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Sistema de avaliação de ideias em práticas crowdsourcing

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. JOADE CORTEZ GOMES. SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS EM PRÁTICAS CROWDSOURCING. NATAL/RN 2016 1.

(2) JOADE CORTEZ GOMES. SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS EM PRÁTICAS CROWDSOURCING. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Área de concentração: Engenharia de Produção Subárea: Desenvolvimento de Produto, Ergonomia e Sustentabilidade. Orientador: Prof. Dr. Mario Orestes Aguirre González. NATAL/RN 2016.

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(4) AGRADECIMENTOS. Agradeço primordialmente a Deus, que me propiciou todas as condições para condução, com saúde e sabedoria, desse desafio a mim concedido. Aos meus familiares, especialmente meus pais, Joaci e Jacioneide, que com muito amor, atenção e esforço, sempre priorizaram a minha formação, não apenas acadêmica, mas também com valores de vida que me ajudaram a evoluir para o que sou hoje. Aos outros familiares, pela fé e apoio. A minha amada esposa, Marilma Galvão, por todo o amor, carinho, paciência e crença no meu potencial, acreditando, por muitas vezes, mais em mim do que eu mesmo. Agradeço a família da minha esposa, pela presença e apoio em todos os momentos, valorizando como ninguém todas as etapas vencidas, e isso me deu muita força. Ao meu professor orientador, Prof. Mario Orestes, que foi o grande incentivador dessa minha empreitada. Além disso, mostrou-se um grande parceiro, que, pela dedicação e inteligência, deve ser um exemplo a ser seguindo. Agradeço também a todos os professores e servidores do PEP-UFRN, pelo conhecimento passado durante o processo. A equipe da Assessoria Técnica da PROGESP-UFRN, que, com muito apoio e incentivo, me deram tranquilidade para tocar com qualidade esse desafio, em especial a Marcela Squires, que contribuiu como pesquisadora sênior do projeto, e Mirian Dantas, que sempre acreditou em mim e no projeto, não medindo esforços para viabiliza-lo. Ao grupo de pesquisa Cri-Ação, ao qual tenho muito orgulho de fazer parte. Agradeço também a todos os bolsistas envolvidos, Bruno, Janine e Lucas, pelas expressivas contribuições no desenvolvimento da pesquisa. A todos que participaram do processo de validação da estrutura do sistema de avaliação, Prof. Daniel Diniz, Mirian, Marcela, Prof. Alfredo, Prof. Everton, Daniel Medeiros e Elionai, pela valiosa contribuição. Ao prof. Daniel Capaldo, por ter aceitado fazer uma pré-qualificação conosco, e aos professores Guilherme e Alfredo pelas contribuições dadas durante a etapa de qualificação..

(5) “If you want to go fast, go alone. If you want to go far, go together” African proverb.

(6) RESUMO GOMES, Joade Cortez. Sistema de avaliação de ideias em práticas crowdsourcing. 125 fls. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. Um dos desafios que se apresenta ao se adotar o crowdsourcing como abordagem no processo de melhoria e inovação de uma organização é a assertividade na seleção das ideias a serem desenvolvidas, principalmente quando há um alto volume de contribuições. O objetivo desta dissertação é propor um sistema de avaliação de ideias em práticas crowdsourcing. Para isso, realizou-se uma revisão bibliográfica sistemática acerca dos temas crowdsourcing e avaliação de ideias e, por meio de um modelo conceitual, validou-se o mesmo a partir de um estudo de caso no Escritório de Ideias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para tal fim, considerou-se as características da organização estudada e as opiniões de especialistas de diferentes áreas do conhecimento, mediante uma sessão de focus group, visando como tema a eficiência energética. Como resultado, apresenta-se um modelo de avaliação de ideias, contemplando os critérios e métodos necessários para compor um sistema eficiente de avaliação quando aplicados a partir de uma abordagem crowdsourcing, e os fatores que os influenciam.. Palavras-chave: Escritório de Ideias. Gerenciamento de ideias. Criatividade Coletiva. Gestão pública. Open Innovation..

(7) ABSTRACT GOMES, Joade Cortez. Idea evaluation system in crowdsourcing practices. 125 fls. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. One of the challenges to adopting crowdsourcing as an approach in the process of improvement and innovation of an organization is the assertiveness in the selection of ideas to be developed, especially when there is a high volume of contributions. The purpose of this dissertation is to propose a evaluation system of ideas in a crowdsourcing approach. For this, a systematic literature review was conducted on the subjects crowdsourcing and ideas evaluation and, through a conceptual model, the system of evaluation of ideas was validated from a case study in the “Escritório de Ideias” of the Federal University of Rio Grande do Norte. For this, the characteristics of the organization studied and the opinions of specialists, of different areas of knowledge, were considered through a focus group session, focusing on energy efficiency. As a result, a model of ideas evaluation was proposed, contemplating the criteria and methods necessary to compose an efficient system of evaluation when applied from a crowdsourcing approach, and the factors that influence them.. Key words: Ideas Office. Ideas Management. Collective creativity. Public management. Open Innovation..

(8) LISTA DE FIGURAS Figura 2.1. Resumo do procedimento da pesquisa.. 23. Figura 2.2. Etapas da sessão do focus group.. 27. Figura 3.1. Open Innovation.. 33. Figura 3.2. Tipologia sócio técnica do sistema crowdsourcing.. 40. Figura 3.3. Papel da multidão no processo de crowdsourcing.. 43. Figura 3.4. O processo de crowdsourcing para a tomada de decisão.. 45. Figura 3.5. Critérios para medição da qualidade das ideias.. 47. Figura 3.6. Modelo de avaliação de ideias.. 53. Figura 3.7. Modelo de sistema de criatividade.. 56. Figura 3.8. Os quatro quadrantes cerebrais.. 57. Figura 3.9. Modelo conceitual.. 64. Figura 4.1. Estrutura de funcionamento do Escritório de Ideias da UFRN.. 71. Figura 4.2. Macro funcionamento do Escritório de Ideias.. 72. Figura 4.3. Critérios da avaliação de ideias.. 73. Figura 4.4. Papel da multidão no processo do crowdsourcing da UFRN.. 80. Figura 4.5. Processo de crowdsourcing para tomada de decisão na UFRN.. 81. Figura 4.6. Modelo conceitual adaptado.. 84. Figura 5.1. Sistema de avaliação de ideias proposto.. 89. Figura 5.2. Ferramenta de detalhamento de ideias.. 91.

(9) LISTA DE GRÁFICOS. Gráfico 4.1 – Número de ideias submetidas ao Escritório de Ideias da UFRN.. 74. Gráfico 4.2 – Perfil do Idealizador quanto à classe.. 75. Gráfico 4.3 – Forma da origem das ideias.. 75. Gráfico 4.4 – Perfil da ideia por área de atuação.. 76. Gráfico 4.5 – Evolução do consumo de energia na UFRN entre 2013 e 2015.. 77. Gráfico 4.6 – Evolução do gasto de energia na UFRN entre 2013 e 2015.. 77.

(10) LISTA DE QUADROS. Quadro 2.1. Síntese da caracterização do método de pesquisa.. 22. Quadro 2.2. Tempo previsto e realizado das etapas de aplicação do focus group.. 30. Quadro 3.1. Conceitos de crowdsourcing.. 36. Quadro 3.2. Critérios aplicados a avaliação de ideias.. 49. Quadro 3.3. Métricas e indicadores para iniciativas open innovation.. 50. Quadro 3.4. Escala de classificação de ideias.. 51. Quadro 3.5. Modelo de análise de decisão por multicritérios.. 53. Quadro 3.6. Viés humano como fator influenciador no processo de avaliação.. 59. Quadro 3.7. Fatores que influenciam o processo de avaliação de ideias.. 59. Quadro 5.1. Formulário de avaliação – Filtro técnico.. 90. Quadro 5.2. Formulário de avaliação final.. 92. Quadro 5.3. Análise consensual.. 92.

