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}3.1.

MAZZAROLO, Isidoro; FERNANDES, Leonardo Agostini;

LIMA, Maria de Lourdes Corrêa (org.),

Exegese, Teologia e Pastoral: Relações, tensões e desafi os,

Santo André – SP, Academia Cristã Editora – Editora PUC Rio, 2015, 528 p.

Esta obra resulta das Atas do quarto simpósio promovido pelo Departamento de Teologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, realizado entre 15 e 17 de maio de 2013, sobre o tema Exegese, Teologia e Pastoral. O diretor deste departamento (Leonardo Agostini Fernandes) é um dos três organizadores da obra que também participaram nesse simpósio com comunicações. A obra está dividida em qua-tro grandes partes: Parte I Escritura e teologia (pp. 13-180), Parte II Teologia Bíblica (pp. 183-292), Parte III Teologia sistemática e Escritura (pp. 295-391) e Parte IV Bíblia e pastoral (pp. 395-507). Como o próprio título indica, o simpósio procurou cobrir as preocupações do estudo e do conhecimento da Sagrada Escritura no ambiente eclesial e cultural latino-americano, onde as comunidades de base, a teologia da libertação, o caldo cultural dessa parte do mundo, os contextos sociais em que a Escritura é aí proclamada, vivida, discutida, distorcida, investigada, acolhida ou recusada respigam o próprio texto bíblico.

Para lá de um útil índice de autores no fim da obra (pp. 509-514) e de um índice bíblico (pp. 515-528), importa salientar alguns contributos nesta obra, a qual, para lá da vantagem de estar escrita em português (o que é, de per si, de elogiar em nossos meios, pelo menos), apresenta algumas reflexões bastante sugestivas. Em primeiro lugar, destacamos o texto que resultou das duas primeiras conferências proferidas pelo jesuíta argentino Horacio Simian-Yofre, docente jubilado do Pontifício Instituto Bíblico. Ao tratar do tema “A Bíblia entre leituras e leitura aberta das Sagradas Escrituras” (pp. 13-32), avalia a diferença que há a manter (o que nem sempre acontece, dando, por isso origem a confusões) entre cânone bíblico e hermenêutica canónica das Escrituras. Desmonta um pressuposto muito frequente nesta abordagem canónica quando a lei-tura canónica é equiparada a um ditame autoritativo da versão final do texto que nega as redações ou autores múltiplos que compuseram e reconstruíram o texto bíblico. No fundo, o que está sempre em causa é a relação entre exegese e teologia, entre a leitura eclesial do texto bíblico e a metodologia histórico-crítica. Esta última não pode ser nunca negada, e comp õe mesmo a própria leitura canónica. Por leitura canó-nica entende-se aqui a formação do próprio cânone bíblico, e não apenas a leitura

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intratextual e intertextual. É muito mais do que isso. Significa ler o texto nas várias fases de composição até chegar à versão canónica final do texto bíblico. Ao longo desta formação os métodos histórico-críticos são necessários e mostram as camadas de for-mação do texto nas suas várias modulações redatoriais. Por isso, o conhecido jesuíta argentino termina por concluir que a própria Escritura não pode ser submetida a uma única leitura (até a canónica), mas sempre a leituras abertas em diálogo com o contexto do leitor. O cânone não é uma imposição sobre o texto. A leitura (ou hermenêutica) canónica é ela mesma uma leitura aberta com aqueles que compuseram ou redigiram o cânone nas suas várias fases de formação. Isto só é possível graças aos próprios métodos histórico-críticos que tal ajudaram a mostrar.

Na segunda parte da obra queremos apenas destacar o trabalho de Ricardo Lengruber Lobosco sobre “Bíblia e direito: sobre o alcance normativo dos textos bíbli-cos à luz da pesquisa sobre o direito mesopotâmico antigo” (pp. 282-292), no qual com-para os textos daquele Médio Oriente com a literatura deuteronomista, com-para mostrar sobretudo a variedade de textos legislativos desse período.

Na terceira parte consideramos muito interessante o contributo de um outro jesuíta – Jesus Hortal – sobre se “Existe uma dimensão bíblica no direito canónico?” (pp. 344-355). O autor responde afirmativamente a esta pergunta e chama a atenção para a necessidade de superar uma visão que criou escola a partir do século XIX, segundo a qual, por influência do protestantismo, opunha-se carisma a poder, lei a graça. Hortal apresenta a articulação de ambas e mostra como a própria Igreja não sobrevive sem estrutura.

Por último, chamamos a atenção na quarta parte para o resumo que Johan Konings faz da pastoral bíblica, sobretudo no Brasil (pp. 443-461), e como é possível imbuir a pastoral da Sagrada Escritura tornando-a a alma da pastoral, aliás na sequência das advertências da Dei Verbum e depois do Sínodo sobre a Palavra de Deus em 2008, preocupações vertidas na Exortação Verbum Domini de Bento XVI.

É muito interessante esta obra porque nos mostra o esforço que as comunidades eclesiais, sobretudo no Brasil, vão fazendo para pensar o lugar da Palavra escrita de Deus na vida das comunidades eclesiais, da teologia e do diálogo com a cultura. Isto torna-se, julgamos, um desafio até para nós, até para a nossa Faculdade de Teologia. Este simpósio foi realizado no seio de uma Universidade Pontifícia, que mostra que se preocupa com estas coisas, ou pelo menos que continua atenta.

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PEREIRA, Henrique Manuel, Guerra Junqueiro – Fragmentos

de unidade polifónica. Porto: Edições Cosmorama, 2015, 533 p.

Saiu recentemente a lume este amplo volume do autor que, em Portugal, nos últi-mos anos, mais profundamente tem revisitado a obra deste ícone da nossa poesia e cultura dessa época notável e fervilhante que foi a transição dos séculos XIX e XX.

É uma obra rica e híbrida. Não é só uma biografia, nem é propriamente uma des-crição crítica da obra e ideografia de Junqueiro. Mas é ambas e de modo exaustivo nas referências, criativo na forma e abordagem e aqui e além inovador na hermenêutica, logo na imagem que nos transmite da obra do poeta e pensador.

Não deixamos de seguir o fio evolutivo da obra junqueiriana, mas não de modo linear e genealógico. Antes por janelas que sucessivamente se vão abrindo, que mais não são do que o diálogo, os conflitos, as diatribes que teve com os seus pares, ao longo do tempo, ele, que tantas paixões, mas também tantos ódios suscitou. O Junqueiro que Henrique Manuel nos transmite é o Junqueiro refletido ou difratado em todos aqueles que de modo significativo cruzaram o seu caminho de criação poética e noética.

E daqui resulta tão-só o sabor de ler uma obra que nos transporta para a vida cultural que germinou em torno de Junqueiro ou que ele fez germinar.

Daí o seu subtítulo: Fragmentos de unidade polifónica, onde fragmentos não deve ser lido como unidade hermenêutica menor, mas, pelo contrário, como centelha, abertura (de sentido),unidades móveis que se intercruzam acabando por constituir ou delinear essa unidade polifónica que foi a vida e a obra de Junqueiro. Qual cometa ou meteoro que precisamente emite centelhas à sua passagem.

