RELATÓRIO FINAL
DE ESTÁGIO
PROFISSIONALIZANTE
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
NOVA Medical School | Faculdade Ciências Médicas
Universidade NOVA de Lisboa
2019/2020
Alexandra Rocha Campos
2014229
Regente: Professor Doutor Rui Maio
Orientador: Professor Doutor Joaquim Gago
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Aos meus Avós, pelo apoio incondicional, Irmãos, pela paciência infindável, Pais, meus parceiros na luta, Tios, pelo ombro amigo.
Ao meu primo Nuno, pela perspetiva descomplicada da vida.
Aos meus amigos, Beatriz, Margarida, Carolina, Maria, Ana, Marta, Diogo, Rafael e Beatriz F., é uma honra caminhar ao vosso lado.
À Rita e Cátia, por sempre acreditarem em mim.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ... 4
OBJETIVOS ... 4
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 4
Saúde Mental... 4
Medicina Geral e Familiar ... 5
Pediatria ... 6
Ginecologia e Obstetrícia ... 7
Cirurgia ... 7
Medicina Interna ... 8
Preparação para o Exame de Seriação para Ingresso nas Especialidades Médicas ... 9
REFLEXÃO CRÍTICA ... 9
ANEXOS ... 12
Anexo 1 – Cronograma de Estágios Parcelares ... 12
Anexo 2 – Trabalhos realizados nos Estágios Parcelares ... 13
Anexo 3 – iMed Conference® 11.0 Lisbon 2019 ... 14
Anexo 4 – 8º Simpósio do Serviço de Psiquiatria do Hospital Fernando da Fonseca ... 15
Anexo 5 – Workshop Ginecologia e Obstetrícia ... 16
Anexo 6 – VI Congresso Nacional de Estudantes de Medicina ... 17
Anexo 7 – Jornadas de Formação da Unidade Coordenadora Funcional Hospital Dona Estefânia ... 18
Anexo 8 – 7ªs Jornadas do Departamento de Cirurgia do Hospital Beatriz Ângelo ... 19
Anexo 9 – Curso TEAM (Trauma Evaluation and Management) ... 20
Anexo 10 – Palestra “Conviver com familiares com Demência” ... 21
INTRODUÇÃO
O Estágio Profissionalizante referente ao 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina na NOVA Medical School|Faculdade de Ciências Médicas inclui estágios clínicos parcelares nas especialidades de Saúde Mental, Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia e Medicina Interna. O presente relatório consiste numa breve descrição das várias atividades desenvolvidas ao longo deste período, contemplando os objetivos, ganhos formativos e competências adquiridas, terminando com uma reflexão crítica global. Em anexo encontra-se uma breve síntese dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano e os certificados de participação correspondentes aos elementos valorativos.
OBJETIVOS
Uma vez que se trata de um ano profissionalizante, os estágios parcelares de cada especialidade visam a aquisição de atitudes e competências que promovam o desenvolvimento de uma autonomia gradual na prática clínica. Os objetivos que defini para este ano contemplam tanto uma dimensão Clínica como Humana.
Primeiramente, instituí como objetivos transversais a todas as especialidades a consolidação de conhecimentos adquiridos em estágios clínicos de anos anteriores, e o aperfeiçoamento da colheita de anamnese e exame objetivo, com vista no desenvolvimento progressivo do raciocínio clínico diagnóstico e terapêutico. Por outro lado, a obtenção de valores e princípios que permitam aprofundar o cariz humano da prática clínica, incidindo sobre a relação médico-doente e comunicação eficaz, integrando aspetos sociais, culturais e familiares na abordagem da pessoa, respeitando e valorizando as suas preocupações, necessidades e expectativas.
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Saúde MentalO estágio parcelar de Saúde Mental, de 9 de setembro a 4 de outubro de 2019, decorreu no Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca. Como objetivos particulares a este estágio, propus-me a aprofundar conhecimentos relativos à abordagem diagnóstica e terapêutica das patologias psiquiátricas mais prevalentes, integrando o contexto biopsicossocial do doente e identificação de eventuais situações de risco. Adicionalmente estabeleci a meta de praticar o exame do estado mental, desenvolver capacidades de comunicação com o doente e reconhecimento de sintomas.
