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O processo comunicacional do CNPq na sociedade em rede : estudo de caso do portal

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Universidade Católica de Brasília - UCB

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação

O PROCESSO COMUNICACIONAL DO CNPq NA SOCIEDADE EM

REDE

ESTUDO DE CASO DO PORTAL

Brasília - DF

2013

(2)

ANTONIO MARCOS FERREIRA DA COSTA

O PROCESSO COMUNICACIONAL DO CNPq NA SOCIEDADE EM REDE –

ESTUDO DE CASO DO PORTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Comunicação.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Schirmer Kieling.

(3)

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB C837p Costa, Antonio Marcos Ferreira da.

O processo comunicacional do CNPq na sociedade em rede – estudo de caso do Portal. / Antonio Marcos Ferreira da Costa – 2013.

125f.; il. : 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2013. Orientação: Prof. Dr. Alexandre Schirmer Kieling.

1. Comunicação e tecnologia. 2. Sociedade da informação. 3. Cultura. 4. Interação social. 5. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. I.Kieling, Alexandre Schirmer, orient. II. Título.

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Ao amor da minha vida, Divina Ferreira da Costa, minha mãe. Ao meu pai, Valdivino Dias de Oliveira,

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por conceder a graça de realizar este trabalho. À minha mãe e aos meus irmãos, que entenderam minhas ausências.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Alexandre Schirmer Kieling. Sem a sua paciência certamente não teria conseguido ordenar as ideias que brotavam em minha mente. Devo-lhe esta dissertação.

Aos professores integrantes da Banca de Qualificação, Dra. Márcia Coelho Flausino e Dr. João José Azevedo Curvello, pela avaliação criteriosa e sugestões para o aprimoramento da pesquisa.

Aos professores do mestrado em Comunicação da UCB-DF, agradeço pelos cursos ministrados.

Um agradecimento especial para minha amiga Cristiane Fernandes pelo apoio moral e sugestões na revisão do texto final.

Ao Coordenador do Programa de Pesquisa em Saúde do CNPq, Dr. Belmiro Freitas de Salles Filho, meu chefe imediato, e aos meus colegas de trabalho.

Ao CNPq, por autorizar a realização desta pesquisa.

Aos pesquisadores do CNPq que prontamente responderam à pesquisa.

Aos meus colegas de curso, meus familiares e amigos que, de uma forma ou de outra, contribuíram com sua amizade e com sugestões efetivas para a realização deste trabalho.

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Numa só palavra de Deus compreendi duas coisas: A Deus pertence o poder, ao Senhor pertence a bondade. Pois vós dais a cada um segundo suas obras.

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RESUMO

COSTA, Antonio Marcos Ferreira da. O processo comunicacional do CNPq na sociedade em redeestudo de caso do portal. 2013. 125f. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

Este trabalho analisa o processo comunicacional entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o seu principal público – os bolsistas de Produtividade em Pesquisa (PQ) e os pesquisadores contemplados com auxílio financeiro para desenvolvimento de projetos de pesquisa –, por meio do seu portal na internet, o qual é entendido como um exemplo de cultura mediática. A pesquisa, que se integra à linha de pesquisa Processos Comunicacionais na Cultura Mediática do Programa de Pós-Graduação

Strictu Sensu em Comunicação da Universidade Católica de Brasília, visa a conhecer como esse processo se dá e como essa comunidade científica utiliza o portal para publicar e fazer circular o conhecimento que produz. Tomam-se como referência os conceitos de interação e interatividade apresentados por Primo (2007). A abordagem teórica é pautada pela teoria do meio, a partir dos estudos realizados por McLuhan (1964), e do conceito de sociedade em rede definido por Castells (2004). O perfil dos pesquisadores é confrontado com as características dos migrantes digitais apresentadas por Barbosa Filho e Castro (2008). Este estudo de caso é analisado a partir da aplicação do Mapa das Mediações de Martín-Barbero (2001), que permite verificar como a atuação dos pesquisadores é enquadrada pelas demandas apresentadas por esse órgão de fomento. A análise qualitativa e quantitativa dos dados coletados possibilita verificar como as dificuldades em relação ao acesso, à navegabilidade, à conexão, ao processamento lento e aos redirecionamentos, apontadas pelos usuários do portal do CNPq influenciam nas suas lógicas de produção e competências de recepção, tendo em vista que mais da metade da amostra consultada afirma ter dificuldade em navegar pelo portal em busca de informações. Os dados foram coletados a partir da aplicação de um questionário eletrônico encaminhado por e-mail.

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ABSTRACT

COSTA, Antonio Marcos Ferreira da. O processo comunicacional do CNPq na sociedade em rede – estudo de caso do portal. 2013. 125f. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.

This thesis analyzes the communication process between the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (National Council of Scientific and Technological Development - CNPq) and its main public (Productivity Research fellows and researchers who were awarded with financial support for developing scientific projects) through its internet gateway, which can be understood as an example of media culture. The inquire integrates the research group called Processos Comunicacionais na Cultura Mediática

(Communicative Processes of Media Culture). This research group belongs to the Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Comunicação (Graduate Program in Communication) of the Universidade Católica de Brasília (Catholic University of Brasilia). Then, the aim is to observe how this communication process works and how the scientific community utilizes the internet website to publish and to circulate all the produced knowledge. Primo’s (2007)

concepts of interaction and interactivity are considered as reference. The theoretical approach

is guided by the McLuhan’s medium theory (1964) and by Castells’ concept of network society (2004). The researchers’ profiles are compared with the digital immigrants’ features

that are presented by Barbosa Filho e Castro (2008). The case study focuses on the application of Martín-Barbero’s Mapa das Mediações (Mediation Maps, 2001), which permits to check how the researcher performance is framed by the demands presented by CNPq. The qualitative and quantitative data analysis enabled the verification of how difficulties on the website access, navigability, connection, slow processing, and redirecting have influenced the

users’ logic of production and reception competence. These problems were pointed by more

than a half of the consulted sample of CNPq’s gateway users, who affirmed they have had

difficulties on surfing the website searching for information. The data was collected through the application of a questionnaire that was forward by electronic mail.

(10)

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Mapa das Mediações ... 66

GRÁFICO 2 – Questão 3 – Faixa etária dos participantes ... 96

GRÁFICO 3 – Questão 4 – Região do país dos participantes ... 98

GRÁFICO 4 – Questão 5 – Sabe usar o computador e a internet ... 99

GRÁFICO 5 – Questão 12 – Como lê as publicações ... 100

GRÁFICO 6 – Questão 16 – Retorno dos pedidos de informação ao CNPq ... 103

GRÁFICO 7 – Questão 18 – Atendimento mediado ou pessoal ... 107

GRÁFICO 8 – Questão 22 – Acompanha os textos da sua área no portal do CNPq ... 108

GRÁFICO 9 – Questão 21 – Consulta os textos da sua área publicados no portal do CNPq 109 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Trajetória histórica do CNPq ... 78

(11)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Antigo portal do CNPq ... 25

FIGURA 2 – Novo portal do CNPq ... 26

FIGURA 3 – Logomarca do CNPq ... 27

FIGURA 4 – Modalidades de bolsas e auxílios concedidos pelo CNPq ... 29

FIGURA 5 – Portal da CAPES ... 30

FIGURA 6 – Primeira página do portal do CNPq ... 82

FIGURA 7 – Novo portal do CNPq – Página Principal ... 83

FIGURA 8 – Portal do CNPq – 2ª página ... 83

FIGURA 9 – Portal do CNPq – 3ª página ... 84

FIGURA 10 – Vizualização normal do portal do CNPq ... 85

FIGURA 11 – Vizualização com contraste do portal do CNPq ... 86

FIGURA 12 – Acessibilidade no portal do CNPq ... 87

FIGURA 13 – Antigo portal do CNPq ... 88

(12)

