• Nenhum resultado encontrado

Psicomotricidade e qualidade de vida em idosos institucionalizados

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Psicomotricidade e qualidade de vida em idosos institucionalizados"

Copied!
118
0
0

Texto

(1)

Pró-reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto sensu

em Mestrado em Gerontologia

PSICOMOTRICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Autor: Michelly Mara Lira Monteiro

Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas

(2)

MICHELLY MARA LIRA MONTEIRO

PSICOMOTRICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Gerontologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), como requisito para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientadora: Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas

(3)

Defesa da Dissertação de autoria de Michelly Mara Lira Monteiro, intitulada

PSICOMOTRICIDADE E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS , apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia, em 28 de JUNHO de 2012, deferida e aprovada pela banca examinadora assinada:

_________________________________________________________________ Profª. Drª.Carmen Jansen de Cárdenas

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

__________________________________________________________________ Prof. Dr. Gustavo Azevedo Carvalho

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia

____________________________________________________________________ Profª. Drª. Maria Elizabeth Duarte Silvestre

Universidade Federal do Piauí - UFPI

(4)

(5)

AGRADECIMENTOS

Aos pacientes idosos, que nos desafiam continuamente a nos esforçarmos para melhorar sua saúde, função e qualidade de vida, possibilitando, assim, aumento da independência e autonomia. E aos funcionários da Instituição de Longa Permanência, Casa São José, por abrirem as dependências e os idosos;

Aos meus avós, Aldenora e José Lira pelo amor e dedicação, mas, acima de tudo, por serem para mim exemplos de vida. A vocês, meu carinho, respeito e admiração, hoje e sempre;

À minha mãe, Conceição Lira por me ajudar e apoiar nas horas de que mais precisei e pelo amor, participação, auxílio e companheirismo em todas as fases da realização desse estudo. Dizer obrigado agora é pouco diante de tanto afeto, incentivo e amor contínuos;

Aos meus irmãos, George e Georzilene Lira pela dedicação, apoio e estímulo;

Às minhas primas-irmã Mila Nogueira, Katiuzia Monteiro, Juliana Monteiro e Gabriela Lira, que sempre me apoiaram em todos os momentos da minha vida. Obrigada pelo companheirismo e preocupação durante a realização desse trabalho;

Às minhas tias Teresinha, Waldenize e Waldenora Lira, pelo apoio, inspiração e energia positiva durante o trabalho e em tantos outros momentos;

À minha tia Profª. Drª. Maria do Socorro Lira Monteiro, pelo incentivo, apoio, firmeza, dedicação e compromisso durante a orientação, e paciência diante das muitas dificuldades encontradas para que este trabalho pudesse ser concluído;

A todos os meus familiares que direita ou indiretamente participaram deste trabalho. Agradeço pela amizade, incentivo e suporte;

À Profª. Drª. Carmen Jansen de Cárdenas, pela atenção, disponibilidade e sugestões acadêmicas e técnicas para o desenvolvimento dessa abordagem científica. E, principalmente, por ter me mostrado a riqueza da Gerontologia;

Às minhas amigas Jocélia Resende e Fátima Takahashi por compartilhar alegria, ideias, sugestões e experiências, e pela disposição no auxílio desse trabalho;

(6)

(7)

RESUMO

Referência: MONTEIRO, Michelly. Psicomotricidade e Qualidade de Vida em Idosos Institucionalizados. 2012. 115 folhas. Mestrado em Gerontologia-Universidade Católica de Brasília (DF). 2012.

A psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo e relaciona-se ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Tendo em vista essa concepção, essa dissertação objetiva investigar os aspectospsicomotores presentes nos idosos residentes numa Instituição de Longa Permanência (ILP), com vistas determinar as alterações no sistema músculo-esquelético com a idade, o grau de independência, autonomia e avaliar a qualidade de vida. Para tanto, utilizou-se o método quali-quantitativo, com participação de 19 idosos de ambos os sexos para aplicação do questionário Whoqol-Bref que avalia a qualidade de vida, e 10 idosos para o de Bateria Psicomotora, por meio do uso de critérios de exclusão. Portanto, com base na pesquisa de campo constatou que a psicomotricidade exerce fundamental importância no processo de conservação da tonicidade funcional, controle postural flexível, manutenção da imagem corporal, organização espaço-temporal plástica, integração de praxias ideomotoras, entre outras, relacionadas às necessidades específicas do idoso, tornando o envelhecer um contínuo viver de experiências criativas.

(8)

ABSTRACT

Reference: MONTEIRO, Michelly. Psychomotricity and Quality of Life in Institutionalized Elderly. 2012. 115 leaves. Master of Gerontology, Catholic University of Brasilia (DF). 2012.

The psychomotor is the science whose object of study is the man through the body in motion and in relation to its internal and external world, and relates to the maturation process where the body is the source of cognitive affective and organic acquisitions. Given this conception, this thesis aims to investigate psychomotor aspects present in the aged who living in a Establishment of Long Term ( from the portuguese ILP) in order to determine changes in the musculoskeletal system with age, the degree of independence, autonomy and evaluat the quality of life. We used the quali-quantitative method, with participation of 19 aged of both sexes with the application of the WHOQOL-Bref questionnaire to assess the quality of life and 10 aged to the Psychomotor Battery, through the use of criteria exclusion. Therefore, based on a field research found that psicomotricity plays a fundamental role on the functional tone preservation, flexbility postural control, maintenance of body image, plastic space-time organization, integration of ideomotor praxis, among others, related to the aged specific needs, making aging a continuous live creative experiences.

(9)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Organização psicomotora de acordo com o modelo psiconeurológico de Luria ... 27

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Qualidade de vida dos idosos da Casa São José, por gênero ... 51

Tabela 2 Nível de satisfação dos idosos com saúde ... 52

Tabela 3 Nível de impedimento da dor física nos idosos para a realização de atividades necessárias ... 52

Tabela 4 Tratamento médico necessário para a condução da vida rotineira do idoso ... 53

Tabela 5 Nível de aproveitamento da vida do idoso, por gênero ... 53

Tabela 6 Sentimentos do idoso de ambos sexos relativamente a vida ... 54

Tabela 7 Nível de concentração do geronto, por gênero ... 54

Tabela 8 Sentimentos de segurança vivenciada pelo idoso ... 55

Tabela 9 Condições de saudabilidade do ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos do idoso ... 55

Tabela 10 Disposição de energia do idoso para a atividade do seu dia-a-dia ... 56

Tabela 11- Aceitação da aparência física do idoso e da idosa ... 56

Tabela 12 Disponibilidade de recurso financeiro para satisfação das necessidades do idoso ... 57

Tabela 13 Nível de acesso às informações no dia-a-dia do idoso ... 57

Tabela 14 Oportunidade de lazer do idoso ... 57

Tabela 15 Condições de locomoção do idoso, por gênero... 58

Tabela 16 Nível de satisfação do sono do idoso, por sexo ... 59

Tabela 17 - Capacidade para desempenhar atividades no dia-a-dia ... 59

Tabela 18 Capacidade para o trabalho do geronto, por sexo ... 59

Tabela 19 Grau de satisfação do idoso ... 60

Tabela 20 Nível de satisfação do geronto com as relações pessoais (amigos, parentes, conhecidos, colegas) ... 60

Tabela 21 Nível de satisfação do idoso relativamente ao apoio recebido pelos amigos ... 61

Tabela 22 Grau de satisfação do idoso quanto às condições do local de moradia ... 61

(12)

Tabela 24 Nível de satisfação do geronto relativamente ao acesso dos serviços

de saúde ... 62

Tabela 25 Nível de satisfação do idoso com o meio de transporte utilizado ... 63

Tabela 26 Frequência de sentimentos negativos, como mau humor, desespero, ansiedade e depressão vivenciadas pelo idoso, por gênero ... 63

