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Relatório de Estágio Profissional "A Escola e Eu: uma (re)construção da identidade profissional"

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Academic year: 2021

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A Escola e Eu: uma (re) construção da

identidade profissional

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e do Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

Professor Orientador: Mestre Manuel Campos Professor Cooperante: Dr. Marco Bastos

Henrique Manuel Silva e Costa

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Ficha de Catalogação

Costa. S. M. H. (2016). A Escola e Eu: uma (re) construção da identidade profissional. Porto: H. M. S. Costa. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

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Dedicatória

Ao meu sobrinho,

Nunca desistas dos teus sonhos:

- “Não importa o tempo que demoras a lá chegar. Até podes demorar mais que os outros, Mas isso não quer dizer que não chegues!”.

Dá o teu melhor, Não te arrependas,

Concentra-te, Diverte-te, Aproveita,

Abdica de algumas coisas banais, Pois no final de tudo,

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Agradecimentos

A realização deste estágio não seria possível sem o apoio de algumas pessoas a quem deixo aqui os meus sinceros agradecimentos.

Começo por deixar os meus gratos agradecimentos à minha família (pai e mãe) por todo o amor, carinho, apoio constante na luta pelo meu grande sonho de me tornar Professor de Educação Física, pois sem eles sem dúvida não estaria aqui.

Á minha irmã que palavras não chegariam para descrever o quanto fez por mim ao longo desta grande caminhada.

Ao meu sobrinho e afilhado, mostrando assim que o sonho pode ser realidade se assim trabalharmos e não desistirmos para lá chegar.

Ao meu cunhado pelo suporte e paciência em todos os momentos. Agradeço aos meus verdadeiros amigos no apoio incansável por estarem sempre do meu lado nos bons e maus momentos.

Ao Professor Cooperante por todos os ensinamentos, palavras e sugestões amigas durante todo o ano letivo.

Agradeço ao Professor Orientador por toda a disponibilidade, críticas, sugestões, ajuda e apoio que me foi dando durante todo o meu percurso.

Aos meus colegas de Estágio, agradeço por todos as partilhas de vivências, experiencias profissionais e pessoais tendo tornado assim o meu Estágio Profissional ainda mais rico.

Agradeço também à Escola Básica de Júlio Dinis de Gondomar, Presidente, Professores, Núcleo de Educação Física da escola, Funcionários e alunos que sempre estiveram do meu lado pois sem eles nada disto seria possível.

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Índice Geral

Dedicatória………..iii Agradecimentos……….………iv Índice de Figuras………...…..ix Índice de Quadros……….xi Índice de Anexos………..xiii Resumo………..…....xv Abstract………....xvii Lista de Abreviaturas………..xix 1. Introdução……….1 2. Enquadramento Pessoal………....5 2.1. O meu Percurso………..7 2.2. Expectativas……….………...8

3. Enquadramento da Prática Profissional……….11

3.1. Contexto Legal e Institucional………13

3.2. Contexto Institucional do Estágio Profissional……….13

3.3. Contexto Funcional do Estágio Profissional………14

3.4. Escola Básica Júlio Dinis de Gondomar………..15

3.5. As minhas turmas……….16

3.6. O ser Professor……….17

4. Enquadramento Operacional………...19

4.1. Realização da prática profissional……….21

4.1.1. A Conceção………....21 4.1.2. O Planeamento………..23 4.1.3. A Realização………...27 4.1.3.1. A turma partilhada………...33 4.1.4. A Instrução………..34 4.1.5. Feedback………36 4.1.6. A Avaliação………...37

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4.2. A Participação na escola e Relação com a Comunidade………..39

4.2.1 Participação em reuniões da escola………..…...40

4.2.2 Torneios……….………41

4.2.3 Atividade Desportiva………42

4.2.4 Desporto Escolar………....….42

5. Desenvolvimento Profissional……….45

5.1. O Treino Funcional na Escola para a Melhoria das Capacidades Motoras…...49

5.1.1 Resumo………..49

5.1.2 Introdução………..50

5.1.2.1 Conceito de Capacidades Motoras……….50

5.1.2.2 Noção de Treino Funcional………..51

5.1.3 Objetivos……….………...54

5.1.4 Materiais e Métodos……….54

5.1.4.1 Caracterização da Amostra……….……….54

5.1.4.2 Implementação dos Programas de Treino...55

5.1.4.2.1 Música nos treinos…………..…………...55

5.1.4.3 Instrumentos de Avaliação………57

5.1.4.4 Procedimentos Estatísticos……….……….61

5.1.5 Apresentação e Discussão dos Resultados...61

5.1.6 Conclusões do Estudo…...………...69

5.1.7 Referências Bibliográficas do Estudo...69

6 Conclusão e Expectativas Futuras………...71

7 Referências Bibliográficas………...75

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Índice de Figuras

Figura 1 – Esquema de realização do teste e os exercícios. Ilustração (Garganta,

2016)………..60

Figura 2 – Distribuição dos Valores Médios do GE e GC no exercício de TRX em

cada momento de avaliação………63

Figura 3 – Distribuição dos Valores Médios do GE e GC no exercício de

Lançamento da Bola em cada momento de avaliação………..64

Figura 4 – Distribuição dos Valores Médios do GE e GC no exercício de

Equilíbrio em cada momento de avaliação………..65

Figura 5 – Distribuição dos Valores Médios do GE e GC no exercício de Kettebell

em cada momento de avaliação………...66

Figura 6 – Distribuição dos Valores Médios do GE e GC no exercício de Saltos

à Corda em cada momento de avaliação……….67

Figura 7 – Distribuição dos Valores Médios do GE e GC no exercício de Burpees

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Índice de Quadros

Quadro 1- Exercícios que compõe a bateria Fit School (Garganta,

2016)……...58

Quadro 2- Apresentação dos resultados do Fit School obtidos nos três

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Índice de Anexos

Anexo 1 – Professores do Grupo de EF e os PE………...81

Anexo 2 – Questionário aos alunos………...83

Anexo 3 – Plano de Aula nº 36 e 37 – 7/01/2016…...85

Anexo 4 – 7ºG Vice-Campeões...………...87

Anexo 5 – Plano de Treino Assassions Creed – Primeiras 2 semanas de Treino Funcional………...89

Anexo 6 – Plano de Treino Batman – Terceira e quarta semana de Treino Funcional………...91

Anexo 7 – Plano de Treino Capitão América – Quinta e Sexta semana de Treino Funcional………...93

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Resumo

O presente relatório pretende ilustrar toda a atividade desenvolvida enquanto Professor de Educação Física, no âmbito do Estágio Profissional realizado na Escola Básica em Gondomar, no ano letivo de 2015/2016. Neste documento estão descritas algumas competências essenciais que permitiram desenvolver um ensino-aprendizagem cuidado, aliando sempre a teoria com a prática. Todas as vivências adquiridas, objetivos traçados, dificuldades, estratégias tomadas nos diferentes momentos relacionados sempre com as principais reflexões daí emergentes. O Estágio Profissional na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, visa desenvolver um professor reflexivo, no desenvolvimento pessoal e profissional do estagiário. Este relatório encontra-se dividido em 7 capítulos: Introdução – apresentação do relatório; Enquadramento Pessoal e das Expectativas neste estágio profissional; Enquadramento da Prática Profissional – apresentação do enquadramento legal e institucional; Enquadramento Operacional – exposição do processo de ensino-aprendizagem; Desenvolvimento Profissional – apresentação das relações com a comunidade educativa, englobando neste capítulo também o estudo de investigação intitulado de “O Treino Funcional – Uma melhoria das Capacidades Motoras”, onde foram observadas as melhorias dos níveis de Condição Física dos alunos e o seu destreino; Conclusão – exposição das conclusões e ilações de um longo percurso e crescimento, com perspetivas futuras em relação à profissão docente.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

