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TÍTULO: RESPONSABILIDADE CIVIL E NOVAS TECNOLOGIAS: DISCRIMINAÇÃO ALGORÍTMICA, PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR E LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

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Academic year: 2022

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Realização: IES parceiras:

TÍTULO: RESPONSABILIDADE CIVIL E NOVAS TECNOLOGIAS: DISCRIMINAÇÃO ALGORÍTMICA, PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR E LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS

CATEGORIA: EM ANDAMENTO

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: Direito

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA - NEWTON PAIVA AUTOR(ES): RAYENNE DOS SANTOS LIMA CRUZ

ORIENTADOR(ES): MICHAEL CESAR SILVA

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1 – RESUMO: O presente estudo visa a verificar a (im)possibilidade de se responsabilizar civilmente o fornecedor de produtos e serviços pelos danos provenientes da discriminação algorítmica em desfavor dos consumidores, a partir do sistema protetivo do consumidor e da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para adequado desenvolvimento da pesquisa, adotou-se o método indutivo, a vertente crítico metodológica e a técnica de revisão bibliográfica. Verificou-se que no comércio eletrônico há a prática de geodiscriminação algorítmica, que se desdobra nas condutas de geopricing e geoblocking, as quais violam o sistema protetivo do consumidor e as diretrizes estabelecidas pela LGPD. Nesse sentido, a partir de um diálogo das fontes instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), em seu art. 7º, e pela LGPD, em seu art. 45, constata-se a possibilidade de responsabilizar os fornecedores de produtos e serviços pela discriminação algorítmica, que viola os princípios da boa-fé objetiva, informação e transparência, além de se adequar às hipóteses de prática abusiva previstas no art. 39, II e IX do CDC.

2 - INTRODUÇÃO

A sociedade da informação caracteriza-se pela hiperconectividade, com ampla e extensiva utilização das plataformas digitais. Nesse contexto, verifica-se uma constante e célere coleta e processamento de dados com uso de tecnologia virtual, pelo Estado e agentes privados.

É cediço que na contemporaneidade os dados pessoais possuem especial relevância, por serem as “pré-informações” sobre alguém, que ao serem manipulados, fornecem informações sobre o seu titular, que podem ser utilizadas para finalidades diversas, como traçar o perfil do potencial consumidor (profiling), seleção de candidatos em processos seletivos de empresas, criação de propaganda política partidária etc. E, em razão disso, são denominados como o novo petróleo (GODIM, 2021, p.3).

No comércio eletrônico, os fornecedores de produtos e serviços, dotados de amplo acervo de dados sobre os usuários, conseguem, por meio de algoritmos, identificar padrões, estimar ofertas, delimitar para quem será oferecido o produto/serviço e por qual preço. De modo que, apesar da experiência do e-commerce transmitir ao consumidor uma sensação de liberdade e de amplo poder de escolha,

“na verdade, as empresas controlam toda a informação e, não raro, aproveitam a

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assimetria de informação para explorar o consumidor” (FORTES; MARTINS;

OLIVEIRA, 2019, p. 236).

Nesse cenário, uma das práticas abusivas presente no mercado online é a geodiscriminação, em que de modo injustificado, empresas, valendo do uso de algoritmos, discriminam consumidores, bloqueando ofertas (geoblocking) e/ou aumentando preços (geopricing), considerando exclusivamente sua localização geográfica (FALEIROS JÚNIOR; BASAN, 2020, p. 140).

Em 2018, a discussão jurídica relativa ao geoblocking e ao geopricing ganhou relevo com a decisão inédita do Departamento de Proteção do Consumidor (DPDC), que condenou a empresa “Decolar.com” ao pagamento de multa no valor de R$

7.500.000,00 (sete milhões e quinhentos mil reais), devido a diferenciação de preço de acomodações e negativa de oferta de vagas, quando existentes, aos consumidores brasileiros, para favorecer consumidores argentinos (BRASIL, 2018).