Tabela 27 Tonicidade no idoso, por gênero ... 64

Tabela 28 Extensibilidade no geronte, por sexo ... 66

Tabela 29 Passividade em idosos, por gênero ... 67

Tabela 30 Paratonia em idosos, por gênero ... 68

Tabela 31 Diadocosinesias em geronte, por sexo ... 69

Tabela 32 Sincinesias ... 70

Tabela 33 Imobilidade dos idosos, por sexo ... 71

Tabela 34 a - Equilíbrio estático, com ênfase em idosos por sexo feminino e masculino ... 72

Tabela 34 b Equilíbrio estático, com destaque para a aponta dos pés nos idosos, por gênero ... 72

Tabela 34 c Equilíbrio estático, com realce no geronte, por sexo ... 72

Tabela 35 a - Equilíbrio dinâmico, alicerçado na marcha controlada do idoso, por gênero ... 73

Tabela 35 b.1 Equilíbrio dinâmico, na evolução do banco para frente ... 74

Tabela 35 b.2 - Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para trás do idoso, por gênero ... 74

Tabela 35 b.3 Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para o lado direito do idoso, por sexo ... 75

Tabela 35 b.4 Equilíbrio dinâmico na evolução no banco para o lado esquerdo do idoso, por gênero ... 76

Tabela 36 - A lateralização, com ênfase no subfator ocular, do idoso por gênero ... 77

Tabela 37- Lateralização, destacando o subfator auditiva do idoso, por sexo ... 77

Tabela 38 Lateralização, enfocando o subfator manual do idoso e da idosa ... 77

Tabela 39 Lateralização do subfator pedal do idoso, por gênero ... 77

Tabela 40 Noção de corpo no sentido cinestésico, segundo o gênero ... 78

Tabela 41 Noção do corpo por reconhecimento direita/esquerda, do geronte por sexo ... 79

(13)

Tabela 43 Noção de corpo, destacando a imitação de gestos, por sexo ... 80

Tabela 44 Noção de corpo focando o desenho do corpo, por sexo ... 80

Tabela 45 Estruturação espaço-temporal, com destaque para a organização do idoso, por sexo ... 81

Tabela 46- Estruturação espaço-temporal com enfoque na estruturação dinâmica do idoso por gênero ... 82

Tabela 47- Estruturação espaço-temporal com ênfase na representação topográfica do idoso, segundo o sexo ... 82

Tabela 48 - Estruturação espaço-temporal por estruturação rítmica do geronte, segundo o sexo ... 83

Tabela 49a Praxia global por meio da coordenação óculo-manual do idoso, por sexo ... 83

Tabela 49b Praxia global, destacando a coordenação óculo-pedal do idoso, por gênero ... 84

Tabela 50 Praxia global, através da dismetria do idoso, por idoso e idosa... 84

Tabela 51a Dissociação, enfatizando os membros superiores do idoso, por sexo ... 84

Tabela 51b Praxia global, enfocando membros inferiores do idoso, por sexo ... 85

Tabela 51c Praxia global, evidenciando a agilidade do idoso, por gênero ... 85

Tabela 52 - Praxia fina por meio de coordenação dinâmica manual do idoso, segundo o sexo ... 86

Tabela 53 Praxia fina, através do tamborilar do idoso, por sexo ... 87

Tabela 54a Praxia fina, com destaque para pontos do idoso, por gênero ... 87

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

1.1Objetivos ... 17

1.1.1 Geral ... 17

1.1.2 Específicos ... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 18

2.1 Terceira idade envelhecimento ... 18

2.2 Psicomotricidade ... 20

2.2.1 Conceito ... 20

2.2.2 Controle das funções motoras e do comportamento ... 22

2.3 Gerontopsicomotricidade ... 32

2.4 Sistema psicomotor humano ... 36

2.5 Atividade e bem-estar psicológico na maturidade ... 39

2.6 Qualidade de vida ... 41

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 44

3.1 Procedimentos de pesquisa ... 45

3.2 Materiais e equipamentos ... 46

3.3 Coleta de dados ... 47

3.4 Análise de dados ... 47

3.5 Relação risco-benefício ... 49

3.6 Aspectos éticos (Comitê Ético de Pesquisa - CEP) ... 49

4 RESULTADO E DISCUSSÃO ... 51

4.1 Qualidade de vida ... 51

4.2 Bateria psicomotora ... 64

5 CONCLUSÃO ... 89

REFERÊNCIAS ... 91

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 96

APÊNDICE B - Ficha de Identificação do Paciente ... 98

(15)

ANEXO B Bateria Psicomotora Adaptado (Vitor da Fonseca) ... 103

ANEXO C- Parecer Consubstanciado do Comitê de Ética e Pesquisa ... 108

ANEXO D Termo de Aprovação ... 111

(16)

1 INTRODUÇÃO

O aumento significativo da perspectiva de vida tem despertado os cientistas para pesquisar a realidade e as necessidades do indivíduo idoso, haja vista que os cuidados sociais e de saúde implicam inevitavelmente na qualidade de vida das pessoas com ou acima de 60 anos. Salienta-se, ainda, que em nível individual, o temperamento e o caráter determinam o tipo de reação e de conduta diante de variadas situações de vida, o que gera fatores psicológicos e afetivos que contribuem complementarmente para a diferenciação dos processos de envelhecer (PAPALÉO, 2001).

Segundo Neri (2001) a gerontologia é a ciência que estuda o processo do envelhecimento, cuida da personalidade e da conduta dos idosos, levando em conta todos os aspectos biológicos, sociais, físicos, funcionais, psicológicos e culturais.

Nessa perspectiva, Velasco (2005) define psicomotricidade como sendo a ciência que tem no corpo a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

A psicomotricidade na vida do idoso tem tanta ou mais importância que na infância, pois esta se assenta na formação do ser humano e o processo do envelhecimento, também denominado de terceira idade , pois a recuperação e/ou manutenção das atividades funcionais, possibilitaram sua independência por mais tempo. Nesse sentido, pode-se enfatizar que a psicomotricidade exerce efeito preventivo ao conservar a tonicidade funcional, controlar a postura flexível, determinar a boa imagem do corpo, organização espacial e temporal, integrar e prorrogar as práxias global e fina; remete ao geronte a ação com o seu corpo em

movimento, a favor da manutenção de uma estrutura funcional, necessária não somente para a promoção, mas, sobretudo, para a manutenção da saúde (VASCONCELOS, 2003).

Ademais, Meur e Staes (1989) realçam que o estudo da psicomotricidade é recente, na medida em que no início do século XX, a temática era abordada apenas excepcionalmente. Na primeira fase, a pesquisa teórica preponderou no desenvolvimento motor da criança, a qual foi seguida pelos estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em função da idade. E, que posteriormente, os estudos ultrapassaram os problemas motores e permitiram uma interação entre o gesto e afetividade.

(17)

reconhece-se que a psicomotricidade dialoga com a saúde e a doença nas suas intervenções profiláticas, educacionais e clínicas, investigando, pesquisando e favorecendo ininterruptamente a relação e a interação psíquica e corporal. Por conseguinte, a prática psicomotora é agente do bem-estar físico e mental, contribuindo, assim, para o equilíbrio e a adaptação do homem ao seu contexto social, ao promover a saúde, minimizar as limitações e amenizar o sofrimento.

