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O processo de financiamento do ensino médio público no Distrito Federal

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MESTRADO EM EDUCAÇÃO

O PROCESSO DE FINANCIAMENTO DO

ENSINO MÉDIO PÚBLICO NO DISTRITO FEDERAL

AUTOR: PATRÍCIA CRISTINA CHAVES RODRIGUES MORGADO

Orientador: Prof. Doutor Candido Alberto da Costa Gomes

(2)

O PROCESSO DE FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO NO DISTRITO FEDERAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação “Stricto Sensu” em Educação da Universidade Católica de Brasília, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em Educação.

Orientador: Prof. Doutor Candido Alberto da Costa Gomes

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FICHA ELABORADA PELA DIVISÃO DE PROCESSAMENTO DO ACERVO DO SIBI – UCB. M847p Morgado, Patrícia Cristina Chaves Rodrigues.

O processo de financiamento do ensino médio público no Distrito Federal / Patrícia Cristina Chaves Rodrigues Morgado ; orientador Candido Alberto da Costa Gomes – 2005.

183 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2005.

1.Ensino médio – Distrito Federal (Brasil). 2. Financiamento. I. Gomes, Candido Alberto da Costa, orient. II. Título.

(4)

Dissertação defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação, defendida e aprovada, em 07 de novembro de 2005, pela banca examinadora constituída por:

______________________________________________ Professor Doutor Candido Alberto da Costa Gomes

______________________________________________ Professora Doutora Clélia de Freitas Capanema

(5)
(6)

A Deus, pelo dom da vida, presença constante, fonte de infinito amor, bondade e sabedoria a guiar minha existência;

Ao Professor Doutor Candido Alberto da Costa Gomes, orientador desta dissertação, pela atenção, disponibilidade e sábias intervenções, fruto de sua grande competência e experiência,

grandiosa fonte de estimulo durante a realização deste estudo;

Aos Professores Doutora Clélia de Freitas Capanema e Doutor Alberto de Melo e Souza pela pronta aceitação em participar da Banca Examinadora e pelas oportunas e sábias orientações;

A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal que permitiu o acesso as informações necessárias a realização deste trabalho;

Aos parentes, amigos e colegas de trabalho pelo constante apoio e palavras de incentivo;

Aos meus irmão Cláudia e Leonardo sempre presentes acalentando cansaços e desesperanças com palavras de carinho e incentivo;

Em especial ao meu amado esposo Felipe pela compreensão, paciência, motivação, carinho e imprescindível ajuda, sempre incansável partilhando as angústias, trazendo motivação e

(7)

A presente pesquisa apresenta o perfil do processo de financiamento e orçamentação do ensino médio na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, identificando e analisando como se dá o processo de alocação de recursos para o ensino médio nesta Secretaria, quais são as fontes de recursos, as prioridades orçamentárias e as dificuldades orçamentárias para este nível de ensino na referida Secretaria, além de realizar uma avaliação preliminar do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – Promed no Distrito Federal. Trata-se de um estudo de caso, de caráter exploratório. As técnicas utilizadas foram a análise documental e entrevistas semi-estruturadas com gestores e técnicos das Subsecretarias da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, bem como representantes do Poder Legislativo e de organizações internacionais pertinentes. Os resultados mostram que a contabilidade pública ainda não é suficientemente transparente e continua atribuindo ao ensino fundamental gastos do ensino médio. Isto é emblemático da falta de identidade do ensino médio e da falta de peso político na alocação de recursos para este nível de ensino, que o leva a um nível mais baixo de prioridade. No que se refere ao processo de orçamentação, evidenciou-se que a flexibilidade de manobras da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e da Coordenação do Ensino Médio é muito limitada, uma vez que o processo de alocação do total de verbas é externo à Secretaria.

(8)

This research presents the financial process profile and also high school budget in the Education Government Department of Distrito Federal. It also tries to analyse the resource distribution process for the high schools, their sources, estimate priorities as well as their difficulties for the learning level. Furthermore we wish to release a high school program for developing and expanding preliminary evaluation – Promed – in Distrito Federal. This is a case study in which has an exploitation character with documentary analyses techniques and semi-structered interviews with some managers and technicians from this state Education Government Department, without mentioning the Legislative Power and International Organizations representants. The results indicate the public accounts non-transparency and the high school expenses attachment to the junior high. This is the emblem of the high school identity due to the weak politics power to enhance the resources distribution leading to a low-level priority. In spite of the estimate process the flexibility maneuver of the Education Government Department and the high school coordination were both obvious and limited, once the general estimation distribution process is outdoors.

(9)

RESUMO...vi

ABSTRACT...vii

LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS... 4

LISTA DE FIGURAS... 4

LISTA DE GRÁFICOS... 4

LISTA DE QUADROS... 5

LISTA DE TABELAS... 5

INTRODUÇÃO ... 6

CAPÍTULO I – O ESTUDO, SEUS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS ... 10

1.1OBJETIVOS... 10

1.1 Gerais... 10

1.2 Específicos... 10

1.2PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 11

1.2.1 Delineamento da Pesquisa/Modelo de Estudo/Métodos Qualitativos... 11

1.2.2 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados... 12

1.2.3 Amostra/Intencionalidade/Sujeitos da Pesquisa... 13

1.2.4 Coleta das Informações... 13

1.2.5 A Entrevista Semi-Estruturada... 14

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA ... 15

2.1OFINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E AS CONSTITUIÇÕES FEDERAIS... 15

2.2HISTÓRICO DAS ATIVIDADES ORÇAMENTÁRIAS... 21

2.3OORÇAMENTO FEDERAL HOJE... 22

2.4ODIÁLOGO NA PREPARAÇÃO DO ORÇAMENTO... 28

2.5OORÇAMENTO FEDERAL E O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO... 29

2.6ACAPTAÇÃO DE RECURSOS E VINCULAÇÃO DE IMPOSTOS PARA A EDUCAÇÃO... 35

2.7OENSINO MÉDIO... 40

(10)

2.7.2 Democratização e Expansão... 47

2.7.3 A Distribuição de Recursos entre os Níveis de Ensino: O Ensino Médio... 54

CAPÍTULO III - ANÁLISE DOS DADOS ... 63

3.OPERFIL DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA –1998 A 2003... 64

3.1OPLANEJAMENTO,PROGRAMAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL... 80

3.2AS FONTES DE RECURSOS DO ORÇAMENTO DO DISTRITO FEDERAL... 84

3.2.1 O Fundo Constitucional do Distrito Federal... 84

3.2.2 As Fontes de Receita do Orçamento do Distrito Federal... 86

3.2.2.1 Os Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social... 89

3.3AS FONTES DE RECURSOS DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL... 91

3.3.1 O Fundo Constitucional do Distrito Federal... 92

3.3.2 Recursos provenientes do Tesouro do Distrito Federal... 94

3.3.2.1 Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério - Fundef... 95

3.3.3 O Salário-Educação... 95

3.3.3.1 Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE ... 96

3.4AS FONTES DE RECURSOS PARA O ENSINO MÉDIO NO DISTRITO FEDERAL... 99

3.4.1 Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – Promed... 99

3.5ADISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS NA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL... 101

3.6OPROCESSO DE ORÇAMENTAÇÃO DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL.... 108

3.7AS PRIORIDADES ORÇAMENTÁRIAS DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL.. 117

3.8AS PROPOSTAS ORÇAMENTÁRIAS PARA O ENSINO MÉDIO NO DISTRITO FEDERAL –FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO -FUNDEB ... 122