LISTA DE SIGLAS

ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações CA – Comitês de Assessoramento

CA-MS – Comitê Assessor MS: Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico DT – Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial

MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MPOG – Ministério do Planejamento

NT – Novas Tecnologias

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento PBID – Programa de Inclusão Digital

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNBL – Plano Nacional de Banda Larga

PQ – Produtividade em Pesquisa

SCM – Serviço de Comunicação Multimídia R – Resposta

(13)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 JUSTIFICATIVA ... 21

1.2 O PORTAL DO CNPq ... 24

1.3 PROBLEMA ... 32

1.4 HIPÓTESES... 33

1.5 OBJETIVO GERAL ... 33

1.5.1 Objetivos Específicos ... 34

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 35

3 INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE EM UMA ORGANIZAÇÃO: ANÁLISE DO PONTO DE VISTA DA TEORIA DO MEIO ... 48

3.1 ALDEIA GLOBAL ... 48

3.2 INTERATIVIDADE ... 49

3.3 INTERAÇÃO ... 53

4 A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NAS COMUNICAÇÕES MEDIADAS PELAS NOVAS TECNOLOGIAS ... 56

4.1 AFETIVIDADE ... 56

4.2 CONHECIMENTO DO CONHECIMENTO ... 57

4.3 A CONSTRUÇÃO DO TEXTO ... 60

4.4 SERIA POSSÍVEL CONCEITUAR LINGUAGEM? ... 62

5 O MAPA DAS MEDIAÇÕES ... 65

6 COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – MIGRANTES E NATIVOS DIGITAIS ... 69

6.1 CONFLITO DE GERAÇÃO ... 69

6.2 ADAPTAÇÃO A UMA NOVA REALIDADE ... 73

7 A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO CNPq A PARTIR DO SEU PORTAL NA INTERNET ... 76

7.1 CLASSIFICAÇÃO DAS MÍDIAS ... 76

7.2 O PORTAL DO CNPq ... 77

8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 89

8.1 UNIVERSO DO ESTUDO ... 93

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(15)

1 INTRODUÇÃO

Com o surgimento da internet e o seu acelerado desenvolvimento a partir da década de 90, verifica-se uma mudança fundamental nas formas de se comunicar e de se relacionar das pessoas. Cada vez mais, utiliza-se a rede mundial de computadores como meio de comunicação e fonte de informação, devido, principalmente, às possibilidades de maior interatividade – inclusive por meio de conexões móveis, como aparelhos celulares, tablets,

ipads. Segundo Castells (2004), diferentemente do que alguns pensam, essa rede favorece um contato maior entre as pessoas:

Os críticos da Internet e as reportagens dos meios de comunicação, baseando-se por vezes em estudos realizados por investigadores acadêmicos, defendem a ideia de que a expansão da Internet está a conduzir a um isolamento social e a uma ruptura da comunicação social e da vida familiar, porque os indivíduos se refugiam no anonimato e praticam uma sociabilidade aleatória, abandonando a interação pessoal cara a cara em espaços reais. (p. 145)

Conforme a tabela abaixo, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2000 a 2009, o número de pessoas com acesso à internet aumentou de forma vertiginosa no Brasil. Em 2000, éramos 169,8 milhões de habitantes, e apenas 5,7% da população tinha acesso à internet. No final de 2009, somávamos 191,5 milhões de habitantes, e 32% destes acessavam a internet, o que totalizava 63 milhões de pessoas.

TABELA 1 – Número de usuários de internet no Brasil, entre 2000 e 20091.

Ano

População total do

Brasil (em

milhões)

População com

acesso à internet

(em %)

População com

acesso à internet

(em milhões)*

2000 169,8 5,7 9,8

2001 173,8 6,9 12

2002 176,8 7,8 13,9

2003 178,9 7,9 14,3

2004 181,5 10 19,3

Cont.

1 Fonte: dados do IBGE (Censo e PNAD) e do MídiaDados (2000 a 2004). A partir de 2006, os dados são da

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Ano

População total do

Brasil (em

milhões)

População com

acesso à internet

(em %)

População com

acesso à internet

(em milhões)*

2005 184,1 17 32,1

2006 186,7 18 35,3

2007 188 23 44,9

2008 189,9 28 53,9

2009 191,5 32 63

* População de 10 anos ou mais de idade que acessou a internet pelo menos uma vez, por meio de computador, em qualquer local (domicílio, local de trabalho, escola, centro de acesso gratuito ou pago, domicílio de outras pessoas, etc.) nos 90 dias que antecederam a entrevista.

Essa mudança de hábito também foi verificada em duas outras pesquisas. A primeira, do site Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) Media2, afirma que o número de usuários de computador no mundo vai dobrar em 2012, chegando a dois bilhões. Conforme essa mesma fonte, a cada dia, 500 mil pessoas entram pela primeira vez na internet e são publicados 200 milhões de tuítes; a cada minuto são disponibilizadas 48 horas de vídeo no YouTube; e a cada segundo um novo blog é criado. 70% das pessoas consideram a internet indispensável, diz o site. Em 1982, havia 315 sites na internet. Hoje existem 174 milhões. O crescimento e a valorização da internet são comprovados, portanto, por números.

Segundo dados do Ibope Nielsen Online3, o acesso à internet no Brasil chegou a 83,4 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2012. O número é 7% maior que o registrado no mesmo período de 2011, quando 77,8 milhões de brasileiros conectavam-se à rede.

O resultado, que representa o acesso feito de qualquer ambiente, como casa, trabalho, escolas e LAN houses, revela um crescimento de 1% sobre os 82,4 milhões do primeiro trimestre do ano de 2012. O total de pessoas com acesso à internet em casa ou no trabalho, segundo o Ibope Nielsen Online, é de 68 milhões.

De acordo com esses dados apresentados, verifica-se que o número de pessoas conectadas à internet vem aumentando a cada dia, mas, se comparado com o total de habitantes, há ainda muito por ser feito para que mais pessoas façam uso das vantagens que a internet oferece. Embora esse índice de acesso (82,4 milhões) seja significativo, nenhum

2 Segundo dados do site To be Guarany. Disponível em: <http://tobeguarany.com/internet_no_brasil.php>.

Acesso em: 05 jun. 2012.

3 Segundo dados do portal G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2012/08/

(17)

levantamento aferiu o tempo e a frequência dessa conectividade. Além disso, o número não corresponde nem à metade da população de nosso país. Sabe-se que as pessoas excluídas do mundo digital são, em sua maioria, provenientes das classes menos favorecidas, as quais, de uma maneira geral, já experimentam um quadro de exclusão.

De acordo com os dados da pesquisa Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) Domicílios 2009, apesar do aumento do acesso das pessoas mais pobres à internet, quem realmente faz maior uso da internet são as pessoas com poder aquisitivo mais elevado, que estão concentradas nos centros urbanos, em bairros melhor planejados e servidos de infraestrutura:

Das pessoas pertencentes à classe A e B ouvidas no levantamento, 85% e 72% respectivamente utilizaram a Internet nos últimos 3 meses. Apesar de ter ocorrido um incremento da participação da Internet na Classe C do país, que passou de 38% em 2008 para 42% no ano seguinte, é expressiva a diferença de uso da Internet nessa classe social, em comparação com as classes A e B. Já as classes D e E permanecem excluídas da sociedade da informação, já que apenas 17% das pessoas consultadas utilizam a Internet4

.