(11) LISTA DE TABELAS. Tabela 4.1. Evolução da comunidade acadêmica da UFRN – 2008 a 2015.. 68.

(12) LISTA DE SIGLAS. ASTEC - Assessoria Técnica CT - Comissão de Trabalho EI - Escritório de Ideias IES - Instituição de Ensino Superior IFES - Instituições Federais de Ensino Superior INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira MCDA - Análise de Decisão por Multicritérios P&D - Pesquisa e Desenvolvimento PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação PDI - Plano de Desenvolvimento Institucional PNEF - Plano Nacional de Eficiência Energética PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica PROGESP - Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas RBS - Revisão Bibliográfica Sistemática REUNI - Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais SEDIS - Secretaria de Ensino à Distância SIG - Sistema Integrado de Gestão SINFO - Superintendência de Informática da UFRN TAP - Termo de Abertura do Projeto UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(13) Sumário CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................... 15 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................... 17 1.2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 17 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 17 1.3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 18 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .................................................................... 20 CAPÍTULO 2 - MÉTODO DE PESQUISA ............................................................... 21 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA ........................................ 21 2.2 PROCEDIMENTO DE PESQUISA ..................................................................... 23 2.2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 24 2.2.1.1 Identificação do Estado da Arte............................................................... 24 2.2.1.2 Elaboração do modelo conceitual ............................................................ 25 2.2.2 VALIDAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL ............................................. 25 2.2.2.1 Adaptação do modelo conceitual ............................................................. 26 2.2.2.2 Planejamento do focus group .................................................................. 26 2.2.2.3 Aplicação de sessão piloto do focus group .............................................. 28 2.2.2.4 Aplicação de sessão do focus group ........................................................ 29 2.2.2.5 Análise dos resultados do focus group .................................................... 31 2.2.3 PROPOSTA DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS ....................... 31 CAPÍTULO 3: GERAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IDEIAS....................................... 32 3.1 OPEN INNOVATION ............................................................................................ 32 3.1.1 CROWDSOURCING ...................................................................................... 34 3.1.1.1 DEFINIÇÕES DE CROWDSOURCING................................................. 34 3.1.1.3 PROCESSO CROWDSOURCING .......................................................... 41 3.2 AVALIAÇÃO DE IDEIAS ................................................................................... 46 3.2.1 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS ................................................ 47 3.2.2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS ................................................. 50 3.2.3 FATORES QUE INFLUENCIAM NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS .................................................................................................................... 55 3.3 SÍNTESE E DESCRIÇÃO DO MODELO CONCEITUAL ................................. 61 CAPÍTULO 4: ESTUDO DE CASO........................................................................... 65 4.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE .......................... 65 4.1.1 CARACTERIZAÇÃO ................................................................................... 65 4.1.2 ESTRUTURA ................................................................................................ 67 4.1.3 ESCRITÓRIO DE IDEIAS ............................................................................ 69 4.1.3.1 Estrutura de funcionamento atual ............................................................ 70 4.1.3.2 Estrutura de funcionamento por meio da abordagem Crowdsourcing .... 76.

(14) 4.2 VALIDAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL .................................................... 79 4.2.1 ADAPTAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL ............................................ 79 4.2.2 APLICAÇÃO DA SESSÃO DO FOCUS GROUP – ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................................... 84 CAPÍTULO 5: PROPOSTA DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS . 88 5.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO .............................................. 88 5.2 DIRETRIZES ........................................................................................................ 93 CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 95 6.1CONSIDERAÇÕES E LIMITAÇÕES .................................................................. 95 6.2 RECOMENDAÇÕES FUTURAS ........................................................................ 96 REFERÊNCIAS............................................................................................................ 98 APÊNDICES ............................................................................................................... 105 APÊNDICE A – TABELA-RESUMO DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SISTEMÁTICA SOBRE O TEMA AVALIAÇÃO DE IDEIAS. .................................................................................... 106 APÊNDICE B – TABELA-RESUMO DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SISTEMÁTICA SOBRE O TEMA CROWDSOURCING. ............................................................................................ 111 APÊNDICE C – PROGRAMAÇÃO WORKSHOP. ........................................................... 113 APÊNDICE D – QUESTÕES ORIENTADORAS UTILIZADAS NO FOCUS GROUP. ............. 114 APÊNDICE E – MODELO DA PASTA UTILIZADO NO FOCUS GROUP. ........................... 115 APÊNDICE F – CONTRIBUIÇÕES REALIZADAS POR MEIO DOS POST-ITS NO FOCUS GROUP. ....................................................................................................................... 118 APÊNDICE G – REGISTRO FOTOGRÁFICO DA SESSÃO DO FOCUS GROUP. .................. 123.

(15) CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Organizações são estruturas sociais criadas por indivíduos para apoiar a busca colaborada dos objetivos específicos (SCOTT, 2013). O cerne da diferença entre organizações do setor público e do setor privado parece estar vinculado ao esforço que a organização precisa empreender para continuar existindo. Enquanto as organizações públicas existem para atender determinadas necessidades da sociedade, as privadas buscam o crescimento constante e a otimização do capital. Segundo Osborne e Gaebler (1992), as organizações públicas apresentam características particulares que as diferem das organizações do setor privado visto que a missão fundamental do governo é “fazer o bem” e não “fazer dinheiro”. Devido a essas diferenças, a literatura afirma que não se pode governar como quem administra uma empresa. Porém, a administração pública adotada pelos governos tem sofrido mudanças ao longo dos tempos, motivadas pelas mudanças sociais e econômicas que se apresentam com a globalização. As organizações públicas necessitam estar adaptadas para responder com eficiência e qualidade aos usuários e, para isso, precisam estar comprometidas com modernas práticas de gestão. De acordo com Scherer (2014), da mesma forma que o tema se propagou na iniciativa privada nos anos 2010, as instituições públicas e seus gestores também começam a enxergar as possibilidades decorrentes de uma abordagem estruturada de gestão da inovação. Para obtenção de um setor público inovador, deve-se destacar a criatividade dos indivíduos e a geração e o interesse por novas ideias como insumos básicos. Estes fatores podem, ainda, ser considerados limitados e deficientes no cenário atual, mas oferecem uma nova forma de administrar e ofertar serviços aos usuários para as organizações públicas que já quebraram seus paradigmas e adotaram essa visão (RESENDE JUNIOR; GUIMARAES; BILHIM, 2013). Promover a criatividade no ambiente público e gerar propostas inovadoras para este requer uma abertura a novas ideias e o apoio a mudanças por parte da organização. A pesquisa de Soares (2009) relata alguns caminhos para a promoção de um ambiente de inovação no serviço público, como: canais de comunicação eficientes em todos os níveis da organização; tarefas desafiantes ao potencial criador; normas mais flexíveis; 15.