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Abstract

This resume is intended to illustrate all the activity developed as a Teacher of Physical Education under the Vocational Training held at the Basic School in Gondomar, during the academic year of 2015/2016. This is designed to meet all the skills that enabled a more effective intervention as a teach. All acquired experiences, planned objectives, difficulties, strategies adopted in different moments always related with the main reflections that emerged from the practice. The Internship at the Faculty of Sport, University of Porto, aims to develop a reflective teacher, one that is capable of growing in personal and professional level. This report is divided into seven chapters: Introduction - the reporting; Personal Background and Expectations this traineeship; Professional Practice Framework - presentation of the legal and institutional framework; Operating environment - exposure of the teaching-learning process; Professional Development - presentation of relations with the educational community, encompassing in this chapter also the research study titled "The Functional Training - An improvement of Motor Capacities", which were observed improvements in the levels of physical condition of the students; Conclusion - exhibition of the findings and conclusions of a long journey and growth, future prospects in relation to the profession.

KEY-WORDS: EDUCAÇÃO FÍSICA; ESTÁGIO PROFISSIONAL;

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Lista de Abreviaturas

AD- Atividade Desportiva AF- Aptidão Física

CC- Capacidades Condicionais CCO- Capacidades Coordenativas

CET- EF- Curso Tecnológico de Desporto e Educação Física CM- Capacidades Motoras

DE- Desporto Escolar

DEF- Departamento de Educação Física DT- Destreino

EE- Estudante Estagiário EF- Educação Física EP- Estágio Profissional

FADEUP- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto FB- Feedback

GC- Grupo de Controle

GCDE- Diretor do Gabinete Coordenador do Desporto Escolar GE- Grupo Experimental

GEF- Grupo de Educação Física ISMAI- Instituto Superior da Maia JDC- Jogos Desportivos Coletivos

MEC- Modelo de Estrutura de Conhecimentos MED- Modelo de Educação Desportiva

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MEEFBS- Mestrado de Ensino em Educação Física no Ensino Básico e

Secundário

NE- Núcleo de Estágio PA- Plano de Aula

PC- Professor Cooperante

PES- Prática de Ensino Supervisionada PFI- Projeto de Formação individual PO- Professor Orientador

RE- Relatório de Estágio UD- Unidade Didática

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1. Introdução

O Estágio Profissional (EP) é a última fase da formação inicial de professores de Educação Física (EF), institucionalmente, inserida no plano de estudos do 2º ano do 2º ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Deporto da Universidade do Porto (FADEUP).

A iniciação à Prática Profissional advém o EP através de uma Prática de Ensino Supervisionada (PES), e o correspondente Relatório de Estágio (RE) (in Regulamento da Unidade Curricular EP do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP, 2015-20161)

O EP tem como objetivo “a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da PES em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”2.

De acordo com Matos (2014, p. 3), “O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções lécticas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação.” No respetivo documento, consiste ainda, a PES que se sucede com a orientação de um professor cooperante (PC) pertencente à escola e um professor orientador (PO) pertencente à faculdade, e que a mesma contempla

1Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em

Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP, 2015/2016.

2Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de

Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP: 2015-2016. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.

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três áreas de desempenho: Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade; e Área 3 – Desenvolvimento Profissional.

Este ano de EP foi o culminar de um longo percurso da minha formação, sendo que foi uma motivação extra para um estudante-estagiário (EE) poder estar em contacto direto com a realidade de um professor de EF, estar por dentro da comunidade escolar e poder por em prática todos os ensinamentos e conhecimentos que adquiri ao longo de toda a formação escolar e académica. “(...) a existência do tempo e do espaço para pensar, analisar, produzir, construir e (re) construir o pensamento, o conhecimento e as conceções é realmente crucial” (Batista & Queirós, 2013, p. 35).

O estágio teve um forte impacto na promoção de desafios que me fizeram evoluir e constatar a realidade docente. O EP realizou-se numa Escola Básica de Gondomar. O núcleo de estágio (NE) foi constituído por três elementos e acompanhados pelo PC da escola, e pelo PO pertencente à FADEUP.

Ao longo do ano letivo foi-me dada a responsabilidade de desenvolver o processo ensino-aprendizagem de uma turma do 7º ano de escolaridade, sempre supervisionado pelo PC e orientado pelo PO. O presente documento relata as vivências e experiências que ocorreram durante o presente ano letivo apresentando assim o meu percurso enquanto EE.

O RE está dividido em 5 grandes temas: O primeiro tema é o “enquadramento pessoal” onde é apresentado todo o meu percurso, as minhas vivências e experiências desportivas, as expectativas e ambições em relação ao EP; O segundo tema é o “enquadramento da prática profissional”, que inclui o “enquadramento legal” e o “enquadramento institucional”; O terceiro tema, o “desenvolvimento profissional”, onde é exposto e refletida toda a prática profissional; O último tema é a “conclusão” de todo um longo percurso como EE e expectativas futuras.

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2. Enquadramento Pessoal

2.1 O meu percurso

O meu nome é Henrique Manuel Silva e Costa, nascido a 14 de Novembro de 1991, criado na cidade mais linda do Mundo, Porto Cidade Invicta. De descendência portuguesa-africana, pai português e mãe africana/portuguesa, com uma irmã mais velha, sou um verdadeiro apaixonado no que toca ao Desporto. Desde muito novo que tendo seguido sempre as “pegadas” da família no que respeita à prática desportiva: pratiquei várias modalidades, coletivas e individuais, como o Futebol, o Rugby, o Taekwondo e o Boxe. As modalidades que ainda continuo a ter uma forte ligação são o Futebol “desporto rei” e o Rugby.

Do país dos descobrimentos ao dos mais pequenos da Europa, tenho orgulho em dizer que sou Português. Enquanto amante do desporto, é uma honra ter tido a oportunidade de poder ver, em várias modalidades a nossa bandeira ser hasteada ao som do hino “A Portuguesa” pelos quatro cantos do mundo. A nível futebolístico, posso dizer que sou um apaixonado pelo meu clube e acompanhando-o desde muito cedo, vi o Futebol Clube do Porto ganhar todos os títulos existentes em Portugal e todos os títulos existente no resto no mundo, mais do que uma vez. Este ano de 2016 está a ser o ano de Portugal. Os Portugueses podem-se orgulhar dos vários títulos obtidos: Campeões da Europa de Futebol Seniores; Campeões da Europa de Futebol – Sub-17; Campeões da Europa de Atletismo; Campeões da Europa de Surf Feminino – Júnior; Campeões da Europa de Taekwondo; Campeões da Europa de Natação – Júnior; Campeões do Mundo de Maratonas BTT; Campeões da Europa de Canoagem; Campeões da Europa de Futebol de Praia e Campeões do Mundo de Futebol de Praia, entre outros resultados de relevo. É caso para dizer “somos um país grande, não somos um país pequeno” (Salazar, 1986).