Logo, a psicomotricidade é entendida como um olhar globalizado por perceber a relação entre a motricidade e o psiquismo, como a relação estabelecida entre o indivíduo global e o mundo externo. Ou seja, é concebida como uma ciência, cuja organização de atividades possibilita à pessoa conhecer de maneira concreta seu ser e seu ambiente cotidiano, com vistas desempenhar as tarefas de maneira adaptada. Reconhece-se que o objeto dessa investigação científica além de visar o aprimoramento pessoal, intelectual e cultural da pesquisadora, se consubstanciará como fonte de pesquisa para acadêmicos e profissionais que busquem compreender o processo de envelhecimento, e as alternativas para uma vida com qualidade para os idosos. Outrossim, expõe-se que, por um lado, esse tema é pouco abordado, devido às poucas referências bibliográficas e, que por outro lado, que o mesmo é relevante para explicar a manutenção do bem-estar físico e psicológico, exigindo a integração de recursos cognitivos e afetivos com as habilidades motoras.

Portanto, enfatiza-se em consonância com Rossi (2009), que a gerontopsicomotricidade configurou-se numa ferramenta bastante útil para a compreensão das alterações provenientes do envelhecimento, mediante uso de programas psicomotores na prevenção e, ou no tratamento de alterações, contrariando, assim, a retrogênese, ou seja, consubstanciou-se em uma ciência que possibilita a recuperação e a manutenção da qualidade de vida dos idosos. A psicomotricidade torna o idoso mais independente, ao possibilitar a melhora da eficácia e do desempenho nas atividades da vida cotidiana e, consequentemente, promover melhor qualidade de vida.

(18)

1.1 Objetivos

1.1.1 Geral

Investigar os aspectos psicomotores presentes nos idosos residentes em uma Instituição de Longa Permanência (ILP), determinando as alterações no sistema músculo-esquelético com a idade, o grau de independência e autonomia e avaliar a qualidade de vida.

1.1.2 Específicos

Identificar o perfil psicomotor de idosos residentes na Casa São José Instituição de Longa Permanência no Piauí;

Investigar porque os fatores psicomotores apresentam alterações no desenvolvimento psicomotor no idoso, focalizando as possíveis deficiências nas áreas motoras;

(19)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Terceira idade: envelhecimento

Para Morin et al. (1999), a velhice é considerada, inclusive por vários autores, como a etapa do ciclo vital que se inicia em torno de 60 anos de idade e finaliza-se com a morte.

Contudo, consoante Chopra (1996), a mensuração da faixa etária de uma pessoa pode ser realizada de três maneiras: a cronológica, que corresponde aos anos, relativamente ao calendário; a biológica, que se refere à idade do corpo em termos de sinais críticos da vida e processos celulares; e, a psicológica, que representa a idade sensitiva de cada pessoa, que por isso configura-se como subjetiva e flexível. Acrescenta, ainda, como fatores que aceleram o processo do envelhecimento: depressão, incapacidade de expressar as emoções, rotinas diária e de trabalho irregular, viver sozinho, solidão, ausência de amigos íntimos, insatisfação no trabalho, dificuldades financeiras, dívidas, preocupação habitual ou excessiva, irritabilidade, enraivecer com facilidade ou incapacidade de exprimir a raiva sentida e autocrítica e críticas demasiadas.

No entanto, segundo Oliveira (2008), os problemas sociais são mais incisivos sobre o idoso, uma vez que, historicamente, o mesmo era o contador de histórias sobre a família para os descendentes e era consultado pela sua experiência, ou seja, representava a sabedoria e a paciência, e transmitia os valores de uma geração para outra, portanto, era um componente ativo da família. Outrossim, era assistido quando doente pelos membros familiares. Todavia, na sociedade capitalista moderna na qual prepondera uma estrutura familiar nuclear, onde todos os integrantes têm ocupação profissional, o idoso fica relegado ao segundo plano, sendo cuidado por estranhos que, em geral, não dispensam atenção, carinho e afeto. Além disso, presenciou como agravante, o insuficiente valor da aposentadoria para suprir necessidades do geronte, tornando-o, então, um peso financeiro para a família.

Com base em tal cenário, para Camarin (1998), os velhos são encarados como um peso social, na medida em que se consubstanciam em recebedores de benefícios. Logo, não contribuem para a acumulação do capital consumista e imediatista.

(20)

fundamentais no processo de análise do envelhecimento, pois o corpo e o tempo se entrecruzam e, de acordo com esse entrecruzamento, poderão nascer múltiplas velhices, as quais dependem do contexto sociopolítico e cultural no qual o sujeito está inserido. Porém, entende que, por um lado, a diminuição do desempenho físico é um processo natural do envelhecimento e, que por outro lado, esse condicionante é possível de ser amenizado por meio de atividades psicomotoras, que provocam a redução da morbidade e da mortalidade, a manutenção da autonomia e da independência, a melhora da força muscular, da flexibilidade, do equilíbrio, da coordenação dinâmica geral do corpo, favorecendo ao idoso possibilidades para ampliar a compreensão e a valorização do corpo, para a ampliação da esfera social, que pode contribuir para o bem-estar afetivo, emocional e relacional.

Figura 1 Deformidade gradativa da coluna vertebral.

Fonte: Freitas (2002, p. 610).

(21)

Esse panorama para Chopra (1996, p. 89), revela que nós experimentamos a alegria da vida por meio de nossos corpos, portanto, é natural acreditar que nossos corpos não estejam voltados contra nós e sim que desejem o que nós desejamos .

De acordo com Sullivan (1993), um fator importante para a qualidade de vida do idoso é a sua independência funcional para a realização das atividades de vida diária. Dessa forma, entende como atividades funcionais as identificadas por um indivíduo como essenciais para a manutenção do bem-estar físico e psicológico e, por isso, exigem a integração de recursos cognitivos e afetivos com as habilidades motoras.

Assim, devido ao incremento da população idosa brasileira, muitas instituições estão se preparando e planejando atividades munidas de alegria, prazer e lazer para serem desenvolvidas junto aos idosos. Inclusive, consoante com Oliveira (2010), a prática psicomotora voltada para o idoso na academia é denominada gerontopsicomotricidade, que consiste em uma série de técnicas aplicadas ao público da terceira idade, com o objetivo de elevar o nível de autonomia física e psicológica, para melhorar o equilíbrio emocional, potencializar a socialização e aumentar a capacidade do idoso de se adaptar a novas situações.

2.2 Psicomotricidade

2.2.1 Conceito

O termo psicomotricidade existe no mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial quando o Dr. Julian Ajuruaguerra e a Drª. Giselle Soubrian perceberam que após a guerra muitas crianças apresentavam dificuldades na aprendizagem devido aos traumas sofridos. E, após estudos mais aprofundados e aplicações foi desenvolvido o método de terapia em psicomotricidade, que reconheceu não existir movimento sem cognição, mas que a cognição está diretamente ligada ao movimento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2001).

(22)

Sendo assim, para Fonseca (1987, p. 89),

[...] a psicomotricidade pode oferecer um efeito preventivo, conservando uma tonicidade funcional, um controle postural flexível, uma boa imagem corporal, uma organização espacial e temporal plástica, uma integração e prolongamento das práxias ideomotoras, etc.

A partir dessa multiplicidade de aspectos que estabelecem uma inter-relação com a motricidade, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) fundada em (1980), em meados dos anos 1990, elaborou um primeiro conceito geral desta área do conhecimento, como ciência que tem por objetivo o estudo do Homem, através de seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 1995)

Deste modo, conforme Bueno (1998), a intervenção no campo psicomotor é concebida a partir de quatro grandes áreas, Estimulação, Educação, Reeducação e Terapia Psicomotora. E, particularmente, evidencia que educação psicomotora consiste no processo que envolve contribuições para o desenvolvimento harmonioso do idoso durante a vida, isto é, que realiza em todos os momentos da vida por meio de percepções vivenciadas, como intervenção direta nos aspectos cognitivos, motor e emocional, estruturando o indivíduo como um todo. Logo, a educação passa pela facilitação das condições naturas e prevenção de distúrbios corporais orgânicos, e psicomotores funcionais de comportamentos ou sociais. Essa conformação expressa que a educação pode ser realizada na família, no meio social e na escola, com a participação dos familiares, cuidadores, amigos e professores. E, que a estimulação psicomotora refere-se ao despertar e/ou desabrochar do movimento.

