DANIELE
SILVA
FURTADO
To
\¿6
CANCER
DE
MAMA
No
CICLO
GRAVíD1co
PUERPERAL.
RELATo DE
cAso.
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão no curso de graduação
em
Medicina.FLoR1ANÓ1>oL1s
DANIELE
SILVA
FURTADO
CANCER
DE
MAMA
No
CICLO
GRAVÍDICO
PUERPERAL.
RELATO DE
CASO.
Coordenador do Curso: Prof. Dr. Edson Cardoso
Orientador: Prof. Dr. Carlos Gilberto Grippa
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a conclusão no curso de graduação
em
Medicina.FLORIANÓPOLIS
AGRADECIMENTOS
Agradeço
à "Deus" por tudo, e pormais um,
dos objetivos alcançados.Aos
meus
pais, avós,namorado
e amigos, pelo crédito e apoio nosmomentos
difíceise de êxito, contribuindo para
minha
formação.À
Maria
AparecidaDomingues, do
CEPON
e laboratóriodo
Hemosc,
pela dedicação,amizade
e grande contribuição para este trabalho.Ao
orientador, Dr. Carlos Gilberto Crippa, pela paciência e por acreditarno
resultado deste trabalho.Intro
dução
_ Objetivo ... ..Método
.... .. Discussão ... .. Referências ... ._Resumo
.... ..Summary
... .. - - . - . . . - z - - - . - . . . - - - . . . . ..ÍNDICE
. - - . . . . .. - - . . . - - . . . . . . . . . . . . . . - - . . . ..-1
i.
1NTRo1)UÇÃo
Considera-se ^ '
ama
associado à gravidez,quando
ele écancer de
m
_reconhecido durante a gestação e até
um
ano após o parto, quer a pacientetenha
amamentado
ou não]
A
associação de câncer demama,
no
ciclo gravidico pueiperal rara,porém
quando
ocorre,surgem problemas
éticos e terapêuticos?A
incidência, varia entre l ,5%
à4%
de todos os canceres ^ demama
diagnosticados, é encontradoem
aproximadamente
0,03%
de todas as gestações. 3O
cãncerga
mama
ocorreem 75%
as vezes,em
mulheresacima
dos40
anos eem
tomo
de2,8%
em
mulherescom
idade inferior aos30
anos, períodoem
que
ocorre omaior
número
de gravidezes. 4_
A
etiologiado
câncer demama
é desconhecida.não
existem evidências,que
o relacionem à gravidez, tantona
etiologia, quantona
progressãoda
doença.
/
~
/
_ _ .Quanto
a lassificaçao histológica, e semelhante ao das mulheres forado
ciclo graxfi-d`co, ena
grande maioria dos casos, mais de80%,
é de carcinomaductal invasor.5
/" ›‹- A ›
,í
Em
relação ao diagnóstico, as alterações fisiológicas provocadas pela gravidez, dificultam tanto o diagnóstico clínico quantoo
radiológico, o que ,aliado à tendência
do
médico
eda
pacienteem
postergar qualquer intervençãopara depois
do
parto, leva àum
retardo diagnóstico e consequênte diminuiçãoda
sobrevida.6 _Ô O ›-4
z» '\_
Além
destas dificuldades, osexames
subsidiários,nöáajmografia,
-
\\
//
”'`
ultrassonografia, e citologia aspirativa, apresentam
mais
falhas, devidoaa
modificaçoes
fisiológicas,que
se caracterizam por auinentoda
radiodensidade, hipercelularidade e vascularização.7°8Segundo
a literatura, mais de80%
dos cânceres demama
durante agestação,
costumam
ser receptoreshormonais
negativos. 2930 .O
tratamento/àíér adotado,depende
tantodo
período gestacional, coniono
\/
rFN
\
estágig/11% qual se encontra a doençaã;d\a~ caso é único\â/ser resolvido individualmente.
.z/W
-Quanto
a conduta durante a gravidez, rmsaconselham
abortamentono
primeiro trimestre e
no
último trimestre,partoãàâs
afirmam que não
deve ser realizada a interrupçãoda
gestação, pois o curso clínico e otempo
deO
C
sobrevida
não
se alteram, exceto nos casos depéssimo
prognóstico,no
qual seimpõe
um
tratamento mais radical e imediato.H
A
complementação
com
radioterapiaou
quimioterapia, encontra diversospareceres.
um
criterioso julgamento clínico, deve decidir se é convenienteou
não, a interrupção
da
gravidez, para tratamento coadjuvante. 2Quanto
ao bloqueioda
lactação,também
não há
evidências de que a supressãodo
aleitamento, resultenum
melhor
prognósticoóEnfatizamos a importância
do
exame
clinico dasmamas
no
pré-natal,fazendo parte da propedêutica
no
estado gestacional.Neste
trabalho, é apresentado e discutido,um
caso de câncer demama,
tipo ductal infiltrante, variante medular, diagnosticada e tratadono
pueipério, durante a lactação.3
2-
OBJETIVOS
Este trabalho
tem
por objetivos:- Relatar
um
caso de câncer demama
associado à gravidez.- Através de
uma
análiseda
literatura, discutir os principais aspectosrelacionados ao diagnóstico, tratamento, prognóstico de câncer de
mama
na
gravidez, e â respeito de gravidez subsequênte ao tratamento de
carcinoma
, .
IIl3.IIl‹'.11'lO.
É Enfatizar a importância
do
exame
clínico dasmamas
no
pré- natal, fazendoparte da propedêutica,
no
estado gestacional.Ã
- Ressaltar a importância de se implantar
um
protocolo, para diagnóstico etratamento de câncer de
mama,
associado a gravidez, para o serviço de mastologia e obstetríciado
hospital universitário de florianópolis/
_ _"' ‹;Í. _/ Í
4
/z / \
3.
MÉTODO
/
S.T.S..,/34\anos, branca, casada,
do
lar, natural de VidalRamos
eprocedente
šgàipolis,
sem
internações anteriores. Gesta 1/ para 0/ aborto,menarca
aos l\Lano¿,sem
história familiar de câncer demama,
nega
fumo
ou
álcool. Foi atendidana Maternidade do
Hospital Universitário de Santa Catarina,em
10/ 10/ 1997,com
41semanas
de gestação, queixando-se de nódulo demama
direita, percebido por ela, à partir
do
quartomês
de gestação.Notou
crescimentoprogressivo, consultando diversos médicos, os quais,
não
realizaram os devidos procedimentos diagnósticos.À
partirdo
oitavomês
de gestação, evoluiucom
drenagem
de secreção piosanguinolenta,em
moderada
quantidade.Ao
exame
físico, constatou-se a presença de nódulo localizado
no
QSE
demama
direita,endurecido e doloroso,
com
característica de lesão cística,medindo
1,5cm,
axilas livres.À
expressão, presença de leiteem
ambas
asmamas.