3.9OPROGRAMA DE MELHORIA E EXPANSÃO DO ENSINO MÉDIO –OPROJETO ESCOLA JOVEM NO BRASIL.. 127

3.9.1 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 137

3.9.2 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – A Execução... 144

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES ... 153

(11)

4.2CONSIDERAÇÕES FINAIS... 156

4.2.1 O Perfil da Educação Básica Brasileira – 1998 a 2003... 156

4.2.2 O Planejamento, Programação e Orçamentação do Distrito Federal... 157

4.2.3 As Fontes de Recursos do Orçamento do Distrito Federal... 158

4.2.4 As Fontes de Recursos da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 160

4.2.5 A Distribuição dos Recursos na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 162

4.2.6 O Processo de Orçamentação da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 163

4.2.7 As Prioridades Orçamentárias da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 165

4.2.8 As Propostas Orçamentárias para o Ensino Médio na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – Fundeb... 167

4.2.9 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem no Brasil... 168

4.2.10 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 169

4.2.11 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – A Execução... 170

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 174

APÊNDICE ... 179

ROTEIRO PARA ENTREVISTA... 180

(12)

LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS

Lista de Figuras

Figura 1 - Organograma do Ministério da Educação e Cultura... 32

Figura 2 - Fontes Públicas de Fluxos Intergovernamentais para a Educação no Brasil... 37

Figura 3 - Fontes de Recursos da Secretaria de Estado de Educação do DF... 99

Figura 4 - Organograma da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal... 111

Figura 5 - Organograma da Subsecretaria de Educação Pública... 112

Lista de Gráficos Gráfico 1 – Evolução da Matrícula na Educação Básica - Brasil 1998 a 2003... 64

Gráfico 2 - Evolução da Matrícula em Educação Básica - DF 1998 a 2003... 65

Gráfico 3 - Evolução da Matrícula em Educação Básica, EJA e Aceleração – Brasil 1998 a 2003... 67

Gráfico 4 - Evolução da Matrícula no Ensino Regular, EJA e Aceleração – DF 1998 a 2003... 68

Gráfico 5 - Evolução da Matrícula no Ensino Médio Regular e Ensino Médio EJA Brasil e DF 1998 a 2003 ... 69

Gráfico 6 - Evolução Funções Docentes - Brasil 1998 a 2003... 70

Gráfico 7 - Evolução Funções Docentes - DF 1998 a 2003... 71

Gráfico 8 - Evolução Estabelecimentos de Ensino - Brasil 1998 a 2003... 73

Gráfico 9 - Evolução Estabelecimentos de Ensino - DF 1998 a 2003... 74

Gráfico 10 - Evolução das Turmas da Educação Básica - Brasil 1998 a 2003... 75

Gráfico 11 - Evolução Turmas da Educação Básica - DF 1998 a 2003... 76

Gráfico 12 – Evolução da Matrícula na 3a Série do Ensino Médio – Brasil e DF... 78

Gráfico 13 – Rendimento Médio no SAEB na 3a Série do Ensino Médio – Brasil e DF... 79

Gráfico 14 - Evolução da Receita Própria e de Terceiros - 2000/2003... 89

Gráfico 15 - Composição da Receita Própria Arrecadada - 2003... 90

Gráfico 16 - Composição da Receita Repassada por Terceiros... 90

Gráfico 17 - Evolução FCDF x Tesouro do GDF - 2000 a 2003... 93

Gráfico 18 - Fontes de Recursos SEDF 2003 - Administração Geral... 103

(13)

Gráfico 20 - Fontes de Recursos SEDF 2003 - Indenizações e Restituições... 104

Gráfico 21 - Fontes de Recursos SEDF 2003 - Educação Infantil... 105

Gráfico 22 - Fontes de Recursos SEDF 2003 - Ensino Fundamental... 105

Gráfico 23 - Fontes de Recursos SEDF 2003 - Ensino Médio... 106

Gráfico 24 - Fontes de Recursos SEDF 2003 - Educação Profissional... 107

Gráfico 25 - Execução Orçamentária Promed Convênio 097/2001... 150

Gráfico 26 - Orçamento Executado Promed Convênio 097/2001... 151

Gráfico 27 - Orçamento Previsto – Promed Convênio 026/2004... 152

Lista de Quadros Quadro 1 - Receita dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social... 23

Quadro 2 - Cronograma para Elaboração da Proposta Orçamentária da SEDF – 2003... 110

Quadro 3 - Fundef x Fundeb... 124

Lista de Tabelas Tabela 1 – 8a Série do Ensino Fundamental – Aprovação, Reprovação e Abandono – 1997 e 2001 e Matrículas 1a Série do Ensino Médio 1998 e 2002... 7

Tabela 2 - Alíquotas por Estado, de acordo com suas Constituições Estaduais... 18

Tabela 3 - Ensino Médio – Matrículas Brasil – 1998 e 2002... 50

Tabela 4 - Ensino Médio Taxa de Abandono e Reprovação – 1997 e 2002... 51

Tabela 5 - Ensino Médio Taxa de Distorção Idade-Série - 1996-1998... 52

Tabela 6 – Brasil – Educação Básica: Matrículas 1995-2010 (em mil) ... 53

Tabela 7 – Matrículas/Função Docente – Brasil e Distrito Federal 1998 a 2003... 72

Tabela 8 - Orçamento Empenhado por Fonte de Financiamento SEDF – Exercício 2003 ... 102

Tabela 9 - Detalhamento dos Créditos Orçamentários: SEDF – 2003... 116

Tabela 10 - Evolução Execução Orçamentária SEDF 1998 a 2003 ... 119

Tabela 11 – Despesa Média por Aluno da SEDF 1998 a 2003... 121

Tabela 12 - Custos e Financiamento – Promed (Em milhões de US$)... 130

(14)

INTRODUÇÃO

O ensino médio no Brasil, segundo Aranha (1996, p. 99), tem sua origem no

seminário escola, criado pelos jesuítas em 1549. Uma incursão pela história da educação

brasileira permite desenhar o ensino médio ao longo de sua trajetória, constituída por algumas

reformas, cujas alterações foram pouco significativas, o que de certa forma comprova a sua

pouca importância no cenário das políticas públicas. Dual e elitista por origem, sua vocação

foi preparar os descendentes da classe dominante para o ensino superior. E, quando não,

destinar aos menos favorecidos o ensino profissionalizante, cujo status só atraía aqueles que

tinham que ingressar mais cedo no trabalho, como forma de garantir a própria sobrevivência.

Do Império à República, sempre fiel à manutenção da elite, o ensino médio em seu antigo

modelo, quase meio século após sua criação, chega à exaustão nesse final do século XX.

Neste contexto, só muito recentemente o ensino médio foi incluído como a

última etapa da educação básica, constituída ainda pela educação infantil e pelo ensino

fundamental. Isso ocorreu apenas em 1996, com a aprovação da nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – LDBEN.

A expansão recente do ensino médio é fato amplamente reconhecido, e

constatado pelo acelerado crescimento das matrículas nessa etapa da escolaridade. Dados do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e do Instituto Nacional de Pesquisas

Educacionais – INEP indicam que, entre 1996 e 2000, enquanto a população cresceu 11,3%,

as matrículas no ensino médio apresentaram um incremento de 42,8% contra 7,8% no ensino

fundamental.