Ainda segundo a referida autora, a reeducação psicomotora é a ação desenvolvida em indivíduos que sofrem com perturbações ou distúrbios psicomotores, a qual objetiva retomar as vivências anteriormente com falhas ou as fases de educação ultrapassadas inadequadamente. Assim, reeducar significa o que o indivíduo não assimilou adequadamente em etapas anteriores. Concebe, também, que a terapia psicomotora é conduzida a indivíduos com conflitos mais profundos na estruturação associados aos funcionais ou com desorganização total da harmonia corporal e pessoal.

(23)

Logo, de acordo com Oliveira (2007), a psicomotricidade é um movimento dotado de sentido, contato, expressão, comunicação, realização de trocas, exploração e modo de conhecer, que possibilita ao ser humano colocar-se em relação consigo mesmo e com o outro. Isto é, encerra uma trajetória ampla e crescente, que contribui para que o idoso viva em grupo, haja vista as atividades coletivas ajudarem a estabelecer contatos sociais, através de técnicas psicomotoras que proporcionam ao geronto rever sua própria história de vida, não com o intuito de fazê-lo se arrepender das atitudes tomadas, mas para dá-lo oportunidade de fazer agora o que não realizara anteriormente.

Então, para melhor compreensão da interligação entre os componentes psíquicos e motores, faz-se uma breve revisão dos principais sistemas neurais fisiológicos, que controlam o complexo comportamento psicomotor.

2.2.2. Controle das funções motoras e do comportamento

Sistema piramidal

Em consonância com Bueno (1998), o trato corticoespinhal ou trato piramidal é uma grande coleção de axônios que viajam entre o córtex cerebral do cérebro e a medula espinhal, composto principalmente de axônios motores, responsável pelos movimentos voluntários, controlando a motricidade fina e a elaboração de praxia (ações pensadas e planejadas), constituindo o componente voluntário da motricidade. Realça, outrossim, que apresenta como funções: inibir os músculos flexores; dirigir o movimento para um fim (projeção do movimento); controlar os movimentos distais; e agir no sistema de aprenizagem. Acrescenta, ainda, que a mielinização do sistema piramidal provoca evolução da motricidade e a modificação de certos reflexos e que casos de lesões levam a paralisias.

Sistema extrapiramidal

Conforme o autor anteriormente a rede neural localizada no cérebro humano que integra o sistema motor envolvido na coordenação dos movimentos, podendo ser afetado de diversas maneiras, manifestadas por uma série de sintomas extrapiramidais, como acinesia (incapacidade de iniciar o movimento) e acatisia (incapacidade de se manter imóvel).

(24)

involuntários, automáticos, regulando o tônus e a postura, cuja motricidade global é estabelecida pelos mecanismos vestibulares do ouvido interno. Porém, em casos de lesões, não causam paralisias, e sim, movimentos involuntários espontâneos e alterações do tônus.

Conforme Kingsley (2001) as áreas do cérebro que apresentam maior perda neuronal e diminuição de volume relacionada à idade são os lobos frontal e temporal e o complexo amígdala-hipocampal. Ademais, salienta o reconhecimento do importante papel dos neurônios piramidais do hipocampo no aprendizado e na memória, e que sua perda compromete tais funções, pois ocorre diminuição devido ao envelhecimento. E, a ocorrência de aumento significativo na proliferação dos astrócitos e das células microgliais associados à idade. Logo, essas células gliais têm como alvo os neurônios degenerados, o que comprova o conceito da perda celular hipocampal. Portanto, o tecido envelhecido pode parecer menos denso, apesar de poder conter o mesmo número de células, e que o declínio do volume da substância cinzenta relacionado com a idade pode ser causado pela atrofia neuronal. Mas à medida que envelhece não perde a maquinaria para o funcionamento, apenas acontece a alteração de sua capacidade de funcionar normalmente.

Destaca, também, que a redução do volume do cérebro associa-se às alterações da substância cinzenta e da substância branca, por causa da morte axônica ou da degeneração da mielina, que é resultante do desuso de colaterais ou da morte celular em si. Inclusive, evidencia que há maior perda de volume de substância branca que cinzenta com a idade, o que pode indicar uma perda de neurônios corticais, porque as fibras mielinizadas possuem um diâmetro muito maior que a dos corpos celulares. Ou seja, a perda da mielina tem papel relevante no envelhecimento normal, o que explica as diferenças entre o volume de substância cinzenta e de substância branca. Esse panorama de degeneração da mielina pode causar diferenças observáveis na velocidade de condução neuronal e dificuldade de processamento em regiões do córtex cerebral, onde a velocidade é crucial(KINGSLEY, 2001).

Sistema límbico

(25)

Relação motricidade e comportamento emocional

Para Kandel (2008), o estado emocional apresenta várias modificações durante o decorrer da vida, como prazer, alegria, euforia, desânimo, medo, agonia, raiva, e ansiedade os quais fazem parte do comportamento emocional de todas as pessoas. Exprime que apesar das emoções variarem e implicarem muitos processos corporais, não conhece uma explicação científica precisa do termo emoção.

Segundo Cardoso (2007), as emoções muito fortes podem causar transtornos no organismo, com o infarto, perda da fala e alterações de comportamento. Ressalta que a emoção muitas vezes leva a uma situação intrigante, configurada como um momento inesperado, em reação automática, comandada pela amígdala cortical. E que, em humanos, a lesão da amígdala faz, entre outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida, não obstante saber quem está vendo, mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.

Para Khalsa (2001), a evolução das pesquisas revelou que a amígdala (componente do sistema límbico) é a principal área de processamento das memórias emocionais.

Conforme Mogan (1985 apud ECKERT, 1993), a motricidade e os fatores psicológicos estão bem associados, e uma saúde mental positiva está diretamente relacionada com o sucesso físico. Assim, uma pessoa neurótica, ansiosa, deprimida não é bem sucedida na motricidade, relativamente a uma pessoa com interesse, habilidade, diposição e entusiamo.

Alguns idosos têm distúrbios secundários de coordenação motora ampla e fina, o que atrapalha o seu equilíbrio e sua destreza manual. Notadamente, a parte psicológica correlaciona-se com a parte motora e vice-versa, uma é consequência da outra, uma faz parte da outra (ALVES, 2008).

(26)

Significação psiconeurológica dos fatores psicomotores segundo Luria

Segundo Luria (1973 apud FONSECA, 1995), o cérebro humano é composto por unidades funcionais básicas e cada uma possui uma função particular e peculiar.

Centrado nesse contexto, para Fonseca (2009), a evolução do cérebro, embasado no filogenético e ontogênico, envolve transições, do mais organizado (medula) ao menos organizado (córtex); dos centros inferiores mais organizados, aos centros superiores que vão se organizando pela vida fora; do mais simples ao mais complexo, do mais reflexivo ao mais voluntário; da protomotricidade à arqueomotricidade; da paleomotricidade à neomotricidade; e, da sensório-motricidade à psicomotricidade, pressupondo uma organização vertical ascendente que a organização funcional do cérebro, de acordo com A. R. Luria, resulta da interação conjunta e hierarquizada de três blocos funcionais, dos quais dependem as funções que presidem trabalho do cérebro, implicado em todas as formas complexas de comportamento, nomeadamente na organização psicomotora.

