• Nenhum resultado encontrado

Tributação. Economia p/ SEFAZ-MG Profs. Jetro Coutinho e Paulo Ferreira. 1 de 97

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Tributação. Economia p/ SEFAZ-MG Profs. Jetro Coutinho e Paulo Ferreira. 1 de 97"

Copied!
97
0
0

Texto

(1)

Tributação

Economia p/ SEFAZ-MG

Profs. Jetro Coutinho e Paulo Ferreira

(2)

Sumário

SUMÁRIO ...2

TRIBUTAÇÃO ... 4

O MELHOR SISTEMA TRIBUTÁRIO EXISTE?... 4

Princípio da Equidade ... 4

Princípio da Progressividade ... 8

Princípio da Neutralidade ... 11

Princípio da Simplicidade ... 12

TIPOS DE TRIBUTOS ... 13

Tributos Reais x Tributos Pessoais ... 13

Tributos Diretos e Tributos Indiretos ... 13

Tributos proporcionais, regressivos e progressivos ... 15

Tributos Cumulativos e Não Cumulativos (sobre Valor Agregado) ... 15

Lump-Sum Tax e Excise Tax ... 17

QUEM PAGA O PATO? ... 18

A Demanda ... 18

A Oferta ... 23

O Equilíbrio ... 26

Existem bens sensíveis e isso não significa que eles se magoam fácil... 30

Como funcionam as elasticidades ... 31

A Elasticidade-preço da Demanda (EPD) ... 34

O lado da oferta, com a Elasticidade-preço da Oferta! ... 40

Incidência Tributária ... 41

Incidência Tributária em um mercado monopolista ... 45

E se fosse um subsídio? ... 46

CALCULANDO A INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. ... 48

CURVA DE LAFFER ... 51

QUESTÕES COMENTADAS PELOS PROFESSORES ... 53

LISTA DE QUESTÕES ... 80

GABARITO ...94

RESUMO DIRECIONADO ... 95

(3)

Fala aê, povo! Como estão?

Hoje, estudaremos a visão da Economia sobre o poder que o governo tem de tributar.

Vamos nessa?

(4)

Tributação

O melhor sistema tributário existe?

Sejamos sinceros: NINGUÉM gosta de pagar impostos. O que a sociedade faz é simplesmente tolerar o pagamento de impostos1.

Em maior ou menor grau, os tributos sempre estão presentes: há países cuja carga tributária chega a mais de 50% da riqueza do país. Há outros que cobram pouco mais de 10%. Aqui no Brasil, nossa carga tributária chega a 36% da nossa riqueza. Isso significa que você trabalha de 1º de Janeiro até mais ou menos dia 10 de Maio apenas para pagar os impostos que o governo brasileiro exige da gente.

Pelo menos na teoria, o Governo angaria esses recursos para poder cumprir com suas funções de prover segurança e políticas públicas. De fato, a principal fonte de receita do setor público é arrecadação tributária.

De forma geral, quanto maior o “tamanho” do Estado, isto é, quanto maior for o Bem-Estar Social que o Estado é instado a oferecer, maior o nível da carga tributária do Governo. Por outro lado, se o Estado tiver poucas obrigações, a carga tributária pode ser menor. Mas é fato que todo governo cobra impostos.

No entanto, há diversas formas de o Governo cobrar impostos. Será que o governo tributa mais os ricos ou os pobres? O governo cobra mais impostos sobre a renda das empresas e das pessoas ou sobre o consumo?

Bom, se há diversas formas de impor tributos, qual seria a “melhor” forma? Alguns vão dizer que o melhor sistema tributário é o que não existe. Outros vão dizer que, já que os impostos são inevitáveis, é melhor pelo menos que ele siga alguns princípios: equidade, progressividade, neutralidade e simplicidade. Estes princípios são chamados de Princípios Teóricos de Tributação. Vamos, então, ver cada um deles.

Princípio da Equidade

O princípio da equidade é a ideia de que a distribuição do ônus tributário (o tanto que cada pessoa paga de tributos) deve ser isonômica entre os indivíduos de uma sociedade.

Isto significa que cada pessoa deve pagar o montante de tributos que é considerado “justo” ou “razoável”.

É claro que a definição do que seja “justo” ou mesmo “razoável” não é objetiva. Alguns países vão considerar que o justo é 30% da renda. Outros, que o justo é 50% da renda. E outros, que o justo é 10% da renda.

Enfim, a definição do que seja justo ou razoável varia de acordo com aspectos culturais, econômicos, políticos, o tamanho do Estado, o tanto que sua população exige do Governo, etc.

1 Juridicamente, há diferença entre impostos e tributos. Aqui no curso, como o nosso viés é econômico, não faremos essa diferenciação conceitual existente no Direito, ok?

(5)

De qualquer forma, há alguns parâmetros para que possamos compreender melhor o que significa um ônus tributário “justo”. Esses parâmetros são: o princípio do benefício e o princípio da capacidade de pagamento, que derivam do princípio da equidade.

Princípio do Benefício

Em tese, o Estado arrecada os impostos para ofertar bens e serviços públicos à população. A ideia do princípio do benefício é bem simples: paga mais imposto quem for mais beneficiado pelos bens e serviços públicos que o governo oferece.

Ou seja, o indivíduo deveria contribuir com uma quantia proporcional aos benefícios gerados pelo consumo dos bens e serviços públicos.

Imagine que um governo X institua um tributo sobre as pessoas que moram perto de um parque público, com a finalidade de manter o parque sempre funcionando. Neste caso, é razoável entender que as pessoas que moram perto do parque se beneficiam mais dele (vão correr no parque, andar de bicicleta com as crianças, possuem um ar mais limpo por causa das árvores, etc). Segundo o princípio do benefício, como as pessoas que moram perto do parque usufruem mais dele, elas poderiam pagar por isso.

Vamos a um outro exemplo, imaginando que o governo institua um tributo sobre combustíveis. Este tributo seria usado para a conservação e construção de estradas. Bom, como o tributo incide sobre os combustíveis, é fácil concluir que os motoristas que usarem mais os seus carros, usam mais as estradas, gastam mais combustíveis e, no fim, vão pagar mais esse tipo de imposto. Repare que o motorista que mais usa a estrada, paga mais imposto, portanto, o princípio do benefício foi observado.

Um terceiro exemplo sobre o princípio do benefício seria a previdência social, em que o valor da aposentadoria (benefício) será calculado com base nas contribuições pagas (o tributo). Ou seja, quanto maior for o seu benefício, maior será o montante de tributos pagos. Quem usufruiu mais, paga mais.

A grande questão com o princípio do benefício, é que é difícil definir o tipo de benefício que os consumidores querem. Isso porque cada parcela da sociedade pode preferir um benefício diferente. Uma parte pode requerer boas estradas, mas outra parte pode querer a priorização da preservação do meio ambiente. Como é impossível atender a toda a sociedade simultaneamente, o governo precisa priorizar. Mas o governo priorizará o que? Isto é, que tipo de bem/serviço público o governo ofertará mais?

Esse tipo de questão implica que o princípio do benefício é de difícil implementação, pois o governo não sabe quais as preferências dos indivíduos, ou seja, o governo não sabe o que os indivíduos preferem receber de bens e serviços públicos. Daí a necessidade de o Governo conhecer essas preferências dos consumidores pelo processo eleitoral. Ao eleger seus representantes, a sociedade manifesta o tipo de bem/serviço público que a interessa mais (se mais incentivo à Cultura, se menos incentivo à Cultura, se mais impostos, se menos impostos, se mais Estado, se menos Estado, etc).

Mesmo após o processo eleitoral, o princípio do benefício continua de difícil implantação, pois a parcela da população que não teve êxito em eleger seus representantes ainda continuará demandando do Estado.