(16) descentralização do poder; valorização da iniciativa e da participação na tomada de decisão; política de benefícios e sistema de recompensa voltada às ideias inovadoras; estímulo da chefia para novas ideias; respeito às opiniões divergentes; e capacitação dos agentes públicos para o desenvolvimento de seu potencial criador. Nos últimos anos, um modelo de negócio que vem ganhando muita atenção no mundo é o crowdsourcing (CHIU; LIANG; TURBAN, 2014), podendo ser visto como um modelo para atrair um público interessado, motivado e capaz de fornecer soluções superiores em qualidade e quantidade para aqueles que podem mesmo nas formas tradicionais de negócio (BRABHAM, 2008). Crowdsourcing é o ato de uma empresa ou instituição terceirizar uma função, exercida originalmente por funcionários, para uma rede indefinida de pessoas sob a forma de um convite aberto, podendo assumir a forma de produção individual ou entre pares. O pré-requisito crucial é a utilização de um formato de chamada aberta e a ampla rede de trabalhadores potenciais (HOWE, 2006). Embora relativamente novo, o mesmo foi derivado da tendência geral que a tecnologia da informação permite ideias e esforços para serem compartilhados abertamente através da Internet (CHIU; LIANG; TURBAN, 2014). O processo de crowdsourcing pode assumir vários formatos e composições, como por exemplo open innovation, co-creation, collective intelligence, user innovation e open source, mas a sua estrutura parte de um problema a ser resolvido pela organização, onde a tarefa é submetida pela rede à multidão, que interage e participa do processo resolutivo por meio de ideias, submetendo-se ao final a um processo avaliativo no qual as melhores são selecionadas e implantadas (CHIU; LIANG; TURBAN, 2014). Há três principais elementos associados ao processo de resolução criativa: identificação de problemas, geração de ideias e a avaliação de ideias (REITER-PALMON; ILLIES, 2004). Nessa direção, alinhada a políticas de desenvolvimento e inovação, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) prevê em sua missão e em suas diretrizes estratégicas a inovação como um fator norteador para as suas ações. Assim, aperfeiçoando sua diretriz no sentido de uma gestão participativa, a Universidade vem trabalhando desde 2014 o Escritório de Ideias (EI), que tem como objetivo o gerenciamento de projetos advindos de ideias propostas por pessoas de toda a comunidade universitária (Docentes, técnico-administrativos e alunos) com foco na melhoria dos processos, otimização dos recursos e inovação. 16.

(17) Um Escritório de Ideias atua essencialmente nos processos de captação, avaliação e implantação de projetos em uma organização, e ao utilizar o crowdsourcing como processo de atuação, desencadeia um cenário de grande quantidade de ideias geradas. Um dos desafios que se apresenta nesse processo é a assertividade na seleção das ideias a serem desenvolvidas, principalmente quando aplicadas a um alto volume de contribuições. Assim, o questionamento que deu origem a pesquisa foi: Na perspectiva de um escritório de ideias em uma universidade pública, quais os critérios, métodos e fatores que devem compor um sistema de avaliação de ideias geradas a partir de uma abordagem crowdsourcing?. 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 1.2.1 OBJETIVO GERAL Propor um sistema de avaliação de ideias geradas a partir de uma abordagem crowdsourcing.. 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos da dissertação são: •. Identificar o estado da arte, por meio de uma revisão bibliográfica sistemática, nos temas: Avaliação de ideias e crowdsourcing;. •. Levantar as características do processo de melhoria e inovação realizado pelo Escritório de Ideias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN;. •. Estruturar um sistema de avaliação de ideias em um Escritório de Ideias por meio de um modelo conceitual;. •. Validar os elementos (critérios, métodos e fatores) de um sistema de avaliação de ideias geradas a partir de uma abordagem crowdsourcing.. 17.

(18) 1.3 JUSTIFICATIVA O tema avaliação de ideias vem sendo estudado pela academia, mas só recentemente o mesmo está sendo debruçado de forma a alinhar-se a propostas de open innovation e crowdsourcing. A pesquisa buscará relacionar os elementos envolvidos entre o processo avaliativo de ideias a partir da abordagem crowdsourcing e as características inerentes ao ambiente do serviço público no Brasil, pouco explorado no meio cientifico até os dias atuais. Dessa forma, pode-se contribuir ao estudo dos temas propostos nessa dissertação por meio da conexão desses elementos que se apresentam inéditos na academia. Por meio de um processo de terceirização, o crowdsourcing busca, essencialmente, resolver algum problema identificado pelas organizações (HOWE, 2008). Hoje, entre os processos associados com a resolução criativa de problemas, evidencia-se destaque científico ao processo de geração de ideias, mas poucos ainda debruçam-se sobre o processo de avaliação, quais os critérios ou padrões pelas quais uma ideia é avaliada, e se as pessoas podem avaliá-las com precisão. Porém, o sucesso da implementação de um projeto é bastante influenciado pelo processo de avaliação das ideias, uma vez que a qualidade e originalidade das ideias implementadas dependerão da qualidade do processo de avaliação e seleção (KANEXA; REITER-PALMON, 2011). Enquanto vários métodos de open innovation têm alcançado maturidade considerável, a avaliação de ideias permanece um desafio (BLOHM; RIEDL; FÜLLER; LEIMEISTER, 2016). E, dessa forma, em um cenário cada vez mais restrito de acesso aos recursos, a fase de pré-desenvolvimento, contemplada pela captação, triagem e avaliação das ideias, ganha uma importância maior no processo, necessitando que o mesmo esteja estruturado com métodos e critérios que proporcionem resultados mais efetivos e assertivos para as organizações. No processo de inovação, os custos associados em avaliar erroneamente uma ideia má como boa (erro tipo I) podem ser significativamente diferentes dos custos de avaliar uma boa ideia como ruim (erro tipo II). Ao implementar ideias no primeiro caso, refletirá em uma má alocação de recursos financeiros da organização, enquanto no último caso pode refletir em uma perda de oportunidade, podendo ser fatal para a organização (CAROFF et al., 2008). 18.

(19) Umas das ações que integraram o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) foi a elaboração do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), instituído em abril de 2007 pelo governo federal do Brasil. O objetivo do Reuni foi o de retomar o crescimento do ensino superior público, criando condições para que as universidades federais promovessem a expansão física, acadêmica e pedagógica da rede federal de educação superior. Dessa forma, houve um crescimento substancial no número de IES públicas no Brasil. Nos últimos anos, vem ocorrendo no Brasil um processo de expansão da rede de ensino superior. De acordo com os censos publicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o número de Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) cresceram 45% no período de 2003 a 2013. A UFRN vem apresentando representativo crescimento na sua comunidade universitária nos últimos anos. De acordo com os relatórios de gestão da instituição, houve um crescimento 38,9% entre 2008 e 2015, período do REUNI (Ver quadro 4.1, p. 34). De acordo com dados da Secretaria de Relações Internacionais e Interinstitucionais da UFRN, a universidade encontra-se entre as dez maiores instituições federais de ensino superior do Brasil. Com o fim do programa REUNI em 2012 e o momento de mudanças na conjuntura política e econômica da Brasil, há uma tendência natural de estabilização do número de IES e aumenta-se, consequentemente, os desafios de se otimizar os recursos e melhorar a qualidade do gasto. Alinhado a esse direcionamento, a UFRN, por meio do Escritório de Ideias, vem contribuindo com o objetivo de otimizar os recursos a partir de projetos de melhoria, transformando ideias geradas pela comunidade universitária em projetos que agregaram valor à gestão de pessoas, escopo inicialmente priorizado. Dessa forma, observa-se que esse processo oportuniza para toda a comunidade universitária a possibilidade de propor soluções para a instituição de forma sistemática e, como consequência, proporciona-se mais motivação entre os envolvidos. Além disso, o Escritório de Ideias está planejando a ampliação do seu escopo e, de forma bastante inovadora, aplicará a abordagem crowdsourcing em seu processo de geração e avaliação de ideias. Para isso, abordará o tema Eficiência Energética no campus como um primeiro desafio a ser solucionado pelas aproximadamente 50.000 19.