Foi realizadocesária,
em
10/10/1997,RNT/GIG/vigoroso,
peso: 4470g, E:54cm, PC: 37cm,
capurro:
40
semanas, apgar: 9/9. Durante o puerpério,foram
realizadosdrenagem
de secreção,com
punção
aspirativa eUSG
mamária, na
qualdemostraram, presença de cisto
em
QSE
da
mama
direita.Após, foram
solicitados,
mamografia
enovo
USG,
que demonstraram
presença de abcessona
mesma
localização. Paciente teve alta hospitalar,em
16/10/1997 e retornou paranovas
investigações. Realizou biópsia de nódulo,em
QSE
demama
direita,em
19/11/1997, constatando-se
carcinoma
ductal, de padrão medular.Foram
solicitados os seguintes
exames
para estadiamento clínico:RX
de tórax e deesqueleto,
hemograma,
plaquetas,PU,
provas de coagulação e de funçãohepática, glicemia de jejum,
que
semostraram
sem
anormalidades. Foi classificadacomo
T3No
M0,
estádipƒllb-nl1_1terrompeu a lactação,uma
semana
antesda
cirurgia, tendoamameiítádo
sonäe,
na
mama
esquerda.Submetida
à5
11/12/1997.
Enviada peça
cirúrgica, aoexame
anatomopatológico:carcinoma
ductal infiltrante, variante medular,medindo
5,5 / 6 / 5cm,
de contornobem
delimitado,sem
sinais de invasão angiolinfática, ausência de extensão neoplásica para pele demama
emamilo,
hiperplasia gestacional (secretora)no
restantedo parênquima mamário. Ausência
de metástases para 25 linfonodos isolados nos níveis I, II e III.Encaminhada
aoCEPOM
(centro de pesquisasoncológicas de florianópolis), para realização de 6 sessões de quimioterapia
com
CMF,
radioterapiaem
plastrão,na
dose de5000
cGy.O
tratamento foiinterrompido, devido à intercorrência de colelitíase e pancreatite edematosa,
na
qual, realizou cirurgiaem
12/12/1998. Pacientevem
sendoacompanhada,
pelosetor de mastologia,
do
Hospital Universitário, e até omomento,
não
apresentando manifestações clínicas, laboratoriaisou
radiológicas,sem
sinais derecidiva tumoral.
Optou
como
método
contraceptivo, a colocação deDIU,
em
14/04/1998. Paciente foi avaliada,\pela cirurgia plástica e mastologistas
do
hospital universitário deflorianópolisšguarda
plano cirúrgico, para possível_ __
"-
i-?~
reconstrução
de
'mamã
direita, emamoplastia
redutora demama
esquerda, por4.
DISCUSSÃO
A
associação de câncer demama,
no
ciclo gravídico puerperal ” implica / i/em
problemas
éticos e terapêuticos. Éticos,}y1ue~a\~dozfeto,-in{lv>
_ . . . ~ . , , .
\
.possibilidade de interrupçao
da
gravidez, e(leva},pe sar%sp,os,si1¿eiâefeitosdanosos, causados pelas diversas modalidades de tratancento. Terapêuticos,
porque
devido à raridadedo
evento,não
possibilitaacúmulo
de ,exãeriência. . . . 2
pelos diferentes serviços, ocasionando condutas controvertidas _
Até
por volta dos anos 50, haviapessimismo
em
relação ao câncer demama,
associado à gestação.
O
prognóstico era consideradomuito
grave, sendo aspacientes rotuladas
como
inoperáveis e demau
prognóstico.um
Dados
atuais,mostram
que
esse conceitonão
é absoluto, e que os fatoresque
influenciam
o prognóstico,devem
sermelhor
conhecidos, principalmente ademora
no
diagnóstico.iNciDÊNciA
A
associação de câncer demama
e gravidez é de ocorrência muito rara .Apenas
deuma
a quatro gestações,em
cada 10.000 são complicadas pelaconcomitânciaçom
o câncer demama
14 .White
e/ivhitel , demonstraram,num
levantamento de várias sériesda
literatura, qLie~azincidência de câncer demama
na
gravidezem
relação ao total de gestações, varia de0,005%
à 0,09%.Se
considerarmos apenas as mulheresna
faixa etária reprodutiva, estesvalores elevam-se para cerca de
14%.
15 '16Á/
Estes números,
demonstram que
a raridadeda
associação, câncer demama
e gravidez, ocorre essencialmenteem
funçãoda
baixa freqüência desta neoplasia7
em
mulheres jovens. 14A
média
de idade, observada por vários autores, varia de33 à 35 anos. 14
A
atividade adotada pela sociedade moderna, de postergar as gestaçõesapós os
30
anos de idade, deverá levar aoaumento na
incidênciada
associaçãocâncer e gravidez
no
futuro,Soma-se
à isto, o fato de que as mulheresque
engravidam
pela primeira vez, após os30
anos,tem
riscomais
elevado para a neoplasiamaligna
damama.
17O
risco de câncer demama em
mulheres,com
menos
de30
anos é de 1 à2%,
em
menos
de40
anos10%,
ein maiores de 50anos
20%
.18No
presentecaso, a paciente optou pela la gestação,
com
34
anos,não
tendo antecedentes obstétricos,negando
aborto.ETIOLOGIA
Existem
vários fatores de risco para o desenvolvimentodo
câncer demama.
Além
dos fatores genéticos e nutricionais, o ambientehormonal
feminino écitado
como
representativo, especialmentequando
relacionadocom
menarca
precoce,
menopausa
tardia, nulipalidade,não amamentação,
primeiro filho após30
anos.” .Porém, não
existem evidências que relacionem a gravidez, tantona
etiologia, quantona
progressãodo
câncer demama.
Mulheres
que relatam antecedentes familiares de câncer demama,
tem
probabilidade duas a três vezes
maior
deserem
acometidas pela doença,do que
a população geral, especialmente, se for relatadoacometimento
bilateral dasmamas.8
No
presente caso, a pacientenega
antecedentes familiares de câncerde
mama.
As
mulheres quemenstruam
antes dos 12 anos,tem
aproximadamente
50%
mais
chance de ter câncer demama,
do
que aquelasque
tiveram amenarca
com
Mac
mahon
et. Al,em
estudo intemacional,mostraram que
as mulheresque
tiveram o primeiro
filho
após os 35 anos, apresentam risco duas vezesmaior
decâncer de
mama
secomparadas
às mulheresque
o tiveram antes dos 18anos.
A
presença de risco 1,5 vezes menor, para câncer demama
em
mulheres que apresentaram a primeira gestação antes dos 18 anos,do
queem
mulheresque
tiveram a primeira gestação após os28
anos de idade, está sendo muitoestudada.”