Mas sejamos mais objetivos.

Nesta obra de Henrique Manuel, entre outros, são abordados os seguintes temas e autores que se cruzam com o pensamento e obra de Guerra Junqueiro: as críticas e questões literárias com Gomes Leal, Moniz Barreto, Ramalho Ortigão, Camilo Castelo Branco e mais tarde os seareiros António Sérgio e Raul Proença; a relação tensa com Unamuno, mas mais cúmplice e convergente com Teixeira de Pascoaes no âmbito do saudosismo e de A Águia; finalmente Fernando Pessoa que, tão longe dele do ponto de vista estético, o considerava todavia “o maior de todos os poetas portugueses”, e “A Oração à Luz”, “entre os maiores poemas de todos os tempos” (cit. p. 38/39).

Mais rica em detalhes historiográficos é descrita a relação entre Junqueiro e, por um lado, o crítico António Sérgio, por outro, António Sardinha. E isto porque aqui se julga a questão da imagem pública, o perfil ideográfico e até político, daquele que viria a ter honras de estado no tempo do seu passamento, e aclamado, pelo povo e pelos altos representantes políticos, como “o poeta da Nação”. O que este título contém de elevação mas também equivocidade é bem dilucidado pelo nosso autor sempre com rigor e detalhadas descrições históricas, explicitando sempre muito bem essa duplicidade de alguém que, tendo sido quase crucificado publicamente no célebre caso Junqueiro, acabou os seus dias no Olimpo dos poetas e mais ilustres cidadãos.

Seguidamente somos conduzidos ao legado e posteridade de Junqueiro que António Cândido Franco, referido pelo autor, designa como “uma das voltas mais

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labirínticas que têm existido na literatura portuguesa”, o que só foi possível porque Junqueiro, com o seu carisma e poderosa irradiação, reconheceu António Sérgio, se transformou num autêntico mito cultural.

E agora os autores convocados a testemunhar são-nos mais próximos: João Gaspar Simões, Adolfo Casais Monteiro, José Régio, Amorim de Carvalho, entre outros.

A questão religiosa e o militante anticlericalismo de Junqueiro seriam incontorná-veis. E é descrita profusamente e comentada a polémica com Moreira das Neves e o padre Sena Freitas.

E o autor não se escusa de enfrentar este mesmo tema, que ainda não estará totalmente esgotado e dilucidado, no entanto, sem cair na linearidade interpretativa, ou no simplismo historicista que fazem dele um tema estafado e sem lição a transmitir: “Mas a paisagem junqueiriana, já de si complexa, parece compor-se, como as regiões montanhosas que o viram nascer, de materiais diversos acumulados desordenada e contraditoriamente. Disso é acusado. Sendo muitas e de vária ordem as razões que o explicam, diríamos que muito poucas justificam o assaque dum agir sob o signo da contradição” (p. 242).

Conduzidos por uma escrita de inegável qualidade, revisitamos, através do exem-plo de Junqueiro, a questão tão candente nessa época, mas afinal tão universal e atem-poral, das relações entre ortodoxia e heterodoxia. A objetividade histórica e a finura interpretativa de Henrique Manuel ajudam-nos a repensá-lo, talvez mesmo a transportá--lo para os nossos dias de modo livre e luminoso.

Outro tema incontornável é o intitulado pelo autor: “Da arte à estética ou da teolo-gia como estética” (p. 429 ss.).

Talvez aqui mais que em qualquer outro lugar do texto, o autor se desprende da casuística histórica, do detalho biográfico. E elevamo-nos com Junqueiro aos transcen-dentais, bonum, verum, pulchrum, vizinhança de um Deus que reclamado por tantos de modo tão diverso e conflituoso é, afinal, o mesmo que abençoa e inspira toda a huma-nidade tal como o poeta sugere em Oração ao Pão: “A humahuma-nidade é seara imensa em chão de areia,/ Que Deus recolhe e Deus semeia./ E cada homem, quer o rei, quer o mendigo,/ É na seara de deus um grão de trigo./ (…) Homem! Pela Beleza sacros-santa/ Adora e canta!/ Pela Beleza, música de Deus, Une-te a Deus!/ Pela beleza ideal, ideal eucaristia,/ faz do universo Espírito e Harmonia!/ Beleza, Amor, Verdade,/ Eis a Trindade,/ Eis o teu Deus” (cit. p. 429/430).

É nessa região universal de verdade e beleza, que Junqueiro divisa idealmente a reunião, a reconciliação, talvez mesmo até o recíproco perdão com todos, e foram inúmeros, os que o amaram e odiaram, os que o aclamaram e o desprezaram.

Foi quase um lugar-comum, entre os autores românticos, eleger a arte como uma espécie de último reduto do divino, altar remanescente, numa época em que todos os altares eram desacreditados e postos em causa.

O título atribuído pelo autor para se aproximar desta questão, Da arte à estética ou da teologia como estética, dá-nos bem conta de como em Junqueiro afinal tudo perma-nece em aberto, numa reversibilidade, sinal de liberdade não só no domínio da criação poética e espiritual, mas também naquilo que preenche os nossos dias: o mendicante trato humano para que, juntos, logremos entendermo-nos.

Numa visão de conjunto e retrospetiva, o autor consegue devolver-nos um Guerra Junqueiro, qual centro de uma placa giratória por onde passa praticamente toda a

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literatura e cultura portuguesas com expressão e significado nas duas últimas décadas de oitocentos e primeiras do século XX, o que alarga o âmbito desta obra para além das biografias ou monografias, colocando-a num registo de história da cultura portuguesa deste período.

Resta acrescentar que uma ampla e criteriosa bibliografia enriquece ainda este volume, que passa a ser um marco incontornável para os estudiosos de Guerra Junqueiro e do seu tempo.

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SILVA, Álvaro Cruz da, O Homem nos escritos de S. Francisco de Assis

– Uma refl exão no âmbito da Antropologia Teológica.

Editorial Franciscana, Lisboa: 2014, 270 p.

Esta obra, surgida em oportuno momento, é resultado de uma dissertação apre-sentada à Universidade Católica na área da Teologia Sistemática e na especialidade de Antropologia Teológica. E, antes de mais, distingue-se pela sua genuinidade, já que é um inovador estudo crítico dos textos originais atribuídos a S. Francisco de Assis, tomando o homem como tema e objeto principal.

Em primeiro lugar, uma palavra de relevo à forma muito criteriosa como o autor apresenta o texto original, sempre com um aparato crítico exaustivo, e com a respetiva tradução em português, permitindo uma clara legibilidade ao leitor.

Essa apresentação do texto atribuída a S. Francisco é sempre acompanhada e enquadrada por comentários pertinentes do autor num esquema tripartido que contém as partes: Considerações preliminares/Aspetos literários/Comentário. Através delas é-nos proporcionada uma ótima contextualização do texto original, o que nos permite reconstituir particularmente a sua importância no âmbito da atividade missionária da ordem franciscana.

