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A literatura para a infância: conhecimento do mundo e educação para os valores

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Educação e Psicologia

Mestrado em Educação Pré-escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico

A Literatura para a Infância: Conhecimento do

Mundo e Educação para os Valores

ADRIANA ROCHA DIAS Vila Real, 2015

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Departamento de Educação e Psicologia

Mestrado em Educação Pré-escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico

A Literatura para a Infância: Conhecimento do

Mundo e Educação para os Valores

ADRIANA ROCHA DIAS Vila Real, 2015

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Relatório Dissertativo para obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação da Professora Doutora Maria Luísa de Castro Soares.

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ii

Índice

Agradecimentos ... ix Resumo……….xi Abstract ... xii Introdução ... 1

Capítulo I (A Literatura para a Infância) ... 6

1. A Literatura para a Infância e o conhecimento do mundo ... 7

2. Os valores na literatura de potencial receção infantil no desenvolvimento da criança. ... 16

Capítulo II (A Literatura para a Infância em análise) ... 24

1. Análise do texto tradicional oral (texto narrativo): ... 25

1.1. A “Lenda de S. Martinho”... 26

1.2. A Fábula “ A lebre e a tartaruga” ... 27

2. Análise do texto de autor (texto poético): ... 31

2.1. A Minha Mãe ... 31

2.2. Mamã Maravilha ... 32

2.3. O Meu Pai... 34

2.4. Lengalenga das vogais ... 35

2.5. Casas... 36

2.6. Pombo Carteiro ... 38

3. Análise do texto de autor (texto narrativo): ... 39

3.1. Os ovos misteriosos ... 39

3.2. João e o pé de feijão ... 44

3.3. Um amigo especial ... 48

3.4. Uma joaninha diferente… ... 50

Capítulo III (O texto literário como base para o conhecimento do mundo: Aplicação prática.) ... 54

1. Pré- Escolar... 55

1.1. Caraterização do espaço e dos destinatários ... 55

1.1.1. Profissões dos pais ... 57

1.1.2. Escolaridade dos pais ... 58

1.2. Atividades Desenvolvidas ... 59

1.2.1. Os ovos misteriosos e a aplicação pratica no pré-escolar. ... 59

(5)

iii

1.2.3. Abordagem ao poema- O meu Pai. ... 70

1.2.4. Conto: “João e o pé de feijão” ... 73

1.2.5. Conto: Uma joaninha diferente: iniciação à prática de projeto. ... 75

1.2.6. Fábula: A lebre e a tartaruga. ... 80

1.2.7. Lengalenga: “Lengalenga das vogais” ... 83

1.2.8. Experiência: Objetos que flutuam e afundam- (Ministério da Educação; Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar 1997: 81). ... 86

2. 1º Ciclo do Ensino Básico ... 89

2.1. Caracterização do espaço e dos destinatários. ... 89

2.1.1. Habilitações literárias dos encarregados de educação da turma do 3º ano 90 2.2. Atividades desenvolvidas ... 91

2.2.1. Aplicação prática na sala de aula da lenda: A “Lenda de S. Martinho” 91_Toc407954857 2.2.2. Abordagem prática na sala de aula do texto poético “O Pombo Carteiro” 94 2.2.3. Abordagem prática na sala de aula do texto poético “Casas” ... 98

2.2.4. Aplicação prática na sala de aula do texto “Eu sou o Maior” ... 104

2.2.5. Abordagem ao texto narrativo “Um amigo especial” ... 108

2.2.6. Abordagem prática na sala de aula do texto narrativo “O cão e o gato” 110 2.2.7. Aplicação prática na sala de aula do texto narrativo “A noite dos animais inventados” ... 112

2.2.8. Abordagem prática na sala de aula do texto narrativo “Manuel Honestidade” ... 116

Conclusão ... 120

Referências Bibliográficas ... 124

Webgrafia ... 127

(6)

iv

Índice de Figuras

Figura nº1- Partes do conto Os ovos misteriosos (Soares 1994:10-11). ... 60

Figura nº2 - Cartaz realizado com as crianças sobre as rimas do conto Os Ovos Misteriosos, (fonte própria). ... 60

Figura nº3- “Ovos misteriosos” decorados pelos alunos, (fonte própria). ... 61

Figura nº4- Cartaz alusivo ao conto, feito pelo grupo de crianças mais velhas, da turma, (fonte própria). ... 61

Figura nº5- Desenho feito pela Beatriz, 5 anos ... 62

Figura nº6- Desenho feito pelo André, 6 anos ... 62

Figura nº 7- Desenho feito pelo Artur, 3 anos. ... 63

Figura nº8- Partes do poema A Minha Mãe (Browne 2008: 4-7). ... 66

... 67

Figura nº9- Desenhos realizados por duas crianças do pré-escolar, Francisco e Frederico ambos de 5 anos de idade, (fonte própria). ... 67

Figura nº10- Partes do poema Mamã Maravilha (Lallemand 2011:8-9, 14-15). ... 68

Figura nº11- Caixas para dar de prenda à mãe, decoradas pelos alunos, (fonte própria). ... 69

Figura nº12- Postal feito pelas crianças para dar à mãe, (fonte própria). ... 69

Figura nº13- Partes do poema O Meu Pai (Browne 2009: 19-20). ... 70

Figura nº14- Desenho feito pelo Artur, 4 anos, (fonte própria). ... 71

Figura nº15- Desenho feito pela Lara, 5 anos, (fonte própria). ... 71

Figura nº16- Ficha de iniciação à matemática, feita pelo Francisco, 5 anos (fonte própria). ... 72

Figura nº17- Ficha de reconhecimento das partes do corpo humano, para o grupo das crianças mais novas. ... 72

Figura nº-18 Ficha de identificação das letras constituintes do nome de cada pai, para o grupo de crianças mais velhas. ... 73

Figura nº19- Excerto do conto João e o pé de feijão (Evans s/d: 5-6). ... 74

Figura nº20- Sementeira de feijões e cartaz, realizados pelas crianças do pré-escolar, (fonte própria). ... 74

Figura nº21- Plantação de alfaces pelas crianças do pré-escolar, (fonte própria). ... 75

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v

Figura nº23- Cartaz realizado pelas crianças para o painel da sala sobre a estação do ano

(fonte própria). ... 76

Figura nº24- Partes do conto Uma joaninha diferente (Melo 2007: 2-5). ... 77

Figura nº25- respostas a algumas perguntas sobre as joaninha para o projeto, (fonte própria). ... 78

Figuras nº26- Trabalhos realizados pelos alunos em casa, um livro com pesquisa sobre as joaninhas em forma de joaninha e pesquisa das fases da joaninha, (fonte própria). .. 78

Figuras nº27 - Pesquisas feitas, por mais dois alunos do pré-escolar, sobre as joaninhas, (fonte própria). ... 79

Figura nº28- Desenhos de joaninhas pintados pelas crianças, (fonte própria). ... 79

Figura nº29- Móbil, feito pelas crianças, para o projeto das joaninhas, (fonte própria). 80 Figura nº30- Excerto da fábula- “A lebre e a tartaruga” (Pabst s/d: 5-6) ... 81

Figura nº31 - Trabalhos realizados pelos alunos, sobre a fábula da lebre e tartaruga para o PNL, (fonte própria). ... 82

Figura nº32- Trabalho de Expressão Plástica sobre as tartarugas, (fonte própria). ... 83

Figura nº33- Lengalenga das Vogais ... 84

Figura nº34- Lengalenga trabalhada pelo Francisco, 5 anos. ... 84

Figura nº35 - Fichas de iniciação à escrita, para o grupo de crianças mais velhas, sobre as vogais, . ... 85

Figuras nº36- Experiência feita com as crianças, sobre os objetos que flutuam e afundam, (fonte própria). ... 86

Figura nº 37- Cartaz final sobre a experiência realizada na sala do pré-escolar, sobre os objetos que afundam e flutuam, (fonte própria). ... 87