Em outras palavras, a sociedade tem múltiplos interesses e, como as preferências entre os indivíduos são diferentes, não se pode aplicar uma fórmula tributária geral para a sociedade como um todo.

(6)

Mesmo no caso dos motoristas que pagam impostos sobre combustível, podemos questionar se o princípio do benefício foi atendido, pois cada motorista pode ter um perfil diferente: um gosta mais de viajar do que outros, por exemplo.

As diferentes preferências entre os indivíduos da sociedade são um fator que dificulta a implementação total do princípio do benefício.

Uma outra dificuldade com a aplicação deste princípio é que em alguns tipos de serviços públicos que o Estado oferece não é possível ver o quanto cada pessoa usufruiu. Ou seja, é difícil verificar o quanto que cada pessoa se beneficia do bem/serviço público.

Por exemplo, neste exato momento em que você está lendo esta aula, tem um soldado na fronteira do Brasil fazendo a segurança das nossas fronteiras, uma das formas de exercer a segurança nacional.

Ao aplicar o princípio do benefício, temos que quem usufruiu mais da segurança nacional no último mês, deveria pagar mais por ela. Quem usufruiu menos da segurança nacional, deveria pagar menos. Mas como saber exatamente quanto cada cidadão brasileiro usufruiu de segurança nacional no último mês? Difícil responder, né?

Vamos a um outro exemplo. Aí na sua rua, tem um poste que ilumina a rua, a chamada iluminação pública.

Pela lógica do princípio do benefício, quem consumiu mais iluminação pública, deve pagar mais. Quem consumiu menos iluminação pública, deve pagar menos. O problema, no entanto, é o mesmo: como saber exatamente quanto cada pessoa aí da sua rua desfrutou da iluminação pública?

E aí, se não sabemos exatamente o quanto cada pessoa se beneficiou, não sabemos o quanto cobrar de cada uma delas. E isso, é óbvio, dificulta a aplicação do princípio do benefício.

As características de alguns bens/serviços públicos podem fazer com que não seja possível mensurar adequadamente o benefício de cada indivíduo. Isso dificulta a aplicação do princípio do benefício.

Existem algumas situações nas quais a aplicação do princípio do benefício é mais fácil. Isso ocorre quando é possível financiarmos os serviços públicos por meio de entradas, tarifas ou taxas de utilização, como o preço da passagem do transporte público, a taxa de energia elétrica da sua casa ou a taxa de água. Nestes casos, é possível internalizar o consumo (isto é, ver quanto cada pessoa usufruiu do benefício) e cobrar de acordo.

Princípio da Capacidade de Pagamento

O princípio do benefício pode ser utilizado para o financiamento de alguns serviços que o governo presta.

Mas, somente por ele, não podemos formular uma regra geral para a estrutura tributária. Isto ocorre porque as atividades que podem ser tributadas pelo princípio do benefício não são muitas, de forma que a grande parte da arrecadação tributária do governo não é gerada por este princípio. Além disso, por meio do princípio do benefício, o governo está escolhendo quais bens e serviços públicos irá oferecer para a sociedade e como irá financiá-los. Não necessariamente o objetivo do governo é diminuir a desigualdade.

(7)

Diferentemente, o princípio da capacidade do pagamento tem como objetivo principal reduzir a desigualdade. De acordo com este princípio, quem tem maior capacidade de pagamento, deve pagar mais.

A capacidade de pagamento de uma pessoa pode ser baseada em basicamente três coisas: renda, consumo e propriedade (riqueza). Ou seja, quem tem mais renda, tem maior capacidade de pagar tributos e, por isso, segundo o princípio da capacidade, deve pagar mais. Da mesma forma, quem consome muito, compra mais coisas e também possui maior capacidade, e pode pagar mais. Além disso, se uma pessoa tem muitas propriedades, também possui maior capacidade de pagamento.

Ao separar as pessoas com base em sua capacidade de pagamento, o governo consegue melhorar a distribuição de renda na sociedade. Isso porque o governo se preocupa com a equidade horizontal e a equidade vertical.

A equidade horizontal significa que os contribuintes com a mesma capacidade de pagamento devem pagar o mesmo nível de impostos. Já a equidade vertical significa quando as capacidades de pagamento forem diferentes (maiores ou menores), o pagamento de impostos também deve ser diferente (maiores ou menores).

A equidade horizontal significa que os contribuintes com a mesma capacidade de pagamento devem pagar o mesmo nível de impostos. Já a equidade vertical significa quando as capacidades de pagamento forem diferentes (maiores ou menores), o pagamento de impostos também deve ser diferente (maiores ou menores).

Os economistas, no entanto, debatem sobre qual seria a melhor forma de medir a capacidade de pagamento:

se pela renda, pelo consumo ou pela propriedade (riqueza).

Alguns vão dizer que a renda é um melhor indicador da capacidade de pagamento, já que, como todo mundo tem renda, a base que o governo pode tributar é mais ampla.

Outros vão dizer que a melhor base é o consumo vão dizer que quando você tributa a renda, as pessoas poupam menos e investem menos. Poupar e investir menos é ruim para a economia porque a sociedade só vai produzir mais se houver investimento e poupança. Com menos poupança, há menos investimento, e, portanto, a sociedade produz menos bens e serviços e, assim, fica mais pobre.

No entanto, a renda é o fator preferido. Imagine que uma pessoa ganhe 10.000 reais por mês e compre um produto cujo imposto é 100. Neste caso, o imposto que a pessoa pagou representa 1% da sua renda (100/10000).

Agora vamos supor que uma pessoa ganhe 1.000 reais por mês, compre o mesmo produto e pague o mesmo imposto. Neste segundo caso, o imposto representa 10% da renda da pessoa (100/1000).

Ou seja, perceba que tanto a pessoa mais pobre (que ganha 1.000) quanto a mais rica (que ganha 10.000) pagam o imposto, mas a pessoa mais pobre paga mais proporcionalmente do que o rico (o pobre paga 10% da sua renda e o rico apenas 1%). Os impostos sobre consumo costumam apresentar este tipo de problemática, pois tanto o rico quanto o pobre consomem.

Já a renda é mais pessoal e mais fácil de identificar. Pode-se facilmente cobrar mais do indivíduo mais rico e menos do indivíduo menos rico. Justamente por conta deste fator é que a riqueza também não é o melhor

(8)

indicador para a capacidade para pagamento. As pessoas que tem maior propriedade são as que tem mais renda, portanto, tributando a renda, estamos tributando, indiretamente, a propriedade.

No entanto, mesmo adotando a renda como principal parâmetro para aferir a capacidade de pagamento, a maioria dos países do mundo tributa a renda e o consumo e também as propriedades. Ou seja, tributa tudo!

Sahushuah

Princípio da Progressividade

Vimos no princípio da equidade (que se subdivide em princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento), que a distribuição do ônus tributário deve ser equitativa (“justa) em uma sociedade.

O princípio da progressividade nos ajuda a operacionalizar o princípio da equidade e a torna-lo mais prático.

O que o princípio da progressividade estabelece é que a pessoa que recebe mais renda deve pagar uma proporção maior da sua renda do que os mais pobres.

A chave do conceito aqui é a palavra “proporção”.

Imagine dois indivíduos, Jetro e Paulo. Imagine que Jetro tem renda de 5.000 e Paulo tenha renda de 10.000.

portanto, Paulo é mais rico que Jetro. Agora imagine que o governo está estudando uma forma de tributar a renda de Paulo e Jetro e o governo tem três cenários possíveis.

Cenário 1: Cobrar a mesma alíquota (mesmo percentual dos dois).

