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Emprego de uma metodologia para aquisição de materiais numa empresa de construção civil da cidade de Campos dos Goytacazes

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Academic year: 2021

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Resumo

O setor da construção civil no Brasil tem uma grande importância econômica, com participação efetiva tanto em salários pagos e em pessoal ocupado, como no PIB brasileiro. Isto reflete a necessidade de uma maior aten-ção ao setor, com o intuito de melhorar a infra-estrutura do país e, ao mesmo tempo, gerar mais empregos e renda. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso da aplicação da me-todologia proposta por Carvalho (2001), direcionado a uma empresa de construção civil da cidade de Campos dos Goytacazes, visando ilustrar uma maneira de melhoria deste setor no que tange à aquisição de materiais. A metodologia visa prover ferramentas para apoiar o processo decisório na cadeia de suprimentos, buscando a aquisição de matérias-primas pela escolha do melhor conjunto de contratos de fornecimento. O foco da meto-dologia é a análise da relação de cada fornecedor e cada produto, formando pares fornecedor/produto, que são as alternativas de decisão para os modelos, de forma estratégica, buscando a redução dos custos do material adquirido. Desta forma, são geradas informações capazes de dar um melhor suporte na tomada de decisão. Palavras-chaves: Construção civil; Otimização; Gerenciamento do relacionamento com o fornecedor. Abstract

The sector of construction in Brazil has a great economic importance, with effective participation in both wages and number of employees in the Brazilian GIP. This fact reflects the necessity of a better attention to the sector, aiming to improve the infrastructure of the country and at the same time to generate better incomes and jobs, having as consequence the increase of the GIP of the country. In such a way, the present work aims to present a case study with application of the methodology proposed by Carvalho (2001), directed to a civil construction company of the city of Campos dos Goytacazes, aiming to illustrate a way of improvement for this economic sector. The methodology aims to provide tools to support the decision process in the supply chain, searching for an optimal set of supply contracts. The focus of the methodology is the analysis of the relation of each supplier and each product, forming pairs supplier / product, that are the decision alternatives for the models, searching the reduction of the costs of the acquired material. Therefore, information models are presented to give support in the decision making.

Keywords: Construction Industry, Optimization, Supply Chain Management, Supplier Relationship Management.

aquisição de materiais numa empresa

de construção civil da cidade de

Campos dos Goytacazes

R eceb ido em: 02/03 A valiado em:

Jean Crispim Ferreira (UENF) – crispim@uenf.br

• R. Carivaldino Pinto Martins, 26, apto 103, Pq. Califórnia, CEP 28013-043, Campos dos Goytacazes, RJ Rogério Atem de Carvalho (CEFET-Campos) – ratem@cefetcampos.com.br

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1. INTRODUÇÃO

A construção civil é um setor amplo abrangendo vários níveis da classe social, tanto com relação à ge-ração de emprego como à habitação. Um dos fatores que dificulta o avanço do setor, é o pouco investimento em aperfeiçoamento tecnológico, sendo ocasionado pela relação com a mão-de-obra pouco qualificada, o que gera uma necessidade de capacitação técnica dos funcionários, que para muitas empresas, é conside-rado desnecessário.

O presente trabalho emprega uma metodologia proposta por Carvalho (2001), como forma de valida-ção, num estudo de caso de uma empresa de construção civil da cidade de Campos dos Goytacazes – RJ. A metodologia envolve a obtenção de dados qualitativos para classificação dos fornecedores e dados quanti-tativos para redução do custo de material necessário nas obras. Para tal, foi criado uma ferramenta baseada em programação matemática, capaz de auxiliar na tomada de decisão, visando à uma melhoria de desempe-nho e, conseqüentemente, lucratividade, diminuindo as perdas na construção e desenvolvendo o setor com maior competitividade e mais qualidade.

No caso da empresa em estudo, o relacionamento entre empresa e seus fornecedores se limita ao controle de material entregue na obra, evidenciando atrasos, com quantidades entregues fora do prazo es-tabelecido ou de baixa qualidade. Os fornecedores são selecionados principalmente, pelo preço e forma de pagamento, não sendo armazenadas informações quaisquer sobre seu relacionamento com a empresa. Há um sistema de gerenciamento de materiais instalado, mas fora de funcionamento, pois é usado de maneira ineficaz, pela falta de capacitação dos funcionários.