Em consonância com Luria (1988), as formas complexas de comportamento têm origem social, a partir da qual se desencadeiam processos que elaboram, armazenam e conservam a informação do mundo exterior e se programam e controlam ações que materializam intenções, que obedecem a uma organização estruturada, autorregulada e hierarquizada, o cérebro. Assim, cada processo de comportamento envolve um complexo sistema funcional, baseado em um plano ou programa de operações, que conduz a um fim determinado, caracterizado como:

1° bloco: regula o nível de energia e o tônus do córtex, garantindo-lhe uma base estável para a organização dos vários processos, incluindo o da memória. Localiza-se no tronco cerebral e, particularmente, na formação reticulada, com a função de seleção, discriminação e de vigília;

2° bloco: compreende a análise, a codificação e o armazenamento da informação. E localiza-se nas zonas posteriores do córtex, ou seja, nos lóbulos occipital temporal e parietal, com funções específicas e hierarquizadas em zonas primárias, secundárias e terciárias, que compreendem as organizações intraneurossensorial, interneurossensorial e integrada dos analisadores visuais, auditivos e tátil-quinestésicos;

(27)

do tronco cerebral, nomeadamente, a atenção e a concentração. Nesse sentido, expõe-se a organização psicomotora em consonância com o modelo psiconeurológico de Luria, no quadro 1.

Quadro 1- Organização psicomotora de acordo com o modelo psiconeurológico de Luria

Modelo de Luria Fatores Psicomotores da BPM

Primeiro bloco Tonicidade (T); Equilibração (E)

Segundo bloco Lateralização (L); Noção de Corpo (N.C); Estruturação Espaço-Temporal (E.E.T); Terceiro bloco Praxia Global (P.G); Praxia Fina (P.F)

Fonte: Fonseca (2009, p. 318).

Acrescenta-se que a primeira unidade entra em ação no desenvolvimento intrauterino, desempenhando relevante papel durante o parto e nos primeiros processos da maturação motora; a segunda atua no desenvolvimento extrauterino, com a função de estabelecer uma transação entre o organismo e o meio; e a terceira depende das duas primeiras, estabelecendo condutas cada vez mais conscientizadas e corticalizadas.

Nessa perspectiva, destaca-se que a Bateria Psicomotora (BPM) é um modelo psicomotor que confirma o modelo de organização funcional do cérebro, construído ao longo de vários anos de experiência clínica, subdividida em sete fatores, distribuídos, segundo o modelo Luria, da seguinte forma:

Tonicidade

Para Fonseca (1995), a importância da tonicidade reside no fato do tônus muscular exercer papel fundamental no desenvolvimento motor para garantir as atitudes da postura, das mímicas e das emoções, de onde emergem todas as atividades motoras humanas.

(28)

Que o arco do reflexo miotático é o mais breve de todos porque não apresenta neurônios internunciais, limitando-se à via aferente que conduz o estímulo até a coluna vertebral pela raiz superior e nervo periférico, e se dirige ao músculo. Que o estímulo adequado para a obtenção do reflexo é o estiramento muscular. Logo, o arco reflexo miotático atua como centros suprassegmentares que podem agir como facilitadores ou inibidores da contração reflexa tônica, cujas ações produzem a hipertonia ou a hipotonia. Dessa forma, a lesão das estruturas inibidoras faz predominar a ação das facilitadoras sobre o arco reflexo miotático gerando um estado de hipertonia, ao passo que surgirão hipotonias sempre que ocorrer lesão nas estruturas facilitadoras e predomínio das estruturas inibidoras. Exprime, também, que o tônus muscular divide-se em hipertonia (espasticidade) que pode se manifestar de forma transitória ou permanente; em numerosos distúrbios médicos, como a rigidez de descerebração, a rigidez de decorticação, a rigidez dos ateroscleróticos e dos estados lacunares, as crises tônicas cerebelares, as contraturas observadas nos processos irritativos meníngeos, no tétano; e em hipotonia que se define pela interrupção do arco reflexo espinal, que determina a abolição do tono muscular.

Segundo Frontera (2001), a força muscular é a mais importante alteração relacionada à idade no sistema neuromuscular, que equivale ao declínio da força estática e dinâmica do músculo, cuja ocorrência nos membros superiores é de cerca de 30%, e nos inferiores em torno de 40%, em ambos os sexos. Realça que em geral, a diminuição da força começa durante a terceira década de vida e vai acelerando durante a sexta e sétima décadas. Dessa forma, a fraqueza muscular pode ser provocada por um declínio na capacidade de ativar a massa muscular existente, através de uma redução na quantidade de tecido muscular e, portanto, no número de pontes cruzadas geradoras de forças que interagem entre os filamentos finos e grossos, por uma diminuição na força desenvolvida por cada ponte cruzada.

Equilíbrio

(29)

ocorrência de quedas e consequentes fraturas, que no idoso são de difícil resolução (KINGSLEY, 2001).

Conforme Fonseca (1995), o equilíbrio consiste no conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento), que abrange o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. Sendo que o equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio conseguido em determinada posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base, enquanto o dinâmico atribui-se ao corpo em movimento, que determina sucessivas alterações da base de sustentação.

Outrossim, Neto (2002) destaca que o equilíbrio é a base primordial de toda ação diferenciada dos segmentos corporais. Quanto mais defeituoso é o movimento, mais energia consome, o qual esse gasto energético pode ser canalizado para outros trabalhos musculares. A postura é a atividade reflexa do corpo com relação ao espaço. O equilíbrio é um estado de um corpo quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam e anulam-se mutuamente. Do ponto de vista biológico, a possibilidade de manter postura, posições e atitudes, indica a existência do equilíbrio.

Lateralidade

Consoante Neto (2002), a lateralidade traduz-se pelo estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo, ou seja, a lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço. Ou seja, a lateralidade é a preferência da utilização de uma das partes simétricas do corpo: mão, olho, ouvido, perna. Assim, a lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do ato motor, o qual desembocará na aprendizagem e na consolidação das praxias.

(30)

Noção corporal

De acordo com Neto (2002), a formação do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção ou esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das possibilidades de expressar-se por seu intermédio. Esse fator resume dialeticamente a totalidade do potencial de aprendizagem, não só por envolver um processo perceptivo polissensorial complexo, como também, por integrar e reter a síntese das atitudes afetivas vividas e experimentadas. A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio que, como núcleo central da personalidade, se organiza em um contexto de relações mútuas do organismo e do meio.

Estruturação espaço-temporal

Para Fonseca (1995), a estruturação espaço-temporal é a organização funcional da lateralidade e da noção corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização espacial interna do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior. Sendo assim, emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados no espaço e da posição relativa que ocupa o corpo, isto é, conforme as múltiplas relações integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal. Logo, a estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às pessoas e às coisas.

(31)

Com base nesse cenário, ressalta que o tempo é, antes de tudo, memória, pois na medida em que desenvolve a leitura o tempo passa. Logo, a ordem (sucessão que existe entre os acontecimentos que se produzem, uns sendo a continuação de outros, em uma ordem física irreversível) e a duração (separação do intervalo que separa dois pontos, ou seja, o princípio e fim de um acontecimento) são os dois grandes componentes da organização temporal, a qual inclui uma dimensão lógica (conhecimento da ordem e da duração, acontecimentos se sucedem com intervalos), uma dimensão convencional (sistema cultual de referências, horas, dias, semanas, meses e anos) e um aspecto de vivência que surge antes dos outros dois (percepção e memória da sucessão e da duração dos acontecimentos na ausência de elementos lógicos ou convencionais). Dessa maneira, a consciência do tempo se estrutura sobre as mudanças percebidas, independente de ser sucessão ou duração, a retenção está vinculada à memória e a codificação da informação contida nos acontecimentos. Portanto, os aspectos relacionados à percepção do tempo evoluem e amadurecem com a idade (NETO, 2002).