Ainda segundo a pesquisa TIC Domicílios 2009:

A Internet no Brasil ainda é um fenômeno urbano concentrado nas regiões de alta renda, devido ao desinteresse das operadoras de telefonia que, hoje, concentram seus negócios nas áreas de maior renda e densidade populacional. Dados divulgados pela NET Serviços, operadora multisserviços para a América Latina, mostram que os serviços de banda larga são competitivos em apenas 184 municípios brasileiros, onde vivem cerca de 83 milhões de pessoas, e que o sistema é monopolista em 2.235, nos quais residem 63 milhões de pessoas. Nos demais 3.145 municípios, o negócio é considerado inviável pela empresa.

O Governo brasileiro, de acordo com a TIC Domicílios 2009, tem o compromisso social de levar alguns serviços ao alcance da maioria dos brasileiros, como por exemplo, a aposentadoria em até 30 minutos e a massificação do uso da nota fiscal eletrônica. Tais metas tornam-se impossíveis se a internet estiver ao alcance apenas desses cidadãos dos grandes centros urbanos. Para solucionar esse problema, o Governo brasileiro pretende estimular a concorrência não mais pela infraestrutura, mas sim pelo serviço oferecido:

Essa realidade demonstra a urgência no desenvolvimento de um Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) para levar a Internet ao interior, esquecido e condenado à desconexão eterna. É preciso, sobretudo, estimular o mercado nessa área, pois há mais de 1,7 mil licenças de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) já concedidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel); contudo, na prática, não existe concorrência, dado haver o controle de infraestrutura por parte

4 SANTOS, Rogério S. Plano nacional poderá levar banda larga a 88% da população brasileira. In: CGI. br

(18)

dos monopolistas regionais, os quais inviabilizam a prestação dos serviços pelos pequenos provedores virtuais [...]

O PNBL deverá reduzir em cerca de 70% o preço médio cobrado pelo serviço atual no país, e até 2014 pretende atender 88% da população brasileira. O objetivo é levar banda larga de baixo custo e alta velocidade a 4.278 municípios, localizados em 26 capitais brasileiras, mais o Distrito Federal (Santos, 2010, p. 53-57).

O mesmo caminho deveria ser seguido pela divulgação da produção científica. Castells (2004) ensina que o conhecimento na atualidade é produzido e divulgado na rede, formando o que ele chama de sociedade em rede. Castells (1999), apud Santos5 (2010), diz, em consonância com este, que a sociedade em rede é um conjunto de nós interconectados, mas que, por sua maleabilidade e flexibilidade, oferece uma ferramenta de grande utilidade para dar conta da complexidade da configuração das sociedades contemporâneas sob o paradigma informacional. Aqueles cidadãos que não têm acesso a essas redes de informação, ou seja, que estão desligados por questões como falta de estrutura tecnológica, limitações econômicas ou educação digital para manuseio das novas ferramentas e uso da internet, passam a formar um novo extrato de exclusão social no mundo contemporâneo. Castells (2004) destaca que a população mundial agora se divide entre os ligados e os desligados das redes e não mais entre os hemisférios Norte e Sul, entre os países desenvolvidos e os países não desenvolvidos.

Martín-Barbero (2001) alerta que a penetração e expansão da inovação tecnológica na vida cotidiana não implica necessariamente em uma submissão automática a essa racionalidade tecnológica, seus ritmos e linguagens. Todavia, segundo o autor, existiria uma pressão pelo desenvolvimento de outras racionalidades, outros ritmos de vida e relações tanto com objetos quanto com pessoas, densidade física e sensorial. O autor, ainda, acrescenta: as redes de computadores não podem ser pensadas apenas do ponto de vista comunicacional, mas a partir de sua lógica econômica. Martín-Barbero (2001) entende que as redes têm cada vez mais uma atuação na racionalização do consumo, ajustando desejos, expectativas e demandas do cidadão regulado pelo sentido de consumidor.

Nicolis e Prigogine (1989), apud Recuero (2009, p. 80), definem [...] “redes como

sistemas dinâmicos e, como tais, sujeitos a processos de ordem, caos, agregação,

desagregação e ruptura”. Por seu turno, Recuero (2009, p. 24) afirma que [...] “o estudo das redes sociais na Internet foca o problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo são, como são compostas através da comunicação mediada pelo computador e como essas

5 Sociólogo, mestre em Ciências Sociais, com especialização em Antropologia Social e em Administração

(19)

interações mediadas são capazes de gerar fluxos de informações e trocas sociais que

impactam essas estruturas”.

No Brasil, a comunidade científica vem acompanhando esse processo de produção de conhecimento em rede. Grupos de pesquisa, teses, dissertações, revistas e livros que resultam da produção acadêmica têm sido digitalizados e disponibilizados na internet. Órgãos de fomento da ciência seguem o mesmo movimento digitalizando seus processos e migrando seus meios de comunicação com as comunidades científicas e sociais para ambientes digitais. É o caso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal instituição de financiamento do setor, que migrou o fluxo de relacionamento com seu público e, por consequência, o fluxo dos processos de produção do conhecimento e da sua comunicação científica para um portal6.

Com isso, a cultura do papel reduziu de forma significativa, e o contato de qualquer pessoa com o CNPq passou a ser predominantemente virtual. Exemplificando, as informações relacionadas com as modalidades de bolsas financiadas pelo CNPq estão disponibilizadas no portal, bem como os procedimentos para entrada com pedido de bolsa de estudo/pesquisa ou outra forma de financiamento a projetos de pesquisa. Os formulários de solicitação de apoio à pesquisa estão disponíveis aos interessados e o seu preenchimento e envio são eletrônicos.

A produção científica dos pesquisadores brasileiros vinculadas ao CNPq é disponibilizada a partir do preenchimento e envio do currículo Lattes, na Plataforma Lattes, disponível no portal do CNPq. A partir da publicação do currículo, é possível a todos os interessados consultar e tomar conhecimento a respeito da produção científica e tecnológica dos seus pares, uma vez que se trata de informação pública.

Esse desafio da publicação da produção científica dos bolsistas e pesquisadores suprime uma carência histórica do CNPq destacada pelo seu atual presidente, Glaucius Oliva, que considera ser papel dos próprios cientistas dar publicidade às atividades de pesquisa, mostrar experimentos e explicar projetos para o público, e ligar seus trabalhos a inovações que contribuam com as políticas públicas e, inclusive, para a criação de novos produtos a serem lançados no mercado. Segundo avaliação da Agência Brasil7:

No século 21, o cientista reconhece seu papel de engajamento na sociedade. Ele sabe que está sendo pago e financiado e que deve uma prestação de contas sobre o que faz. Ainda há um fosso grande entre aqueles que fazem ciência e aqueles que consomem e financiam a ciência. A sociedade não conhece com profundidade toda a

6 Disponível em: www.cnpq.br.

7 Disponível em:

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riqueza com que a ciência brasileira tem contribuído para o desenvolvimento nacional.

Tendo em vista que a comunicação na atualidade ocorre em grande parte no universo digital, o CNPq empreende esforço para que o relacionamento com seu público alvo, a comunidade científica, ocorra pela internet, via rede. Apresenta-se aqui uma problematização de origem. Os movimentos empreendidos por meio do portal do CNPq estão sendo suficientes para a produção dessa ambiência de publicação, circulação e reconhecimento? Os mecanismos informáticos adotados são acessíveis aos universos acadêmico e social? As dinâmicas comunicacionais nesse meio efetivamente servem ao sentido pensado por Castells de produção de conhecimento? A sociedade do conhecimento, representada por pesquisadores e instituições públicas ou privadas comprometidas com o desenvolvimento científico e cultural do nosso país, se faz presente neste ambiente digital?

São muitas as questões e, nesse contexto, tornam-se pertinentes estudos voltados para verificar como o CNPq tem se mobilizado para se relacionar com seu público-alvo, que abrange não somente a comunidade científica, mas a população em geral, que pode se beneficiar com o conhecimento científico desenvolvido em todas as áreas do saber.

