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O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de

CAPÍTULO III ANÁLISE DOS DADOS

3. O PERFIL DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA – 1998 A 200

3.9 O P ROGRAMA DE M ELHORIA E E XPANSÃO DO E NSINO M ÉDIO – O P ROJETO E SCOLA J OVEM NO B RASIL

3.9.1 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de

Como visto, o Contrato de Empréstimo firmado entre o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, objeto que deu início às ações do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio no Brasil, foi firmado em março de 2000.

Segundo informações obtidas junto a Diretoria de Educação Média e Tecnológica - DEMTEC, órgão da Subsecretaria de Educação Pública da SEDF, alguns estados iniciaram a execução do programa logo em seguida à assinatura do Contrato MEC/BID, uma vez que praticamente não possuíam estrutura alguma para a oferta do ensino médio. Em estados do Norte e do Nordeste, por exemplo, não foi sequer exigida a contrapartida da UF, tamanho o grau de carência da região. Aliás, a contrapartida das Unidades Federadas em parte foi proporcional ao seu nível de desenvolvimento relativo.

O Distrito Federal só aderiu ao programa um pouco depois, no fim de 2001. Mas, segundo informações da DEMTEC, o planejamento se iniciou bem antes, no ano de 1999, com projetos e levantamentos em toda a rede pública de ensino do Distrito Federal, buscando identificar as necessidades da rede e estabelecer as prioridades de atendimento.

Em 22 de março de 2000 foi publicada, no Diário Oficial do Distrito Federal, a Portaria no. 40, que designava os membros do Grupo Gerencial que ordenaria os dados obtidos e coordenaria a execução, a supervisão, o controle, o monitoramento e a avaliação do Projeto de Investimentos – PI, para a posterior implementação do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio no Distrito Federal.

Tal grupo elaborou o Projeto de Investimento – PI do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio no Distrito Federal, um documento norteador da política do

Governo do Distrito Federal para a melhoria e expansão do ensino médio, em consonância com as diretrizes emanadas do Ministério da Educação.

O Projeto de Investimento – PI do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio no Distrito Federal tem como linhas mestras:

- A escola, como pólo catalisador das expectativas da comunidade por ela atendida e na qual se insere e, ainda, como pólo irradiador da concepção do novo cidadão que se quer formar, capaz de contribuir e intervir nas transformações sociais. Uma escola contemporânea que considere a rapidez com que ocorrem as mudanças nas áreas do conhecimento, da tecnologia e no mundo da produção;

- O professor como principal agente das mudanças pretendidas;

- O currículo escolar como ferramenta essencial do trabalho pedagógico, de modo que a apropriação do conhecimento e o desenvolvimento das competências e habilidades pelo aluno ocorram em consonância com as exigências do mundo produtivo e com o exercício pleno da cidadania;

- O aluno, como autor e ator do processo educativo, que favoreça o desenvolvimento de competências e habilidades e a formação de valores e atitudes, tornando-o um cidadão crítico e participativo.

As ações elencadas foram priorizadas de forma a viabilizar o alcance dos objetivos definidos para a concretização da reforma do ensino médio, em termos, não somente de quantidade, como de qualidade de resultados, e estão fundamentadas em dados da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal relativos a rendimento, a concluintes do

ensino fundamental e do ensino médio, ao crescimento populacional das Regiões Administrativas do Distrito Federal, bem como a tendências do setor produtivo.

