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O questionário de pesquisa, conforme descrito nos procedimentos metodológicos, foi confeccionado no software SurveyMonkey. O link que dava acesso a ele foi enviado por e-

mail a 331 pesquisadores que compõem a nossa amostra. Destes, 185 responderam ao

questionário, obtendo-se assim 55,9 % de respostas. Considerando o meio adotado para sua aplicação, entende-se que o quantitativo de respostas obtidas foi satisfatório.

O questionário foi encaminhado no mês de janeiro, normalmente o período de férias das universidades. Apesar desse fato, alguns pesquisadores responderam ao e-mail avisando da impossibilidade de responder a pesquisa por estarem viajando e sem acesso à internet, outros programaram respostas instantâneas avisando do afastamento de suas atividades profissionais por motivo de férias. Do total da amostra, apenas dois pesquisadores se manifestaram da impossibilidade de responder ao questionário por problemas de saúde. Do total das respostas, 42,7% foram de homens e 57,3%, de mulheres.

GRÁFICO 2 – Questão 3: Faixa etária dos participantes.

A faixa etária predominante ficou entre 31 e 50 anos de idade (61,6%), como mostra o gráfico acima (Gráf. 2). Esse resultado era perfeitamente previsível, uma vez que a amostra é composta por pesquisadores com alta qualificação profissional, adquirida após anos de estudo.

A maioria está no auge de sua vida acadêmica, contribui para a formação de recursos humanos e está envolvida com o desenvolvimento de projetos de pesquisa, portanto, perfeitamente enquadrada nos critérios das lógicas de produção e dos formatos industriais de fomento.

Martín-Barbero (2009) chama a atenção para as divisões modernas das formas de mediação nas relações entre comunicação, cultura e política. Para o autor, as relações vão ocorrer em dois eixos principais: o sincrônico, que ocorre entre as matrizes culturais e os formatos industriais, e o diacrônico, que ocorre entre as lógicas de produção e as competências de recepção. Essas relações se complementam e serão mediadas por regimes institucionais, por formas de sociabilidade, tecnicidade e ritualidade.

A definição do tipo de demanda para financiamento e a forma de sua aplicação são definidas pelo CNPq em conjunto com representantes da comunidade científica. A partir da identificação das áreas prioritárias de atenção, a priori, criam-se meios para que esses problemas sejam solucionados com a correta aplicação dos recursos públicos e que os resultados sejam voltados para as necessidades da população em geral e não apenas para atender aos interesses de grupos minoritários. Segundo Martín-Barbero (2009, p. 17-18):

A institucionalidade tem sido, desde sempre, uma mediação densa de interesse e poderes contrapostos, que tem afetado, e continua afetando, especialmente a regulação dos discursos que, da parte do Estado, buscam dar estabilidade à ordem constituída e, da parte dos cidadãos – maiorias e minorias –, buscam defender seus direitos e fazer-se reconhecer, isto é, re-constituir permanentemente o social. Vista a partir da socialidade, a comunicação se revela uma questão de fins – da constituição do sentido e da construção e desconstrução da sociedade. Vista a partir da

institucionalidade, a comunicação se converte em questão de meios, isto é, de

produção de discursos públicos cuja hegemonia se encontra hoje paradoxalmente do lado dos interesses privados.

O CNPq é um órgão de fomento, portanto, não pode se desvincular das lógicas econômicas porque são elas que vão referendar a ação positiva ou negativa desse fomento. Ele envolve as matrizes culturais do meio científico em si, e a relação desse meio com a sociedade envolve lógicas específicas de produção, e todo esse ambiente de produção requer também competências de recepção próprias. Quando tudo isso é reunido num único espaço midiatizado, essas relações de poder, política, cultura e comunicação, se tornam mais complexas e sofisticadas. De um lado há premissas que indicam um processo que contempla uma preocupação com o interesse público, enquanto de outro as institucionalidades e os critérios de seleção remetem a uma tendência de concentração em nichos e grupos. A evidência é que, no caso do CNPq, as regiões tidas como “menos desenvolvidas tecnologicamente” passam a dispor de uma cota específica dos recursos. Devido a essa

desigualdade, a política adotada pelo CNPq é a de desenvolver ação de incentivo para a disseminação do conhecimento reservando às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (exceto para o Distrito Federal), conforme previsto nos editais, 30% dos recursos. No entanto, o próprio Governo, nos últimos anos, vem desenvolvendo políticas de descentralização de recursos por região, incentivando a instalação de centros de liderança em vários níveis do desenvolvimento científico e tecnológico em regiões menos desenvolvidas economicamente e fora do eixo Sul e Sudeste. Um exemplo dessas iniciativas é a criação do Porto Digital, na cidade de Recife, em Pernambuco, no nordeste brasileiro.