Vamos supor, então, que o governo decida cobrar a mesma coisa tanto de Paulo quanto de Jetro: uma alíquota de 10% sobre a renda. Neste caso, teremos o seguinte:

(9)

Indivíduo Renda Alíquota do governo Montante de imposto pago pelos contribuintes

Jetro 5.000 10% 500

Paulo 10.000 10% 1000

Repare que Paulo, por ter mais renda, paga mais imposto do que Jetro. Mas, se pegarmos o tanto de imposto que Paulo paga (1000) e dividirmos pela sua renda (10.000) veremos que Paulo paga de imposto 10% da sua renda.

Se pegarmos o tanto de imposto que Jetro paga (500) e dividirmos pela sua renda (5.000), veremos que Jetro também paga de imposto 10% da sua renda.

Ou seja, tanto Jetro quanto Paulo pagam 10% da sua renda. Ou seja, apesar de terem rendas diferentes, Jetro e Paulo pagam os mesmo 10%, ou seja, pagam a mesma proporção de impostos. Isso acontece porque um sistema tributário proporcional estabelece a mesma alíquota para diferentes níveis de renda.

Portanto, se o governo escolher o cenário 1 para tributar a renda de Jetro e Paulo, ele estará escolhendo uma tributação proporcional (pois Jetro e Paulo, apesar de possuírem rendas diferentes, pagarão a mesma proporção de suas rendas).

Um sistema tributário é proporcional quando, apesar das diferenças entre as rendas, as pessoas pagam de tributos, a mesma proporção de suas rendas.

Cenário 2: Cobrar alíquotas mais baixas de quem tem mais renda

Diferentemente do cenário 1, o governo pode estabelecer alíquotas mais baixas para quem tem mais renda.

Vamos supor, então, que o governo decida cobrar 20% de Jetro e 10% de Paulo.

Indivíduo Renda Alíquota do governo Montante de imposto pago pelos contribuintes

Jetro 5.000 20% 1000

Paulo 10.000 10% 1000

Repare que Paulo, mesmo tendo mais renda, paga o mesmo tanto de imposto que Jetro. Mas, se pegarmos o tanto de imposto que Paulo paga (1000) e dividirmos pela sua renda (10.000) veremos que Paulo paga de imposto 10% da sua renda. Se pegarmos o tanto de imposto que Jetro paga (1000) e dividirmos pela sua renda (5.000), veremos que Jetro paga de imposto 20% da sua renda.

Ou seja, mesmo tendo renda mais baixa, Jetro paga proporcionalmente mais que Paulo (Jetro paga 20% da renda e Paulo apenas 10%). Repare que Jetro foi “penalizado” por ter renda menor: ele vai pagar

(10)

proporcionalmente mais renda do que Paulo. Portanto, como Jetro e Paulo possuem rendas diferentes, eles vão pagar proporções diferentes de renda. Só que Jetro pagará 20%, mas Paulo pagará 10%. Repare que Jetro para proporcionalmente mais do que Paulo. Ou seja, o mais pobre (Jetro) pagará proporcionalmente mais.

Quando temos um sistema tributário com essa característica (o mais pobre paga proporcionalmente mais), dizemos que este sistema tributário é regressivo.

Um sistema tributário é regressivo quando as pessoas de menor renda pagam proporcionalmente mais tributo.

Portanto, se o governo escolher o cenário 2 para tributar a renda de Jetro e Paulo, ele estará escolhendo uma tributação regressiva (pois quanto maior a renda, menor proporcionalmente será a tributação a que uma pessoa estará sujeita. Ou seja, quanto maior a renda, mais regressiva será a tributação).

Cenário 3: Cobrar alíquotas mais altas de quem tem mais renda

Mas o governo pode estabelecer alíquotas mais altas para quem tem mais renda. Vamos supor, então, que o governo decida cobrar 10% de Jetro e 20% de Paulo.

Indivíduo Renda Alíquota do governo Montante de imposto pago pelos contribuintes

Jetro 5.000 10% 500

Paulo 10.000 20% 2000

Repare que Paulo, por ter mais renda, paga mais imposto do que Jetro. Mas, se pegarmos o tanto de imposto que Paulo paga (2000) e dividirmos pela sua renda (10.000) veremos que Paulo paga de imposto 20% da sua renda.

Se pegarmos o tanto de imposto que Jetro paga (500) e dividirmos pela sua renda (5.000), veremos que Jetro também paga de imposto 10% da sua renda.

Ou seja, enquanto Paulo paga 20% da sua renda na forma de impostos, Jetro paga apenas 10%. Repare que Paulo foi “penalizado” por ter renda maior: ele vai pagar proporcionalmente mais renda do que Jetro. Portanto, como Jetro e Paulo possuem rendas diferentes, eles vão pagar proporções diferentes de renda. Jetro pagará 10%, mas Paulo pagará 20%. Repare que Paulo paga proporcionalmente mais do que Jetro.

Um sistema tributário é progressivo quando as pessoas de maior renda pagam proporcionalmente mais tributo.

(11)

Portanto, se o governo escolher o cenário 3 para tributar a renda de Jetro e Paulo, ele estará escolhendo uma tributação progressiva (pois quanto maior a renda, maior, proporcionalmente, a tributação que uma pessoa estará sujeita. Ou seja, quanto maior a renda, mais progressiva será a tributação).

Pois bem, o princípio da progressividade nos diz que quem recebe mais renda deve contribuir proporcionalmente mais do que os de menos renda. Portanto, se quanto maior for a renda, maiores forem as alíquotas, mais progressivo o sistema será.

CUIDADO COM A PEGADINHA!!!!!!

Um sistema tributário progressivo NÃO é aquele no qual quem recebe mais paga mais. Um sistema tributário progressivo é aquele no qual quem recebe mais paga mais PROPORCIONALMENTE.

Repare que no primeiro cenário (10% de alíquota para Jetro e para Paulo), Paulo paga 1.000 e Jetro paga 500. Ou seja, Paulo tem mais renda e paga mais. Mas, mesmo assim, o sistema não é progressivo, já que tanto Paulo quanto Jetro pagam os mesmos 10% sobre a renda.

No cenário 3 é diferente: Jetro paga 10% da sua renda e Paulo paga 20%. Ou seja, a proporção que Paulo paga é maior que a de Jetro. Isto, sim, é um sistema progressivo.

Portanto, um sistema tributário progressivo NÃO é aquele no qual quem recebe mais paga mais. Um sistema tributário progressivo é aquele no qual quem recebe mais paga mais PROPORCIONALMENTE.

Princípio da Neutralidade

Quando o governo tributa, ele interfere na economia e isso pode gerar distorções. Se o governo, por exemplo, começar a cobrar impostos sobre o número de mensagens no whatsapp, é possível que as pessoas deixem de enviar mensagens via whatsapp. De forma semelhante, se o governo tributar mais os condomínios fechados, é possível que as pessoas deixem de comprar casas e apartamentos em condomínios fechados.

Ou seja, sempre que o governo tributa, ele interfere na economia e as pessoas reagem a isso, pois elas sempre tentarão fugir dessa tributação adicional. A questão é que essa fuga pode trazer prejuízos a economia.

Imagine o tanto de pessoas que poderiam ter suas casas próprias, mas, por causa da maior tributação em condomínios fechados, preferem continuar pagando aluguel. Imagine o tanto de empregos que deixarão de ser criados porque não serão mais construídos condomínios fechados. Ou seja, recursos que seriam alocados para construir condomínios não mais serão e isso prejudica a economia, pois mantém o desemprego alto e etc.

Repare que uma simples atitude do governo pode impactar, e muito, a economia de um país.

O princípio da neutralidade nos diz que o sistema tributário não deve provocar distorções na alocação dos recursos e nem prejudicar a eficiência econômica. Ou seja, o sistema tributário deve ser neutro, isto é, não provocar essa “fuga” das pessoas, nem prejudicar o consumo de determinados bens em detrimento de outros.

