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1) Organização e Estruturação do Gênero Dissertativo-Argumentativo

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Academic year: 2021

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1) Organização e Estruturação do

Gênero Dissertativo-Argumentativo

1.1 Escrita como Processo

Antes de iniciarmos o nosso estudo sobre as etapas pré-produção textual e sobre a parte estrutural do gênero dissertativo-argumentativo, é fundamental entendermos o que é um texto, afinal não é isso iremos produzir? Portanto, faz-se necessário essa compreensão.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa, de 1997, apresentam o texto como uma unidade significativa, “é uma sequência verbal constituída por um conjunto de relações que se estabelecem a partir da coesão e da coerência” (PCN, 1997, p.23). De modo geral, o texto é uma unida-de unida-de sentido, ou seja, todos os seus elementos, todas as suas partes, precisam estar relacionados e ligados (constituindo uma única unidade), com o objetivo de transmitir uma determinada mensagem. Além disso, os textos se enquadram em tipos textuais e gêneros textuais distintos, uma vez cada um possui uma função social diferente. Se pensarmos em uma receita, veremos que a sua função não é a mesma de uma notícia. Por isso, é importante se ter em mente a função do texto que estamos produzindo, no nosso caso, a função do gênero dissertativo-argumentativo, da qual trataremos mais adiante.

A partir da colocação acerca do texto como uma unidade significativa, com o objetivo de transmitir uma mensagem ao interlocutor, seguindo determinadas funções sociais, é preciso entender a escrita como um processo. Para produzir um texto é preciso passar por algumas etapas.

Sendo assim, ao iniciarmos o processo de produção textual, é importante que tenhamos internali-zado as etapas pelas quais precisamos passar. Essa internalização se dá a partir da prática, isto é, para fazermos com que essas etapas façam parte do nosso processo de escrita, é preciso que as coloque-mos em prática, através do treinamento constante.

No início, as etapas pré-produção textual podem nos parecer perda de tempo, uma vez que poderá fazer com que a escrita demore mais. Todavia ao automatizar essas etapas, veremos que essas nos auxiliarão em um processo contrário, tornando a escrita mais objetiva e focada. Isso fará com que a nossa produção seja direcionada e economizaremos minutos preciosos. E, como sabemos, na hora da prova, cada minuto vale muito.

Então, vamos conhecer as etapas pré-produção textual?

1.2 As etapas pré-produção textual

1.2.1 Primeira etapa pré-produção textual: a compreensão do tema

Conforme ressaltamos anteriormente, o processo de escrita é marcado por etapas, inclusive por etapas pré-produção textual, ou seja, aquelas que antecedem o início da produção textual.

A primeira etapa pré-produção a ser destacada é a compreensão do tema. É preciso compreender aquilo que a banca está solicitando como discussão, afinal devemos atender ao que está sendo pedido, evitando a fuga ao tema ou o seu tangenciamento. Para entendermos melhor, selecionamos dois temas construídos de maneiras diferentes. O primeiro é o tema da redação do Enem do ano passado, ‘A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira’, e o segundo é o tema de nossa Oficina, ‘Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou meritocracia excludente?’.

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importante deixar claro sobre o que precisamos discutir. Afinal, qual discussão a prova de Redação está exigindo? Ela quer que argumentemos sobre o quê? Para isso, vamos partir do tema da prova do ano passado.

A persistência da violência contra a mulher.

Ao analisarmos essa proposta, podemos identificar um assunto mais amplo e um ponto mais específico, sobre o qual é preciso dissertar. Essa identificação é fundamental para evitarmos a fuga ao tema, que caracteriza nota zero à redação.

Voltando ao tema, o assunto mais amplo é a violência contra a mulher e o ponto mais específico é a questão da persistência desse tipo de violência. Normalmente, a banca escolhe dentro de uma problemática maior, um ponto específico de discussão.