As
evidênciasque
relacionam história de abortoprovocado ou
espontâneoem
qualquer faseda
vida,com
maior ou
menor
risco de câncer demama,
sãoinconsistentes, pois é difícil a distinção entre aborto
provocado ou não
nestesestudos,
tomando
a interpretação desses dados incerta. 2°~ 1
CLASSIFCAÇAO HISTOLOGICA
É
semelhante ao de mulheres forado
ciclo gravídico, eaproximadamente 70
à80%
dos casos, são classificadoscomo
carcinoma ductal invasor,ou
carcinoma
sem
tipo histológico especial.22No
presente caso, o laudoanatomopatológico, foi
carcinoma
ductal infiltrante variante medular,medindo
5,5
x
6x 5cm,
de contornobem
delimitado,sem
sinais de invasão angiolinfática,denso infiltrado
mononuclear no
estroma tumoral e peri-tumoral, ausência de extensão neoplásica para a pele demama
emamilo, margens
cirúrgicas livres,com
menor
margem
medindo
3mm
( baseda
glândula ), hiperplasia gestacional( secretora )
no
restantedo parênquima mamário,
autólise segmentar acentuada, ausência de metástases para 25 linfonodos isolados nos níveis I, II e III,histiocitose sinusal madura, hiperplasia folicular .
O
carcinoma
ductal invasor, poderá manifestar diferentes graus deagressividade, sendo
que
a variante medular,tem
melhor
prognósticoque
outras variedades,com
incidência , de5%
à7%.
9
O
carcinoma
medular, constituimenos
de7%
dos tumores mamários, ecompromete
mulheres abaixo dos 50 anos,em 60%
dos casos.A
distribuiçãoanatômica
não
mostra preferências de local, equando
surgena
extensãoaxilar,
pode
ser difícil de diferenciar de metátase de carcinoma, para linfonodo.Há uma
baixa tendência para metástases axilares, equando
há,poucos
linfonodos são
comprometidos (menos
de três linfonodos).A
sobrevida livre de doença, para tumoresmenores
que3cm
e axila negativa,chega
à90%.”
A
bilateralidadepode
aparecer entre3%
à18%,
e a multifocalidadeem
cerca de10%
dos casos.O
tamanho
médio
é de 2 à 3cm
e acistificação
pode
aparecerem
tumores maioresque
5 cm..Os
critériosdiagnósticos microscópicos, incluem
uma
reação linfoplasmocitária,circunscrição microscópica, grau nuclear
pouco
diferenciado, alto índicemitótico e padrão de crescimento sincicial.
Menos
de10%
dos carcinomasmedulares são positivos para receptores estrogênicos, e geralmente são positivos
para P53. 23
No
presente caso,como
será discutido adiante, a pesquisa de receptoreshonnonais, pela imunohistoquímica,
da
peça cirúrgica, revelou- se ser, receptorhormonal
positivo.DIAGNÓSTICO
Áialmente
acredita-se que otumor
secomporta
damesma
forma
em
mulheres, grávidas enão
grávidasda
mesma
faixa etária. Entretanto, pelamaior
dificuldade diagnóstica desta patologiana
gestação,com
conseqüente-"atraso.znaf *Í
terapêutica, o prognóstico nas mulheres gestantes torna-se
menos
favorável. 73I
.il
`
O
fato dessa associação ser rara, dificulta o estudodo problema
e ocasionaA
detecçãoda
neoplasia é dificultada pelasmodificações mamárias que
ocorrem
na
gestação,o que pode
causar diagnósticos tardios e diminuir asobrevida das pacientes. 7”8”17°24
As
alterações fisiológicasda
gestação são:-
Aumento
da
circulação sangüínea elinfática, o que facilitaria a
propagação
porambos
osmecanismos;
-
Aumento
do
volume
econsistência%ɬ
ama, devido à hipertrofia ehiperplasia, dificultando a identificaçãoée
mód
los;- Mastites e galactoceles, freqüentes
naälc/
ao,também
podem
contribuir parao
atrasono
diagnóstico;-
O
sistema imune, que é deprimido durante as primeiras20 semanas da
gravidez, pôr influências
hormonais
-
corticosteróides,poderiam
teoricamenteinduzir o crescimento tumoral,
porém
não
estánada provado
que representemum
fator etiológico importante. 25- Estímulo hormonal, decorrentes
do
aumento
de estrógenos, progesterona eprolactina,
que
estimulam o crescimento e proliferaçãodo
tecidomamário,
principalmente
na
lametade da
gravidez. Este efeito seria mais evidente nos tumores hormônio-dependentes, cuja caracterização morfológica, seria suamaior
diferenciação e cuja a caracterização funcional, seria a presença dereceptores hormonais.
Porém,
os receptoreshormonais
costumam
ser negativos nesta situação,não
se sabe se isso corresponde à realidadeou
apenas refletena
ocupação
de todos os receptores esteróides gravídicos. 9'10-
Deemarsky
&
Neishactt,do
Instituto de oncologia de Leningrado, dividiram aocorrência
do
câncermamário
nos três trimestresda
gestação, e concluíramque
0 primeiro e o terceiro,exibem
condições desfavoráveisem
termos deprognóstico
da
moléstia, citandoque
a elevaçãoda
prolactina eo
hormônio
decrescimento, aliada ao hiperestrogenismo e a elevação dos corticosteróides
ll
sangue circulante. Já
no segundo
trimestre, exibiria condições de proteção daspacientes,
que
seriam representadas pela redução de corticosteróides, edo
hormônio
de crescimento,provocando
uma
reduçãoda
síntese deDNA,
àinfluenciar
uma
elevaçãodo
estriol eda
progesterona, sabidamente agentes deproteção contra
carcinoma
mamário.26- Hoje, sabe-se que o hiperestrogenismo
da
gravidez,não
interfere deforma
direta
com
a evoluçãoda
neoplasiamamária:
o estriolaumenta
cerca de 2.000 à12.000 vezes durante a gestação, enquanto o estradiol, fração de atividade
estrogênica
muito mais
potente,aumenta
cercade
100 vezes. Portanto o estriol atuariaocupando
os receptores estrogênicos, diminuindoou
atéimpedindo
aação
do
estradiol.Por
outro lado, alguns autoresargumentam
que o hiperestrogenismo é contrabalanciado peloaumento
igualmente importanteda
progesterona. 27
-
Porém,
o efeito das alteraçõeshormonais
neste período sobre o crescimentotumoral, é
um
assunto controverso.Enquanto
alguns autores relatamuma
progressão mais rápida
da
doença, outrosnão
compartilhamda
mesma
opinião.28,4
-
Não
há
duvida deque
o diagnóstico de câncer demama
émais
dificil durante agravidez e lactação.