Esta grande paixão pelo desporto começou, no primeiro ciclo onde tive os meus primeiros contactos com a EF. Aguardava ansiosamente por o dia que tinha EF para poder correr, saltar, chutar e jogar as diversas modalidades com

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os meus colegas de turma. Muitas vezes tentava prolongar o torneio da aula para o intervalo uma vez que adorava jogar Futebol e as disputas da aula faziam-me recordar o “futebol de rua”. Na altura era um miúdo bastante enérgico e ativo, sendo considerado um miúdo hiperativo para muitos professores. Talvez por esse motivo, as notas a EF fossem sempre superiores às notas das outras disciplinas.

Continuando o meu percurso estudantil sempre ligado ao desporto, no 10ºano, altura em que tinha de escolher a área que gostaria de seguir, optei na escola que frequentava por seguir o curso de Desporto e EF. Depois desta escolha e após ter terminado o curso, tentei o ingresso FADEUP mas fiquei a décimas de poder entrar.

Com o passar do tempo decidi não permanecer “quieto” e então escolhi concorrer ao Curso Tecnológico de Desporto e Educação Física (CET – EF) no Instituto Superior da Maia (ISMAI). Completando este curso teria possibilidade de ingressar na faculdade, e então assim o fiz. Ao terminar o curso decidi permanecer na mesma instituição pois já conhecia a casa e muitos dos professores que tinha tido, voltariam a lecionar algumas disciplinas da licenciatura, sendo para mim um privilégio voltar a discutir e partilhar ideias com professores altamente qualificados e apaixonados pelas suas áreas ligadas ao desporto.

Passados os 3 anos e com o términos do curso, a escolha do Mestrado de Ensino em Educação Física no Ensino Básico e Secundário (MEEFBS) não foi uma escolha difícil, tendo em conta o sonho de criança de me tornar, Professor de EF.

2.2 Expetativas

O EP é uma oportunidade importantíssima para qualquer EE, uma vez que proporciona o contacto anual com uma ou mais turmas, com o meio envolvente e com o dia-a-dia de um professor e sua relação com os alunos.

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Apesar de ver no estágio uma oportunidade de desenvolver as minhas competências enquanto professor, fiquei bastante ansioso quando terminei o primeiro ano do MEEFBS. Tentei ver o pelo lado positivo desta nova etapa, do que seria realmente “dar aulas” pois até então só conhecia o “modo treino” e a parte de lecionar uma aula com colegas de turma (aulas em grupo).

Previamente ao meu primeiro contacto com a escola e o com o meio envolvente, esperava encontrar uma turma tranquila, obediente, com um número razoável de alunos que incutisse e realizasse todos os exercícios que propusesse.

No entanto, isso não se verificou, a turma era constituída por vinte e sete alunos, muito barulhenta, descoordenada a nível motor, e os alunos apresentavam-se em todas as aulas com bastante “energia para gastar”.

Estava consciente que iria ser um ano repleto de experiencias e vivências que me iriam tornar maior e melhor a nível profissional e até pessoal. Neste ponto, as reflexões tiveram um papel importantíssimo na “obrigação” do ato de refletir sobre todas as aulas podendo verificar todos os meus pontos positivos e negativos conseguindo assim melhorar e ou modificar para me tornar ainda melhor nesse aspeto ou tarefa. Tinha a esperança de ao longo do ano modificar e melhorar estratégias de comportamento, de modo a que todos aprendessem.

No que respeita ao GEF, encontrei um grupo com uma grande vontade de trabalhar e um elevado espírito de equipa, onde pude observar que os professores são bastante preocupados com os alunos.

Sobre os Professores cooperante (PC) e orientador (PO), fui muito bem-recebido estando ambos sempre prontos a ajudar na melhoria das minhas tarefas enquanto professor estagiário (PE). Sem dúvida que não poderia pedir mais no que respeita a ajuda de ambos.

No que concerne ao NE, fui integrado juntamente com mais dois colegas na escola, no qual conseguimos desenvolver um trabalho em parceria, onde todos nos ajudamos e empenhamos para um só objetivo.

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3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1 Contexto Legal e Institucional

O EP é uma unidade curricular essencial para a formação profissional dos EE, iniciando no último ano do MEEFBS, é de caracter anual e caracteriza-se pela inserção dos EE em escolas para a realização de funções de docência que ocorre no último ano, dos dois (anuais) que o caracteriza.

Em todo o processo para que este acontecimento se processe deve ser habilitado pela Docência que é regida por um conjunto de normas e legislações específicas da instituição universitária (FADEUP), que gerem a realização deste EP. “A estrutura e funcionamento do EP consideram os princípios decorrentes das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física” (Matos, 2014b, p. 2).

3.2 Contexto Institucional do Estágio Profissional

A escola como instituição é um meio que deve garantir a educação para todos, devendo assegurar a formação intelectual, pessoal, cultural, social, e física de todas as crianças e jovens da nossa sociedade, tendo em conta todas as facilidades e dificuldades de cada um, para que todos possam usufruir de boas aprendizagens.

A escola em anos mais prósperos era quase como exclusiva às classes mais altas deixando assim as classes mais baixas sem o direito de usufruírem do mesmo tipo de educação.

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Em Portugal, com a implementação da república, 5 de Outubro de 1910 e depois com a entrada do Estado Novo, houve grandes alterações educacionais a nível de organização e planeamento escolar para fazer frente a uma elevada taxa de analfabetismo.

É verdade que “As escolas são espaços sociais e a aprendizagem é, de igual

modo, um processo social” (citado por Vygotsky, 1962). No entanto “(…) os alunos não aprendem sozinhos, mas sobretudo de forma colaborativa com os seus professores, em parceria com os seus pares e com o encorajamento das suas famílias”. (citado por César & Oliveira, 2005; Machado & César, 2012).

Hoje em dia, e após tantos séculos de educação e ensino, podemos dizer que transversalmente às revoluções no nosso país, a escola é um local inclusivo, onde todos têm o direito a frequentar, a aprender, a desenvolver capacidades, de modo a terem as mesmas oportunidades de aprendizagem, potencializando assim as capacidades e o sucesso de cada aluno.

As atividades do EP iniciam a 1 de Setembro prolongando-se até ao final do ano letivo.

3.3 Contexto Funcional do Estágio Profissional

O EP decorre durante todo um ano letivo no qual os EE têm a oportunidade de aplicar todos os conhecimentos adquiridos até então, podendo-os pôr em prática na(s) turma(s) que lhes forem atribuídas para lecionar as aulas de EF nas instituições de ensino em que estão inseridos. O ensino-aprendizagem não passa só por lecionar as aulas e posteriormente refletir sobre as mesmas. Estes alunos de hoje serão os adultos de amanhã, o que exige ao professor o auxilio nas suas construções de identidade, comportamentos afirmativos, promoção de valores, distinção do bem e do mal podendo assim num futuro próximo tomar boas decisões perante suas dificuldades e tornarem-se em adultos que marcaram pela diferença.

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3.4 Escola Básica Júlio Dinis de Gondomar

A Escola Básica Júlio Dinis de Gondomar foi a escolhida para realizar do meu EP por ter recebido feedback (FB) positivos da escola, meio envolvente e sua comunidade. Esta, recentemente alvo de obras públicas, apresenta ótimas instalações para a lecionação das aulas de EF, tanto no seu interior, no pavilhão gimnodesportivo como no seu exterior, uma pista de atletismo e um campo de futebol em cimento, devidamente marcado com linhas para dividir em dois campos para a prática da modalidade de Basquetebol, com as devidas marcações e tabelas. Este espaço exterior, permite assim, com as devidas condições meteorológicas estarem no ativo três turmas em simultâneo com bom espaço para todas.

