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Gestão de resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos: proposta de modelo integrado de operação

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e

Eletrónicos

Proposta de Modelo Integrado de Operação

Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente

Diogo André dos Santos

Orientador: Professor Doutor Carlos Afonso Teixeira

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e

Eletrónicos

Proposta de Modelo Integrado de Operação

Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente

Diogo André dos Santos

Orientador: Professor Doutor Carlos Afonso Teixeira

Composição do Júri:

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v

Dissertação de Mestrado em Engenharia

do Ambiente, apresentada na Escola de

Ciências da Vida e Ambiente da

Universidade de Trás-os-Montes e Alto

Douro, realizada sob a orientação do

Professor Dr. Carlos Afonso Teixeira,

Professor Auxiliar do Departamento

Biologia e Ambiente em conformidade

com o Decreto-Lei n.º 216/92 de 13 de

Outubro. As doutrinas apresentadas são

da exclusiva responsabilidade do autor.

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(7)

vii Agradecimentos

Após mais uma importante jornada da minha vida, gostaria de enunciar algumas das pessoas que de alguma forma me apoiaram e auxiliaram na minha formação intelectual, pessoal e académica.

Ao Professor Engenheiro Carlos Afonso Teixeira, um obrigado por ter aceite ser meu orientador e pelo apoio constante tanto neste estudo mas em toda a jornada académica, ajudando-me a evoluir neste processo de aprendizagem.

A todos os excelentes Docentes que me acompanharam ao longo de todo o percurso escolar e académico, que me legaram ferramentas e valores para evoluir como pessoa e profissional. A todos os meus colegas da licenciatura e mestrado do curso de Engenharia do Ambiente pela entreajuda.

À Juliana, um agradecimento especial pelo amor e pela paciência, pelo apoio constante nos momentos menos bons e pelo dom de me fazer feliz.

Aos meus pais, fazem e farão tudo por mim e me apoiaram ao longo da vida. São os meus exemplos de vida.

Ao Rúben e ao Fábio, os melhores irmãos do mundo, que me ensinaram o significado da partilha e altruísmo.

Aos meus futuros sogros, que são uns segundos pais para mim.

Ao resto da minha família, que de uma maneira ou outra, sempre me apoiou.

Por fim aos meus amigos João, Bea, Toni, Nita, Bruno, Cristiana e Margarida por me terem dado a conhecer a verdadeira amizade

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ix Resumo

Os Resíduos Elétricos e Eletrónicos (REEE) possuem uma enorme fonte de recursos secundários (por exemplo, ouro ou prata), capazes de gerar valor acrescentado para os sistemas de gestão deste fluxo de resíduos. Assim, a aposta em novas metodologias e ferramentas de gestão capazes de maximizar quer a eficácia quer a eficiência dos sistemas integrados de gestão assumem valor inestimável.

Neste contexto o âmbito do presente trabalho visa a elaboração de um Modelo Integrado de Gestão de REEE capaz de otimizar os sistemas de gestão integrada e permitindo colaborar nas fases de tomada de decisão, na gestão e monitorização da operação. Para o efeito considera como pressupostos relevantes na análise e gestão integrada dos REEE a produção, o consumo de combustível, a alocação de recursos humanos, o consumo de energia, o desempenho ambiental, a valorização de materiais e componentes, a eliminação de resíduos, os custos operacionais e de contexto.

O Modelo Integrado de Gestão de REEE proposto é suportado por um sistema de indicadores que permitem a avaliação individual do desempenho dos sistemas e, simultaneamente, a comparação dos resultados entre sistemas e regiões.

O sistema de indicadores do Modelo agrupa os indicadores em três grupos distintos: i) os Indicadores Operacionais (Tempos de Distâncias de Recolha, Consumo de Combustível, Consumo de Energia Elétrica, Produtividade dos Colaboradores, Adequação dos Equipamentos de Deposição); ii) Indicadores Económico-Financeiros (como rentabilidade económica, balanço económico e custo unitário) e iii) Indicador Ambiental (Potencial de Efeito de Estufa).

O Modelo proposto é suportado por uma aplicação informática em Excel®, designada por MGEAS-R3E, que agiliza todo o sistema de indicadores de desempenho. O MGEAS-R3E obedece ao princípio do “baixo custo e simplicidade de operação” uma vez que foi pensada e estruturada para o seu uso exigir baixos níveis de complexidade funcional.

Palavras-Chave: Resíduos; Equipamentos Elétricos e Eletrónicos; Sistema Integrado de Gestão; Indicadores de Desempenho; Avaliação de Desempenho.

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xi Abstract

Waste Electrical and Electronic Equipment (WEEE) are a huge source for secondary raw materials (e.g. gold, silver, copper) and add value to the waste stream management systems. Thus, the investment in new methodologies and management tools that are able to maximize to either effectiveness or efficiency of integrated management systems are priceless.

In this context, the aim of this paper is the development of an WEEE Management Integrated Model able to optimize integrated management systems and allow to cooperate in stages of decision making, management and monitoring of the operation. For this propose are considered as relevant assumptions on the analysis and WEEE integrated management, the production, energy consumption, allocation of human resources, environmental performance, material and component valorization, waste disposal and finally operational and context costs. The proposed WEEE Management Integrated Model is supported by an indicator system that allows the systems performance individual evaluation and simultaneously the comparison of results between systems and regions.

The indicator system of the model groups the indicators into three distinct groups: i) Operational Indicators (Collection Times and Distances, Fuel Consumption, Electricity Consumption, Employee Productivity and Adequacy of Disposal Equipments); ii) Economic Indicators (such as economic profitability, economic balance and unit cost) and iii) Environmental Indicator (Potential Global-Warming).

The proposed Model is supported by an app in Excel®, called by MGEAS-R3E, which streamlines all the performance of the indicators system. MGEAS-R3E obeys the “low cost and simplicity of operation” principle, since it was designed and structured for its use to require low levels of functional complexity.

Keywords: Waste; Electrical and Electronic Equipment; Integrated Management System; Performance Indicators; Performance Evaluation.

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xiii Sumário 1. Introdução... 1 1.1. Enquadramento... 1 1.2. Relevância ... 3 1.3. Âmbito e Objetivos ... 4 1.4. Abordagem Metodológica ... 5 1.5. Planeamento e Cronograma ... 6 1.6. Estrutura da Dissertação ... 6 2. Estado da Arte ... 9

2.1. Evolução das Políticas sobre Resíduos ... 9

2.2. Gestão de Resíduos... 10

2.2.1. Principais Etapas da Gestão de Resíduos ... 11

2.2.2. Hierarquia da Gestão de Resíduos... 12

2.3. Caracterização de Resíduos ... 13

2.4. Produção e Tipologia de Resíduos ... 14

2.5. Fluxos Específicos de Resíduos ... 15

2.6. Equipamentos Elétricos e Eletrónicos ... 16

2.6.1. Legislação em Matéria de REEE ... 17

2.6.2. Composição Material dos REEE ... 23

2.6.3. Enquadramento Macroeconómico Português ... 29

2.6.4. Produção de EEE e REEE ... 30

2.6.5. Recolha de REEE ... 34

2.6.6. Gestão Global de REEE ... 38

2.6.7. Entidades Intervenientes no Sistema de Gestão de REEE ... 42

2.6.8. Modelos de Suporte à Gestão de REEE ... 49

3. Modelo Integrado de Gestão de REEE ...53

3.1. Âmbito ... 53

3.2. Dados de Base do Modelo ... 54

3.3. Pressupostos do Modelo ... 57

3.4. Elementos do Modelo ... 58

3.4.1. Recursos ... 58

(14)

xiv 3.4.3. Recolha ... 60 3.4.4. Recolha de Lâmpadas ... 63 3.4.5. Armazenamento ... 63 3.4.6. Tratamento e Valorização ... 64 3.4.7. Indicadores ... 65 3.5. Modelo proposto ... 65 3.5.1. Dados de Base ... 65 3.5.2. Variáveis de Cálculo ... 81 3.5.3. Indicadores de Desempenho ... 105

4. Aplicação Informática do Modelo de Gestão de REEE ... 119

4.1. Descrição ... 119 4.2. Requisitos ... 120 4.3. Arranque ... 120 4.4. Potencialidades ... 122 5. Considerações Finais ... 123 5.1. Síntese Conclusiva ... 123