Figuras nº38- Lenda de S. Martinho e atividade de reconto da lenda feita por um aluno da turma do 3ºB. ... 93

Figura nº39- Trabalho elaborado pelos alunos da turma do 3º B para o dia de S. Martinho. ... 94

Figura nº40- Texto “Pombo Carteiro” (adaptação) (Cardoso apud Miranda; Lopes s/d:76). ... 95

Figura nº41- “Casas” (texto íntegral). ... 99

Figura nº42- Imagens de casas feitas por nós para iniciação do texto “Casas”, (fonte própria). ... 99

Figura nº44- Desenho feito pela Beatriz, 8 anos ... 102

(8)

vi

Figura nº45- Desenho feito pela Francisca, 8 anos ... 102

Figura nº46- Desenho feito pelo Lucas, 8 anos ... 103

Figura nº47- Texto “Eu sou o maior”. ... 105

Figura nº48 - Trabalho de plástica, realizado pelos grupos da turma do 3º B, sobre os Sinais de Pontuação, (fonte própria)... 107

Figura nº49- Desenho feito pela Filipa, 8 anos. ... 109

Figura nº51- Desenho feito pela Catarina, 9 anos. ... 110

Figura nº50- Desenho feito pelo Ricardo, 8 anos ... 110

Figuras nº52- Dramatização feita pelos alunos com fantoches do texto “O cão e o gato”. ... 112

Figura nº53-“A noite dos animais inventados” (Texto íntegral). ... 113

Figura nº54- Tabela feita por um dos alunos sobre gramática- Classe e Subclasse dos nomes. ... 114

Figura nº55- Composição feita por um aluno da turma do 3ºB sobre “O meu animal inventado”. ... 115

Figura nº56- Texto “Manuel Honestidade” (Adaptação). ... 117

Figura nº57- Ficha para os alunos da turma do 3ºB sobre os advérbios de afirmação e negação. ... 118

(9)

vii

Índice de Tabelas

Tabela nº1 – Idade das crianças do pré-escolar ... 57 Tabela nº2- Escolaridade dos pais ... 58

(10)

viii

Índice de Gráficos

Gráfico nº1- Percentagem do número de crianças do sexo feminino e masculino ... 57

Gráfico nº2- Percentagem do número de pais. ... 57

Gráfico nº3- Percentagem do número de mães e a sua respetiva profissão... 57

Gráfico nº4- Percentagem do número de pais e a sua escolaridade. ... 58

Gráfico nº5 – Compreensão do conto Os Ovos Misteriosos. ... 64

Gráfico nº6 - Compreensão da experiência dos objetos que afundam e flutuam. ... 88

Gráfico nº7- Habilitações literárias dos encarregados de educação da turma do 3º B. .. 90

Gráfico nº8- Número de alunos que conheciam a lenda de S. Martinho. ... 91

Gráfico nº9- Compreensão do conceito lenda ... 92

Gráfico nº 10- Números de alunos que conheciam a prática de columbofilia... 97

Gráfico nº11- A importância da interdisciplinaridade no poema “O Pombo Carteiro”. 97 Gráfico nº12- Compreensão da última estrofe pelos alunos do poema Casas. ... 104

Gráfico nº13- Sinal de Pontuação mais importante para os alunos da turma do 3º B. . 106

(11)

ix

Agradecimentos

Chega assim ao fim uma etapa muito importante da minha vida, e por tal gostaria de agradecer de forma muito especial a todas as pessoas que me auxiliaram e apoiaram ao longo deste percurso.

Urge, agora, proferir as palavras que vão repartir agradecimentos a todos os que permaneceram presentes na realização deste relatório dissertativo.

As palavras tornam-se contudo diminutas, incapazes de exprimir o profundo agradecimento que sinto.

O meu agradecimento é enorme, e levará aos corações dos que sabem o quanto lhes devo pelo que me ofereceram: a amizade, as palavras de incentivo, e força que me inspiraram.

Agradeço, em primeiro lugar, à minha orientadora, Professora Doutora Luísa Castro Soares, pelo seu indiscutível sentido pedagógico, dedicação e saber profundo que sempre procurou transmitir-me, e sem o qual a realização desta dissertação não seria de todo possível. Brindou-me ao longo deste percurso com o seu conhecimento e sagacidade sem nunca deixar para trás a sensibilidade e delicadeza nos momentos mais conturbados. Foi de facto incansável.

Agradeço também à Professora Doutora Ana Maria Bastos, Presidente deste Mestrado, pelo seu profissionalismo, pela sua capacidade de transmitir segurança e motivação.

Aos meus pais e irmão, obrigada por terem tornado possível a realização deste sonho, pelo carinho e motivação que me concederam ao longo desta caminhada, pelo apoio e força incondicional durante a minha formação académica. Força esta sem a qual não me teria sido possível ultrapassar os obstáculos que surgiram.

Às minhas grandes amigas, Filipa Coelho, Joana Borges, Teresa Moreira, Joana Santos, Elisabete Pires e Catarina Cordeiro, obrigada por todo o apoio incondicional, partilha ao longo destes anos, por todos os momentos, e pela força que me transmitiram ao longo da minha formação académica. Pelos estímulos pela interajuda e pelo bom humor, por escutarem os meus desabafos, pelas opiniões cautelosas, pelas aventuras, e amizade que foi e será fundamental na minha vida. O meu sentido agradecimento! A vocês Filipa Coelho e Joana Borges, um sincero e enorme obrigada pela ajuda e disposição na concretização deste trabalho.

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x

Ao meu amigo Diogo Neto à Professora Lurdes Neto, e à Educadora Angelina, muitíssimo obrigada pelo carinho e paciência demonstradas ao longo da realização deste trabalho. Foi de extrema importância a vossa disponibilidade e compreensão na concretização do presente relatório dissertativo.

Não posso deixar de agradecer às minhas amigas Joana Faria e Joana Moreira e ao meu primo Luís Dias pela amizade, recetividade e amabilidade de estarem presentes e auxiliarem sempre que oportuno neste trabalho.

Às crianças das Instituições cabe um enorme obrigado, pela colaboração pela recetividade aos trabalhos que lhes foram propostos realizar e por todo o afeto e carinho que demonstraram, por terem potenciado momentos muito alegres, e desta forma tornarem possível a realização deste trabalho.

À Educadora Cidália Alves e Professora Júlia Loureiro agradeço por tão gentilmente me receberem, pela delicadeza, e disponibilidade, pela partilha de saberes e pela entrega constante que sempre manifestaram ao longo da minha intervenção no contexto das salas de aula. Não posso deixar de agradecer também às auxiliares da ação educativa.

Um agradecimento muito especial cabe ao meu padrinho Adriano Rocha e ao meu tio José Borges pelo apoio, carinho, disponibilidade e motivação na concretização deste trabalho.

A todas as pessoas que direta ou indiretamente cooperaram para a realização deste Relatório Dissertativo, o meu sincero obrigado.

.

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xi

Resumo

O presente relatório de caráter dissertativo intitulado “A Literatura para a Infância: Conhecimento do Mundo e Educação para os Valores” tem como objetivo mostrar que a Literatura para a Infância, assume um papel de destaque na educação. Nomeadamente na transmissão de valores, no desenvolvimento da criatividade (imaginação e fantasia) e no conhecimento do mundo que rodeia a criança. Assim a

Literatura para a Infância reveste-se como instrumento auxiliar para abordar outras

áreas, quer no pré-escolar quer no 1º ciclo do ensino básico. Optamos por este título porque consideramos que as nossas escolas investem pouco na literatura. Pretendemos assim, deixar o nosso contributo para que se invista na educação para os valores e no

conhecimento do mundo, destacando a importância da literatura como ferramenta de

trabalho quer dos educadores quer dos professores.