O primeiro esforço do CNPq apresentado para essa finalidade ocorreu em maio de 2010, com a realização da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. O resultado foi a publicação do Livro Azul, obra que sintetiza as prioridades do Governo Federal para as áreas de Ciências, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento sustentável da sociedade brasileira. Atingir as metas pensadas implica, naturalmente, a divulgação dos resultados obtidos em pesquisas nas diversas áreas. Torna-se de extrema importância, portanto, a comunicação efetiva entre o principal órgão financiador de pesquisa no país, o público acadêmico e a sociedade, com vistas à concretização das metas estabelecidas nas discussões realizadas por todo o país.

Em recente pesquisa, Bezerra8 (2012) mostra que os esforços das entidades promotoras de conhecimento científico para levar os resultados das pesquisas ao conhecimento do público leigo não têm alcançado as metas desejadas. Assim, entende-se que a preocupação do CNPq em promover um canal de comunicação com a sociedade do conhecimento, seu principal público, a priori, deveria ser pautada pela elaboração de um canal de troca de conhecimento, no qual seria possível não apenas prestar contas do que se

8 BEZERRA, V. G. Comunicação pública da ciência: um estudo a partir da experiência dos institutos nacionais

(21)

utiliza, mas divulgar o que se descobre, de forma mais ampla, atingindo a sociedade de maneira geral.

Entende-se que o portal seja o principal canal de comunicação que pode ligar esses públicos com interesses em comum, quais sejam: a comunidade científica, que almejaria obter recursos para financiar os seus projetos de pesquisa e compartilhar sua produção; e o cidadão, que estaria interessado em saber como o Governo aplica os recursos públicos destinados ao desenvolvimento científico e tecnológico do nosso país e como cobra dos pesquisadores/instituições o retorno para a sociedade dos resultados desse investimento, bem como saber como pode obter acesso à produção de conhecimento e seus supostos benefícios.

Observa-se, entretanto, que, nessa migração para o ambiente digital, há o risco da constituição de um paradoxo. Sabe-se que tanto a barreira da alfabetização tecnológica e do acesso (CASTELLS, 2001), quanto o enquadramento pela lógica de mercado, que implica a mediação da tecnologia (MARTÍN-BARBERO, 2009), podem tornar sem efeito o propósito de transparência nas práticas de fomento e da produção científica como também a acessibilidade e difusão do conhecimento gerado.

Em busca de entender essa problemática, divide-se a pesquisa em capítulos. O primeiro faz uma introdução do trabalho apresentando a justificativa, o objeto de estudo, o problema, os objetivos e as hipóteses. No segundo capítulo, é apresentada, de forma resumida, a fundamentação teórica dos principais conceitos aplicados para nossa análise, sendo que o detalhamento desses conceitos é apresentado nos capítulos teóricos subsequentes.

No capítulo três, apresentam-se os conceitos de interação e interatividade, bem como referenciais da teoria do meio, na tentativa de compreender as relações sociais mediadas pelo computador. No quarto capítulo, discorre-se sobre a importância da afetividade nas comunicações mediadas pelas novas tecnologias, isto é, de como as relações podem ser afetadas pelo excesso de formalismo na forma de apresentação dos conteúdos no universo mediático.

No quinto capítulo, é apresentado o Mapa das Mediações de Martín-Barbero, a partir do qual se fundamenta nossa análise para demonstrar que o portal do CNPq pode ser visto como um meio que reúne um tipo de comunidade, a saber, a comunidade científica, e no qual se percebem as dificuldades de relação envolvendo a comunicação, a cultura e a política desse grupo.

(22)

oposição a elas, apresentam-se os migrantes digitais e como eles fazem para acompanhar as constantes mudanças no universo digital e permanecerem ativos no competitivo mercado mediático.

No capítulo sete, apresenta-se uma descrição do portal do CNPq, em busca de melhor compreender por meio de sua estrutura narrativa a identidade e a imagem que se criam a partir dessa estrutura. Procura-se apresentar um desenho das ofertas e das condições de acessibilidade e navegabilidade verificáveis na arquitetura funcional do portal.

Os procedimentos metodológicos são apresentados no capítulo oito. O estudo de caso do processo comunicacional que ocorre entre o CNPq e a comunidade científica, especificamente os bolsistas do CNPq, será feito a partir de uma análise qualitativa e quantitativa, cuja abordagem analítica se faz à luz do Mapa das Mediações de Martín-Barbero.

No capítulo nove, apresenta-se a análise dos dados coletados. Para finalizar, no último capítulo, apresentam-se as considerações finais desta pesquisa, responde-se a principal questão levantada pelo trabalho e apresentam-se sugestões de futuras investigações relacionadas às formas de comunicação mediadas pelo computador.

1.1 JUSTIFICATIVA

Diante do exposto, esta pesquisa justifica-se pelo interesse em saber em que estágio se encontra o portal9 do CNPq frente aos desafios de atingir seus propósitos de servir aos processos comunicacionais de mediação entre o órgão estatal e seu público e de evitar o risco do paradoxo mencionado. Este trabalho também se justifica pelo interesse em saber se o portal se configura tão somente como ferramenta acessória para troca de informação de interesse entre o órgão e seus financiados, a comunidade científica, numa relação linear, ou se possibilita, de alguma forma, uma interação mais abrangente, possibilitando que a produção do conhecimento ocorra e circule em rede, nos termos de Castells. Notadamente, dada a complexidade, nossa abordagem pretende ocupar-se de uma das etapas das averiguações desse processo comunicacional mediado pela tecnologia: o relacionamento e as interações da comunidade de pesquisadores operáveis no portal.

9“Os portais são, na verdade, portas de acesso a uma variedade desconcertante de informações e serviços. Eles

(23)

No capítulo 7, A construção da imagem do CNPq a partir do seu portal na internet, apresentamos de forma descritiva as características do portal do CNPq para defini-lo, segundo Dias (2003), como um tipo de portal corporativo. Para Sousa (2009, p. 207) [...] “existem

vários tipos de portais, os quais muitas vezes são voltados para públicos específicos, ou para temas específicos, ou servem aos objetivos de uma instituição, seja ela governamental, não

governamental ou privada”.

Recordemos que o conceito de sociedade em rede (CASTELLS, 2004) contempla o deslocamento dos processos de produção, circulação, divulgação e reconhecimento em rede da produção de conhecimento, ou seja, das dinâmicas desse processo no universo digital ou, nas palavras do autor, na galáxia internet. A formação desse novo universo de relação social só é possível devido à existência das Novas Tecnologias (NT). Segundo Castells (1999), os indivíduos estão reconstruindo o modelo de interação social com a ajuda das novas possibilidades tecnológicas para criar um novo modelo de sociedade, a sociedade em rede:

A novidade radica no facto de os movimentos atuais estarem ligados em rede através da Internet, porque a rede permite aos movimentos serem simultaneamente diversificados e coordenados, para participarem num debate contínuo sem ficarem paralisados por ele, já que cada um dos seus nós pode reconfigurar uma rede própria de afinidades e objetivos, com sobreposições parciais e ligações múltiplas. O movimento antiglobalização não é simplesmente uma rede, é uma rede eletrônica, um movimento baseado na Internet. E como reside na rede, não pode ser desarticulado ou capturado. Move-se como um peixe na rede. (CASTELLS, 2004, p. 172)

Acredita-se que o principal público do CNPq forma uma comunidade específica descentralizada que encontra no portal o seu ponto de referência para troca e divulgação do conhecimento produzido. Como complemento dessa fundamentação, percebe-se como o conceito de ciberespaço de Pierre Lévy (2000) se assemelha aos conceitos de Castells, quando aquele fala de um universo criado por meio da web para divulgação e promoção do conhecimento na rede e as consequências socioculturais dessa mudança na vida das pessoas. Segundo Lévy (2000, p. 130):

(24)

O emergente cenário de uma centralidade da mediação pela tecnologia, especialmente das redes, segundo Martín-Barbero (2001), demanda pelo uso alternativo da informática na construção de espaço na esfera pública e passa por mudanças de mapas mentais e das linguagens. Trata-se de operações não lineares, mais complexas e sistêmicas que, para sua compreensão, requerem uma abordagem que contemple o meio (a tecnologia), o ambiente (a cultura, as interações, as competências técnicas) e o processo comunicacional (os sujeitos, os conteúdos e as lógicas operativas).