Pela mão de Frei Álvaro Cruz da Silva somos conduzidos a uma reflexão crítica de algumas noções essenciais da Antropologia cristã, a partir da inspiração de S. Francisco. Tal é o caso de corpo, alma, obra prima-da-criação, fraternidade, trabalho, oração, sim-plicidade, pobreza, o “pobre”, o “mendigo”, o “leproso”, como o “outro” que me convoca, o “itinerário bíblico” como “itinerário espiritual”, Deus Trindade e a Criação, entre outros.

Após um capítulo onde é feito um enquadramento crítico dos textos atribuídos a S. Francisco, e outro, o “corpo da obra”, onde são apresentados e comentados os textos, num terceiro capítulo, o autor faz um estudo crítico do que poderia ser uma Antropologia de inspiração franciscana. E ela apresenta-se sucintamente como uma Antropologia Trinitária, Cristológica, Cósmica, Escatológica, Dramática e Unitária.

Esta obra, embora tenha um interesse mais explícito para aqueles que aderem a uma sensibilidade e a um carisma franciscanos, pela sua seriedade analítica e pro-fundidade especulativa, é uma mais-valia para quem quer que se abra a uma reflexão antropológica de inspiração cristã.

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GONÇALVES, Albertino, A Soteriologia Cristã face ao Desafi o da Experiência.

Um estudo sobre a teologia de E. Schillebeeckx.

Porto, Universidade Católica Portuguesa, 2014, 180 p.

Este livro é parte de uma tese de doutoramento que foi apresentada à Faculdade de Teologia – Porto, por Albertino Gonçalves. Foi um projeto longamente trabalhado pelo autor, desde que o começou na Universidade de S. Tomás de Aquino, em Roma, até à sua presente e feliz conclusão. São publicados três capítulos, dois da primeira parte e um da quarta parte da longa exposição crítica da teologia de Edward Schillebeeckx, (1914-2009), um sacerdote dominicano belga, de língua flamenga, que, durante a sua longa vida, produziu uma interessante obra teológica.

Nos dois primeiros textos publicados, o doutor Albertino expõe o método do tra-balho teológico do autor estudado, fazendo uma distinção temporal entre as décadas de 50 e 60 do século passado e as décadas seguintes. Note-se que houve no Autor uma evolução que vai de um horizonte de revisão do tomismo até uma hermenêutica influen-ciada principalmente por H. Gadamer. O capítulo final apresenta uma perspetiva sin-tética em que a soteriologia é vista na sua relação com a cristologia e a antropologia teológica.

O centro do estudo é o conceito de “experiência”. É um tema de grande comple-xidade, mas a que a teologia não pode deixar de dar importância. De facto, como assi-nala o Concílio Vaticano II, a teologia tem dois centros de tensão: o mistério de Cristo e a experiência humana. Todo o problema está em definir, de forma suficientemente clara, o que seja a experiência humana. A isso se dedica com grande coragem o autor deste estudo, acompanhando o teólogo de Nimega.

A soteriologia é o nome teológico da salvação. Quem se dispuser a ler este livro encontrará uma paciente exposição sobre esta matéria que necessita de ser compreen-dida no contexto da nossa cultura que não se contenta com afirmações abstratas e extrínsecas, mas quer experienciar pessoalmente, pela vivência e pela palavra, a situa-ção de salvasitua-ção (e de perdisitua-ção), que são o centro do cristianismo. É um belo desafio.

Fica patente o caminho de E. Schillebeeckx, um nome hoje praticamente esque-cido, mas que tem o mérito de ter acompanhado e participado nas vicissitudes teológi-cas do século que findou. O seu esforço por tornar compreensível para a mentalidade crítica o centro da fé não é sempre conseguido, como nota A. Gonçalves. Mas a vida é feita de testemunhos de quem viveu. E, tudo somado, o esforço de acompanhar o percurso de alguém que pretende expor o que seja a salvação para os dias que correm tem todo o sentido.

Para além disso, assinalamos que se trata de um estudo realizado e apresentado no Porto, exemplo digno da teologia que se vai fazendo entre nós, pois a esta disciplina é um elemento de primeiro importância para a pastoral da Igreja.

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CARVALHO, José Maurício de, Ética. São João del Rei, MG,

Universidade Federal de São João del Rei, 2010, 240 p.

Faz cinco anos que apareceu este livro de José Maurício de Carvalho. Mas faz ainda todo o sentido assinalar o seu aparecimento nas páginas da Humanística e Teologia, pois trata-se de um trabalho que, além da sua qualidade ao nível da filoso-fia moral, tem dois outros méritos principais. Primeiramente, apresenta o pensamento dos autores de língua portuguesa, do Brasil, mas também de Portugal. Em segundo lugar, tem o grande mérito de fazer a ponte entre o pensamento português e o pen-samento brasileiro. Ambas as coisas são raras. De facto, de um lado e do outro do Atlântico, quase sempre preferimos admirar a frequentar o pensamento que vem de fora, deixando na sombra o que se vai fazendo no nosso meio. Por outro lado, a atenção recíproca à filosofia que se faz nos dois países irmãos é um culto praticado por um pequeno número, nos nossos dias. José Maurício de Carvalho persiste em olhar para Portugal. Devemos-lhe esta homenagem.

Este livro tem duas partes. A primeira é analítica e histórica. Nela se observam a génese e o desenvolvimento da ética no Ocidente e no Brasil. A segunda é sintética e trata de assuntos de ética, tanto de ética fundamental (as escolhas morais, os valores morais, a consciência moral) como de ética especial (a pessoa e a sociedade, o desafio ecológico).

A perspetiva principal do livro é a do culturalismo brasileiro. Culturalismo é, se bem entendemos, o nome que dão a uma corrente que, partindo do positivismo, o supe-rou, refinando a aceção de cultura, segundo o caminho kantiano. Deste modo, a cultura é vista, não como um dado, mas como um projeto racional responsável que os grupos humanos concebem para si mesmos. O livro é, justamente, dedicado a Miguel Reale (1910-2006), expoente máximo da maturação desta corrente de pensamento.

Permita-nos o Autor que façamos uma especial menção do capítulo que trata da permanência da meditação ética portuguesa na tradição cultural brasileira. José Maurício de Carvalho conhece e estudou longamente este assunto, em sede de his-tória das ideias, sobretudo num livro, Caminhos da Moral Moderna: Experiência luso--brasileira. Há, porém, um pressuposto em todo o seu trabalho, partilhado com António Paim, segundo o qual, em Portugal, no que à moral se refere, “não houve (nem antes nem depois da reforma pombalina) uma adesão ao núcleo da moralidade moderna” (p. 71). Este ponto é objeto de uma discussão que nunca está acabada. A nosso ver, esta tese não faz justiça ao conjunto do pensamento da escola conimbricense. De facto, podemos verificar como a justificação racional autónoma da moral (metodicamente independente da religião cristã e da teologia propriamente dita) também existiu na filo-sofia portuguesa. Mas isto, como dizemos, daria ocasião para um debate mais amplo do que é possível neste momento. Esperemos que algum dia venha a ter lugar.

