona de influência de outras cidades para uma grande variedade de obtenção de bens e serviços, vivenciam

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9 uma convergência de fluxos ocasionada pela densificação de técnica, ciência e informação para o desenvolvimento desta atividade especificamente, e outras que a elas estejam relacionadas e que tenham surgido a partir deste contexto.

O serviço de saúde do mesmo modo que os demais era bastante concentrado, reforçando uma hierarquização na oferta e prestação dos serviços. Mas, assim como as demais atividades, também tem uma expansão nos últimos anos, principalmente a partir da institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS). São evidentes os avanços ocorridos na saúde do Brasil com o SUS, como, por exemplo, aumento de atendimento nas áreas básicas e de média e alta complexidade, cobertura vacinal e de atendimento, política de acesso a medicamentos e descentralização através da regionalização e municipalização. Todavia, embora esse serviço apresente uma espacialidade, e uma regionalização, além de uma distribuição por nível de complexidade do serviço que em termos teórico permitiriam uma menor concentração e maior acessibilidade à população, na prática a prestação do serviço permanece concentrada em algumas cidades. Esta situação se dá porque a divisão estabelecida com base em outras propostas de regionalização do estado que acatam a outras intencionalidades, não atende as realidades locais, nem as reais condições de áreas de atuação e influência dos serviços para os municípios, comprometendo, portanto, o atendimento a população (FEITOSA, 2013), e ainda pelo fato de que algumas unidades de saúde vêm se constituindo em objetos que não realizam nenhum atendimento, como é o caso dos hospitais estaduais que embora melhor espacializados, não apresentam condições de realizar os procedimentos para os quais foram planejados, nem em termos de sistemas técnicos de infraestrutura hospitalar, nem no que se refere ao quantitativo de profissionais.

Ainda é preciso ressaltar uma questão do âmbito dessa discussão, trata-se da distinção público-privada, que é orientada segundo interesses divergentes como destaca Rochefort (1998). O setor público apresenta uma melhor distribuição nos serviços analisados no território estadual, obedecendo a uma lógica de atender a um maior público e segundo uma organização administrativa e hierarquizada por nível de complexidade dos serviços em relação à importância dos centros, que pode ser em

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10 termos de fatores de densificação de fixos e fluxos, ou mesmo por fatores políticos e de poder. No entanto, o setor privado, não segue a mesma lógica, selecionando os espaços, de acordo com a solvabilidade de seus clientes, promovendo majoritariamente, uma concentração dos mesmos nos centros mais densos. Neste contexto, é relativa a referência de centro urbano do estado a ser buscado.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A expansão do meio técnico-científico-informacional no Rio Grande do Norte ampliou a artificialidade técnica no território estadual. No entanto, a densidade das materialidades e das ações apresentam intensidades diferenciadas espacialmente. Esta expansão de novos fixos e fluxos carregados de técnica, ciência e informação quando integrados ao meio preexistente, e aqui especificamente relacionados a algumas atividades comerciais varejistas e aos serviços de transporte, bancários, educação e saúde, causa uma redefinição na rede urbana e na sua hierarquização para o uso de determinadas atividades.

As mudanças ocorridas na rede urbana estadual a partir do meio técnico-científico-informacional são de várias ordens e tornam-a cada vez mais diferenciada e complexificada. Anteriormente se tinha uma rede de relação entre as cidades do estado que para boa parte das atividades, mesmo àquelas mais cotidianas se mantinha uma situação de dependência a centros maiores, e era reduzido o número de centros mais densos. No contexto atual, o uso do território local se dá por densidade de técnica, ciência e informação na maior parte dos municípios e para uma série de necessidades cotidianas. Esta nova situação permite inclusive uma inversão nos fluxos, que se dará em direção a estas áreas, e não apenas a partir delas, e ainda que as cidades participem de redes em diferentes escalas com funções e papéis diversos em cada uma delas.

Todavia nos foi possível concluir que a mudança na hierarquia e mesmo nas áreas de influência dos centros mais densos se dá diferentemente para cada uma das atividades buscadas, algumas apresentando maior expansão e uma espacialidade

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11 territorial mais equitativa, e outras permanecendo mais concentradas. Existem atividades que primam, em funções de suas necessidades técnicas, científicas e informacionais, por localizações já densas e concentradoras, e outras apresentando intencionalidades diferentes se estabelecem segundo outras lógicas. Desse modo, se desmonta uma hierarquização em que sempre se procuraria o centro local apenas para as atividades de primeira necessidade e um único centro para àquelas que apresentam maior complexidade.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Cassiano Caon. O uso do território brasileiro e as Instituições de Ensino Superior. São Paulo: USP, 2010. Tese de doutorado - Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1977. 335 p.

CÔRREA, Roberto Lobato. A rede urbana brasileira e a sua dinâmica: algumas reflexões e questões. In: SPÓSITO, Maria Encarnação Beltrão (org.). Urbanização e cidades: perspectivas geográficas. Presidente Prudente, 2001. p. 359-367

COSTA, Eunice Correia da. O fato urbano no Rio Grande do Norte: características das bases da vida de relações. São Paulo: USP, 1977. Dissertação de mestrado – Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1977.

FEITOSA, Luciana da Costa. A regionalização da saúde no Rio Grande do Norte: elementos para a compreensão da dinâmica dos lugares. Natal: UFRN, 2013.

Dissertação de mestrado - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2013.

GEIGER, Pedro Pinchas. Evolução da rede urbana brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos da Educação e Cultura, 1963.

PESSOA, Jomara Dantas; GOMES, Rita de cássia da Conceição. Formação e

expansão das redes comerciais nas pequenas cidades norte-rio-grandenses. In.: XX Encontro Estadual de Geografia. Natal, 2013.

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ROCHEFORT, Michel. Redes e sistemas: ensinando sobre o urbano e a região. Tradução Antônio de Pádua Danesi São Paulo: HUCITEC, 1998.

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 5. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2005.

______. A Natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.

SOUZA, Itamar de. História do Rio Grande do Norte em fascículos. In.: Diário de Natal. Projeto Ler. Natal, 1999.

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