Praxia global

Conforme ainda com o referido autor, em função de praxia ser definida como a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida, como forma de alcançar um objetivo, praxia global relaciona-se com a realização e a automação dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num determinado tempo e exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares. Tal contexto denota que o movimento motor global, mesmo o mais simples, é um movimento sinestésico, tátil, labiríntico, visual, espacial, temporal, e assim por diante. Enfatiza que esses movimentos desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e percepções. Logo, o que torna educativo na atividade motora é o controle de si mesmo, o qual é obtido pela qualidade do movimento executado, pois a precisão e da maestria de sua execução. A perfeição progressiva do ato motor implica um funcionamento global dos mecanismos reguladores de equilíbrio e da altitude.

Praxia fina

(32)

finas e complexas. A coordenação visomanual representa a atividade mais frequente e mais comum no homem, a qual atua para pegar um objeto e lançá-lo para escrever, desenhar, pintar, recortar e outros. Para a coordenação desses atos, é necessária a participação de diferentes centros nervosos motores e sensoriais que se traduzem pela organização de programas motores e pela intervenção de diversas sensações oriundas dos receptores sensoriais, articulares e cutâneos do membro referido. O córtex pré-central correspondente à motricidade fina, encerra papel fundamental no controle dos movimentos isolados das mão e dos dedos para pegar o alimento. A coordenação visuomotora é um processo de ação em que existe coincidência entre o ato motor e uma estimulação visual percebida (NETO, 2002).

Com base nos mecanismos levantados, salienta-se, em conformidade com Oliveira (2010), que o estudo sobre psicomotricidade em idoso decorre da busca de possibilitar que o geronto reconheça a importância e a presença do corpo, não somente durante a infância, mas, outrossim, ao longo de toda a existência, uma vez que o corpo exerce papel relevante no desenvolvimento, na formação da pessoa, na aquisição dos processos cognitivos e na função de mediador na relação com o outro e com o mundo. Ademais, destaca os fatores, como pulsão, movimento, processo adaptativo e afeto, como influentes e até determinantes no modo de ser, atuar, agir e sentir. E, por estarem vinculados a uma ação cortical, acredita que ao mobilizá-los por meio de atividades psicomotoras, estão igualmente agindo sobre áreas que, embora já não atuem tão bem como na infância, estarão presentes e serão decisivos para a manutenção da integridade da pessoa humana em idade avançada. Portanto, reconhece que o movimento corporal é capaz de despertar também nos idosos, emoções, como desejos, prazeres e potencialidades antes esquecidas ou adormecidas, proporcionando-lhes o rejuvenescimento, ensejando a alegria e a agilidade nos corpos.

Nesse sentido, enfatiza-se a relevância da proposição de atividades que ajudem o idoso a superar as dificuldades no corpo, com a finalidade de permitir que o mesmo se sinta cada vez mais dentro de sua própria pele . Por conseguinte, deve-se oferecer ao corpo melhor qualidade de vida, resgatando o prazer lúdico por meio dos movimentos, possibilitando seu conhecimento e a procura da harmonização em relação a si e ao mundo exterior, com o objetivo de retardar o envelhecimento e conservar ao máximo a autonomia dos idosos.

(33)

de sentir mais prazer e, consequentemente, ter uma vida mais saudável. Para tanto, deve seguir as seguintes condutas básicas:

1) atividades físicas que favoreçam o equilíbrio, marcha e a escuta de si (vivências psicomotoras, hidroterapia);

2) atividades que propicie ao idoso a livre iniciativa para explorar seu potencial criativo e trabalhar relações interpessoais (movimentos de conscientização corporal, voltar para si mesmo a partir da exploração do espaço, contatos com seu próprio corpo, criando movimentos de acordo com suas possibilidades e contactar o corpo e demais indivíduos de seu relacionamento, como a dança, ao som de diversos ritmos;

3) atividades que promovam oportunidades de autodescoberta e de valorização de sua vivência e de suas experiências, ou seja, proporcionar ao idoso condição de falar sobre si mesmo, dos projetos de vida, dos desejos e de poder representá-los com os movimentos corporais, como teatro, dramatizações, entre outras.

2.3 Gerontopsicomotricidade

De acordo com Neri (2001), o termo gerontologia foi usado pela primeira vez em 1903, por Metchnicoff que a compôs a partir do grego, sendo que gero significa velho e logia, estudo, e que esse campo teria crescente importância no decorrer do século XX, em virtude dos ganhos em longevidade para os indivíduos e as populações provocados pelos avanços das ciências naturais e da medicina. Ou seja, a gerontologia consiste na ciência que se propõe estudar o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e social. Contudo, somente na década de 1930, em Londres, a gerontologia conformou uma abordagem específica aos idosos no controle de doenças crônicas. Salienta que o Russo Metchinikoff, em seu tratado, correlacionava a velhice como um tipo de autointoxicação, referindo-se pela primeira vez a palavra gerontologia, e que o geriatra americano Nascher, nascido em Viena, criou o termo geriatria, como um ramo da medicina que trata das doenças que pode acometer os idosos.

(34)

educacional da interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, decodificando o estudo dos idosos para uma intervenção eficaz.

Nessa perspectiva, Hayflick (1997) ressalta que a dificuldade em estruturar e definir o termo e a ação em gerontologia decorreu de razões diversificadas e inexoravelmente resultantes do contra posto de três fenômenos. Primeiro, porque os modernos cientistas relutavam contra as vontades internas, ao inserir-se no campo onde se encontra os charlatães e praticantes de magias negras, e, os com renome que não queriam arriscar sua reputação profissional. Segundo, que a negligência com a biogerontologia decorreu da ausência de base concreta e fundamento teórico, para a implementação de um planejamento instrumental adequado, pois poucos cientistas se dispuseram a incorporar-se a esse campo de estudo. E, o terceiro que explica que a biogerontologia foi relegada a um segundo plano pelos biologistas, em virtude da pequena quantidade de investimento destinada à pesquisa. Assim, o progresso ocorreu graças à identificação das pesquisas como a biologia, porém dentro de um contexto gerontológico. Outrossim, evidencia que a essas razões, soma-se a mais importante, que é a incapacidade de mensurar o fenômeno do envelhecimento, na medida em que reconhece que é fácil perceber características exclusivas do ser idoso, como rugas, calvície, redução de capacidade de trabalho e resistências, porém integra também esse fenômeno fatores genéticos, ambientais, culturais e psicológicos, os quais são mais difíceis de verificação. Sendo assim, nota que duas pessoas idosas podem não envelhecer da mesma forma. Logo, é um desafio avaliar a idade biológica , perante a existência das variáveis individuais que independe da idade.

Nesse sentido, destaca-se que diante da realidade dos estudos sobre o envelhecimento populacional, a meta da gerontologia, como uma ciência, não é contribuir somente para o prolongamento da vida, mas, sobretudo, priorizar a manutenção da capacidade funcional do idoso, disponibilizando recursos e condições para sua autonomia e realizações pelo maior tempo possível.

(35)

Para Neri (2002), a gerontologia também comporta interfaces com áreas profissionais, dentre as quais se destacam a clínica médica, a psiquiatria, a geriatria, a fisioterapia, a enfermagem, o serviço social, o direito, a psicologia clínica e a psicologia educacional, pois derivam soluções para problemas individuais e sociais, novas tecnologias, evidências e hipótese para a pesquisa. Dessa forma, assevera que a gerontologia é um campo multiprofissional e multidisciplinar. Acrescenta que a gerontologia, como estudo multidisciplinar, por entender a complexidade do ser humano, exige a análise do campo como se fosse uma constelação pela sua amplitude para estudá-la e, por conseguinte, sua interpretação necessita de multiprofissionais para entender e interpretar em que contexto o cidadão está inserido, exaltando as transformações humanas no seu desenvolvimento e no seu tempo bio-psico histórico e cultural.