A fundamentação teórica (Capítulo I), deste mesmo relatório, abarca questões como o papel da literatura na educação das crianças, a aprendizagem de conteúdos através da literatura para a infância e a relação existente entre esta área e outras distintas nomeadamente o Conhecimento do Mundo e a Formação Pessoal e Social no pré-escolar e para no 1º ciclo nas áreas de Matemática, Português e Estudo do Meio. A fundamentação tem por base vários autores conhecidos do cenário Português, que foram por nós estudados e nos quais baseamos o nosso método de trabalho ao longo do estágio. Este capítulo também pretende refletir a contribuição da literatura para a

infância nestes dois ciclos de ensino.

No (Capítulo II) apresenta-se a análise dos textos tratados na sala de aula, em diferentes modalidades genológicas, tais como, o poema, o conto, a fábula, a lenda e o texto narrativo.

Por último, referimos a parte pedagógica (capítulo III), na qual é nosso objetivo provar e mostrar que a Literatura para a Infância associada a outras áreas, aparentemente tão diferentes, é um elemento fundamental para que as crianças consigam fazer aprendizagens significativas, através da aplicação prática dos contos num contexto escolar, da leitura e de outras atividades realizadas, procurando assim proporcionar às crianças momentos de diversão e de apelo ao conhecimento e aos valores.

Palavras-chave: Educação, Literatura para a Infância, Conhecimento do Mundo, Valores, Educadores e Professores.

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xii

Abstract

The following report of argumentative nature, entitled “A Literatura para a Infância: Conhecimento do Mundo e Educação para os Valores” has the purpose to demonstrate the prominent role of literature for children in education, namely in transmission of values, development of creativity (imagination and fantasy) and understanding of the children’s surrounding environment. Thus the literature for children is an auxiliary instrument to approach many others areas of expertise either in pre-school or elementary school. The reason we chose this title has to do with the lack of investment in literature by Portuguese schools in their curricula.

Therefore, we aim not only to raise awareness of the importance of investing in education for values and understanding of the children’s surrounding environment, but also to emphasize the significance of literature as a tool to be used by educators and teachers.

The theoretical substantiation (Chapter I) of this report, embraces matters as the role of literature in children’s education, learning through literature and the connection between this subject and others such as understanding of the surrounding environment, civic and personal education in pre-school and subjects like Mathematics, Languages and Social Studies in elementary school. The substantiation is based on several renowned Portuguese scholars that we studied and whose methods we applied during the internship.

In Chapter II, we present the review of several texts addressed in the classroom, with different text structures such as the poem, short story, the fable, the legend and narrative text.

Lastly, regarding the pedagogical part (Chapter III), we intend to prove and demonstrate that the literature for children combined with other seemingly distinct areas is of capital importance, enabling children to progress in their learning process trough the practical application of tales, reading and other activities within the school context, thus seeking to provide not only moments of amusement but also appeal to knowledge and values.

Key-words: Education, Literature for children, Understanding of the surrounding

(15)

1

Introdução

Este relatório dissertativo refere-se às atividades pedagógicas por nós realizadas enquanto Educadoras de Infância e Professores do 1º Ciclo no Jardim de Infância S.

Vicente de Paula nº1 e no Centro Escolar Bairro S. Vicente de Paula.

Em contexto de estágio, estas duas experiências são complementares, pois um centra-se na atividade didática na primeira infância (dos 3 aos 6 anos) e a outra no 1º ciclo, mais concretamente no 3º ano de escolaridade, na sua interação com as crianças/alunos e na forma como decorre o ensino-aprendizagem, apontando métodos que permitem o alcance de um saber enciclopédico e interdisciplinar.

Naturalmente, tendo em consideração a faixa etária dos aprendizados, não é espectável que estas obtenham um conhecimento aprofundado das matérias lecionadas. O objetivo é lançar as pistas que permitam adquirir um conhecimento (“saber”) em extensão.

Este relatório procura, assim dar solução às vertentes acima expressas, realçando contudo, a presença de três aspetos cruciais, condicionantes na atividade do educador/professor: o ser, o saber e o fazer. Como nos refere Formosinho

“ Em primeiro lugar, a docência é uma profissão que se aprende desde que se entra na escola, pela observação do comportamento dos nossos professores (…) O professor utiliza, para transmitir o saber profissional, o seu próprio saber profissional. Isto é, um profissional de ensino, ao ensinar, transmite inevitavelmente conhecimentos e atitudes sobre esse processo de ensino, pelo que diz e pelo que faz. Esta transmissão da própria base de legitimidade do saber ocorre na formação de outras profissões apenas no momento do estágio prático (...)”. (Formosinho 2009:95)

No que concerne ao primeiro aspeto, o ser, este diz respeito à índole, maneira de ser, personalidade, e debruça-se particularmente na relação entre educador-criança e professor-aluno. O segundo, o saber, relaciona-se principalmente com os conhecimentos que o educador\professor alcançou durante a sua formação bem como a respetiva renovação e atualização ao longo do tempo para exercer a sua docência.

Quanto ao terceiro e último aspeto, o fazer, este refere-se ao processo de ensino-aprendizagem, às técnicas e métodos de ensino que emprega com o intuito de transmitir,

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2

de forma eficiente, toda a informação subjacente à sua atividade enquanto educador e professor.

Assim sendo, só através de uma boa junção destes três elementos é que se pode aperfeiçoar a qualidade do ensino-aprendizagem, agindo com espírito de abertura, de atualização e permanente formação científico-pedagógica.

É de salientar que este relatório dissertativo apenas poderá facultar elementos nos dois últimos aspetos acima supramencionados – o saber e o fazer. Contudo, estes não albergam tudo aquilo que se passa no contexto de sala de aula, tendo, por conseguinte, uma parte relevante da atividade educativa que não fica integralmente expressa.

O presente documento, como qualquer outro, não detém vida. Uma aula é considerada um espaço vivo, de interlocução e criatividade, quer no Jardim de Infância ou na Escola. Desta forma, é difícil transpor para o papel as vivências de uma sala de aula.

Pretende-se com este relatório dissertativo, apresentar uma reflexão sobre os objetivos, os conteúdos, métodos de ensino e avaliação, de forma a explanar o desempenho da atividade em contexto de sala de aula. Ou seja, proporcionar uma imagem, o mais real possível, da atividade enquanto Educadores e Professores.

Pretende-se, contudo, transmitir de forma clara, objetiva e sintética, um conjunto de informações referentes à Educação/ Ensino no Jardim de Infância S. Vicente de

Paula nº1 e no Centro Escolar Bairro S. Vicente de Paula. O relatório dissertativo será,

tanto quanto possível, um comprovativo da experiência real das aulas presenciadas, que procura cumprir da melhor maneira o nosso dever enquanto Educadora e Professora.

Na sala de aula, e muitas vezes também fora dela, o docente (e não incluímos de forma alguma nesta designação aqueles que “vendem aulas” (Viegas 1993: 110-115), mas os que trabalham com toda a dignidade, dedicação, esforço e honestidade) exerce a sua atividade juntos dos alunos e cumpre o seu dever.

O presente relatório dissertativo encontra-se organizado em três capítulos, precedidos por uma Introdução e seguidas de uma Conclusão, que posteriormente apresentamos.

Com esta investigação, pretendemos expor, de uma forma prática, como a

Literatura para a Infância articulada a outras áreas como o Português, a Matemática, e

o Estudo do Meio (no que respeita ao 1º ciclo do ensino básico), e o Conhecimento do Mundo, a Formação Pessoal e Social e a Expressão e Comunicação (no pré – escolar),

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3

fazem com que haja um progresso na criança, interessando-se pelos conteúdos e extraindo daí tudo aquilo que necessita para conceber aprendizagens significativas, provando assim que a Literatura para a Infância se torna, (quer no Pré-Escolar quer no 1º Ciclo do Ensino Básico), num veículo transmissor de aprendizagens em qualquer das áreas.

Todavia, é pertinente produzirmos algumas apreciações de caráter teórico que suportam\fundamentam aquilo que expomos no Capítulo III deste relatório dissertativo, ou seja, a parte prática do mesmo. Por isso, numa primeira parte, fazemos, o enquadramento teórico que serve de suporte ao tema A Literatura para a Infância:

Conhecimento do Mundo e Educação para os Valores.