As
características adquiridas pelamama
neste período,em
especial aturgidez, representam
um
obstáculo a correta interpretaçãodo
exame
clínico edos
exames complementares
deimagem.
A
palpação dasmamas
túrgidas ehipertrofiadas, raramente permite a detecção de
pequenas
massas.Porém
oexame
cuidadoso dasmamas,
especialmenteno
quadrante superior externo, sedede
aproximadamente
50%
das lesões,com
massa
maiores palpáveis, poispode
ser o único subsídio para o diagnóstico precoceda
doença. 29No
presente caso, a paciente percebeu o aparecimento de nódulo demama
não
realizou oexame
sistemático demamas,
atribuindo a queixa, à alterações fisiológicas, típicasda
gravidez.Medicou-a
com
sintomáticos, enunca
examinou
suasmamas
em
consultas pré-natais posteriores.No
diagnóstico, é fundamental o papeldo
obstetra.É
este especialista,que
tem
a oportunidade deexaminar
asmamas
de suas pacientes,uma
vez por mês,e especialmente, logo
no
inícioda
gravidez,quando
asmamas
aindanão
modificaram
significativamente. 29Além
disso, parece haver desatenção aoexame
demamas,
duranteo
pré-natal. 12°”Outro fator, é a idade
jovem
da
paciente, o que fazcom
que
não
se penseinicialmente
em
neoplasia, o que retarda o diagnóstico.31Da
aparição dos primeiros sintomas à instauraçãodo
tratamento, otempo
decorrido é duas vezes
maior na
grávida,que na
paciente não-grávidalVários os autores, relatam
que
menos
de10%
das pacientes,recebem
tratamento dentro de
um
mês, e queem 50%
dos casos,houve
uma
demora
de seismeses ou mais.”
No
presente caso, o câncer demama,
foi diagnosticado,em
39
dias após oparto, e a terapêutica cirúrgica foi instituída dois
meses
após o parto.Os
médicos, por sua vez, retardam o diagnóstico pela falta de hábitoem
lidar
com
a doença, pela resistência à atitudes mais agressivas, adotandoinjustificada conduta expectante. 4
Em
conseqüência, a maioria dos autores, concordaque
as pacientes grávidasou
lactentes estãoem
estágios mais avançadosda
doença,quando comparadas
com
asnão
grávidas.PROGNÓSTICO
Vale salientar que,
em
decorrênciada
raridadeda
associaçãodo
câncer de‹
13
ao
número
reduzido, a gravidez e a lactação são abordadasem
conjunto,não
selevando
em
consideração as particularidades de cada época._
Como
já discutido, o prognóstico de câncer demama
na
gestação, émenos
favorável, devido ao atrasono
diagnóstico. 18Estima-se
uma
sobrevida de 5 anos, para80%
de pacientes grávidas, axila negativa, portanto semelhante à sobrevida denão
gestantes. Para as axilas positivas, a taxa de sobrevida à 5 anos, foi de 29,4%. 26O
comprometimento
axilar varia de43%
à77%,
enquantoque
nas pacientesda
mesma
faixa etária enão-grávidas, o índice varia de
36%
à50%.
9Os
fatores prognósticos demaior
aceitação prática, são:tamanho do
tumor, envolvimento metastático linfonodal axilar, receptoreshormonais
de estrogênioe progesterona, grau nuclear e histológico, e determinação
do
índice deproliferação. 3233
Embora
com
a aplicação rotineirada
imunohistoquímica, este arsenaltem
crescido rapidamente. 33Assim
sendo,podemos
encontrarinúmeros
tipos demodificações
celulares,que
originamcomportamentos
evolutivosdistintos
do
câncer demama.
32O
envolvimento metastáticodos
linfonodos axilares, é considerado aindahoje,
como
o principal fator prognóstico para determinar a indicaçãoda
terapêutica sistêmica adjuvante.Os
riscos de recorrência e morte,aumentam
proporcionalmente
com
onúmero
de linfonodos comprometidos,embora
saibamosque
mesmo
ogrupo
classificadocomo
axila negativa, apresenta20%
à30%
demá
evoluçãoem
10 anos de seguimento. 33Outro aspecto importante
envolvendo
a avaliação dos linfonodos axilares, éque o
número
de linfonodos metastáticos, apresenta correlação diretacom
a taxade sobrevida; isto
ffica/%1\e{<emplificado
no
trabalho apresentado peloAmerican
“College of Surgions”,T
envolvendo 20.500 pacientes portadoras de câncer demama,
ondšeiw
anos, a recorrência observada foi de19,4%
paragânglios metastáticos; e a taxa de sobrevida para estes grupos foi de
71,%
e22,2%
respectivamente. 34Um
estudo metaanáliseenvolvendo 75
.000 mulheres que participaramem
l33(trials) controlados, sugeriuque
uma
terapia sistêmica adjuvante,melhora
tanto 0 intervalo livre, quanto a sobrevida globalem
pacientescom
câncer de
mama,
axila negativa.”O
propósito desse estudo, foi analisar osfatores prognósticos, estabelecer sua utilidade e capacidade
em
separar grupos de pacientes axila negativaque
mereçam
tratamento adjuvante, identificar aquelas pacientes axila negativa, cujo prognóstico é tãobom,
seguindo acirurgia,
que
aparentementenão
terão beneficioscom
a terapia sistêmica e apontarnovos
fatores prognósticosque
aindanão têm
a sua utilidade clínicadefinitivamente
comprovada.”
São
considerados fatores desfavoráveis ao prognósticodo
câncer demama
na
gestação:- Atraso
no
diagnóstico, por influência dasmodificações
gravídicas dasmamas.”
-
Médicos
que
atribuem manifestações clínicas de neoplasia à alteraçõespróprias
da
gestaçãoou
patologias benignas (abcesso, mastites, cistos, galactoceles). 5-
É
temor
infundadodo
médico,não
biopsiaruma
grávidacom
tumor
demama;
-
Comprometimento
axilar. Através de vários estudos, constatou-se pelaestatística de sobrevida de mulheres grávidas
ou
lactentescom
axila negativa,que
possuem
uma
evolução semelhante ao de mulheresnão
grávidas. Já asmulheres
com
axila positiva, o prognóstico é significativamente piorno
gmpo
das grávidas. portanto,quando
a axila é positiva, teoricamente já existem micrometástases circulantes, a vascularização aumentada, favoreceria a15
-
Aumento
da
vascularização edrenagem
linfática dasmamas,
pennitindo àdisseminação para a axila
com
mais
precocidade, cerca de53%
à85%
daspacientes, apresentam invasão ganglionar nas axilas,
quando do
diagnóstico,36
sendo considerados
como
diagnósticos tardios.-
A
dificuldade dosmétodos
propedêuticosem
abordarmamas
gravídicas, quese
encontram
intumescidas e densas.”- Idade das pacientes.