No Distrito Federal, os seguintes fatores determinantes justificaram a execução do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio:

- A explosão da matrícula no ensino médio, em todo o país e especificamente no Distrito Federal, cuja matrícula inicial, na década de 90, apresentou um crescimento de 133%, isto é, passou de 43.260 alunos matriculados em 1990, para 100.828, em 1999. O Censo Escolar/2000 registrou uma taxa de crescimento de 8% em relação ao ano anterior;

- A expansão de matrículas, no ensino médio, também na educação de jovens e adultos, no mesmo período, registrando-se 6.322 alunos, em 1990, e 19.039, em 1999, atingindo-se o índice de crescimento de 201%. O Censo Escolar/2000 evidenciou um aumento de 3.749 alunos (19,7%), em relação ao ano anterior;

- A oferta de ensino médio em 5 (cinco) escolas rurais;

- A integração/inclusão de alunos portadores de necessidades educativas especiais;

- A necessidade de preparar professores para trabalharem com as especificidades do alunado: do diurno, do noturno, da zona rural e integrada ao ensino especial;

- A necessidade de apoiar esse processo diversificado de ensino e de aprendizagem;

- A necessidade de ampliar as taxas de promoção e reduzir as de abandono;

- A necessidade de envolver os alunos na elaboração, no monitoramento e na avaliação do projeto pedagógico da escola.

O objetivo geral e os específicos do Projeto no Distrito Federal buscam viabilizar a ampliação e a melhoria do ensino médio, na rede pública de ensino, por meio de:

1. Matrícula, aprovação e abandono: Ampliação das matrículas, recuperação dos índices de aprovação e redução das taxas de abandono;

2. Desenvolvimento curricular: Implementação do novo currículo do ensino médio e garantia da qualidade do processo de ensino-aprendizagem;

3. Recursos humanos: Formação continuada dos profissionais envolvidos na ação educativa do ensino médio;

4. Rede física: Reordenamento da rede física para garantir as características da nova escola de ensino médio;

5. Valorização do aluno: Garantia do espaço para atuação do aluno, visando a torná-lo autor e ator, no mesmo processo educativo; e

6. Fortalecimento Institucional: Desenvolvimento de uma gestão de qualidade integrada pelos órgãos de nível central, intermediário e local envolvidos no ensino médio.

Para a execução do Projeto “A Nova Escola do Ensino Médio”, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal priorizou os componentes e subcomponentes, como se seguem:

1. Componente: Desenvolvimento Curricular. Subcomponentes: Implementação da Proposta Curricular, Perfil do aluno e Materiais de ensino e de aprendizagem;

2. Componente: Valorização dos Profissionais da Educação. Subcomponentes: Formação dos profissionais da educação e Incentivo aos profissionais da educação.

3. Componente: Rede Física. Subcomponentes: Reordenamento da rede física, Expansão e recuperação da rede física, Ampliação e recuperação de salas de aula, de laboratórios, construção de espaços complementares e construção de escolas e Equipamento da rede física.

4. Componente: Valorização do aluno. Subcomponente: Protagonismo juvenil.

5. Componente: Fortalecimento Institucional: Subcomponentes: Sistema de informação em rede e Suporte ao funcionamento dos órgãos centrais e intermediários.

Definidos e priorizados os Componentes, a SEDF, com base no Plano do Ensino Médio – PEM, estimou o custo do Projeto de Investimento, agregado, por componente, segundo as categorias de gastos definidas para o Programa, no período de 2001 a 2003, no total de R$14.623.547,40 (quatorze milhões seiscentos e vinte e três mil, quinhentos

e quarenta e sete reais e quarenta centavos) – em valores nominais – distribuídos como se seguem:

1. Desenvolvimento Curricular: A previsão da despesa para este componente para o referido triênio foi de R$ 4.205.359,57 sendo: R$ 4.062.079,57 destinados a despesas com material e instrumentos de apoio educacional; R$ 23.400,00 para outros serviços e R$ 119.880,00 para consultorias, representando o valor percentual de 28,76% do montante previsto para o referido Projeto.

2. Valorização dos Profissionais da Educação: Componente estimado em R$ 2.020.933,60, assim distribuídos: R$ 473.258,60 para capacitação; R$ 131.175,00 para materiais e instrumentos de apoio educacional e R$ 1.416.500,00 para outros serviços e consultoria. Representando 13,82% do custo total do Projeto.