De forma geral, há consenso entre os economistas de que um imposto sobre a renda é neutro, pois este tipo de imposto reduz de forma homogênea as possibilidades de consumo. Ou seja, como a renda inteira é tributada, isso não favorece um bem e nem prejudica outro. Por isso, o imposto de renda é neutro.

(12)

Já impostos sobre o consumo não são neutros. Quando o governo decide cobrar impostos sobre combustíveis, por exemplo, ele está interferindo nos hábitos dos consumidores: algumas pessoas deixarão de comprar carros e passarão a utilizar outros meios de se locomover.

De forma semelhante, quando o governo resolve tributar mais os eletrodomésticos, ele está interferindo na escolha das pessoas: um eletrodoméstico poderia ser vendido, mas as pessoas preferem não comprar, para evitar pagar mais imposto.

Um economista chamado Joseph Stiglitz fez um estudo em 1986 quando o governo da Inglaterra cobrou uma taxa sobre as janelas, o que levou à construção de diversas casas sem janela! asuauahs

Ou seja, quando o sistema tributário é neutro, ele não interfere na escolha das pessoas sobre o que elas vão consumir ou como vão se comportar.

É claro que, em alguns casos, o objetivo do governo pode ser o de interferir nas decisões das pessoas mesmo.

O governo pode usar impostos para desincentivar certos comportamentos. Por exemplo, todo mundo sabe que bebidas alcóolicas e cigarro são bens que têm alta carga tributária. Isso ocorre porque um alto nível de imposto sobre estes bens pode ajudar a combater o número de motoristas embriagados, o que reduz a probabilidade de acidente no trânsito, ou mesmo, no caso do cigarro, melhorar a saúde da população, evitando a superlotação nos hospitais públicos.

De qualquer forma, no geral, um sistema tributário deve ser neutro.

Princípio da Simplicidade

O princípio da simplicidade nos diz que o sistema tributário deve ser simples, isto é, cobrar e pagar tributos deve ser uma tarefa fácil.

É importante que o imposto seja de fácil entendimento para quem tiver que pagá-lo. Ao mesmo tempo, a cobrança, a arrecadação e a fiscalização do imposto devem ser simples e não devem ter custos administrativos elevados demais para o governo.

Ou seja, quanto mais fácil de entender, pagar, cobrar e fiscalizar, melhor.

O sistema tributário brasileiro segue esses princípios?

De forma geral, os países desenvolvidos tributam bastante a renda e pouco o consumo. Essa disposição assegura maior equidade e progressividade (pois os indivíduos com maior renda pagam proporcionalmente mais), maior neutralidade (pois impostos sobre a renda são mais neutros que os impostos via consumo) e maior simplicidade (pois calcular e pagar imposto sobre a renda é simples).

Já o Brasil tributa pouco a renda e muito o consumo. Isso faz com que tenhamos menor equidade (já que tributos sobre o consumo penalizam quem tem renda menor), menor progressividade (pois impostos sobre o consumo são mais regressivos), menor neutralidade (impostos sobre o consumo não são neutros) e menor simplicidade (impostos sobre o consumo, no Brasil, são complexos).

Ou seja, em matéria tributária, somos um exemplo do que não fazer! Kkkkkkkkkkk

A título de exemplo, as empresas brasileiras gastam em média, 2600 horas anuais apenas para cumprir as diversas obrigações relacionadas ao pagamento de tributos. Na Venezuela são 792 horas por ano e na suíça, 63 horas.

(13)

Aqui no Brasil, todo dia são expedidas 800 normas tributárias, o que totaliza mais de 5,4 milhões de normas desde a Constituição de 1988. Definitivamente, não podemos dizer que nosso sistema segue o princípio da simplicidade.

Tipos de Tributos

Existem várias classificações econômicas sobre os tributos. Vamos a elas.

Tributos Reais x Tributos Pessoais

Os tributos reais são tributos que incidem sobre a coisa, sobre o bem. Já os tributos pessoais são tributos que incidem sobre algum fator pessoal (como renda).

Assim, o IPVA (imposto sobre veículos automotores) é um imposto real porque recai sobre o valor do carro (sobre o valor da coisa). Já o imposto de renda é um imposto que recai sobre a renda que a pessoa gera.

Tributos Diretos e Tributos Indiretos

Os tributos diretos são os que incidem sobre a renda e a propriedade (riqueza) do contribuinte. São exemplos o Imposto sobre a Renda - IR (incide sobre a renda e é cobrado pela União), o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA (incide sobre o patrimônio veículo automotor e é cobrado pelos Estados) e o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana – IPTU (incide sobre o patrimônio imobiliário urbano e é cobrado pelos municípios).

Já os tributos indiretos são os que incidem sobre a produção, sobre as vendas, sobre a circulação de mercadorias e sobre o consumo de bens e serviços. É o caso do Imposto de Importação (incide sempre que alguém aqui no Brasil consumir uma mercadoria importada. É cobrado pela União), do Imposto sobre a circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS (incide sobre a circulação de mercadorias. É cobrado pelos Estados) e o Imposto Sobre Serviços – ISS (incide sobre serviços prestados. É cobrado pelos municípios).

Dentro dos Tributos indiretos, podemos ter os tributos ad rem e ad valorem.

Os tributos ad rem (também chamados de específicos) são os tributos que incidem com um valor único sobre a coisa em si e não do valor do produto (ad rem significa “conforme a coisa”). Portanto, se for cobrado um imposto de R$ 25,00 sobre cada aula vendida pelo Direção Concursos, teremos um imposto ad rem, pois o imposto será de R$ 25,00 por aula, independentemente do valor pelo qual a aula foi vendida.

Já os tributos ad valorem (conforme o valor) dependem do valor pelo qual determinado bem/serviço está sendo vendido. Os tributos ad valorem são cobrados por uma alíquota (um percentual) que incide sobre o valor do bem. Se um tributo ad valorem tiver alíquota de 10% e o bem for vendido a R$ 50, o tributo será de R$ 5. Mas se o bem for vendido a R$ 500, o tributo será de R$ 50. Ou seja, perceba que quando o valor de venda do bem muda, o montante do tributo muda também. Estes são os tributos ad valorem.

Lembre que tanto os tributos ad rem quanto os ad valorem são subdivisões dos tributos indiretos, ok?

Bom, mas dentro dos tributos ad valorem, ainda temos mais uma subdivisão: são os tributos por fora e por dentro.

Os tributos “por fora” são os tributos ad valorem que são calculados em cima do preço da mercadoria. Neste tipo de tributo, o valor do imposto NÃO está embutido no preço. Assim, se uma mercadoria custar R$ 200,00 e um

(14)

tributo ad valorem por fora de 20% for realizado, o preço final que o consumidor pagará será de R$ 240 (200 do valor do produto mais os 40 do tributo).

O Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI (cobrado pela União) é um tipo de imposto ad valorem por fora.

Já os tributos “por dentro” são os tributos ad valorem que são cobrados sobre o preço de venda. São os chamados tributos embutidos. Imagine um consumidor for comprar um produto que custe R$ 200 e que tenha um imposto de 20% calculado por dentro. Neste caso, o consumidor vai pagar os R$ 200 (preço de venda) e o imposto será de R$ 40,00. Ou seja, o valor líquido (sem o imposto) da mercadoria seria de R$ 160 (200 da mercadoria menos 40 do imposto).

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS (cobrado pelos Estados) é um tipo de imposto ad valorem por dentro.

Qual dos dois tributos é pior? Isto é, qual dos dois onera mais o contribuinte? O imposto por dentro é muito mais oneroso, pois representa maior carga tributária. No imposto por fora que demos como exemplo, a mercadoria custa R$ 200,00 e a carga tributária é de 20% sobre o valor da mercadoria (40/200 = 0,2 = 20%). Já no imposto por dentro, a mercadoria custa 160 e o imposto é de R$ 40,00. Isto significa que a carga tributária é de 25% (40/160 = 0,25 = 25%).