José Maurício de Carvalho tem já um nome no pensamento. Mas muito ainda esperamos do trabalho da sua pena e muito lhe agradecemos a atenção às ligações entre o pensamento português e brasileiro.

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MANRIQUE GONZÁLEZ, Rubén – La vocación al amor: una revelación

en la experiencia; un estudio en las Catequesis de Juan Pablo II

sobre el amor humano en el plano divino. Burgos: Publicaciones

de la Facultad de Teología del Norte de España, 2014, 502 p.

Rubén Manrique González é um sacerdote secular da diocese espanhola de Burgos, licenciado em Filosofia, especialista em Teologia Dogmática, pároco, conse-lheiro da delegação diocesana da pastoral de “Familia y Vida” e – após ter defendido, em junho de 2103, a sua tese que, nesta obra presentemente recensionada, é dada a lume na coleção de textos académicos da sua “alma mater” teológica – Doutor em Teologia pelo Pontificio Istituto Giovanni Paolo II per Studi su Matrimonio e Famiglia da Università Lateranense.

É inegável que João Paulo II é e, de uma forma ou de outra, será sempre conside-rado como uma das maiores figuras da Igreja Católica e, inclusive, da humanidade. A sua herança é ainda sentida, em diversos quadrantes sociais e eclesiais, como pesadís-sima: as suas numerosas ações e demais intervenções escritas e (ou) orais ainda estão, e estarão durante imenso tempo, a ser estudadas e avaliadas nas suas mais amplas repercussões. Repercussões que, com o passar do tempo, ganharão contornos ainda mais precisos à medida que um maior afastamento afetivo do mesmo permitirá cadeias de leituras cada vez mais objetivas e lúcidas.

É igualmente incontestável que o tema do “amor”, por mais trabalhado que seja e até por Deus ser Amor, nunca estará esgotado, devendo mesmo ser, pelo menos no âmbito de um Cristianismo que não pode ser senão sinónimo desse mesmo Amor que Deus é, central para toda a reflexão acerca da Divindade e, diz-nos a revelação bíblica, de um ser humano criado à imagem semelhante d’Aquela. Assim sendo, dificilmente se poderá dizer que há um tema mais importante do que este e, consequentemente, todo o mais pequeno traço que, com alguma competência, possa ser gizado no esboço mais global de tentativa de descrição do “amor” é, sempre, uma achega bem-vinda.

Pois bem, a obra que aqui apresentamos nesta recensão não só é um elo no men-cionado encadeamento de estudos, mas também um dos aduzidos venturosos traços. Nela, como o seu título bem descreve (e embora o Autor não tenha feito nenhum consi-derando crítico acerca da problematicidade inerente à complexa autoria das cateque-ses de João Paulo II), pretende-se refletir sobre a conexão existente entre as categorias de “revelação” e de “experiência”. Duas categorias não só associadas, respetivamente, à “irradiação” e à “radicação” do amor, mas ainda absolutamente matriciais para todo o conhecimento interpessoal – seja este entre seres humanos, seja entre os mesmos e Deus. A mencionada pretensão surge, particularmente, de modo a – ao longo de quatro grandes partes (talvez ordenadas de um modo relativamente apartado da inten-ção essencial de João Paulo II) – fazer-se luz sobre a natureza humana. Mas não só: e para se aclarar a vocação do ser humano enquanto atuante cooperativo no amoroso desígnio divino (tenha-se em conta, efetivamente, que a “eleição divina” enquanto “ação” tem de ser um gesto de amor que dimana numa pessoa dotada da capacidade de agir), naquilo que, na realidade, foi um giro coperniciano nos pronunciamentos do Magistério Pontifício. Um giro sublimemente visível, por exemplo, no número 10 da encíclica Redemptor hominis: «O homem não pode viver sem amor. Ele permanece

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para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta e se o não torna algo seu próprio, se nele não participa vivamente».

Pois bem, na primeira daquelas partes, Manrique apresenta aquilo que estima ser o conjunto das características – tidas por Bento XVI, e também por si, como originais – do método de teologizar que foi implementado, sobretudo nas catequeses em pon-deração, por João Paulo II. E isto articulando, com preciosidade, a explanação de tais características com a exposição de ponderados aspetos biográficos de Karol Wojtyla que (segundo uma leitura muito pessoal do Autor) terão contribuído para a formação de tal teologizar. Da confluência crítica de um tomismo personalista (mais do que um per-sonalismo tomista) com o pensamento místico-tomista de Juan de la Cruz, Manrique – acreditando que «una de las mayores aportaciones de nuestra investigación será poner en relación y en contrastar minuciosamente las Catequesis con el pensamiento filosó-fico de Karol Wojtyla» [p. 5] (o que, face a obras análogas, já diz muito sobre o valor mais substancial desta obra) – crê poder vislumbrar o surgir daqueloutro método. Um método que – julgado por este Autor como o fundamento de possibilidade analítica de tudo o que João Paulo II aduz sobre o amor humano enquanto dom acolhido e, poste-riormente, tarefa a cumprir – decorre de uma circularidade entre filosofia e teologia que se expressa, de modo particular, numa metafísica do amor e da pessoa; a única que, na realidade, faz jus ao facto de que o mais autêntico rosto do Ser é um Amor que subsiste numa Trindade de Pessoas.

É evidente que ao facto antes apontado só se acede plenamente pela Autorrevelação divina. Contudo, ao ser o ser humano concreto uma imagem – não pri-meira, mas segunda (e aqui talvez se possa deplorar uma considerável ausência de reflexão cristológica, quer neste estudo, quer nos discursos que lhe deram origem, não menos porque tudo o que é “vocação ao amor” e, previamente, “do amor”, foi levado à sua plenitude em Cristo Jesus) – de Deus, o mesmo pode ser intuído na vivência subje-tiva de cada pessoa humana que descubra no amor a realidade mais valiosa da (sua) vida. Este é, precisamente, o tema da segunda grande parte desta tese de Manrique, o qual, trabalhando fenomenologia e exegese na esteira de João Paulo II, se centra naquilo que, seguindo os textos por si estudados, denomina de “experiências humanas originárias” da identidade humana. A saber (e estranhando-se a falta de uma conside-ração direta da consciência ferida pela recusa do uso da liberdade): a solidão como eco de uma carência; a unidade como complementaridade sexual; e, por fim, a nudez do corpo – na sua dupla valência de manifestação e, simultaneamente, de ocultamento – como foco de um pudor respeitador da mútua corporeidade.