Mais recente ainda é a reforma do ensino médio, preconizada pela LDBEN e

(15)

Nacionais – DCNEM e dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio –

PCNEM.

Tamanhas mudanças e acelerado crescimento caracterizam o acesso de

estudantes oriundos dos setores sociais mais desfavorecidos a esse patamar de escolaridade,

principalmente a partir da década de 90. Esse fenômeno, entretanto, apresenta grandes

diferenças regionais, em virtude de diferenças na eficiência interna do ensino fundamental,

representada pelas taxas de aprovação, reprovação e abandono nas diferentes Unidades da

Federação, como fica claro na tabela 1.

Tabela 1 – 8a Série do Ensino Fundamental – Aprovação, Reprovação e Abandono – 1997 e 2001 e Matrículas 1a Série do Ensino Médio 1998 e 2002

1997 1998

8a série Ensino Fundamental 1a Série Ensino Médio Unidade da

Federação Matrículas Aprovação Reprovação Abandono Matrículas

Brasil 2.526.833 2.151.271 136.169 193.455 2.900.429

Norte 144.405 111.765 9.963 18.098 210.296

Nordeste 579.350 466.560 34.581 63.358 664.282

Sudeste 1.218.920 1.089.310 54.000 66.417 1.352.035

Sul 386.149 329.721 22.898 23.569 452.424

Centro-Oeste 198.009 153.915 14.727 22.013 221.392

2001 2002

8a série Ensino Fundamental 1a Série Ensino Médio Unidade da

Federação Matrículas Aprovação Reprovação Abandono Matrículas

Brasil 3.221.262 2.754.818 248.407 295.357 3.481.556

Norte 211.801 167.259 6.036 26.383 280.021

Nordeste 902.983 799.542 63.506 126.831 960.577

Sudeste 1.421.898 1.211.892 113.385 86.149 1.562.497

Sul 433.880 375.737 36.241 24.975 407.276

Centro-Oeste 250.700 200.388 19.239 31.019 271.185

(16)

Contribuindo ainda mais para acelerar esse rápido aumento do efetivo discente

do ensino médio, a Lei 9.394/96 – LDBEN baixou os limites etários destinados aos exames

supletivos de ensino fundamental e médio para 15 e 18 anos, respectivamente.

Mas tamanho crescimento, com perspectivas de continuidade, nos leva a

questionar quem deve arcar com esse necessário desenvolvimento, afinal os números de

matrículas inicial na primeira série do ensino médio, como se pode confirmar na tabela 1,

vêm, e continuam crescendo, enquanto que a estrutura física e humana destas escolas pouco

se alteraram significativamente.

A Constituição Federal, em seu Art. 208, estatui como dever do Estado, a

garantia de progressiva universalização do ensino médio gratuito. Legalmente, o

financiamento da educação básica pública no País se dá com base em recursos provenientes

das três esferas de governo. A educação infantil é de responsabilidade dos municípios; o

ensino fundamental cabe aos municípios, aos Estados e aos Distrito Federal e o ensino médio

aos Estados e ao Distrito Federal.

Quanto aos recursos para o financiamento da educação, a Constituição Federal

determina em seu Art. 212 que a União aplicará, anualmente, nunca menos que dezoito, e os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita

resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e

desenvolvimento do ensino. Ainda no Art. 212, parágrafo 3o, a Constituição Federal estabelece que a distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das

necessidades do ensino obrigatório, nos termos do Plano Nacional de Educação, que, por sua

vez, também prioriza o ensino fundamental.

Diante disto, nos fica claro que o ensino médio fica em segundo plano no

(17)

Distrito Federal, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino fundamental e

Valorização do Magistério – Fundef, composto por 15% das receitas provenientes do ICMS,

FPE, FPM, IPI e das exportações do estado e de seus municípios. Tais recursos são

redistribuídos entre essas duas esferas de governo, proporcionalmente ao número de alunos

nelas matriculados no ensino fundamental regular. Quanto ao ensino médio, não existe uma

definição legal dos percentuais de recursos a serem aplicados, mas o seu financiamento deve

estar contemplado nos demais 10% das receitas de impostos recolhidos e transferidos da

esfera estadual destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino.

Considerando a necessidade de expansão e qualificação do ensino médio e a

inexistência de uma definição legal quanto o seu financiamento, o presente trabalho se propõe

a analisar como se dá o processo orçamentário do ensino médio em uma Secretaria de Estado

de Educação, tendo como campo de pesquisa a Secretaria de Estado de Educação do Distrito

Federal, buscando identificar e analisar como se dá o processo de alocação de recursos e quais

são as fontes destes recursos, quais são as prioridades, os obstáculos e as propostas para o

financiamento deste nível de ensino no Distrito Federal.

Considerando ainda as desigualdades estaduais, o presente trabalho se propõe a

realizar uma avaliação preliminar de como a Secretaria de Estado de Educação do Distrito

Federal vem trabalhando a parceria com o Governo Federal no Programa de Melhoria e

Expansão do Ensino Médio – Promed, parcialmente financiado pelo Banco Interamericano de

Desenvolvimento – BID, e que tem por objetivo geral apoiar a implementação da reforma

curricular e estrutural e a expansão do atendimento no ensino médio pelas Unidades da

Federação do País, visando à melhoria de sua qualidade e à ampliação de seu grau de

(18)

CAPÍTULO I – O ESTUDO, SEUS OBJETIVOS E PROCEDIMENTOS 1.1 Objetivos

1.1 Gerais

O presente projeto tem por objetivo traçar o perfil do processo de

financiamento e orçamentação do ensino médio na Secretaria de Estado de Educação do

Distrito Federal.

1.2 Específicos

- Identificar e analisar como se dá o processo de alocação de recursos para

o ensino médio na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal;

- Identificar e analisar quais são as fontes de recursos para este nível de

ensino;

- Identificar quais são as prioridades orçamentárias desta Secretaria e onde

se localiza o ensino médio nestas prioridades;

- Identificar os principais obstáculos orçamentários ao ensino médio;

- Identificar e analisar as propostas orçamentárias encontradas para o

ensino médio;

- Realizar uma avaliação preliminar do Programa de Melhoria e Expansão

do Ensino Médio na Secretaria de Estado de Educação do Distrito

(19)

1.2 Procedimentos Metodológicos

1.2.1 Delineamento da Pesquisa/Modelo de Estudo/Métodos Qualitativos

Com base em seu objetivo geral, traçar o perfil do processo de financiamento e

orçamentação do ensino médio na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, esta

pesquisa pode ser classificada como um estudo exploratório, uma vez que visa a proporcionar

maior familiaridade com o assunto, com vistas a torná-lo mais explícito ou, exaustivamente, a

construir hipóteses, mais precisamente um estudo de caso. Com isso, a ênfase é deslocada da

extensão para o aprofundamento da questão a ser investigada.

Segundo Gil (1996, p. 58) “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e

exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento,

tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos considerados”.

Para Lüdke e André (1986, p.17) estudo de caso é

“o estudo de um caso, seja ele simples como o de uma professora

competente de uma escola pública, ou complexo e abstrato como o das classes de

alfabetização do ensino noturno, o caso é sempre limitado. Portanto, quando se quer

estudar algo singular, que tenha um valor em si mesmo, deve-se escolher um estudo

de caso”.

O estudo de caso é uma forma de pesquisa descritiva que observa, registra,

analisa e correlaciona os dados sem manipulá-los. Compromete-se apenas com a realidade

pesquisada, não se obrigando a nenhum tipo de generalização.