Violência contra

a mulher

Persistência

É claro, que ao tratar da violência contra a mulher, o aluno não estará fugindo do tema, porém comprometerá a nota da Competência 2, que avalia a compreensão da proposta. Portanto, é sobre a persistência da violência contra a mulher que iremos tratar. Por que a violência contra a mulher ainda persiste? Por que apesar de leis e punições os números continuam crescendo? O que há por trás des-se cenário de violência contra a mulher? Como explicar a continuidade da violência?

Para que você não se perca nessa compreensão do tema, uma dica é destacar as palavras mais importantes e focar nelas ao fazer a seleção dos argumentos:

A

persistência

da

violência

contra a

mulher

na

sociedade brasileira

Ao destacarmos as palavras mais importantes e focá-las, na hora de organizar e selecionar os fa-tos e os argumenfa-tos, conseguiremos eliminar eventuais problemas de compreensão, de fuga e garanti-remos a discussão acerca daquilo que realmente foi solicitado.

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contrária à persistência da violência contra a mulher. Outro ponto que requer atenção é que não se deve tratar dessa continuidade da violência em qualquer lugar, a proposta é bem direta, essa discussão deve ser acerca do que acontece na sociedade brasileira.

Vamos partir para o segundo exemplo de construção de proposta de redação?

O tema de nossa Oficina de Redação é ‘Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou merito-cracia excludente?’. Diferente do tema anterior, esse exige um posicionamento seja de um lado, seja de outro.

Esporte no

Brasil

Meritocracia

excludente

Ferramenta de

inclusão social

ou

O ponto chave para compreendermos esse tema, é dar atenção ao uso da conjunção alternativa ou, que indica que devemos escolher entre uma das opções apresentadas, ou seja, é preciso que aborde-mos o esporte no Brasil como ferramenta de inclusão social ou como meritocracia excludente. O tema não nos dá outra possibilidade de discussão, isso faz com que todo o nosso texto seja construído a partir de um desses posicionamentos já dados.

A diferença entre a forma de construção de um tema e outro está no posicionamento exigido, um não permite um posicionamento a favor ou contra, é preciso discutir sobre uma problemática levan-tada, a persistência da violência contra a mulher. O outro exige que nos posicionemos de um lado ou de outro, que expliquemos a questão do esporte no Brasil defendendo-a como uma ferramenta que promove a inclusão social ou como meritocracia excludente, em que alguns se destacam, enquanto outros não. Conseguiu ver a diferença? Um não nos dá possibilidade de escolha, enquanto o outro nos dá duas.

Essa primeira etapa é fundamental para entendermos o que está sendo pedido e para direcionar os fatos e os argumentos ao que é solicitado. Vamos conhecer a próxima etapa?

1.2.2 Segunda etapa pré-produção textual: leitura e interpretação dos textos de apoio

Depois da compreensão do tema, nós vamos partir para a leitura dos textos de apoio. Essa leitura deve ser direcionada por aquelas palavras-chave destacadas no enunciado e pelas perguntas que sur-gem no momento da leitura da proposta de redação. Isso significa que nós vamos ter que ler os textos que compõem a coletânea, pensando naquilo sobre o qual precisamos discutir e argumentar, é o que chamamos de leitura direcionada.

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Compreensão

da frase tema

Leitura e interpretação

dos textos de apoio

A+B

Os textos de apoio possuem duas funções básicas: contextualizar o assunto e motivar a escrita. Eles vão apresentar o assunto e isso tem que servir de ponto de partida para a escrita, como motiva-ção. É importante lembrar que uma tendência do Enem é apresentar textos básicos e, muitas vezes, rasos, sem uma discussão aprofundada, justamente porque o que eles querem ver é a capacidade de argumentação do aluno.

Mas lembre-se: não copie trechos dos textos de apoio, e de nenhum outro, porque isso é plágio e plágio é crime. O que precisamos fazer é nos apropriar dos textos.