Uma vez chegados a este ponto, entra-se na parte mais relevante deste trabalho: aquela que se foca naquela radical “experiência fundante” que expressa o nuclear do que é ser humano e que, sendo justamente tida como uma genuína revelação divina sempre preveniente, fundamenta, agrega e plenifica as três “experiências originárias” já mencionadas e, ao mesmo tempo, mostra a plena coerência entre revelação e expe-riência. Tal experiência, como é fácil de deslindar, é o amor: «es el amor, anterior a su misma autoconciencia y libertad, el que hace salir al ser humano de sí mismo, consti-tuyéndose en la experiencia originaria primera y fundamental» [p. 271]. No fundo, trata--se de reler tudo o que foi precedentemente estudado a partir daquilo que é denomi-nado de “vocação ao amor” (faltando apenas “universal” a adjetivar “vocação” para ser um “clin d’œil” a Hans Urs von Balthasar e, especialmente, ao seu Christlicher Stand),

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mostrando – ou, pelo menos, tentando mostrar – que, em João Paulo II, o amor posto em ato – o qual, fenomenologicamente estudado sob a perspctiva da doação extática, é a realidade que, na confluência de memória e de promessa, permite o acesso à, e o conhecimento da, pessoa – culmina na já mencionada metafísica do amor (repare-se que, na realidade e ponderando-se a dimensão criatural do ser humano, é sempre pre-ciso delinear uma axiologia metafísica da pessoa, determinando-a com traços únicos que, ultimamente, só a partir de uma metafísica do amor podem ser discernidos, não menos porque, estando “amor” e “pessoa” inseparavelmente interligados, o amor em si mesmo está ligado à realidade da pessoa).

Por fim, na derradeira parte desta investigação, o Autor aborda aquela dinâmica do amor que apela ao reconhecimento do arraigamento de cada ser humano num mes-míssimo amor que provém de Deus e o constitui no ser. Eis o que revela a Paternidade de Deus e, confluindo numa promessa de comunhão, permite uma leitura esponsal na doação de si. Aquela doação que – ao ser acolhida e retribuída na linha da lógica da aliança que Deus deseja realizar com o ser humano (algo que Manrique só aborda tan-gencialmente) – se abre em Deus – o “Terceiro” fontal por excelência – a um terceiro comum a ambos – o(s) filho(s) –, naquilo que permite a mais plena diafania da comu-nhão trinitária. Diafania esta que recorda que o amor criador não é um amor impessoal, monádico e indiferenciado, mas um verazmente interpessoal, comunitário e personali-zante que partilha do amor trinitário em que o Pai e o Filho Se amam no Espírito.

É exatamente aqui que Manrique expõe a sua leitura da “teologia do corpo” for-mulada por João Paulo II, a qual, estabelecendo uma unidade entre fé e vida e segundo o Autor, possui um conteúdo somente instrumental enquanto insere o sujeito no que tal Pontífice denominou de “hermenêutica do dom” – algo que, uma vez que é ela que ampara o propósito íntimo de qualquer dom (como poderia ter sido mais sublinhado por Manrique), abre à ponderação da centralidade do desígnio do doador. E isto ao agregar três realidades. Primeiramente, o ser testemunho de um dom divino prece-dente (algo que, como convém deixar bem vincado, faz com que o amor humano seja determinado por elementos primordiais e essenciais anteriores a toda a mera opinião subjetiva, dando-lhe uma orientação estável apartada de toda a volatilidade sentimental que, no limite, levasse a interpretar as relações interpessoais de acordo com uma visão emotiva ou utilitária). Depois, o permitir o acolhimento do, e abertura ao, outro. Em ter-ceiro lugar e finalmente, o possibilitar a constituição de uma comunhão alicerçada no dom (e, aqui, parece-nos que falta um maior cuidado dado à afetividade – que em nada nega a teologia autêntica do “pur amour” –, quer em si, quer na sua dimensão social, como se constata, ainda e por exemplo, e talvez por o Autor ser um teólogo dogmático, no não tratamento de La teologia della tenerezza de Carlo Rocchetta e Gianfranco Ravasi – obra fundamental que pretendeu dar apreço ao relevo que João Paulo II tentou dar à dinâmica característica dos afetos).

Ultimamente, e embora o Autor não o refira, parece-nos claro que estamos perante um projeto de antropologia amorológica que apresenta o amor como o alfa e o ómega de tudo o que, sendo próprio de Deus, caracteriza o ser humano na sua identidade mais radical. E isto tendo, de modo compreensível, como espoletador argumentativo o próprio texto genesíaco do primeiro encontro amoroso humano que, conforme é evidente, é genuinamente um metatexto que pretende dizer todos os encontros desse género. Tais encontros, numa imanência repleta de uma transcendência neles gratuita-mente presente – e aquele qualificativo é estimado, por Manrique, como o fio de prumo

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condutor desta sua reflexão acerca das Catequeses de João Paulo II –, são reveladores de um amoroso Dom primigénio divino que não é diferente do próprio Dadivante. Um Dom que capacita o “peregrino do amor”, que é cada homem, para a consumação de uma vocação – e esta realidade é mesmo a pedra angular deste estudo sobre um ser humano que, descobrindo-a como o seu mais autêntico pulsar córdico, se reconhece como pessoa, pois só esta é chamada e dotada de uma vocação – para um ulterior dom amoroso humano que, não tendo qualquer limite, leva à participação intimíssima num Amor que é o Alfa e Omega de tudo o que existe.

Pondo de parte uma relativamente discutível opção para transformar algumas das suas reflexões em esquemas visuais – algo que, por vezes, converte parte das páginas deste estudo em mimeses de uma qualquer apresentação de Powerpoint –, bem como a tendência – talvez com benévolo intuito pedagógico, mas genuinamente fastidiosa – para dizer por multiplicadas palavras suas o que os textos, por si estudados e citados, dizem bem melhor em muito menos palavras, parece inegável que esta é uma obra de considerável valor. Um valor que só fica relativamente diminuído pela ausência dos grandes estudos em língua alemã concernentes ao tema por si ponderado (nomeada-mente, Lob des Leibes de Raimund Ringel). Esta ausência é ainda mais injustificada por o Autor apresentar na bibliografia (que já, estranhamente e salvo alguma desa-tenção nossa, não aborda os textos presentes em Amare l’amore umano. L’eredità di Giovanni Paolo II sul matrimonio e la famiglia) obras nesse idioma (por exemplo, Wesen und Formen der Sympathie de Max Scheler). Dito isto e em suma, estamos ante uma obra que, mesmo quando muito tributária dos estudos consultados pelo Autor, em muito enriquecerá a coleção em que foi publicada e, ao mesmo tempo, aqueles que lhe dedicarem uma atenta ponderação.

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ROCHA, Afonso, O Pensamento Moderno em Portugal:

traços emblemáticos. Porto: Universidade Católica Editora, 2015, 365 p.

Como será do conhecimento geral em todo o Portugal culto e interessado no pen-samento português, Afonso Rocha (AR) é um renomado académico e estudioso, de multimodal formação académica, do aduzido pensamento, de modo particular a partir de uma perspetiva essencialmente filosófica. Sendo apodado por uns – focados, parti-cularmente, na sua entrega à análise do que poderia ser denominado de cânone luso do pensamento moderno tardio – como o Harold Bloom português e por outros – mais atentos à sua, tantas vezes solitária, pugna pela descrição de tal pensamento como rede hermenêutica da portugalidade contemporânea ao mesmo – como o Erich Auerbach lusitano, não cremos que quem tal afirma esteja a ser voluntariamente exagerado.