Atualmente, é praticamente impossível ignorar a presença do computador e da internet, principalmente no local de trabalho, na realização de muitas tarefas, das mais simples, como enviar uma mensagem por e-mail, até a solução de cálculos mais complexos. Uma dinâmica (ambiente e processo comunicacional) que pede um olhar a partir da inspiração dos estudos culturais, sobretudo para compreender as relações entre as lógicas de produção e as competências de consumo, como também a relação entre as práticas industriais e as matrizes culturais presentes no Mapa das Mediações de Martín-Barbero (2001).

As pessoas são obrigadas, ainda que não tenham o domínio adequado para manusear todas as funções dessa ferramenta, a adaptarem-se às novas NT para não ficarem fora da esfera pública e do mundo do trabalho. Configura-se uma forte pressão sobre os indivíduos, especialmente aqueles menos familiarizados com as NT. Sujeitos que, na fase que se convencionou chamar de transição entre a mediação da tecnologia analógica e a digital, são designados como migrantes digitais em oposição à categoria dos nativos digitais, cujo primeiro acesso às tecnologias já se dá no universo dos suportes digitais (BARBOSA FILHO E CASTRO, 2008). Nessa hierarquia classificatória, teríamos ainda os analfabetos digitais que desconhecem códigos, linguagens e os mapas mentais que operam tais dispositivos. Mais adiante, veremos, de forma mais detalhada, as diferenças entre nativos e migrantes digitais, verificadas por Barbosa Filho e Castro (2008).

A configuração desse espaço de mediação virtual de relações humanas também implica em processos de interação mediados pelos dispositivos e pela rede, os quais promovem diferentes níveis de interatividade. Alex Primo10, em Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição11, aponta alguns desses níveis, os quais trataremos adiante e que servirão de amparo nesse percurso de estudo do portal do CNPq.

10 Professor de Comunicação (Fabico/PPGCOM/UFRGS), doutor em Informática na Educação (PGIE/UFRGS),

mestre em Jornalismo pela Ball State University; coordenador do Laboratório de Interação Mediada por computador (PPGCOM/UFRGS).

11 PRIMO, Alex. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre:

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McLuhan (1964) ensina que a chegada de um novo meio, que configura novos ambientes, sempre promove mudanças nas formas de associação humana. Sabidamente, o autor aponta que essas mudanças vão depender dos usos que essa nova tecnologia vai ter por parte das associações humanas. A análise de um portal não pode prescindir de uma abordagem com base na Teoria do Meio12. McLuhan é responsável pela continuidade e

divulgação dos estudos de Harold Adams Innis, “o primeiro autor a discutir as implicações da

inserção de um novo meio de comunicação nas sociedades. Innis se dedicou a estudar a

ascensão e queda dos impérios, em virtude, da utilização de um novo meio” (SOUSA, 2009,

p. 17).

1.2 O PORTAL DO CNPq

De acordo com informações publicadas em seu site13, o CNPq é uma agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e tem como principais atribuições fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de pesquisadores brasileiros.

O CNPq foi criado em 1951 e desempenha papel primordial na formulação e condução das políticas de ciência, tecnologia e inovação do Governo Federal. Em sua página na internet, encontra-se a descrição de sua missão como principal fonte de recursos públicos para o financiamento de pesquisa científica:

Sua atuação contribui para o desenvolvimento nacional e o reconhecimento das instituições de pesquisa e pesquisadores brasileiros pela comunidade científica internacional. Sua missão primordial é fomentar e atuar na formulação de suas políticas, contribuindo para o avanço das fronteiras do conhecimento, o desenvolvimento sustentável e a soberania nacional e ser reconhecida como uma instituição de excelência na promoção da Ciência, da Tecnologia e da Inovação como elementos centrais do pleno desenvolvimento da nação brasileira14.

A forma de apresentação do portal do CNPq segue o modelo convencional de publicações, o que pode ser percebido na página antiga do CNPq na internet. A leitura parte da esquerda para a direita e de cima para baixo. O usuário percebe primeiramente o que está à esquerda da página (Fig. 1, item 1) e em seguida o que está à direita (Fig. 1, item 2), para depois visualizar o que vem abaixo (Fig. 1, item 3). Essa forma de visualização estabelece uma linearidade, que se repete em outras formas de publicação, como livros e jornais.

12 A Teoria do Meio, nascida aproximadamente em 1950, propõe-se a investigação dos efeitos sociais, políticos,

econômicos e psicológicos dos meios de comunicação na sociedade (SOUSA, 2009. p. 17).

(26)

FIGURA 1 – Antigo portal do CNPq.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do CNPq (2012).

Na nova página, no entanto, essa regra não é seguida à risca. A localização dos assuntos rompe com aquela linearidade, o menu da página está localizado de forma horizontal, isto é, da esquerda para a direita (Fig. 2, item 2), forçando uma visualização total da tela. Os principais links, com o título Acesso rápido, incluindo o link para acesso ao e-mail

institucional, principal ferramenta de comunicação direta do CNPq com a comunidade científica, é o último da relação (Fig. 2, item 4). Esses atalhos seriam melhor visualizados se estivessem à esquerda da página. Diferentemente da página antiga do CNPq na internet, a página atual é maior do que a tela. Para visualizá-la por inteiro, será necessário mover o cursor para baixo e para cima (Fig. 1, item 5).

1

2

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FIGURA 2 – Novo portal do CNPq.

Fonte: Portal do CNPq. Acesso em: 17 ago. 2012.

Conforme pode ser verificado no portal antigo e no portal atual (Fig. 1 e Fig. 2 respectivamente), há predominância da cor azul nas chamadas, estabelecendo uma correspondência com a cor da logomarca, seguida pela cor cinza e fundo branco. Apenas em casos excepcionais, como a prorrogação de algum prazo, mudam-se a cor e a localização da informação. Conforme verificado na chamada de prorrogação das inscrições para solicitação de bolsas de Produtividade em Pesquisa (PQ) e Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT), a chamada saiu do espaço de Divulgação e foi para o de Notícias, com destaque na cor vermelha (Fig. 2, item 3).

Segundo Muniz (2009), o símbolo do CNPq (Fig. 3), chamado pela autora em seu trabalho de logotipo e representado por quatro cabeças contidas uma dentro da outra, foi idealizado em 1974, mas somente em 1978 foi efetuado o pedido de registro da marca junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com o acréscimo da sigla CNPq ao lado da cabeça, caracterizando o que se conhece de logomarca15.

15Logomarca: s.f. 1 conjunto formado pela representação gráfica do nome de determinada marca, em letras de

traçado específico, fixo e característico (logotipo) e seu símbolo visual (figurativo ou emblemático) 2 p.ext. representação visual de qualquer marca. Logotipo: s.m. 1gráf. grupo de letras reunidas numa só peça, empr. em tipografia, com o objetivo de acelerar o trabalho de composição manual [Este recurso tipográfico foi inventado no século XVIII em substituição aos caracteres móveis individuais e, posteriormente, aplicou-se de preferência à composição de siglas e marcas comerciais ou de fabricação, de traçado característico facilmente reconhecível.] 2

p.ext. pub símbolo que serve à identificação de uma empresa, instituição, produto, marca etc., e que consiste ger. 3

2

5 1

(28)

FIGURA 3 – Logomarca do CNPq.