3. Reordenamento da Rede Escolar: R$ 7.482.832,23 são o custo estimado deste componente que tem como finalidade a otimização dos espaços existentes e a criação de novos, visando à universalização gradativa do atendimento ao ensino médio. Relativamente ao valor total do Projeto, o reordenamento da rede escolar equivale a 51,17%. Do total deste componente, R$ 6.761.042,72 são o custo com a infra-estrutura da rede física, destinado à recuperação, adaptação, reforma, ampliação e construção de unidades escolares e R$ 721.789,51 é a previsão de despesa com mobiliários e equipamentos, com o fim de prover os novos espaços relativos à expansão da Rede.

4. Valorização do aluno: O custo deste componente está estimado em R$ 188.796,00, representando 1,29% do Projeto. São despesas destinadas a apoiar

as ações que possibilitem o protagonismo juvenil no projeto pedagógico das escolas; a adoção de mecanismos de premiação de projetos inovadores e bem sucedidos. Do total deste componente, R$ 117.755,00 destinam-se à compra de mobiliário e equipamentos; R$ 12.516,00 a materiais e instrumentos de apoio educacional; R$ 45.525,00 destina-se a despesas com viagens, à título de premiações e R$ 13.000,00 estão previstos para serviços de consultoria.

5. Fortalecimento Institucional: Para este componente o custo estimado foi de R$ 725.626,00, significando 4,96% do custo total do Projeto. As despesas com serviços de consultoria importam em R$ 84.900,00 e para despesas com provisão de equipamentos e mobiliários, foi estimado o valor de R$ 639.298,00 e, para diárias e transporte, R$ 1.428,00.

A responsabilidade pela execução do Projeto é, em primeira instância, do Grupo Gerencial criado pela Portaria no. 40, de 22/03/2000. Nos diferentes níveis da administração, são responsáveis pela execução do Plano de Investimento, em nível central, a Diretoria de Educação Média e Tecnológica, diretamente subordinada à Subsecretaria de Educação Pública; em nível intermediário, as 14 Gerências Regionais de Ensino; e em nível local, as escolas que oferecem ensino médio.

É importante destacar que os recursos oriundos do Convênio BID/MEC/SEDF devem ser incluídos no orçamento do Governo do Distrito Federal e aplicados de acordo com o Plano Operativo Anual – POA aprovado.

A tabela 13 apresenta um resumo do Projeto de Investimentos de acordo com as despesas estimadas para cada componente. É evidente a ênfase dada ao Reordenamento da Rede Escolar, que teve como programação de despesas 51,17% do total geral destinado ao desenvolvimento do Programa.

Tabela 13 - Despesas Estimadas - Projeto de investimento PROMED/SEDF

Fonte: Projeto de Investimento PROMED/SEDF 2001.

Em segundo lugar em importância ficou o componente Desenvolvimento Curricular, com quase 50% menos que o item infra-estrutura, este componente teve programado para suas despesas 28,76% do valor total orçado para o programa.

O componente Valorização do dos Profissionais da Educação ficou em terceiro lugar, com 13,82% dos recursos, o item Fortalecimento Institucional, com 4,96% ficou em quarto lugar e, por último, com apenas 1,29% encontra-se o componente valorização do aluno.

3.9.2 O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio – O Projeto Escola Jovem na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – A Execução

Como visto, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal assinou o 1o Convênio BID/MEC/SEDF no ano de 2001, o Convênio 097/2001, que está em vigor até a

Componente Previsão de Despesa (Valores Nominais) Previsão de Despesa (Valores de 2004 IGP- DI/FGV) % Desenvolvimento Curricular R$ 4.205.359,57 R$ 6.412.332,27 28,76%

Materiais e Instrumentos de Apoio Pedagógico R$ 4.062.079,57 R$ 6.193.858,93 96,59%