Os primeiros dois dias decorreram na NMS|FCM e foram dedicados a Seminários Teórico-Práticos, sob forma de discussão de casos clínicos de temas relevantes do foro da Psiquiatria, terminando com um seminário alusivo ao tema do estigma da doença mental. O período de estágio decorreu essencialmente no Internamento, sob orientação do Dr. Bruno Trancas e da Dr.ª Patrícia Gonçalves, onde acompanhei a evolução clínica dos doentes ao longo das quatro semanas, contactando tanto com situações de fase aguda como de recuperação. Realizei e assisti a várias entrevistas clínicas no âmbito de diversas patologias, com
posterior discussão de hipóteses de diagnóstico e conduta terapêutica mais adequada a cada situação. Semanalmente, tive oportunidade de participar nas Reuniões Multidisciplinares do Internamento, assim como de articulação com as Equipas Comunitárias, Reunião de Rede de Cuidados de Saúde Mental e Pedopsiquiatria, em que testemunhei a importância da integração dos cuidados com a comunidade, apoio sociofamiliar e articulação com outros profissionais de saúde, como Terapeutas Ocupacionais, Psicólogos e Assistentes Sociais. Tive ainda oportunidade de participar nas atividades do Hospital de Dia, que atuam no desenvolvimento de aptidões sociais e promoção de autonomia nas tarefas do dia a dia, fundamentais para a recuperação e integração da pessoa na sociedade. Presenciei o Grupo Terapêutico, um espaço livre para os doentes expressarem os seus sentimentos e opiniões, bem como uma Entrevista Familiar, onde constatei a importância do apoio familiar na vivência com a doença. Frequentei o Bar Terapêutico, organizado pelos doentes semanalmente, e assisti ainda à Atividade Terapêutica na piscina, a cargo da Terapia Ocupacional. Esta englobou técnicas que atuam na psicomotricidade, movimento e postura e estimulação da interação social e relação entre os doentes.
Tive ainda o privilégio único de contactar com a Eletroconvulsivoterapia, à qual está ainda associado um estigma considerável, sendo fundamental a sensibilização para os seus benefícios no tratamento de patologia psiquiátrica grave. Contactei com outra valência da Saúde Mental - o Serviço de Urgência, onde me familiarizei com a entrevista clínica adaptada a este contexto, opções terapêuticas e referenciação adequada, tanto para Internamento, como para Consulta. Por fim, assisti à Consulta Comunitária da Damaia, em que o seguimento regular dos doentes e o estabelecimento de uma relação terapêutica constituem pilares na prevenção de descompensações da doença. Neste contexto, contactei com doentes referenciados por outras especialidades, nomeadamente Medicina Geral e Familiar e também em seguimento pós-alta.
Medicina Geral e Familiar
O estágio parcelar de Medicina Geral e Familiar, decorreu entre 7 e 31 de outubro de 2019, sob tutela da Dr.ª Graça Coelho e Dr.ª Inês Costa. O estágio decorreu no Centro de Saúde de Serpa e Extensão Vale Mortos. Os objetivos particulares para este estágio abrangem a familiarização com os problemas de saúde mais comuns na comunidade e sua gestão mais adequada, a utilização correta e sustentável dos recursos de saúde assim como o desenvolvimento de capacidades interpessoais e abordagem centrada na pessoa.
Acompanhei a minha tutora diariamente, assistindo e realizando consultas nas diversas valências da especialidade: Saúde de Adulto, Infantil, Materna, Planeamento Familiar e ainda consultas não programadas, obtendo uma melhor noção da abrangência e globalidade da Medicina Geral e Familiar, e melhorando as minhas capacidades de comunicação e raciocínio clínico. Frequentei o Serviço de Urgência Geral do Hospital de São Paulo de Serpa semanalmente, em que contactei predominantemente com patologia aguda nas várias faixas etárias, desde crianças a idosos. Entre as consultas que realizei sob supervisão, aperfeiçoei a colheita
de anamnese e exame objetivo, registo informático da consulta e elaboração de plano terapêutico. Ao longo do estágio tive oportunidade de realizar pequenos procedimentos médicos tais como toque rectal e injeções intramusculares de anti-inflamatórios. Participei ainda em duas visitas domiciliárias em conjunto com a equipa de Enfermagem, em que saliento a importância da articulação com outros profissionais de saúde.