Ainda assim, as respostas obtidas com o questionário ratificam a concentração historicamente dada pelos formatos industriais que aparentemente se reproduzem no ambiente digital. Os pesquisadores são em sua maioria provenientes das regiões Sul e Sudeste do país, como verificado no gráfico abaixo (Gráf. 3).

GRÁFICO 3 – Questão 4: Região do país dos participantes.

Nessas regiões, está concentrada a maior parte dos pesquisadores com bolsas PQ e auxílio financeiro para pesquisa. Devido ao distanciamento sociocultural e geográfico das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, os pesquisadores dessas regiões teriam maiores dificuldades em concorrer no mesmo nível com pesquisadores localizados nos centros mais bem equipados e com tradição em pesquisa.

Em relação ao domínio das NT e do meio internet, ficou evidenciado, no gráfico abaixo (Gráf. 4), que a maior parte dos usuários do portal do CNPq (96,7%) não encontra dificuldades em manusear e navegar pela internet. Conforme foi verificado pela faixa etária, esse público se enquadra no grupo dos migrantes digitais que, notadamente, vem se adaptando às demandas por novas competências de recepção e acesso às NT para realizar suas tarefas diárias e se manter ativo no mercado de trabalho.

GRÁFICO 4 – Questão 5: Sabe usar o computador e a internet.

No entanto, a partir do Mapa das Mediações de Martín-Barbero (2009), observa-se que ao mesmo tempo em que é disponibilizada uma tecnologia com acesso livre a todos, num processo aparentemente democratizado, de um lado o usuário recebe informações, mas de outro sua ação é formatada de acordo com as lógicas de mercado. No caso do CNPq, para atender aos indicadores de produção e eficiência almejados pelo órgão financiador, o uso dessa tecnologia implica em Competência de Recepção para acesso e navegação, para apresentar demandas e para compartilhar conteúdos que resultam da produção de conhecimento. Não basta apenas disponibilizar a tecnologia, quem faz uso dela vai se adaptando ao formato de acordo com suas necessidades, no que resulta num enquadramento nas formas de acesso.

Foi verificado que 99,4% dos pesquisadores têm computador em casa, e 95,1% têm acesso à internet. Destes, todos leem os conteúdos publicados no portal na tela (Gráf. 5). Essa é uma característica, como já vimos, tipicamente de nativo digital.

GRÁFICO 5 – Questão 12: Como lê as publicações.

Considerando que esses pesquisadores representam a elite científica do nosso país, problemas de acesso a plataformas digitais e à internet, apresentados no capítulo

Comunicação, educação e tecnologia – migrantes e nativos digitais, não são representativos

para essa parcela da sociedade. Acreditava-se que a predominância de acesso a essas plataformas seria confirmada, tendo em vista que são profissionais ligados a universidades e centros de pesquisa de relevância. Verifica-se com esses dados que os pesquisadores estão preocupados em se adaptar e acompanhar o formato industrial do portal, pois, ainda que não dominem completamente todos os processos mediados pelo computador e pela internet, fazem uso do computador para se relacionar com o CNPq. Apesar de encontrar limitações com as demandas tecnológicas, devido às diferenças geracionais, infere-se que, a partir das respostas, trata-se de uma questão de tempo para se adaptarem ao novo formato digital. É uma mudança de cultura, dos hábitos desenvolvidos no período analógico e que agora precisam ser

superadas para atender às demandas das lógicas de produção exigidas pelas NT para melhor se relacionar com a sociedade a que pertencem: os pesquisadores do CNPq.