Bom ambiente escolar, com vários auxiliares, diferentes espaços de instalações, inclusivamente no pavilhão gimnodesportivo, está sempre um funcionário para auxiliar os professores e alunos no que for necessário.

Quanto ao nível socioeconómico dos Encarregados de Educação, estes situam-se num nível médio, presumindo a existência de preocupação e acompanhamento dos alunos. Contudo, no que diz respeito aos subsídios, verifica-se uma percentagem semelhante entre os subsidiados e os não subsidiados, o que poderá revelar algumas discrepâncias socioeconómicas entre os diferentes alunos. (PE, 2010-2013).

Relativamente ao GEF, este é constituído por 8 professores, quatro do sexo masculino e quatro do sexo feminino. Mostraram ser um grupo unido com espírito de entre ajuda para as tarefas e atividades do grupo que foram realizadas ao longo do ano. Devo dizer que me senti integrado desde o primeiro dia, muito devido ao á vontade do corpo docente e não docente, membros da escola que me trataram sempre com o devido respeito, não me diferenciando dos meus futuros colegas de trabalho e tratando-me como um professor e não como um PE. (Anexo 1 – Professores do Grupo de EF e os PE)

De cada vez que entrava na escola recordo-me de sorrir ao ouvir um simples “Bom dia Professor” por me sentir cada vez mais próximo do realizar de um sonho de ser “O Professor de EF”.

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Todo este ambiente “saudável” no qual incluo os meus colegas de estágio, foi relevante desde o início até ao final do estágio, pois ajudou-me a crescer enquanto Professor de EF.

3.5 As minhas turmas

Previamente ao início do meu EP, juntamente com os meus colegas do NE foi-nos informado que iriamos ter uma turma partilhada – (6º ano de escolaridade) e por meio de sorteio foram sorteadas as três turmas disponíveis para lecionarmos durante todo o ano letivo. Após sorteio, o 7ºG foi a turma residente que me foi atribuída. Recordo o aviso prévio do meu PCpara o facto de esta ser uma turma “complicada” por incluir alguns alunos indisciplinados e por se tratar de uma turma numerosa. No entanto também referiu que não deveria ficar alarmado pois tudo iria correr bem.

No primeiro contacto com as turmas (residente e partilhada) sabia que teria de manter uma postura equilibrada, que não se tornasse nem demasiadamente autoritária, nem tão pouco leviana para que as minhas ações fossem respeitadas pelos alunos. Esta minha convicção foi no sentido de fazer entender às turmas que iria ser um bom professor, perante o comportamento e postura de ambas.

A turma partilhada era constituída por 20 alunos, sendo que 11 eram do sexo feminino e do 9 sexo masculino. Já a turma residente, era constituída por 27 alunos, sendo 6 do sexo feminino e 21 de sexo masculino, tornando assim a turma um pouco desequilibrada, dado o elevado número alunos de alunos do sexo masculino.

Com auxílio de um questionário realizado pelo NE conseguimos perceber certos pormenores sobre as turmas, tais como a situação dos pais, o número de irmãos, as profissões que ambicionam para o futuro, a prática de atividade física fora da escola, o gosto geral pelas outras disciplinas e se possuíam algum tipo de doença que os impediria de praticar a disciplina de EF. (Anexo 2 – Questionário aos alunos)

Dando especial atenção aos aspetos relacionados com o desporto, em ambas as turmas a maior parte dos alunos não praticavam qualquer atividade extra curricular mas ainda assim a maioria tinha como disciplina preferencial a EF.

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17 3.6 O ser Professor “Quem ensina Aprende ao Ensinar E quem aprende Ensina ao Aprender” (Paulo Freire)

O Professor é uma das profissões mais antigas da sociedade e muito desvalorizada pela mesma. Como é do conhecimento de todos, o papel do professor não se resume somente á lecionação de uma disciplina, um modelo a seguir, um amigo em quem confiar, alguém que permita o desenvolvimento dos nossos valores e que isso contribuía para a nossa educação futura. É de bom grado que posso dizer que durante a minha carreira estudantil pude aprender com ótimos profissionais de ensino, que me deixaram ainda mais motivado e apaixonado por esta que é a minha profissão de sonho.

Profissão exigente obriga a trabalhos diários, foi isso que senti durante todo o ano letivo. O foco de ações que se iram desenrolar num contexto muito particular, sendo assim necessário elaborar planos de pequena amplitude, correspondentes às ações que no dia-a-dia que vão se concretizar em diferentes parcelas dos planos a médio prazo e planos a curto prazo, também designados por planos de aula (Cortesão e Torres, 1983, citado por Neves e Graça, 1992).

Durante a sua vida profissional, o professor vai deparar-se com vários desafios, pessoas diferentes, de diferentes idades, com caracteres e personalidades diferenciadas e difíceis de lidar. Um professor por vezes faz o papel de colega, o ombro amigo e até o psicólogo, sabendo moldar-se a qualquer tipo de pessoa, a determinado caracter ou personalidade que encontre no seu caminho, e só assim consegue obter o sucesso na vida profissional. Aqui singra a importância do EP num contexto de formação inicial de uma carreira como professor na escola.

O EP permite ao aluno um contacto direto com a realidade e a vida de um profissional de ensino como docente de uma determinada disciplina. O EE adquire assim um leque de conhecimentos e vivências em contexto real, de uma

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instituição/escola, turmas, contacto com outros docentes de outras disciplinas, funcionários, alunos de outras turmas dessa mesma instituição/escola, com os quais terá de lidar durante todo ano letivo, podendo também intervir e ajudar em outras atividades extra curriculares organizadas na escola. Enriquecimentos desta magnitude fornecem ao EE rotinas, hábitos e experiências importantes para a vida profissional como professor de uma escola.

Porem, EE não se depara diretamente com a escola, turma ou alunos sem previamente passar por bases sustentarias que o preparem para esse mesmo “encontro”. Não seria possível um profissional de ensino realizar um percurso académico sem obter daí conhecimentos que pudessem ser aplicados na sua área de intervenção. São esses conhecimentos e todas as suas experiências que contribuem para enriquecer e melhorar a sua ação, e assim, ao iniciar o EP o EE possa estar mais preparado para enfrentar a sua formação profissional e ser bem-sucedido/a.

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4. Enquadramento Operacional

4.1 Realização da prática profissional

A prática profissional ao longo do EP, tal como já o referi anteriormente foi um marco importante para mim. No que toca ao desenvolvimento do meu trabalho, foram tidas em conta três áreas de desempenho definidas, previamente, no documento orientador de estágio (Matos, 2012), a saber: Área

1 - Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem; Área 2 - Participação na

escola e relações com a comunidade; Área 3- Desenvolvimento Profissional. A cada “passo dado”, todas estas áreas tiveram um grande grau de importância para a minha formação profissional enquanto professor. O refletir aula após aula sobre os meus pontos fortes e os que poderiam ter sido melhores, permitiu-me melhorar bastante a nível pessoal e profissional, a nível gradual e contínuo. Com o tempo fui criando a minha “figura” de professor que sou nos dias de hoje, tendo agora uma perspetiva diferente de como é a escola, os professores, os seus auxiliares, os alunos e a interação com todos eles.