Repare que, apesar do montante do imposto ser o mesmo (R$ 40,00), o imposto por dentro apresenta maior carga tributária que o imposto por fora.

Impostos ad valorem “por dentro” são impostos mais onerosos do que os impostos ad valorem “por fora”.

(15)

Tributos proporcionais, regressivos e progressivos

Já vimos essa divisão anteriormente, quando estudamos o princípio da progressividade. Vamos só dar uma relembrada:

Tributos Proporcionais são os que estabelecem a mesma alíquota para diferentes níveis de renda. Neste caso, a carga tributária será a mesma para todo mundo. Podemos até dizer que os tributos proporcionais atingem a equidade horizontal (pois pessoas com a mesma capacidade de pagamento tem o mesmo ônus tributário), mas não a equidade vertical.

Já os tributos regressivos são os que estabelecem alíquotas maiores quanto menor for a renda do contribuinte. Neste caso, menores renda pagarão proporcionalmente mais imposto do que os contribuintes de maior renda. Vale lembrar que os impostos indiretos (que incidem sobre vendas, consumo, etc) são fortemente regressivos. Se além do imposto ser indireto ele for ad valorem e por dentro, mais regressivo ainda ele será.

Por fim, os tributos progressivos são os que estabelecem alíquotas maiores quanto maior for a renda do contribuinte. Ou seja, os mais ricos pagarão montantes proporcionalmente maiores de suas rendas e, justamente por isso, o tributo progressivo se coaduna tanto com a equidade horizontal quanto com a vertical, permitindo uma melhor distribuição de renda na sociedade.

Tributos Cumulativos e Não Cumulativos (sobre Valor Agregado)

Os tributos cumulativos e não cumulativos são tributos que incidem sobre a produção. Por isso, é mais comum que analisemos eles sobre o ponto de vista da neutralidade (o tanto que eles interferem ou não na eficiência econômica).

Na maioria das vezes, a produção de um produto tem várias etapas. Um tributo cumulativo é um tributo que incide em cada etapa da produção. Por isso é chamado de “cumulativo” pois ele vai “acumulando” durante a produção. Um outro nome para o imposto cumulativo é imposto em cascata, justamente porque ele incide em todas as etapas da produção, como se fosse uma cascata.

Já o imposto não cumulativo é o que não acumula. Isto ocorre porque o imposto não cumulativo só incide sobre o valor agregado da produção.

Para entender melhor, vamos a um exemplo. Vamos pensar em uma outra economia que só produz tablets, imaginando que tablets precisam de metais e circuitos elétricos. Para produzir 1 (um ) tablet, teríamos:

Produto Valor Bruto do Produto (VBP)

Consumo Intermediário (CI)

Valor Adicionado (VBP – CI)

Metal R$ 1000,00 0 R$ 1000,00

Circuito elétrico R$ 1500,00 R$ 1000,00 R$ 500,00

Tablet R$ 2000,00 R$ 1500,00 R$ 500,00

Total R$ 2000,00

(16)

Para produzir 1 tablet, são necessários dois insumos: metal e circuito elétrico. Para produzir, o valor do metal é R$ 1.000,00. E isso soma R$ 1.000,00 no valor adicionado. Mas só o metal não adianta. Precisamos acrescentar o circuito elétrico, que vai fazer com que o valor bruto do produto suba para R$ 1500,00. Neste caso, foram adicionados R$ 500,00 de valor (os 1500 atuais menos os 1000 que já tínhamos do metal). Por fim, com metais e circuitos elétricos, conseguimos finalmente produzir o tablet propriamente dito por R$ 2000,00, acrescentando mais R$ 500,00 de valor adicionado.

Se o governo escolher um imposto cumulativo de 10%, este imposto incidira sobre cada uma das etapas da produção (sobre o valor bruto da produção). Portanto, ao adquirir o metal, teríamos R$ 100 de imposto (10% de R$ 1000). Ao acrescentarmos o circuito elétrico, teríamos mais R$ 150 de imposto (10% de 1500), por fim, ao vender os tablets, teríamos mais R$ 200 de imposto (10% de 2000). O total do imposto pago seria: 100 + 150 + 200 = 450.

Agora, se tivéssemos um imposto não cumulativo, ele incidiria apenas sobre o valor agregado (apenas sobre o valor adicionado). Neste caso, com um imposto não cumulativo de 10%, nós teríamos ao adquirir o metal R$ 100 de imposto (10% de R$ 1000). Ao acrescentarmos o circuito elétrico, teríamos mais R$ 50 de imposto (10% de 500, que é o valor adicionado da etapa do circuito elétrico), por fim, ao vender os tablets, teríamos mais R$ 50 de imposto (10% de 500, que é o valor agregado da etapa dos tablets). O total do imposto pago seria: 100 + 50 + 50 = 200.

Repare que o montante do imposto cumulativo é maior (R$ 450) do que o do imposto sobre o valor agregado (R$ 200). Isto acontece porque o imposto cumulativo “se acumula” ao longo da produção, enquanto que o imposto sobre o valor agregado, por ser não cumulativo, só tributa o que for agregado à produção.

Sobre o ponto de vista da neutralidade, fica fácil ver que o imposto cumulativo é pior, pois interfere na eficiência econômica. Isto ocorre porque, além da carga tributária maior, o imposto cumulativo faz com que as empresas tentem diminuir as etapas da produção para pagar menos imposto (quanto menos etapas, menos imposto elas geram). Ao tentar diminuir as etapas de produção, as empresas se verticalizam, pois tentam produzir tudo internamente. Isso acaba por diminuir a concorrência nos mercados.

Talvez o ideal fosse que a empresa pudesse ter várias etapas de produção e que isso levasse a um custo mais baixo, mas, para fugir do imposto cumulativo, a empresa se verticaliza, o que faz com que haja muita interferência nos mercados, o que prejudica a eficiência econômica.

Se tivéssemos impostos não cumulativos, a empresa não precisaria se integrar verticalmente. Isso acarretaria que as empresas não precisariam alterar seu comportamento de produção, o que nos diz que os impostos sobre valor agregado são mais eficientes economicamente, isto é, são mais neutros. Ou seja, é melhor um Imposto sobre Valor Agregado – IVA do que um imposto cumulativo.

Até para fiscalizar é bem melhor o IVA, pois o IVA é mais transparente. Isso ocorre porque a empresa é obrigada a registrar por quanto comprou o insumo e por quanto vendeu o bem final. Ou seja, fica mais fácil identificar qual foi o valor adicionado na produção. Alguns autores chegam a dizer que o IVA é um tributo autofiscalizado, pois as próprias empresas se interessam em registrar tudo certinho para poder pagar o montante correto.

O imposto cumulativo (em cascata) incide sobre todas as etapas de produção, é ineficiente economicamente e não é neutro. Incentiva a integração vertical das empresas e reduz a concorrência.

(17)

Já o imposto sobre valor agregado (não cumulativo) incide apenas sobre o valor adicionado na produção. É eficiente economicamente e neutro. É mais transparente e fácil de fiscalizar.

Lump-Sum Tax e Excise Tax

Ainda sobre a questão da neutralidade e a eficiência econômica dos tributos, há mais uma diferenciação que nos interessa: a entre Lump-Sum Tax e Excise Tax.

O imposto Lump-Sum é um imposto por montante único. Ocorre, por exemplo, quando o governo cobra um valor único de uma pessoa, independentemente da renda, patrimônio ou consumo. Se o governo brasileiro cobrasse R$ 200,00 por mês de todos os brasileiros, teríamos um lump-sum. Toda a sociedade arca com o custo do lump-sum.