Assim sendo, no Capítulo I foca o papel do Educador/Professor, o modo como este leciona e processa a sua abordagem à criança. Procura-se justificar a escolha de determinadas matérias, tendo como objetivo atingir algumas metas, utilizando estratégias metodológicas interdisciplinares.

Trata-se portanto de uma área de grande interesse, uma vez que permite aos indivíduos descobrirem e construírem a sua identidade quer pessoal quer social, podendo ter novas perspetivas, novas vivências e novos conhecimentos. Para tal, utilizamos a Literatura como meio de abordagem ao Conhecimento do Mundo e Estudo

do Meio.

Sendo a Literatura para a Infância uma disciplina transversal, podemos dizer que, através dos textos literários, é possível entrar na área da Formação Pessoal e Social, permitindo uma transmissão de valores e atitudes subjacentes nas atitudes das personagens, bem como na moral das histórias, assim segundo as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar:

“A formação Pessoal e Social é considerada uma área transversal, dado que todas as componentes curriculares deverão contribuir para promover nos alunos atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadãos conscientes e solidários, capacitando-os para a resolução dos problemas da vida. Também a educação pré-escolar deve favorecer a formação da criança, tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo e solidário.” (Ministério da Educação 1997: 51)

O Capítulo II é constituído pela análise dos textos abordados na sala de aula, uma vez que enquanto professores, devemos ter a capacidade de saber analisar semiótica e estruturalmente um texto para que o possamos fazer com as nossas

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4

crianças/alunos. Assim sendo, abordaremos aqui diferentes tipos de textos, tais como, o poema, o conto, a fábula, a lenda e o texto narrativo.

Quanto ao Capítulo III, apresentamos aquilo que foi a nossa prática pedagógica, baseada no método da interdisciplinaridade, tendo em conta a Literatura para a

Infância, para que pudéssemos atingir os objetivos propostos para as áreas de

Português, Estudo do Meio, no 1º ciclo, e Expressão e Comunicação, Conhecimento do Mundo e Formação Pessoal e Social, no Pré-Escolar.

Neste relatório dissertativo, não nos parece exequível fazer um desenvolvimento aprofundado de todos os conteúdos tratados, uma vez que se tornaria demasiado vasto.

Desta forma, trataremos apenas daquilo que consideramos ser os pontos mais importantes para abordar os temas em questão. Estes funcionam em conjunto para justificarem as opções feitas por nós de forma de perspetivar os assuntos, quer a nível da Ciência, como da Pedagogia, e da Didática.

Na nossa profissão de docentes não pretendemos facultar às crianças uma fonte permanente de saberes, mas sim mostrar-lhes que são seres em constante evolução e aprendizagem, sendo que a componente formativa e a vertente informativa se complementam uma à outra

O processo ensino-aprendizagem é centrado no professor, através da sua atividade docente e no aluno, que deve ser um recetor dessa informação, nunca descurando que também ele, deve ser o gerador da sua própria formação e conhecimento. Por isto, segundo Formosinho,

“esta visão abrangente da formação prática dos professores baseia-se numa perspectiva que considera as aprendizagens experienciais e os processos de socialização tão ou mais importantes para o desenvolvimento humano e profissional como as aprendizagens resultantes dos processos estruturados de ensino e aprendizagem.” (Formosinho 2009:99).

Quando lecionamos no 1º Ciclo do Ensino Básico devemos ter a consciência de que estamos a formar cidadãos que deverão ser homens informados e formados, com a preocupação de prepará-los cientificamente, por forma a serem capazes de se integrarem socialmente.

Tendo em conta a afirmação, o professor deve levar os alunos a tomar parte ativa, fomentando o diálogo entre pares\turma com o intuito de exibirem as suas ideias,

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5

pontos de vista e a reagirem às diversas situações. Esta forma de estar vai prepará-los para enfrentar os vários episódios com que eles se vão deparar ao longo da sua vida.

É necessário assim permitir-lhes, de forma controlada, que estejam à vontade em expor as suas ideias, e para isso, as aulas são um espaço que ajudam a ultrapassar essas dificuldades, oferecendo uma comunicação pedagógica que, mais tarde, se traduzirá numa maior interação social.

No fundo, como já referimos, o objetivo principal é formar alunos capazes de enfrentarem a sociedade onde estão inseridos, para que participem um dia, de forma ativa, na sua profissão.

Assim, o Pré-Escolar e o 1º Ciclo podem contribuir para a formação intelectual, social e moral do indivíduo. Isto consegue-se através dos temas que são apresentados na sala de aula sobre as diversas áreas, suscitando opiniões diferentes, as quais levam ao diálogo e à reflexão entre professor/aluno.

(20)

6

Capítulo I

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7

Ao longo desta investigação, pretendemos mostrar como as obras de Literatura

para a Infância auxiliam as crianças a superarem as dificuldades que o próprio

crescimento lhes coloca. Assim, iremos concentrar o nosso estudo na análise de vários textos literários e proceder à aplicação prática dos mesmos aos alunos do pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico.

Inicialmente, iremos expor algumas considerações teóricas, de forma a evidenciar o estudo prático a que nos propusemos. Todavia faremos alusão a algumas considerações em torno do conceito de Literatura para a Infância, sem descurar o próprio conceito de Literatura e, posteriormente, confirmar que ambos os conceitos são veículos transmissores de valores que exercem uma influência importante nas crianças.

Posteriormente iremos fazer uma abordagem à literatura como conhecimento do mundo, visto ser importante avaliar a curiosidade e o desejo inato da criança, em experienciar e descobrir acerca do mundo.

Desde cedo, que a criança produz ideias e saberes sobre o mundo à sua volta mostrando-se espontaneamente interessada e curiosa, revelando assim determinação em conhecer e dar sentido ao mundo que a rodeia.

Também não poderemos deixar de mencionar a importância de educar e transmitir valores, desde cedo, para que a criança durante o seu desenvolvimento tenha uma abordagem positiva quando confrontada com várias situações.

1. A Literatura para a Infância e o conhecimento do mundo

Geralmente, deparamo-nos com os percursos da leitura estimulados por situações de necessidade, satisfação, dever, divertimento, entre outros. Nesta perspetiva, podemos avalizar que a leitura é fundamental para a formação da personalidade e para a evolução intelectual, ética e harmoniosa da criança como ser humano.

Se julgarmos que a escola tem como papel primordial a formação e educação da criança, a literatura é de extrema importância para colaborar nessa mesma formação, pois nela a criança preenche o espaço distinto de ingresso à leitura.

Sendo assim “O que é a Literatura?”. Esta questão tem desencadeado alguma contestação junto dos conhecedores que se debruçam neste tema. Contudo, todos são unânimes em afirmar que a sua entidade despontou com a falta que o homem teve em transmitir aos outros as suas vivências e os seus valores.

(22)

8

Torna-se por vezes bastante difícil aclarar o conceito de Literatura para a

Infância, bem como delimitar o seu princípio enquanto tal. Apresentaremos em baixo

uma citação de Patrícia Costa, que revela nitidamente a complexa definição deste âmbito de estudo:

“Mas afinal, o que é literatura infantil? (...) o termo infantil associado à literatura não significa que ela tenha sido feita necessariamente para crianças. Na verdade, a literatura infantil acaba sendo aquela que corresponde, de alguma forma, aos anseios do leitor e que se identifica com ele, ou seja, aquela que o permite enxergar o mundo à sua maneira, no seu tempo e no seu espaço e, porque não dizer, segundo seus desejos.” (Costa 2003: 11)

É através da literatura que as crianças fazem uma conexão com diferentes sensações e visões do mundo, alcançando, assim, condições para o progresso intelectual e a formação de princípios individuais. O texto literário também lhes permite conhecer diferentes sentimentos e ações que serão veículo de conhecimento do mundo que as rodeia.