Coletânea / Textos de apoio

Na Análise do Discurso, trata-se de algo denominado subjetivação. Nós ouvimos certas coisas e subjetivamos isso, isto é, tornamos aquilo como parte de nós. É fácil observarmos isso em crianças, quando a mãe fala repetidamente certas coisas e, logo, a criança aprende e nunca mais faz ou fala. Isso significa que ela subjetivou, ela tornou aquilo parte dela. A questão da apropriação se aproxima um pouco disso.

Apropriar quer dizer tomar posse, mas não no sentido de que aquilo vai ser seu, mas no sentido de compreender, de ser capaz de reelaborar o que está sendo apresentado e relacionar aquilo com outros elementos. Então, nós temos que compreender os textos de apoio. Inclusive, esses textos já nos dão até um direcionamento do que a banca espera ver como discussão.

Sendo assim, vimos, até agora, duas etapas pré-produção textual: a compreensão do tema e a leitura e interpretação dos textos de apoio da coletânea. Vamos dar uma olhada na próxima etapa?

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1.2.3 Terceira etapa pré-produção textual: organização das ideias

Após a compreensão do tema e leitura dos textos de apoio, algumas ideias vão começar a surgir nas nossas cabeças. E a grande questão é saber organizá-las.

Todas as ideias que forem aparecendo precisam ser anotadas. Organize-as em tópicos, não neces-sariamente na ordem em que vão aparecer no texto. O mais importante é registrá-las.

Essa estruturação de ideias vai direcionar o ponto de vista que iremos defender ou podem surgir a partir da definição do nosso ponto de vista. Isso significa que essa relação pode se dar nas duas dire-ções e as duas coisas devem sempre estar juntas. No caso da prova do ano passado, podemos organi-zar as nossas ideias e depois sistematiorgani-zar o ponto de vista que iremos defender. No caso da proposta da Oficina, podemos primeiro escolher o ponto de vista, dentre as duas opções apresentadas, e, depois, organizar os pontos que vão justificar essa posição.

Vamos pensar no tema da última prova?

A persistência da violência contra a mulher.

A partir da compreensão do tema e da leitura da coletânea, algumas ideias sobre o assunto vão surgindo e é preciso esquematizá-las em tópicos, pois é a maneira mais fácil de organizarmos e se-lecionarmos o que será discutido e aproveitado em nossa produção textual. Partindo, então, do tema acima, devemos tentar responder à seguinte questão:

Por que a violência contra a mulher ainda persiste?

Algumas justificativas vão surgindo e vamos organizá-las: • falta de educação; • machismo; • falta de punição; • sociedade patriarcal;

Ponto de vista

a ser defendido

Seleção

de ideias

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Quando você selecionar as suas principais ideias, veja quais você consegue desenvolver com qua-lidade. Vamos supor que você não tenha tantos argumentos para tratar de sociedade patriarcal, então, corte essa problematização e foque naquilo que você sabe. O segredo é tratar daquilo que você tem domínio, daquilo que você consegue discutir de forma eficiente.

• falta de educação; • machismo; • falta de punição;

• sociedade patriarcal;

No geral, selecione duas, no máximo três ideias para argumentar, que precisam ser bem discutidas e sustentadas, as quais irão compor o desenvolvimento de seu texto. Com base nisso, o percurso a ser percorrido, nas etapas pré-produção textual, ficou assim definido:

Compreensão

da frase tema interpretação dosLeitura e textos de apoio

Seleção das ideias

A+B+C

1.3 A estrutura do gênero dissertativo-argumentativo

Nós vimos até aqui, etapas pelas quais precisamos passar antes de iniciarmos a escrita de nossa produção textual, porém outro ponto também é necessário para guiar o nosso texto: o conhecimento sobre a estrutura do gênero dissertativo-argumentativo, o gênero cobrado na prova do Enem.

Conhecer o gênero, sua estrutura e função é fundamental para que saibamos organizar as nossas ideias dentro do que é exigido.