Já o excise tax é um imposto que o governo cobra sobre alguns tipos de bens. Por exemplo, um bem X custa R$ 300,00 e o governo cobra mais 10% sobre quem comprar esse bem. Geralmente, o governo prefere esse tipo de imposto quando ele quer desincentivar que a pessoas compre determinado bem (bebidas alcóolicas ou cigarro, por exemplo). Portanto, só quem consome o produto tributado pelo excise tax arca com o este ônus tributário.

Do ponto de vista da eficiência econômica, o lump-sum tax é o mais eficiente, pois ele incide sobre todas as pessoas simultaneamente. Claro que ele não é um imposto equitativo, já que pessoas com mais renda pagarão proporcionalmente menos imposto do que os mais pobres. Mas ele é um tributo mais eficiente, pois não altera as relações de consumo, venda, produção, etc.

Já o excise tax é um imposto que incide sobre os preços dos produtos. Isso faz com que o consumidor altere seu comportamento, podendo até deixar de comprar o produto, para evitar arcar com o imposto. Fica fácil perceber que o excise tax não é um imposto neutro, pois ele interfere na decisão de consumo do consumidor.

O que as questões de concurso costumam cobrar é uma situação de comparação entre o lump sum e o excise tax. Se o governo quisesse aumentar a arrecadação tributária e deixasse o cidadão escolher, o cidadão escolheria o lump-sum ou o excise tax?

A resposta é: depende. Depende do que? Depende se o cidadão consome ou não o produto que seria taxado pelo excise tax.

Se o consumidor consome o produto que seria taxado pelo excise tax, ele vai preferir o lump sum. Isto ocorre porque como ele consome o produto que seria taxado pelo excise tax, seria melhor dividir o ônus tributário com todo mundo (pois toda a sociedade arcaria com o lump-sum).

Já se o consumidor não consome o produto que seria taxado pelo excise tax, ele prefere o excise. A resposta é óbvia: como ele não consome o produto, ele não vai pagar o excise tax, pois só quem consome o produto é que arcará com este ônus tributário.

Na decisão entre lump sum e excise tax, se o cidadão não consumir o produto que seria taxado pelo excise tax, ele prefere o excise. Já se ele consumir o produto, ele prefere o lump-sum.

(18)

Quem paga o pato?

Agora que encerramos os tipos de impostos, vamos dar uma olhada na incidência tributária. Isto é, quem efetivamente paga o imposto: se os consumidores ou se os produtores dos bens e serviços. Veremos também o peso morto causado pelos impostos, o que nos ajudará a entender melhor como funciona a questão da neutralidade (ou falta dela) num sistema tributário.

Só que, para entendermos como se dá a incidência tributária, é necessário que nós tenhamos alguma noção sobre os conceitos de demanda, oferta e elasticidades. Se você já está seguro com estes conceitos, pode pular direto para o tópico sobre incidência tributária. Caso ainda não esteja, apresentaremos os assuntos a partir de agora.

A Demanda

Bom, vamos começar com a demanda. A demanda é a procura por bens e serviços. Ou seja, é a quantidade de um bem/serviço que um consumidor deseja/quer adquirir. Obviamente, trata-se de uma pessoa ou de uma empresa atuando numa economia como consumidor.

Repare que a demanda representa aquilo que o consumidor deseja ou quer adquirir. Não significa, necessariamente, que ele irá adquirir, ok?

O fator que mais influencia a demanda é o preço do bem ou serviço. Afinal, somos acostumados a pagar R$

20,00 reais por um ingresso no cinema e R$5,00 por uma pipoca. Se o ingresso do cinema aumentar para R$ 40 e a pipoca para R$15, talvez não nos interessemos mais por adquirir esses bens, já que os preços estão muito altos.

Se os preços voltarem a baixar, quem sabe...

É claro que existem outros fatores que influenciam na demanda. Mais à frente, veremos quais são esses outros fatores. Por enquanto, porém, vamos nos concentrar apenas no preço. Ou seja, ver o que acontece com a demanda de um consumidor quando o preço do bem que ele deseja adquirir sobe ou desce.

Isto porque a Economia tem uma coisinha chamada ceteris paribus. Essa expressão em latim significa “tudo o mais mantido constante” e quer dizer que consideramos apenas uma mudança por vez. Começaremos analisando o que acontece com a quantidade demandada quando apenas o preço varia, ceteris paribus. Ou seja, o preço varia, mas todo o resto é mantido constante. Apenas o preço pode subir e descer (variar). O restante dos fatores que afetam a demanda permanece constante, sem variar, fixo. E veremos como a variação exclusiva do preço impacta na quantidade demandada.

Portanto, vamos que nem a piadinha já batida do Jack Estripador: por partes. A primeira parte é entender que apenas o preço varia e que, portanto, todo o resto é mantido constante, para vermos como isso impacta na quantidade demandada. O preço varia, ceteris paribus.

A variação do preço vai causar uma variação na quantidade demandada (a quantidade que os consumidores desejam adquirir daquele bem). Ou seja, quando mexermos no preço, a quantidade demandada vai se alterar. Isso significa que a quantidade demandada é uma função do preço, ou seja, a quantidade demandada varia em função do preço (sempre que o preço se altera, a quantidade demandada também se altera), o que significa que para cada preço, podemos ter quantidades demandadas diferentes.

Mais uma vez, é necessário reforçar: demanda é sinônimo de desejo de adquirir, procura. E procurar um bem não é o mesmo que consumi-lo, ok?

(19)

A Curva de Demanda

Se nós expressamos a demanda com base no preço e para cada preço podemos ter uma quantidade demandada diferente, então formulamos a seguinte equação:

Qd = Qd(P)

Ou seja, a quantidade demandada (Qd) do bem em questão é uma função do seu preço (P). Sempre que o preço se alterar, a quantidade demandada também se altera.

Agora, uma coisa legal nessa relação é que ela é inversa! Ou seja, quanto menor for o preço, maior será a quantidade demandada!

Afinal, eu, Jetro, pago R$ 30,00 por um hambúrguer artesanal, mais do que isso já acho caro. Ou seja, se o preço do meu hambúrguer subir para R$ 40,00, minha demanda por esse bem vai diminuir. O contrário também é verdadeiro: se o preço do hambúrguer cair para R$ 20,00, minha demanda por esse hambúrguer vai aumentar2!

“Está bem, professores! Entendi que a variação é inversa, né? Quanto menor for o preço, maior será minha demanda!”

Isso mesmo! Esta é a lei geral da demanda: a quantidade demandada varia inversamente com o preço.

Ou seja, quanto maior for o preço, menor será a demanda por algo. O contrário também é verdadeiro: quanto menor o preço, maior será a demanda por algo.

Até agora, tudo beleza. A lei da demanda nos diz que há uma relação inversa entre quantidade demandada e preço. Quando um subir, o outro desce e vice-versa.

O que acontece muito na Economia é que representamos essas situações em forma algébrica, em equações que nos permitem fazer análises interessantes sobre os fenômenos econômicos.

Já sabemos que a quantidade demandada é uma função do preço e que quantidade demandada e preço variam de forma inversa. Uma possível equação (é apenas um exemplo, ok?) para expressar essa relação seria a seguinte:

Qd = 100 – 5Px

Nessa equação, Qd é a Quantidade Demandada e Px é o preço de um bem qualquer, que vamos chamar aqui de bem X. Esse bem X pode ser qualquer coisa. Pode ser um carro, um hambúrguer, um refrigerante, etc.

Já os números “100” e “-5” são chamados de “constantes”. Recebem esse nome justamente porque não variam. O que varia é o preço e, por consequencia, a Quantidade Demandada, mas as constantes, não.