(20) pessoas que compõe a comunidade universitária. Assim, os resultados dessa pesquisa embasarão a base metodológica do Escritório na aplicação do processo de avaliação das ideias geradas a partir da abordagem crowdsourcing. Em geral, o processo de crowdsourcing aplicado em um escritório de ideias possui potencial para ser replicado por qualquer organização. Portanto, em conjunto com as diretrizes gerais de funcionamento dessa abordagem pelo escritório, pretende-se, com o modelo de avaliação de ideias proposto, contribuir com o direcionamento mais efetivo dos portfólios de projetos de melhorias e inovação em uma organização.. 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Esta dissertação está estruturada em seis capítulos. O primeiro capítulo aborda a introdução do tema da pesquisa, o problema de pesquisa, os objetivos, assim como a justificativa e a estrutura da dissertação. O segundo capítulo discorre sobre o método de pesquisa, que contempla a caracterização da dissertação quanto ao objetivo, ao método e a abordagem, e também o procedimento utilizado na pesquisa, elencando o planejamento da revisão bibliográfica sistemática (RBS) e o plano de aplicação da pesquisa de campo. O terceiro capítulo apresenta a fundamentação teórica acerca dos resultados da pesquisa nos temas avaliação de ideias e crowdsourcing, finalizando com a síntese dos assuntos estudados. O quarto capítulo descreve a organização da UFRN, demonstrando suas características, estrutura gerencial e a evolução nos últimos anos, assim como o Escritório de Ideias está estruturado nesse contexto, descrevendo seus métodos de funcionamento. Ao final, discorre-se sobre a adaptação do modelo conceitual e o seu processo de validação por meio da aplicação do focus group. O quinto capítulo apresenta a descrição detalhada do sistema de avaliação de ideias a partir de uma abordagem crowdsourcing. O sexto capítulo traz as considerações finais do trabalho, suas limitações, conclusões e sugestões para pesquisas futuras.. 20.

(21) CAPÍTULO 2 - MÉTODO DE PESQUISA Nesse capítulo é descrito o método de pesquisa adotado no estudo. Inicialmente, caracteriza-se o método da pesquisa, classificando-o quanto ao objetivo geral, aos métodos utilizados para coleta dos dados e quanto à abordagem. Após, descreve-se em detalhes os procedimentos utilizados no desenvolvimento da pesquisa.. 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MÉTODO DE PESQUISA De acordo com Marconi e Lakatos (2010), existe uma grande variedade de conceitos sobre a pesquisa, visto que os estudiosos do tema ainda não chegaram a um pensamento comum a respeito do assunto em questão. Ainda, de acordo com as autoras, pesquisa é um procedimento formal, com métodos de pensamentos reflexivo, que requer tratamento científico e se constrói no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Segundo Gil (2009) a pesquisa é classificada de acordo com seu objetivo geral e procedimentos técnicos utilizados. Quanto aos objetivos, a pesquisa se enquadra em três grandes grupos: exploratória, descritiva e explicativa. A dissertação pode ser caracterizada quanto ao seu objetivo geral como pesquisa descritiva, por apresentar como padrão a observação das características do processo de melhorias e inovação de uma universidade e estabelecer a sua relação com outras variáveis, como o processo de avaliação de ideias. Além disso, a pesquisa utiliza técnica padronizada para validar os dados coletados, por meio da aplicação de sessão de focus group. Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser qualitativa, quantitativa ou ambas (CRESWELL, 2010). Na dissertação, a realidade subjetiva dos envolvidos é levada em consideração e contribui para o desenvolvimento da pesquisa. Além disso, ao aplicar o focus group, há uma preocupação em obter informações sobre a perspectiva dos participantes, bem como interpretar o ambiente em que a problemática acontece. Dessa forma, quanto ao seu objetivo geral, essa dissertação classifica-se como qualitativa. De acordo com Gil (2009), quanto aos métodos utilizados, os principais tipos de pesquisa são a bibliográfica, documental, experimental, levantamento, estudo de caso e pesquisa-ação. Este trabalho realizou uma pesquisa bibliográfica por meio escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas da website, assim como 21.

(22) documentos da instituição em estudo. Para validação dos dados propostos pelo estudo, foi utilizada uma sessão de focus group, a partir da realidade dos processos de uma organização específica, sendo a dissertação classificada, portanto, como bibliográfica, documental e estudo de caso. O quadro 2.1 apresenta uma síntese do método de pesquisa adotado no trabalho, levando em consideração algumas modalidades de pesquisa estabelecida pelos autores e a respectiva caracterização do estudo. Quadro 2.1. Síntese da caracterização do método de pesquisa.. Modalidade da Pesquisa. Classificação/Tipo de Pesquisa. Caracterização do estudo. Exploratória Quanto ao objetivo da pesquisa Descritiva (GIL, 2009; YIN, 2010). ü. Explicativa. Quanto à abordagem da pesquisa (GIL, 2009; YIN, 2010; CRESWELL, 2010). Quanto ao método de procedimento da pesquisa (GIL, 2009; YIN, 2010). Qualitativo. ü. Quantitativo Qualitativo-Quantitativo Bibliográfica. ü. Documental. ü. Estudo de caso. ü. Experimental Levantamento (Survey) Simulação Pesquisa-ação. Fonte. Elaboração própria baseado em González (2010, p. 7). 22.

(23) 2.2 PROCEDIMENTO DE PESQUISA A figura 2.1 demonstra as etapas definidas para atingir os objetivos da pesquisa.. Fundamentação Teórica Identificação do Estado da Arte. Elaboração do Modelo Conceitual. Validação do Modelo Conceitual Adaptação do modelo conceitual. Planejamento do focus group. Realização de um piloto do focus group. Aplicação de sessão do focus group. Análise dos resultados do focus group. Proposta do sistema de avaliação de ideias. Figura 2.1. Resumo do procedimento da pesquisa. Fonte. Elaboração própria.. 23.

(24) 2.2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.2.1.1 Identificação do Estado da Arte A pesquisa foi conduzida com a participação de membros do grupo de pesquisa CRI-AÇÃO, vinculado ao Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Todos os membros envolvidos com a pesquisa tiveram oportunidade de estágio no Escritório de Ideias da UFRN, influenciando de forma positiva na qualidade das discussões acerca dos temas estudados. Inicialmente, planejou-se os principais temas envolvidos com a pesquisa, totalizando em dois: crowdsourcing e avaliação de ideias. Nesse sentido, almejou-se o aprofundamento do conhecimento nos respectivos temas por meio de uma extensa pesquisa por trabalhos inerentes ao objeto de estudo. Para tal, utilizou-se o método de revisão bibliográfica sistemática (RBS), pesquisando as diversas variações dos temas no Portal de Periódicos da CAPES e SCOPUS. Para realização da pesquisa por meio da RBS, planejou-se algumas etapas a serem aplicadas, conforme as seguintes etapas: 1. Especifica-se as questões da pesquisa; 2. Desenvolve-se o protocolo da pesquisa por meio de uma planilha de registros dos dados; 3. Define-se a palavra-chave e seus sinônimos; 4. Levanta-se os artigos na base de dados CAPES; 5. Protocola-se o resultado do levantamento na planilha de registros; 6. Realiza-se a leitura completa dos artigos; 7. Extrai-se os dados requeridos; 8. Sintetiza-se os dados. Dessa forma, realizou-se uma pesquisa acerca dos temas crowdsourcing e avaliação de ideias a partir de alguns questionamentos norteadores, entre eles: Qual o conceito de crowdsourcing? Quais são as suas tipologias? Como estrutura-se o seu funcionamento? Quais os critérios que são utilizados num processo de avaliação de ideias? Quais os métodos utilizados? Quais os fatores que influenciam nesse processo? 24.