5.2. Recomendações e Principais Limitações ... 123

5.3. Desenvolvimentos Futuros ... 124

Bibliografia ... 127

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xv Índice de Figuras

Figura 1:Etapas do Trabalho ... 5

Figura 2:Dimensões da Gestão de Resíduos (Fonte: PNGR, 2011). ... 11

Figura 3:Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos (Fonte: LIPOR, 2009). ... 13

Figura 4: Símbolo para marcação dos EEE. ... 18

Figura 5: Rotas conhecidas e permissões ou proibições atuais para as importações ou exportações de REEE (adaptado de Li et al., 2013).... 39

Figura 6: Entidades Intervenientes e suas Funções na Gestão dos REEE em Portugal (Fonte: ... 43

Figura 7: Limite do Sistema no Modelo de Operação de REEE. ... 58

Figura 8: Deposição dos REEE de acordo com as Categorias de EEE. ... 59

Figura 9: Esquema Simplificado de uma Recolha de REEE com dois Fretes. ... 62

Figura 10: Esquema Representativo da Etapa referente ao Armazenamento de REEE. ... 64

Figura 11: Funcionamento de uma UTV. ... 65

Figura 12: Quantidades Relativas das Categorias de EEE que são encaminhadas para Valorização. ... 67

Figura 13: Quantidades Relativas das Categorias de EEE que são encaminhadas para Valorização. ... 68

Figura 14: Fator de segurança, Volume Efetivo e ausência de Fator de Segurança no Dimensionamento da Contentorização. ... 75

Figura 15: Tempos inerentes a uma Recolha, com um único Frete, na operação de Recolha de REEE. ... 78

Figura 16: Tipos de Combustíveis usados para cada tipo de veículo representado no Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 80

Figura 17: Produção de REEE de determinados produtores de uma área de intervenção. .. 83

Figura 18: Quantidade de REEE encaminhados para Valorização... 84

Figura 19: Quantidade de REEE encaminhados para Valorização... 85

Figura 20: Volume Efetivo de um Equipamento de Deposição de REEE. ... 88

Figura 21: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. ... 92

Figura 22: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. ... 92

Figura 23: Tempo Efetivo de Recolha para um Circuito com uma única Recolha e com dois Fretes. ... 93

Figura 24: Tempo de Não Recolha numa Recolha. ... 94

Figura 25: Aplicação Informática MGEAS-R3E ... 119

Figura 26:Folhas de Cálculo do MGEAS-R3E. ... 120

Figura 27:Apresentação das Variáveis na aplicação informática MGEAS-R3E. ... 121

Figura 28: Dados de Base e Variáveis de Cálculo na aplicação informática MGEAS-R3E. 121 Figura 29:Variáveis de BackOffice da aplicação informática MGEAS-R3E. ... 121

Figura 30: Variáveis de Formatação Condicional presentes na aplicação informática MGEAS-R3E. ... 122

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xvii Índice de Tabelas

Tabela 1: Planeamento e cronograma da presente dissertação. ... 6

Tabela 2:Tipos de Resíduos. ... 15

Tabela 3:Descrição das Categorias de EEE de acordo com o Decreto-Lei nº230/2004. ... 16

Tabela 4:Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo I (Categorias de EEE) da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização entre 13 de Agosto de 2012 até 14 de Agosto de 2018. ... 19

Tabela 5: Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo III da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização a partir de 15 de Agosto de 2018... 19

Tabela 6:Categorias de EEE abrangidos pela Diretiva 2012/19/UE. ... 20

Tabela 7:Principais Materiais encontrados nos REEE (Fonte: Cui e Forssberg, 2003). ... 24

Tabela 8:Composição Material de 23 Tipos de REEE (Fonte: Oguchi et al., 2013). ... 24

Tabela 9:Benefícios do Uso de Matérias-Primas Secundárias de Ferro e Aço (Fonte: Cui e Forssberg, 2003). ... 26

Tabela 10:Taxas de Recolha, Recolha Total per capita, EEE inseridos per capita no mercado e Taxas de Reciclagem e Reutilização baseada no Total Recolhido nos países da UE-24 em 2008 (Adaptado de Fischer, 2012). ... 36

Tabela 11:Relação Percentual entre Objetivos de Taxas de Valorização e Resultados alcançados pela ERP Portugal e Amb3E para o período 2010-2011 (Adaptado de ERP, 2011; Amb3E, 2011, 2012). ... 37

Tabela 12:Relação Percentual entre Objetivos de Taxas de Reutilização e Reciclagem e Resultados alcançados pela ERP Portugal para 2010 e Amb3E para o período 2010 e 2011 (Adaptado de ERP Portugal, 2011; Amb3E, 2011, 2012). ... 37

Tabela 13:Fontes e Destinos referente aos movimentos transfronteiriços de REEE (Adaptado de Li et al., 2013). ... 38

Tabela 14:Taxa Anual de Registo de Produtores (Fonte: ANREEE, 2013b). ... 44

Tabela 15:Informações de Contexto presentes no Modelo de Operação de REEE. ... 66

Tabela 16:Informações Ambientais pertencentes ao Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 70

Tabela 17:Valores da Densidade do Combustível de acordo com o tipo de combustível. ... 70

Tabela 18:Poder Calorífico Inferior de acordo com o tipo de combustível... 70

Tabela 19:Fator de Emissão de acordo com o tipo de combustível. ... 71

Tabela 20:Fração Oxidável de Carbono de acordo com o tipo de combustível. ... 71

Tabela 21:Informações Económico-Financeiras referentes ao Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 72

Tabela 22:Informações Operacionais presentes no Modelo de Integrado de Operação de REEE. ... 74

Tabela 23:Variáveis de Cálculo de Carácter Operacional decorrentes do Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 82

Tabela 24:Variáveis de Cálculo de Carácter Económico do Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 100

Tabela 25:Variáveis de Cálculo de Carácter Ambiental presente no Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 104

(18)

xviii

Tabela 26: Indicadores de Desempenho Operacional do Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 106 Tabela 27:Indicadores de Desempenho Económico presentes no Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 109 Tabela 28:Indicadores de Desempenho Ambiental existentes no Modelo Integrado de

Operação de REEE. ... 112 Tabela 29:Indicadores da Operação de Recolha presentes no Modelo de Operação de REEE. ... 113 Tabela 30:Indicadores de Produtividade do Modelo Integrado de Operação de REEE. ... 116

(19)

xix Índice de Gráficos

Gráfico 1:Distribuição dos Impactes Económicos ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de Ferreira, 2009). ...20 Gráfico 2:Distribuição dos impactes ambientais ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de Ferreira, 2009). ...21 Gráfico 3:Quantidades Relativas de Tipos de Plásticos identificados em 45 habitações (9 televisores e 36 monitores) (Adaptado de Schlummer et al., 2007). ...27 Gráfico 4:Quantidades de EEE inseridos no Mercado Português para o período 2006-2012 (Adaptado de ANREEE 2012; ANREEE 2012a; ANREEE, 2012b; ANREEE,2012c;

ANREEE, 2012d; ANREEE,2013e). ...31 Gráfico 5:Variação do PIB, Consumo Privado, Quantidade de EEE inseridos no Mercado Nacional e Número de Registos de Empresas para o período 2008-2011 (Adaptado de ANREEE, 2012d). ...31 Gráfico 6:Quantidade de EEE inseridos no Mercado em Portugal para o período 2006-2012 (Adaptado de ANREEE 2012; ANREEE 2012a; ANREEE, 2012b; ANREEE,2012c;

ANREEE, 2012d; ANREE,2013e). ...32 Gráfico 7:Distribuição de Unidades de EEE, por Categoria, em 2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). ...33 Gráfico 8:Distribuição de Pesos de EEE, por Categoria, em 2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). ...33 Gráfico 9:Estimativas da evolução na produção nacional de REEE para o período 2005-2011 (Adaptado de ERP, 2006; UNU, 2007). ...34 Gráfico 10:Evolução da Recolha de REEE em Portugal para o período 2006-2011 (Fonte: Soares et al., 2012). ...36 Gráfico 11:Evolução do Número de Empresas registadas ao longo do ano de 2011

(Adaptado de ANREEE, 2012d). ...45 Gráfico 12:Evolução do Registo Anual para o período 2005-2012 (Adaptado de ANREEE, 2013e). ...45 Gráfico 13:Estimativa dos Quantitativos Mínimos de cada Entidade Gestora tendo em conta a estimativa nacional para a produção de REEE para o período 2006-2011 (Adaptado de Abrantes, 2009). ...48