Neste capítulo, tenho como objetivo o transmitir da minha planificação, participação/intervenção ao longo do EP, focando assim os “tópicos” que achei serem mais importantes para a execução do EP. Nos pontos seguintes irei expor algumas das áreas relevantes da minha intervenção, em que espelharei um conjunto de decisões, acontecimentos, onde a reflexão foi o principal fator que me levou a desenvolver todo o meu processo. No âmbito da realização da prática profissional, esta foi a alínea que me obrigou a um maior investimento.

4.1.1 A Conceção

“O ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e depois na realidade.”

(Bento, 2003, p.16).

O Professor tem como tarefa prioritária a conceção do processo de ensino – aprendizagem, que será o reflexo da sua atuação, visto que, será através da conceção que se irá basear o planeamento de uma estratégia de intervenção na

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prática. Tão importante como um bom planeamento, é importante também conhecermos a forma como o havemos de conceber. Assim surge esta etapa que tem início com a elaboração do Projeto de Formação individual (PFI).

No início do ano, perante o volume aglomerado de documentos, planos de aula (PA), unidades didáticas (UD), Modelo de Estrutura de Conhecimentos (MEC), confrontei-me com diversas dificuldades intrínsecas a este assunto mas nenhuma das quais me impossibilitando de o realizar.

A conceção mostra a primeira tarefa realizada pelo professor, construindo a base de toda a sua atuação. Esta consiste numa análise dos planos curriculares, contexto sociocultural da escola, bem como dos alunos, de forma a renuir o maior número de informações para que o processo ensino/aprendizagem se realize de acordo com a realidade.

A primeira área de trabalho tem como objetivo a construção de uma estratégia de intervenção, orientado por objetivos pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da EF e conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de EF (Matos, 2009).

“Todo o projeto de planeamento deve encontrar o seu ponto de partida na conceção e conteúdos dos programas ou normas programáticas de ensino, nomeadamente na conceção de formação geral…” (Bento, 2003, p.7).

Assim, para a concretização desta fase, logo no início do ano letivo, realizei uma análise do Projeto Educativo, do Projeto Curricular e do Regulamento Interno, que me permitiu conhecer melhor o modo de funcionamento da escola, bem como o seu contexto sociocultural e socioeconómico.

Para finalizar esta etapa, não poderia faltar a análise dos alunos, que realizei com base num questionário individual dos alunos, elaborada pelo NE. Considero que a conceção seja de extrema importância, dado que o ensino é algo que se realiza num dado tempo, em determinado contexto e para um grupo singular de pessoas. Sem esta o ensino tornar-se-ia vazio, não permitindo que o processo ensino/aprendizagem decorresse de forma eficiente.

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4.1.2 O Planeamento

“O professor não está nem pode ser dispensado da planificação do seu ensino.” (Bento, 2003, p.22)

Após o encontro com a realidade em que o meu estágio se insere, o meu foco de atenção volta-se para o planeamento do ano letivo. Como refere Mesquita (2000), o planeamento consiste em delinear antecipadamente aquilo que tem de ser realizado, como deve ser feito e quem é que o deve efetuar.

Assim, a primeira tarefa realizada, a par com os meus colegas de estágio e o PC, foi a realização de uma análise aos programas de EF relativos ao 3º Ciclo, no meu caso, mais concretamente ao 7º ano. Esta análise teve como objetivo principal a elaboração de um planeamento de aulas que levasse os alunos a atingir bons níveis de desempenho nas habilidades ensinadas, e também, em algumas dessas habilidades presentes nos Programas, que permitissem a certos alunos vivenciar experiências desportivas que nunca tiveram oportunidade de vivenciar.

Porém, após uma boa análise dos Programas Nacionais de EF, deparei-me com o facto de que possuíam um vasto leque de modalidades a lecionar neste ano de escolaridade. Além desse facto, cada modalidade desportiva lá presente não possui uma continuidade de ano para ano. Em cada um dos anos de escolaridade, as habilidades sugeridas no Programa requerem uma abordagem da base para o topo, tendo início no mais simples, passando posteriormente para o mais complexo. Na minha opinião, penso que cada uma das modalidades desportivas lá apresentadas e sugeridas, deveria obedecer a uma certa continuidade de ano para ano, fazendo com que o aluno tivesse uma aprendizagem mais contínua e não chegassem a perder grande parte daquilo que foi ensinado, após a sua transição para o ano letivo seguinte.

Com base nesta apreciação, o GEF realizou o Planeamento Anual Geral de EF. Este documento consistia na definição das modalidades a realizar em cada um dos períodos letivos, bem como o número de horas correspondentes a cada uma delas. Segundo Bento (2003, p.67), “A elaboração do plano anual constitui o primeiro passo do planeamento e preparação do ensino e traduz, sobretudo,

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uma compreensão e domínio aprofundado dos objetivos de desenvolvimento da personalidade, bem como reflexões e noções acerca da organização correspondente do ensino no decurso de um ano letivo.”

De seguida, cada um dos PE realizou o seu Planeamento Anual Individual, referente à sua turma, que consistia na distribuição das modalidades a lecionar, pelos dias de cada período, com base no seu horário. Inicialmente senti alguma ingenuidade na construção destes documentos, pois achava-os de pouca importância. No entanto, esta minha ideia “caiu por terra” em poucos dias, dado que estes me serviram de fio condutor durante todo o ano letivo, principalmente ao nível do planeamento das minhas aulas.

Após ser realizado o Planeamento Anual foram tomadas as primeiras decisões no que diz respeito ao planeamento a curto, médio e longo prazo, produzindo assim o guião para atuação. Depois de saber os espaços de aula onde estas seriam lecionadas, é que foi possível definir quantas aulas seriam dedicadas a cada modalidade. Só assim se pode fazer uma distribuição coerente, para que o professor se organize e estruture mais facilmente a sua atividade.

Partindo para um planeamento mais específico, chega a altura de operacionalizar os conteúdos tendo por base os modelos da Vickers (1990), MEC.

A realização dos MEC foi algo que exigiu trabalho árduo por parte dos PE, mas permitiu adquirir um conhecimento mais aprofundado através da investigação e reflexão sobre cada modalidade, fundamentalmente sobre aquelas em que o conhecimento é mais escasso.

Os MEC são verdadeiros auxiliares na estruturação das matérias, simplificando a informação, mas refletindo simultaneamente um pensamento transdisciplinar, auxiliando assim o processo de ensino. Cada MEC está dividido em oito módulos. A construção destes foi sem dúvida uma grande aprendizagem para a minha pessoa, uma vez que ao longo da construção de cada MEC, o meu conhecimento foi tornando-se cada vez mais completo.

Seguem-se as UD, as quais foram elaboradas tendo em conta o número de modalidades e o tempo disponível para cada uma delas. Ao elaborar as UD das modalidades desportivas que lecionei durante o ano letivo, tive como principais preocupações garantir aos meus alunos vivências que lhes permitissem

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conhecer o mais possível do desporto. Para isso ajustava o melhor possível as UD consoante a avaliação inicial dos alunos, para com isto lhes fornecer adequadamente os conteúdos e uma avaliação final para compreender e perceber se teriam adquirido os conhecimentos, práticas e vivências que lhes queria transmitir. “As unidades temáticas ou didáticas, ou ainda de matéria, são partes essenciais de uma disciplina. Constituem unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino/aprendizagem” Bento (2003, p.75).