A Literatura para a Infância tem um relevante papel na aprendizagem, pois permite ao leitor infantil descodificar o mundo através de emoções e sentimentos.

Quando a criança lê, fortalece o senso crítico, o diálogo, questionando e concordando ou não com a visão do autor. Ela também fortalece a arte através da fantasia, iluminando o espaço ilimitado no imaginário da criança, emergindo em novos textos, através de pinturas, desenhos, colagens etc. A arte literária é essencial para se obter uma visão do mundo e possibilitar a criação do próprio mundo da criança. Assim, Bruno Bettelheim dirá que a literatura,

“Enquanto diverte a criança, (…) esclarece sobre si mesma, e favorece o

desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça á multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão á vida da criança.” (Bettelheim 1980:20)

Podemos, então, afirmar que a literatura para a infância “tem desempenhado uma função relevantíssima, atendendo aos seus destinatários, na modelização do mundo, na construção de universos simbólicos, na convalidação de crenças e valores”. (Silva 1981:14).

A aprendizagem que a criança faz através da literatura para a infância, faz-se acompanhar de um espaço dedicado à fantasia e ao sonho. De facto, o texto de potencial

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receção infantil caracteriza-se também pelo fantástico e maravilhoso presente em quase todas as histórias para crianças.

Neste sentido a Literatura para a infância é concebida para a criança, mas é produzida por adultos, tendo vindo a ganhar nos últimos anos maior reconhecimento perante os autores e a sociedade em geral, suscitando até o interesse de vários escritores prestigiados.

Os textos produzidos para crianças estiveram, desde sempre, relacionados com o compromisso de provocar algum ensinamento, mensagens e até de alguma moral.

Bárbara Carvalho salienta a relevância do sonho e da fantasia no decorrer de toda a vida humana:

“Tirar à criança o encanto da fantasia (...) é sufocar e suprimir toda a riqueza do seu mundo interior. (...) A literatura infantil, enriquecendo a imaginação da criança, vai oferecer-lhe condições de liberação sadia, ensinando-o a libertar-se pelo espírito: levando-o a usar o raciocínio e cultivar a liberdade (...) Tire-se ao Homem a capacidade de sonhar, o poder da imaginação criativa e diga-nos o que resta dele. (...) Sonhar é preencher vazios, é criar condições terapêuticas para o impacto da realidade, é libertar-se enfim.” (Carvalho 1989: 21)

Uma criança que tenha sido familiarizada com os contos, desde muito cedo, compreende visivelmente a importância dos mesmos, quer na transmissão de valores, bem como na formação pessoal e curricular.

Assim, a hora do conto é considerada como um momento mágico e extraordinário por muitas crianças, pois encantam-se com as várias personagens maravilhosas, entrando assim num mundo onde tudo pode acontecer.

Mesquita menciona que:

“…os contos de fadas fazem referência a problemas humanos universais (...) ao falarem de forte impulsos inconscientes, referem-se à necessidade de enfrentar a vida por si só (...) e fazem-no numa linguagem simbólica que a criança pode

compreender, porque é a linguagem da magia, a linguagem dos sonhos.” (Mesquita

2006:170).

Por isso, muitos professores consideram a literatura como um ato fascinante, provoca, ao pequeno leitor, o interesse pela leitura.

É importante ter em consideração que aquilo que se deve explorar é o gosto pela leitura e não simplesmente o hábito de ler. Esse gosto precisa de estar baseado na noção de que ler é, e deve ser, um meio pelo qual se compreende melhor o mundo. Assim, o

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material sobre o qual o professor trabalha deve ser capaz de levar o aluno a descobrir a sua capacidade construtiva e libertadora.

Maurício Silva refere que,

“ler, analisar, interpretar e julgar um texto literário pode ter os mais diversos sentidos para as sociedades letradas, mas talvez nenhum deles seja tão salutar ao ser humano como a capacidade que a literatura tem de conferir ao homem uma singular experiência ontológica, na medida em que emerge como representação simbólica de sua própria vivência”. (Silva 2010:1).

O livro infanto - juvenil deve beneficiar, na escola, de um papel essencial e privilegiado da formação de leitores capazes, leitores para a vida.

Consequentemente, a escolarização da leitura também patenteou a produção de novas fisionomias textuais ao longo dos tempos, particularmente propagadoras da moral e do modo de pensar de cada época.

Sempre que o texto infantil deixa de ser compreendido como um propagador das formas do pensar e agir, abrangendo nesse caso a moral, o reconhecimento com o texto passa a suplementar a própria narrativa, estabelecendo-se como parte dela.

A perspetiva abordada realça que nas disciplinas de ler e escrever transmite-se um vasto espólio literário permutado dos tempos mais longínquos, oralmente, de geração em geração e de memória em memória.

Como mencionamos precedentemente o conceito de Literatura é muito amplo podendo assim ser defendido de acordo com diversas perspetivas.

Magda Soares (1999) considera o decurso de escolarização da literatura como obrigatório, mas auxilia a eventualidade de uma conceção de escolarização apropriada da literatura, que acompanhasse, na ocasião da leitura, critérios que conservam o literário, propiciando ao leitor a existência do literário e não uma deformação ou uma caricatura dele. Esses critérios pretendem orientar, eficazmente, as condutas de leitura literária que sucedem no contexto social como também as posições e aos valores próprios do ideal de leitor que se quer formar. Seria portanto a prática de letramento literário que proporcionaria a formação de um leitor competente.

Para tal, é primordial que o professor possua essa conceção, uma vez que em sala de aula ele é muito mais do que interveniente, é sem dúvida uma verdadeiro exemplo para o aluno. Assim, Abreu refere que “a escola ensina a ler e a gostar de literatura. Alguns aprendem e tornam-se leitores literários. Entretanto, o que quase todos

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aprendem é o que devem dizer sobre determinados livros e autores, independentemente de seu verdadeiro gosto pessoal.” (Abreu 2006:19).

Assim ler literatura, na escola, pode e deve simbolizar muito mais do que uma mera ocasião de fruição.

A linguagem usada nos textos literários adota um caráter persuasor e modelador, para que o recetor da mensagem vá tomando consciência dos valores em causa e por conseguinte estes lhes possam ser incutidos de uma forma não impositiva, partindo da própria criança a adesão a esses valores. Assim sendo, podemos dizer que o texto literário tem de ser flexível, para o leitor interpretar de imediato logo a mensagem apropriada aos contextos (sociais e culturais) em que está incluído.

Portanto a construção interior das competências processa-se na relação e interação social com os outros, sendo a criança influenciada pelo meio sociocultural e familiar em que vive, apresentando-se o contexto educativo como meio de ampliação de novas experiências.

Sendo a criança um ser que cresce e se desenvolve num ambiente social, é importante que ela se consiga adaptar aos vários contextos com que irá relacionar-se ao longo da sua vida. A partilha e o respeito pelas ideias e opiniões diferentes das suas, a sensibilização para questões de âmbito moral e ambiental, as vivências de novas experiências, tudo isto faz parte de um processo de descoberta e o conhecimento de um mundo que gira à sua volta e na qual a Literatura para a infância tem tanta influência.

Podemos então afirmar com certeza que a Literatura para a Infância difere da

Literatura em Geral, na dimensão em que o público a quem esta se destina é um público

concreto, (criança ou o jovem) estando aliado a este tipo de escrita o fator motivação. Não pode ser quebrado o encanto proporcionado pela leitura destas obras literárias, pois estas estimulam na criança uma nova visão da veracidade.

Nesta medida, a literatura para a infância “tem desempenhado uma função relevantíssima, até aos seus destinatários, na modelização do mundo, na construção dos universos simbólicos, na convalidação de sistemas de crenças e valores” (Silva 1981:14). Podemos então concluir que a Literatura para a Infância é aquela que vai ao encontro das aspirações dos mais novos, que veem nela uma forma de compreender e superar as diferenças entre o desenvolvimento físico e psicológico.