Uma coisa importante. Nesta equação que demos como exemplo, há um sinal de menos. Repare no círculo vermelho abaixo:

Qd = 100 – 5Px

2 Atualmente, falta bem pouco para eu almoçar quase todo dia hambúrguer artesanal! kkkkkkkkkkkkk

(20)

Esse sinal de menos existe justamente para indicar a lei da demanda! Ou seja, que Quantidade Demandada e Preço variam de forma inversa! Duvida?

Vamos pegar essa equação e brincar um pouquinho.

Qual seria a quantidade demandada desse bem se o preço fosse 2? Bom, para responder essa pergunta, basta substituirmos o preço da função de demanda por 2. Ficaria assim:

Qd = 100 – 5Px

Qd = 100 – 5(2) Qd = 100 – 10

Qd = 90

Ou seja, quando o preço for 2, a Quantidade Demandada por este bem é 90.

Agora, vamos imaginar que o Preço desse bem subisse para 10. Pela Lei da Demanda, já sabemos que a quantidade demandada precisa cair. Mas será que pela equação nós conseguiríamos confirmar isso? Novamente, basta substituir o preço na função demanda por 10 e ver como vai ficar. Ficaria assim:

Qd = 100 – 5Px

Qd = 100 – 5(10) Qd = 100 – 50

Qd = 50

Ou seja, quando o preço for 10, a Quantidade Demandada será 50. Repare que o preço subiu de 2 para 10 e a Quantidade Demandada diminuiu de 90 para 50. Ou seja, é a exata representação da lei da demanda!

Agora vamos fazer diferente. Vamos criar uma tabelinha com alguns valores de Preço e Quantidade Demandada para essa equação. Quando o preço for 2, já sabemos que a Quantidade Demandada será 90. Quando o preço for 10, já sabemos que a Quantidade Demandada será 50. Acrescentamos outros preços na tabela abaixo (que você pode substituir na equação que criamos e ver se acertamos a Quantidade Demandada).

Preço Quantidade Demandada

2 90

7 65

10 50

15 25

20 0

(21)

Essa tabela nos diz que a medida em que aumentamos o preço (de 2 para 20) a Quantidade Demandada vai diminuindo (de 90 para 0). Repare que isso confirma a lei da demanda: Preço e Quantidade Demandada variam de forma inversa. Quando um cai, o outro sobe e vice-versa.

Só foi possível obter essa situação, porque utilizamos uma equação que continha um sinal de menos (Qd = 100 – 5Px), denotando relação inversa entre Preço e Quantidade demandada, assim como nossa lei da demanda estatui.

Um caso interessante aqui. Se o preço for 20, a Quantidade Demandada será 0, o que significa que ninguém estará disposto a consumir o bem X se o preço for igual a 20.

E se o preço for maior que 20? Nesse caso, pela equação, teríamos uma Quantidade Demandada negativa.

Só que não faz sentido alguém demandar negativamente um bem. Se a quantidade demandada é zero, o consumidor não está disposto a compra-lo, o que significa que ele não se interessa pelo bem a esse preço. Por isso, o mínimo que a Quantidade Demandada pode ser é zero.

Bom, dito isso, vamos prosseguir. Uma outra forma que a Economia utiliza para expressar suas conclusões e facilitar a análise é transformar a linguagem algébrica em gráficos. Eles facilitam bastante a visualização.

Se pegarmos os dados da tabela criada, podemos criar um gráfico dessa função de demanda, ou, como costumamos dizer, a curva de demanda. Ela vai ficar assim:

Repare que o gráfico nos diz exatamente o que diz a tabela. Quando o preço for 2, a Quantidade Demandada será 90. Quando o preço for 7, a Quantidade Demandada será 65 e assim sucessivamente.

Além dessa curva representar as mesmas conclusões, é legal saber que ela tem inclinação negativa. Ou seja, ela tem esse formato justamente porque Quantidade Demandada e Preço possuem relação inversa (e, se você lembrar bem da nossa equação, Qd = 100 – 5Px , verá que ela tem um sinal de menos, o que demonstra a inclinação negativa da curva também). Se a curva de demanda tivesse inclinação positiva, ela teria outro formato. Olhe só:

(22)

A curva de demanda nos ajuda a ver, de forma gráfica, as diversas combinações entre preço e quantidade demandada.

Sempre que nós estivermos alterando o preço do bem, nós teremos uma mudança na quantidade demandada. Essa alteração vai ser AO LONGO DA CURVA, NA, EM CIMA DA CURVA.

Isto porque sempre que nós estamos relacionando preço do bem e sua quantidade demandada, o deslocamento será em cima da curva (laranja).

Essas conclusões que fizemos para a equação Qd = 100 – 5Px, podem ser generalizadas para qualquer curva de demanda.

Reforçando tudo o que vimos até aqui. Se devemos expressar a demanda por algo com base em seu preço e se esta relação é inversa, obtemos uma curva de demanda com inclinação negativa, assim:

No gráfico acima, vemos em laranja uma curva de demanda hipotética pelo bem X. No eixo vertical, temos seu preço e no eixo horizontal, a quantidade demandada. Note que nossa curva de demanda é negativamente inclinada exatamente porque há uma relação inversa, ou seja, quanto maior o preço, menor a quantidade demandada e vice-versa.

Se, por exemplo, o preço do bem X for P0, a quantidade demandada será Q0. Isso nos colocaria no ponto A da curva de demanda. Se, no entanto, o preço de X subir para P1, então a quantidade demandada cai para Q1 e

Curva de Demanda (Inclinação Negativa ou

Descendente)

Curva com inclinação positiva ou ascendente

(23)

nós estaríamos sobre o ponto B. Quando o deslocamento é feito dessa forma dizemos que ele foi feito ao longo, na, em cima da curva de demanda.

Preste atenção nisso: alterações no preço do bem em questão provocam deslocamento AO LONGO, NA, EM CIMA da curva de demanda.

A Oferta

Imagine que você seja dono de uma concessionária de veículos. O preço do carro que você vende tem relação com o lucro que você obtém. De forma geral, se você vender o seu carro por um preço mais alto, mais beneficiado você será. Ou seja, quanto maior for o preço do seu carro, mais interessante para você o negócio fica.

A oferta é a intenção da empresa na venda de bens e serviços. Trata-se de pessoa ou uma empresa atuando numa economia no lado vendedor – em Economia, geralmente são usados os termos produtor e firma para fazer referência aos ofertantes. Aqui, a ótica é do empresário, do ofertante. Mudamos de lado, não estamos mais pensando como um consumidor, mas como um produtor.

Do ponto de vista do produtor, algumas coisas chamam a atenção como os custos que ele tem para ofertar o produto e o preço que o ofertante pode cobrar pelo seu produto, além de outros fatores.

Pela hipótese de ceteris paribus, vamos começar a pensar no fator preço, que afeta a quantidade ofertada.

De nada adiantaria a nossa empresa ser superprodutiva, hipereficiente se o preço vigente do nosso produto for muito baixo. Isto porque tanto trabalho pode não compensar, já que o preço é muito baixo. Por outro lado, se este produto tiver um preço bem alto no mercado, pode valer a pena ofertar muito dele, mesmo que não sejamos muito eficientes em sua produção.

É importante ressaltar que ofertar um bem não é o mesmo que vendê-lo. Para que seja efetivada a venda, é necessária a demanda correspondente. Aqui, estamos apenas considerando a oferta, a quantidade de bens e serviços que um produtor deseja/quer ofertar ao mercado.

A Curva de Oferta

Se nós expressamos a oferta com base no preço e para cada preço podemos ter uma quantidade ofertada diferente, então formulamos a seguinte equação:

Qo = Qo(P)

Ou seja, a quantidade ofertada (Qo) do bem em questão é uma função do seu preço (P).

Até aqui, é tudo bem parecido com a demanda. Só que há uma diferença fundamental. A lei da demanda nos dizia que preço e quantidade demandada possuem relação inversa. Ou seja, quando o preço de um bem sobe, a quantidade demandada se reduz.