O caso trouxe a lume a discussão sobre a discriminação algorítmica em desfavor de consumidores, sendo que a referida situação discriminatória não possui um marco regulatório específico para solução da controvérsia.

Nessa perspectiva, encontra-se em desenvolvimento o estudo que visa a analisar a (im)possibilidade de imputação de responsabilidade civil aos fornecedores, pelos danos causados aos consumidores pela prática de discriminação algorítmica, a partir do sistema protetivo do consumidor e da sistemática estabelecida pela Lei 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD).

3 – OBJETIVOS

3.1 – OBJETIVO GERAL

O objetivo central do estudo é analisar crítica e discursivamente o tema da discriminação algorítmica no mercado de consumo, tendo em vista que, não raras vezes, algoritmos são utilizados para tomar atitudes discriminatórias ou de exclusão dos consumidores.

3.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Definir a discriminação algorítmica;

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b) Apurar os impactos da discriminação algorítmica no mercado de consumo, estabelecendo seus contornos;

c) Analisar as práticas abusivas de geopricing e geoblocking.

4 – METODOLOGIA

A partir das opções metodológicas aventadas pela doutrina como adequadas para a pesquisa jurídica (GUSTIN; DIAS, 2015, p.19-31), e considerando as particularidades do problema de pesquisa, adotou-se o método indutivo, e a vertente crítico-metodológica, pois está sendo realizada uma revisão da bibliografia sobre o tema, com o intuito de se estabelecer as premissas gerais adequadas para o deslinde da controvérsia.

5 – DESENVOLVIMENTO

Foi realizada análise da legislação pertinente ao tema, além de pesquisa bibliográfica para identificar as obras que contribuem para o deslinde da situação- problema apresentada e permitem alcançar os objetivos estabelecidos.

Outrossim, foi feita pesquisa jurisprudencial com o intuito de se verificar o entendimento firmado pelos Tribunais Estaduais e Tribunais Superiores sobre discriminação algorítmica e temas correlatos.

Também foram realizadas reuniões com o professor orientador para discussão, aprimoramento e desenvolvimento da pesquisa.

Na fase atual, encontra-se em desenvolvimento o artigo científico sobre a temática proposta, para posterior submissão para publicação em revista especializada.

6 – RESULTADOS PRELIMINARES

A Constituição Federal de 1988 estabelece a dignidade da pessoa humana como axioma do Estado Democrático de Direito. Além disso, em seu art. 5º, caput, estabelece a igualdade e liberdade como direitos fundamentais.

No que concerne a proteção do consumidor, a Carta Magna estatui como direito fundamental (art. 5º, XXXII) e principal geral da atividade econômica (art. 170, V). De modo que, no exercício da livre iniciativa (art. 1º, IV), os agentes econômicos devem atuar em conformidade com esses preceitos constitucionais.

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No âmbito infraconstitucional, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) estabelece que as normas consumeristas se qualificam como normas de ordem pública e interesse social, ampliando o campo de proteção do consumidor.

Ademais, em seu art. 4º, I, reconhece a vulnerabilidade do consumidor como traço marcante da referida legislação, para fins de garantia de sua necessária e efetiva proteção no mercado de consumo.

Nessa esteira, o princípio da boa-fé objetiva (art. 4º, III c/c art. 51, IV, do CDC) sobressai nas relações contratuais estabelecidas entre consumidor e fornecedor, devendo ser cumpridos os deveres anexos de conduta, bem como os princípios da informação e da transparência no fornecimento de informações, que devem ser completas, claras e precisas. Consoante destacado por Claudia Lima Marques (2016, p.1081), a boa-fé objetiva viabiliza a concretização da justiça e equidade contratual.

Destaca-se, ainda, que o art. 6º, II, do CDC, prevê como direito básico do consumidor a liberdade de escolha e igualdade nas contratações.