Assim, a literatura para a infância é, “antes de tudo, literatura, ou melhor é arte: fenómeno de criatividade que representa o mundo, o Homem e a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real” (Coelho 2000:27).

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Na verdade, esta Literatura tem como objetivo fortalecer e explorar a criatividade das crianças, dando a entender a forma de informar e patentear culturalmente o mundo delas. Estar na presença de literatura escrita para crianças, não significa muitas das vezes que estamos perante um género literário que possui linguagem simples ou menos ponderada. É pois comum depararmo-nos com várias obras detentoras de uma grande exigência linguística, obrigando a criança a fazer um esforço adicional no sentido de conseguir fazer a correta interpretação. Esforço este que pode incidir apenas numa mera pesquisa no dicionário ou, quando falamos de crianças numa faixa etária que assim o permite, numa pesquisa fora da sala de aula auxiliada pelos encarregados de educação.

Desta forma, estimula também o gosto e a habilidade que requer a pesquisa numa biblioteca. Importa salientar que e a Literatura para a Infância perfila um papel pedagógico de destaque, na medida em que permite à criança um maior enriquecimento, quando esta entre em contato com novas palavras e requer o esforço supramencionado, no sentido de entender o seu significado, introduzindo-as assim no seu vocabulário.

A literatura torna-se assim intermediária entre a realidade conduzida através dos contos e a criança em evolução.

No pré-escolar, a imaginação e criatividade da criança são de tal forma elevada, que lhe permite “ler” através das imagens. Quando são confrontadas com histórias escritas numa outra língua que não a do seu domínio, elas beneficiam dessa capacidade de imaginar, de construir na sua mente a própria história, contando-a apenas através das imagens. Interessante o vasto leque de histórias que as mesmas imagens podem produzir numa sala de aula. Consta-se que um fenómeno idêntico se verifica na criança que não lê, mas que ainda assim é conhecedora de algumas histórias mais populares. Quando se recorda essas mesmas histórias à criança, esta capaz de perceber quando se avança ou omite uma parte da história sendo ela própria a primeira a apontar e corrigir o erro. As crianças revelam assim uma enorme capacidade de assimilação do conteúdo das histórias e uma larga imaginação que lhes permite recontar essas histórias, quer recorrendo a imagens (como foi já mencionado anteriormente), quer no registo de todos os pormenores das histórias que lhes são contadas.

Segundo as Orientações Curriculares para a Educação Pré – Escolar: “as histórias lidas ou contadas pelo educador, recontadas e inventadas pelas crianças, de memória ou a partir de imagens, são um meio de abordar o texto narrativo que, para além de outras formas de exploração, noutros domínios de expressão, suscitam o desejo de aprender a ler.” (Ministério da Educação 1997:72).

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O valor das ilustrações na literatura para a infância é relevante não só pelo facto da expressividade das imagens conseguir captar a atenção do público-alvo pela forma em que as torna mais atrativas mas, igualmente, pelo facto de darem a possibilidade ao leitor de vaguear pelo mundo imaginário, vivendo aquele momento, adotando a figura da personagem.

Se, por um lado, a Literatura para a Infância possibilita à criança fortalecer o seu mundo imaginário e rever-se nele, permite-lhe também, momentos de evasão através da fantasia e ilusão.

A fantasia das crianças abrem portas para “realidades” para lá do mundo em que vivem condicionadas por diversos fatores socias.

Na maioria dos contos de Literatura para a Infância, além do caráter moral que esta exibe, é de grande importância a glorificação do herói com que no geral esta termina, com o intuito de incutir na criança/jovem valores e condutas que estes devem pôr em prática na vida em sociedade. Não descuremos, contudo, que o mundo que envolve as crianças e os jovens recetores deste texto literário nem sempre desfruta de um final “cor-de-rosa” como é retratado na generalidade das obras. Citemos Armindo Mesquita que nos diz que:

“a literatura infantil tem uma grande finalidade primária e fundamental que é a de promover, na criança, o gosto pela beleza da palavra, o deleite perante a criação dos mundos de ficção. Para além disto, tem ainda a função de arreigar as palavras no mundo mágico da criança, permitindo-lhe não só entendê-las e usá-las, como também gozá-las e desfrutá-las no contexto da imaginação.” (Mesquita apud Duarte s/d: 11).

É então evidente a relevância que os vários textos reservados aos mais jovens têm na formação dos mesmos, preenchendo um lugar fundamental na experimentação do mundo, auxiliando-os a alcançar a vida real através de mundos imaginários que concebem e recriam ao ler ou ouvir ler um conto.

Ao longo do seu crescimento, a criança deve ser familiarizada com a realidade representada na leitura dos contos, para que estas sejam capazes de a aplicar na sua vida. No entanto, cabe à família ao educador e professor consciencializar as mesmas para essa situação a que estão sujeitas.

É necessário recordar que, enquanto o texto não-literário goza de uma série de funções, voltadas em geral para o pragmatismo quotidiano, o texto literário salienta a

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função harmoniosa da linguagem, beneficiando o discurso primoroso e volvendo a literatura, peculiarmente a Literatura para a Infância, num universo completo de manifestações criativas.

A Literatura germina como consequência do complexo cultural onde a base é a tradição popular beneficia de base. Essa literatura, que podemos evocar de tradicional, é notoriamente assinalada pela oralidade e registada na memória dos povos.

A literatura tradicional sustenta-se das grandes narrativas legendárias como (fábulas, lendas, mitos, contos de fadas, entre outros) em que o maravilhoso e o imaginário prevalecem, tornando-se, origem privilegiada para as narrativas ficcionais da

Literatura para a infância.

Assim, a Literatura eleva o propósito artístico na relação autor/leitor e aprecia a abordagem fantasista da leitura que promove a realidade envolvente, resultando num persistente estímulo à criatividade Infantil e à sua imaginação criativa.

Não podemos descurar, aliás esta é uma questão fundamental à boa interação entre a Literatura para a Infância e a criança, a relação entre a faixa etária da criança e o livro que lhe é presenteado, pois servirá de guia na aventura do descobrimento do universo fantasioso abarcado na narrativa imaginada. Por vezes, a falta de cuidado para esse facto tão compreensível torna-se responsável pela indiferença que a criança expressará, em adulto, pela leitura, existindo depois um afastamento e rejeição ao livro que poderá ser irreversível. Portanto a faixa etária onde se insere a criança delimita os objetivos a que nos devemos propor quando tencionamos apresentar determinado livro a esta, sob pena de não conseguirmos transmitir a mensagem pretendida e causar na criança um desinteresse inconsciente pela leitura, na medida em que ela não percebe aquilo que lhe é lido ou que ela própria lê.

Assim, qualquer que seja a faixa etária, a profusão adequada da Literatura para a

Infância advém de um incontestável contributo para a evolução da inteligência e da

vulnerabilidade humana e, concludentemente, para o decurso de interação social.

Pode então enunciar-se que a Literatura para a Infância é a consequência da interação entre o propósito pedagógico do texto imaginado, o qual estimula o aprendizado, e do seu objetivo lúdico, de estimular a criatividade de uma forma global.

Assim, “durante a infância torna-se relevante proporcionar variadas oportunidades de aprendizagem para que as crianças desenvolvam e construam conhecimentos importantes para a sua vida” (Martins et al, 2009).

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Em jeito de conclusão, realçamos de seguida três aspetos fundamentais da

Literatura para a Infância: o primeiro aspeto diz respeito à forma como a Literatura

atua como incentivo às funções motoras e mentais da criança, contribuindo para a formação da personalidade das mesmas e para a estimulação do imaginário infantil e da sua mente crítica. O segundo aspeto incide essencialmente nas condições postas ao alcance da criança a fim de esta conceber a sua própria identidade social, aprimorando o seu processo de civilidade instituindo classes de valor coesas à ética.

Por fim, o terceiro aspeto promovido pela Literatura para a Infância é, sobretudo, de caráter linguístico pois contribui para o progresso da nomenclatura, para a obtenção de contextos linguísticos e desenvolvimento da narratividade e da escrita.