O texto dissertativo-argumentativo exige a discussão, a argumentação acerca de um dado tema, com defesa de ponto de vista. Você vai se posicionar a partir da leitura do tema e vai defender o seu ponto de vista, argumentando, selecionando fatos e acontecimentos, tudo isso bem fundamentado, bem construído e bem articulado. É importante lembrar que é preciso convencer o seu leitor, você pre-cisa mostrar e justificar o seu ponto de vista.

O gênero dissertativo-argumentativo apresenta uma estrutura que deve ser respeitada (e que se estende a outros gêneros do tipo textual dissertativo):

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A introdução corresponde ao primeiro parágrafo do texto e é responsável pela familiarização do leitor com o tema que será defendido. Para alcançar esse objetivo, essa parte da produção textual exige a apresentação do tema que será discutido e deve introduzir a tese (ponto de vista) que será defendida. É esse parágrafo inicial que irá guiar o restante da produção.

O desenvolvimento do texto corresponde à apresentação dos fatos e dos argumentos que vão sustentar/defender o ponto de vista. Nessa parte do texto, devemos argumentar, criticar, questionar, refletir e justificar a tese levantada no primeiro parágrafo. É importante selecionar bem os argumentos e a ordem em que vão aparecer.

Além disso, é preciso tomar cuidado com a extensão e com a quantidade de argumentos, uma vez que, é disponibilizado o máximo de 30 linhas. Então, é importante nos limitarmos a dois argumentos (podendo ser estendido no máximo a três), desenvolvendo um parágrafo para cada um.

A última etapa estrutural exigida pelo gênero é a conclusão, que corresponde ao último parágrafo a ser elaborado e que é responsável pelo fechamento das ideias. Para executar essa função, é importante que essa parte do texto apresente a retomada do problema discutido, que apresente uma proposta de intervenção (soluções) e que reforce a tese sustentada.

Todas as nossas ideias, os nossos argumentos, os fatos selecionados devem estar organizados exatamente nessa ordem. É preciso conhecer e respeitar essa estrutura.

Introdução

Conclusão

Desenvolvimento

Gênero Dissertativo-Argumentativo

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Conforme ressaltamos anteriormente, a escrita é um processo marcado por etapas pelas quais devemos passar: compreensão do tema, leitura e interpretação dos textos de apoio e organização e seleção das ideias. Após percorrermos esse caminho, é chegado o momento de dar início à produção textual. Todavia, a construção dessa parte inicial representa, para muitos, um momento de tensão. Como começar o texto? Há técnicas para a construção da introdução e vamos tratar de algumas neste capítulo.

É fundamental, independente da técnica a ser utilizada, que tenhamos noção da função do pará-grafo de introdução de um texto do gênero dissertativo-argumentativo. Afinal, para que serve a introdu-ção?

Como o próprio nome já sugere, o primeiro parágrafo de uma produção textual tem a função de introduzir o assunto, esse é o momento de apresentar sobre o que irá se discutir, argumentar, refletir. Essa parte é responsável pela familiarização do leitor com o tema.

Além dessa apresentação, a introdução também tem uma função fundamental: estabelecer a tese que será defendida. Essa tese consiste no seu posicionamento diante da problemática que será discutida, ou seja, é o ponto de vista que será debatido e defendido. Sendo assim, já no início do texto, é necessário deixar claro ao seu leitor sobre o que você irá discutir e sob qual perspectiva.

A seguir, vamos apresentar cinco maneiras distintas de se construir a introdução de seu texto. Para entendermos melhor em que consiste a tese, faremos, a partir dos exemplos, uma análise do que cada um apresenta como ponto de vista a ser defendido.