Em conjunto com os meus colegas, apresentei o Journal Club: COPD and Asthma: Diagnostic accuracy
requires spirometry na Reunião Formativa e organizei uma Sessão de Educação para a Saúde dirigida aos
utentes, denominada Viver bem com Asma e DPOC. Esta última explorou os fundamentos básicos do manuseamento de dispositivos inalatórios e medidas de prevenção de descompensação, com vista na sensibilização face à importância das medidas gerais de prevenção e cumprimento terapêutico, determinantes na melhoria da sintomatologia e qualidade de vida dos utentes. No final do estágio, elaborei o Diário de Exercício Orientado, em que, com base na situação clínica de uma doente com Síndrome de Sjogren, saliento o papel fundamental do médico no diagnóstico precoce de doenças autoimunes, altamente incapacitantes, e com apresentações clínicas inespecíficas, sendo o MGF geralmente a quem o doente recorre em primeira instância.
Pediatria
O estágio parcelar de Pediatria realizou-se entre 4 e 29 de novembro de 2019, no Hospital Dona Estefânia. Quanto aos objetivos específicos instituídos para este estágio, estes prenderam-se com o desenvolvimento de capacidades de comunicação e compreensão eficaz com as crianças, colheita de dados anamnésicos e realização de exame objetivo pediátrico, bem como a revisão dos princípios básicos de pedido e interpretação de exames complementares de diagnóstico e prescrição terapêutica.
Ao longo das quatro semanas acompanhei o meu tutor, Dr. António Bessa Almeida nas várias atividades clínicas: Internamento, Serviço de Urgência e Consulta Externa. Integrei diariamente as atividades do Serviço de Pediatria Médica 5.1, dedicado sobretudo a patologia geral da 1ª Infância, onde auxiliei na elaboração de diários clínicos e notas de alta. Semanalmente, frequentei o Serviço de Urgência, familiarizando-me com uma grande diversidade de apresentações clínicas de patologias em fase aguda. Observei crianças de várias faixas etárias, praticando a colheita de anamnese e exame objetivo dirigido, tendo em conta os critérios de gravidade e sinais de alerta. Assisti ainda à Consulta Externa, em que desenvolvi capacidades de comunicação com as crianças e os seus pais. Estive ainda presente nas reuniões clínicas diárias de Pediatria Médica, dedicadas à discussão dos internamentos recentes, e nas Sessões Clínicas realizadas semanalmente, abordando temas diversos de várias Áreas da Pediatria Médica. Participei também no Workshop de Urgências, que consistiu numa simulação da abordagem a patologias frequentes no Serviço de Urgência. Por fim, por interesse pessoal, tive ainda a oportunidade de assistir à aula de Imunoalergologia e às consultas, bem como passar pelo serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Santa Marta.
Estive nas Jornadas de Formação da Unidade Coordenadora Funcional, com o tema Obesidade, Cefaleias
e Enurese – Como orientar e quando referenciar. Por fim, em conjunto com os meus colegas, elaborei a
apresentação de um seminário intitulado Cerejas e Anemia? A propósito de um caso de Hemorragia Digestiva.
Ginecologia e Obstetrícia
O estágio Parcelar de Ginecologia e Obstetrícia decorreu na Maternidade Alfredo da Costa (MAC) entre 2 de dezembro de 2019 e 10 de janeiro de 2020. Os objetivos definidos para este estágio compreenderam a consolidação de conhecimentos adquiridos previamente no estágio de 4º ano, colheita de anamnese e realização de exame objetivo, assim como o aperfeiçoamento da marcha diagnóstica e conduta terapêutica referente às diversas patologias do foro da Saúde da Mulher.
Dividiu-se em duas vertentes: Ginecologia, sob orientação da Dr.ª Patrícia Amaral e Obstetrícia, pela Dr.ª Marta Plancha. Ao longo das quatro semanas frequentei semanalmente o Serviço de Urgência, onde contactei com uma grande variedade de patologias agudas, assisti a vários partos eutócicos e distócicos, e tive oportunidade de participar em diversas cirurgias como 2ª ajudante. No estágio de Ginecologia, assisti a consultas de Planeamento Familiar e Uroginecologia, onde pratiquei alguns procedimentos, como exame vaginal com espéculo e palpação bimanual. Observei também a realização de Ecografias Ginecológicas, Colposcopias e Terapia com Laser. Estive ainda presente no Bloco Operatório, onde assisti e participei em diversas cirurgias do foro da Uroginecologia. Em Obstetrícia, o estágio decorreu maioritariamente no Internamento do Serviço de Medicina Materno-Fetal, onde auxiliei na elaboração de diários clínicos e notas de alta, o que me permitiu consolidar conhecimentos relativamente aos motivos de internamento mais frequentes em cada trimestre da gravidez, e sua abordagem clínica. No Puerpério colaborei na redação de registos clínicos e aconselhamentos às puérperas no momento da alta. Acompanhei a minha tutora na Consulta de Referência, Alto Risco e Diabetes, praticando procedimentos como a medição da altura uterina, auscultação de foco cardíaco fetal, toque vaginal e colheita de exsudado vaginal e rectal. Por fim, frequentei o Bloco Operatório de Obstetrícia e participei em algumas cesarianas eletivas.