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xxi Lista de Abreviaturas

ABS – Acrilonitrilo-butadieno-estireno Ag – Prata

Al – Alumínio

ANR – Autoridade Nacional de Resíduos

ANREEE – Autoridade Nacional para o Registo de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos APA – Agência Portuguesa do Ambiente

ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica~ Au – Ouro

Ba – Bário Be – Berílio Cd – Cádmio

CO2 – Dióxido de Carbono

CPU – Central Processing Unit Cr – Crómio

Cr2O3 – Óxido de Cromo (III)

CRT – Cathodic Ray Tube Cu – Cobre

EEE – Equipamentos Elétricos e Eletrónicos EM – Estado Membro

ERP – European Recycling Platform EUA – Estados Unidos da América EuP – Energy using Products Fe – Ferro

Fe2O3 – Óxido de Ferro (III)

HIPS – Poliestireno de alto impacto

IGAOT – Inspeção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território LCD – Liquid Crystal Display

LER – Lista Europeia de Resíduos MTD – Melhor Técnica Disponível OAU – Óleo Alimentar Usado

OCDE – Organisation for Economic Co-operation and Development PA – Poliamidas

(22)

xxii PAA – Programa de Ação em Matéria de Ambiente Pb – Chumbo

PBB – Bifenilos Polibromados

PBDD/F – Dioxinas/furanos dibenzo polibromados PBDE – Éteres Difenílicos Polibromados

PC – Personal Computer PC – policarbonetos

PCB – Bifenilos Policlorados PCI – Placas de Circuito Interno Pd – Paládio

PDP – Plasma Display Monitors PEEK – Poli (éter éter cetona) PEK – Polietercetona

PET – Poli (tereftalato de etino) PIB – Produto Interno Bruto

PNGR – Plano Nacional de Gestão de Resíduos PP – polipropileno

PPO – poli (p-óxido fenileno) PS – poliestireno

PSU – Polisulfona PU – poliuretano

RCD – Resíduos de Construção e Demolição

REEE – Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos RoHS – Restriction of Certain Hazardous Substances RU – Resíduos Urbanos

SAN – co polímeros de estireno-acrilonitrilo Sb2O3 – Óxido de Antimónio (III)

Sd – Antimónio

SIGERU – Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura SIGRE – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens

SIGREEE – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos

SIGREM – Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos SIPAU – Sistema Integrado de Pilhas e Acumuladores Usados

(23)

xxiii

SIRER – Sistema Integrado de Registo Eletrónico de Resíduos SIRP – Sistema Integrado de Registo de Produtores

SIRPEEE – Sistema Integrado de Registo de Produtores de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos

SMAUT – Sistemas Municipais e Autarquias Aderentes Sn – Estanho

TiO2 – Dióxido de Titânio

UE-27 – União Europeia a 27 Estados Membros UNEP – United Nations Environment Programme UNU – United Nations University

UTV – Unidade de Tratamento e Valorização V – Volts

Zn – Zinco

(24)
(25)

xxv Lista de Acrónimos

AI -Área de Intervenção km2

CC -Consumo Médio de Combustível l.100km-1

CCCirc -Consumo de Combustível no Circuito de Recolha km.circ-1

CCMaq -Consumo Medio de Combustível da Maquinaria l.100km-1

CEFlux -Consumo de Energia Elétrica por Fluxo kW.diaTr-1

CETotal -Consumo Total de Energia Elétrica kW

CEU Flux - Consumo Específico de Energia Elétrica kW.kg-1

Col -Número de Colaboradores col

ContConv -Número de Contentores Convertidos cont

ContD -Número de Contentores Dimensionados cont

ContEx -Número de Contentores Existentes cont

ContPt Rec -Número Médio de Contentores por Ponto de Recolha cont.pt rec-1

CustAd Viat -Custos Adicionais das Viaturas €.ano-1

CustAd Maq -Custos Adicionais da Maquinaria €.ano-1

CustAdm -Custos Administrativos €.ano-1

CustAmort -Custos de Amortização €.ano-1

CustC -Custo Unitário de Combustível €.l-1

CustCC Circ -Custo do Combustível Consumido no Circuito de Recolha €.circ-1

CustCE Flux -Custo do Consumo de Energia Elétrica por Fluxo €.diaTr-1

CustTotal CE -Custo Total do Consumo de Energia Elétrica €.diaTr-1

CustCol -Custo Unitário de Mão-de-Obra €.h-1.col-1

CustElim Flux -Custo de Eliminação por Fluxo €.diaTr-1

CustMan Inst -Custo de Manutenção das Instalações €.ano-1

CustTotal Col -Custo dos Colaboradores por Recolha €.rec-1

CustTotal Elim -Custo Total de Eliminação €.diaTr-1

CustU E -Custo Unitário da Energia Elétrica €.kW-1

CustU Elim -Custo Unitário de Eliminação €.kg-1

(26)

xxvi

DensProd -Densidade dos Produtores prod.km-2

DescRec -Número de Descargas por Recolha desc.rec-1

DiaSem -Número de Dias existentes por semana dia.sem-1

DiaTr -Número de Dias de Trabalho diaTr.sem-1

DistCirc -Distância Percorrida por Circuito de Recolha km.circ-1

DistMaq -Distância Percorrida pela Maquinaria km.diaTr-1

DRec -Duração Máxima da Recolha min.rec-1

Dturn -Duração do Turno h.diaTr-1

EmCo2 -Emissão de CO2 kgCO2.circ-1

FC (i) -Fator de Conversão para o combustível do tipo i t.circ-1

FE(i) -Fator de Emissão kgCO2.GJ-1

FOC -Fração Oxidável de Carbono adimensional

FreqRec -Frequência de Recolha circ.sem-1

i -Tipo de Combustível adimensional

IndAdeq Cont -Indicador de Adequação dos Contentores adimensional

IndBal Econ -Indicador do Balanço Económico €.ano-1

IndCC -Indicador do Consumo de Combustível l.t-1

IndCE -Indicador do Consumo de Energia Elétrica kW.t-1

IndCol -Indicador de Produtividade col.t-1

IndCust U -Indicador do Custo Unitário €.t-1

IndDist Efet -Indicador da Distância Efetiva km.t-1

IndDist Total -Indicador da Distância Total km.t-1

IndGWP -Indicador do Potencial de Efeito de Estufa kgCO2.t-1

IndL/P -Indicador de Rentabilidade Económica adimensional

IndPr -Indicador de Produtividade t.col-1.circ-1

ou t.col-1.diaTr-1

IndTER -Indicador do Tempo Efetivo de Recolha h.t-1

IndTTotal -Indicador de Tempo Total h.t-1

kgt -Número de Quilogramas existentes numa tonelada kg.t-1

(27)

xxvii

PCI(i) -Poder Calorifico Inferior GJ.t-1

Prod -Número de Produtores prod

PU -Produção Unitária de REEE kg.prod-1.dia-1

QCat -Quantidade de cada Categoria de Resíduos kg.dia-1

QCC Maq -Consumo de Combustível da Maquinaria l.diaTr-1

QComp -Quantidade de cada Componente Valorizado por Fluxo kg.diaTr-1

QFlux Dia -Quantidade Valorizada por Fluxo kg.dia-1

QFlux DiaTr -Capacidade Processada kg.diaTr-1

QMat Ferr Flux -Quantidade de Material Ferroso Valorizado por Fluxo kg.diaTr-1

QMat N-Ferr -Quantidade de cada Material Não Ferroso Valorizado por

Fluxo

kg.diaTr-1

QMat N-Val Flux -Quantidade de Material Não Valorizável por Fluxo kg.diaTr-1

QRec -Quantidade a Recolher kg.dia-1

QTotal -Quantidade Total de Resíduos kg.dia-1

QTotal Mat N-Val -Quantidade Total de Material Não Valorizável kg.diaTr-1

QTotal Rec -Quantidade Total a Recolher kg.dia-1

QTotal Val -Quantidade Total Valorizada kg.dia-1

QVal -Quantidade Valorizada de Resíduos kg.dia-1

Rec -Número de Recolhas rec

SemAno -Número de Semanas existentes num Ano sem.ano-1

TCat -Taxa por Categoria de REEE adimensional

TCat Flux -Taxa de Categoria por Fluxo adimensional

TComp -Taxa de Componentes adimensional

TD G-1ºPR -Tempo entre a Garagem e o Primeiro Ponto de Recolha min.rec-1

TD LD-G -Tempo entre o Local de Descarga e a Garagem min.rec-1

TD PR -Tempo entre Pontos de Recolha min.pt rec-1

TD úCont-LD -Tempo entre o Último Contentor da Recolha e o Local da

Descarga

min.rec-1

TD úPR-LD v LD-1ºPR

-Tempo do Último Ponto de Recolha de um Frete ao Local de Descarga ou entre o Local de Descarga e o Primeiro Ponto de Recolha do seguinte Frete