Sendo assim, constata-se que uma das características essenciais para a construção e normatização da gerontologia é a construção de um projeto pedagógico interdisciplinar, que valorize a participação de diferentes áreas do saber para a construção do conhecimento e do objeto de estudo em gerontologia, que é o ser humano idoso.

Nesse sentido, Fonseca (2009) nota que a evolução humana encerra em si um conceito de mudança e de adaptabilidade, por revelar que cada vertebrado, incluindo o Homo Sapiens,

possui características neuroanatômicas expressas pela sua relação com o envolvimento e sua capacidade de utilização dos recursos ecológicos. Logo, com o objetivo de provocar que o homem conheça a si próprio e reconheça o seu lugar na natureza, a literatura avançada disponibiliza estudos antropológicos comparativos, nos quais as estruturas esqueléticas das espécies fósseis e das espécies vivas assumem relevância inferencial para a compreensão do desenvolvimento filogenético progressivo. Nessa perspectiva, enfatiza que a evolução do cérebro, no seu todo filogenético e ontogenético, como o órgão mais orgânico do organismo, envolve uma passagem do mais organizado (medula) ao menos organizado, e aos centros superiores que se vão organizando pela vida afora; do mais simples ao mais complexo; do mais reflexo ao mais automático; do mais automático ao mais voluntário, pressupondo, consequentemente, uma organização vertical ascendente. Todavia, sem embargo compreender que nenhuma teoria conseguiu, até os dias atuais, explicar todas as características da evolução reconhece que o cérebro a traduz na sua essência intrínseca e extrínseca, devido às alterações e à modificação da função de sistemas antigos, desenvolvendo-os e transformando-os em novos sistemas.

(36)

adaptação, pois o cérebro humano captou informação, integrou formação e formatou transformação. Tal cenário expressa que a impressionante dominância da espécie humana está inexoravelmente relacionada com a neomotricidade (psicomotricidade), de onde surge a ação como verdadeiro produto final de uma organização central do cérebro. Logo, o desenvolvimento humano é, consequentemente, um processo contínuo, iniciado na concepção e seguido por metamorfoses sequencializadas e faseadas até a morte, de tal forma que cada estágio apresenta um determinado nível de maturidade.

No entanto, em consonância com Connolly & Bruner (2008), a imaturidade é intrínseca à espécie humana, devido ao processo adaptativo, uma vez que a mesma não depende, em geral, de padrões genéticos herdados, mas sim de condições de aprendizagem. Essa performance indica que a evolução humana contém uma reorganização desde o nascimento até à morte, desde a criança ao adulto e desde o adulto ao idoso.

Nesse sentido, evidencia-se que no geronto e em todas as manifestações do comportamento, como motoras, perceptivas, cognitivas ou socioemocionais, involução, geneticamente programada, ocorrerá do córtex à medula, do mais complexo ao mais simples, e do mais voluntário ao mais automático. Destarte, reconhece-se que as grandes mudanças da infância à adolescência, e da vida adulta à velhice são inevitáveis, pois atingem todas as áreas do comportamento humano e, naturalmente, da psicomotricidade. Outrossim, que os últimos estágios do desenvolvimento são também controlados por mecanismos regulatórios epigenéticos que afetam tanto as estruturas como as funções do cérebro.

Para Levin (2009), esse cenário não se configura como condicionante rígido e infalível, na medida em que não se poder equacionar pré-determinismos, tendo em vista que a idade cronológica não é sinônimo da idade biológica, pois esta é diferenciada em vários órgãos, uma vez que a retogênese das funções não ocorre ao mesmo tempo em todos os órgãos e sistemas. Logo, a barreira da longevidade passa a depender mais de doenças do que da diminuição gradual das funções, devido à diminuição está inscrita no código genético.

Com base nesse panorama, Levin (2009) sugeriu quatro eras para o desenvolvimento humano: criança e adolescente (0 a 22 anos), adulto recente (17 a 45 anos), adulto médio (40 a 45 anos) e adulto avançado (60 anos até a morte) e especificou para cada uma, qualidades psicossomáticas distintas e próprias, porque ao conceber o desenvolvimento como um processo contínuo, entende que a noção de espaço e de tempo deve dar lugar à ideia de períodos qualitativamente diferentes.

(37)

genético peculiar de cada indivíduo, pois envelhecer é viver e viver é mexer. Portanto, reconhece como singular o uso do adágio mens sana in corpore sano que se aplica para

urgência de programas de prevenções e de reabilitação psicomotora, daí a relevância do estudo sobre os fatores psicomotores em indivíduos idosos.

Sendo assim, o envelhecimento impõe disfunções e desintegrações que variam de indivíduo para indivíduo, mas seguindo sempre um processo de involução universal. Ademais, Stiles (2000) acrescenta que a concentração e a planificação mental (mental tracking), a inflexibilidade mental, a lentidão dos comportamentos, as perturbações de

memória de curto termo e a redução modificabilidade da aprendizagem, bem como a restrição na abstração e na conceitualização, evocam necessariamente a desintegração de sistemas e de centros funcionais.

Nesse sentido, concorda-se com Fonseca (2009), que por ser o envelhecimento inevitável, constitui uma etapa da vida que é preciso estudar, e que exige adaptação, pois encerra um conjunto de modificações somáticas, psíquicas, afetivas e psicomotoras, que podem conduzir a atitudes ambíguas, as autodesvalorizações, resignações profundas, reações emocionais e comportamentos regressivos, que urgem combater com medidas rebilitativas ativas e dinâmicas. Ressalta, ainda, que a psicomotricidade pode exercer um efeito preventivo, conservando uma tonicidade funcional, um controle postural flexível, uma boa imagem do corpo, uma organização espacial e temporal plástica, uma integração e prolongamento de praxias ideomotoras, perfeitamente adaptada às necessidades funcionais específicas do idoso, escapando à imobilidade, à passividade, ao isolamento, à solidão, à depressão, à dependência, à institucionalização e à segregação, proporcionando, então, à fase terminal da vida, a dignidade merecida.

2.4 Sistema psicomotor humano

(38)

Nesse sentido, percebe-se que a plasticidade não é transitória (isto é, ativa apenas na idade do desenvolvimento), nem é somente reativa (estimulada na ocorrência de perdas devidas a danos cerebrais), e nem apenas auxiliar ou compensatória (como se fosse apenas um processo não essencial ao próprio desenvolvimento do cérebro).

De acordo com Stiles (2000), não obstante a maior complexidade do cérebro maduro limitar a extensão de sua capacidade plástica, ela persiste ao longo da vida toda, não excluído o período da velhice. Inclusive, a ciência confirma o que historicamente as tradições médicas reconheciam, de que é sempre tempo de prevenir doenças e recuperar funções perdidas, como estimular e ensinar o cérebro, através de incentivos apropriados, para que o mesmo descubra novos caminhos eficientes de funcionamento, dos já possuídos ou do que aqueles que já perderam, por efeito de acidentes e incidentes durante a vida.

Em conformidade com Machado (2006), a plasticidade neural consiste na capacidade do cérebro desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios, a partir da experiência e do comportamento do indivíduo, isto é, de determinados estímulos, de mudanças na organização e da localização dos processos de informação. Realça que a plasticidade possibilita a apreensão de novos comportamentos, o que torna o desenvolvimento humano um ato contínuo, e concebe que esse fenômeno parte do princípio de que o cérebro não é imutável, devido à plasticidade neural permitir que uma determinada função do Sistema Nervoso Central (SNC) possa ser desenvolvida em outro local do cérebro, como resultado da aprendizagem e do treinamento.