(25) Para organização das informações, desenvolveu-se uma planilha de protocolo para cada um dos temas, utilizando o google drive e dropbox como ferramentas de edição e compartilhamento dessas informações entre os pesquisadores, proporcionando maior eficiência e segurança na comunicação entre todos os envolvidos. Posteriormente, realizou-se a pesquisa das palavras-chave idea management, idea evaluation, idea selection, idea Screening e case and crowdsourcing no portal periódicos CAPES e na base de artigos SCOPUS, buscando-as nos campos do título e assunto, aplicando o filtro “Artigo”. Então, analisou-se todos os títulos e organizou-se a lista de artigos, excluindo aqueles que se apresentavam de forma repetida. A partir de então, realizou-se a leitura dos resumos e introdução dos mesmos, e aqueles mais relevantes para a pesquisa foram identificados e selecionados para serem estudados de forma aprofundada. Ao final, foram registrados na planilha de protocolo um total de 83 artigos. Além desses, foram considerados livros, dissertação, teses e outros artigos científicos relevantes que foram levantados a partir de algumas referências provenientes da RBS. A partir de então, os membros do grupo de pesquisa realizaram a leitura de todos os artigos, discutindo-os em reuniões semanais e registrando as informações mais relevantes na planilha de protocolo (apêndices A e B). 2.2.1.2 Elaboração do modelo conceitual Baseando-se no estado da arte identificado por meio da pesquisa realizada, estruturou-se um modelo teórico do sistema de avaliação das ideias geradas a partir de uma abordagem crowdsourcing, contemplando os aspectos mais relevantes para o seu funcionamento. 2.2.2 VALIDAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL Essa etapa se iniciou com a adaptação do modelo conceitual às características do processo de inovação e melhorias da UFRN e, posteriormente, foi validação mediante uma sessão de focus group com representantes de algumas áreas consideradas relevantes para o projeto de pesquisa.. 25.

(26) 2.2.2.1 Adaptação do modelo conceitual Nessa etapa, realizada uma adaptação do modelo conceitual do sistema de avaliação de ideias a partir de uma abordagem crowdsourcing, onde os aspectos e características da UFRN alinhados à problemática da eficiência energética foram levantados como exemplo para validação do modelo. Esse processo deu-se por meio de reuniões entre o pesquisador, o orientador e os demais membros do grupo da pesquisa. 2.2.2.2 Planejamento do focus group A técnica de coleta de dados focus group, de acordo com Parasuraman (1986), é uma discussão objetiva, conduzida ou moderada que introduz um tópico a um grupo de respondentes e direciona o debate sobre o tema, de uma maneira não-estruturada e natural. Há uma diferenciação entre focus group e entrevista em grupos, uma vez que não se analisa apenas uma sequência de perguntas e respostas, pois se pressupõe uma interação entre os participantes que, no decorrer da discussão, podem rever suas opiniões e refazer suas afirmações enquanto reorganizam seus pontos de vista (MORGAN, 1997). Esta é uma fase crucial para o sucesso do focus group, uma vez que são definidas as diretrizes para que os objetivos da pesquisa sejam alcançados. Dessa forma, procurou-se inicialmente entender como o Escritório de Ideias está desenvolvendo o processo de expansão de seu escopo na universidade. Viu-se que o mesmo está em andamento com a implementação do crowdsourcing como uma abordagem para captação e avaliação de ideias e o primeiro tema a ser desenvolvido nesse novo contexto será a eficiência energética na UFRN. De acordo com Morgan (1997), o planejamento do focus group inclui uma série de decisões sobre como os dados serão coletados. A primeira delas é relacionada a quem participará do grupo. Depois disso, como será estruturado o grupo e qual o nível de envolvimento do moderador. Por fim, deve-se decidir sobre o tamanho do grupo e o número de grupos no projeto total. Martins (2008) apresenta um grupo de recomendações para a construção do focus group:. 26.

(27) a) O grupo deve ter entre seis e doze componentes, a serem escolhidos de acordo com o propósito da pesquisa. b) Cada participante deve ter algo a dizer sobre o assunto. c) Deve-se ter um grupo demograficamente heterogêneo, mas com nível cultural semelhante. d) O nível de envolvimento do moderador é variável, dependendo de como ele conduz as entrevistas e a interação entre as pessoas. e) Devem ser marcadas sessões de entrevistas, previamente planejadas e roteirizadas. f) A duração deve ser de uma a duas horas. g) O local das sessões deve ser confortável e é recomendável dispor os integrantes do grupo em forma de U, para que eles possam ver uns aos outros. Deve-se colocar em local visível os nomes das pessoas para facilitar a interação. Se necessário, pode-se inclusive proceder as entrevistas em ambiente virtual (como uma sala de chat). h) O moderador não pode fazer juízo sobre as respostas e deve ter a capacidade de memorizá-las – ou então usar um assistente que as registre. i) As respostas devem ser consolidadas em categorias de análise que permitam consolidá-las em grupos semelhantes. A sessão do focus group seguiu uma sequência de cinco etapas, conforme ilustrado na figura 2.2.. Etapa 5 Etapa 4 Etapa 3 Etapa 2 Etapa 1 • Apresentação das instruções. • Apresentação do modelo conceitual adaptado. • Contribuição individual. • Fechamento. • Discussão coletiva. Figura 2.2. Etapas da sessão do focus group. Fonte. Elaboração própria.. 27.

(28) Assim, considerando essa temática como exemplo para validação do modelo proposto pela pesquisa, utilizou-se o II Workshop Creation: Desenvolvimento das cadeias produtivas de energia eólicas e solar no Brasil, organizado pelo grupo de pesquisa CRI-AÇÃO, para aplicação da sessão do focus group (Apêndice C). 2.2.2.3 Aplicação de sessão piloto do focus group No dia 09 de novembro, entre as 9h e 12h, foi aplicada uma sessão piloto do focus group entre os membros do grupo de pesquisa. O objetivo da sessão preliminar foi testar e aperfeiçoar os procedimentos metodológicos planejados, buscando reduzir a probabilidade de erros durante a aplicação. Verificou-se na sessão piloto, questões relacionadas a três aspectos: infraestrutura, metodologia e equipamentos. Após a aplicação do piloto, observou-se algumas necessidades de adequação de infraestrutura e equipamentos, como a necessidade de adaptador de equipamentos e a readequação do espaço físico, para viabilização do formato de layout em “U”. Quanto aos aspectos metodológicos, a sequência pré-definida apresentou-se de forma satisfatória, porém alguns ajustes na forma como algumas etapas foram propostas mostraram-se necessários. Na primeira etapa, viu-se que era essencial a utilização de recursos visuais para melhorar o entendimento do contexto e das instruções iniciais da sessão. Para dinamizar mais o processo de exposição do modelo e facilitar o entendimento dos participantes, viu-se a necessidade, na segunda etapa, que a apresentação ocorresse com o auxílio de elementos de representação gráfica. Então, o banner inicialmente proposto, foi substituído por uma apresentação em formato powerpoint. Na sequência, na etapa de contribuição individual, identificou-se a necessidade de uma melhor orientação no momento de preenchimento dos post-its pelos participantes. Então, foram elaboradas seis perguntas acerca do modelo e as incluiu na representação gráfica da pasta (Apêndices D e E). Por fim, as etapas de discussão e fechamento ocorreram adequadamente e mantiveram-se da mesma forma. E quanto aos equipamentos de apoio, todos funcionaram corretamente. 28.