Participei no Workshop The Woman, a cargo da Prof. Dr.ª Teresinha Simões e no final do estágio, apresentei, juntamente com os meus colegas, um seminário intitulado Prolapso de Órgão Pélvico e
Incontinência Urinária: A propósito de um caso clínico. Cirurgia
O estágio de Cirurgia decorreu de 20 de janeiro a 9 de março no Hospital Beatriz Ângelo, sendo coordenado pelo Professor Doutor Rui Maio. Os objetivos específicos propostos para este estágio englobaram a consolidação de conteúdos relativos às patologias cirúrgicas mais comuns, o desenvolvimento da marcha diagnóstica e terapêutica na abordagem ao doente, e prática de pequenos procedimentos cirúrgicos.
A primeira semana foi dedicada a Sessões Teórico-Práticas com revisão de temas da Área de Cirurgia Geral e prática de pequenos procedimentos em contexto de simulação. O estágio opcional de duas semanas de Anestesiologia envolveu a passagem pelo Bloco Operatório, onde consolidei conhecimentos relativos às diversas modalidades, técnicas anestésicas e procedimentos comuns, como a abordagem da via aérea e colocação de acessos venosos periféricos, e Consulta de Acupuntura Médica, vertente ainda pouco difundida atualmente, e que constitui um recurso importante na abordagem terapêutica da dor crónica e consequente melhoria da qualidade de vida dos doentes. Durante uma semana integrei o serviço de Urgência Geral do hospital, passando pelos vários componentes que o constituem, contactando sobretudo com patologia médica.
As quatro semanas de vivência clínica de Cirurgia Geral, tutelada pela Dr.ª Rita Garrido, dividiram-se pelo Bloco Operatório, Internamento e Consulta Externa. No Bloco tive oportunidade de assistir a várias cirurgias, predominantemente do foro esófago-gástrico, bem como colecistectomias, excisão de lipomas e biópsias ganglionares, seguindo sempre as etapas com a explicação da equipa. No entanto, pelo facto de existirem bastantes Internos de Formação Geral e Específica integrados na equipa, a passagem pelo Bloco Operatório foi predominantemente observacional. No Internamento, assisti diariamente às reuniões de passagem de turno e acompanhei o pós-operatório e evolução de vários doentes, elaborando diários clínicos e notas de alta. Semanalmente, estive presente nas consultas de Cirurgia Geral, onde contactei com vários momentos da gestão dos doentes (referenciação, seguimento pós-operatório, vigilância, proposta cirúrgica) e um espectro diverso de patologias, em diferentes fases da sua evolução. Por fim, participei nas 7ªs Jornadas do
Departamento de Cirurgia e no curso Trauma Evaluation And Management (TEAM), que englobou uma
abordagem teórica aos princípios básicos de abordagem ao doente politraumatizado grave e uma vertente prática, com a possibilidade de praticar procedimentos em ambiente de simulação.
Por fim, elaborei uma breve análise e apresentação de um caso clínico, intitulado We’re Gonna Need a
Bigger Boat!, a propósito de uma Deiscência Anastomótica pós-Esofagectomia. Esta não foi possível
realizar-se prerealizar-sencialmente devido à suspensão das atividades a 9 de março de 2020, medida integrada no Plano de Contingência da Universidade Nova de Lisboa para a Doença por Coronavírus.
Medicina Interna
Como objetivos para este estágio estabeleci o desenvolvimento de capacidades de raciocínio clínico e diagnóstico, pertinência e interpretação de exames complementares de diagnóstico e fundamentos da instituição terapêutica das patologias médicas mais comuns. Adicionalmente, propus-me também a aprimorar a realização de exame objetivo e de procedimentos médicos, assim como desenvolver a relação médico-doente.