2.1 Cinco maneiras de se iniciar um texto dissertativo-

argumentativo

A introdução do texto corresponde ao primeiro parágrafo da produção textual e é responsável pela apresentação do tema, do assunto que vamos discutir. Além disso, é a parte em que se apresenta o ponto de vista, a tese que será sustentada. Esses dois pontos precisam ficar claros no começo do tex-to, uma vez que é esse parágrafo que irá direcionar todo o restante da produção. É por ele que vamos nos guiar.

Diante da importância do primeiro parágrafo do texto para o restante da produção e do processo de escrita, e levando em consideração as dificuldades que esse momento pode trazer, selecionamos cinco maneiras de se iniciar a produção textual. É importante que você ache aquela que lhe deixe mais confortável e seguro. Lembre-se: a escrita não deve ser árdua e difícil. Precisa ser algo fácil, confortável e objetivo.

Vamos dar uma olhada nessas maneiras de se construir a introdução?

2.1.1 Definição

A primeira maneira selecionada de se iniciar um texto é o uso de definição. Nessa forma, o assunto

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“Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de

recursos estilísticos da linguagem, a exemplo da metáfora e

das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a

manipulação de instrumentos a serviço da propaganda infantil

produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo

desnecessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas

de debate social acerca do limite de conteúdos designados a

comerciais televisivos que se dirigem a tal público.”

Candidato: José Querino de Macêdo Neto.

No exemplo acima, ao tratar da publicidade infantil, o aluno, na construção de seu parágrafo de introdução, parte do conceito censitário de publicidade, que destaca o uso da linguagem como forma de persuasão, para chegar à tese que será defendida. Já no final do parágrafo, ele destaca o ponto de vista que será defendido: a necessidade do debate sobre o limite dos conteúdos dos comerciais que são destinados ao público infantil.

2.1.2 Retomada histórica ou alusão histórica

Outra maneira de se construir a introdução de um texto do gênero dissertativo-argumentativo é através da retomada histórica ou alusão histórica. Nessa forma de construção, o autor volta a um determinado momento histórico para apresentar ou justificar um fato ou traçar um paralelo entre o passado e o presente.

Esse tipo de construção exige cuidado, pois o fato histórico selecionado deve ter ligação direta com a temática, portanto é necessário ser pontual e apresentar um momento relevante para a discussão. Por isso, é importante que se tenha bastante conhecimento sobre aquilo que está sendo apresentado.

Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do

século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e

permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa

na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como

inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado

apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com

isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica

excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do

país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de

mentalidade social.

Nesse exemplo, ao tratar da persistência da violência contra a mulher, o autor faz três referências históricas. A primeira, o período compreendido entre o século XVI e XXI, ao tratar da formação do Es-tado brasileiro para justificar a consolidação do pensamento machista. A segunda se dá na menção à

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transição entre a Idade Média e a Contemporânea, momento de maior intensificação da inferiorização da mulher em relação ao homem e, por último, ela faz uma referência à Era Vargas, destacando que somente na década de 1930, a mulher conseguiu o direito ao voto.

Observe que todos os momentos históricos utilizados na introdução foram muito bem marcados, com datas e períodos específicos e todos têm relação com a discussão, que é a questão da mulher. Ao utilizarmos esse recurso, é importante deixar as relações bem claras para o leitor.

Ainda nesse parágrafo, é importante destacar o ponto de vista que será defendido: a violência de gênero que está atrelada à insuficiência das leis e a lenta mudança da mentalidade social.

2.1.3 Flashes

Podemos destacar também, como outra técnica de iniciação de produção textual, a utilização de flashes, que consiste na apresentação do tema que será debatido a partir da construção de imagens rápidas. Funciona como uma enumeração de cenas que ajuda o leitor a entender a problemática que será discutida, é como se houvesse o estabelecimento de um cenário. Para compreendermos melhor, selecionamos um exemplo desse tipo de construção:

Saídas à noite. Bares. Direção embriagada. Acidentes. No

Brasil, por muito tempo, essa seqüência foi comum e sem

punições. Nos últimos anos, a implantação do controle de

motoristas alcoolizados já trouxe resultados positivos ao país

– como uma considerável queda no número de acidentados.