Em virtude da dificuldade de obtenção de dados mais claros, foram feitas algumas considerações e, a partir delas, simuladas quatro situações diferentes de obras possíveis de serem realizadas pela empresa, num período de um ano, sendo definida qual a melhor situação pela margem de lucro da empresa.

2. REVISÃO DA LITERATURA

Carvalho (2001) realizou uma extensa revisão literária, baseada em autores, como:

• Carter (1997) que destaca contratos nacionais para frete e seguro, buscando descontos para a redução de custo;

• Chapman (1998) que, por sua vez, apresenta um sistema de compras pela Internet, que armazena to-das as informações de contratos e política de compras;

• Ferreira (1993) que definiu critérios para a análise e, por conseguinte, classificação dos serviços e pro-dutos dos fornecedores, com Min (1999) destacando a importância em se estabelecer uma igualdade contratual entre empresas de diferentes portes para estimular a competição; Mabert (1997) expondo um programa de aliança com fornecedores, a fim de estabelecer parcerias com eles e Handfield (1997) destacando o gerenciamento de fornecedores para melhoria na qualidade e na performance de entrega; • Marstall (1999) relata sobre métodos opostos à verticalização, como a terceirização dos serviços, a fim

de reduzir custos e aumentar o lucro;

• Patterson (1998) analisa o gerenciamento de materiais através do suprimento MRO (Maintenance, Repair and Operations), denotando a dificuldade imposta pela subjetividade em previsão de consumo pelo pessoal operacional e de manutenção;

• Carter et al. (1998) relatam as principais tendências de gerenciamento da cadeia de suprimentos, nos próximos 5 a 10 anos, a partir de sua pesquisa, como: o relacionamento com fornecedores, busca por objetivos comuns entre empresas e fornecedores, gerenciamento estratégico de custos, gerenciamento das relações e desenvolvimento dos fornecedores;

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Desta forma, Carvalho (2001) propõe a utilização de ferramentas (muitas das quais são utilizadas hoje em dia em larga escala) para compras, vendas, contratos e classificação de fornecedores, como: Otimização, Comércio Eletrônico, Data Warehousing e Data Mining, sendo utilizadas para dar suporte às decisões.

Visto como processos decisórios, foram estabelecidos conceitos e estes separados em cada um dos três níveis de decisão: estratégico, tático e operacional. Desta forma, foram criados modelos capazes de “transformar” dados em informações interpretáveis, pela inserção destes dados numa ferramenta de pro-gramação matemática que gerasse, baseados nas variáveis de produção, compras e relacionamento com fornecedores, resultados que revelassem menores custos e melhores fornecedores para cada um tipo de material aplicado à metodologia.

A construção civil ainda trabalha de forma ultrapassada, em muitas cidades, sem muitos investimentos tecnológicos e sem considerar fatores importantes, como perdas, gerenciamento da cadeia de suprimentos, programas de qualidade e certificações, tendo como principais itens de relacionamento com fornecedores, o preço dos produtos e a forma de pagamento. Estudos como Isatto & Formoso (1996, 1999) e Formoso et al. (1997) revelam que para haver uma melhoria neste setor, é necessário haver parcerias entre empresas e seus fornecedores, de forma a adquirir maior qualidade e produtividade, reduzindo as perdas materiais, apagando a imagem da cultura do desperdício existente na construção civil.

3. METODOLOGIA DE SUPORTE À DECISÃO

Carvalho (2001) relaciona três modelos, divididos de forma a abranger os três níveis de decisão: Mo-delo de Classificação de Fornecedores (MCF), MoMo-delo de Formação de Carteira de Materiais (MFCM) e Modelo de Informação (MINFO).