Diante do exposto, justifica-se aqui a opção pelo estudo de caso, uma vez que

(20)

realidade observada. A singularidade do caso, tendo valor em si mesmo, pode servir de base

para estudos posteriores, com maior generalizabilidade.

1.2.2 Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados

- Análise documental da legislação, tais como a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação – LDBEN e a Constituição Federal e dos documentos

relativos a legislação do Distrito Federal e ao processo de orçamentação e

execução orçamentária do Distrito Federal, tais como: a Lei Orgânica do

Distrito Federal; a Lei 2.558, de 27 de junho de 2000 – Plano Plurianual

do Distrito Federal para o Quadriênio 2000 – 2003; a Lei 3.119, de 30 de

dezembro de 2002 – Lei Orçamentária Anual para o exercício de 2003; a

Proposta Orçamentária da Secretaria de Estado da Educação do Distrito

Federal para o exercício de 2003; a Proposta do Plano de Obras da

Secretaria de Estado da Educação do Distrito Federal para o exercício de

2003; o Relatório de Gestão da Secretaria de Estado de Educação do

Distrito Federal dos exercícios de 1998 a 2003 e o Relatório Analítico e

Parecer Prévio sobre as Contas do Distrito Federal do Tribunal de Contas

do Distrito Federal dos exercícios de 1998 a 2003.

- Realização de entrevistas semi-estruturadas com gestores das

Subsecretarias da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal;

técnicos desta mesma unidade envolvidos no processo de orçamentação e

execução do financiamento da educação básica pública, em especial os

relacionados ao ensino médio; técnicos deste mesmo órgão envolvidos na

execução do Programa de melhoria e Expansão do Ensino Médio -

Promed, bem como representantes do Poder Legislativo e de

(21)

1.2.3 Amostra/Intencionalidade/Sujeitos da Pesquisa

A amostra foi intencional, composta por diferentes atores, dentre eles gestores

das Subsecretarias da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal; técnicos desta

mesma secretaria envolvidos no processo de orçamentação e execução do financiamento da

educação básica pública, em especial os relacionados ao ensino médio; técnicos deste mesmo

órgão envolvidos na execução do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio -

Promed, bem como representantes do Poder Legislativo e de organizações internacionais

pertinentes. Todos os atores foram selecionados pelo critério de participação no processo de

orçamentação e execução do orçamento do Governo do Distrito Federal e da referida

Secretaria de Estado, em especial do ensino médio e pela participação na execução do

Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio - Promed.

1.2.4 Coleta das Informações

As análises documentais foram realizadas com base em relatórios de gestão

obtidos junto a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e ao Tribunal de Contas

do Distrito Federal. Estes documentos permitiram identificar e analisar o processo de

orçamentação e a execução orçamentária do Distrito Federal e da referida Secretaria de

Estado.

Afinal, trata-se de um recurso fundamental para que durante a coleta de dados,

esses possam corroborar ou não as questões levantadas pelo pesquisador. Gil (1996, p. 52)

reforça explicando que “(...) há que se considerar que os documentos constituem fonte rica e estável

(22)

1.2.5 A Entrevista Semi-Estruturada

A entrevista, segundo Gil (1996, p. 92), “dentre todas as técnicas de interrogação,

(...) é a que apresenta maior flexibilidade”. E por flexibilidade pode ser entendida a reorganização

em tempo real das perguntas e das respostas, itens nem sempre possíveis em outras técnicas.

Há também um caráter psicológico muito forte nessa técnica, trata-se da percepção do aspecto

emocional que envolve o entrevistado à medida em que se posiciona, reflete, nega ou afirma

algo mais. Aplicou-se esta técnica de coleta de dados aos atores entrevistados e anteriormente

indicados, uma vez que a entrevista permite explorar questões mais subjetivas e de

interpretação da realidade. As entrevistas foram realizadas entre os meses de setembro e

outubro de 2004.

Ressalto aqui a tentativa frustrada da entrevista com representantes do

Ministério da Educação ligados ao Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio -

Promed e com o Coordenador do Ensino Médio, dentro da Subsecretaria de Educação Pública

da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, bem como a inestimável perda de

um dos grandes conhecedores do processo de orçamentação e alocação de recursos do Distrito

(23)

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA 2.1 O Financiamento da Educação e as Constituições Federais

A educação formal no Brasil teve sua origem por volta de 1549 com a ação dos

jesuítas, que tinham como objetivo claro catequizar, mas também ensinar a ler e a escrever.

Daquela época até 1759, de acordo com um alvará de D. Sebastião datado de 1564, era fixada

uma redízima (parte dos dízimos e direitos de El-Rei em todo o Brasil) para o financiamento

dos empreendimentos missionários.

A partir de 1759, quando Pombal expulsou os jesuítas do Brasil, foi criado o

“subsídio literário”, imposto que tinha por objetivo pagar os novos professores leigos e que

recaía sobre as vendas de aguardente, vinho e carne. Este foi, segundo Mesquita (2000, p. 11),

o sustento da educação pública no país até 1835, quando foi elaborado o primeiro orçamento

público no Brasil, onde tudo o que não fosse arrecadado pelo governo central poderia ser feito

pelas províncias. Foi assim que começou o sistema de dependência das províncias,

denominadas estados no período republicano. Percebe-se que não havia a figura dos

municípios, que só aparecem, com o poder de se autogovernar, na República.

No intuito de garantir este sustento surgiu a política de vincular recursos

financeiros públicos para a educação que, no Brasil, começou em 1759, com o citado

“subsídio literário”. Somente bem mais tarde, em 1964, vinculou-se outro recurso à educação,

uma contribuição social denominada “salário-educação”, que permanece até os dias atuais.

Mas, sem dúvida, ainda segundo Mesquita (2000, p. 12), “a política mais

importante foi a que vinculou recursos da receita de impostos para a educação, sendo a forma mais

segura de dar prioridade permanente à educação, uma vez que incide sobre a principal fonte de

arrecadação, isto é, os impostos”. A vinculação de recursos para a educação é uma política

(24)

idéia de criar uma taxa somente foi concretizada em 1932, pelo Decreto n.o 21.335, de 29 de abril de 1932, que instituiu a Taxa de Educação e Saúde, com o objetivo de constituir o Fundo

Especial para a Educação e Saúde, e que incidia sobre quaisquer documentos que fossem

sujeitos a selo federal, estadual ou municipal. Era uma taxa fixa de 200 réis, da qual a

educação ficava com um terço do montante, e que só desapareceu na reforma tributária de

1965.

No entanto, a Constituição de 16 de julho de 1934 concretizou a vinculação de

impostos, destinando à educação 10% dos impostos da União e dos municípios e 20% dos

estados e Distrito Federal. Porém, antes desta medida provisória vigorar, a Constituição

outorgada em 10 de novembro de 1937, durante a ditadura Vargas, suprimiu-a. Com isto, a

vinculação de impostos só veio a aparecer novamente com a Constituição de 1946, segundo a

qual a União era obrigada a aplicar o mínimo de 10%, e os estados, municípios, de 20%. A

vinculação de receitas de impostos da União foi elevada de 10% para 12% pela Lei n.o 4.024/61, que fixava as Diretrizes e Bases da Educação.