Entretanto, as opções de meio de transporte coletivos são

restritas e os cidadãos, então, recorrem às redes sociais que

indicam o posicionamento de tendas da Lei Seca e continuam,

desse modo, a dirigir sob efeito do álcool.

Candidata: Clara Biondi Egues

O exemplo acima nos mostra a utilização dos flashes na elaboração da introdução. A candidata constrói um cenário que reflete o problema que será abordado, álcool e direção. Para isso, seleciona quatro cenas características dessa péssima prática, saídas à noite, bares, direção embriagada e aci-dentes. Essa é uma forma interessante de familiarizar o leitor com o problema, pois apresenta pala-vras-chave sobre o assunto.

Além dessa utilização, podemos destacar o estabelecimento da tese que será defendida pela candidata. Segundo ela, as opções de transporte coletivo são restritas, o que faz com que as pessoas insistam em beber e dirigir, utilizando as redes sociais para evitar a fiscalização da Lei Seca.

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exige muito cuidado, pois é preciso apresentar o responsável pela colocação, isto é, é necessário que se faça as devidas referências.

Conforme ressaltamos, há duas maneiras de se fazer a citação, direta ou indiretamente. A citação direta consiste na transcrição integral daquilo que foi dito, ou seja, a colocação que será utilizada deve ser copiada exatamente da maneira em que foi escrita, sempre entre aspas. Vamos ver o exemplo:

Conforme ressalta Foucault, “por mais que uma frase não

seja significante, ela se relaciona a alguma coisa, na medida em

que é um enunciado”.

A citação indireta é feita a partir de paráfrase. Isso significa que nós vamos reproduzir o que foi dito com as nossas próprias palavras, mas sempre fazendo as referências. Como em:

Foucault ressalta que um enunciado sempre irá se relacionar

com outro elemento, com outra coisa, mesmo que a frase se

apresente como algo que não tenha significado, ou seja, que não

tenha sentido.

Observamos, então, as duas maneiras de se fazer citação mais utilizadas, a direta e a indireta. Va-mos ver um exemplo da utilização de citação na introdução?

Segundo Thomas Hobbes, é necessário estabelecer um

contrato social em que o governo garanta a segurança do povo

e iniba um convívio caótico. No entanto, o alcoolismo no Brasil

é um dos fatores que impede a harmonia no trânsito e oferece

riscos à vida humana. Dessa maneira, a “Lei Seca” surgiu como

um mecanismo que corrige diversos hábitos incoerentes por

parte de motoristas, mas que ainda gera entraves que dificultam

a realização de mudanças mais profundas.

Candidata: Beatriz Pêgo

Para introduzir o assunto que será discutido, a candidata parte do uso de uma citação indireta de Thomas Hobbes, em que se destaca a questão do contrato social e, a partir dessa apresentação, entra na questão do álcool e da direção, até chegar ao ponto de vista que será defendido: a necessidade de mudanças profundas na Lei Seca, que possam corrigir os péssimos hábitos de alguns motoristas.

2.1.5 Declaração inicial

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inicial, em que o autor faz, inicialmente, uma declaração positiva ou negativa. O exemplo a seguir nos ajudará a entender melhor essa construção.

O automóvel foi uma das grandes invenções do homem.

Ao longo dos anos, a espécie humana foi se organizando

em sociedades e desenvolvendo meios para facilitar seu

deslocamento. Dessa forma, o sistema rodoviário foi implantado

e sendo, progressivamente, aprimorado no território brasileiro.

A intensificação desse processo gerou maior mobilidade

à população, mas também possibilitou a ocorrência de

eventuais ações maléficas por parte dos cidadãos, como o

ato de dirigir após consumir bebida alcoólica. A Lei Seca, atual

medida tomada pelo Governo brasileiro, coloca em evidência a

necessidade de se discutir sobre a segurança no trânsito.