Tendo em conta as circunstâncias atuais e as restrições das atividades presenciais inerentes à pandemia da COVID-19, não foi possível realizar o estágio clínico de Medicina Interna, tal como previsto. O estágio realizar-se-ia no Serviço de Medicina Interna 2.1 do Hospital Santo António dos Capuchos entre 16 de março e 15 de maio de 2020. Como objeto de avaliação, foi proposta a realização de um artigo de revisão, alusivo ao tema da doença por SARS-CoV-2. Em conjunto com as minhas colegas, participei na elaboração do artigo intitulado “Artrite Reativa Viral, uma possível complicação do COVID-19, baseado num caso clínico” com posterior discussão com os médicos do serviço via Zoom.
Preparação para o Exame de Seriação para Ingresso nas Especialidades Médicas
O Estágio Opcional realizar-se-ia na USF Almirante (ACES Lisboa Central) sob coordenação do Dr. Fabrizio Cossutta entre 18 e 29 de maio de 2020. A minha escolha prendeu-se com o facto de ser uma especialidade abrangente com a oportunidade de contacto com população de várias faixas etárias, tanto numa perspetiva de prevenção de doença como na abordagem clínica e referenciação de patologia diversa. Em virtude da situação vigente, a pandemia do COVID-19 e a impossibilidade de realizar estágios clínicos nas diversas especialidades escolhidas pelos alunos, surgiu a necessidade de apresentar outra solução no que respeita à Unidade Curricular Opcional. Assim, sob regência do Prof. Dr. Roberto Palma dos Reis, foram organizadas sessões semanais de discussão das perguntas da Prova Nacional de Acesso de 2019.
REFLEXÃO CRÍTICA
Concluído o estágio profissionalizante, que se afigura como o culminar de seis anos de percurso, torna-se necessário adotar uma atitude de reflexão, contemplando os objetivos e aprendizagens.
Numa análise retrospetiva dos estágios parcelares, focando inicialmente em Saúde Mental, em que tive a possibilidade de contactar com um elevado número de doentes, patologias e situações de vida distintas. Dado que o meu estágio de 5º ano também se realizou em contexto de Internamento, no Hospital Egas Moniz, e por ser uma especialidade que me suscita particular interesse, tentei contactar com várias valências. Na Consulta Comunitária testemunhei a evolução de um doente que tinha observado em Internamento, o que foi extremamente gratificante e permitiu estabelecer uma ligação entre a prática clínica direcionada à fase aguda e contexto ambulatório. No Hospital de Dia apercebi-me da importância do apoio social e familiar, bem como da estabilidade financeira e laboral, tanto em situações de reabilitação como na manutenção da saúde mental individual. Na Entrevista Familiar com a irmã de um doente com Esquizofrenia obtive uma perceção das repercussões de índole emocional e psicológica nos familiares do doente com patologia psiquiátrica. Foi particularmente sensibilizador, também pela experiência pessoal com a doença mental, em que sublinho o papel fundamental de ter uma rede de apoio, entreajuda e compreensão no dia-a-dia. Considero o estágio de Medicina Geral e Familiar em Serpa como uma das experiências mais enriquecedoras
do curso, em que tive a oportunidade de contactar com um meio rural, tão distinto do viver urbano a que estou acostumada. O facto de ter estagiado no Baixo Alentejo, particularmente as deslocações à Extensão Vale Mortos, mostrou-me uma realidade diferente e evidenciou a presença de barreiras significativas na acessibilidade aos cuidados de saúde, nomeadamente no recurso ao Serviço de Urgência e a Exames Complementares de Diagnóstico, em que, na sua maioria, os doentes têm que se deslocar grandes distâncias. Um dos momentos mais relevantes foi a Sessão Educativa para os utentes, em que constatei o profundo impacto de uma comunicação eficaz e do estabelecimento de uma relação de confiança mútua médico-doente, não só para a adesão terapêutica como para a procura dos cuidados de saúde. O Médico de Família é, na maioria das vezes, a quem o doente recorre primeiro, representando o elo de ligação com as diversas especialidades e desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde, prevenção da doença e capacitação dos doentes, de forma contínua no tempo. Em Pediatria, o facto de ter estagiado num centro terciário e numa enfermaria dedicada a Pediatria Geral, permitiu o acompanhamento de várias crianças desde o momento de admissão até à alta, tendo contactado com patologia comum, mas também, por vezes, casos de situações raras e de gestão complexa, com internamentos prolongados. A permanência no Serviço de Urgência e a vivência