(29) 2.2.2.4 Aplicação de sessão do focus group Considerando as orientações de Morgan (1997) e Martins (2008) para aplicação da pesquisa por meio do focus group, a sessão realizou-se da seguinte forma: Para a escolha dos participantes, levou-se em consideração o propósito da pesquisa e também o tema que o Escritório de Ideias vem planejando a aplicação da abordagem crowdsourcing na universidade. Dessa forma, selecionou-se os participantes de diferentes áreas consideradas relevantes para o projeto de pesquisa. Os convites foram realizados pessoalmente ou por telefone e confirmados por e-mail. A sessão foi realizada no dia 11 de novembro de 2016 e estavam presentes: o vice-reitor da UFRN; a pró-reitora de gestão de pessoas da UFRN; uma representante do escritório de ideias da UFRN, especialista em criatividade e gestão de projetos; um servidor da Secretaria de Educação à Distância da UFRN, especialista na área de programação web; um docente lotado no Metrópole Digital da UFRN, especialista na área de tecnologia da informação; um docente lotado na engenharia elétrica da UFRN, especialista em eficiência energética; um servidor da Superintendência de Informática da UFRN, especialista em design; um ex-aluno da UFRN, especialista em criatividade coletiva e inovação; o orientador da dissertação, o pesquisador e os bolsistas vinculado ao grupo de pesquisa. A reunião aconteceu em uma sala confortável, que buscou promover o bem-estar necessário a todos os participantes. As mesas estavam dispostas em formato de “U” e devidamente identificadas para facilitar a interações entre os convidados. Sobre a mesa de cada participante encontrava-se uma pasta contendo um resumo do que foi explicado, além do material necessário para os mesmos registrarem suas contribuições com a pesquisa (ver apêndice E). Devido a imprevistos ocorridos com alguns convidados, a sessão que foi agendada para as 16h, teve início apenas às 16:45h. Conforme detalhado no quadro 2.2, a reunião teve duração de 2h13min, extrapolando 43min do tempo planejado, motivado especialmente pelo grande número de colocações no tempo dedicado a contribuição individual e coletiva. Observou-se que a metodologia utilizada favoreceu um ambiente propício para discussões e todos os participantes interagiram de forma bastante produtiva.. 29.

(30) Quadro 2.2. Tempo previsto e realizado das etapas da sessão focus group.. Etapas. Tempo Previsto. Tempo Realizado. 1 - Apresentação das instruções. 5 min. 10 min. 2 - Apresentação do modelo conceitual. 25 min. 21 min. 3 - Contribuição individual. 15 min. 41 min. 4 - Discussão coletiva. 40 min. 58 min. 5 - Fechamento. 5 min. 3 min. 90 min. 133 min. TOTAL. Fonte. Elaboração própria.. Desde o início, o clima da reunião já se apresentava de forma positiva, os primeiros convidados a chegarem ao local da reunião já interagiam e trocavam experiências. Devido a identificação colocada nas mesas, todos intuitivamente encontraram seus lugares, que encontrava-se em ordem alfabética. Inicialmente, foi apresentado uma contextualização do objeto da pesquisa e o propósito daquela reunião. Na sequência, foram colocadas as instruções gerais da conduta dos participantes durante a sessão. O pesquisador, com o auxílio do professor orientador e dos bolsistas do grupo de pesquisa, apresentou o modelo conceitual referente ao sistema de avaliação de ideias geradas a partir de uma abordagem crowdsourcing, contemplando os critérios, os fatores influenciadores e o método utilizado no processo, usando como exemplo a aplicação no contexto de ideias de melhorias da eficiência energética na UFRN. Cada participante registrou, individualmente, suas contribuições acerca de três fatores: Aspectos positivos, aspectos negativos e oportunidade de melhorias do modelo apresentado, realizando por meio de post-its devidamente identificado nas cores verde, laranja e amarelo, respectivamente. Os mesmos foram disponibilizados sobre a mesa de cada participante, separados por cor e ordenados de acordo com a sequência apresentada na pasta. Nesse momento, observou-se que alguns participantes tomaram iniciativa e provocaram pequenos debates e iniciou, de forma prematura, mas positiva, a troca de conhecimento e opiniões acerca das questões propostas. Ao final, o mediador estimulou 30.

(31) um momento de sinergia entre os convidados, convidando-os para se dirigir até o quadro e transferir seus post-its da pasta para o modelo conceitual projetado na tela central da sala, respeitando as áreas correspondentes às questões respondidas. O mediador provocou, a partir das contribuições individualmente geradas, uma discussão coletiva, na qual todos tiveram a oportunidade de se colocar e expressar suas opiniões para o grupo. Os convidados, considerando suas experiências, colocaram de forma natural e espontânea, suas opiniões e sugestões. Houve momentos de concordância e discordância de ponto de vista acerca de algumas questões, e mais efetivamente nesse último, o moderador dialogou e explorou a troca de experiência entre os mesmos, conduzindo a discussão no sentido de convergir a um ponto comum. Ao final, o mediador realizou a leitura do modelo conceitual considerando todas as contribuições geradas naquela sessão e encerrou as discussões. A sessão foi registrada por meio da gravação de áudio, vídeos, fotos e observações realizadas nos post-its, sendo todas autorizadas pelos participantes na primeira etapa da reunião. 2.2.2.5 Análise dos resultados do focus group Ao final da realização do focus group, realizou-se uma análise de todos os dados levantados durante a aplicação. Com o apoio dos membros do grupo de pesquisa, todos as contribuições realizadas por meio dos post-its foram digitalizadas (Apêndice F). Além disso, o vídeo foi assistido em uma reunião, pausando e revendo as partes mais relevantes, onde foi observado os comentários gerados pelos participantes. 2.2.3 PROPOSTA DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE IDEIAS De acordo com as análises dos resultados da sessão do focus group, estruturouse uma proposta do sistema de avaliação de ideias geradas a partir de uma abordagem crowdsourcing, contemplando os critérios relevantes para o sistema, o método a ser utilizado e os fatores que deverão ser levados em consideração no processo.. 31.

(32) CAPÍTULO 3: GERAÇÃO E AVALIAÇÃO DE IDEIAS Neste segundo capítulo é apresentada a fundamentação teórica relativa aos temas abordados, dividido em três seções: a primeira aborda o open innovation e o crowdsourcing, seus conceitos, tipologias e modelos de funcionamento; a segunda discorre sobre os processos de avaliação de ideias, os critérios, métodos e fatores influenciadores no processo; e a terceira seção finaliza o capítulo, sintetizando-o.. 3.1 OPEN INNOVATION Em um modelo tradicional, o processo de inovação surge essencialmente por pessoas interna à organização, sob o pleno controle das mesmas, onde as ideias são geradas por especialistas ou por colaboradores, sem compartilhamento com clientes, parceiros ou com qualquer meio externo. Os benefícios e os lucros da inovação geralmente são reinvestidos na empresa por meio de novas pesquisas. No entanto, essa prática vem mudando e as organizações começaram a compartilhar suas pesquisas com outras empresas, parceiros e clientes. Ao adicionar o conhecimento externo ao interno, aumentou-se o valor gerado pelo processo de inovação. Assim, as organizações despertaram para esse novo modelo, denominado de inovação aberta, e começaram a praticá-lo de forma mais acentuada (CHESBROUGH, 2006). Para o autor, o modelo tradicional se tornou obsoleto por quatro pontos importantes: •. O aumento da disponibilidade e mobilidade de trabalhadores especializados em tecnologia;. •. A expansão do mercado de capital de risco;. •. Opções externas para tecnologias não utilizadas (sentado na prateleira de desenvolvimento);. •. O aumento da oferta de fornecedores externos altamente capacitados.. Chesbrough (2006) destaca que a principal diferença entre o modelo tradicional de inovação e a Open Innovation está na forma em que a empresa organiza seu processo de inovação. De acordo com o autor, no modelo tradicional, o processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) é realizado exclusivamente interno à companhia, onde as melhores ideias são aproveitadas e vendidas, descartando as demais. Já no processo de. 32.