Candidata: Andrezza Dias Bastos Ferreira.

Para iniciar o seu texto, a candidata faz uma declaração, que não deixa de ser reflexo de seu ponto de vista, e, a partir disso, introduz o assunto que será abordado em sua produção textual. Segundo ela, “o automóvel foi uma das grandes invenções do mundo”, e destaca a questão da maior mobilidade e do surgimento de alguns problemas, como beber e dirigir.

Para finalizar essa parte do texto, a aluna estabelece o ponto de vista que ela defende, que é neces-sário se discutir sobre a segurança no trânsito.

Vimos, então, cinco maneiras diferentes de se construir a introdução de um texto do gênero disser-tativo-argumentativo: definição, retomada histórica, flashes, citação e declaração inicial. Embora sejam maneiras bem distintas de se apresentar um tema, duas coisas elas possuem em comum: é preciso ter cuidado na seleção dos recursos utilizados e relacioná-los com o assunto discutido.

A introdução deve sempre ser encarada como ponto de partida para o restante da discussão, pois vamos guiar o texto a partir do que foi explicitado nessa parte inicial. Vamos discutir sobre o assunto que apresentamos e vamos defender a tese que estabelecemos. Por isso, é necessário muito cuidado nessa elaboração e é fundamental encontrarmos uma forma de escrita que nos deixe em situação de conforto e que nos dê mais segurança. Como encontrá-la? A partir da prática. É treinando, escrevendo, produzindo textos que encontraremos a nossa maneira de produzir um texto, fazendo com que essa parte inicial deixe de ser um problema.

2.2 Algumas considerações sobre o estabelecimento da tese

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A tese nesse gênero consiste na defesa de um ponto de vista. Trata-se do posicionamento do au-tor, é aquilo que ele irá defender. Essa posição precisa ficar clara, já na introdução do assunto que será discutido, pois o restante do seu texto terá que dar sustentação a ela.

O estabelecimento da tese está associado ao tema. Se o tema exigir uma posição contra ou a favor, de um lado ou de outro, a sua tese vai ter que indicar o seu posicionamento.

Se o tema não exigir esse posicionamento entre um lado ou outro, a sua tese estará na justificativa ou na explicação que você dará ao assunto.

Vamos relembrar os dois modelos de tema que apresentamos?

Esporte no Brasil: ferramenta de inclusão social ou

meritocracia excludente?

A persistência da violência contra a mulher na

sociedade brasileira.

No primeiro tema, a sua tese terá que deixar clara a posição que você irá tomar ao tratar do esporte no Brasil, esse assunto será discutido a partir da perspectiva de inclusão social ou a partir da perspec-tiva da meritocracia excludente? Isso precisa ficar claro na introdução. Já o segundo tema não exige essa colocação entre um lado ou outro, mas a tese será estabelecida a partir dos fatos e das coloca-ções que você irá mobilizar para discutir a questão da persistência da violência contra a mulher. Em suma, a sua tese estará na justificativa que você dará à problemática.

Sendo assim, o texto dissertativo-argumentativo sempre sustentará uma tese e a sua apresenta-ção deve ser feita no parágrafo de introduapresenta-ção. Por isso, sempre deixe claro o posicionamento que será defendido.

2.3 Cinco dicas para a introdução

1. Não produza um parágrafo longo. Trabalhe com, no máximo, 6-7 linhas. 2. Evite períodos longos. Isso pode deixar a ideia confusa.

3. Faça uma boa apresentação do tema, pois isso é fundamental para a familiarização do leitor e é a introdução que vai guiar todo o texto.

4. Não se esqueça de estabelecer a tese. Deixe claro o ponto de vista que será defendido.

5. Não copie o enunciado do tema, uma vez que o primeiro parágrafo é a introdução do seu texto, isso é, do seu ponto de vista que será defendido e da sua perspectiva sobre o tema.

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