Na minha opinião, inicialmente, senti alguma dificuldade na escolha dos conteúdos a lecionar, principalmente em matérias com as quais o meu contacto era quase nulo ou os conhecimentos que tinha era do que observava, tal como a ginástica e o ténis de mesa. No entanto, estas contrariedades foram facilmente ultrapassadas através de empenho e pesquisa da minha parte, o que fez com que no segundo período, a construção das UD fosse realizada com melhor compreensão didática e muita maior rapidez.

Os PA são o terceiro nível de planeamento e a última etapa do processo de planeamento. Constituem uma planificação a curto prazo. O PA é como um guião da aula para o professor, que permite esquematizar a aula, os seus conteúdos e todos os seus momentos. Durante a sua elaboração, o professor deve ter sempre em consideração vários fatores, nomeadamente a UD em questão, o espaço, se este é compatível ou não com determinado conteúdo a abordar, o material disponível, entre outros. A minha grande dificuldade no início do ano, consistia na escolha dos melhores exercícios, os exercícios mais adequados tendo em conta o conteúdo a exercitar. Tinha a preocupação de garantir aos alunos a melhor aprendizagem possível, e para isso, levava-me um pouco a realizar exercícios demasiado analíticos no início, o que resultava em demasiado tempo de espera durante as aulas.

Torna-se assim uma ferramenta muito importante no planeamento. De acordo com Bento (2003, p.102) "antes de entrar na aula o professor tem já um projeto da forma como ela deve decorrer, uma imagem estruturada, naturalmente, por decisões fundamentais".

Como é normal, nem tudo o que se planeava para as aulas (principalmente as primeiras) decorria da melhor forma. Houve momentos em que tive de ajustar as situações para que os alunos superassem as dificuldades, exercícios

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consoante o espaço, bem como, existiram outras em que não consegui realizar o exercício e só após reflexão de cada uma das aulas fui melhorando não voltando a cometer o mesmo equívoco.

“Num dos exercícios que tinha planeado de 1x1, em espaço livre fora do pavilhão, fui obrigado a mudar recorrendo assim ao jogo de 3x3 dentro do pavilhão permanecendo assim até ao final da aula, por não possuir de espaço para jogo de Gr+4 vs 4+Gr.” (Reflexão nº 79 – 11 de Maio de 2016)

É muitas vezes através do erro, e do reconhecimento deste, que nós aprendemos e nos tornámos melhores Professores. É fundamental compreender os erros, pois assim, podemos perceber a sua origem e conseguir realizar as alterações necessárias no momento ou prever futuras situações. Deste modo, poderemos ter um maior controlo do ensino-aprendizagem, intervindo junto dos alunos para que alcancem o êxito na execução das tarefas, levando assim à realização das aulas com uma motivação acrescida.

“Apesar da troca de planeamentos a aula correu bastante bem, tendo sido confrontado com a realidade de um professor de Educação Física de rapidamente ter de me adaptar ao meio mesmo não tendo o material necessário à realização da modalidade planeada.” (Reflexão nº 52 – 17/02/2016)

A não superação das tarefas propostas para as aulas por parte dos alunos até pode não os desmotivar, mas exige que da nossa parte seja feita uma reflexão e uma investigação de determinadas matérias, para que assim se possa melhorar a nossa intervenção enquanto Professores.

Com o passar do tempo e com o aumentar da experiência que fui adquirindo ao longo do ano, fui sendo capaz de gerir melhor o tempo, criando situações de aprendizagem que permitissem aos alunos um maior tempo potencial de aprendizagem e um maior tempo de empenhamento motor. No entanto, tratava-se de um pensamento constante no meu dia-a-dia como estagiário. O facto de posteriormente refletir todo o processo após todas as aulas, obrigava-me a

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detetar os meus principais erros e consequentemente aprender com eles, criando assim o objetivo de planear uma aula melhor a seguir à anterior.

Um outro aspeto que me permitiu melhorar e aperfeiçoar o processo de planeamento, foram todas as reuniões de NE ao longo do ano, com a grande ajuda do PC e colegas estagiários.

A gestão de uma sala de aula é decerto uma das competências mais importantes do professor, quer para que haja um bom clima de aprendizagem, quer para a socialização e motivação dos alunos, e até mesmo do professor. A boa organização do espaço da aula funciona como um dos principais pilares que levam o professor e os alunos a obterem o maior empenho e rendimento em relação ao tempo de instrução.

Arends (1995, p. 74) cit in Carita e Fernandes (1997) define gestão na sala de aula “ como os modos como os professores organizam e estruturam as suas salas de aula, com o propósito de maximizar a cooperação e o envolvimento dos alunos e diminuir os comportamentos disruptivos”.

Nas minhas aulas tentei sempre criar exercícios com um grau de empenhamento motor adequado aos alunos, e sempre com exercícios motivadores. Outro aspeto que privilegiei foi a criação de rotinas, que me ajudaram muito na minha função de gestor da aula já estando os alunos familiarizados com as mesmas.

4.1.3 A Realização

Adotando uma sequência lógica, após todo o planeamento, é chegada a altura de colocar em prática toda a parte teórica. Confesso que os dias que antecederam o meu primeiro contacto com a turma foram de grande ansiedade. Chegado o primeiro dia de aulas, a aula de apresentação à turma, fui invadido por um misto de emoções, felicidade, alegria, ansiedade e receio, que depressa se desvaneceram, quando comecei a dirigir-me aos meus alunos, pouco tempo após, passei para uma “zona de conforto”, como se aquela já não fosse a minha primeira aula.

Nas semanas que antecederam o início do ano letivo procurei conhecer a minha turma, junto do meu PC e antigos professores. As informações que obtive

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foram alvo de preocupação, aleado a um grande desafio. Segundo os professores, a turma era muito mal comportada, no que diz respeito a distrações e conversas paralelas no decorrer da aula. A minha estratégia inicial consistia em, desde cedo, estabelecer regras, rotinas que deveriam ser criteriosamente cumpridas, quer pelos alunos, quer pelo professor. Penso que, só assim, todo o processo de ensino e aprendizagem poderia ser cumprido com rigor e sem injustiças, estabelecendo-se assim um bom ambiente propício para ensino-aprendizagem. “Ordem é meia vida”, palavras do povo, citadas por Bento (2003, p.144).

Outra estratégia adotada nas aulas iniciais foi o afastamento propositado que delineei para com os alunos, servindo como forma de estabelecer uma relação de respeito entre aluno/professor. Com o decorrer das aulas foi-se transformando numa relação mais aberta, sempre com o devido respeito mutuo. No meu entender, as estratégias adotadas fizeram efeito. Nas primeiras semanas de trabalho tinha de me preocupar bastante com questões ligadas aos comportamentos dos alunos, sendo a maior parte deles infantis, mas nunca com faltas de respeito. Com o avanço das aulas, essas questões foram cada vez mais diminutas, sendo que na parte final do ano letivo já eram quase inexistentes.

Penso que, um dos fatores que contribuiu para este sucesso foi a assimilação por parte da turma como sendo eu o responsável, o Professor da turma, e não simplesmente um mero PE. Para esta aceitação, muito contribuiu o PC, pois permitiu que todas as decisões em relação à turma fossem tomadas por mim. Um exemplo concreto dessa responsabilidade foi o facto do PC encaminhar os alunos para mim quando estes se dirigiam a ele para resolver qualquer problema. Uma outra evidência que me colocou alguns receios foi o número de alunos que a turma tinha, 27 alunos. Em primeiro lugar porque as condições de trabalho não seriam as melhores com um elevado número de alunos. Em segundo, porque existe o mito de que as turmas maiores geralmente são as mais barulhentas e com comportamentos mais difíceis de controlar. Em terceiro em termos de espaço. Após algumas aulas, verifiquei que estes meus medos eram dispensáveis, uma vez que a turma facilitou bastante o meu trabalho.