(33) Open Innovation, mesmo as ideias consideradas pobres são aproveitadas, pois poderão se tornarem úteis durante seu desenvolvimento (figura 3.1).. Figura 3.1 - Open Innovation. Fonte. Adaptado de Chesbrough (2006).. Gassmann e Wecht (2005) reforçam esse entendimento e destaca o papel do cliente no processo de inovação. Segundo o autor, o cliente pode ter quatro diferentes papéis dentro do processo de inovação, podendo ser eles: •. Sensor de Responsabilidade: participa na parte de identificação do problema ou na parte de geração de ideias do processo de inovação.. •. Especialista Complementar: contribui com o conhecimento sobre o mercado de atuação da organização, transformando conhecimento tácito existente no mercado em soluções inovadoras.. •. Especificador: representa o grau mais específico na integração do cliente, pelo alto nível de experiência e domínio do mesmo sobre o produto da organização.. •. Selecionador: ajuda a organização a escolher e refinar os conceitos de produtos promissores.. Agregar o cliente ao processo de inovação é defendida por alguns autores como um dos maiores recursos para inovações externas (PILLER; WALCHER, 2006; REICHWALD; PILLER, 2006; TSENG; PILLER, 2011). Surowiecki (2005) reflete acerta da qualidade no processo de contribuição do cliente, e conclui que grandes grupos de pessoas são mais espertos do que uma pequena elite, podendo resolver 33.

(34) problemas complexos, chegar a decisões sábias, promover a inovação e até mesmo prever o futuro. O paradigma da nova forma de se inovar e o surgimento de recursos tecnológicos, entre outros fatores, levaram Howe (2006) a apresentar a Open Innovation sob uma nova perspectiva, o Crowdsourcing. Segundo o autor, pessoas costumam usar seus círculos sociais para criar conteúdo, resolver problemas, o mesmo que ocorre dentro de P&D das organizações. 3.1.1 CROWDSOURCING Mudanças na tecnologia, globalização e aumento da concorrência criaram um ambiente em que a criatividade e a inovação são necessárias para lidar com a situação e pressões econômicas que enfrentam as organizações (REITER-PALMON;ILLIES, 2004). Por um lado, para lidar com tais mudanças, as diversas organizações estão buscando essa característica em seus funcionários, pois o indivíduo criativo é capaz de reconhecer oportunidades. e. solucionar problemas surgidos. de forma “não. convencional”. Dessa forma, novas oportunidades de melhoria surgem, novos produtos são desenvolvidos e a empresa consegue destaque frente a seus concorrentes (FERNANDES, 2013). Por outro, as empresas estão empregando novos modelos e ferramentas de negócio e o crowdsourcing é aquele que ganhou importância nos últimos anos (CHIU et al., 2014). 3.1.1.1 DEFINIÇÕES DE CROWDSOURCING O termo crowdsourcing é novo e ainda está passando por constante evolução, de acordo com novas aplicações que estão aparecendo (ESTELLÉS-AROLAS; GONZÁLEZ-LADRÓN-DE-GUEVARA, 2012). Em um ambiente global cada vez mais tecnológico, o crowdsourcing deriva de uma tendência geral onde a tecnologia da informação permite que ideias e esforços possam ser compartilhados abertamente por meio da Internet. Crowdsourcing é altamente relacionado com alguns conceitos que podem ser usados de forma equivalente, incluindo open innovation, co-creation, collective intelligence, user innovation e open source (CHIU et al., 2014), conforme resumido a seguir. 34.

(35) Open innovation – O conceito de open innovation é um paradigma que assume que empresas podem e devem usar ideias externas à organização, buscando, dessa forma, facilitar o processo de inovações, partilhar os riscos e melhorar a produtividade e a competitividade. Existem vários métodos para importar ideias externas, entre eles: consultoria, focus group e sessões conjuntas de projetos. Co-creation – Pode ser visto como um esforço conjunto dos produtores e consumidores visando o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Collective intelligence – Oferta de inteligência coletiva, como a sabedoria da multidão pode aumentar o processo de inovação. User innovation – Ofertas de inovação dos usuários para fazer os produtos e serviços que os mesmos desejam sem assistência de fabricantes ou produtores. Open source – Permitir que os usuários acessem livremente o código de um sofware, usando, modificando e redistribuindo produtos dos softwares e seu códigofonte sob uma licença pública. Howe (2009) acredita que o crowdsourcing tem o potencial para corrigir um enigma humano de longa data, uma vez que a quantidade de conhecimento e talento dispersado entre os numerosos membros de nossa espécie sempre ultrapassou nossa capacidade de aproveitar essas quantidades de valor inestimável. Para ele, o crowdsourcing é o mecanismo pelo qual tal talento e conhecimento é comparado com aqueles que precisam dele. Então, ele faz uma pergunta tentadora: E se as soluções para nossos maiores problemas não estavam à espera de ser concebido, mas já existia em algum lugar, apenas esperando para ser encontrado na teia de uma rede humana vibrante? Para alguns pesquisadores, o crowdsourcing é uma prática empresarial que significa, essencialmente, terceirizar uma atividade específica para a multidão (KLEEMAN et al.,2008; YANG et al., 2008; POETZ; SCHREIER, 2009; LIU; PORTER, 2010; OLIVEIRA et al., 2010; SLOANE, 2011). Essa visão é especificada por Brabham (2013), que coloca que o crowdsourcing pode ser entendido como uma resolução de problemas e produção de modelos distribuídos em rede online, que aproveita as redes para reunir informações e distribuir as tarefas de grande escala ou solicitar ideias para os problemas existentes como um desafio.. 35.

(36) Além de uma visão mais direcionada à terceirização das atividades, o crowdsourcing também pode ser enxergado de forma mais humanista, como um momento de uso de técnicas de engajamento social para ajudar um grupo de pessoas a atingir um objetivo comum, geralmente significativo e grandes, trabalhando de forma colaborativa e em conjunto como um grupo (HOLLEY, 2010). Alinhado a esse pensamento, considera-se que o crowdsourcing é fundamentado em um processo que possui a capacidade de formar um tipo de meritocracia perfeita, nada de origem, raça, sexo, idade e qualificação, o que permanece é a qualidade em si (HOWE, 2009). Estellés-Arolas e González-Ladrón-De-Guevara (2012) realizaram uma vasta pesquisa acerca dos vários conceitos existentes de Crowdsourcing, concluindo que o mesmo é um tipo de atividade online participativa em que um indivíduo, uma instituição, uma organização sem fins lucrativos ou a empresa propõe a um grupo de indivíduos heterogêneos, de conhecimentos variados, através de uma chamada aberta flexível, o compromisso voluntário da mesma. O compromisso da atividade, de complexidade e modularidade variável, e na qual a multidão deve participar trazendo seu trabalho, dinheiro, conhecimento e/ou experiência, implicando sempre benefícios mútuos. O usuário receberá a satisfação de um determinado tipo de necessidade, seja ela econômica, reconhecimento social, autoestima, ou o desenvolvimento de habilidades individuais, enquanto o crowdsourcer irá obter e utilizar em seu proveito o que o usuário trouxer para o empreendimento, cuja forma depende do tipo de atividade realizada. Os autores elencam diversos conceitos de diferentes autores que podem ser visualizados no quadro 3.1 em formato de resumo. Quadro 3.1 Conceitos de crowdsourcing. AUTOR. DEFINIÇÃO. HOWE (2006).. O ato de uma empresa ou instituição, tendo uma função realizada por funcionários, e terceiriza-lo para uma rede indefinida (e geralmente grande) de pessoas sob a forma de um convite aberto. Isto pode assumir a forma de produção entre pares (quando o trabalho é realizado de forma colaborativa), mas também é muitas vezes realizada por únicos indivíduos. O pré-requisito crucial é a utilização de um formato de chamada aberta, e a ampla rede de trabalhadores potenciais.. BRABHAM (2008).. Um modelo estratégico para atrair um público interessado, motivado e capaz de fornecer soluções superiores em qualidade e quantidade para aqueles que podem mesmo nas formas tradicionais de negócio.. CHANAL; CARONFASAN (2008).. A abertura do processo de inovação de uma empresa para integrar numerosas e disseminadas competências fora através de acesso à web. Estas competências podem ser aquelas de indivíduos (por exemplo, pessoas. 36.