Alguns
autores,acham
que
a idadeda
paciente por si só,não
apresenta pior prognóstico. Outros tentam atravésda
comparação
dasobrevida global de pacientes
acima
e abaixo de40
anos, provarque
o grupojovem
tem
sobrevida pior.Porém
há
um
consenso, de acordocom
amaior
partedas literaturas atuais,
que o
tumor
é muitomais
agressivoem
pacientes jovens,do que
em
idade avançada. Concluindo- seem
parte, o porquê
damaior
agressividade
do
tumor,em
pacientes grávidas.Corn
isso, deduzindo-se que agravidez isoladamente,
não
faria piorar o prognóstico. 371v1ÉToDos
DIAGNÓSTICOS
Uma
vez
detectada qualquer suspeitaem
mama
gravídicaou
lactante, estadeve ser imediatamente avaliada. Idêntica propedêutica deve ser aplicada,
como
se a pacientenão
estivesse grávida,porém
são necessáriasalgumas
adaptações.Os
métodos
subsidiários nesta eventualidade,tem
sua acuridade bastantealterada.
As
modificações
gravídicas anteriormente citadas, alteramsensivelmente os sinais radiológicos e principalmente tennográficos, tornando- os de dificil interpretação. 7°8
No
presente caso, a paciente realizou váriasmamografias,
que
evidenciarama presença de cisto,
em
QSE
da
mama
direita.Em
relação amamografia,
no
entantonão há
impedimento
à sua realização,exposição
do
feto à radiação.1Numa
série de360
pacientes grávidas, queforam
submetidas à mamografia,não
foi observadodano
para o fetoem
nenhum
caso.38
Porém,
em
funçãoda
dificuldadeda
interpretação, amamografia tem
valor limitado durante a gestação. 1
A
ultra-sonografiamamária, pode
sermuito
útil, jáque o que
se busca,na
grande maioria das vezes, é fazer o diagnóstico diferencial de
uma
lesãopalpável, o
que
representa a principal aplicação deste método.Além
disso,há
de se considerar, o fato de quena
grande maioria das vezes, as pacientes são jovens, o que facilita a interpretaçãodo
exame
ecográfico, éum
método
preciso,inócuo, servindo para diferenciar lesões sólidas
ou
císticas, e hojecom
o auxíliodo
doppler,pode
nos oferecer outras iriforrnações/Ê*.¬
' / x
No
presente caso, a paciente submeteu,-/se a duas ultrassonografias,no
períododo
puerpério,em
que
a primeira evidenciou tun cisto,em
QSE
da
mama
. .
\.
/
direita, e a Segunda,
mostrou
a presença de abcesso.A
termografia
não
tem
utilidadena
gravidez,em
ftmção da vascularizaçãoaumentada, o que
toma
impossível a interpretaçãodo exame.
39A
citopunção demama,
seja por capilaridadeou
por aspiração, é importante para diagnóstico diferencial de lesões sólidas das lesões císticas (galactoceles).Durante a gravidez, o material
costuma
ser altamente celular,com
as células acinares, apresentando núcleos grandes e nucléolos proeminentes, demodo
que,um
citologistapouco
experienteou não
informadoda
gravidezou da
lactação,pode
informarum
diagnóstico falso-positivo. 40A
biopsia cirúrgica, forneceo
diagnóstico através deum
fragmento,quando
a
massa
é palpávelou
atravésda
biópsia estereotáxica nasmassas
impalpáveis.Pode
ser realizada durante a gravidez,sem
riscos parao
feto.Na
maior
parte dasvezes é necessário apenas anestesia local.
Há
também
aopção do
bloqueiointercostal e até de anestesia geral, que observados os critérios próprios
do
período gestacional,não
oferecemproblemas
para o concepto.Uma
biópsia a17
céu aberto,
também
pode
ser realizada sob anestesia local,na
ausênciada
pistolade biópsia percutânea. 41
Os
efeitos da anestesia geral e da cirurgia sobre o feto,vem
sendo investigados, amenos
que ocorrauma
complicação (choque, hipertermia),não
parecem aumentar
o risco fetal42, sendo a ocorrência de aborto espontâneo rara.41
Não
existem trabalhos
que
mostrem
efeitos teratogênicos dos agentes anestésicos sobre o feto. Valechamar
a atenção, que a biópsia cirúrgica é imperativa,sempre que
os outrosmétodos
propedêuticos,não forem
suficientespara afastar de
forma
segura a possibilidade deuma
neoplasia .A
biópsiacirúrgica é o
exame
definitivo para diagnóstico de câncer demama,
sendoum
exame,
quaseque
obrigatórioem
pacientes grávidas, pela dificuldadeem
se interpretar a citologia oncótica nesse período,conforme
jámencionado.
A
paciente lactante deverá ser orientada para a possibilidade de surgimento deuma
fistula lácteaou
infecção após a biópsiamamária,
por serum
excelentemeio
de cultura, e pela hipervascularização e intercomunicação de ductos, quefaz
com
que
o processo séptico, possa envolver toda amama
e portanto,ameaçar
a vida, pela infecção.Em
decorrência desse risco, algims autores,afirmam
a importância de se interromper a lactação, e fazer antibiótico terapiaprofilática pré-operatória. 15
No
presente caso, a paciente realizou biópsia, duassemanas
apóso
parto,não suspendendo
a lactação,porém amamentando
somente na
mama
esquerda,não
tendonenhuma
complicação posterior.ESTADIAMENTO
Com
o diagnóstico feito, antes de qualquer decisão terapêutica, deve-seCom
exceção dos testes laboratoriais, algunsexames
envolvem
exposição àradiação, e isso levanta a controvérsia sobre a extensão
do
estadiamento, nesse grupo de pacientes. Durante a faseda
pré-implantação (até o 10° dia), aradiação
pode
levar àmorte do
embrião,porém
aqueles embriõesque
sobrevivem,parecem
desenvolver normalmente.Na
fase de organogênese (11° à 56° dia), a radiação leva à malformações.Após
essa fase, apenas grandes dosesde
radiação,levam
à efeitos deletéricos sobre o feto.”43 Portanto, osexames
radiológicos
devem
ser solicitados de acordocom
a faseda
gestação. 738O
estadiamentoem
uma
gestante, deve avaliarcom
segurança, a extensãoda
doença.