Pela Constituição de 1967, a vinculação de parte de impostos foi novamente

supressa, sob a alegação de que isto tornava rígido o orçamento. Em 1969, pela Emenda

Constitucional n.o 1, foi restabelecida a obrigatoriedade somente para os municípios. Estes deveriam aplicar em educação pelo menos 20% da receita tributária, as demais esferas de

governo (federal e estadual) deixaram de ser obrigadas a aplicar um percentual mínimo em

educação. Esta desvinculação tem sido apontada como uma das razões para a deterioração da

educação pública no período e o conseqüente favorecimento da iniciativa privada.

Para Melchior (1983, p. 75), a desvinculação dos recursos foi desastrosa para a

(25)

“Foi durante o período de maior crescimento do PIB que verificamos

uma decrescente aplicação de recursos financeiros em educação, principalmente pela

esfera federal, que é aquela que maior potencialidade apresenta na perspectiva de

receita fiscal efetivamente arrecadada. Os recursos arrecadados pelo orçamento

fiscal da União cresceram e, proporcionalmente a este crescimento, os recursos

investidos na função educação decresceram. (...) enquanto novas fontes de recursos

eram criadas, o montante global relativo à receita de impostos decrescia constante e

gradualmente”.

Com efeito, segundo Velloso (1988, p. 360), “a participação do Ministério da

Educação e Cultura nos gastos totais da União, que variou entre 8,5% e 10,6% entre 1960 e 1965, caiu

vertiginosamente para valores entre 4,4% e 5,4% no período 1970-1975, justamente na era do milagre

econômico”.

A vinculação de impostos para a educação somente foi restabelecida pela

Emenda Constitucional n.o 24, de 1983 (Emenda Calmon), que vinculou 13% da receita da União e 25% da receita dos Estados, Distrito Federal e Municípios. A Constituição Federal de

1988, por meio da iniciativa de João Calmon, elevou a vinculação para 18% e 25%,

respectivamente, o que permanece até os dias atuais. Tal fato representou um inegável

avanço, visto que assegura patamares mínimos de despesa pública por parte das três esferas de

governo na manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diferentes níveis.

A partir daí, alguns Estados ampliaram, nas Constituições Estaduais, as

alíquotas mínimas de aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino. Sena (2002, p.

(26)

Tabela 2 - Alíquotas por Estado, de acordo com suas Constituições Estaduais

Estado Dispositivos da CF Alíquota

Goiás Art. 158 30%

Mato Grosso do Sul Art. 198 30%

Piauí Art. 223 30%

São Paulo Art. 255 30%

Mato Grosso Art. 245 35%

Rio Grande do Sul Art. 202 35%

Rio de Janeiro Art. 314 35%

Fonte: Sena (2002, p. 12)

Nota: Os demais estados mantiveram os 25% previstos no art. 212 da Constituição Federal.

Sobre vinculações e desvinculações de recursos para a educação, Davies (2000,

p. 161) destaca que:

“É interessante observar a coincidência quase total da vinculação

(1934-37, 1946-1967, 1984 até hoje) com os períodos relativamente democráticos e

da desvinculação com os períodos autoritários (1937-45, 1964-85), o que permite

inferir que a democratização da educação estatal, no sentido de garantia

constitucional do seu financiamento, parece guardar estreita relação com a existência

de uma certa liberdade de expressão da sociedade”.

A discussão acerca da vinculação de recursos para a educação, ou de como

garantir seu financiamento, se justifica ao percebermos que o direito à educação, segundo

Mota (1997, p. 48), tem sido assegurado desde a primeira Constituição Brasileira, outorgada

pelo Imperador Dom Pedro I, em 1824, que, embora dedicasse apenas dois artigos à matéria,

assim tratou o assunto: o primeiro artigo assegurava a gratuidade da educação primária a

todos os cidadãos, e o segundo aludia à criação de colégios e universidades, onde seriam

ensinados os elementos das ciências, das letras e das belas artes. É importante lembrar que o

(27)

Com o advento da República, a educação sofreu algumas mudanças, ou seja, a

Carta de 1891 incumbiu o Congresso Nacional, embora não privativamente, da tarefa de

“animar” no país o desenvolvimento das letras, artes e ciências, bem como da criação de

instituições de ensino secundário e superior. O texto declarava que era leigo o ensino

ministrado nas escolas públicas.

A Carta Política de 1934, inspirada na de Weimar de 1919, dedicou um

capítulo especial à educação e à cultura e estabeleceu a educação como um direito de todos,

devendo ser ministrada pela família e pelos poderes políticos. Trouxe, ainda, em seu texto

normas mais vastas, mais claras no tocante à educação e, apesar de declarar a educação como

um direito de todos, não a definiu como sendo um dever do estado.

A Constituição de 1946 definiu a educação como um direito de todos, a ser

transmitida nos lares e nas escolas, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de

solidariedade humana. O ensino, nos diversos ramos, deveria ser ministrado pelos poderes

públicos, sendo livre, também, à iniciativa privada, na forma da lei.

A Constituição de 1967 também esclareceu que a educação era um direito de

todos. Deveria ser transmitida no lar e na escola, assegurada a igualdade de oportunidades, e

inspirada no princípio da unidade nacional, nos ideais de liberdade e de solidariedade humana.

A Emenda Constitucional n°. 1, de 1969, manteve basicamente o texto anterior, acrescentando

que a educação era dever do Estado. Estabeleceu também que o ensino era livre à iniciativa

privada, a qual merecia o amparo técnico e financeiro dos poderes públicos, inclusive

mediante bolsas de estudos.

Finalmente, a Constituição Federal de 1988, assegura a todos os brasileiros o

(28)

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho”.

Como se pode perceber, o Estado assume, então, o papel de prestador de

serviços na área educacional, resguardando-se, no entanto, da obrigatoriedade em sua

totalidade e em todos os níveis de ensino, o que fica claro no Art. 208:

“O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I – ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua

oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;(...)”

Para fazer face a esse encargo, a Constituição de 1988, em seu Art. 212,

determina:

“A União aplicará, anualmente, nunca menos que dezoito, e os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da

receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na

manutenção e desenvolvimento do ensino”.

Ainda no Art. 212, parágrafo 3o, a Constituição Federal estabelece que “a distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino

obrigatório, nos termos do Plano Nacional de Educação”.

Segundo Castro (1998, p. 86), a intenção dos constituintes com a norma

estabelecida no caput do art 212 da Carta Magna foi a de fornecer uma base estável de

(29)

dependentes das mudanças políticas e econômicas, bem como do humor dos dirigentes

quando da elaboração dos orçamentos.

2.2 Histórico das Atividades Orçamentárias

A elaboração do orçamento da União e a inclusão neste dos recursos destinados

à educação são outros aspectos importantes. Apesar do primeiro orçamento público brasileiro

datar de 1835, a evolução e o desenvolvimento das técnicas orçamentárias são recentes,

datadas de outubro de 1938, quando foi criado o Departamento Administrativo do Serviço

Público – DASP.

As primeiras Constituições Federais – 1824 e 1891 – não expressavam

claramente a quem cabia a responsabilidade da elaboração do orçamento federal, que, neste

período, transitou entre o Ministro da Fazenda, o Poder Legislativo e o Presidente da

República. Este impasse só foi resolvido em 1926, por meio de uma reforma na

Constituição, onde a responsabilidade da elaboração da proposta orçamentária foi

transferida para o Poder Executivo, como já era feito na prática. A competência do Poder

Executivo foi confirmada posteriormente pela Constituição de 1934, pela Carta Política de

1937 e finalmente normatizada pela Constituição de 1946.