Os dois primeiros modelos captam dados e trabalham, com eles, transformando-os em informações que serão interpretadas pelo MINFO, sendo então gerado um arquivo de dados, formatado em linguagem AMPL. Para a resolução do problema, foi criada uma formulação em programação matemática (apresenta-da no item (6)) implementa(apresenta-da em linguagem AMPL utilizando o software AMPL Student Version 19990818 (MS VC++ 6.0) com otimizador MINOS 5.5. Tal formulação é denotada por Formulação de Programação Matemática (FPM). Um resumo do funcionamento entre os três modelos, pode ser visto na Figura 1.

MFCM MINFO MCF

Arquivo de dados AMPL Resultados

FIGURA 1 – Diagrama de funcionamento da metodologia.

O resultado final revela o melhor fornecedor, baseado nos vários fatores da análise, além de uma redução do custo do material adquirido. Desta forma, a metodologia trabalha com dados sobre fornecedores e seus produtos, formando pares fornecedor/produto, que são as alternativas de decisão para a metodologia.

Neste trabalho, o arquivo de dados foi gerado de forma manual, ou seja, sem a necessidade de se uti-lizar o MINFO. A limitação em se aplicar análise manual se encontra na necessidade de conhecimento da linguagem AMPL, para a formatação do arquivo de dados.

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3.1. Coleta de Dados

Em empresas que possuem um banco de dados organizado, a coleta de dados se desenvolve facilmen-te. No caso de empresas onde os dados não são arquivados, há necessidade de se trabalhar com dados de momento, com auxílio de algum funcionário experiente. A experiência do pessoal da empresa se reflete na utilização de formulários, questionários e/ou entrevistas.

No caso deste trabalho, foram utilizados formulários e entrevistas. A formulação das perguntas e respostas procurou facilitar o entendimento e estabelecer um maior discernimento para as respostas. O preenchimento dos formulários foi feito por pessoas envolvidas com o relacionamento com fornecedores e seus materiais, tendo como base, os dados contidos em notas (quando existiam), como anotações de rece-bimento dos materiais, além do conhecimento que o funcionário tinha sobre os fornecedores e a empresa. A empresa de construção civil pesquisada atua a mais de 10 anos, em Campos, atuando também, em outra cidade. Segundo seus clientes, tem um bom nível de credibilidade, sendo seu programa de qualidade voltado para o cliente.

Um fator limitador da pesquisa, com relação à empresa, foi o fato de que alguns materiais continham dados referentes a apenas um ou dois fornecedores, escolhidos, principalmente, pelo preço dos materiais. Como a metodologia se baseia na classificação de fornecedores, era necessário utilizar materiais que ti-vessem maior quantidade de fornecedores. Deste modo, foram escolhidos cinco materiais que continham dados referentes a três fornecedores: areia, cimento, prego, madeira e disjuntor.

3.2. Modelo de Classificação de Fornecedores

Este modelo busca atender às exigências do nível estratégico, através da avaliação de desempenho de fornecedores, de acordo com cinco critérios básicos: Qualidade, Flexibilidade, Pontualidade, Histórico de Preços e Saúde Institucional. O objetivo é classificar fornecedores de mesmos materiais, a partir dos crité-rios acima citados e suas características específicas, como segue abaixo:

• Qualidade:

Índice de Refugo – quantidade de material recusado por baixa qualidade ou defeito; Suporte Técnico – suporte ao uso ou emprego do produto no projeto ou produção; Garantia – se ocorre reposição de material refugado, o quão rápido e em que taxa;

• Pontualidade:

OTDP (On Time Delivery Performance) – Atendimento a prazos estabelecidos, ou seja, referentes ao atendimento sem dias de atraso ou com adiantamento de entregas;

Fill Rates – Atendimento à quantidade. Referente a entregas completas, com êxito e no tempo certo; OFLT (Order Fulfillment Lead Time) – Prazo total de abastecimento. Referente à quantidade de dias

para transporte, produção, atraso, etc.

• Flexibilidade:

Capacidade de Resposta – capacidade do fornecedor em responder a mudanças nas encomendas, como por exemplo, pedidos de emergência;

Práticas de Frete – disponibilidade do fornecedor em atender a pequenas e grandes demandas de material e a que variação de preço entre as demandas;

Práticas de Encomenda – referentes a empregos de práticas que reduzem os preços das encomendas; Termos de Pagamento – tipos de pagamento que o fornecedor dispõe, se há possibilidade de prazos,

descontos.