Fonte: Portal do CNPq16 (2012).

No trabalho de estudo dos símbolos do CNPq, Muniz (2009, p. 665) realizou entrevistas entre os técnicos e gestores que atuaram na instituição no período de 1975 a 1985 e constatou que:

O símbolo da instituição é representado a partir do sentido de elite; uma elite vinculada ao saber científico e tecnológico, cuja importância era cultivada pelos discursos governamentais daquele momento político. O símbolo das cabeças sobrepostas marcadas pelo ponto central, representando o cérebro, a inteligência, permite a vinculação imediata da imagem com a pesquisa e a ciência, atividades distantes dos cidadãos comuns. A utilização do termo “aparência” citado por um dos

entrevistados sugere que as qualidades inicialmente percebidas não conferiram, após o conhecimento do funcionamento da instituição.

Para Muniz (2009), a leitura que se faz da logomarca é previsível e remete aos discursos do governo, principalmente da época de sua criação, no regime militar, quando a ciência e tecnologia eram consideradas como forças propulsoras do progresso e condição para o desenvolvimento nacional. Conforme a autora:

A vinculação da sigla ao desenho, perfazendo o símbolo atual da instituição, dificulta uma leitura livre, descomprometida, pois ela está ali sinalizando sua particularidade, reivindicando um conhecimento específico para a sua leitura. Trata-se de um constructo, resultante da repreTrata-sentação de poucos indivíduos refletindo aspirações, ideais, utopias, produzindo sentimentos de pertença, enfim, produzindo identidade. No caso das imagens de símbolos institucionais os significados atribuídos a elas são dados previamente através dos discursos orais e escritos. (MUNIZ, 2009, p. 668)

Com o surgimento da internet, as empresas e o Governo encontraram na criação de portais uma forma mais direta de comunicação com seu público alvo. O portal do CNPq é

na estilização de uma letra ou na combinação de grupo de letras com design característico, fixo e peculiar. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=logomarca>. Acesso em: 14 dez. 2012.

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composto basicamente por links de acesso livre, porém, sem orientação para facilitar o acesso a informações mais específicas. Acreditamos que essa característica é um dos motivos pelos quais a comunicação nem sempre se estabelece efetivamente por esse meio. O usuário precisa ter muita paciência e disponibilidade para navegar pelo portal em busca das informações desejadas. Um exemplo dessa situação é a busca de informações sobre os tipos de bolsa concedidas, um dos principais motivos de sua visita.

A disposição dos assuntos na página principal do portal é apresentada de forma homogênea, na posição horizontal, sem destaque para nenhum deles. Todas as palavras possuem fonte e configuração idênticas, o que sugere uma forma democrática de apresentação, porém uma dificuldade visual para encontrar a informação desejada. Há uma padronização dos assuntos, sendo que o ideal seria um destaque para os assuntos mais acessados, o que poderia ser feito com a colocação de uma nuvem computacional17 (Fig. 2, item 2).

Talvez uma variação na proporção gráfica dos links mais acessados pudesse ser um ponto de discussão sobre a facilidade de navegação que se pretende ter. Após identificar o assunto de interesse, no nosso exemplo, os tipos de bolsas, que aparecem com o nome Bolsas e Auxílios, o usuário clica e uma nova página se abre com informações gerais sobre os objetivos para a concessão de bolsas e auxílios em nível médio, superior e pós-graduação, no país ou no exterior. De acordo com informações no site, o CNPq concede bolsas para a formação de recursos humanos no campo da pesquisa científica e tecnológica, em universidades, institutos de pesquisa, centros tecnológicos e de formação profissional, tanto no Brasil como no exterior. Esta página funciona como uma forma de apresentação e justificativa das modalidades de bolsas e auxílios financiadas por essa agência de fomento, mas que nem sempre esclarece todas as dúvidas de quem a consulta, prova disso é o recebimento de mensagens por e-mail solicitando informações a respeito dos tipos de bolsas concedidas pelo CNPq.

Ainda segundo informações do site, além de promover a formação de recursos humanos em áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional, o CNPq aporta recursos financeiros para a implementação de projetos, programas e redes de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), diretamente ou em parceria com os Estados da Federação. O CNPq investe em ações de divulgação científica e tecnológica com apoio financeiro à editoração e

17 Nuvem computacional inf. ambiente virtual de computação, ger. oferecido como um serviço, em que os

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publicação de periódicos, à promoção de eventos científicos e à participação de estudantes e pesquisadores nos principais congressos e eventos nacionais e internacionais na área de ciência e tecnologia. Por tudo isso, esses links deveriam aparecer de forma mais destacada para facilitar o acesso a essas informações. Segundo Nielsen (2007, p. 135), disponibilizar aos usuários as informações necessárias e apresentá-las em um estilo de redação apropriado são cruciais para o sucesso na web.

FIGURA 4 – Modalidades de bolsas e auxílios concedidos pelo CNPq.

Fonte: Portal do CNPq. Acesso em: 17 ago. 2012.

Ao lado dessa apresentação, conforme pode ser verificado na figura acima, à esquerda da página do CNPq na internet, verifica-se uma relação de links, em vertical, para acesso a mais informações sobre as bolsas e auxílios – Bolsas, Auxílios, Chamadas, Tabela de valores, Calendários, Prestação de contas, Projetos e Bolsas vigentes – que permanecerá como uma bússola (Fig. 4, item 1), na qual o usuário poderá guiar-se em busca de informações mais detalhadas de acordo com o seu interesse.

Em suma, para obter informações sobre uma determinada modalidade de bolsa, o usuário terá de navegar por, no mínimo, cinco páginas diferentes – numa escala de informações que parte do macro para o micro. Apesar de todo esse esforço, a comunicação pelo portal não será suficiente, porque as pessoas não a entendem ou porque as informações que lá constam não são claras ou suficientes, o que se percebe pelo registro de atendimentos por telefone ou e-mail em busca de informações mais detalhadas sobre a concessão de bolsas,

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encaminhadas ao serviço do Fale Conosco ou diretamente às coordenações técnicas. Esses dados, por questões administrativas, não foram disponibilizados pelo CNPq.

Além das informações sobre as ações e finalidades do órgão, o usuário encontrará espaço de publicação da atuação do CNPq na mídia, em geral, por meio de vídeos, notícias e reportagens. No portal, por exemplo, é possível assistir a vídeos publicados no YouTube e ouvir uma rádio transmitindo notícias relacionadas às ações dessa agência de fomento. Acredita-se que essas iniciativas favorecem o acesso, por parte das pessoas com problemas de acessibilidade, às informações divulgadas pelo CNPq.

A formatação do portal, ao que parece, não rompe com outras formas já bastante conhecidas do público em geral. Outra agência de fomento do Governo Federal, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por exemplo, também apresenta praticamente a mesma formatação de seu portal na internet, conforme pode ser verificado na figura a seguir:

FIGURA 5 – Portal da Capes.

Fonte: Portal Capes (www.capes.gov.br). Acesso em: 17 ago. 2012.

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Assim, percebemos que outros portais de instituições de fomento à pesquisa também apresentam as mesmas dificuldades de navegação que o do CNPq, pois todos seguem a instrução da Administração Pública Federal na construção do seu portal na internet. Assim, perguntamos: seria uma falha na formatação desses portais ou são os usuários que não apresentam afinidades com esse tipo de tecnologia?