Com esta sua presente obra, que aqui temos a felicidade de poder recensear, não pode haver qualquer dúvida de que aquelas aduzidas apreciações não poderão ser senão ainda mais consubstanciadas. Na realidade, ao longo dos onze artigos que, organizados com mestria em três grandes secções (que lhes conferem uma coerên-cia externa assinalável), compõem esta obra, somos presenteados com um delicado cardar. A saber: não só de algumas das mais importantes impressões digitais autorais entre o amanhecer do século XIX e o findar da centúria subsequente, mas igualmente de algumas das mais subtis mutações surdidas entre as mesmas. Neste sentido, a escolha dos distintos textos que deram origem a esta obra, lavrados pelo seu Autor no decurso de dispersas ocasiões, não nos parece minimamente acrítica e (ou) aleatória, como se o mesmo se tivesse limitado a como que, num qualquer número de prestidigi-tação arquivista, retirar coelhos saltitantes de uma cartola. De modo algum. O fio con-dutor que une os ditos textos é, não só patente a partir de um foco externo aos mesmos (não menos graças à já alegada organização em capítulos), mas vislumbrável inclusive por, e de, dentro dos mesmos.

Sejamos, contra nós mesmos, sinceros: não sabemos qual a natureza fundamental do mencionado vislumbrar. Por outras palavras: será ele meramente o resultado de um rearranjo posterior à primeira redação dos textos originais que dimanaram nesta obra, ou, pelo contrário, o fruto de uma bem vincada personalidade autoral que faz com que AR, de um modo mais ou menos inconsciente, produza os seus textos a partir de um esquema mental que, de uma ou outra forma, vai permanecendo relativamente inalte-rado ao longo do tempo e, assim, acabe por polir tais escritos com uma rugosidade própria que lhes confere uma assinalável sinopcidade interna? Se nos fosse permitido sair para fora das fronteiras da sua mais recente obra e, nesta nossa breve apreciação crítica, entrar por outros livros seus que nos são bem conhecidos, ousaríamos afirmar que é a segunda das pretéritas hipóteses a que, com maior naturalidade, explicaria o entrever a que nos reportámos.

Talvez se possa apontar, desde já e antes de entrarmos numa ponderação menos rígida e extrínseca deste livro, alguns aspetos menos conseguidos que estão patentes no mesmo: i) algumas incoerências metodológicas (cf., v.g., os diferente modos de encarar as citações mais extensas patentes nas pp. 214s e na p. 217); ii) algumas frases que, do ponto de vista gráfico-sintático, são excessivamente longas (cf., v.g., p. 82) e que, assim, nos fazem recordar mais os pensadores de estirpe germânica do que os

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de proveniência latina; iii) uma ou outra desatenção na formatação do Índice, no que, porventura, até poderá não ser da responsabilidade de AR (cf., v.g., p. 362); iv) algum subjetivismo difuso em questões, muito provavelmente, de maior agrado do Autor que, possivelmente, lhe criam como que “ângulos cegos” na sua consideração, o que, por seu lado e a partir do nosso olhar profissionalmente formatado por uma formação (e ulterior labor) em espiritualidade, parece dar a intuir uma provável tensão, gostosa-mente alimentada pelo mesmo, entre o pensador cristão que é filósofo e o filósofo que pensa cristãmente; v) e, por fim, alguma falta de abertura ao dito por autores estran-geiros, além dos de estirpe estritamente filosófica, que marcaram – inegável e indele-velmente, mas, por vezes, sem grande capacidade de apreensão das suas propostas que, dessa forma e nos mesmos, ficaram como que descafeinadas – os autores por si estudados ao longo desta obra: François Quesnay; von Harnack; Louis Blanc; Richard Simon; Charles Vildrac; etc.

Dito isto, tudo o que acabámos de mencionar é mais do que superado pelas notá-veis virtualidades da obra de AR. Com efeito, se para redigirmos as linhas anteriores tivemos de empreender um considerável empenho de rememoração, para apontarmos estoutras a facilidade, sabemo-lo muito bem, será muito maior. Efetivamente, além do muito que já pudemos ir dizendo, e ainda iremos referir, de modo distenso, ao longo do presente desfilar de palavras, não é minimamente difícil mencionar: i) a sua minu-ciosa atenção dada à análise ao léxico usado pelos autores, que, na nossa mais franca apreciação, permite, mesmo a quem não os conheça, entrar no mapa conceptual dos mesmos e, desse modo, conhecê-los, não por um mero vulcanizar em segunda mão, mas, não obstante sempre mediada pela cognição e exegese do Autor, através de uma simpatia com a própria vivência filosófica de tais autores; ii) um domínio exímio das fontes que, também na linha do apontado na alínea anterior, facilita tremendamente o conhecimento, não só do pensamento de AR sobre os autores e obras por si pon-deradas e apresentadas em O Pensamento Moderno em Portugal, mas igualmente o perfil identitário daqueloutros e a estrutura essencial destoutras; iii) o contínuo diálogo, formado e informado, do Autor com os pensadores que examina, levando o seu leitor, por vezes, a sentir-se como que se estivesse numa agradabilíssima tertúlia literário--filosófica, o que, como é evidente, só fará com que este se envolva, intelectual e até afetivamente, com o que está a ler, naquilo que, na nossa opinião, poderá criar, não menos nos cubiti, anticorpos em quem não gostar da característica, e para nós bem saudável, hermenêutica e metodologia redacional de AR, que não se limita a dizer «o autor X referiu, algures, algo parecido com Z», mas a patentear esse “Z” e deixar bem claro o local onde o mesmo surge na obra de X; iv) uma cuidada bibliografia final, que agrupa todos os textos citados e aludidos por AR no seu livro e por si disseminados pelos rodapés das várias páginas da sua obra; v) enfim, e para não estarmos a alongar em demasia este nosso elencar de atributos mais positivos desta obra aqui recenseada, uns, sempre trabalhosos mas fundamentais em qualquer obra que se queira de maior desenvoltura e futurível traquejo multifacetado pelos seus leitores, índices onomásticos e temáticos.

Mas deixemos para trás estas sempre áridas e fastidiosas formalidades, sempre pedidas a um recenseador como que para o obrigar a ter de mostrar o branco e o negro de uma obra como se, no seu processo de exame, tivesse de ignorar que as cores que estão entre esses dois extremos são muito mais importantes do que estes. Entremos, então, numa análise mais flexível deste livro, mas não menos atenta, nem crítica, antes,

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na nossa opinião, mais apurada em ambos aqueles âmbitos, pois não nos ficaremos pela superficialidade, mas entraremos pelos filões mais importantes do mesmo.