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• Histórico

de

Preços:

relacionado aos preços e suas variações de tempo e tempo.

• Saúde

Institucional:

está relacionado à maturidade da empresa e como esta é vista pelos seus clien-tes e fornecedores. Este item faz uma consideração sem classificação numérica específica e por este motivo, não foi utilizado neste trabalho.

Para a validação deste modelo, foram utilizados formulário e entrevista, no qual o funcionário da empresa, envolvido com a parte de relacionamento com fornecedores, avaliou cada um dos pontos acima citados, escolhendo um nível de classificação para um tipo de material e seu fornecedor, entre muito bom, bom, regular, ruim e muito ruim. A cada um destes níveis, foram estabelecidos valores de 10 a 6, respecti-vamente, sendo utilizados para definição do coeficiente de satisfação.

O coeficiente de satisfação(rm) é o principal item deste modelo, pois será inserido no MINFO. O co-eficiente pode ser calculado como a razão entre a classificação final máxima entre os fornecedores (CFM), pela classificação final de cada fornecedor (CFF), como pode ser visto abaixo:

rm = CFM

CFF (1)

TABELA 1 – Sumário da classificação dos fornecedores para areia.

CRITÉRIOS SUBCRITÉRIOS FORNECEDORES

F1 F2 F3 Qualidade do Produto Índice de Refugo Suporte Técnico Garantia 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 8,00 8,00 Pontualidade OTDP Fill Rates OFLT 10,00 9,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 9,00 9,00 Flexibilidade Capacidade de Resposta Práticas de Frete Práticas de Encomenda Termos de Pagamento 9,00 9,00 8,00 8,00 10,00 8,00 8,00 8,00 9,00 8,00 8,00 7,00 Histórico de Preços 9,00 9,00 9,00 Classificação Final 9,00 9,09 8,55

Como exemplo, os resultados da Tabela 1 gerariam o seguinte coeficiente de satisfação para o forne-cedor 3 de areia: (2) rmF3 = 9,09 8,85 = 1,06

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TABELA 2 – Sumário final da classificação dos fornecedores e respectivos coeficiente de satisfação para os cinco materiais em estudo.

MATERIAL CLASSIF. DOS FORNECEDORES COEF. DE SATISFAÇÃO (rm)

F1 F2 F3 F1 F2 F3 AREIA 9,00 9,09 8,55 1,01 1,00 1,06 DISJUNTOR 9,09 8,09 8,82 1,00 1,12 1,03 MADEIRA 9,45 9,00 8,55 1,00 1,05 1,11 CIMENTO 9,00 9,00 9,09 1,02 1,02 1,00 PREGO 8,91 9,18 9,09 1,03 1,00 1,01

Quanto mais próximo da unidade, melhor, sendo que sempre haverá um fornecedor com rm unitário, em virtude do método usado para obtenção do mesmo ser comparativo entre os próprios fornecedores. O resultado final para todos os cinco materiais e seus fornecedores é mostrado na Tabela 2. É importante frisar a participação deste coeficiente na análise. Cada fornecedor terá o custo de seu material maximizado pelo seu respectivo coeficiente. Ou seja, quanto mais mal classificado o fornecedor for, mais caro serão seus produtos. Como exemplo, o Fornecedor 3 (F3) de areia tem seu coeficiente de satisfação 1,06. Isto significa que o preço da areia vendida sofreu um acréscimo de 6% no custo.

3.3. Modelo de Formação de Carteira de Materiais

Este modelo integra características do nível de decisão tático, com uma formulação de programação inteira, voltado para o auxílio à decisão na aquisição de materiais em situações, onde são selecionados diversos fornecedores, para um mesmo item de compra. O resultado do modelo são pares fornecedor/pro-duto associados a propostas que atendem às restrições colocadas e geram um programa de compras de mí-nimo custo. Os dados que o modelo necessita são: quantidade de material a ser utilizado por período, preço dos produtos, podendo este ter variações durante os períodos, custo de estoque, taxa de aplicação, taxa de juros sobre capital de captação externa, períodos de pagamentos utilizados pela empresa.