A Constituição de 1946 foi denominada "planejamentista", uma vez que

explicitou a criação de planos setoriais e regionais, com reflexos no orçamento, ao estabelecer

vinculações com a receita. Os Planos Globais, até 1964, caracterizaram-se por contemplar

somente os elementos de despesa, com ausência de uma programação de objetivos, metas e

recursos reais, intensificando a desvinculação dos Planos e dos Orçamentos. O Decreto nº.

51.152, de 5 de agosto de 1961, alterado pelo Decreto nº. 152, de 16 de novembro de 1961,

(30)

O Decreto nº. 53.914, de 11 de maio de 1964, cria o cargo de Ministro

Extraordinário do Planejamento e Coordenação Econômica e, em 1964, a Lei nº. 4.320 traçou

os princípios para a elaboração do orçamento brasileiro, que é, ainda hoje, a principal diretriz

para a elaboração do Orçamento Geral da União, apesar das várias alterações sofridas.

O Decreto-Lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967, criou o Ministério do

Planejamento e Coordenação Geral definindo como sua área de competência a programação

orçamentária e a proposta orçamentária federal anual. Em 1971, a Portaria nº. 20, de 2 de

março, alterada pela Portaria nº. 46, de 5 de junho de 1972, deu à então Subsecretaria de

Orçamento e Finanças, hoje Secretaria de Orçamento Federal, a atribuição de órgão central do

sistema orçamentário.

Finalmente, com a Constituição de 1988, o Sistema Orçamentário Federal

passou a ser regulado por três leis:

- A Lei do Plano Plurianual de Investimento – PPA;

- A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO;

- A Lei Orçamentária Anual –LOA.

2.3 O Orçamento Federal Hoje

Atualmente, o Orçamento Geral da União – OGU é formado pelo Orçamento

Fiscal – referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Administração

Federal direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público –, da

Seguridade Social –, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da

Administração Federal direta ou indireta, bem como dos fundos e fundações instituídos e

(31)

Federais (BRASIL, 2002). O quadro 1 apresenta a Receita dos Orçamentos Fiscal e da

Seguridade Social por categoria econômica e fonte.

Quadro 1 - Receita dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social Especificação

1. Receita do Tesouro 1.1Receitas Correntes

Receita Tributária Receita de Contribuições Receita Patrimonial Receita Agropecuária Receita Industrial Receita de Serviços Transferências Correntes Outras Receias Correntes

1.2Receitas de Capital

Operações de Crédito Internas Operações de Crédito Externas Alienação de Bens

Amortização de Empréstimos Transferência de Capital Outras Receitas de Capital

2. Receitas de outras fontes de Entidades da Administração Pública Federal indireta, inclusive Fundos e Fundações Públicas

2.1 Receitas Correntes 2.2 Receitas de Capital

3. Refinanciamento da Dívida Pública Federal 3.1 Operações de Crédito Internas

Títulos de Responsabilidade do Tesouro Nacional – Refinanciamento da Dívida Pública Federal

3.2 Operações de Crédito Externas

Títulos da Responsabilidade do Tesouro Nacional – Refinanciamento da Dívida Pública Federal

Fonte: LDO 2004

Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle

do Orçamento que estão definidos na Constituição; na Lei 4.320, de 17 de março de 1964; no

Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias. São eles:

- Princípio da Unidade: Cada esfera de governo deve possuir apenas um

orçamento, fundamentado em uma única política orçamentária e

estruturado uniformemente. Assim, existe o orçamento da União, o de

(32)

- Princípio da Universalidade: A Lei Orçamentária deve incorporar todas

as receitas e despesas, ou seja, nenhuma instituição pública deve ficar

fora do orçamento.

- Princípio da Anualidade: Estabelece um período limitado de tempo para

as estimativas de receita e fixação da despesa, ou seja, o orçamento deve

compreender o período de um exercício, que corresponde ao ano fiscal.

Como visto, a Constituição Federal de 1988 atribuiu ao Poder Executivo a

responsabilidade pela elaboração dos projetos de lei do Plano Plurianual de Investimentos –

PPA, da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e da Lei Orçamentária Anual – LOA.

No Projeto de Lei do PPA são definidas as prioridades do governo para os

próximos quatro anos devendo conter as diretrizes, os objetivos e as metas da administração

pública federal para as despesas de capital. O PPA estabelece a ligação entre as prioridades de

longo prazo e a Lei Orçamentária Anual. O PPA é uma abordagem complexa de integração

entre planejamento e orçamento, e destaca-se como única abordagem desse tipo no contexto

internacional.

Um aspecto importante é a atual integração das despesas correntes e de capital,

obtida através do foco em projetos. Os critérios de classificação das contas públicas são de

grande importância para a compreensão deste processo. As classificações são usadas para

facilitar e padronizar as informações que se deseja obter. Pela classificação é possível

visualizar o orçamento por Poder, por função de governo, por subfunção, por programa ou por

categoria econômica. A classificação funcional-programática representou um grande avanço

na técnica de apresentação orçamentária. Ela permitiu a vinculação das dotações

orçamentárias e objetivos de governo que, por sua vez, eram viabilizados pelos programas de

(33)

bastante diferente do critério anterior que visualizava “o que o governo comprava”. (BRASIL,

2002).

A partir do Orçamento de 2000, por meio do Decreto no. 2.829, de 29 de outubro de 1998, e das Portarias no. 117 e 51, respectivamente de 12 de novembro e 16 de novembro de 1998, ambas do Ministério do Planejamento e Orçamento, diversas

modificações foram estabelecidas na classificação vigente, procurando-se privilegiar o

aspecto gerencial do orçamento, com adoção de práticas simplificadoras e descentralizadoras.

O eixo principal dessas modificações foi a interligação entre o Planejamento (Plano

Plurianual – PPA) e o Orçamento, por intermédio da criação de Programas para todas as ações

de governo, com um gerente responsável por metas e resultados concretos para a sociedade

(BRASIL, 2004).

Assim, uma vez definidos o programa e suas respectivas ações, classifica-se a

despesa de acordo com a especificidade de seu conteúdo e produto, em uma subfunção,

independente de sua relação institucional, ou seja, independente em qual ministério esteja

localizada aquela ação.

O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO deve ser enviado pelo

Poder Executivo ao Congresso Nacional até o dia 15 de abril de cada ano. A LDO estabelece

as metas e prioridades para o exercício financeiro subseqüente; orienta a elaboração do

Orçamento; dispõe sobre alteração na legislação tributária; estabelece a política de aplicação

das agências financeiras de fomento, em suma, a LDO provê diretrizes para a elaboração dos

orçamentos dos ministérios executores e estabelece as conexões entre o PPA e a Lei

Orçamentária Anual.

Com base na LDO aprovada pelo Legislativo, a Secretaria de Orçamento

(34)

e as unidades orçamentárias dos Poderes Legislativo e Judiciário. Por determinação

constitucional, o governo é obrigado a encaminhar o Projeto de Lei do Orçamento ao

Congresso Nacional até o dia 31 de agosto de cada ano. Acompanha o projeto uma mensagem

do Presidente da República, na qual é feito um diagnóstico sobre a situação econômica do

país e suas perspectivas.