em Consulta Externa permitiram-me ganhar mais confiança no exame objetivo pediátrico e melhorar as capacidades de comunicação com as crianças e os pais. Ao longo do estágio de Ginecologia e Obstetrícia, o rácio tutor-aluno 1:1 proporcionou a oportunidade de praticar vários procedimentos em ambas as valências, participar em cirurgias e instrumentar cesarianas. Destaco ainda o privilégio de estagiar na MAC, centro de referência, que possibilitou o contacto com patologias complexas, tanto de carácter urgente como crónico, inseridas nas várias subespecialidades. Na Uroginecologia tive uma melhor perceção do impacto da patologia do pavimento pélvico na qualidade de vida das mulheres, da necessidade da sua orientação precoce e seguimento regular, de modo a prevenir repercussões a nível físico, psicológico e nas relações interpessoais da mulher. Em Cirurgia acompanhei uma equipa diferenciada e contactei com um vasto leque de patologia cirúrgica e sua abordagem clínica, o que se traduziu numa experiência complementar à que tinha vivenciado no 3ºano, no Hospital Curry Cabral, no foro Hepatobiliar e no CEMEF em Cirurgia Geral no Hospital S. Teotónio em Viseu, em que participei em cirurgias de patologia mais geral, principalmente herniária. A passagem pela vertente de Anestesiologia foi também uma mais valia, evidenciando a sua interligação com as diversas especialidades médicas e cirúrgicas. Tendo em conta que no decorrer do estágio as oportunidades para praticar pequenos procedimentos cirúrgicos ou participar em cirurgias não se proporcionaram, procurarei colmatar estas falhas no Internato de Formação Geral.
O impacto suscitado pela COVID-19 nos últimos meses e a suspensão das atividades clínicas presenciais ditou que o último semestre fosse algo atípico. Gostaria de enaltecer os profissionais de saúde pela dedicação e esforço ao longo dos últimos meses, que além das lutas diárias no combate à pandemia, tiveram a possibilidade de dinamizar algumas atividades pedagógicas, como a proposta de elaboração e discussão de
um artigo de revisão no âmbito do estágio de Medicina Interna, e a organização das aulas referentes às Unidades Curriculares de Preparação para a Prática Clínica e Opcional em regime à distância. Analisando as consequências na formação académica, e a impossibilidade de cumprir os objetivos de índole prática de Medicina Interna, é nitidamente incomparável a realização de um artigo de revisão com a vivência em meio hospitalar. Assim, tentarei colmatar as lacunas da melhor forma possível no Internato de Formação Geral.
Terminada esta etapa, faço um balanço positivo deste ano, considerando que os objetivos foram, no seu global, cumpridos. Penso que evoluí significativamente ao longo desta etapa final do meu percurso académico e sinto-me consideravelmente mais preparada para enfrentar o início da minha carreira profissional. Não obstante, reconhecendo que numa área tão vasta como a Medicina, em que diariamente somos confrontados com novos desafios, e há uma necessidade permanente de inovação, a aprendizagem é contínua.
Acredito que as experiências individuais representam um elemento determinante no desenvolvimento pessoal e profissional, refletindo-se no exercício de uma Medicina mais Humana. Relativamente ao meu percurso pessoal, paralelo à formação académica, nos últimos anos integrei essencialmente atividades extracurriculares no Verão, trabalhando na promoção de eventos infantis no papel de mascote e na colheita sazonal de fruta em meio rural. A breve experiência pessoal no mercado de trabalho proporcionou-me independência financeira e um ganho significativo, essencialmente de cariz comunicacional e espírito de equipa, que considero ter sido preponderante no meu crescimento pessoal e como futura médica. O contacto com a rotina diária rural, apercebendo-me das discrepâncias face às grandes cidades, concedeu-me uma perceção mais informada da realidade de parte significativa da população portuguesa. Sensibilizou-me para as suas principais dificuldades, preocupações e expectativas, possibilitando outra perspetiva que, posteriormente, pude contextualizar na prática clínica que vivenciei no estágio de MGF em Serpa, particularmente no acesso aos cuidados de saúde e à informação. Adicionalmente, a participação em eventos infantis como mascote possibilitou a interação com crianças e desenvolvimento de competências de comunicação e sociais, aprofundando o meu fascínio pela Pediatria, além de explorar a dinâmica da interajuda e colaboração entre pares, que transponho para o trabalho em enfermaria.
