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Rev. Bras. Psiquiatr. vol.29 número4

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Academic year: 2018

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Rev Bras Psiquiatr. 2007;29(4):380-5 Cartas aos Editores 384

Comércio de “álcool de farmácia”

no município de São Gabriel da

Cachoeira, Amazonas, Brasil: uma

questão de saúde pública

“Pharmacy alcohol” commerce in São

Gabriel da Cachoeira City, Amazonas,

Brazil: a question of public health

Sr. Editor,

A literatura especializada demonstra o impacto do consumo de bebidas alcoólicas no perfil de morbi-mortalidade da população mundial.1 A população indígena encontra-se especialmente

vul-nerável a estes agravos.2-4 São Gabriel da Cachoeira (SGC) é um

município localizado no noroeste do Estado do Amazonas, na fronteira entre Brasil, Colômbia, e Venezuela. Estima-se que aproximadamente 90% de sua população seja composta por in-dígenas, pertencentes a 22 etnias diferentes. Estudo realizado em comunidades rurais, de SGC, evidenciou que o consumo de álcool líquido 96º Gay-Lussac (“álcool de farmácia”) faz parte das substâncias alcoólicas lá ingeridas.3 A venda de álcool etílico

hidratado, em todas as graduações, e álcool etílico anidro por atacadistas e varejistas foi temporariamente suspensa no Brasil pela Resolução-RDC nº 46, de 20 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Tal resolução visava evitar os riscos oferecidos à saúde pública decorrentes de aci-dentes por queimadura e de ingestão, principalmente em crian-ças. Destaca-se, aqui, que na área urbana de SGC o uso de “álcool de farmácia” intencional e não apenas acidental consiste em um problema de saúde pública a ser enfrentado. Neste mu-nicípio observa-se, inclusive, de forma recorrente, a exposição deste produto nas prateleiras onde estão as bebidas alcoólicas. Este, costumeiramente, não é colocado junto aos demais produ-tos supostamente de limpeza. Assim, colocar na prateleira ca-chaça e “álcool de farmácia”, lado a lado, é rotina nos estabele-cimentos comerciais de SGC. A força do hábito parece tão forte que, mesmo em situações nas quais o produto a ser vendido era álcool na forma gel, ele era igualmente exposto na prateleira de bebidas.

Há consenso na literatura sobre a eficácia de políticas públicas voltadas para a questão dos problemas relacionados ao uso de álcool, embasadas em experiências exitosas, nacionais e interna-cionais, empreendidas, sobretudo, junto a populações urbanas não-indígenas.5 Sua plena efetividade, num contexto

majoritaria-mente indígena, pode não ser amplo e similar. Entretanto, a ven-da de “álcool de farmácia” juntamente com bebiven-das alcoólicas em estabelecimentos comerciais deve ser alvo de regulamentação do poder público. Considerando-se as especificidades encontradas em municípios como SGC, conclama-se a Associação Brasileira de Psiquiatria a se aliar a outras entidades como a Sociedade Brasileira de Queimaduras e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) na discussão sobre o retorno da proibição da comercialização de álcool na forma líquida, por entender que esta temática está diretamente ligada a Saúde Mental.

Maximiliano Loiola Ponte de Souza

Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane, Fundação Oswaldo Cruz, Manaus (AM), Brazil

R e f e r ê n c i a s

1. Meloni JN, Laranjeira R. Custo social e de saúde do consumo do álcool. Rev Bras Psiquiatr. 2004;26(Suppl. 1):7-10.

2. Kunitz SJ, Levy JE. Drinking careers: a twenty-five-year study of three Navajo populations. New Haven/London: Yale University Press; 1994.

3. Souza ML, Garnelo L. Quando, como e o que se bebe: o processo de alcoolização entre populações indígenas do alto Rio Negro, Brasil.

Cad Saude Publica. 2007;23(7):1640-8.

4. Guimaraes LA, Grubtis S. Alcoolismo e violência em etnias indíge-nas: uma visão crítica da situação brasileira. Psicol Soc. 2007;19(1):45-51.

5. Laranjeira R, Romano M. Consenso brasileiro sobre políticas públi-cas do álcool. Rev Bras Psiquiatr. 2004;26 (Suppl.1):68-77.

Financiamento: Número de processo individual 400904/2005-5 MCT-CNPq/MS-SCTIE-DECIT – nº 38/2005.

Referências

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