min.fr-1

TDDesc Cont -Tempo de Descarga dos Contentores min.cont-1

(28)

xxviii

TDFlux -Tempo de Processamento por Fluxo min.diaTr-1

TDFr -Tempo por Frete min.fr-1

TDU Flux -Tempo Unitário de Processamento min.kg-1

TDTotal -Tempo Total do Processamento min.diaTr-1

TDTotal Circ -Tempo Total Despendido min.circ-1

TEnch Cont - Taxa de Enchimento dos Contentores adimensional

TEnch Viat -Taxa de Enchimento da Viatura adimensional

TER -Tempo Efetivo de Recolha min.circ-1

TEREnch Viat -Tempo Efetivo de Recolha necessário de modo a Encher a

Viatura de Recolha

min

TM -Tempo Morto min.rec-1

TMat Ferr -Taxa de Material Ferroso adimensional

TMat N-Ferr -Taxa de Material Não Ferroso adimensional

TMat N-Val -Taxa de Material Não Valorizável adimensional

TNRCirc -Tempo de Não Recolha por Circuito de Recolha min.circ-1

TNRRec -Tempo de Não Recolha por Recolha min.rec-1

TRCirc -Tempo de Recolha por Circuito min.circ-1

TRec -Taxa de Recolha de REEE adimensional

TRRec -Tempo de Recolha por Recolha min.rec-1

TVal -Taxa de Valorização de REEE adimensional

VAcum -Volume Acumulado m3.dia-1

VECont D -Capacidade Efetiva Estimada dos Contentores m3.cont-1

VECont Ex -Capacidade Efetiva dos Contentores m3.cont-1

VelN-Rec -Velocidade de Não Recolha km.h-1

VelRec -Velocidade de Recolha km.h-1

VEViat -Volume Efetivo da Viatura m3

VFR -Volume por Frete m3.fr-1

VMComp -Valor de Mercado de cada Componente €.kg-1

VMMat Ferr -Valor de Mercado do Material Ferroso €.kg-1

VMMat N-Ferr -Valor de Mercado de cada Material Não Ferroso €.kg-1

(29)

xxix

VTECont Ex -Capacidade Total Efetiva dos Contentores m3

VTotal Acum -Volume Total Acumulado m3.dia-1

VU Cont D -Capacidade Estimada dos Contentores m3.cont-1

VU Cont Ex - Capacidade dos Contentores m3.cont-1

VVComp -Proveito de cada Componente €.diaTr-1

VVMat Ferr Flux -Proveito de Material Ferroso por Fluxo €.diaTr-1

VVMat N-Ferr Flux -Proveito de Material Não Ferroso por Fluxo €.diaTr-1

VVTotal Comp -Proveito dos Componentes €.diaTr-1

VVTotal Mat Ferr -Proveito do Material Ferroso €.diaTr-1

VVTotal Mat N-Ferr - Proveito do Material Não Ferroso €.diaTr-1

VViat -Capacidade da Viatura m3

VVMat N-Ferr -Proveito de cada Material Não Ferroso €.diaTr-1

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1

1. Introdução

1.1. Enquadramento

Com o desenvolvimento económico e da economia social, alteraram-se os hábitos das populações, com um crescimento acentuado no uso de EEE (Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) (Torretta et al., 2013; Yang et al., 2013).

Na verdade, este resíduo adquiriu uma grande importância nas últimas décadas, sendo que o seu fluxo tem aumentado a um ritmo alarmante, especialmente nos países da OCDE (Organisation for Economic Co-operation and Development), onde os mercados se encontram saturados com enormes quantidades de bens elétricos e eletrónicos, mas também ao nível global, onde por exemplo, as vendas destes equipamentos estão a aumentar de forma abrupta nos países em desenvolvimento (Ongondo et al., 2011b; Widmer et al., 2005; Araújo et al., 2012).

Esta situação agrava-se mais ainda, na medida em que o tempo médio de vida dos dispositivos tem vindo a diminuir acentuadamente, favorecendo, a nível global, um aumento de consumo de EEE.

Deste modo, os REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos) são o fluxo de resíduos que mais tem crescido, representando 5% a nível mundial e 8% a nível europeu, de todos os RU (Resíduos Urbanos). Estima-se que, futuramente, a taxa de produção de REEE continue a aumentar, com uma taxa de crescimento três vezes superior à taxa de crescimento dos RU (Gramatyka et al., 2007; Abu Bakar e Rahimifard, 2008; Ongondo et al., 2011b). Atualmente, o esgotamento de recursos e a poluição são sérios problemas a nível mundial. Os REEE são um dos fatores mais influentes no efeito destes problemas. As inúmeras substâncias perigosas inerentes dos REEE poluem o ambiente (solo, ar, água) e causam sérios efeitos na saúde humana, enquanto que o seu curto ciclo de vida causa um consumo acelerado e uma “superprodução” contínua, fazendo com que a depleção de recursos aumente (Robinson, 2009; Bereketli et al., 2011).

Recentemente este fluxo de resíduos tem recebido bastante atenção não só por ser uma fonte de recursos secundários de recuperação de materiais como metais valiosos, mas também pela sua natureza perigosa, sendo um alvo importante para a prevenção da poluição ambiental (Oguchi et al., 2013).

Portanto, o aumento das quantidades e impactes ambientais dos REEE levaram à introdução de políticas de gestão de REEE e legislação em todo o mundo (Ongondo et al., 2011b). Esta

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legislação sobre o tratamento de REEE incutiu aos produtores responsabilidades nos seus próprios REEE, a fim de lidarem com essas preocupações (Bereketli et al., 2011).

Enquanto outros estão ainda muito aquém, vários países possuem estratégias propostas e implementadas, com vista a lidar com os desafios deste fluxo de resíduos (Ongondo et al., 2011b; Bereketli et al., 2011).

A falta de regulamentação nacional e/ou falta de execução da mesma promove o crescimento de uma economia paralela e ilegal de exportação de REEE para países em desenvolvimento, onde o seu custo de tratamento é bastante mais baixo. Geralmente, nestes países, os REEE são incorretamente manuseados e tratados, provocando sérias consequências adversas na saúde e no ambiente das áreas vizinhas. A maioria dos intervenientes neste setor não estão cientes dos riscos, não conhecem as melhores práticas, ou não têm acesso a capital de investimento para financiar melhorias rentáveis (Ongondo et al., 2011a; Ongondo et al., 2011b; Widmer et al., 2005).

As Diretivas Comunitárias correspondentes à Diretiva 2002/95/CE e à Diretiva 2002/96/CE foram transpostas para a legislação nacional, pelo Decreto-Lei nº230/2004, de 10 de Dezembro, alterado pelos Decretos-Lei nº 174/2005, de 25 de Outubro, nº178/2006, de 5 de Setembro, nº132/2010, de 17 de Dezembro e nº73/2011 que estabelece o regime jurídico a que fica sujeita a gestão de REEE, atribuindo responsabilidades a quem está a colocar EEE no território português e estipulando regras para o tratamento ambientalmente correto de todos os EEE que chegam ao seu fim de vida.

No seguimento do sistema coletivo nacional, foram licenciadas duas entidades gestoras, (Amb3E e a ERP (European Recycling Platform) Portugal) tendo em vista o desenvolvimento, monitorização e gestão do percurso de fim de vida dos EEE.

Foi também estabelecida uma entidade de registo a nível nacional, a ANREEE (Autoridade Nacional para o Registo de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos), com competência de assegurar, organizar e manter o registo obrigatório de produtores de EEE, através do acesso ao SIRPEEE (Sistema Integrado de Registo de Produtores de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos), bem como executar todas as atividades conexas, designadamente a classificação de EEE, a verificação das respetivas quantidades, a prestação de informação às entidades públicas e a informação ao público. Os produtores de EEE devem comunicar a esta entidade, o tipo e a quantidade de EEE colocados no mercado, bem como o sistema de gestão de resíduos a que aderiu (ANREEE, 2012d).