O Projeto de Lei Orçamentária Anual – LOA é apresentado pelo Presidente

antes de 31 de agosto para aprovação pelo Congresso antes de 15 de dezembro, com vigência

no ano fiscal que se inicia em 1o de janeiro. Inclui os dados das receitas e despesas (orçamento original e revisões) do ano anterior. Estabelece as alocações de despesas propostas

para cada programa e as regras e os limites propostos para a realocação de recursos durante o

exercício. O governo define neste Projeto de Lei, as prioridades contidas no PPA e as metas

que deverão ser atingidas naquele ano. A Lei Orçamentária disciplina todas as ações do

governo federal.

Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do orçamento, destaca-se,

no entanto, que as ações dos governos estaduais e municipais são registradas nas leis

orçamentárias dos Estados e municípios.

O Orçamento Geral da União não financia todas as despesas públicas. A

Constituição do Brasil define as atribuições do governo federal, dos governos estaduais e

municipais. A União repassa 47% do produto da arrecadação do Imposto de Renda – IR e do

Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI aos Fundos de Participação dos Estados,

Distrito Federal e Municípios, bem como aplica em programas de financiamento ao setor

produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os governos estaduais ainda contam

também, para financiar os seus gastos, com 75% da arrecadação do Imposto sobre Circulação

(35)

Automotores – IPVA. As prefeituras contam, além do repasse da União, feito de acordo com

o número de habitantes de cada cidade, definido pelo IBGE, com os impostos municipais,

como o Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU, com 25% da arrecadação do ICMS e

com 50% da receita do Imposto Territorial Rural – ITR. (BRASIL, 2004).

A Lei Orçamentária brasileira estima as receitas e autoriza as despesas de

acordo com a previsão de arrecadação. Se durante o exercício houver a necessidade de

realização de despesas acima do limite que está previsto na Lei, o Poder Executivo submete

ao Congresso Nacional projeto de lei de crédito adicional. Por outro lado, crises econômicas

mundiais obrigam o Poder Executivo a editar decretos com limites financeiros de gastos

abaixo dos limites aprovados pelo Congresso. São chamados de decretos de

contingenciamento, em que são autorizadas despesas no limite das receitas arrecadadas

(BRASIL, 2004).

Como o orçamento brasileiro possui um alto grau de vinculações, o que pode

vir a dificultar a capacidade do governo federal de alocar recursos de acordo com suas

prioridades sem trazer endividamento adicional para a União, foi proposto ao Congresso

Nacional, em 1994) um Projeto de Emenda à Constituição que autorizava a desvinculação de

20% de todos os impostos e contribuições federais para formar uma fonte de recursos livre de

carimbos. A partir disto, foi criado o Fundo Social de Emergência, depois denominado Fundo

de Estabilização Fiscal, que teve vigência até 31 de dezembro de 1999. A partir do ano 2000,

tal fundo foi reformulado e passou a se chamar DRU – Desvinculação de Recursos da União,

com vigência aprovada até 2007.

A DRU objetiva dar maior flexibilidade à alocação dos recursos públicos e não

significa elevação das receitas disponíveis para o governo federal. Além disso, não afeta as

(36)

o IPI e o Imposto de Renda, uma vez que a desvinculação é feita após os cálculos das

transferências (BRASIL, 2004).

2.4 O Diálogo na Preparação do Orçamento

A elaboração do orçamento pelo Executivo deve ser também um processo

transparente, envolvendo consultas aos setores privados e aos grupos organizados da

sociedade civil.

Antes da finalização e aprovação da LDO ocorrem discussões entre o

Ministério do Planejamento e Orçamento e os ministérios executores, sendo ainda possível

que estes façam lobby junto ao Presidente ou mesmo junto ao Congresso para que sejam

introduzidas mudanças na lei de acordo com os interesses de cada ministério executor. Uma

vez que o Congresso aprove a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Secretaria de Orçamento

fornece a cada ministério executor sua respectiva alocação orçamentária proposta, bem como

sugere uma detalhada subdivisão da alocação total. Os ministérios executores contam também

com suas próprias unidades de planejamento e orçamento para a revisão desta proposta

(BRASIL, 2002).

A LDO deve então ser apresentada ao Congresso, com seus devidos ajustes, até

15 de abril e aprovada pelo mesmo até o final de junho, o que permite dois meses para a sua

apreciação por parte da comissão analista. A LDO é analisada primeiro nas Subcomissões

Setoriais, seguindo-se a elaboração de um relatório geral, passando também pela Comissão

Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização e pela Comissão de Finanças e

(37)

O Congresso dispõe, portanto, de cerca de três meses e meio entre o

recebimento da versão preliminar da Lei Orçamentária Anual, que deve ser enviada para o

Presidente até 31 de agosto, e a aprovação da lei, que deve ser feita até 15 de dezembro.

Depois de aprovado, o Projeto é sancionado pelo Presidente da República e se

transforma em Lei.

2.5 O Orçamento Federal e o Ministério da Educação

Assim como nos outros ministérios e nas diversas secretarias de educação,

estaduais e municipais, o processo de definição dos gastos em educação, tem seu início no

momento da formulação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, mediante a determinação da

receita estimada para a União e a fixação da capacidade de gastos por grandes agregados

econômicos – pessoal, outros custeios e capital – para o ministério.

A definição da capacidade de gastos do ministério toma por base cada fonte de

recursos e suas correspondentes estruturas de partilha e vinculação definidas na estrutura de

financiamento da área de educação – legislação fiscal e orçamentária contidas na Constituição

Federal e na legislação complementar e ordinária subseqüente –, na política orçamentária do

governo federal e nas negociações e procedimentos político-administrativos realizados entre

os dirigentes do ministério e os da área econômica do governo federal.

Após esta definição, os dirigentes centrais do ministério – ministro, secretário

geral e assessores – e a burocracia especializada do Ministério da Educação iniciam os

procedimentos político-administrativos que dão forma ao orçamento do ministério para o ano

(38)

Inicia-se então uma série de atividades no sentido de repartição da capacidade

de gasto entre os vários setores e programas de atuação do ministério, levando em

consideração, segundo Castro (1997, p. 03):

i) “a tipificação dos gastos (dívida, pessoal e encargos, operações de crédito,

outros custeios e capital);

ii) as normas de distribuição estabelecidas no conjunto legal que dá base à

estrutura de financiamento; e

iii) os interesses dos dirigentes do ministério e daqueles atores com fortes recursos

de poder e cuja presença é vista como desejável por estes dirigentes”.

As decisões tomadas no núcleo central de decisões do ministério – ministro,

secretário geral e assessores –, considerando estas variáveis, principalmente a influência dos

diversos atores cujos interesses giram em torno dos gastos setoriais, determinam a

distribuição da capacidade de gasto entre os vários setores do Ministério da Educação –

educação básica, educação de jovens e adultos, educação especial e assistência ao educando,

que, atualmente, se dividem em programas.

Ainda segundo Castro (1997, p. 25), o processo de tomada de decisões e

composição do orçamento do Ministério da Educação pode ser dividido, hierarquicamente,

em três centros de decisões:

i) “órgãos centrais: com a atribuição de determinar a orientação geral, definir

normas, estabelecer limites e parâmetros, analisar e consolidar dados e

preparar o orçamento e disciplinar a execução orçamentária e financeira;

ii) órgãos setoriais: com a atribuição de elaborar, orientar e coordenar as

(39)

trabalho setorial, disciplinar os créditos de execução observadas as normas

provenientes do órgão central; e

iii) unidades orçamentárias: componentes das estruturas setoriais para as quais

são alocadas dotações orçamentárias”.