Outros Serviçõs R$ 23.400,00 R$ 35.680,32 0,56%

Consultoria R$ 119.880,00 R$ 182.793,02 2,85%

Valorização dos Profissionais da Educação R$ 2.020.933,60 R$ 3.081.519,55 13,82%

Capacitação R$ 473.258,60 R$ 721.624,71 23,42%

Materiais e Instrumentos de Apoio Pedagógico R$ 131.175,00 R$ 200.015,64 6,49%

Outros Serviços e Consultoria R$ 1.416.500,00 R$ 2.159.879,20 70,09%

Reordenamento da Rede Escolar R$ 7.482.832,23 R$ 11.409.822,58 51,17%

Infra-Estrutura da Rede Física R$ 6.761.042,72 R$ 10.309.237,94 90,35%

Mobiliários e Equipamentos R$ 721.789,51 R$ 1.100.584,64 9,65%

Valorização do Aluno R$ 188.796,00 R$ 287.876,14 1,29%

Mobiliários e Equipamentos R$ 117.755,00 R$ 179.552,82 62,37%

Materiais e Instrumentos de Apoio Pedagógico R$ 12.516,00 R$ 19.084,40 6,63%

Viagens R$ 45.525,00 R$ 69.416,52 24,11% Consultoria R$ 13.000,00 R$ 19.822,40 6,89% Fortalecimento Institucional R$ 725.626,00 R$ 1.106.434,52 4,96% Consultoria R$ 84.900,00 R$ 129.455,52 11,70% Mobiliários e Equipamentos R$ 639.298,00 R$ 974.801,59 88,10% Diárias e Transporte R$ 1.428,00 R$ 2.177,41 0,20% Total Geral R$ 14.623.547,40 R$ 22.297.985,08 100,00%

data atual, no 6o Termo Aditivo. Neste Convênio, o BID ficou responsável por 60% dos recursos e o GDF por apenas 40%, distorção corrigida no 2o Convênio, o Convênio 026, assinado em abril de 2004 e com execução simultânea ao Convênio 097/2001, que ainda não foi concluído. Neste segundo Convênio, o BID ficou responsável por 40% e o GDF por 60%, como era previsto inicialmente, do montante de R$ 2.300.000,00.

É importante esclarecer que a primeira fase do Projeto – Subprograma que propõe a implementação de Projetos de Investimentos (PI) das Unidades Federadas (UF) para o melhoramento e expansão do ensino médio – que está em execução, foi dividida em três fases, cada fase um convênio. A primeira fase foi o Convênio 097/2001, que ainda está em execução, a segunda fase é o Convênio 026, assinado em 2004, também em execução. A terceira fase irá se iniciar antes do término da segunda, mas ainda sem previsão.

Sobre os investimentos feitos com os recursos do Promed, a DEMTEC afirma que:

“O investimento previsto no PROMED envolve tudo, desde a capacitação do professor, melhoria das condições de trabalho do professor com a aquisição de equipamentos de informática, de áudio, vídeo, som, de material didático, paradidático, livros, cd rom, fitas, tudo o que puder enriquecer, melhorar a prática pedagógica programa-se a aquisição. Construção e ampliação de escolas, foi mais para o início. Hoje, o ensino médio se estabilizou, não tem aquela expansão toda. Porque, no inicio, tinha-se, sim, o “boom”, aquela expansão que chegou a não ter espaço para abrigar alunos. Teve-se que usar pedacinhos de escolas classe, de escolas de ensino fundamental, atualmente não está 100% corrigido, mas já se corrigiu bastante dessas distorções. Parte disso foi feito com o dinheiro do PROMED e o restante o GDF está arcando aos poucos com esses ajustes”.

Ainda segundo a DEMTEC, as ações de maior impacto foram a ampliação/construção de cinco salas de aula e uma reforma em uma das escolas exclusivas de ensino médio. Destacam-se também algumas capacitações, que alcançaram muitos professores.