A APA (Agência Portuguesa do Ambiente), que atua como atual ANR (Autoridade Nacional de Resíduos), tem a cargo as funções de propor, desenvolver e acompanhar a execução das

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estratégias de gestão de resíduos, e exercer as competências próprias de licenciamento das operações de gestão de resíduos e das entidades gestoras de fluxos específicos de resíduos, e de controlo operacional e administrativo das transferências de resíduos. (Carvalho, 2008; Teixeira, 2004).

Por outro lado, a crise económica mundial, que afetou seriamente a economia nacional tem posto em causa vários setores de atividade, incluindo o setor dos resíduos. Deste modo, é necessária a implementação de metodologias que permitam ao setor sustentabilidade económica.

No setor dos REEE, vários investigadores têm criado metodologias de modo a fazer face às dificuldades, como por exemplo na criação de modelos que auxiliam no dimensionamento na produção (Gamberini et al., 2009; Gamberini et al., 2010; Jain e Sareen, 2006; Yoshida et al., 2009; Dwivedy e Mittal, 2010), no armazenamento (Gamberini et al., 2009; Gamberini et al., 2010), no transporte (Machado et al., 2010; Achillas et al., 2012) ou na localização de infraestruturas (Salema et al., 2008).

1.2. Relevância

Os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos são referenciados como uma das fontes de resíduos que mais tem crescido na Europa (Cui e Forssberg, 2003). São responsáveis por este facto, a evolução das inovações tecnológicas e a expansão de mercado que continuam a acelerar a substituição de equipamentos que conduz a um aumento significativo de REEE (Bereketli et al., 2011).

Este fluxo de resíduos consiste numa ampla gama de dispositivos elétricos e eletrónicos, com a agravante destes dispositivos possuírem uma enorme diversidade de materiais, que dificulta a definição de uma composição generalizada do material contido para a totalidade deste fluxo de resíduos e como resultado, a complexidade de gestão eficaz do mesmo (Rousis et al., 2008; Mohabuth e Miles, 2005; Ongondo et al., 2011a; Martinho et al., 2012). Aliado a este facto, os REEE podem ser reconsiderados como uma fonte secundária de materiais, mas também contêm inúmeras substâncias tóxicas, pelo que é importante uma gestão adequada dessas substâncias e desses materiais tanto no tratamento, reciclagem ou eliminação deste fluxo de resíduos (Oguchi et al., 2013; Ongondo et al., 2011a; Widmer et al., 2005).

Segundo Rotter e Chancerel, citado por Oguchi et al. (2012), uma vez que as propriedades dos diferentes tipos de REEE diferem, e a mistura de equipamentos em fim de vida é altamente heterogénea, é perentório a separação de REEE por características específicas com vista a otimizar os processos de recuperação de recursos. É simultaneamente útil na

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gestão de substâncias perigosas na reciclagem e tratamento de REEE, porque as características tóxicas contidas nos materiais são também diferentes pelos tipos de REEE. A nível mundial, cerca de 20 a 50 milhões de toneladas de REEE são descartadas anualmente, com um crescimento de 3 a 5% por ano (Schwarzer et al., 2005, citado por Ongondo et al., 2011b; Bereketli et al., 2011). Ao nível europeu, estima-se que, anualmente são produzidos 6 a 9 milhões de toneladas de REEE, com um crescimento associado ao ano de 3 a 5 % e um crescimento de 16 a 28% a cada 5 anos (Bereketli et al., 2011; Mostaghel e Samuelsson, 2010; Ongondo et al., 2011a; Hischier et al., 2005).Segundo Lehtinen e Poikela (2006), em 2015,a quantidade de deposição pode ser maior de 12 milhões de toneladas. Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, a deposição em aterro dos REEE continua a ser preocupante, sendo que apenas um terço dos REEE parecem ser recolhidos, tratados e reciclados (Ongondo et al., 2011a,b).

O sistema integrado de gestão deste fluxo de resíduos apresenta potencialidades para ser um sistema autossustentado. Para isso, este sistema necessita das melhores novas tecnologias e implementação de metodologias inovadoras, e também de um amplo conhecimento do fluxo de REEE. Deste modo, a presente dissertação apresenta um modelo integrado de gestão apoiando a eficiência e eficácia dos sistemas de gestão integrada de REEE, bem como poderá ser uma ferramenta de apoio à decisão, operação e monitorização dos sistemas.

1.3. Âmbito e Objetivos

Atendendo às atuais condições do sistema de gestão integrada de resíduos, depois de uma análise exaustiva, tem-se verificado que este detém grandes potencialidades para se tornar um sistema mais eficaz e ambientalmente sustentável. Neste contexto, o principal objetivo deste trabalho visa o desenvolvimento de um Modelo Integrado de Gestão de REEE capaz de auxiliar as principais entidades do setor (deposição, recolha, armazenamento, tratamento e valorização). Trata-se de uma influente ferramenta de apoio à decisão capaz de otimizar e monitorizar os sistemas de gestão integrada de REEE. As aplicações mais relevantes do Modelo são: (1) dimensionamento da produção de REEE; (2) definição de metas e objetivos de recolha; (3) avaliação de impactes ambientais (Gases com Efeito de Estufa); (4) dimensionamento da capacidade de tratamento e valorização; (5) valorização económica dos materiais valorizáveis (6) necessidade de eliminação em aterro (7) análise económica da gestão operacional da recolha, armazenamento e tratamento e valorização de REEE.

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1.4. Abordagem Metodológica

A execução da dissertação foi estabelecida em 4 etapas (Figura 1).

Figura 1:Etapas do Trabalho

a) Etapa 1: Revisão Bibliográfica

A primeira etapa referente à revisão bibliográfica foi a mais longa, ocupando grande parte do tempo na realização desta dissertação. Foi nesta fase que se procedeu à revisão da literatura, entre os quais artigos científicos, dissertações de mestrado e plataformas informáticas, sobre resíduos e concisamente sobre REEE (movimentos transfronteiriços, realidades de cada país em relação aos principais países mundiais, materiais que compõe este fluxo de resíduos, situação burocrática, etc.), bem como a realidade económica nacional ou a descrição do sistema nacional de gestão de REEE.

b) Etapa 2: Inventariação de Fases e Processos em Centros de Receção e Unidades de Tratamento e Valorização

Nesta fase incidiu-se na procura de exemplos práticos de etapas de sistemas de gestão de REEE, nomeadamente na etapa de armazenamento valorização dos REEE. Nesta fase procedeu-se a uma visita guiada por uma empresa que atua com este fluxo específico de resíduos, e onde através da visualização dos processos, foi possível retirar informação relevante a etapa seguinte, para a construção do Modelo.

c) Etapa 3: Construção do Modelo

É neste estágio que se procede à construção do Modelo Integrado de Operação de REEE, com a definição clara de todos os constituintes do mesmo.

1.Revisão Bibligráfica

2.Inventariação de

Fases e Processos 3.Construção do Modelo

4.Construção da Aplicação Informática

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6 d) Etapa 4: Construção da Aplicação Informática

Nesta etapa, é construída a aplicação informática que agiliza o Modelo Integrado de Operação de REEE.

1.5. Planeamento e Cronograma

No subcapítulo anterior foram definidas as várias etapas da metodologia inseridas nesta dissertação, sendo que no presente subcapítulo pretende-se que se agrupe estas etapas de forma temporal no cronograma relativo ao intervalo temporal em que se desenrolou a elaboração desta dissertação de mestrado. O cronograma seguinte, presente na Tabela 1, mostra as diferentes etapas e o intervalo de tempo investido em cada uma delas.

Tabela 1: Planeamento e cronograma da presente dissertação.

Etapas Meses

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan 1.Revisão Bibliográfica 2.Inventariação de Processos 3.Construção do Modelo 4.Construção da Ferramenta de Gestão de REEE 5.Redação da dissertação

1.6. Estrutura da Dissertação

A dissertação assenta em 5 capítulos principais. O primeiro capítulo diz respeito à Introdução, o segundo capítulo é referente à Revisão Literária, o terceiro capítulo aborda o Modelo Integrado de Operação de REEE, o quarto capítulo incide sobre a Aplicação Informática, em suporte Excel®, decorrente do Modelo construído e por fim no capítulo quinto são apresentadas as Considerações Finais.