Nossa pesquisa procurará saber do usuário se ele tem dificuldades de navegação ou se as informações disponibilizadas não conseguem instruir de forma objetiva a finalização de alguma tarefa. De acordo com informações obtidas no site, em muitos casos as informações publicadas são genéricas e estão desatualizadas. Segundo o CNPq, cabe às áreas específicas a atualização dessas informações, o que nem sempre acontece no período certo ou a tempo de suprir alguma demanda. Há, no entanto, um esforço em corrigir essas discrepâncias.

Percebe-se que estamos vivendo o auge de uma grande transformação na sociedade moderna, as NT estão presentes praticamente em todas as áreas, e as transformações impostas pelo desenvolvimento tecnológico não são passíveis de serem adiadas. O CNPq, por exemplo, tornou a administração mais transparente com a divulgação em seu portal dos critérios e procedimentos para enquadramento de propostas de pesquisa, da divulgação dos nomes dos pesquisadores contemplados com bolsas ou auxílios de pesquisa e das orientações para implementação das concessões, ainda que exista alguma dificuldade na navegabilidade do portal para encontrar essas informações. Os critérios de elegibilidade e o perfil da produção científica do proponente são publicados no portal e qualquer pessoa pode acessá-los. A partir dessas informações, disponíveis no currículo Lattes, é possível aos interessados verificar a produção científica de seus pares e fazer comparações entre os contemplados e os não contemplados de cada chamada, para um eventual pedido de reconsideração.

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1.3 PROBLEMA

O CNPq passou, na última década, por um processo de informatização na forma de se comunicar com o seu público. Inicialmente, toda comunicação oficial era feita por meio do correio tradicional. Com o avanço da tecnologia, o órgão adere ao sistema informatizado para melhor atendimento e maior agilidade na análise de suas demandas.

Em 2011, o Governo Federal publicou um manual para regularização da divulgação dos seus atos e o acesso a essas informações por parte do cidadão. Diante dessa situação, o CNPq deve divulgar e facilitar que a informação de caráter público esteja disponível. Por outro lado, o usuário deve tomar consciência do direito que tem a essa informação e sobre o que fazer com ela. Por meio da regularização da Lei de Acesso a Informação18, o Governo reconhece que todo cidadão tem direito ao conhecimento que é produzido e financiado com recursos públicos, e, nesse caso, cabe ao CNPq facilitar o acesso a esse conteúdo de forma democrática e segura.

Em entrevista concedida ao repórter da Agência Brasil, Gilberto Costa, em março de 2012, o presidente do CNPq, Glaucius Oliva, apontou as principais mudanças previstas para facilitar ao pesquisador brasileiro divulgar o resultado das pesquisas realizadas com recursos públicos19.

Recordemos que a existência de uma sociedade em rede, de acordo com Castells (1999), seria possível a partir do que é publicado no portal. Por outro lado, a barreira do acesso à tecnologia, segundo Castells (2004), significa um novo extrato de exclusão social no mundo contemporâneo. Por sua vez, a tecnologia não pode ser vista como o grande mediador entre as pessoas e o mundo, mas sim um mediador “da transformação da sociedade em mercado” (MARTÍN-BARBERO, 2009, p. 20).

Emerge, como mencionado, a problemática do risco de paradoxo: a constituição dessa esfera pública de transparência e oferta de conhecimento poderia implicar em novos níveis de exclusão e na mercadilização de suas lógicas e processos. Dito de outra maneira, será que se

18 Acesso à informação pública: uma introdução à Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011.

Controladoria-Geral da União, Brasília, 2011.

19 Caberá ao pesquisador informar em seu currículo Lattes dados que comprovem a divulgação da sua produção

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efetiva esse acesso à produção de conhecimento gerada pela comunidade científica e que, a priori, ela está disponível no portal do CNPq? No entanto, antes disso, o portal já seria uma ferramenta acessível à própria comunidade científica que produz as pesquisas fomentadas pelo órgão, uma vez que a sua maioria é formada por migrantes digitais? Ou seja, esse seleto contingente estaria suficientemente familiarizado e em condições de abastecer essa demanda pela circulação de conhecimento?

Assim, a principal questão que se procura responder nessa pesquisa é: o processo de comunicação do CNPq no ambiente de plataforma digital, definido como portal, se efetiva ao menos, num primeiro estágio, para a circulação do conhecimento entre os pesquisadores vinculados a essa agência de fomento?

1.4 HIPÓTESES

 O portal do CNPq, a priori, configura-se como um ambiente de sociedade em rede. O conhecimento produzido a partir do desenvolvimento de projetos de pesquisa está disponível por meio da ferramenta, mas o acesso ainda seria limitado devido às dificuldades de navegabilidade e acessibilidade por parte dos seus usuários.

 O portal atende às orientações da Administração Pública Federal, mas parece não levar em consideração o momento de transição vivido pelos agentes da sociedade do conhecimento, os migrantes digitais.

1.5 OBJETIVO GERAL

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1.5.1 Objetivos Específicos

1. Averiguar a existência, ou não, de regularidade de práticas entre o CNPq e seus pesquisadores, no âmbito do grupo de pesquisa;

2. Verificar se o portal do CNPq disponibiliza todas as informações produzidas pela comunidade científica;

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar nossa pesquisa, abordam-se primeiramente a comunicação mediada por computador, o ambiente e a esfera de interação e interatividade. Recorre-se inicialmente a perspectiva da relação entre a tecnologia e a cultura. Nesse sentido, Innis (2008) se preocupava em construir uma revisão crítica do ponto de vista de um historiador, de um filósofo e de um sociólogo a respeito das mudanças estruturais e morais produzidas na sociedade moderna pelo avanço científico e tecnológico.

Segundo Martino (2011), a preocupação de Innis não é com o determinismo tecnológico especificamente, ao qual não dispensa atenção, mas sim com o equilíbrio da cultura. Não se discute se a tecnologia domina o homem ou vice-versa, mas o papel dos meios de comunicação nos arranjos culturais (civilizações, impérios) e o equilíbrio dos bias20 como forma superior:

Seu trabalho em comunicação foi discutido e se mostrou seminal. Se há vários modelos explicativos, o único que verdadeiramente interessa e traz uma originalidade é a do viés da comunicação, que coloca os meios e a arquitetura comunicacional como princípio explicativo, ou, se preferirem, como um recurso para o entendimento da realidade.

É nesta linha da centralidade da comunicação que serão desenvolvidos os aspectos mais importantes do pensamento innisiano: a construção de monopólios de conhecimento (que se refere à ação política de controle e poder com base nos dispositivos mediáticos); a possibilidade da articulação de uma análise crítica da cultura, visto que Innis entende que a forma cultural superior, ou mais perfeita, se encontraria no equilíbrio entre a tradição oral (ou seja, comunicação não mediada) e uso dos meios de comunicação; e, ainda, a possibilidade de uma ação de militância política, a qual ele nunca renunciou, justamente baseada na consciência do impacto e no bom uso dessas tecnologias (MARTINO, 2011, p. 16).

Influenciado pelas ideias de Innis, McLuhan (1964) diz que o planeta sofreu uma espécie de contração elétrica com o surgimento dos aparelhos eletrônicos em escala massiva. Esse fato propiciou o surgimento do termo Aldeia Global, o que transformou o planeta numa única e grande vila, onde todos podem ter acesso aos mesmos conteúdos.

Isso é importante para este trabalho porque se está analisando justamente um meio que favorece, em tese, a relação entre pessoas de diversas origens geográficas e culturais de nosso

20 Segundo Martino (2011, p. 18), a dimensão epistemológica do conceito de bias foi mais entrevista que de fato

discutida por Innis. O principal uso que faz desse conceito está no plano teórico, na análise de realidades factuais. Neste sentido, bias são tendências dos meios de comunicação decorrentes de suas características e

propriedades materiais (uma marca de sua “pesquisa suja”, trazida de suas investigações em história

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país que se concentram num mesmo espaço em busca de um único objetivo: produzir conhecimento.