Importa ainda salientar que a Literatura para a Infância é o espelho da invenção e produção de autores específicos, porém, é também uma forma de notificar e exibir uma época definida e um determinado contexto.

A literatura encontra-se em constante evolução e progresso, pois vai assumindo um papel histórico, social e cultural na educação dos pensamentos. Assume portanto uma função veiculadora de costumes que servirão de base à edificação das sociedades futuras.

Se o principal propósito da literatura (em geral) não é saciar o leitor, é essencial que o autor de Literatura para a Infância tenha como objetivo cativar o público infantil, sensibilizando assim as crianças para a leitura e escrita.

Neste sentido, o educador deve ter um papel ativo, pois terá de orientar os interesses da criança para a leitura, por vezes um pouco incompreendidos, na medida em que hoje, as crianças, têm a atenção focada essencialmente na tecnologia ao seu dispor.

Ao educar para a vida, consciencializando a criança para o mundo que a rodeia, pretendemos pois, contribuir para a formação de cidadãos conscientes, autónomos e solidários, capazes de resolver problemas perante situações que apelem à tolerância, à compreensão do outro, ao respeito pelo meio ambiente e pela Natureza.

Deste modo, Martins refere que as crianças “ao longo da sua vida, constroem verdadeiras explicações e procuram encontrar ideias e conceitos para atribuírem sentido ao mundo e os fenómenos que encontram, estas que serão, mais tarde, ponto de partida para novas e futuras aprendizagens.” (Martins et al, 2009).

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16 “a área do conhecimento do mundo permite articular as outras duas áreas: a

expressão e comunicação; e a formação pessoal e social, pois é através das relações com os outros que se vai construindo a identidade pessoal e se vai tomando posição perante o mundo social e físico. Dar sentido a esse mundo passa pela utilização de sistemas simbólicos-culturais. Não se considerando estas diferentes áreas como compartimentos estanques, acentua-se a importância de interligar as diferentes áreas de conteúdo e de as contextualizar num determinado ambiente educativo.” (Ministério da Educação 1997:21/22)

A Literatura para a Infância como conjunto de géneses literárias reservadas possui a finalidade de educar, permutando valores pedagógicos e linguísticos e incitando à leitura e à escrita. Contudo, não devemos olvidar a sua componente maravilhosa, esta que permite facultar autênticos momentos de alegria e magia à criança.

A literatura aliada a área de Estudo do Meio e do Conhecimento do Mundo potencia o desenvolvimento das várias competências transversais das outras disciplinas, nomeadamente as da leitura e escrita, os conteúdos da própria área do Estudo do

meio/Conhecimento do Mundo, como o uso e interpretação de fontes, temporalidade,

espacialidade entre outras.

Assim, para Vila & Cardo “as crianças partem dos seus conhecimentos e aprendizagens acerca do mundo, adquiridos através das experiências pessoais, para explicar fenómenos e construírem novas aprendizagens e conhecimentos” (Vila & Cardo 2005).

Consideramos assim ser essencial a interdisciplinaridade entre as várias áreas curriculares a que os alunos/crianças estão propostos sendo a literatura para a infância o elo de ligação entre elas, como adiante será enunciado e exemplificado.

2. Os valores na literatura de potencial receção infantil no

desenvolvimento da criança.

“Para que uma história possa prender a criança verdadeiramente, é importante que esta para além de a distrair e despertar a sua curiosidade enriqueça a vida da criança, isto é, estimulando a sua imaginação, envolvendo o seu intelecto e esclarecendo as suas emoções. Para tal, é necessário que esta esteja em sintonia com as suas angústias, as suas dificuldades e ao mesmo tempo sugira soluções para os problemas que as atormentam.” (Bettelheim 1999:11).

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A ligação da literatura com o ensino da língua é para nós indiscutível. Considera-se a literatura imprescindível para a formação do indivíduo, pois é um lugar de memória e educação para valores, possibilitando o desenvolvimento do conhecimento da língua na sua vertente estética, permitindo a lançamento em práticas de cidadania.

Achamos assim, que o contato com a literatura deverá ser feito desde cedo. Quanto ao grau de complexidade dos textos a tratar, este deverá auxiliar no desenvolvimento cognitivo da criança. Segundo Marques,

“está provado que os contos tradicionais transmitem importantes mensagens, quer no que respeita à cultura de um povo quer no campo de valores sociais e morais, Além disso, ajudam as crianças no processo de estruturação da personalidade, criando também a possibilidade de acederem ao chamado senso comum, o que as faz terem uma melhor adequação à realidade que as cerca.” (Marques In Certa 2007:22)

A literatura é entendida como um processo, uma junção entre o texto e o leitor e um avanço na formação de sentidos. A leitura literária terá de contar na escola com a frequência intercessora do professor, pois na sala de aula, este será o guia.

Ao professor compete estimular os saberes já obtidos pelo aluno e reativá-los na construção de textos.

No que concerne à leitura literária em sala de aula, tanto no pré-escolar como no 1º ciclo, será uma orquestração polifónica em que várias vozes conceberão sentidos, respeitando mutuamente o saber do outro, num decurso de complexo reconhecimento.

A literatura para a infância é assim uma portadora de conhecimentos, de aprendizagens interculturais pelos valores, que conduz e poderá cumprir um papel fundamental numa educação em que as culturas se cruzam.

Assim segundo as Orientações Curriculares para o Pré-Escolar:

“A vida em grupo implica o confronto de opiniões e a solução de conflitos que permite uma primeira tomada de consciência de perspectivas e valores diferentes, que suscitarão a necessidade de debate e negociação, de modo a fomentar atitudes de tolerância, compreensão do outro, respeito pela diferença.

A aprendizagem destes valores decorre do respeito que o educador manifesta por cada criança e pela sua cultura. Interagir com o outro, que é diferente, permite tomar consciência de si próprio em relação ao outro.” (Ministério da Educação 1997:54).

A literatura desempenha um papel fundamental, na medida em que divulga a aprendizagem de novos saberes, particularmente, relacionados com diversas culturas e com novos valores, subsidiando a criança na formação do conhecimento e no entendimento da diversidade do mundo que a rodeia.

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Foi então a literatura para a infância, auxiliada pelo conhecimento que as crianças detém do mundo e de todos as mensagens e valores que a mesma transporta, através dos textos literários, que nos debruçamos ao longo dos estágios e mencionámos como tema principal neste relatório dissertativo.

Pretendemos ligar a área do Português com a do Conhecimento do Mundo e

Formação Pessoal e Social no Pré-Escolar, e Português com o Estudo do Meio e Formação Pessoal e Social no 1º Ciclo do Ensino Básico, fornecendo-lhes textos sobre

os mesmos para essa transmissão de conhecimentos e valores. Todas estas áreas encontram-se interligadas, sendo fácil a interdisciplinaridade ao lecionar, pois a literatura é sem dúvida uma área transversal a todas as outras, contribuindo assim para uma melhor aprendizagem e desenvolvimento da criança.

Assim sendo, a educação e os valores são inseparáveis. Os valores detêm uma estreita relação com “as normas de comportamento”, sendo vinculado atitudes das crianças e normas do uso da linguagem.

Referimos que os contos quando transmitem valores educativos fazem com que as crianças entrem em familiaridade com outras culturas e povos, contrapondo-se às suas formas de vida, favorecendo o surgimento da solidariedade e compreensão.

Segundo Vinha (2000:469), o desenvolvimento moral refere-se ao motivo pelo qual as pessoas julgam correta ou incorretamente uma outra ação, o porquê de seguir determinados valores ou princípios.

Assim, a leitura e o conto tornam-se elementos fundamentais para a socialização das crianças, contribuindo para a aprendizagem dos valores sociais.

Podemos afirmar que, os contos, que nos foram contados quando éramos mais novos, ajudaram-nos na nossa construção, educação e formação. Sem dúvida que a leitura é uma transmissora de valores, torna-nos mais humanos e fortalece a nossa qualidade de vida.