As variáveis de saída são: o capital consumido total e por período, a seleção da melhor proposta de pa-gamento, se há necessidade de estoque e custo de estoque, se há necessidade de utilização de capital externo, como por exemplo, empréstimo; entre outros fatores relevantes dependentes de cada análise.

TABELA 3 – Resumo dos materiais necessários por período.

PERÍODO (T) MATERIAL AREIA (m3) DISJUNTOR (unid.) MADEIRA (m2) CIMENTO (sacos) PREGO (kg) 1 (3 meses) 2040 10 80 3000 1400 2 (3 meses) 2210 0 60 4000 1100 3 (3 meses) 1688 70 50 2600 1000 4 (3 meses) 200 120 10 1200 100 Total 6138 200 200 10800 3600

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O período utilizado na análise é o período total de obra, dividido em trimestres. Deste modo, foram divididos em quatro trimestres, o período de análise (T), que é igual ao período de pagamento (G).

TABELA 4 – Períodos de pagamento utilizados na metodologia.

PERÍODO DE PGTO (G) MÊS A VISTA 30 DIAS A VISTA MÊS DE REF. 1 1 SIM NÃO -2 SIM SIM 1 3 SIM SIM 2 2 4 SIM SIM 3 5 SIM SIM 4 6 SIM SIM 5 3 7 SIM SIM 6 8 SIM SIM 7 9 SIM SIM 8 4 10 SIM SIM 9 11 SIM SIM 10 12 SIM SIM 11 5 13 NÃO SIM 12

Um resumo dos dados obtidos para este modelo está apresentado na Tabela 3. A taxa de custo de es to que e a taxa de juros não são apresentadas neste trabalho, pois não tiveram qualquer participação no resultado final da análise. A taxa de aplicação considerada no período de análise (T), foi de 2%.

O período de pagamento, revelado pela empresa, considera apenas pagamentos a vista ou uma situa-ção similar, onde os fornecedores se submetem à aceitasitua-ção de uma condisitua-ção de pagamento em trinta dias, com o preço a vista. No FPM, estes dados são inseridos na variável G, que está relacionada com período de pagamento. A variável T está relacionada com período de fornecimento de material, sendo que as duas podem ter valores diferentes. Isto pode ser notado na Tabela 4, onde G é igual a T, quando o pagamento for a vista. Quando o pagamento é com 30 dias, o mês de referência entre os períodos G e T é um a mais, com relação ao G. Isto porque o pagamento feito no segundo mês, é referente ao material entregue no primeiro mês.

Depois de obtido os preços locais dos materiais através de pesquisa, a equação de progressão geo-métrica, Eq. (3), foi utilizada para simular a taxa de crescimento do preço dos materiais pelo período de pagamento, sendo Ct o capital total no período, C o capital total no período anterior, i a taxa de aumento por período e t o tempo entre um período e outro. Assim, poderiam ser obtidos preços diferentes para cada material a cada período subseqüente (Tabela 5), considerando uma situação menos favorável de aumento dos preços. Ct = C.(1+ i) t (3)

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TABELA 5 – Preço médio dos materiais, com variação por período (T) nos pares Fornecedor(F)/Material (R$).

F T AREIA DISJUNTOR MADEIRA CIMENTO PREGO

1 1 6.50 4.40 16.00 11.10 4.00 2 6.62 4.48 16.30 11.31 4.07 3 6.75 4.57 16.60 11.52 4.15 4 6.87 4.65 16.91 11.73 4.23 2 1 5.00 4.50 17.00 11.50 3.80 2 5.09 4.58 17.32 11.72 3.87 3 5.19 4.67 17.64 11.93 3.94 4 5.29 4.76 17.97 12.16 4.02 3 1 6.00 4.80 17.50 10.70 3.80 2 6.11 4.89 17.83 10.90 3.87 3 6.23 4.98 18.16 11.10 3.94 4 6.34 5.07 18.50 11.31 4.02

3.4. Modelo de Informação

Este modelo é uma ferramenta robusta, capaz de utilizar as tecnologias de informação (HTML, XML, ZOPE, entre outras), para acelerar o processo de recolhimento, armazenamento e análise de dados, dando suporte para criação do arquivo de dados necessário à resolução do problema de programação matemática e, também, gerando informações para serem interpretadas pelo usuário do modelo. Para tal, é necessário que uma empresa tenha um banco de dados bem claro, sendo os mesmos aplicados ao modelo, que então gera o arquivo de dados a ser resolvido pelo programa AMPL.