Desde logo, na primeira secção desta obra, surge o curioso agrafo entre o incansá-vel conjurado Francisco cardeal Saraiva e o, igualmente incansáincansá-vel, racionalista deva-neador José de Sampaio, a.k.a. Bruno. Curioso – dissemos –, não por ser inapropriado ou estranho, mas por lograr fazer uma interessante ponte, menos em arco suspenso do que com sólidos pilares, entre duas expressões do pensamento (filo-)maçónico por-tuguês. Duas expressões que delineiam, segundo a nossa leitura e cada uma com o seu próprio compasso interno, um caminho progressivo para afirmação de uma com-preensão lusa entre a filosofia política e, no primeiro caso, sobretudo as consequên-cias religiosas de tal pensamento e, no caso do segundo, particularmente as bases metafísico-místicas desse mesmo pensamento. De todos os modos, não deixa de ser curioso, para os olhos de um teólogo que se dedica à mística, que ambas as relações precedentes deixem bem patente uma compreensão deliberada ou indeliberadamente redutora do que são os dois polos distintos das relações estabelecidas por tais autores com a filosofia política. E isto, a ponto de nos ter sido difícil não ter falado, respetiva-mente, de consequências pseudorreligiosas e de bases pseudometafísico-místicas.

De todos os modos, parece que AF deixa bem claro que as duas distintas expecta-tivas messiânicas, ou quasi-messiânicas, dos dois autores por si tratados nesta secção conformam, por vezes de modo oblíquo, as suas compreensões da natureza e da fina-lidade do poder, que marcaram, à distância transversal de panfletos, cartas e ensaios mais ou menos chegados a tratados, grande parte da produção intelectual portuguesa sobre esses temas durante oitocentos e inícios de novecentos.

Já na secção segunda de O Pensamento Moderno em Portugal, somos confron-tados com um arguto mosaico de estudos que juntam autores tão aparentemente dís-pares como o perene ressentido Teófilo Braga, o diletante neorrenascentista Leonardo Coimbra e, enfim, o pretenso mistagogo José Marinho. Com efeito, a primeira parte do nosso binómio “aparentemente díspares” – reforçada (sabemo-lo bem) pela nossa voluntariamente hiperbólica adjetivação anterior – é claramente vincada pelo nosso Autor, em fidelidade ao próprio sistema intelectivo dos autores por si estudados, em detrimento da disparidade de abordagens empreendidas pelos mesmos. Abordagens nas suas indagações acerca da sustentabilidade, e aplicabilidade, da filosofia no que concerne à leitura de alguns dos perenes problemas que preocuparam, e ocuparam, a meditação humana: desde uma metafísica aquém-mitológica de cunho sociológico e, assim, lamentavelmente desconhecedora de que a Religião Verdadeira é o Mito – mas não o mitológico – feito Realidade, a uma metafísica além-teológica baseada num suposto inatismo de ideias decorrentes de uma experiência imediatamente não mediada do mistério radical – mas não do Mistério Essencial que está além do âmbito da ciência e até de uma metafísica que não reconheça que o Ser é Amor –, passando pelos sonhos poético-românticos de uma leitura, a meio caminho entrecruzado entre o positivismo e a metafísica, criacionisto-relativista eivada de laivos supostamente basea-dos em evidências científicas.

Quando lidos, com cuidado, os quatro capítulos desta segunda parte de O Pensa-mento Moderno em Portugal, fica-se absolutamente certo de que a própria capacidade de AR em desvendar a coincidência entre, por um lado, um imaginário-concreto ponto--Alfa e, por outro, um não menos concreto-imaginário ponto Ómega na catenária ultra-curvada estabelecida por tais estudos, se revela merecedora do esforço dos autores

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considerados nestes estudos, e isto, só por si, merece uma palavra de cumprimento laudatório ao Autor. Efetivamente, mais do que uma interpretação isolada, e isolável, de distintas leituras filosóficas lusas acerca dos supramencionados problemas, somos colocados ante um mapa de isóbaras filosóficas que ajudam a conhecer, de modo cabal, algumas das mais relevantes respostas portuguesas a ditos problemas.

Enfim, na terceira secção desta obra, que nos preparamos para acabar de recen-sear, somos colocados ante a mais heteróclita parte de todas as que a compõem. Talvez esta impressão decorra de nela nos cruzarmos com autores que já haviam, ainda que a partir de outras preocupações, sido estudados precedentemente – de Teófilo Braga a António Quadros, passando por José de Sampaio, a.k.a. Bruno –; talvez decorra, ainda ou pelo contrário, de nela, analisando-se distintas tentativas lusas de absolutizar ou domesticar a razão, nos reencontrarmos com algumas matrizes temáticas que também já tinham passado anteriormente pelo fio da nossa atenção. De qualquer modo, toda a boa e justificada repetição é sempre um convite a um examinar mais atento, que abre rasgos no véu da memória assim feitos fulcros para a criatividade e, por conseguinte, nem por um instante se sente que se está a dar o tempo de leitura senão por bem investido. E isto, seja na análise de um deísmo tardio e insuficientemente humano que, de phantasma em phantasma, relativiza aquela moral que de moral a razão pode con-ceber, seja na pangnose lusa de laivos sebastianistas ou mistéricos reencontrados sob o ponto, para nós impossível de descortinar, onde a mística e o misticismo se reencon-tram; seja nas, sempre malogradas, tentativas de substituição do dogma pela mística que, na linha do quase sempre treslido articular de Alfred Loisy entre Igreja e Reino, deu origem a distintos rostos de racionalismos que transformaram aquela mística em misticismos decadentes e subjetivistas; seja, enfim, numa tentativa de redenção e liber-tação de muito do antes aduzido num Cristianismo redimido e liberto no pensamento e nos escritos do, por nós tido como merecedor de uma referência explícita ao seu nome, P.e Álvaro Madureira.

Estamos a terminar e, face ao que já dissemos, talvez o que passaremos a adu-zir seja redundante, mas nem o perigo de tal redundância nos faz sentir forçados a omiti-lo: AR, com O Pensamento Moderno em Portugal, continua, e esperemos que continue por muitos e prolixos textos, a merecer todos os encómios que, conquanto sejam proferidos com a mesma sinceridade que o mesmo procura colocar nas suas obras, lhe forem endereçados. Deste modo, mais do que simplesmente agradecermos à Universidade Católica Editora por, nestes difíceis tempos que passamos também a nível editorial, ter apostado em mais esta obra deste Autor, só podemos dizer: haveis cumprido, mais uma vez muito bem, a vossa missão, dentro, claro está, da própria mis-são mais abrangente que é a da própria instituição onde estudou e trabalhou, durante anos, AR: a própria Universidade Católica Portuguesa.

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PINHO, Arnaldo de, Jesus, um Fio de Sedução (= Minima Theologica 5).

Leça da Palmeira, Letras e Coisas, 2015

A Coleção Minima Theologica prossegue o seu objetivo de editar pequenos textos de fácil leitura e de alcance de grandes públicos sobre temas da Teologia, no seu mais largo significado.

O Prof. Arnaldo de Pinho reedita assim uma obra sua de 2002 com o título Jesus

Cristo: quem és tu?1. Foram feitos alguns arranjos e precisões de linguagem e,

espe-cialmente com outra atitude que se expressa no próprio título, desta vez menos objetivo. Quem conhece o Prof. Arnaldo de Pinho começa por estranhar que se invoque a sedução para um acesso a Jesus Cristo. Mas, na introdução, fica explicado que não é pela imposição, pelo poder extrínseco, pela autoridade exógena, que Jesus se impôs e se quer hoje, de novo, propor-se. A sedução é o método de Jesus e a Teologia não pode esquecer isso, que o acesso a Jesus se faz pela descoberta da liberdade e do sentido, da verdade e do amor e, depois, alicerçada no conhecimento e na inteligência, no saber e na ciência. Recorda-nos a famosa confissão do profeta Jeremias: seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir (Jr 20,7).