(37) criativas, cientistas, engenheiros ...) ou comunidades organizadas existentes.. KLEEMAN; VOSS; RIEDER (2008).. Uma forma de integração dos usuários ou consumidores em processos internos de criação de valor. A essência do crowdsourcing é a mobilização intencional para exploração comercial de ideias criativas e outras formas de trabalho realizadas pelos consumidores.. VUKOVIC (2009). Um novo modelo de produção distribuído online no qual as pessoas colaboram e pode ser concedido para completar tarefas.. WHITLA (2009). Um processo de organização do trabalho, onde as empresas dividir o trabalho a alguma forma (normalmente online) da comunidade, oferecendo pagamento para qualquer um dentro da "multidão" que completa as tarefas a empresa estabeleceu.. BURGERHELMCHEN; PENIN (2010). Uma maneira para uma empresa para acessar conhecimento externo.. LA VECCHIA; CISTERNINO (2010). Uma ferramenta para resolver os problemas em organizações e empresas.. PENG LING (2010). Um novo modelo de negócio da inovação através da internet.. MAZZOLA; DISTEFANO (2010). Uma mobilização intencional, através da Web 2.0, de ideias criativas e inovadoras ou estímulos para resolver um problema onde os usuários voluntários são incluídos por uma empresa do processo interno de resolução de problemas, não necessariamente voltado para aumentar o lucro ou para criar produto ou mercado inovações, mas em geral, para resolver um problema específico.. GRIER (2011). Um setor que está tentando usar seres humanos e máquinas em grandes sistemas de produção. Fonte. Adaptado de Estellés-Arolas e González-Ladrón-De-Guevara (2012).. O crowdsourcing é um tema recente que ainda está sendo bastante discutido e seu conceito ainda não foi convergido a um senso comum. Dessa forma, para fins dessa pesquisa, entender-se-á crowdsourcing como uma abordagem que, a partir de um problema a ser resolvido, sistematiza o processo de contribuição coletiva de ideias por meio da integração de diferentes pessoas em uma rede online específica, motivados pelo entretenimento, reconhecimento social e/ou financeiro. 3.1.1.2 TIPOLOGIAS DE CROWDSOURCING Pesquisadores de diferentes áreas têm analisado o crowdsourcing e suas numerosas manifestações em uma variedade de contexto. Dessa forma, o conhecimento 37.

(38) sobre o sistema crowdsourcing e seus componentes encontra-se bastante fragmentado. O desenvolvimento de tipologias é um meio adequado para abordar esta questão, podendo fornecer estruturas para organizar a base de conhecimento acerca do tema. Há na literatura alguns estudos que buscam classificar o crowdsourcing. Howe (2008) apresenta em sua pesquisa algumas perspectivas da evolução do crowdsourcing e entre o conjunto de regras necessárias para se ter sucesso nos novos tempos está a escolha correta do modelo pela organização. Para o autor, crowdsourcing não é uma estratégia única, mas sim um guarda-chuva de abordagens, que para ser bem-sucedidas devem usar uma combinação de quatro estratégias ou tipologias básicas: Crowd Wisdom ou Collective intelligence - Aproveita a sabedoria ou inteligência coletiva da multidão para resolver problemas e fornecer novos insights e ideias, gerando inovação de produtos, processos ou serviços. Crowd Voting - Usa a multidão para dar opiniões e classificações em ideias, produtos ou serviços, bem como analisar, avaliar e filtrar informação apresentada a eles por meio do voto. Crowd Creation - Usa a multidão para criar vários tipos de conteúdo gratuitamente ou por uma pequena taxa. Crowd Funding - Levanta recursos financeiros coletivos da multidão para investimento, doações ou micro empréstimos de fundos. O crowdsourcing pode ser tipificado também se observado o processo de gestão aplicado ao modelo. Saxton et al. (2013) contribuíram com essa visão ao estudar o perfil de 103 sites de crowdsourcing e os classificar de acordo com quatro dimensões: área da terceirização, função da comunidade de usuário, nível de colaboração do usuário e tipo do sistema de controle de gestão que caracterizam cada modelo, elencando então nove classificações: Modelo intermediário - Os usuários da Internet realizam um trabalho que acompanha o processo de encontrar a tarefa, concluí-la e ganhar através da web. Os usuários da Internet procuram por meio das listas de "tarefas de Inteligência humana" na web, escolhem e concluem as tarefas que se sentir qualificado para realizar e ganham, ao final, as recompensas monetárias.. 38.

(39) Modelo de produção mídia cidadã – É uma plataforma de produção de conteúdo de mídia colaborativa, onde os usuários heterogêneos criam ou postam diretamente as suas perspectivas de conteúdo das notícias. Eles são produtores ativos da notícia que vão consumir no final do dia e ganhar lucros do conteúdo de mídia que contribuir. Modelo de desenvolvimento de software colaborativo – Os processos de design de produto, tomada de decisão, pesquisa de mercado, marketing, e desenvolvimento de software são terceirizadas para usuários online, que desempenham as funções de web designer, programador, gerente de projeto, e até mesmo de comerciante. Modelo de vendas de produtos digitais – Os usuários podem realizar upload de seus produtos digitais diretamente pela plataforma web fornecida pela empresa, e são recompensados pela quantidade de downloads realizados de seus produtos. Modelo de produto de design –. O processo de design de um produto é. terceirizado para uma comunidade online, que votam e comentam os diversos projetos submetidos. Ao final, premia-se monetariamente os designers vencedores. Modelo de financiamento social – Este modelo ignora os bancos tradicionais e instituições financeiras através da conexão direta credores e devedores. Na web, credores e devedores negociam taxas diretamente uns com os outros, e os credores tomam as decisões de empréstimos individuais e utilizam os seus próprios fundos para tal. Modelo de consumidor relator – Os usuários compartilham via web suas análises ou recomendações de produtos. O processo de revisão é terceirizado para consumidores online que, atraído por medidas de compensação, desempenham o papel de consumidor repórter. Modelo de construção de base do conhecimento – As informações de inteligência humana ou o processo de geração de conhecimento são terceirizadas para usuários da comunidade web, e diversos tipos de medidas de incentivo e mecanismos de controle são utilizados para extrair conhecimento com qualidade. Modelo de projetos de ciência colaborativa – Aproveita a participação humana para complementar as deficiências de algoritmos, os usuários da internet. 39.

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