De acordo com a faixa etária dos pesquisadores desta pesquisa (Gráf. 2), percebe-se que esse grupo de pesquisadores precisou se adaptar às novas dinâmicas do mercado de trabalho para continuar competitivos. De acordo com Prensky (2001), as mudanças a que as pessoas se submetem estão no nível do universo analógico para o digital. É um rompimento com sua tradição, sua cultura de uso do papel e do impresso, ou seja, precisa-se carregar uma pasta com um notebook (também tablets e smartphones) no lugar de vários livros e cadernos para anotações.

Entende-se que a principal diferença entre os nativos e migrantes digitais está na forma como esse sujeito se relaciona com as NT. Sabe-se que cidadãos excluídos digitalmente terão mais dificuldades de manuseio dessas plataformas se nunca tiveram acesso a elas. Nesses casos, é necessário levar em consideração que não se trata somente de uma adaptação a um novo meio, mas de uma mudança de pensamento. De um modo geral, era uma barreira para a popularização do acesso às informações e conteúdos disponíveis no portal, como deseja o CNPq. No caso dos “usuários” consultados na amostra, observa-se que são sujeitos com educação digital que foram se adaptando às NT na medida em que estas foram surgindo. Fica evidenciado o seu esforço em atender a essa nova forma de corresponder ao formato industrial do portal, pois estão se esforçando para entender como funciona e qual caminho devem seguir para conseguir realizar suas atividades de forma independente e produtiva.

O fato é que, dessa forma, verifica-se a confirmação de uma das hipóteses apresentadas no início deste trabalho, segundo a qual o portal, efetivamente, não leva em

consideração o momento de transição vivido pelos agentes da sociedade do conhecimento, os migrantes digitais. A formatação do portal atende as orientações da Administração Pública

Federal, porém desconsidera o fato de que o seu público ainda não domina totalmente a lógica e o esquema mental impostos pela linguagem das NT, apesar do esforço evidenciado nas respostas da pesquisa. Para corresponder ao formato industrial do portal, mesmo com limitações de domínio técnico, as lógicas da cultura do trabalho se cruzam com as lógicas da cultura científica ditando as normas da sociabilidade nessa esfera pública que naturalmente abriga ritos de visibilidade e poder. Aos pesquisadores, resta o desafio de adquirir as competências de recepção para atender as demandas de acordo com as regras impostas pela Administração do portal. Procuram respeitar os prazos estipulados para envio de documentação, apresentam relatórios de acordo com as orientações descritas nos formulários, encaminham e-mail ao Serviço de Atendimento em vez de usar o telefone. Aos poucos, o

formato industrial do portal vai impondo a sua ritualidade, ou sua nova ritualidade, e o pesquisador vai se enquadrando a ela sem muitas alternativas, e seus hábitos e costumes passam a ser aqueles que significam resolver o seu problema de comunicação com o portal.

Segundo Martín-Barbero (2009, p. 19):

A compreensão do funcionamento das Lógicas de Produção mobiliza uma tríplice indagação: sobre a estrutura empresarial – em suas dimensões econômicas, ideologias profissionais e rotinas produtivas; sobre sua competência comunicativa – capacidade de interpelar/construir públicos, audiências, consumidores; e muito especialmente sobre sua competitividade tecnológica: usos da Tecnicidade dos quais depende hoje em grande medida a capacidade de inovar nos Formatos Industriais. Inferi-se que Martín-Barbero está dizendo que a tecnologia não surge, necessariamente, como suporte para ajudar, mas carrega informações de um complexo sistema. Ela informa à sociedade ditando uma lógica, que vai passar por uma tensão natural diante da reação (resistência) do cultural na medida em que não tem como passar por um sistema sem se adequar a ele. Assim, por mais que se pressione o sistema e ao mesmo tempo seja provocada uma entropia, rapidamente ele vai se reorganizar e se enquadrar de novo50.

Em relação à navegabilidade, os pesquisadores responderam predominantemente que encontram, às vezes com maior ou menor facilidade, o que procuram e que frequentemente eles têm suas solicitações de informações confirmadas pelo CNPq. Assim, entre os pesquisadores que contactaram o CNPq, 41,5% sempre recebem e 42,1% frequentemente receberam respostas para as suas indagações, contra 0,5% que nunca recebeu e 4,4% que nunca pediram alguma informação.