A conjugação destas duas abordagens é desejável porque são profundamente complementares: uma Fé que se deixa atrair deve ser completada por uma Cristologia exigente. Não será uma ciência exata, se é que é possível, que nos dá a voz verdadeira que murmura ao coração o segredo da Vida. A Vida que circula já na nossa procura responde com generosidade Àquele que reconhecemos como Sua fonte. Este é o pro-cesso de sedução donde nasce a Fé. Não é uma concessão às amarras do afeto mas o primeiro e permanente passo que sustenta tudo o que podemos saber sobre Jesus.

O autor confessa que não é uma Cristologia, mas é um excelente texto para uma aproximação a Cristo, escrito por alguém que já tem tudo muito bem pensado e para quem é fácil deixar-nos m ais esta lição, sempre bem alicerçada nos melhores autores.

Não se trata de uma obra com grandes preocupações académicas, mas sim de um pequeno livro que todos os cristãos deviam ler e saber, porque ali está o fundamen-tal, ainda que, dadas as características da coleção, abordado de modo simples, sem deixar de ser rigoroso.

O contexto social, religioso e político de Jesus e do seu tempo, o Reino de Deus como centro da Sua Mensagem, a Sua Páscoa, a originalidade da Revelação em Jesus Cristo, não tanto de si mesmo, mas do Pai que vem mostrar e, consequentemente, do homem que é capaz de receber essa revelação… São assuntos que discorrem de um fôlego só, como se de uma conversa se tratasse, com a facilidade de quem fala do que sabe e do que sente. Um seduzido que nos quer aproximar do Sedutor.

Fernando Rosas Magalhães

1 PINHO, Arnaldo de, Jesus Cristo: quem és tu?, (= Campus do Saber 1), Lisboa, Universidade Católica Portuguesa, 2002.

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SERRA ESTELLÉS, Xavier – Inventari dels Arxius Parroquials de la Ribera.

València: Facultad de Teologia “San Vicente Ferrer”, 2014, 332 p.

Monumenta Archivorum Valentin a; 13.

À semelhança dos outros volumes que têm sido publicados nesta coleção e que compõem os MONUMENTA ARCHIVORUM VALENTINA, este número ocupa-se da des-crição arquivística, por meio de inventário, das séries correspondentes à comunidade paroquial de La Ribera, inserida na Arquidiocese de Valência.

A organização deste inventário é feita pela descrição das séries existentes para cada uma das paróquias, antecedida de uma breve síntese histórica e da contextualiza-ção geográfica e demográfica, bem como de uma listagem dos templos existentes em cada uma dessas mesmas paróquias.

As séries arquivísticas referenciadas neste volume refletem o que habitualmente compõe a maioria da produção documental das paróquias, quer sejam os registos paroquiais – registos dos sacramentos –, quer seja a administração económica, as con-frarias e as irmandades.

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TORRALBA, Francesc, Inteligência Espiritual. Petrópolis: Editora Vozes,

2013

2

, 304 p.

Publicado originalmente em espanhol, em 2010, a presente edição, brasileira, indicia a significativa receção do livro. O autor, doutor em filosofia e em teologia, já conta no seu currículo com algumas dezenas de livros, às quais se acrescenta a pre-sente publicação, bem como alguns prémios. O título da obra que temos em mãos – Inteligência Espiritual – tem o mérito de atrair e provocar a atenção do leitor, não só pela associação inabitual do adjetivo espiritual ao substantivo inteligência mas também por evocar no leitor, por associação, a importante divulgação científica – ocorrida de modo consistente nos últimos quinze anos – dos estudos científicos, no âmbito da inte-ligência e da emoção, desenvolvidos pelo neurocientista português António Damásio e também pelo psicólogo americano Daniel Goleman. Deste último destacam-se dois best-sellers, um intitulado Inteligência Emocional e outro intitulado Inteligência social. Ainda no âmbito dos estudos e ensaios sobre a inteligência humana, o casal britânico Zoahar e Marschall publicam, no início do século XXI, em língua inglesa, um ensaio a que deram o título de Inteligência Espiritual. Estes diferentes aspetos – intelectual, emocional, social, espiritual – sob os quais a complexidade da inteligência humana é considerada são, de certo modo, ressonâncias da Teoria das Inteligências Múltiplas, publicada em 1983 pelo psicólogo norte-americano Howard Gardner. Todas estas obras têm o importante mérito de tornar ensaios, estudos e dados científicos acessíveis a um público não especializado; este é, aliás, o seu primeiro e principal objetivo. É neste contexto temático e neste esforço de divulgação científica que o livro de Torralba se inscreve; o título escolhido dá conta desta sintonia. O autor orienta-se com mestria por entre estas e muitas outras referências, classificando umas como fontes e outras como bibliografia especializada (pp. 293-299), optando por um aparato crítico básico de acordo com a metodologia de síntese que adota.

A arquitetura da obra resulta consistente e elegante. O sumário fornecido pelo autor facilita a rápida e clara apreensão da estrutura formal e conteudinal. Ao prólogo seguem-se 176 páginas arquitetadas em oito tópicos: O que é a inteligência; O mapa das inteligências; O que é a inteligência espiritual?; Os poderes da inteligência espiri-tual; O cultivo da inteligência espiriespiri-tual; Benefícios da inteligência espiriespiri-tual; A atrofia da inteligência espiritual; Inteligência espiritual, felicidade e paz.

O argumento da obra desenvolve-se à volta da ideia de que “o ser humano não é inteligente de modo unívoco” (p. 21) e da compreensão de que a inteligência espiritual pode ser considerada a medida de todos os outros aspetos da inteligência humana, pois os interliga, neles influencia e deles resulta.

Abordar a inteligência humana a partir do quadro intelectual e académico das “inteligências múltiplas” traz à luz a sua fascinante e tremenda complexidade, mas deixa na sombra, de certo modo, o ser uno e indiviso que o ser humano é e que as modernas antropologias conquistaram aos gnosticismos milenares e ao dualismo car-tesiano, tão claramente denunciado por António Damásio numa das suas obras.

A inteligência espiritual, como Torralba a define e descreve, resiste bem ao reducionismo e aponta, embora sem a nomear, para uma outra dimensão da inteli-gência humana: a sabedoria; noção primeiramente filosófica e teológica, as diferentes

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disciplinas que se ocupam do ser humano começam a perceber nela a chave do desenvolvimento integral e de uma vida feliz.

«Feliz o homem que se ocupa da sabedoria e que raciocina com inteligência, que reflete em seu coração nos caminhos da sabedoria e medita em seus segredos» (Ecl 14,20-21).

Vale a pena fazer este caminho com o autor.

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