As práticas de geopricing e geoblocking são manifestamente abusivas, pois além de serem realizadas a partir da manipulação dos dados pessoais do consumidor, sem seu conhecimento e consentimento, estipula uma discriminação injustificada a determinados grupos de consumidores, devido a sua localização e condição econômica.

Esses atos violam a política não discriminatória e que prestigia o consentimento do titular de dados estabelecida pela LGPD, em seu art. 6, IX e art. 7º, I. Outrossim, prevê em seu art. 45 que aos casos de violação do direito de titulares de dados decorrentes de relação de consumo será aplicada a legislação pertinente, ou seja, o CDC.

Conforme José Faleiros Júnior (2020, p.11-12) dispõe, em sua obra, a discriminação algorítmica decorre de uma má coleta, mau processamento ou falibilidade do equipamento que gera os dados iniciais.

De modo que, as práticas de geoblocking e geopracing adequam-se as hipóteses de práticas abusivas previstas no art. 39, II e IX do CDC. E, por conseguinte, é viável a responsabilização do fornecedor pelos danos extrapatrimoniais e

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patrimoniais decorrentes da discriminação algorítmica, com fundamento no art. 12 do CDC.

Em desfecho, as práticas de geodiscriminação violam o sistema protetivo do consumidor e os preceitos normativos da Lei Geral de Proteção de Dados, ao estabelecer uma distinção indevida entre consumidores, fomentando discriminações sociais e econômicas, limitando acesso a produtos e serviços e, por conseguinte, causando danos aos consumidores, que ensejam a imputação de responsabilidade civil dos fornecedores que adotam tais condutas no mercado de consumo.

7 – FONTES CONSULTADAS

BRASIL. Secretaria Nacional do Consumidor. Departamento Nacional de Proteção e Defesa do Consumidor. Despacho nº 299/2018. Decisão de Aplicação de Sanção Administrativa. Processo nº 08012.002116/2016-21. Representada: Decolar.com Ltda. DOU. Diário Oficial da União. Publicado no DOU de 18 de junho 06 de 2018.

FALEIROS JÚNIOR, José Luiz de Moura. Discriminação por algoritmos de inteligência artificial: a responsabilidade civil, os vieses e o exemplo das tecnologias baseadas em luminância. Revista de Direito da Responsabilidade, Ano 2, 2020.

FALEIROS JÚNIOR, José Luiz de Moura; BASAN, Arthur Pinheiro. Desafios da predição algorítmica na tutela jurídica dos contratos eletrônicos de consumo. Revista da Faculdade de Direito da UFRGS, Porto Alegre, n. 44, p. 131-153, dez. 2020.

FORTES, Pedro Rubim Borges; MARTINS, Guilherme Magalhães; OLIVEIRA, Pedro Faria. O consumidor contemporâneo no Show do Truman: a geodiscriminação digital como prática ilícita no direito brasileiro. Revista de Direito do Consumidor, vol. 124, ano 28, p. 235-250. São Paulo: Ed. RT, jul-ago. 2019.

GONDIM, Glenda Gonçalves. A responsabilidade civil no uso indevido dos dados pessoais. Revista IBERC, Belo Horizonte, v. 4, n. 1, p. 19-34, jan./abr. 2021

GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pes-quisa jurídica: teoria e prática. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2015.

LIMA, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 8 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

MARTINS, Guilherme Magalhães; BASAN, Arthur Pinheiro; FALEIROS JÚNIOR, José Luiz de Moura. O direito fundamental à proteção de dados pessoais e a pandemia da covid-19. Revista Eletrônica de Direito do Centro Universitário Newton Paiva, Belo Horizonte, n.43, p.232-255, jan./abr. 2021. Disponível em:

https://revistas.newtonpaiva.br/redcunp/wp-content/uploads/2021/06/DIR43-14.pdf.

Acesso em: 21 set. 2020.

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