Referindo-me agora à lecionação das aulas, as primeiras dificuldades que senti foram ao nível do controlo do comportamento da turma o que confesso me deixava bastante motivado. Como já referi anteriormente, a turma, no início do

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ano letivo era bastante irrequieta, barulhenta e distraída, obrigando-me constantemente a intervir no sentido de retomar à calma. Com o decorrer das aulas, e devido a muitas insistências da minha parte, os alunos foram melhorando os seus comportamentos, acabando o ano completamente diferentes, muito mais calmos, rotinados e atentos. Admito que esta foi uma das minhas grandes vitórias neste ano de estágio, pois consegui não só realizar o meu trabalho, mas também alterar um dos aspetos mais negativos daquela turma, o comportamento. Essas diferenças de comportamento foram expressas por mim em duas reflexões de aula em momentos distintos do ano letivo.

“Em geral a aula correu pessimamente pois perdi por completo o controle de toda a turma logo após o Corta-Mato, depois de ter “expulsado” um aluno da mesma aula por não ter encontrado à primeira uma solução para sossegar o mesmo, não tendo mantido a calma que me caracteriza e não pensando no que poderia acontecer ao aluno sendo eu o responsável …” (Reflexão nº21 e 22 – 12/11/

2015)

“Com o passar do tempo já começo a sentir maior confiança com a turma tendo estes já incutidas as rotinas implementadas por mim, conseguindo cada vez mais lecionar com o “saber brincar e saber trabalhar””. (Reflexão nº 50 e 51 –

11/02/2016)

No que diz respeito à motivação da turma, esta entrava sempre muito determinada, ativa e dinâmica para a aula. No início do ano letivo como tinha por hábito realizar exercícios demasiado analíticos para exercitação de determinadas habilidades, colocava os alunos demasiado tempo em filas, em espera, levando-os à falta de atenção. Além disso, também não existiam muitos momentos competitivos nas aulas, o que fazia também com que os alunos se sentissem desmotivados. Após os longos momentos que passei a tentar encontrar uma solução para este problema, refleti acerca da possibilidade de, a tal monotonia criada nas aulas poder relacionada com as tarefas de caráter analítico e com as poucas situações competitivas. Assim, passei então a tomar uma atitude diferente relativamente a esse aspeto. Tentava criar situações de

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jogo e competição, mantendo os níveis de entusiasmo dos alunos elevados, em busca de uma melhoria da performance, o que faria aumentar a sua motivação. A observação das aulas dos meus colegas estagiários foi também bastante relevante para o sucesso nesta dificuldade. Todos os meus colegas criavam esses mesmos ambientes competitivos, uns através da aplicação do Modelo de Educação Desportiva (MED) (Siedentop, 1987) e outros organizavam torneios. A reflexão acerca destas aulas observadas fez-me crescer a este nível, aprendendo novas formas de enfrentar determinadas dificuldades.

Além disso, os alunos sentem-se bem mais motivados e entregues à atividade quando sujeitos a uma competição interna entre eles, pois é visível a sua necessidade de elevação pessoal perante os colegas. Este aspeto fazia-se notar através da aplicação do MED, o qual se caracteriza por proporcionar um ambiente competitivo em todas as tarefas da aula.

Ao longo do ano, verifiquei que a minha turma tinha níveis de motivação superiores quando as aulas eram dedicadas a uma modalidade coletiva. Assim quando lecionava modalidades individuais, no caso, a Ginástica ou o Atletismo, nem sempre eram bem aceites pelos alunos. É certo que ao longo da nossa formação na faculdade, nomeadamente nas didáticas específicas, mais propriamente na didática do Atletismo, fomos estimulados para a lecionação das aulas utilizando o MED, o qual, além de todas as suas características, proporciona aos alunos um elevado grau de motivação. Porém no caso particular da minha turma, nunca fui capaz de fazer os meus alunos aderir totalmente a modalidades de caráter individual, principalmente as duas citadas anteriormente.

Olhando o exemplo específico do Atletismo, penso que esta falha tinha a ver fundamentalmente com as seguintes razões: por se tratar de modalidades que exigiam maior empenhamento físico dos alunos e uma maior exposição perante os colegas; o facto de dependerem apenas deles próprios para alcançarem o sucesso; e finalmente, pelo tipo de estratégias utilizadas na escolha e organização dos exercícios que nem sempre foi a mais acertada. Um outro aspeto que poderá ter influenciado a motivação dos alunos, poderá estar relacionado com o facto de por vezes me centrava demasiado nos aspetos técnicos da modalidade e nem tanto nos aspetos competitivos e táticos. Deveria assim ter optado, tal como os meus colegas, por aplicar o MED, garantindo assim um outro tipo de ambiente mais festivo e competitivo nas aulas.

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Já em modalidades como o Futebol e o Andebol, que eram fortemente motivadoras para eles, durante as aulas, observava-se uma grande entrega e dedicação à competição. Este aspeto dever-se-ia talvez à maior facilidade existente em criar ambientes competitivos nestas modalidades. Uma outra justificação seria o maior gosto pelos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), comparativamente com as modalidades individuais. Pois, nestas modalidades poderiam trabalhar em equipa e depender também dos outros colegas, para alcançar o êxito, não dependendo só de si como nas modalidades individuais. Penso até que essa será a justificação mais credível neste aspeto. No entanto, preocupava-me sempre em criar as situações e os contextos necessários à motivação dos alunos em modalidades que eles não conheciam e/ou menos gostavam, organizando competições, circuitos com pontuação, entre outras tarefas. Exemplo disso, torna-se já no final do ano letivo quando apresentei uma modalidade nova à turma (bitoque rugby) e estes se mostraram muito competitivos, motivados e unidos para alcançar o objetivo do jogo, ganhar.

“Em geral a aula correu muito bem com os alunos a estarem todos muito ativos e entusiasmados com a nova atividade.” (Reflexão nº 85 – 25/05/2016)

Ao longo do ano letivo, o relacionamento que possuía com os alunos foi se tornando melhor. Curiosamente, com momentos que vivemos “extra” aula. As conversas informais no início das aulas, nos intervalos e até os momentos depois da aula tornaram-se rotina após algumas semanas. Conversas sempre ligadas com vertentes desportivas conseguindo assim cumprir com o meu objetivo traçado logo desde o início, que seria criar motivação nos alunos para a prática desportiva, notando-se com o facto de conseguir sempre possuir alunos a participar nos torneios inter-turmas (Torneio de Voleibol e Basquete – Atividade Desportiva (AD) e Corta Mato). Inclusivamente, na AD, a turma foi à final e saiu vitoriosa. Noutras provas destes Torneio, tanto as equipas masculinas como as equipas femininas conseguiram sempre classificações razoáveis.

Fui aumentando assim a minha experiência como líder de um grupo de jovens ao longo do tempo, fui aprendendo a lidar com diversas situações de indisciplina,

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má conduta por parte de alguns alunos, aprendendo a lidar com os seus problemas e conseguindo-os convencer muitas vezes de que não deveriam deixar que esses problemas interferissem no seu rendimento das aulas. No fundo, fui-me tornando cada vez mais próximo deles, contribuindo para o seu bem-estar e desenvolvimento como jovens adolescentes. Era um dos meus objetivos para este EP além daqueles que são essenciais na disciplina de EF, fazer com os alunos me vissem como um bom conselheiro e me procurassem sempre que tivessem necessidade.