No entanto, foi percebido como uma grande dificuldade para a execução eficaz do Programa uma grande evasão dos professores do ensino médio nos cursos de capacitação oferecidos. Segundo a DEMTEC, foi oferecido um curso à distância, com os recursos do Promed, onde no início, tinha-se dez turmas de aproximadamente trinta professores, e, ao final, menos de 50% dos professores concluíram a capacitação: “O curso foi oferecido à distância, com 180 horas, uma carga horária razoável, mas poucos professores tiveram a persistência de chegar até o final”, afirmou uma das dirigentes do Programa na DEMTEC.

Como se pode observar, as ações foram muito modestas, inclusive, conforme se verá, pelos atrasos dos recursos. Estabelece-se então um hiato entre o pretendido e o realizado, perdendo-se o vigor de um possível impacto e a realização de ações necessárias à renovação do ensino médio.

Além da evasão dos professores, foi relatado pela DEMTEC como outras grandes dificuldades na execução do Convênio as excessivas regras e os trâmites burocráticos impostos pelo BID para as licitações. O referido Banco exige que as compras sejam feitas exatamente como programadas, mas, segundo relatos, isso não acontece:

“Por exemplo, eu programei hoje comprar um microcomputador por R$ 3.000, daqui a dois meses esse microcomputador já não custa mais R$3.000. Então, nós não temos a flexibilidade de adquirir o microcomputador pelo valor atualizado, mesmo que o dinheiro seja da contrapartida [...] Temos que primeiro

submeter à apreciação do MEC e eles, por sua vez, à do BID, para que essa aquisição seja feita, o que deixa lento o processo”.

Trata-se de legislação e normas talhadas para retardar e dificultar o gasto público, combatendo o déficit governamental. No entanto, os resultados são contraproducentes porque as despesas realizadas a conta-gotas deixam de gerar os impactos esperados. Em outras palavras, as restrições podem sair mais caras.

Outra dificuldade relatada foi a programação de muitas ações para um convênio só. Ações muito picadas, numerosas e simultâneas, que não tornavam viáveis suas execuções. Buscou-se corrigir esta dificuldade no segundo Convênio, estabelecendo-se menos ações, mas de impacto e que causem realmente mudança. Tem-se, então, seis ou sete grandes ações para o novo Convênio. Tal dificuldade fica clara no relato de uma das dirigentes do Promed na DEMTEC:

“Por exemplo, eu comecei um processo para adquirir livros, coloquei todos os livros naquele processo. Aí, vai lá na licitação compram cinco livros, aí volta para mim, pagam a empresa, depois volta e inicia um novo processo de licitação para comprar o restante. Tem falhas, às vezes, aparecem algumas empresas para participar da licitação que não têm todos aqueles livros, ou então ocorre falha na descrição da licitação. Hoje, nós não temos mais tanto esse problema na publicação do edital, mas já tivemos muito. Por exemplo, publicar material de laboratório de física, química e biologia como se fosse material de laboratório de análises clínicas. Então, isso já é uma falha; quando ocorre, tem que começar todo o processo para poder corrigir na hora da publicação, porque as empresas que vão aparecer com esse processo de licitação são as de laboratório de análises clínicas. Por isso, muitas vezes, ocorrem falhas, ou na descrição de material, ou na alteração de preço, fazendo com que o material tenha que voltar. Nesse meio tempo, nós já tivemos três períodos

de eleição onde os processos têm que, de certa forma, tramitar mais devagar porque o governo federal não pode fazer repasse nenhum para os estados e Distrito Federal, por conta da lei de orçamento, que não permite fazer repasses em período eleitoral. Então, a gente tem que dar uma brecada nos processos; aí acaba que um processo que estava lá atrás começa a tramitar com um que está lá na frente, todos esses problemas atrapalham”.

Sobre o relacionamento da SEDF com o MEC, afirmou-se que já foi mais difícil, mas que hoje está bem mais tranqüilo: “Eles estão mais acessíveis, estão mais próximos de nós, estão com mais vontade de acertar junto com a gente”, afirma uma das dirigentes do Promed na DEMTEC.