Não
é freqüente a detecção de metástasesem
pacientes assintomáticas.Assim,
uma
anamnese
detalhada eum
exame
fisico criterioso, constituemuma
fonna confiável
para avaliar a necessidadeou não
de exames. 44Através de vários estudos, 43°44 verificou-se que: a avaliação
pulmonar
através de raiox
de tórax, poderá ser feitacom
proteção abdominal.Nos
estádios I e II, a investigação hepática
não
deverá ser feita de rotina, salvoquando ocorrem
alterações das provas de função hepática.De
igualmodo,
pelabaixa incidência de metástase óssea nos estádios I e II, o
mapeamento
ósseotambém
não
deve ser feito de rotina.As
pacientes de estádios IIIE
IV,deveriam
ser submetidas à avaliação hepática, por Ultrassonografia, caso haja indicação
para melhores esclarecimentos, a
RNM
é mais indicadado que
aTC.
Os
mapeamentos
Ósseoscom
radioisótoposdevem
ser realizadossomente
nosestádios III e IV,
ou
em
pacientes sintomáticas,ou
com
alterações laboratoriais19
Através de estudos, nos
levam
à concluir que a realização rotineira destes testesnão
é necessária, pelomenos
nos
estádios I e II.Este é, inclusive,
um
importante ponto de reflexãoem
relação aos altos custosdo
estadiamentodo
câncer demama
para a realidade brasileira.”Embora
não
se saibacom
exatidão a relaçãoda
exposição à radiação e danosfetais,
podem
ocorrermal
formações congênitas, crescimento intra-uterinoretardado e leucemia. 38 Entretanto, estes danos
não foram
observadosem
situações
em
que a exposição émenor
que 5 cGy.A
exposição fetalna
realizaçãode radiografia de tórax
matemo
é estimadaem
0,008cGy
ena
cintilografia Ósseaem
0,194 Cgy. 42°” Estesnúmeros
seriam suficientes para entendercomo
étotalmente segura a realização deste
exame
de estadiamentoem
pacientesgestantes.
No
entanto, aindanão
setem
certeza sobre os efeitosda
radiação, parao
concepto, ainda queem
dose pequena, a longo prazo. 42 Considerando oexposto, é razoável adotar a realização de todos os exarnes de estadiamento apenas
em
pacientes sintomáticas, observando-se a proteção devida. 42Nas
pacientes assintornáticas, somente aquelas classificadas
como
estádio clinico III,devem
ser submetidas à rotina de estadiamentodo
câncer demama,
associado àgravidez. 43
No
presente caso, a paciente foi classificada pelo sistemaTNM,
como
T3N0M0,
com
tumor medindo
5,5x
6x
Scm,sem
a presença metástases aoslinfonodos regionais, e ausência de metástases à distância, estando
em
estádio clinico IIb.TRATAMENTO
Preconiza-se o tratamento
do
tumor, tão logo seja estabelecido o diagnóstico,independente
do
estado gravídico. 12De
maneira geral, a conduta terapêuticano
câncer demama
na
gravidez e lactação, deve ser amesma
utilizada para pacientenão
gravida, instituindo-sena
medida do
possível,uma
abordagem
multiterapêutica, que garanta a integridadedo
feto. 12Tradicionalmente, estas pacientes
tem
sido tratadas deforma
incompletaem
funçãodo
receio de causar danosou
concepto, e esta atitude representa,provavelmente
mn
dos fatores responsáveis pelo prognósticomenos
favorável,observado nas séries da literatura, que
comparam
grávidas enão
grávidas,com
ocâncer de
mama.”
Inicialmente faz-se necessária a divisão das pacientes
em
dois grupos:As
que
tiveram o diagnóstico de câncer demama
durante a gestação e aquelas cujadoença
foi detectadano
pós-parto, estando a pacienteamamentando
ou
não.Neste
ultimo grupo,como
não há
limites para o tratamento, as pacientesdevem
ser
nonnalmente
incluídos nos protocolos pertinentes.No
primeiro grupo,há
quese respeitar os lirnites impostos pela presença
do
feto, sem,no
entanto, deixar deinstituir tuna
abordagem
terapêutica adequada, oque
é plenamente possível, deacordo
com
os estudos mais recentes. 14 _A
mterrupçãoda
gravidezem
si,não
afeta o prognóstico, e sua indicaçãoou
não, decorre dos riscos dos tratamentos complementares para o feto.”
As
pacientespodem
ser submetidas à mastectomia radical, radicalmodificada
ou
atémesmo
a quadiantectomia corn esvaziamento linfondol axilar nos casos21
A
mastectomia é,sem
dúvida, o tratamento ideal para as pacientes portadorasde câncer de
mama.
Entretanto, a cirurgia mutiladora leva à alterações psíquicas,aumentando
amorbidez
e piorando a qualidade de vida, fatosque
poderão interferirna
evoluçãoda
doença. 14No
presente caso, a paciente foi submetida à mastectomia radicalmodificada
à
Madden,
que preservaambos
os músculos peitorais,com
esvaziamento axilar.Como
a mastectomia, raramente é realizadaem
caráter de urgência, o estadiamento correto euma
boa
avaliação clínicadevem
ser realizadas pré- operatório. 46Uma
demora
de três à quatro semanas, entre a biópsia e, a mastectomia,não
modifica
em
nada
o prognóstico da paciente (Hayard, 1977, Fischer 1985,Abranson 1989)”
Também
já foicomprovado,
que as pacientes aceitammelhor
psicologicamente à mutilação
quando
o procedimento é realizadoem
2 tempos, porque elaspodem
sentarcom
o cirurgião, depoisdo
diagrróstico de câncer pelabiópsia, e discutir qual a cirurgia mais indicada e a realização
ou não
dereconstrução imediata.47
No
presente caso, a paciente submeteu-se à terapêutica cirúrgica, 21 diasapós à realização da biópsia cirúrgica e dois
mêses
após o parto.Quanto
ao bloqueio da lactação,também
não há
evidências, de que a supressãodo
aleitamento, resultenum
melhor
prognóstico. Porérn deve sersuprimida
em
alguns casos, talcomo
é necessário a quimioterapiaou quando
se planejar cirurgia, àfim
de diminuir ovolume
e vascularizaçãoda
mamaó
A
mastectomia radicalmodificada,
é o tratamento inicial de eleição nos casosoperáveis, e deve ser realizada imediatamente após a
confinnação do
diagnóstico,independentemente
da
faseda
gravidez. 12A
cirurgiapode
ser realizadacom
observadas as precauções necessárias, especialmente
com
relação à anestesia.42”41
.
O
manejo da
paciente grávida, inclui considerações sobre asmodificações
fisiológicas
da
gestação, assimcomo
os efeitos fisicosdo
útero gravídicoaumentado.
As
alterações cardiovasculares e hematológicas próprias desteperíodo,
requerem da
partedo
anestesiologista, os ajustes necessários.A
gravidez altera os
mecanismos
da coagulação,com
aumento do
número
deplaquetas e
do
nível de fibrinogênio, levando àum
maior
risco detromboembolismo.
