• Nenhum resultado encontrado

Arq Bras Endocrinol Metab vol.52 número1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Arq Bras Endocrinol Metab vol.52 número1"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

Arq Bras Endrocrinol Metab 2008;52/1 141

Recebido em 28/09/2007

Aceito em 05/12/2007 cop

yr

ight

© ABE&M todos os direitos reser

v

ados

Devemos Mudar os Valores de

Referência para TSH Normal?

O

S NÍVEIS DE REFERÊNCIA PARA NORMALIDADE são fundamentais para a própria

validação de um teste como método diagnóstico, além de serem essen-ciais para a tomada de decisão terapêutica. Como se obtêm esses valores de referência? O que é normal, por conceito, é o que predomina em uma grande população saudável. Assim, os níveis de normalidade do ensaio de TSH são obtidos por meio da média do valor de TSH com um intervalo de confiança de 95%, em uma população supostamente sem doenças tireoidianas. En-tretanto, uma série de observações recentes sugere que os indivíduos que apresentam valores nos níveis atualmente considerados limites superiores da normalidade não são normais, mas, em verdade, possuem uma disfunção ti-reoidiana mínima (1). Esses indivíduos estariam “puxando” os valores consi-derados normais do TSH para cima.

O limite superior de normalidade varia muito em diferentes populações: entre 2,4 e 4,2 mIU/L. Grandes estudos, como o NHANES III, que utiliza-ram os dados de 13.344 pessoas e excluíutiliza-ram indivíduos com histórias de doen-ças da tireóide, bócio, uso de medicamentos que influem na avaliação tireoidiana, grávidas e indivíduos com anticorpos antitireoidianos positivos, mostram limites superiores de TSH em torno de 4,2 mIU/L para a popula-ção branca e de 3,6 mIU/L para a populapopula-ção negra com anticorpos antiti-reoidianos negativos (2). A média do TSH situou-se em 1,39 mIU/L (2).

No entanto, cerca de 20% dos indivíduos com pequenas elevações de TSH, sinais ultra-sonográficos e achados citológicos sugestivos de tireoidite, como a característica infiltração linfocitária, não possuem níveis circulantes de anticorpos antitireoidianos detectáveis (3). Os níveis de TSH elevam-se em faixas etárias mais avançadas nas quais também aumenta a incidência de ti-reoidites auto-imunes. Além disso, em idades mais avançadas, aumenta a pre-sença de nódulos na glândula, assim como a possibilidade de nódulos autônomos ficarem tóxicos. A American Association of Clinical Endocrinolo-gists, levando em conta os níveis de TSH menos associados à presença de AcTPO em homens e mulheres, considera que o valor superior de normalida-de normalida-deve ser normalida-de 3 mIU/L, que se assemelha ao valor normalida-de 2,5 mIU/L sugerido pela Endocrine Society.

Será que deveríamos mesmo mudar os valores de referência do ensaio de TSH?

O perigo que reside em diminuirmos os valores máximos de referência é de sermos induzidos a tratar de hipotireoidismo subclínico mais indivíduos com valores pouco elevados de TSH.

Claro que o exame clínico e a história do paciente, assim como a validação de outras comorbidades, dislipidemia em particular e outros fatores de risco devem ser cuidadosamente avaliados antes de se indicar um tratamento cujo benefício ainda é discutível. Mas também é importante lembrar que dos 820

carta ao editor

L

AURA

S

TERIAN

W

ARD

(2)

TSH Normal

Ward

142 Arq Bras Endrocrinol Metab 2008;52/1

cop

yr

ight

© ABE&M todos os direitos reser

v

ados

reference limits may be skewed by occult thyroid dysfunction. J Clin Endocrinol Metab. 2007; [Epub ahead of print].

2. Hollowell JG, Staehling NW, Flanders WD, Hannon WH, Gun-ter EW, Spencer CA, et al. Serum TSH, T(4), and thyroid anti-bodies in the United States population (1988 to 1994): National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III). J Clin Endocrinol Metab. 2002;87:489-99.

3. Vejbjerg P, Knudsen N, Perrild H, Laurberg P, Pedersen IB, Ras-mussen LB, et al. The association between hypoechogenicity or irregular echo pattern at thyroid ultrasonography and thyroid function in the general population. Eur J Endocrinol. 2006;155:547-52.

4. Ward LS, LC Oliveira, A de O Santos, G d’A Fernandes. Avalia-ção clínica de um ensaio sensível de TSH na definiAvalia-ção do es-tado tiroidiano. Arq Bras Endo Metab. 1995;32:12-6.

5. Bagattoli RM, Vaisman M, Lima JS, Ward LS. Estudo de ade-são ao Tratamento do Hipotiroidismo. Arq Bras Endo Metab. 2000;44:483-7.

Endereço para correspondência:

Laura S. Ward

Rua Tessália Vieira de Camargo, 162 13081-970 Campinas, SP E-mail: ward@unicamp.br

indivíduos em uso de medicação para hipertireoidismo do estudo do NHANES III, 18,3% possuíam evidência de hipertireoidismo (7,3% clínico, 10,9% subclínico) (2). Pacientes que são atendidos a nível hospitalar fre-qüentemente possuem uma causa, que não a doença tireoidiana progressiva, para apresentar TSH borderline

(4). No estudo do Colorado, 40% dos indivíduos em uso de hormônios tireoidianos apresentavam níveis de TSH menores do que 0,3 mIU/L), e o recente estudo do grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sugerem que esses números não são diferentes no Brasil. Mais ainda, em nosso meio, cerca de 20% dos pacientes em uso de levotiroxina correm o risco de de-senvolver importantes efeitos cardiovasculares por pres-crição de dosagens excessivas (5).

Em conclusão, independentemente do valor de re-ferência que o TSH possa ter, a clínica continua sendo soberana na decisão terapêutica, e a observação caute-losa, nossa melhor amiga.

REFERÊNCIAS

Referências

Documentos relacionados

In contrast, two studies showed that the bone mineral density of the lumbar spine, femoral neck and the midshaft of the radius were not signifi cantly decreased in

A versão brasileira do OJS, conhecida como SEER/OJS (SEER=Sistema Eletrônico de Editoração de Revista) é veiculada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e

Atualmente vivem no Japão mais de 300 mil brasilei- ros, a maioria dos quais é brasileira de origem japonesa, conhecidos como Dekassegui, em busca de melhores oportunidades

demonstraram que a leptina em animais obesos preserva sua capacidade de ativar o sistema nevoso simpático direcionado ao rim, enquanto a atividade nervosa simpática dirigida

Long-term outcome after de- pot releasing hormone agonist treatment of central preco- cious puberty: final height, body proportions, body composition, bone mineral density,

Despite dietary recommendations (1200 to 1600 kcal/ day), there was only a slight body weight loss in most patients (Table 1), corresponding to less than 2% BMI reduction in

The control group included children without ab- normalities of pubertal development and consisted of three subgroups: 1) C 1 : 25 girls under 3 years of age (0.11-2.3yr) that

(11), 2004, studying the mechanisms through which T3 stimulates osteoclast differentiation in both the presence and ab- sence of osteoblastic cells, found that T3 (1pM-100nM) did