Apesar das dificuldades apresentadas, a DEMTEC avalia positivamente a execução do PROMED no Distrito Federal, o que fica claro no relato de uma das dirigentes do Promed na DEMTEC:

“O ensino médio não tinha nada, as ações voltadas para o ensino médio eram mínimas. Existiam, mas eram tão raras que os governos, de um modo geral, não estavam preparados para a execução. Não existia programação para o ensino médio inicialmente. Esse projeto ajudou e ajuda bastante. Nesse novo convênio, nós temos, além de uma capacitação em nível de pós-graduação, a aquisição de equipamentos de informática para montagem de laboratórios de informática, que é um anseio não só dos alunos, mas também dos professores, e de um modo geral, não só do Distrito Federal, mas do Brasil todo. Está muito voltado para essa questão da tecnologia de um modo geral. Uma outra aquisição feita foi de equipamentos que a gente chama de multimídia, projetor multimídia, retroprojetor, dvd, vídeo cassete, televisões, vídeos, todos esses equipamentos que fazem diferença na prática pedagógica, que ajudam bastante. Então, tudo isso aí já está previsto, alguns já foram adquiridos, tanto para as Regionais de ensino, como para o órgão

central e para as escolas. Então, fez muita diferença sim, aqui para nós mudou muito a nossa prática de promover encontros, fóruns, reuniões, com os equipamentos que nós adquirimos pelo Promed”.

Compreende-se que estes recursos, apesar de poucos, representam um aporte considerável para um nível de ensino que não tem verbas próprias e que tem vivido, em grande parte, como anexo do ensino fundamental. Todavia, os reformantes parecem contentar-se com pouco. A ênfase às tecnologias leva a algumas indagações: Elas estão sendo efetivamente usadas por professores e alunos? Os docentes estão preparados para isto? Quais os resultados das ações empreendidas?

A título de ilustração, o gráfico 25 apresenta uma comparação do que foi previsto e o que foi executado no Convênio 097/2001 do Promed. Por ele é possível perceber que, apesar do Convênio 097/2001 ter sido programado para execução no triênio 2001/2002/2003, ainda existem componentes com menos de 50% de suas ações executadas, como é o caso do Desenvolvimento Curricular que teve, até a presente data, apenas 46,88% de sua programação comprovada. Já o componente Rede Física empenhou, até a presente data, 29,32% mais do que foi programado, fato que se justifica pela alteração nos preços dos itens adquiridos, uma vez que ainda se encontram itens em fase de re-licitação, que não foram adquiridos.

Os componentes Valorização dos Profissionais da Educação, Valorização do Aluno e Fortalecimento Institucional, tiveram, respectivamente 91,62%, 97,42% e 79,55 de suas programações comprovadas. Assim, enquanto a previsão enfatiza o desenvolvimento curricular, as pessoas e a essência da reforma, a execução acaba por dar predominância à rede física e aos problemas de expansão mais que de aperfeiçoamento. Ou seja, trata-se de usar os recursos sobretudo para atender à urgência de novas vagas.

Gráfico 25 - Execução Orçamentária Promed Convênio 097/2001

Fonte: DEMTEC, 2005.

Destaca-se que, do montante de R$ 2.394.941,25, previsto inicialmente para a execução do Convênio 097/2001, foi comprovado, até fevereiro de 2005, a execução de apenas R$ 1.756.710,38, o que corresponde a 73,35% do que foi inicialmente previsto para esta primeira fase do Programa.

É importante destacar aqui que apesar da contribuição que o Programa trouxe para o ensino médio no Distrito Federal, os valores aplicados, se considerados na individualidade de cada aluno, não são significativos, girando em torno de R$ 18,29, com base no previsto, e R$ 12,66 se considerarmos apenas o que já foi efetivamente utilizado.

O gráfico 26 mostra a distribuição dos recursos executados entre os diversos componentes da primeira fase do Programa – Convênio 097/2001. Nele é possível perceber que o componente Desenvolvimento Curricular é o que mais dispõe de recursos, ficando com