O
útero gravídico, especialmenteno
terceiro trimestre,compromete
o diafragma,com
diminuição de capacidade respiratória, assimcomo
na
posição supina, interfereno
fluxo
sangüíneoem
funçãoda compressão
da
veia cava inferior e aorta distal.Por
isso, é importante observar a posiçãoda
paciente durante a cirurgia,
no
sentido de evitarou
diminuir a referidacompressão. Outros aspectos,
como
a tendência à hipoxemia e o esvaziamentogástrico retardado,
também
devem
ser levadosem
conta durante a anestesia. 14Corn
o estado atual de conhecimento, todas estas característicaspodem
serperfeitamente compensadas.
Da
mesma
forma,devem
ser evitadas as drogasanestésicas, que atravessam a barreira placentária
com
a possibilidade deprejudicar
o
concepto. 14Com
o adventodo
tratamento conservador, a rnastectomia passou à serevitada nos casos mais iniciais,
uma
vez que vários estudos, jádemostraram
quea conservação
da
mama,
é equivalente à sua arnputação neste estágioda
doença.” Por
esta razão, é preciso considerar a possibilidade de realizaruma
cirurgia conservadora para o câncer demama
associado à gestação,especialmente
no
estádio I.O
grande obstáculona
instituição destaforma
detratamento, é que ela requer, compulsoriamente a
complementação
com
radioterapia, a qual está contra-indicada durante a gestação. 4Um
tratamento23
radioterápico padrão
com
a dose de 5.000cGy
expõe
o feto a 10 -20
cGy,uma
dose excessivamente alta,
que
leva a sérios riscos de danos fetal. 4 Portanto, a indicação cirúrgicano
primeiro esegrmdo
trimestre é a mastectomia radicalmodificada,
enquanto que a cirurgia conservadora apode
ser realizadano
terceiro trimestre (no estádio I), sendo a radioterapia postergada para o pós-partoimediato.
Se
esta conduta for a escolhida, deve-se considerar a possibilidade deantecipação
do
parto após a avaliaçãoda
maturidade fetal. 14Normalmente,
a radioterapia é iniciadaem
até seissemanas
após o tratamentocirúrgico.
As
conseqüênciasdo
adiamento são inceitas.No
estudo retrospectivode Recht,14 a taxa de recidiva local à quatro anos, foi de
4%
nas pacientes quereceberam
a radioterapia até 16semanas da
cirurgia, e12%
naquelas queforam
irradiadas após 16 semanas.Já está
finnemente
demonstrada a importância quimioterapia adjuvante,no
tratamento de pacientes pré-menopausadas
com
carcinoma demama,
axila positiva, e especiahnente o significativoaumento
nas taxas de sobrevida.”Portanto, é dificil a inclusão
da
quimioterapiano
protocolo de tratamentodo
câncer demama
e gravidez,em
que hajacomprometimento
axilar, assimcomo
nos casos localrnente avançados e de doenças rnetastáticaslz
A
utilização dequimioterapia durante a gravidez, até
bem
pouco
tempo
considerada de absolutacontra-indicação,22
vem
sendoamplamente
estudada e discutida.Os
estudos maisrecentes
tem
claramente demonstrada a ausência de riscos demalfonnação
congênitas
com
aplicação de quimioterapiano
segimdo e terceiro trimestre degestação, pelo
menos
à curto emédio
prazo.”Um
maior detempo
de observaçãoserá necessário para definir os efeitos a longo prazo. Vários efeitos
da
literatura,têm
demonstradoque
o uso de agentes antioneoplásicos durante o primeirotrimestre de gestação, eleva significativamente o risco de
malformações
fetais,Doll”
demonstrou,numa
série de 139 pacientes, que o uso de monoquimioterapiano
primeiro trimestre, leva à deformidades congênitasem
cerca de 17%
doscasos e
em
24,3%
para a poliquimioterapia. Estesnúmeros
são significativamentemais
elevados que o índice de3%
demalformações
congênitas para a populaçãoem
geral.No
entanto,como
a quimioterapia ageem
tecido de rápido crescimento,como
medula
Óssea e gônada, o risco de desenvolverna
idade adulta, linfomaou
leucemia é duas vezes
maior
nos fetos expostos à ação destes fármacos, durante a vida intra- uterina; quanto às gônadas, é possível deficiência dehormônio
sexuale esterilidade.4
O
aumento do
risco de teratogenicidade, desaparecequando
seconsidera o uso de quimioterapia
no
segundo e terceiro trimestre.48No
estudo deByme,14
131 pacientescom
câncer e gravidez receberammono
epoliquimioterapia à partir
do
quartomês
de gestação.A
incidência demalformações
fetais foi apenas de 1,5%,ou
seja,menor
que a esperada para apopulação
em
geral, Portanto, a quimioterapia deve ser viradano
primeirotrimestre e postergada para o segrmdo trimestre. Neste e
no
terceiro trimestre, a quimioterapiapode
ser utilizadacom
segurança.3 Entretanto, é recomendável evitar o metotrexate, por ser o único dos agentes maiscomumente
usadosno
tratamento
no
câncerde
marna que
possuicomprovado
efeito teratogênico,embora
este efeito só tenha sido demonstradoquando
usadono
primeirotrirnestre.48°49
Uma
altemativaou
esquema
CMF
(ciclofosfamida, metotrexate,fluorouracil) é o
esquema
da
FAC,
em
que metotrexate é substituído pelaadriamicina. Este regime é o adotado por
boa
parte dos centrosque
já utilizam a quimioterapiano
tratamento de câncer demama
e gravidez.”Uma
outra opção, éo
esquema
CA
(ciclofosfarnida, adriamicina), testado porWickerhan
e Fisherno
ProtocoloB
- 15do
NASBP
(National Surgical Adjuvant Breast Project).14 Esteestudo
comparou
CA
com
CMF
edemonstrou
uma
eficácia similarem
pacientescom
menos
de 50 anos de idade.25
A
ooforectomianão
influencia o prognósticodo
câncer demama
e gravidez,nf
'22
co
onne
já demostrado por vários estudos clínicos.O
resultado de trabalhos retrospectivosrecomendando ou condenando
a castração terapêutica, serviram decontrovérsias por muitos anos.