Por fim, a todos os doentes com que contactei, e aos meus tutores ao longo do curso, expresso a minha profunda gratidão, pela partilha de experiência e ensinamentos, por me incentivarem diariamente a querer aprender mais e por não me deixarem desistir.
Gostaria também de deixar um agradecimento especial ao meu avô, com quem partilho esta conquista. Apesar de não estar ligado à Medicina, foi quem me influenciou e moldou a personalidade de forma mais marcante, que me transmitiu o gosto por estudar e aprender. Fundamentalmente, incutiu-me os valores, atitudes, e a vontade de querer ajudar os outros que culminou na minha decisão de querer ser médica.
ANEXOS
De seguida encontra-se um cronograma dos estágios parcelares, uma tabela síntese referente aos trabalhos realizados ao longo do ano, assim como os certificados de participação nas palestras e congressos.
Anexo 1 – Cronograma de Estágios Parcelares
SAÚDE MENTAL 9 de setembro a 4 de outubro de 2019 Hospital Fernando da Fonseca Dr. Bruno Trancas Dr.ª Patrícia Gonçalves
MEDICINA GERAL E FAMILIAR
7 a 31 de outubro de 2019
UCSP Serpa e Extensão Vale Mortos
Dr.ª Graça Coelho Dr.ª Inês Costa
PEDIATRIA 4 a 29 de novembro de 2019 Hospital Dona Estefânia Dr. António Bessa Almeida
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
2 de dezembro de 2019 e 10 de janeiro de
2020
Maternidade Alfredo da Costa Dr.ª Patrícia Amaral
Dr.ª Marta Plancha
CIRURGIA GERAL 20 de janeiro a 9 de março de 2020 Hospital Beatriz Ângelo Dr.ª Rita Garrido
MEDICINA INTERNA - Hospital Santo António dos
Anexo 2 – Trabalhos realizados nos Estágios Parcelares
Unidade
Curricular Título Descrição Autores
Medicina Geral e Familiar
Viver bem com Asma e DPOC
Sessão de Educação para a Saúde Dirigida a Utentes na UCSP Serpa com abordagem
a conceitos gerais sobre as doenças e terapêutica inalatória, com ensino do manuseamento dos dispositivos e
medidas de prevenção.
Alexandra Campos
Carlota Branco Enf. Emília Palma
Journal Club: COPD and Asthma: Diagnostic
accuracy requires spirometry
Apresentação do artigo na reunião formativa semanal da UCSP de Serpa, com integração de conteúdos sobre a
abordagem diagnóstica e Exames Complementares na DPOC e Asma.
Alexandra Campos Carlota Branco Gonçalo Pereira Pediatria Cerejas e Anemia? A propósito de um caso de Hemorragia Digestiva
Discussão de um caso clínico de Linfoma MALT com apresentação sob forma de
Hemorragia Digestiva Alta e Anemia Ferropénica. Alexandra Campos Francisca Leitão Maria da Cunha Tânia Fontinha Ginecologia e Obstetrícia Prolapso de Órgão Pélvico e Incontinência Urinária: A propósito de um caso clínico
Análise de um caso clínico de Prolapso de Órgão Pélvico e Incontinência Urinária de
Esforço de novo, com abordagem diagnóstica e opções terapêuticas.
Alexandra Campos
Fernando Cunha Maria da Cunha
Cirurgia Geral We’re Gonna Need a
Bigger Boat!
Análise de um caso clínico de Deiscência Anastomótica Pós-Esofagectomia, com
uma breve revisão das abordagens terapêuticas disponíveis e principais
indicações para a sua utilização, benefícios e desvantagens.
Alexandra Campos
Ana Carolina Tavares Maria da Cunha
Medicina Interna
Artrite Reativa Viral, uma possível complicação do COVID-19, baseado num
caso clínico
Artigo de revisão com abordagem à fisiopatologia da artrite viral, o SARS-CoV-2 como seu possível agente etiológico e o papel dos glucocorticoides na doença, baseado na análise de um caso clínico.
Alexandra Campos
Constança Oom Maria Gama Lobo