O capítulo 1 inclui os subcapítulos referentes ao enquadramento, conveniência, âmbito e objetivos da dissertação, a abordagem metodológica, o planeamento e cronograma e por fim a estrutura da dissertação.

O capítulo 2 integra a revisão da literatura, onde é apresentado o estado da arte ao nível do fluxo específico dos REEE. Este capítulo divide-se em vários subcapítulos dos quais: evolução das políticas sobre resíduos, gestão de resíduos (etapas da gestão de resíduos e hierarquia da gestão de resíduos), caracterização de resíduos, produção e tipologia de resíduos, fluxos

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específicos de resíduos, equipamentos elétricos e eletrónicos (legislação em matéria de REEE, composição material dos REEE, enquadramento macroeconómico português, produção de EEE e REEE, recolha de REEE, gestão global de REEE, entidades intervenientes no sistema de gestão de REEE e modelos de suporte à gestão de REEE (configuração da rede logística, produção de REEE, armazenamento de REEE e transporte de REEE).

O capítulo 3 é dedicado ao Modelo Integrado de Operação de REEE, onde se encontram implícitos os subcapítulos âmbito, dados de base, pressupostos, elementos do Modelo (recursos, produção, recolha, recolha de lâmpadas, armazenamento, tratamento e valorização, indicadores) e Modelo proposto (dados de base, variáveis de cálculo e indicadores de desempenho).

O capítulo 4 compreende a Aplicação Informática MGEAS-R3E, onde estão incluídos os subcapítulos descrição, requisitos, arranque e potencialidades.

O quinto e último capítulo, o capítulo quinto, refere-se às considerações finais, onde se encontram a síntese conclusiva, recomendações e principais limitações e por último desenvolvimentos futuros do Modelo.

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2. Estado da Arte

Neste capítulo será descrito o estado da arte referente ao trabalho. Serão abordadas temáticas da evolução das políticas, gestão, caracterização, produção e tipologia de resíduos, EEE (composição material, produção, recolha, gestão global, enquadramento macroeconómico, entidades intervenientes no sistema de gestão e por fim modelos de suporte à gestão).

2.1.

Evolução das Políticas sobre Resíduos

A política de ambiente tem vindo a evoluir nas últimas décadas na Europa e no Mundo perante os ritmos de crescimento na produção de resíduos, muito devido à evolução tecnológica correspondente à interação entre o homem e ambiente (Schlummer et al., 2007; PNGR, 2011).

De acordo com o PNGR (Plano Nacional de Gestão de Resíduos), a nível comunitário, é nos anos 70 que ocorre o surgimento das preocupações ambientais. Foi na Cimeira de Paris, em Julho de 1972, que os chefes de Estado e de Governo identificaram que, no quadro da expansão económica e da melhoria da qualidade de vida, deveria ser atribuída uma atenção especial ao ambiente. Assim, estava dado o primeiro sinal e o primeiro PAA (Programa de Ação em matéria de Ambiente) da Comunidade Europeia para o período de 1973-76, que abarcou uma referência aos princípios da precaução e do poluidor-pagador e destacou a relevância da prevenção dos impactes ambientais na origem e a racionalização do uso dos recursos naturais (ar, água).

Durante o segundo e terceiro PAA (1977-1986) o significado de controlo de poluição deu lugar ao significado de prevenção da poluição, procurando modificar o foco programático das políticas sobre resíduos. No entanto, não houve formalização desta alteração no enquadramento legislativo europeu, durando as diretivas existentes sobretudo assentes na filosofia de controlo de poluição, com base em proibições de substâncias e de restrições a processos.

A entrada em vigor do Ato Único Europeu, em 1987, compôs a reforma decisiva para o ambiente. A partir deste momento, as medidas comunitárias passaram a dispor de uma base jurídica específica que define os objetivos e os princípios fundamentais da ação da Comunidade Europeia em matéria de ambiente. Foi igualmente estabelecido que as exigências em matéria de proteção do ambiente passariam a constituir uma componente das outras políticas comunitárias.

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Em 1989, no decorrer do quarto PAA (1987-1992), modificou-se a política de resíduos da altura, sendo que o controlo da poluição deu origem à prevenção da produção de resíduos. O quarto PAA foi um quadro transitório entre as políticas da década de 70, concentradas nos processos produtivos e no controlo da poluição e as políticas surgidas em torno da aceção de desenvolvimento sustentável.

No quinto PAA, com duração entre 1993 e 2000, e no Tratado de Maastricht chegou-se a acordo que o desenvolvimento sustentável se estabeleceu como um objetivo prioritário da União Europeia. O quinto PAA apresentava uma visão integradora das diversas componentes ambientais e a responsabilidade de gestão de resíduos passou a ter que ser partilhada por vários agentes, inclusive pelos fabricantes de bens e produtos. Adotou-se o conceito de responsabilidade alargada do produtor, com a imposição aos produtores da responsabilidade pelos seus produtos no final do ciclo de vida e o cumprimento de determinadas metas e normas ambientais na recolha, reciclagem e outras formas de valorização. Com esta mudança no enquadramento foram definidos fluxos prioritários de resíduos, devidos às quantidades e/ou perigosidade.

Com o sexto PAA, com durabilidade entre 2002 e 2010, a política de resíduos alterou-se novamente, sendo que os resíduos passaram a ser vistos como saídas do sistema económico, levando a que a sua gestão de resíduos seja parte integrada do ciclo socioeconómico dos materiais.

A política de resíduos, ao longo do tempo, foi sendo alterada e cada vez mais estruturada, resultado das necessidades globais de recursos, mas também das preocupações crescentes com os resíduos. Passou-se então, de uma política de resíduos orientada apenas para os processos para uma mesma política que abrange os sistemas.

O sistema incorpora diversos processos tais como a recolha, o armazenamento, o tratamento ou a valorização. Estes processos são compostos por várias operações como a separação manual, a separação eletromagnética ou a separação densimétrica. As interligações de operações formam um processo e um conjunto de processos trata-se de um sistema.

2.2.

Gestão de Resíduos

Segundo o Decreto-Lei nº73/2011, a gestão de resíduos “aplica-se às operações de gestão de resíduos, compreendendo toda e qualquer operação de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, bem como às operações de descontaminação de solos e à monitorização dos locais de deposição após o encerramento das respetivas instalações”.

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A gestão de resíduos integra assim, diversos componentes, alguns descritos já anteriormente na própria definição, bem como outros componentes tal como políticas, regulamentação e legislação inerentes a este conceito ou até mesmo princípios da gestão de resíduos. Na Figura 2 estão ilustradas as várias componentes da gestão de resíduos.

Figura 2:Dimensões da Gestão de Resíduos (Fonte: PNGR, 2011).

2.2.1. Principais Etapas da Gestão de Resíduos

Os sistemas de gestão de resíduos são formados tendo em conta diversas etapas, sendo elas comuns a todos os tipos de resíduos. As mais relevantes são as etapas da recolha, valorização e eliminação.

Recolha

De acordo com o Decreto-Lei nº73/2011 a recolha é a “operação de apanha, seletiva ou indiferenciada, de triagem e/ou mistura de resíduos com vista ao seu transporte. Normalmente, é a etapa da gestão de resíduos que integra a deposição, a remoção e o transporte”. Esta operação tem por base circuitos de recolha, previamente definidos e delimitados. Esta operação de recolha é levada a cabo por equipas e equipamentos adequados para esse fim.

Valorização

Conforme o Decreto-Lei nº73/2011, a valorização é a “operação de reaproveitamento de resíduos, nomeadamente na utilização principal como combustível ou outros meios de

Gestão de Resíduos Prevenção e Redução Recolha Transporte Valorização Eliminação Políticas Legislação Regulação

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produção de energia, recuperação, reutilização ou reciclagem de resíduos; na recuperação ou regeneração de solventes ou na reciclagem ou recuperação de compostos orgânicos que não são utilizados como solventes, incluindo o seu carácter nocivo, devendo a gestão de resíduos evitar também ou, pelo menos, reduzir o risco para a saúde humana e para o ambiente causado pelos resíduos sem utilizar processos ou métodos suscetíveis de gerar efeitos adversos sobre o ambiente, nomeadamente através da criação de perigos para a água, o ar, o solo, a fauna e a flora, perturbações sonoras ou odoríficas ou de danos em quaisquer locais de interesse e na paisagem”.