Dados
deum
número
limitado de trabalhosrandomizados
prospectivos atuaisnão
resolveram completamente a questão. 2214
Entre estes, o trabalho de Deemarsl<y mostrou,
em
paciente submetidas àooforectomia após interrupção
da
gravidez,29%
de sobrevida à 5 anos contra63%
nas que conservaram os ovários.Da
mesma
forma, nas pacientes'i "\
ooíoãmizzfadafã
ãwâfl
*-1
C/J o parto a taxa foi de
100%
contra83%
dasnão
//ooforectonizadas, ença esta que
não
atinge significância estatística.Afinna-
~cas{c:om
metástases axilares e os tumorescom
altos níveis dereceptores estrogênicos
podem
se beneficiarda
castração profilática. 7É
bem
sabidoque
a resposta ao tratamentohonnonal
em
pacientes jovens, émenos
que 10%,
isto,combinado
aodado
de que gestações subseqüentes seassociam a excelentes prognósticos, sugere que a castração
tem
pouco
lugarno
manejo
destas pacientes. 30Nissen-Mayer
citado porHubay24
afirma, sobre castrações por radiação, queembora
útil nas pacientes pós-menopáusicas,não
éconvemente
em
termos deprognóstico, nas pacientes pré-menopáusicas.
Portanto a ooforectomia, extensamente
recomendada
nos protocolos atébem
pouco tempo
utilizados para o carcinomamamário
na
gestação,não
se justificamAo
estabelecer a estratégia terapêutica de acordocom
estadiamento, é precisoter
em
mente
os conhecimentos atuais, mas, por outro lado, é importante colocarpara as pacientes e seus familiares, as opções possíveis e os riscos, ainda que minimos,
que
possam
advir de cadauma
delas.”Se
já é dificil a aceitação deterapias agressivas corno mastectomia e a quimioterapia, para pacientes grávidas
no
estágio I, a indicação é mastectomia radicalmodificada
no
primeiro esegundo
semestre.
No
terceiro trimestrepode
ser considerada aopção da
cirurgiaconservado (quadrantectomia
com
linfadenectomia axilar), postergando-se aradioterapia para o
pós
parto imediato. Neste caso, a gravidez deve serinterrompida ante
do
tempo, desde que a maturidadepuhnonar do
feto o pennita.No
estádio II, as pacientes axila-negativa,devem
receber apenas mastectomiaradical
modificada
em
qualquer fase. Para as pacientes axila-positiva, a quimioterapia adjuvante deve sersomada
à cirurgiano segtmdo
e terceiro trimestre.Aquelas
com
diagnósticono
primeiro trimestre deve ser prontamente operadas e a quimioterapia adiada para o quartomês
(2° trimestre).No
estádio II,uma
opção
razoável; seria dividir, de início, as pacientesem
operáveis e inoperáveis.Para as pacientes operáveis, a proposta é:
- 1° trimestre: mastectomia radical, quimioterapia adjuvante à partir
do
segundotrimestre e radioterapia
no
pós-parto imediato;- 2° e 3° trimestre: mastectomia radical
modificada
e quimioterapia adjuvante,radioterapia após
o
nascimento.Nos
casos inoperáveis, aabordagem
inicial deve ser a quimioterapia neoadjuvante:- 1° trimestre: as opões são interromper a gravidez e adiar
o
iníciodo
tratamentopara o
segundo
trimestre.É
uma
decisãona
qual o paciente deve participar.- 2° e 3° trimestre: institui-se a quirnioterapia neoadjuvante (três ciclos)
em
seguida a paciente é submetida à mastectomia radical modificada.
A
radioterapiadeve ser iniciada imediatamente após o parto.
No
estádio III,em
que aradioterapia exerce
um
importante papelno
controle loco regional, é necessário27
-
No
estádio IV,em
que a quimioterapia é primordial e a cirurgianão tem
finalidade terapêutica,
devem
ser feitas asmesmas
considerações relativas a quimioterapia neoadjuvanteno
estádio III inoperável.1NTERRUPÇÃo
DA
GRAVIDEZ
Durante muito tempo, a intenupção da gravidez,
ou
abortamento terapêutico,foi considerada
como
uma
importante etapano
tratamentodo
câncer demama
diagnosticado
no
ciclo gravído-puerperalmNo
entanto, de acordocom
osconhecimentos atuais, está claramente definido que a intenupção da ,gravidez
nãp
melhora o
prognósticodo
câncer demama.
Ao
contráriodo
que pensava, a gestação parece exercerum
certo efeito protetorem
relação à evoluçãodo
câncerde
mama.”
Fentiman,49nmn
levantamento de varias sériesda
literatura, mostraque
a sobrevida à cinco anos é de44%
em
pacientesque
interromperam a gestação contra70%
no
grupo das que levaram a termo, o que equivale àum
prognóstico significativainente melhor,quando
a gravidez é mantida.A
interrupçãoda
gestação está justificada apenas nos casos avançados, ein que odiagnóstico é feito
no
primeiro trimestre,no
sentido de eliminarum
obstáculo aotratamento quimioterápico
adequado
enão
com
a intenção de melhorar oprognóstico. 3 Portanto, três opções
devem
ser consideradas para o tratamentodo
câncer
avançado na
mama,
no
primeiro trimestre da gestação: interrupçãoda
gravidez e administraçãoda
quimioterapia; adiamentoda
quimioterapia parao
segundo trimestreou
administraçãoda
quirnioterapia evitando o metotrexateflsA
segtmda opção, parece ser a mais razoável, desde que a
doença não
apresenteGRAVIDEZ SUBSEQÚENTE
AO
TRATAl\/IENTO
DO
CÂNCER DE
MAMA
A
idéiaque
a gravidez após o câncer demama
tratadodeva
ser evitado, e atéinterrompido,
não tem
mais sustentação.Não
existem até omomento,
dadoscientíficos
que
contra-indiquem gestações subseqüentes eque
a ocorrência possainfluenciar desfavoravelmente o prognóstico. 14 Clark e
Reid
3demonstraram
a importância
do
intervalo entre o tratamento e apróxima
gravidez, as pacientesque
engravidaram dentro de seismeses
após a terapêutica tiveramum
piorprognóstico e
menor
sobrevidaem
cinco anosquando comparadas
àquelas queaguardam
de dois à cinco anos.As
pacientescom
câncer demama
são freqüentemente aconselhadas amn
intervalo entre
o
tratamentoda doença
e a gravidez subseqüente, de dois anos,nos casos
com
axila negativa e três a cinco anos, naquelascom
axila positiva. 3A
razãoda
espera é a maior probabilidadeda
recidivas neste período,com
a gravidez representandoum
obstáculo para o tratamento adequado. 17A
avaliação criteriosa de cada caso, principalmente referente ao estádioinicial
da doença
e aos fatores prognósticos , deverá influenciar nesta decisão.Outro aspecto importante à ser comentado, é reconstrução
mamária
,que
fazcorn que ocorra diagnóstico precoce, porque, ao
tomarem
conhecimentoda
possibilidade de terem amama
reconstruída, as mulheresprocuram
omédico
mais cedo,uma
vez
quenão há
mais pavor de mutilação.29