50 Esse processo de reorganização dos sistemas nos remete ao conceito de Autopoiese de Varela e Maturana que quer dizer autoprodução. Segundo Mariotti (1999), “A palavra Autopoiese surgiu pela primeira vez na literatura internacional em 1974, num artigo publicado por Varela, Maturana e Uribe, para definir os seres vivos como sistemas que produzem continuamente a si mesmos. Esses sistemas são autopoiéticos por definição, porque recompõem, de maneira incessante, os seus componentes desgastados. Pode-se concluir, portanto, que um sistema autopoiético é ao mesmo tempo produtor e produto. Para Maturana, o termo "autopoiese" traduz o que ele chamou de "centro da dinâmica constitutiva dos seres vivos". Para exercê-la de modo autônomo, eles precisam recorrer a recursos do meio ambiente. Em outros termos, são ao mesmo tempo autônomos e dependentes. Trata-se, pois, de um paradoxo. Essa condição paradoxal não pode ser bem entendida pelo pensamento linear, para o qual tudo se reduz à binariedade do sim/não, do ou/ou. Diante de seres vivos, coisas ou eventos, o raciocínio linear analisa as partes separadas, sem empenhar-se na busca das relações dinâmicas entre elas. O paradoxo autonomia-dependência dos sistemas vivos é melhor compreendido por um sistema de pensamento que englobe o raciocínio sistêmico (que examina as relações dinâmicas entre as partes) e o linear. Eis o pensamento complexo, modelo proposto por Edgar Morin. Maturana e Varela utilizaram uma metáfora didática para falar dos sistemas autopoiéticos que vale a pena reproduzir aqui. Para eles, trata-se de máquinas que produzem a si próprias. Nenhuma outra espécie de máquina é capaz de fazer isso: todas elas produzem sempre algo diferente de si mesmas. Sendo os sistemas autopoiéticos a um só tempo produtores e produtos, pode-se também dizer que eles são circulares, ou seja, funcionam em termos de circularidade produtiva. Para Maturana, enquanto não entendermos o caráter sistêmico da célula, não conseguiremos compreender os organismos”. Disponível em: <http://www.geocities.com/pluriversu/autopoies.html>. Acesso em: 18 abr. 2013.

Pode-se afirmar que 83,6%, conforme gráfico abaixo (Gráf. 6), receberam algum tipo de respostas para as suas indagações. Considerando o quantitativo de retorno, infere-se que há da parte da instância de produção, (CNPq), ao menos, um efeito comunicacional de interação. O órgão de fomento preocupa-se em dar uma resposta, embora o recebedor possa considerá-la insatisfatória.

GRÁFICO 6 – Questão 16: Retorno dos pedidos de informação ao CNPq.

Essa preocupação em dar respostas aos questionamentos dos pesquisadores evidencia o formato industrial do portal voltado para um feito de sentido que visa mostrar sua adesão à política de acesso à informação. Conforme foi mencionado na introdução deste trabalho, passou a ser uma obrigação do Governo Federal, com a criação da Lei de Acesso à Informação, prestar qualquer informação solicitada pelo cidadão a seus órgãos.

Nas respostas abertas para esse quesito (a partir de agora passaremos a contemplar também uma abordagem com viés qualitativo a partir das respostas abertas), há uma recorrente reclamação quanto aos entraves de navegabilidade, como a velocidade de processamento considerada lenta.

A) (Questão 25, Resposta (R). 60) Acho muito congestionado de informações. Me

perco.

B) (Questão 25, R. 141) por vezes o caminho para a informação desejada é muito

Nas respostas abertas, os pesquisadores mencionam que a navegação no portal anterior era mais fácil do que no atual. Infere-se que o público do CNPq, efetivamente, não está totalmente familiarizado com o novo portal. Como em qualquer mudança, é preciso se adaptar ao novo formato para entender como funciona e as razões de estar diferente. O portal apresenta uma intencionalidade administrativa que foge da lógica de produção dos pesquisadores.