Existem também, claramente definidas, três arenas decisórias, sendo:

i) “arena decisória central: localizada no vértice superior do sistema de decisões,

é responsável pelas negociações político-administrativas para a captação de

recursos na elaboração da proposta orçamentária, representa o mais amplo

campo de interação e de conflito de interesses. É composto pelo ministro, pelo

secretário geral e assessores;

ii) arena decisória setorial: campo de interação onde se condensa a maioria dos

conflitos de interesses e disputas por alternativas e oportunidades relativas aos

gastos públicos diretamente envolvidos nas ações de educação em seus vários

níveis e nas ações de assistência social destinadas aos estudantes;

iii) arenas decisórias programáticas: campos de interação onde se condensa a

maioria dos conflitos e disputas por determinadas oportunidades, que tem como

preocupação a realização de gastos em programas” (CASTRO, p. 28).

O resultado desta “discussão” é transmitido ao Legislativo por meio da

Subsecretaria de Planejamento e Orçamento, ligada à Secretaria Executiva do Ministério da

Educação, conforme ilustrado na figura 1, sendo que a ela compete:

i) planejar, coordenar e supervisionar a execução das atividades

relacionadas ao sistema federal de planejamento e orçamento, no âmbito

(40)

ii) promover a articulação com o órgão central do sistema federal referido

no inciso anterior, e informar e orientar os órgãos do Ministério quanto

ao cumprimento das normas estabelecidas;

iii) coordenar a elaboração e a consolidação dos planos e programas das

atividades finalísticas do Ministério e submetê-los à decisão superior;

iv) acompanhar e promover a avaliação de projetos e atividades.

Figura 1 - Organograma do Ministério da Educação e Cultura

(41)

Todo este trabalho culmina na proposta orçamentária do Ministério da

Educação, em obediência ao projeto final da LDO e, conseqüentemente, na Lei Orçamentária

do ano seguinte.

Diante da complexidade orçamentária da União e, em especial, do Ministério

da Educação, a palavra-chave aqui passa a ser o financiamento da educação, que podemos

aqui dividir em dois grandes grupos: a captação e a distribuição destes recursos.

No âmbito da captação de recursos, destaca-se o conjunto de fontes de

financiamento, que compõem a estrutura de financiamento, cabendo destaque a duas em

especial: a vinculação de impostos e o salário-educação.

Quanto à distribuição dos recursos públicos destinados à educação, três são as

preocupações básicas: i) a distribuição entre recursos público e privado, a partir da

controvérsia entre o ensino público versus ensino pago; ii) a distribuição dos recursos

intra-governo, com foco na controvérsia entre descentralização versus centralização; e iii) a

distribuição inter-níveis de ensino, em especial, a controvérsia entre educação superior versus

educação básica.

É importante considerar que a elaboração dos orçamentos públicos se, por um

lado, tem uma vertente técnica, possui, por outro, uma vertente política dominante. Os

orçamentos são preparados e realizados em várias arenas políticas, onde diversas forças

interagem de modo discreto ou aberto, gerando perdedores e ganhadores. Segundo a teoria da

escolha pública, os governos são unidades que visam ao seu próprio bem-estar, com uma

agenda diferente daquela da sociedade. Políticos e burocratas buscam maximizar o seu

próprio bem-estar, mesmo que saibam o que a sociedade prefere. Os grupos de interesse, que

com eles interagem justificam o seu nome e tratam de si próprios, numa luta onde não existe

(42)

que pelo ator racional. Em vez de o governo ser um agente unitário que faz escolhas segundo

a racionalidade técnica, os atores, dentro e fora do governo, se envolvem em jogos

simultâneos, hierarquicamente superpostos. Como produtos, surgem compromissos, conflitos

e confusões de altos funcionários com interesses e influências desiguais (GOMES, 1995).

Assim, não é de surpreender que a alocação de recursos se afaste de critérios

técnicos e siga os critérios dos grupos que têm maior poder de barganha. Por isso mesmo,

pode-se encontrar um posto de saúde onde há numerosos funcionários, mas falta esparadrapo,

e escolas até superlotadas de professores e servidores não docentes, em que faltam

livros-textos, papel e até giz. Igualmente, pode ser mais fácil alocar recursos no orçamento para

construir novas escolas do que para conservar prédios escolares com risco de desabar. Podem

ser incluídas verbas para comprar novos veículos e não passarem aquelas de reparação dos

veículos existentes. Por trás destas irracionalidades técnicas, existe uma “racionalidade”

política, pela qual a escassez é administrada em favor daquelas despesas que apresentam

maior rigidez ou que tenham grupos mais influentes que a defendam (GOMES, 1995).

O processo orçamentário nas Unidades Federativas também envolve o PPA, as

diretrizes orçamentárias e o orçamento anual. O órgão de planejamento, em geral, fixa os tetos

das despesas orçamentárias de cada secretaria, coordenando o processo. A proposta de

alocação de recursos é elaborada pelas secretarias, numa dinâmica em que os seus órgãos

internos tendem a competir pelos recursos escassos. Compatibilizada a proposta no âmbito da

secretaria, em geral pelo seu órgão financeiro, sob a liderança política do gabinete do

secretário, a mesma segue para o órgão de planejamento. Este faz o ajuste e a coordenação

entre as propostas dos órgãos governamentais e envia a proposta orçamentária ao governador.

Este encaminha o projeto de lei orçamentária ao poder legislativo, que geralmente o aprova

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atuação de lobbies, que defendem recursos para as suas causas, e por negociações políticas

para solucionar os impasses (GOMES, 1992).

2.6 A Captação de Recursos e Vinculação de Impostos para a Educação

Como visto, o artigo 212 da Constituição Federal determina que a União

aplique, anualmente, nunca menos que 18% da receita resultante de impostos, na

“manutenção e desenvolvimento do ensino” (MDE). Trata-se da chamada vinculação de

recursos, isto é, a separação da receita para destinação específica a determinadas finalidades.

O setor educacional passa a ter assegurados aqueles recursos. Daí alguns pesquisadores

denominarem a vinculação de “financiamento público protegido” (SENA, 2002, p. 7).

Ainda segundo Sena (2002, p.7), duas observações se fazem pertinentes.

“A primeira é que a vinculação é da receita resultante de impostos,

que não se confunde com a totalidade dos recursos orçamentários, e nem mesmo

tributários (o imposto é uma espécie do gênero tributo). As contribuições sociais,

importante fonte de recursos da União, também não integram a base de cálculo. A

segunda, destaca que a vinculação é da receita líquida, isto é, não se considera para

o cálculo a parcela da arrecadação transferida pela União aos demais entes da

federação (art. 212, parágrafo 1o, CF).1 Deduz-se ainda o valor capturado pela

Desvinculação das Receitas da União – DRU, acarretando uma redução de 20% na

base de cálculo. Em contrapartida, devem integrar a base de cálculo as parcelas da

dívida ativa e das multas que sejam resultantes de impostos”.

Imagem

Tabela 1 – 8 a  Série do Ensino Fundamental – Aprovação, Reprovação e Abandono –  1997 e 2001 e Matrículas 1 a  Série do Ensino Médio 1998 e 2002
Tabela 2 - Alíquotas por Estado, de acordo com suas Constituições Estaduais
Tabela 3 - Ensino Médio – Matrículas Brasil – 1998 e 2002
Tabela 4 - Ensino Médio Taxa de Abandono e Reprovação – 1997 e 2002
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Referências

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