A utilização do MINFO foi avaliada como não necessária, pois alguns dos objetivos e capacidades do modelo seriam suprimidos, devido ao recolhimento de dados, por meio de questionários, formulários e entrevista, que foi o caso deste trabalho.

3.5. Formação do Capital Inicial

As quatro situações consideradas na análise, obtiveram, segundo dados obtidos na empresa, como capital total (Ct), os seguintes valores:

Ct1 = R$ 9.630.000,00

Ct2 = R$ 5.790.000,00

Ct3 = R$ 4.800.000,00

Ct4 = R$ 8.670.000,00

Com relação ao capital para compra de materiais, a empresa lança o empreendimento no mercado dois ou três meses antes do início das obras e, quando estas se iniciam, cerca de 50% dos imóveis já estão vendidos antecipadamente (VA), segundo dados da empresa. Os custos com materiais se enquadram em custo diretos (CD), tendo seu valor cerca de 75% (GHOUBAR e OSEKI, 2006), sendo os outros 25% para

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custo indireto. O custo referente apenas a materiais (CM), no custo direto, representa cerca de 58% (SINA-PI/IBGE). Como foram utilizados apenas cinco materiais, foi estabelecido, através de dados colhidos em orçamentos da empresa, um custo de 16,4% referente aos cinco materiais, como um custo de percentagem dos materiais utilizados (CPMU), podendo então o capital inicial, a ser utilizado como dado de entrada na metodologia, ser obtido da seguinte forma:

D0i = Ct × VA × CD × CM × CPMU (4)

Os dados de quantitativo de material, por período, foram obtidos de um quantitativo geral da empre-sa, durante um ano, através de um programa de computador para gerenciamento de materiais. O programa não era utilizado de forma consistente e, por isso, não havia discretizando o tipo de obra realizada neste um ano de quantitativo. Desta forma, foi decidido realizar quatro situações de obras possíveis para o período considerado. Por fim, cada situação de aquisição de capital inicial está resumida no capítulo de resultados, gerando capitais diferentes para cada situação.

O capital inicial (D0), formado para cada uma das quatro situações, é: Dt1 = 9.630.000,00 x 0,50 x 0,75 x 0,58 x 0,164 = R$ 343.502,00 Dt2 = 5.790.000,00 x 0,50 x 0,75 x 0,58 x 0,164 = R$ 206.529,00 Dt3 = 4.800.000,00 x 0,50 x 0,75 x 0,58 x 0,164 = R$ 171.216,00 Dt4 = 8.670.000,00 x 0,50 x 0,75 x 0,58 x 0,164 = R$ 306.259,00

Onde D0i é o capital inicial em cada situação, referenciado pelo número de índice.

4. RESULTADOS DA METODOLOGIA

O custo de materiais gerado pelo FPM é o mesmo para as quatro situações. O único fator a mudar, é o capital de início (D0) e, conseqüentemente, o rendimento destes pela aplicação com algum rendimento mensal.

O resultado do capital formado no final do período considerado é dado pela diferença entre o capital formado, inicialmente, (mais o rendimento deste no período) e o custo dos materiais, sendo que este custo é o mesmo para as quatro situações, pois não há variação na quantidade de material, como pode ser visto na Tabela 6.