Acredita-se que as linhas de financiamento são demandadas pelas políticas públicas desenvolvidas pelo governo. Atualmente, devido ao alto índice de casos de dengue no país, as pesquisas voltadas para a solução desse problema passam a ser prioridade e a quantidade de recursos financeiros para essas áreas aumentam por se tratar de uma questão de saúde pública. Com isso, evidencia-se uma política de financiamento determinista. Em alguns casos, para não ficar de fora desse grupo restrito, o pesquisador se deixa levar pela necessidade de mercado e se enquadra nas condições impostas pelas lógicas de produção do agente financiador.

Devido aos critérios de elegibilidade, na maioria das vezes, o pesquisador é induzido a dedicar grande atenção aos números de produção de indicadores de valor para se enquadrar ao formato industrial. Essa pressão, seguramente, impacta a matriz cultural científica que prioriza a produção de conteúdo acadêmico de qualidade com vistas a corresponder ao compromisso social de utilizar recursos públicos para a produção de conhecimento de benefício comum. Este trabalho não tem a intenção de avaliar a qualidade do conteúdo produzido, mas não poderia deixar de apontar para essa questão.

Além disso, os pesquisadores não estariam suficientemente acostumados com o sistema, isto é, em condições plenas de abastecer a demanda pela circulação de conhecimento. Deve-se recordar que por ser um público formado basicamente por migrantes digitais, a tecnologia, os códigos e os procedimentos do portal representam uma barreira, embora o uso desse meio tenda a ser aprimorado a cada acesso.

O fato é que, acolhendo a institucionalidade e a tecnicidade das lógicas de produção, os pesquisadores entram nesse espaço mediatizado do portal, no qual terminam por sujeitar-se ao formato industrial que demanda por índices de produtividade. Quanto mais o pesquisador almeja o lugar de bolsista PQ ou de beneficiário de recursos financeiros para desenvolver projetos de pesquisa, que representam um tipo de prestígio e poder diante da comunidade científica, mais ele se credencia para ter acesso a novas linhas de fomento, estando sujeito às lógicas de produção e refém das competências de recepção. Por mais que a cultura científica promova uma resistência e uma reação natural às mudanças e ao enquadramento, e o

pesquisador procure tencionar estas lógicas, terá que superar os obstáculos técnicos e as rotinas já definidas. Nessa esfera pública digital, mostra-se evidente que a comunicação se vê atravessada pela cultura e pela política da área.

Assim, a hipótese de que o portal do CNPq, a priori, é um ambiente de sociedade em rede, de acordo com Castells, em parte não se confirma. O conhecimento produzido a partir do desenvolvimento de projetos de pesquisa está disponível por meio da ferramenta, mas o acesso ainda é limitado dado aos índices de acesso dos próprios pesquisadores ao conteúdo publicado por seus pares (Gráf. 8). Como veremos mais adiante, cerca de trinta por cento dos entrevistados confessam que nunca recorreram a nenhum texto de colega disponível por meio do portal (Gráf. 8). Um dos motivos dessa falta de acesso poderia ser o de limitação das habilidades de navegabilidade e usabilidade apresentada pelo formato industrial do portal. Os pesquisadores ainda estão no processo de reconhecimento das ritualidades confrontadas com suas matrizes culturais, estão aprendendo a agir de modo diferente. Segundo Martín-Barbero (2009, p. 17):

A dupla relação das Matrizes Culturais com as Competências de Recepção e as Lógicas de Produção é mediada pelos movimentos de socialidade, ou sociabilidade, e pelas mudanças na institucionalidade. A socialidade, gerada na trama das relações cotidianas que tecem os homens ao juntarem-se, é por sua vez lugar de ancoragem da práxis comunicativa e resulta dos modos e usos coletivos de comunicação, isto é, de interpelação/contra-hegemonia) com o poder. Nesse processo as Matrizes Culturais ativam e moldam os habitus que conformam as diversas Competências de Recepção.

Os pesquisadores também apontaram um desconforto com detalhes técnicos que afetam a comunicabilidade, tais como, a questão da cor e da fonte utilizadas – essa característica foi analisada nesta pesquisa no capítulo A construção da imagem do CNPq a

partir do seu portal na internet.

A) (Questão 25, R. 76) Um problema importante é a letra e a cor usada no portal, o

que muitas vezes torna a leitura difícil.

B) (Questão 25, R. 94) Muita poluição visual no site. Embora seja um site bonito ele

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