A literatura para a infância, é portanto determinante na formação da criança em relação ao mundo que a rodeia e a si mesma, incutindo-lhe, nativamente, um conjunto de valores. Como é mencionado nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar:

“Procurar com as crianças informações em livros, cujo texto o educador vai lendo e comentando de forma a que as crianças interpretem o sentido, retirem as ideias fundamentais e reconstruam a informação, e também ler em conjunto uma receita e segui-la para a realização de um bolo, são alguns meios para que as crianças se apercebam de diferentes utilidades da leitura…” (Ministério da Educação 1997:71).

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O professor/educador consegue ajudar as crianças a diferençar o bem do mal, e a compreender o belo através dos contos e das histórias infantis. São incutidos assim os valores na criança, que virão a ser importantes para o seu comportamento humano e convívio social.

Como nos refere Marques,

“há uma clivagem entre o bem e o mal, e ambos assumem formas humanas- as bruxas más e os lobos maus opõem-se às fadas-madrinhas e às brancas-de-neve. O bom é inteiramente puro, o mau não deixa dúvidas quanto às suas intenções. Não há qualquer tipo de ambivalência, uma vez que para as crianças seria complicado entender que o bom também pode ser por vezes mau e vice-versa (…) as personagens boas são vulgarmente bonitas, o que as torna mais atractivas e facilmente possibilita que a criança se identifique com elas e queira fazer uma colagem ao seu comportamento (…) Invariavelmente, pretendem assemelhar-se ao herói ou heroína, personagem que triunfa perante o mal, e deste modo a regra é facilmente interiorizada.” (Marques In Certa 2007:23)

Ninguém questiona a importância e o impacto que o livro tem na vida da criança, pois o livro será um dos meios mais apropriados para promover uma educação em valores, nomeadamente afetivos, éticos, estéticos e sociais, todos eles imprescindíveis para a formação e educação da criança.

Hoje em dia, a sociedade transmite valores que nem sempre são os corretos para a criança, assim, esta é sujeita a grandes contradições, pois os valores que são transmitidos na escola não vão de encontro aos da sociedade, como o individualismo, o egoísmo, a competitividade, a violência, entre outros.

Deste modo, ponderamos que a literatura pode contribuir para uma nova “versão” da educação da criança.

Se analisamos e interpretamos os enunciados sobre a “educação para os valores” através dos contos para as crianças, sentimos essa forte marca autoritária.

Se o mundo está mal, precisamos mudá-lo, e assim devemos procurar fazer essa mudança, de modo a transmitir às gerações de hoje a fórmula de um mundo melhor, precisámos assim adaptar as crianças e os jovens, segundo os nossos projetos, e para isso nada melhor que a palavra inspiradora, literatura. Vamos aproveitar a literatura o seu caráter espontâneo e a sua liberdade, transformando-a num veículo proveitoso e eficaz para criar seres humanos melhores, que construirão um mundo melhor.

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Os valores são compreendidos, muitas vezes, como crenças básicas na qual interpretamos o mundo e empregamos significado aos conhecimentos, eles fazem parte da nossa cultura.

A leitura é per si um valor, contudo, as leituras são impregnadas pelos valores que o autor inclui direta ou indiretamente no seu texto.

Existem assim valores implícitos e explícitos. Queremos afirmar com isto, que há valores que são absorvidos do texto através de um trabalho de dedução, todavia outros aparecem no texto de uma forma clara.

Segundo Cerillo Pedro:

“una cosa es que um texto denuncie com claridad y de manera directa la explotación laboral infantil, o alerte sobre las recompensas de la generosidad y los perigos del egoísmo…y outra muy distinta que um cuento narre la historia de um niño que trabaja para sustentar a su família…” (Senis Juan 2004:50).

Os alunos, através do texto literário conseguem refletir, debater sobre vários temas e fortalecer o seu espírito crítico, conseguindo assim fazer face às imensas e rápidas transformações da sociedade atual. A literatura contribui portanto, para a formação moral e social dos nossos alunos.

A literatura para a infância tem sido, e contínua a ser, um veículo de variadas mensagens ideológicas para as crianças. Esta, permite à criança contactar, desde cedo, com um conjunto de valores considerados fundamentais, no panorama de um projeto educativo dessas gerações mais novas. São eles, os valores da amizade, da generosidade, da solidariedade, do amor à vida, do respeito pela natureza, do cumprimento da palavra dada, e, particularmente, o da aceitação de que o Outro, embora cultural, física, ou psicologicamente distinto, deve ser amado, respeitado e educado para puder desenvolver-se autonomamente. Para que não existam tentativas, daqueles que representam os educadores/professores, de eliminação dos seus próprios valores.

São portanto todos estes valores, entre outros, como a convivência pacífica da diversidade dos seres, a profunda mensagem de segurança na hipótese de cumprimento de um sonho, elementos essenciais do universo ideológico da criança, que emergem da interação da mesma com o texto.

Sem dúvida que um dos maiores desafios que se colocam à escola, nos dias de hoje, é o “da diversidade, da diferenciação, do multiculturalismo, assumindo que educar

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21

para a cidadania é também educar para o reconhecimento, para o respeito e para a cultura da diferença” (Fonseca 2000:19).

Como Azevedo menciona:

“De facto, não impondo nenhuma moral, nem assumindo explicitamente qualquer intenção didáctico-pedagógica, mas sendo efectivamente um texto que, pela sua forma de conteúdo e de expressão, comporta a novidade semiótica que define e caracteriza a literariedade, ele permite que o leitor reconheça nele e através dele uma série de valores éticos fundamentais à nossa vivência em sociedade”. (Azevedo 2002: s/p)

Desta forma, e tratando-se de um texto que parece presumir, entre os seus possíveis leitores-modelo Eco refere que, um leitor-modelo com uma experiência de leitura limitada pode, de uma forma afigurar-se muito produtiva, estreando os seus mais jovens leitores (Eco 1979), consoante aquilo que a investigadora Maria da Natividade Pires (1996:105), denomina “o caminho da aceitação enriquecedora da diversidade”.

Para que exista uma correta transmissão de valores, o professor deve ter cuidado para não induzir à criança a sua opinião ou qualquer juízo de valor, pois poderá de alguma forma influenciar nas opiniões ou julgamentos das mesmas.

Assim, quando se conta uma história deve evitar-se qualquer comentário ou dar o ponto de vista, pois acaba por influenciar a criança, e esta não possuí as mesmas ideias e julgamentos de valor que o adulto.

É de salientar a importância que as histórias proporcionam à criança, tornando-as conscientes dos seus próprios valores bem como os valores dos outros, que por vezes são diferentes dos seus, ajudando a descentração do pensamento. Conforme nos menciona Vinha,

“uma criança que desde pequena esteja acostumada a discutir, refletir, emitir e justificar a sua opinião, confrontando-a com a dos outros, sem medo de errar, com certeza, será um indivíduo muito mais crítico, atuante e autónomo, do que aqueles que estão acostumados a receber as “verdades” elaboradas vindas de fora” (Vinha 2000:476).

Os textos e pesquisas de entendedores em literatura para a infância, dão exemplos da lógica implícita a uma proposta de transmissão de valores.

A proposta do uso de textos literários para a transmissão de valores atuais multiplica-se nas escolas, através de projetos institucionais, escrita literária, práticas de leitura, entre outros.

Imagem

Gráfico nº 2- Percentagem do número de pais.       Gráfico nº3- Percentagem do número de mães   e a sua respetiva profissão.
Tabela nº2- Escolaridade dos pais.                                          Gráfico nº 4- Percentagem do  número de pais e a sua escolaridade
Figura nº2 - Cartaz realizado com as crianças sobre as  rimas do conto  Os  Ovos  Misteriosos ,  (fonte própria)
Figura nº4- Cartaz alusivo ao conto, feito pelo grupo de crianças mais velhas, da turma, (fonte  própria)
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Referências

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