Tem-se, então, um resumo geral das quatro situações:

• Capital Disponível (D0): foi desconsiderada qualquer outra inclusão de capital durante o período em análise, ou seja, foi considerado apenas o capital inicial;

• Os estoques foram nulos ao fim de cada período;

• O nível de endividamento, nos cinco períodos de pagamento, foi nulo;

• O capital necessário em cada período foi de R$ 32.629, R$ 56.377, R$ 48.511, R$ 24.747, R$ 5.253, que somados, dão R$ 167.517;

• Custo total (somado o rendimento) mais perdas: – 167.517,00 x 1,05 = R$ 175.893,00

• As propostas de pagamento selecionadas foram:

– Areia: Fornecedor 2 – pagamento em 30 dias, com preço de a vista; – Disjuntor: Fornecedor 1 – pagamento em 30 dias, com preço de a vista;

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– Madeira: Fornecedor 1 – pagamento em 30 dias, com preço de a vista; – Cimento: Fornecedor 3 – pagamento em 30 dias, com preço de a vista; – Prego: Fornecedor 2 – pagamento em 30 dias, com preço de a vista;

• Todos os fornecedores obtidos pelo FPM, foram aqueles com coeficiente de satisfação igual a 1,00. TABELA 6 – Resultado final por situação, expressando o nível percentual de margem de lucro.

SITUAÇÃO MULT.

CAPITAL (R$) DISP. (D0)

formado (D)

sem perdas % com perdas* %

1 0,75*0,58*0,164 343.502,00 195.705,00 57,0% 187.329,00 54,5% 2 206.529,00 47.441,00 23,0% 39.065,00 18,9% 3 171.216,00 9.217,00 5,0% 841,00 0,5% 4 309.259,00 158.640,00 51,3% 150.264,00 48,6%

* Perdas materiais, considerada 5% FINEP/ITQC (1998) sobre o preço do capital necessário para compra de materiais.

5. CONCLUSÃO

A empresa em estudo revelou que sua margem de lucro varia entre 15 e 40%. Como não houve con-dições claras de uma referência às obras que estavam sendo realizadas no período analisado, procurou-se estudar situações que obedecessem à margem de lucro estabelecido pela empresa, nas quatro situações simuladas, considerando o valor das perdas sobre o custo dos materiais. Desta forma, os resultados podem ser resumidos em:

• Na primeira e quarta situações, o lucro foi de 55% e 49%, estando acima da margem de lucro e, por conseqüência, as duas situações podem ser descartadas da possível situação realmente realizada com estes dados colhidos;

• Na segunda situação, o lucro foi de 18,9%, estando dentro da margem de lucro e, portanto, sendo esta uma possível situação do trabalho que estava sendo realizado pela empresa neste período;

• Na terceira situação, o lucro foi de 0,5%, estando abaixo da margem de lucro e, por conseqüência, fora de ser a situação da empresa naquele período, mas com relevâncias a serem consideradas e discutidas abaixo.

Deve ser observado que nesta metodologia foi considerada uma situação menos favorável de venda, de apenas 50% dos imóveis, sem a venda de nenhum imóvel até o fim do período em análise. Com isto, considerando o fato real de que mais imóveis possam ter sido vendidos, a terceira situação, que gerou um lucro de 0,5%, pode então entrar na margem de lucro apresentado pela empresa e, por conseqüência, ser uma situação possível de ter acontecido neste período analisado.

O Modelo de Classificação de Fornecedores (MCF), que foi aplicado na Formulação Programação Matemática (FPM), através do coeficiente de satisfação, obteve êxito concreto, tendo todos os fornecedores escolhidos aqueles que obtiveram a melhor classificação, ou seja, um coeficiente de satisfação igual a 1,00.

A metodologia se mostrou bastante útil para o setor de construção civil, gerando resultados consis-tentes e mostrando ser uma ferramenta capaz de realizar várias análises, estabelecendo diferentes situações possíveis de acontecer numa empresa, evidenciando a capacidade de análises diferenciadas.

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Este trabalho procurou mostrar o benefício da utilização da metodologia proposta por Carvalho (2001), para controle na compra de materiais de melhores fornecedores, com auxílio de modelos de supor-te à decisão com seus dados processados por uma FPM, capaz de gerar resultados que auxiliam na análise financeira.