Esta cumplicidade permitiu que, quer o Professor, quer os alunos, se fossem conhecendo melhor, fazendo com que a nossa relação se baseasse no respeito, no entendimento e na coesão do grupo. Como mencionam Rosado e Ferreira (2011), deve ser construído um ambiente de compreensão e de genuína preocupação com os problemas dos alunos, de forma a potenciar a sua adesão ao programa de ação do Professor.

Com isto tenciono evidenciar que durante um ano letivo, nós PE temos a oportunidade de dar aulas e sermos responsáveis por uma só turma, ou seja, onde a atuação do PE se define apenas a um conjunto de alunos, permitindo que nos foquemos essencialmente neles, partindo da nossa vontade de dar o melhor perante estes. No fundo a aprendizagem dos alunos é o reflexo do nosso trabalho e daquilo que cada um deles dá ao longo das aulas.

Para lidar com alguns problemas e imprevistos foi decisiva a ajuda e cooperação do PC e dos meus colegas estagiários, em diversas situações, também eles experienciaram o mesmo nas suas turmas. Era importante para nós, que os nossos alunos nos respeitassem como Professores e como líderes, mas também que olhassem para nós com amizade e confiança.

As estratégias que escolhi permitiram que se desenvolvesse uma relação distinta, uma afinidade que favoreceu o processo de ensino-aprendizagem, onde ao longo de todo o ano letivo foi notório o empenho dos alunos no sentido de não me desiludirem. Penso que esse sentimento foi mútuo, desde o inicio que assumi este compromisso dando o meu melhor, quer na assiduidade e na pontualidade, quer na aplicação de todos os meus conhecimentos e capacidades

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para o sucesso da turma. Após o ano letivo, posso afirmar que realmente a nossa relação foi extraordinária.

Com uma presença ativa na minha formação académica, senti que o docente para além do domínio do conhecimento, tem de saber transmitir a matéria que ensina. Tendo sempre presente em si, o facto de, para além das tarefas subjacentes à profissão, que também terá que ser um gestor de recursos humanos, um gestor de relações humanas, onde neste sentido, a relação pedagógica entre professor e alunos, se torna numa relação especial. É a partir deste pressuposto que julgo que o ideal de uma relação pedagógica não seja orientado de uma forma unicamente autoritária.

Em jeito de conclusão deste capítulo, o que posso dizer, é que na minha perspetiva, o controlo da turma e a relação professor-alunos (e vice-versa) estão inteiramente e intensamente relacionados. Um bom relacionamento permite que se consiga controlar a turma de uma forma mais eficaz, conseguindo que as estratégias que foram usadas ao longo das aulas iniciais e das aulas em geral, possibilitaram o bom desenrolar das mesmas, sendo que, tenho a noção de que cada caso é um caso, e na minha turma foi-me possível atuar desta forma mas talvez com outra turma não poderia fazer do mesmo modo.

4.1.3.1 A Turma Partilhada

Segundo as Normas Orientadoras do EP3 o PE deve lecionar as aulas das turmas atribuídas (residente e partilhada) pelo PC. Essas turmas têm de ser de ciclos de ensino diferentes, de modo a proporcionar ao PE a experiência nos dois níveis de escolaridade.

Após sorteio acabei por ser o primeiro a iniciar o ano letivo com a turma. Desde a primeira aula que consegui constatar que os alunos eram muito ativos.

3

Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP: 2015-2016. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.

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Apresentavam características idênticas à minha turma do 3º ciclo, mas com a contrariedade de nesta turma esses comportamentos serem dominados por alunos do sexo feminino.

Uma vez que as alunas desta turma eram mais impetuosas que os rapazes, tomei como estratégia, estabelecer regras de modo a impor rotinas para que a aula não estivesse em constante interrupção não deixando de aproveitar sempre a energia e felicidade que os alunos em geral traziam para a aula de EF. As primeiras regras que implementei foram a assiduidade e pontualidade, sendo rígido quanto a comportamento e faltas de educação para evitar “abusos”.

Na transição dos conteúdos também encontrei algumas diferenças face à minha turma do 3º ciclo. Apesar de a diferença ser de apenas um ano entre turmas, o ciclo e os conteúdos abordados são de níveis introdutórios, o que me facilitou na abordagem dos conteúdos, podendo despender mais tempo na instrução dos alunos.

No início do ano, em reunião do NE, perante o planeamento anual, ficou estabelecido que cada PE lecionaria o mesmo número de aulas à turma, tendo à responsabilidade de elaborar e organizar os MEC e UD das modalidades que lecionasse.

4.1.4 A Instrução

A instrução é um modelo que consiste no domínio do ensino e engloba toda a atividade relacionada com o ato de ensinar. É através deste que se transmite aos alunos aquilo que se ambiciona em determinada situação, que se explica como se realizam os exercícios e que se esclarecem as mais distintas dúvidas. Para Rosado e Mesquita (2011, p.69) “a instrução ocupa um lugar nobre, ao referenciar-se à informação diretamente relacionada com os objetivos e a matéria de ensino”.

No entanto, a instrução não pode assumir uma elevada percentagem do tempo total de aula. Caso contrário, irá sobrepor-se ao tempo de aprendizagem motora, o que pode prejudicar a aprendizagem dos alunos.

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Ao longo do ano letivo, tive tendência para ocupar mais tempo com aspetos relacionados com a instrução, principalmente, quando introduzia uma modalidade nova ou um conteúdo.

Ao lecionar as diferentes modalidades senti a necessidade de procurar relembrar conhecimento, fosse sobre os conteúdos que já conhecia, fosse sobre aqueles que nunca tinha vivenciado (Ténis de Mesa). Face a este problema, precisei de aprofundar o conhecimento da matéria e por isso, ao longo do ano letivo fui partilhando e trocando sempre ideias com o NE e o PC para além dos livros consultados. Através destes recursos, consegui compreender melhor os conteúdos e encontrar estratégias mais eficazes para transmitir e lecionar a matéria.

A parte comunicativa não era algo novo para mim, pois ao longo do 1º ano do MEEFEBS também fui treinador de futebol. Isso permitia que estivesse um pouco mais “à vontade” quando comunicava com a turma, mas, ainda assim senti que tinha de melhorar alguns aspetos na minha forma de comunicar. A minha colocação da voz era inicialmente insegura, quer devido ao fato de estar inicialmente perante uma turma grande e nova, quer a minha insegurança perante alguns conteúdos. Este foi um ponto que consegui melhorar de aula para aula, conforme me ia sentindo à vontade com a turma e os conteúdos. Exemplo disso constatou-se nas primeiras aulas do ano letivo, como mostra as reflexões em baixo referenciadas:

“Por ser uma aula de 45 minutos a aula passa a correr e tenho de ter uma maior e melhor gestão de tempo nos exercícios e nos meus feedbacks e as instruções têm de começar a ser mais curtas e simples com uma melhor terminologia, por ainda se sentir maus hábitos do treino.” (Reflexão nº 8 14/10/2015)

“Em geral a aula correu muito bem notando que com uma boa divisória da turma, tornando os mais competitivos, com maior tranquilidade, controle no tom de voz, moderação na terminologia das palavras e maior rigor os alunos não se distraem e são muito mais empenhados.” (Reflexão nº 9 e 10 – 15/10/2015)

Referências

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