Na época de McLuhan, a televisão era o meio de comunicação de massa mais moderno, era a última moda em termos tecnológicos. Nos tempos atuais, com a diversidade e convergência dos meios de comunicação de massa (JENKINS, 2008), os usuários das NT ainda se fascinam com a capacidade de minúsculos aparelhos eletrônicos serem capazes de armazenar grande quantidade de dados, reproduzir música, vídeo, estabelecer contato por meio das redes sociais e, ainda, poderem ser transportados para qualquer lugar sem perder a conectividade, por meio da internet sem fio.

Essa capacidade de acesso aos meios de comunicação de massa em qualquer lugar e a qualquer tempo parece favorecer um maior contato entre as pessoas, o que nos remete ao conceito de Castells (1999) de sociedade em rede, que veremos mais adiante.

Pensando no objeto desta pesquisa, acredita-se que o acesso a informações e a experiências entre os povos contribui para o rompimento das fronteiras da comunicação em todos os níveis. Entende-se que as pessoas, quando conectadas, ficam mais próximas e têm à disposição a capacidade de troca de conhecimento mais rápida, devido à diversidade de plataformas a que estão sujeitas, como notebooks, tablets e smartphones.

Gaëtan Tremblay (2003) confrontou o sentido do termo Aldeia Global de McLuhan, que pensava as NT de informação e de comunicação como meios para transformar o mundo em uma enorme aldeia, e de Innis, que chegou à conclusão de que o desequilíbrio em favor das mídias em nível espacial, causado pelas tecnologias modernas, tornaria impossível a criação de novos impérios econômicos perenes.

McLuhan (1964) apud Pereira (2011) apresenta várias definições para a palavra meio: 1. maneira, ou modo, veículo para a realização de diferentes operações; 2. veículo de comunicação como sinônimo das diferentes mídias: TV, rádio, cinema, jornais, revistas etc.; 3. extensões tecnológicas; 4. ambiente, substância envolvente; 5. público, oposto à ideia de

privado. Resumindo esses conceitos de meio em McLuhan, Pereira (2011, p. 129) explica que:

McLuhan fala explicitamente que o meio, sendo tomado como uma extensão tecnológica, cria um meio ambiente que, por sua vez, funciona como um texto, com uma gramática própria. Ora, se um texto é possuidor de sua própria gramática, esse mesmo texto revela uma linguagem, sendo, pois essa linguagem a matriz ordenadora da gramática do texto em questão. A linguagem é, pois, a ordem, a organização, a

(38)

McLuhan (1964) defendia a ideia de meio como um ambiente de serviço e gerador de memória. Cita o exemplo do automóvel, que independentemente de como será usado, é responsável pela criação de vários ambientes de serviços e pelo surgimento de vários universos paralelos ao seu próprio universo, representados pelas rodovias construídas, as oficinas para reparo, os locais de abastecimento etc.

O mesmo ocorre com o meio em estudo, o portal do CNPq na internet. Para o seu funcionamento, é preciso uma mão de obra qualificada em vários seguimentos, quais sejam: operador de micro, infraestrutura, web designer, programador. A união dessas forças possibilita o seu funcionamento, mas não garante sua eficiência, pois é preciso atender às necessidades dos usuários. No exemplo citado por McLuhan, é o conjunto de infraestrutura que permite a um carro ser eficiente, pois não adianta abastecê-lo se não tem estrada para circular. No caso do portal, não adianta publicar se a navegação não é facilitada e se as informações não são acessíveis.

Henri Atlan (1992) apud Pereira (2011, p. 130) concorda com essa ideia quando percebe que qualquer fenômeno capaz de informar está carregado de significação trazida pela memória:

Possuir uma memória, pois, significa que um conjunto de informações esteja estruturado de tal maneira que possa fazer sentido, portar um significado, informar. Um conjunto de informações estruturadas a partir de um meio funciona como uma mensagem, como um texto, como uma linguagem. Neste sentido, o meio é a mensagem, e visto que toda mensagem é portadora de informação, o meio funciona como uma memória, tal como exposto por Atlan. O meio como um fenômeno estruturado é capaz de informar, funcionando como uma memória: meio é a memória.

De acordo com os conceitos de meio apresentados por McLuhan (1964), citados por Pereira (2011), vários críticos rejeitaram suas ideias por entender que, a partir da expressão o meio é a mensagem, McLuhan desprezava o conteúdo de um meio como mensagem. Segundo Pereira (2011, p. 313):

Essa interpretação parecia ser confirmada em frases soltas que McLuhan proferia de forma assistemática, ao longo de conferências, textos avulsos, livros e entrevistas, quando buscava explicitar melhor a sua ideia de meio como sinônimo de extensões tecnológicas e, assim, chamar a atenção para a necessidade de reconhecimento de que a natureza e as dinâmicas das, então, novas tecnologias emergentes exigiam muito cuidado quanto aos efeitos que poderiam produzir na cultura como um todo e nos indivíduos em particular.

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dessas informações numa ordem, ou gramática, produzirá as mensagens e a partir delas se buscará por significações. Um meio apresenta linguagens e o encontro do usuário com essa linguagem fará surgir mensagens que terão sentido para um grupo específico. Pereira (2011) apresenta como exemplo a linguagem televisiva, que não faz o mesmo sentido para os humanos e as galinhas.

O conteúdo do portal do CNPq apresenta uma linguagem técnica que só faz sentido para quem está relacionado com ele. Assim, o portal é um meio e não uma mensagem. Será mensagem quando o usuário reunir todas as informações de que necessita e a partir delas produzir significações.

No portal, essas mensagens estão fixas, mas, conforme a avaliação de McLuhan, se as significações mudam de usuário para usuário, as mensagens, que são as mesmas, serão modificadas dependendo do usuário. Segundo Pereira (2011, p. 145), “[...] as mensagens estando fixas, revelam-se como memórias coletivas, reafirmando-se, assim, a ideia de que um

meio, como uma linguagem, é uma memória”.

Pensando nas NT de informação e de comunicação como meios de transformação do mundo, a relação do usuário com o equipamento eletrônico estabelecerá uma relação de interatividade. Segundo Primo (2007), McLuhan não fala dos meios de comunicação como forma de diálogo para se alcançar maior interação nas relações sociais, restringindo-se ao nível da interatividade.

Neste trabalho, o que interessa especificamente é a interação do pesquisador com o meio e o que ele faz a partir dessa interação. Qual é a dinâmica que ele terá na relação com o meio? Entende-se que é, portanto, uma relação de interação do pesquisador com a máquina, a partir da qual há uma interação dele com o espaço, com o ambiente. Assim, busca-se entender aqui o produto dessa interação, que seria: o conhecimento circula ou não?

Andrew Lippman (1998, p. 792) apud Primo (2007, p. 31), para explicar que ocorre uma relação de interação entre o usuário e a máquina no processo de interatividade, define esta como atividade mútua e simultânea de ambos participantes, normalmente trabalhando em prol de um objetivo, mas não necessariamente. Lippman (1998) apud Primo (2007) enumera

cinco características para classificar um sistema interativo: “interruptabilidade, granulidade,

degradação graciosa, previsão limitada e não-default”. Ao término dessa sequência, retornaria e formaria uma relação cíclica, ou seja, a interação ocorreria num processo de ação e reação no qual os papéis de emissor e receptor se alternariam.

Imagem

TABELA 1 – Número de usuários de internet no Brasil, entre 2000 e 2009 1 .
FIGURA 1 – Antigo portal do CNPq.
FIGURA 2 – Novo portal do CNPq.
FIGURA 3 – Logomarca do CNPq.
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Referências

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