Diante do que foi apresentado neste trabalho, é possível notar que há possibilidade de obtenção de resultados mais robustos e abrangentes, que podem ser obtidos com esta metodologia, quando há dados suficientes para tal. Diante da dificuldade de obtenção de dados, evidenciado pela falta de uma melhor organização por parte da empresa, ainda assim, foi possível demonstrar a capacidade da ferramenta utilizada.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARTER, J. R. Supply Positioning at SGX Corporation. Praxis, v. 1, n. 2, pp. 5-8, 1997.

CARTER, P. L. et al. The Future of Purchasing and Supply Chain: A Five- and Ten-Year Forecast. Center for Advanced Purchasing Studies, 1998. 95 p.

CARVALHO, R. A. Uma metodologia para aquisição de materiais baseada em inteligência artificial,

oti-mização e comércio eletrônico. Tese de Doutorado, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos

dos Goytacazes, Brasil, abril de 2001.

CHAPMAN, S. Purchasing and the Internet. Praxis, v. 1, n. 3, pp. 9-12, 1998.

FERREIRA, J. A. Re-Engineer the Materials and Procurement Function. APICS – The Performance

Ad-vantage, v. 3, n. 10, October 1993, pp. 48-51.

FINEP, ITQC. Pesquisa “alternativas para a redução de desperdícios de materiais nos canteiros de

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FORMOSO, C. T. et al. As perdas na construção civil: conceitos, classificações e seu papel na melhoria

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GHOUBAR, K. OSEKI, J. H. Estrutura de custos da construção civil nacional. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Departamento de Tecnologia da Arquitetura/USP. 2006. Disponível em: <www.usp.br/fau/ disciplinas/paginas/arquivos/estrutura_de_custos_da_construcao_civil_nacional.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2006.

HANDFIELD, R. Supply Chain Management. Praxis, v. 1, n. 1, pp. 6-9, 1997.

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Quali-dade e Organização do Trabalho, 1º, Recife, 1999. Artigo Técnico.

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(12)

7. ANEXO

7.1. Formulação de Programação Matemática

Função objetivo:

Minimizar ( t T) ( g G) t,g [((1 + jg)Jg – dgDg) + m M (etmEtm)] + Cgrmf

Sujeito a:

Esquema de Suprimento (1) Necessidades de Materiais ( t T) ( m M) E(t – 1)m + Qtm Ntm (2) Formação de Estoques ( t T) ( m M) Etm = E(t – 1)m + Qtm – Ntm (3) Esquema de Fornecimento ( t T) ( m M) ( f F(m)) Qtm = f Ymf Ptmf ( m M) ( f F(m)) f Ymf = 1 Considerações Financeiras (4) Formação de Capital ( t T) ( g G) Dg = D0g + Jg + dg-1Dg-1 – Cg – jg-1Jg-1 (5) Investimento Necessário por Período

( g G) ( m M) ( f F(m)) Cg = g m fpgmfYmf Considerações de Armazenagem (6) Capacidades de Armazenamento ( t T) ( a A) ( m M(a)) mSmEtm CAta (7) Fornecimento Dependente YIf = YJf

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(13)

Onde:

T: Conjunto de Períodos de Fornecimento t: Indexador de T

M: Conjunto de Materiais m: Indexador de M

F: Conjunto de Fornecedores f: Indexador de F

G: Conjunto de Períodos de Pagamento g: Indexador de G

F(m): Conjunto de Fornecedores de um dado material m A: Conjunto de Depósitos ou Área de Armazenagem

a: Indexador de A

M(a): Conjunto de Materiais que podem ser armazenáveis no depósito a A r: Coeficiente de classificação

J: Volume Financeiro captado externamente

j: Juros cobrados sobre capital captado externamente d: Retorno sobre capital excedente

D: Capital disponível em fim de período D0: Capital disponibilizado em início de período

C: Capital total consumido E: Estoque formado

e: Custo do estoque

P: Quantidade proposta em unidades de venda p: Preço da quantidade proposta

Q: Quantidade total de compras N: Necessidade de Material

S: Espaço aproximado ocupado CA: Capacidade de Armazenamento

i, j: Índices dos materiais dependentes

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Referências

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