Nessa perspectiva, Polit (1995) diz que um processo plástico pode significar e adaptar-se imediatamente às alterações nas circunstâncias externas, e também conformar-adaptar-se como a base de todo o controle neural. Destarte, dentro da variação normal de função, o controle de movimento depende da resposta contínua no sistema nervoso às informações que recebe a respeito do estado do organismo e do mundo exterior, e que o ajuste resultante aos padrões motores, combinada especificidade com velocidade, requer um grau de flexibilidade no funcionamento nos tecidos neurais e musculares. Assim, os axônios motores lesados no interior da medula espinhal não se regeneram, ocasionando deficiência motora permanente, enquanto os axônios lesados em um nervo periférico crescem com facilidade, porém indiscriminadamente, limitando a utilidade dos músculos reenervados.

(39)

Ademais, Polit (1995) patenteia que a plasticidade no adulto corre em resposta a uso muscular e desempenha um papel na função do Sistema Nervoso Central (SNC), com relação ao aprendizado e à memória. Que a plasticidade do sistema nervoso é claramente necessária para o aprendizado e para a memória, por isso, muitas pesquisas direcionam-se para encontrar os locais e os processos subjacentes a essas funções no encéfalo, como o hipocampo, que é parte antiga em termos filogenéticos do córtex cerebral que produz uma amnésia marcante quando danificado. Contudo, realça que esse déficit é limitado, para ser possível a recompilação consciente de informações e eventos factuais, pois os pacientes retém a capacidade de aprender novas habilidades motoras e cognitivas, que são lembradas inconscientemente. E, que há acúmulo de evidências de outras partes do encéfalo, em especial as relacionadas com a função motora, que medeiam as habilidades motoras de aprendizado e memória

Em consonância com Salmon e Butters (1995), o encéfalo e os núcleos da base têm papéis importantes na sincronização e no sequenciamento das partes do programa de aprendizado motor, em virtude do córtex motor está implicado como local de aprendizado motor. A medula espinhal também pode mediar as alterações plásticas relevantes para a aquisição de habilidades motoras, pois o reflexo miotático da medula espinhal altera-se em resposta ao treinamento motor direcionado para a compensação e é mantido independentemente das influências supraespinhais. Acrescenta que em decorrência de todas as estruturas do SNC serem relacionadas com a função motora, sofrem alterações plásticas durante o aprendizado de habilidades motoras.

(40)

uma carga em excesso sobre algumas partes do corpo que ficam em atividades rotineiras (gerando insensibilidade) e permite a outros nervos e músculos que não eram ativados começarem ou voltarem a funcionar.

Por conseguinte, para Herbozo (2009), ocorre diminuição nos circuitos neuronais quando os neurônios se fazem menores, o que redunda na redução do número de sinapses. Contudo, revela que embora a reduzida conectividade corresponda a uma redução da plasticidade, não implica uma diminuição da capacidade cognitiva.Pelo contrário, resulta que a aquisição de novas perícias, como a poda de algumas ligações, reforça outras, o que manifesta que as pessoas continuam a aprendizagem ao longo da vida.

2.5 Atividade ebem-estar psicológico na maturidade

De acordo com Deps (2002), o conceito de envelhecimento bem sucedido, ainda encontra-se em construção, por compreendê-lo como um nível relativamente elevado de saúde física, bem-estar psicológico e competência em adaptação.

Por outro lado, o bem-estar emocional ou psicológico, segundo Lee e Ishi-Kuntz (1988), refere-se ao estado da mente, incluindo sentimento de felicidade, contentamento e satisfação com as condições da própria vida.

Moragas (1997) adendam que o conceito de envelhecimento bem-sucedido é multidimensional, compreendendo envolvimento sustentado em atividades produtivas e sociais, a manutenção de funções físicas e cognitivas elevadas e a prevenção de doenças e debilidade. Portanto para um envelhecimento bem-sucedido, os adultos precisam não somente ser fisicamente ativos, mas também social, intelectual, cultural e (para muitos), espiritualmente ativos. Logo, os desafios para os profissionais no novo milênio assentam-se na aprendizagem e na integração da atividade física no contexto social, cultural e econômico do envelhecimento ativo como um todo.

(41)

que tende redundar em fracasso e, consequentemente, em fortalecimento do sentimento de incompetência já existente.

Todavia, contrariamente, Deps (2002) salienta que o desempenho de atividades e o suporte social podem contribuir para reforçar o sentimento de valor pessoal, e que o autoconceito e a autoeficácia facilitam o manejo das situações estressantes, com as quais os idosos se deparam em decorrência do declínio de suas forças físicas e de perdas pessoais e financeiras.

Com vista esclarecer essa configuração, Fry (1989) evidencia que autoeficácia consiste na competência percebida em habilidades interpessoais e de comunicação, enquanto aspectos importantes dos recursos pessoais.

Com base nesse cenário, compreende-se que com empenho pode-se governar acontecimentos, gerando o efeito almejado. E, Bandura (citado por Vazquez, 2005), reconhece que a autoeficácia requer não apenas habilidades, mas também força de vontade em acreditar na capacidade de exercer uma determinada conduta, como elo entre o saber e o fazer, ou seja, referente às crenças que o individuo possui sobre seu valor e suas potencialidades. Enfatiza-se, ainda que, na prática clínica, ao valorizar a autoeficácia, o sujeito pode progredir no tratamento de determinado transtorno, como também, sujeitos com baixo grau de autoeficácia podem apresentar uma demora maior de resposta.

(42)

seguir sendo o que é e se vivencia.

Nessa perspectiva, reconhece-se que a aptidão mental proporciona consciência e oportunidade para trabalhar os estímulos externos e internos em função da relevância dos meios de comunicação para manipular os desejos e as crenças dos indivíduos. Dessa forma, acredita-se que algumas pessoas têm a necessidade de aprofundar o estudo dessa temática no sentido de investigar os processos de aprendizagem, por meio de valorização da inteligência humana, com a melhora do bem-estar mental e, consequentemente, da qualidade de vida.

2.6 Qualidade de vida

Conforme Santos (2002), diante da realidade inquestionável de transformações demográficas iniciadas no último século, que redundou em uma população cada vez mais envelhecida, evidencia a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma melhor qualidade de vida.

Assim, para Velarde (2002), o conceito de qualidade de vida relaciona-se à autoestima e ao bem-estar pessoal, e abrange uma série de aspectos, como a capacidade funcional, o nível socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade, o estilo de vida, a satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias e o ambiente em que se vive.

Imagem

Tabela 1 - Qualidade de vida dos idosos da Casa São José, por gênero
Tabela 3 - Nível de impedimento da dor física nos idosos para realização de                    atividades  necessárias
Tabela 5 - Nível de aproveitamento da vida do idoso, por gênero
Tabela 9 - Condições de saudabilidade do ambiente físico (clima, barulho, poluição, atrativos)          do idoso
+7

Referências

Documentos relacionados

6 Consideraremos que a narrativa de Lewis Carroll oscila ficcionalmente entre o maravilhoso e o fantástico, chegando mesmo a sugerir-se com aspectos do estranho,

1 Instituto de Física, Universidade Federal de Alagoas 57072-900 Maceió-AL, Brazil Caminhadas quânticas (CQs) apresentam-se como uma ferramenta avançada para a construção de

Na primeira década da existência do Estado de Minas Gerais, a legislação educacional mineira estabeleceu o perfil de professor estadual, imputando como formação

Então eu acho também bacana, Evelyn, de você trazer essa rede colaborativa para esse nível de escola de você trocar com seus pares, que não é aquela coisa nas portas, ficar

Estes três eventos envolvem contas de resultado (Demonstração do Resultado) e contas patrimoniais (Balanço Patrimonial).. O resultado apresentado em nada difere das

Os espectros de absorção obtidos na faixa do UV-Vis estão apresentados abaixo para as amostras sintetizadas com acetato de zinco e NaOH em comparação com a amostra ZnOref. A Figura

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

A Psicologia, por sua vez, seguiu sua trajetória também modificando sua visão de homem e fugindo do paradigma da ciência clássica. Ampliou sua atuação para além da