Eliminação

Segundo o Decreto-Lei nº73/2011, a eliminação é a “operação que visa dar um destino final adequado aos resíduos nos termos previstos na legislação em vigor, nomeadamente nas classes de i) a xv) do Artigo 2º, alínea j”. A eliminação de resíduos deve, portanto, ser a última opção na gestão de resíduos.

Segundo Bereketli et al. (2011) os métodos de eliminação usualmente mais utilizados são a deposição em aterro e a incineração. A incineração é um método mais caro, mas é um método mais seguro quando comparado com a deposição em aterro. Os dois métodos abordados podem ser utilizados como meio de geração de energia (Bereketli et al., 2011).

2.2.2. Hierarquia da Gestão de Resíduos

Na União Europeia, a hierarquia de gestão de resíduos (Figura 3) estabelecida impõe prioridade no tratamento e valorização dos resíduos. Segundo esta hierarquia, os resíduos são vistos como recursos e a primazia reside na sua redução. Quando esta não pode ser minorada, dever-se-á favorecer a reutilização e só depois a reciclagem. A deposição de resíduos em confinamento técnico deve ser evitada ao máximo e é considerado como a última opção de tratamento de resíduos.

De acordo com o Decreto-Lei nº73/2011 a reutilização trata-se de “qualquer operação mediante a qual produtos ou componentes que não sejam resíduos são utilizados novamente para o mesmo fim para que foram concebidos”. A reciclagem, segundo o mesmo Decreto-lei, define-se como “qualquer operação de valorização, incluindo o reprocessamento de materiais orgânicos, através da qual os materiais constituintes dos resíduos são novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou para outros fins mas que não inclui a valorização energética nem o reprocessamento em materiais que devam ser utilizados como combustível ou em operações de enchimento”.

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Figura 3:Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos (Fonte: LIPOR, 2009).

A redução de resíduos, inclui a redução da sua quantidade e se possível da sua perigosidade. A redução da quantidade de resíduos pode ser feita: i) Eliminando os resíduos na fonte; ii) Reduzindo os resíduos na fonte e iii) Reutilizando os produtos.

Além do princípio da prevenção e redução presente na hierarquia de gestão de resíduos, existem outros princípios gerais bastante importantes na gestão de resíduos, como o princípio da responsabilidade pela gestão, o princípio de equivalência e o princípio da autossuficiência, descritos no Anexo I.

2.3. Caracterização de Resíduos

A aceção do conceito de “resíduo” é fundamental para o êxito do planeamento da gestão de resíduos. No entanto, devido à diversidade de definições deste conceito, não subsiste uma classificação singular e aceite a nível mundial (Teixeira, 2004).

De acordo com o PNGR, o conceito de resíduo advém desde 1975, descrito no direito europeu, não tendo sofrido alterações importantes desde então.

No entanto, a Diretiva nº2008/98/CE de 19 de Setembro (nova Diretiva-Quadro) enquadra novas ideologias, com o envolvimento de desclassificação da categoria de resíduo para certos materiais, desde que estes cumpram com certos critérios específicos. Trata-se de um passo importante para agilizar a reincorporação desses materiais no circuito económico, aumentando a eficiência da utilização dos recursos naturais. Esta Diretiva veio elucidar a definição de resíduo, de modo a revigorar a valorização dos resíduos e a sua utilização com o objetivo de preservar os recursos naturais e aumentar o valor económico dos resíduos, com a introdução de conceitos como subproduto e fim do estatuto de resíduo, de maneira a aproximar a gestão dos materiais que se encontram no âmbito desses conceitos, da gestão dos recursos materiais no sistema económico (PNGR, 2011).

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Em Portugal, a definição de resíduo que é válida neste momento está descrita no Decreto-Lei nº73/2011, que caracteriza resíduo como “quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer”. No entanto, numa lógica de utilização sustentável dos recursos, as substâncias ou objetos de que um detentor se pretenda desfazer não devem igualmente considerar-se um resíduo automaticamente pois podem constituir um recurso interessante para outra entidade. Neste contexto, o conceito de subproduto presente na nova Diretiva-Quadro é importante, de forma a facilitar o aproveitamento destes recursos, desde que se garanta que esse aproveitamento é realizado em condições adequadas.

Observando o conceito legal de resíduo a nível nacional podemos identificar duas integrantes relevantes no mesmo. A primeira recai no suporte da própria definição, ou seja, na compreensão de que é estimado de resíduo. A segunda integrante diz respeito à classificação dos resíduos particularmente através da LER (Lista Europeia de Resíduos), publicada na portaria nº209/2004, de 3 de Março.

2.4. Produção e Tipologia de Resíduos

Os resíduos são gerados por diversas atividades, sejam elas de produção ou consumo, na nossa sociedade e presentes em vários estados físicos (sólidos, gasosos e líquidos) (Ferreira, 2009). Estas atividades são alimentadas por recursos naturais, entrando no ciclo económico para desempenhar uma determinada função ou serviço. Posteriormente, caso não sejam reaproveitados, estes recursos regressam ao ambiente na forma de resíduos ou emissões. Os resíduos podem estar dispostos a partir de diferentes abordagens (Tabela 2): i) composição química, sendo que o conceito se aplica à existência ou não de degradação orgânica; ii) origem do resíduo, sendo que o conceito advém do tipo de atividade económica; produto, onde o conceito se aplica para resíduos que provém do mesmo tipo de produto, e que é independente da sua origem e iii) características físicas e químicas, sendo que os resíduos são diferenciados pelas suas propriedades.

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Tabela 2:Tipos de Resíduos.

Tipo de Resíduo Tipo de Resíduo

Composição Química Orgânicos Características Físicas e Químicas Resíduos Perigosos

Inorgânicos Resíduos Não Perigosos

Produto

Embalagens Resíduos Inertes

Óleos Minerais Usados Resíduos Líquidos

REEE Resíduos Sólidos

Veículos em Fim de Vida Origem do Resíduo Resíduos Biodegradáveis Resíduos de Construção e Demolição Resíduos Agrícolas Óleos Alimentares

Usados Resíduos Industriais

Resíduos

Biodegradáveis Resíduos Hospitalares

Resíduos Urbanos e Equiparados

2.5. Fluxos Específicos de Resíduos

Os fluxos de resíduos, descritos no Decreto-Lei nº73/2011, são o “tipo de produtos de uma categoria de resíduos, transversal a todas as origens, nomeadamente embalagens, eletrodomésticos, pilhas, acumuladores, pneus ou solventes”.

A gestão destes fluxos de resíduos é assegurada por sistemas individuais do consignação ou por sistemas integrados de gestão de resíduos, que definem os procedimentos de gestão de deposição, recolha e tratamento com o objetivo de se obterem benefícios ambientais, otimização económica e aceitação social (Teixeira, 2004).

O financiamento deste fluxo de resíduos é assegurado pelos produtores, embaladores e importadores ao garantirem a contrapartida por cada produto colocado no mercado, em função do seu peso e material. Trata-se de um valor, designado Ecovalor, que procura cobrir os custos de recolha e/ou classificação de resíduos, excluindo os custos da recolha indiferenciada e da eliminação para aterro (Teixeira, 2004).

Existem vários fluxos específicos de resíduos entre eles as Embalagens, Pneus Usados, Pilhas e Acumuladores Usados, VFV, Óleos Minerais Usados, OAU (Óleos Alimentares Usados), RCD (Resíduos de Construção e Demolição) e REEE. No Anexo II encontra-se de forma detalhada cada fluxo específico de resíduos, à exceção dos REEE, que são definidos abaixo, com devido destaque.

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2.6. Equipamentos Elétricos e Eletrónicos

De acordo com o disposto na Diretiva 2002/95/CE, de 27 de Janeiro de 2003 e no Decreto-Lei nº230/2004, de 10 de Dezembro de 2004, do artigo 3º, alínea a), os EEE são os “equipamentos cujo funcionamento adequado depende de correntes elétricas ou campos eletromagnéticos, bem como os equipamentos para geração, transferência e medição dessas correntes e campos pertencentes às categorias definidas no anexo I A da Diretiva 2002/96/CE (REEE) ou no anexo I do Decreto-Lei nº230/2004 e destinados a utilização com uma tensão nominal não superior a 1000V para corrente alterna e 1500V para corrente contínua”.

Os REEE encontram-se classificados na LER, descrito na Portaria nº209/2004, de 3 de Março, nomeadamente no capítulo 16, correspondente aos resíduos não especificados em outros capítulos desta lista mais concretamente no capítulo 16 e subcapítulo 02 (código 16 02), referente aos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos. Adicionalmente, os REEE podem ser classificados nesta portaria, no capítulo 20 e subcapítulo 01 (resíduos de frações recolhidas seletivamente) através dos códigos 20 01 21 (*) referente a lâmpadas fluorescentes e outros resíduos contendo mercúrio; 20 01 23 (*) alusivo a equipamentos fora de uso contendo clorofluorcarbonetos; 20 01 35 (*) relativo aos equipamentos elétricos e eletrónicos fora de uso não abrangidos pelos códigos 20 01 21, 20 01 23 e por fim 20 01 36, respeitante aos equipamentos elétricos e eletrónicos fora de uso não abrangidos em 20 01 21, 20 01 23 ou 20 01 35. No Anexo III encontram-se descritos os capítulos 16 e 20 do código LER, onde estão classificados os REEE.

Os equipamentos pertencentes à definição de EEE estão dispostos em dez grandes categorias (Tabela 3), segundo o anexo I do Decreto-Lei nº230/2004. Em anexo está presente uma lista pormenorizada dos produtos inseridos em cada categoria de EEE (Anexo IV).

Tabela 3:Descrição das Categorias de EEE de acordo com o Decreto-Lei nº230/2004.

Categorias de EEE Descrição

1 Grandes Eletrodomésticos

2 Pequenos Eletrodomésticos

3 Equipamentos Informáticos e de Telecomunicações

4 Equipamentos de Consumo

5 Equipamentos de Iluminação

6 Ferramentas Elétricas e Eletrónicas (com exceção de ferramentas industriais fixas

de grandes dimensões)

7 Brinquedos e Equipamento de Desporto e Lazer

8 Aparelhos médicos (com exceção de todos os produtos implantados e infetados)

9 Instrumentos de Monitorização e Controlo

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Os REEE, segundo o Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro, do artigo 3º, alínea b), são os “EEE que constituam um resíduo na aceção da alínea a) do artigo 3º do Decreto-Lei nº239/97, de 9 de Setembro, incluindo todos os componentes, subconjuntos e materiais consumíveis que fazem parte integrante do equipamento no momento em que este é descartado”.

De facto, a definição de REEE é de tão vasta abrangência, que se pode incluir, para além dos produtos em fim de vida, os produtos danificados, avariados e em fim de utilização (Barroso e Machado, 2005).

2.6.1. Legislação em Matéria de REEE

A UE desde cedo tem presente a necessidade da criação de medidas em relação a este fluxo específico de resíduos. A Diretiva 75/442/CEE do Conselho, de 15 de Julho de 1975, é um bom exemplo disso que previu que havia condições para o estabelecimento, a partir de diretivas específicas, regras para os casos especiais ou em complemento das previstas na Diretiva 75/442/CEE quanto à gestão de determinadas categorias de resíduos. Em 1996, o Parlamento Europeu solicitou à Comissão que apresentasse propostas de diretivas relativas a vários fluxos de resíduos prioritários, incluindo os REEE. Em Junho de 2000, foi publicada a Diretiva COD 2000/0158, relativa aos REEE e a Diretiva 2000/0159, referente à restrição do uso de determinadas substâncias perigosas em EEE (Carvalho, 2008). Em 2003, são publicadas as Diretivas 2002/95/CE (Diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances)) do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro, relativa ao uso de determinadas substâncias perigosas em EEE e a Diretiva 2002/96/CE (Diretiva REEE) do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Janeiro, alusiva aos REEE.

Diretiva REEE

A Diretiva 2002/96/CE foi reformulada dando origem à Diretiva 2012/19/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de Julho. Os objetivos da política ambiental da União são, em especial, a preservação, proteção e melhoria da qualidade do ambiente, a proteção da saúde humana e a utilização prudente e racional dos recursos naturais. Esta política baseia-se no princípio da precaução e nos princípios da ação preventiva, da correção, prioritariamente na fonte, dos danos causados ao ambiente e do poluidor-pagador.

Ao prever a responsabilidade do produtor, a diretiva incentiva a conceção e fabrico dos EEE que facilitem a reparação, a eventual atualização, reutilização, desmontagem e reciclagem dos REEE.

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A presente Diretiva inclui os EEE utilizados pelos consumidores, mas também os EEE utilizados a nível profissional. É incluído nesta mesma Diretiva encontram-se requisitos de conceção ecológica que facilitam a reutilização, o desmantelamento e a valorização dos REEE.

A recolha seletiva é uma condição prévia para assegurar um tratamento e reciclagem dos REEE que é necessária para atingir o nível desejado de proteção da saúde humana e do Ambiente da UE. O símbolo que indica a recolha seletiva de EEE é constituído por um contentor de lixo barrado com uma cruz. O símbolo deve ser impresso de forma visível, legível e indelével (Figura 4).

Figura 4: Símbolo para marcação dos EEE.

Por outro lado, a Diretiva tem o objetivo de evitar as transferências indesejadas de EEE que não funcionem para países em desenvolvimento.

O tratamento dos REEE, segundo a Diretiva, deverá ser específico para este fluxo específico de resíduos, com a finalidade de evitar a dispersão de poluentes no material reciclado ou no fluxo de resíduos. Os estabelecimentos ou empresas que efetuem operações de recolha, reciclagem ou tratamento deverão cumprir normas mínimas para prevenir os impactes negativos associados ao tratamento de REEE. Deverão se utilizar as MTD (Melhores Técnicas Disponíveis) de tratamento, valorização e reciclagem, desde que se assegurem a proteção da saúde humana e uma elevada proteção do ambiente.

A recolha, o armazenamento, o transporte, o tratamento e a reciclagem de REEE deverão ser realizados de acordo com uma abordagem orientada para a proteção do ambiente e da saúde humana e a preservação das matérias-primas. Em complemento, deverão ter por objetivo a reciclagem de recursos valiosos contidos nos EEE com vista a assegurar um melhor fornecimento de mercadorias na UE.

A Diretiva apresenta os objetivos mínimos de valorização e reciclagem bem como metas de valorização e reciclagem (Tabela 4, Tabela 5 e Tabela 6). Para facilitar a gestão, e em especial o tratamento e a valorização ou reciclagem dos REEE, é importante que os produtores

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forneçam informações sobre a identificação dos componentes e materiais presentes neste tipo de resíduos.

Tabela 4:Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo I (Categorias de EEE) da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização entre 13 de Agosto de 2012 até 14 de Agosto de 2018.

Tabela 5: Objetivos Mínimos, por Categoria do anexo III da Diretiva 2012/19/UE, de Valorização, Reciclagem e Reutilização a partir de 15 de Agosto de 2018.

Categorias Valorização Reciclagem e Reutilização

1 85% 80%

2 80% 70%

3 --- 80% devem ser reciclados

4 85% 80%

5 75% 55%

6 75% 55%

Os objetivos definidos na Tabela 5 retratam uma diferente categorização dos resíduos. Na Tabela 6 são definidos os equipamentos pertencentes à categoria apresentada na tabela anterior. Categorias Entre 13 de Agosto de 2012 e 14 de Agosto de 2015 Entre 15 de Agosto de 2015 e 14 de Agosto de 2018

Valorização Reciclagem Valorização Reciclagem e Reutilização 1 80% 75% 85% 80% 2 70% 50% 75% 55% 3 75% 65% 80% 70% 4 75% 65% 80% 70% 5 70% 50% 75% 55% 6 70% 50% 75% 55% 7 70% 50% 75% 55% 8 70% 50% 75% 55% 9 70% 50% 75% 55% 10 80% 75% 85% 80% Lâmpadas de descarga de gás --- 80% --- 80% devem ser reciclados

Imagem

Figura 2:Dimensões da Gestão de Resíduos (Fonte: PNGR, 2011).
Figura 3:Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos (Fonte: LIPOR, 2009).
Tabela 2:Tipos de Resíduos.
Gráfico 1:Distribuição dos Impactes Económicos ao longo da cadeia operacional dos REEE (Adaptado de  Ferreira, 2009)
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Referências

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