Com a oferta, é diferente. Preço e Quantidade Ofertada têm uma relação direta. Ou seja, quando o preço do bem subir, a quantidade ofertada também vai subir. Quando um aumenta, o outro aumenta. Quando um cai, o outro cai.

E isso faz todo sentido: quanto maior o preço do bem a ser vendido, maior quantidade dele valerá a pena ofertar. Se pastel de carne pudesse ser vendido em boa quantidade por R$ 100,00 a unidade, talvez você nem

(24)

estivesse lendo esta aula. Provavelmente nós (Jetro e Paulo) estaríamos numa feira fritando uma centena e faturando R$ 10.000,00 por dia. Já pensou?!

É provável, no entanto, que você teria a mesma ideia. E talvez seu vizinho também! E o vizinho do seu vizinho também. E o vizinho do vizinho do seu vizinho também. E o vizinho do vizinho do vizinho do seu vizinho também (beleza, paramos por aqui). É fácil ver que a oferta de pastéis aumentaria tremendamente na região.

Do ponto de vista do produtor, quanto mais alto for o preço, maiores a capacidade e a vontade das empresas de produzir e vender.

Já sabemos que a quantidade ofertada é uma função do preço e que quantidade ofertada e preço variam de forma direta. Uma possível equação (é apenas um exemplo, ok?) para expressar essa relação seria a seguinte:

Qo = 55 + 10Px

Nessa equação, Qo é a Quantidade Ofertada e Px é o preço de um bem qualquer a ser ofertado, que vamos chamar aqui de bem X. Enquanto “55” e “10” são as constantes do nosso exemplo.

Uma coisa importante e diferente da demanda é que, na equação da oferta, temos o sinal de mais (+), que indica que a relação entre Quantidade Ofertada e Preço do bem é direta. Repare no círculo vermelho abaixo:

Q0 = 55 + 10Px

Esse sinal de mais existe justamente para indicar a relação direta entre Qo e Px!

Da mesma forma que fizemos com a demanda, vamos brincar um pouquinho com essa equação.

Qual seria a quantidade ofertada desse bem se o preço fosse 5? Bom, para responder essa pergunta, basta substituirmos o preço da função de oferta por 5. Ficaria assim:

Qo = 55 + 10Px

Qo = 55 + 10(5) Qo = 55 + 50

Qo = 105

Ou seja, quando o preço for 5, a Quantidade Ofertada por este bem é 105.

Agora, vamos imaginar que o Preço desse bem subisse para 20. Como a relação entre Quantidade Ofertada e Preço é direta, sabemos que a Quantidade Ofertada vai subir. Mas será que pela equação nós conseguiríamos confirmar isso? Novamente, basta substituir o preço na função de oferta por 20 e ver como vai ficar. Ficaria assim:

Qo = 55 + 10Px

Qo = 55 + 10 (20) Qo = 55 + 200

Qo = 255

Ou seja, quando o preço for 20, a Quantidade Ofertada será 255. Repare que o preço subiu de 5 para 20 e a Quantidade Ofertada aumentou de 105 para 255.

Vamos para a nossa tabelinha com alguns valores de Preço e Quantidade Ofertada para essa equação.

Quando o preço for 5, já sabemos que a Quantidade Ofertada será 105. Quando o preço for 20, já sabemos que a

(25)

Quantidade Ofertada será 255. Acrescentamos outros preços na tabela abaixo (que você pode substituir na equação que criamos e ver se acertamos a Quantidade Ofertada).

Preço Quantidade OFERTADA

5 105

10 155

15 205

20 255

Essa tabela nos diz que a medida em que aumentamos o preço (de 5 para 20) a Quantidade OFERTADA vai aumentando (de 105 para 255). Repare que isso confirma o que afirmamos anteriormente: Preço e Quantidade Ofertada variam de forma direta. Quando um cai, o outro cai também e vice-versa.

Só foi possível obter essa situação, porque utilizamos uma equação que continha um sinal de mais (Qo = 55 + 10Px), denotando relação direta entre Preço e Quantidade ofertada.

Da mesma forma que a demanda, no entanto, não há quantidade ofertada negativa. Ou seja, o mínimo que a quantidade oferta pode chegar a ser é zero.

Bom, e como seria essa curva de oferta? Ela seria assim:

No gráfico acima, note que temos exatamente os pontos apresentados na nossa tabela. Com preço de 5, temos quantidade ofertada de 105 unidades. Se o preço for de 10, a oferta sobe para 155 e assim sucessivamente.

Note ainda que a curva de oferta é positivamente inclinada exatamente porque há uma relação direta, ou seja, quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada e vice-versa.

Repare que como estamos “brincando” de mudar o preço (variável endógena, lembra?) estamos apenas nos deslocando sobre a curva. Mas assim como acontece com a demanda, há fatoras além do preço que podem mexer com a oferta.

(26)

O Equilíbrio

Entendidos os conceitos e os fatores que afetam as curvas de oferta e demanda, chegou a hora de fazê-las interagirem. Afinal, o demandante vai querer saber o preço do ofertante, para saber se vai concluir uma compra ou não. Já o ofertante também não pode oferecer a qualquer preço, pois pode não haver demanda. O ponto ótimo aqui (e para que ocorra qualquer transação comercial) é que o preço que os consumidores desejam pagar seja igual ao preço que os ofertantes aceitam ofertar. Se eu estiver disposto a pagar R$ 30,00 por um almoço e ache um restaurante que oferte refeições por este preço, eu encho a barriga! Ou seja, quando o preço que os consumidores desejam pagar for igual ao que os ofertantes aceitam ofertar, estaremos no que chamamos em Economia de EQUILÍBRIO. No gráfico abaixo, as curvas de oferta e de demanda pelo bem X se encontram:

Note que as curvas se cruzam no ponto A e ali temos o equilíbrio deste mercado. Este equilíbrio ocorre porque tanto os demandantes quanto os ofertantes estão dispostos a demandar/ofertar o bem ao preço P*. Este nível de preços (P*), por sua vez, faz a quantidade ofertada coincidir com a quantidade demandada, ambas Q*.

Como P* e Q* são os preços e quantidades que igualam demandantes e ofertantes, permitindo que ocorra o equilíbrio nesse mercado, dizemos que P* e Q* são, respectivamente, os preços e quantidades de equilíbrio.

E o conceito de preço de equilíbrio é simplesmente este: o preço que torna iguais a quantidade ofertada e a quantidade demandada. No ponto A do gráfico, não há escassez nem excesso de oferta. Ou seja, tudo que o ofertante produz, ele consegue transacionar no mercado. Assim, não há pressão para que o preço se modifique3.

Resumindo, temos equilíbrio quando as quantidades ofertadas e demandadas são iguais. Uma outra fora de ver isso, é igualando o Preço de Oferta e o de Demanda.

3 Como tudo que o ofertante produz ele consegue transacionar no mercado, não há estoques, por exemplo. E, se não há estoques, ele não precisa fazer promoção (alterando o preço) para zerar seus estoques. Por outro lado, o demandante não fica sem o produto, já que o ofertante consegue dar conta da demanda e, portanto, não há escassez. A situação de equilíbrio (sem excessos de estoque e sem escassez) é bom tanto para o ofertante (que tem estoque zero) quanto para o demandante (que não fica sem o produto, já que o produtor consegue atender a toda a demanda).

(27)

Além de representar o equilíbrio graficamente, podemos expressar o equilíbrio algebricamente. O equilíbrio acontece quando Qo = Qd, ou seja, quando as quantidades ofertada e demandada são iguais.

Lembra que utilizamos uma equação de oferta e outra de demanda como exemplos?

Então!

Vamos voltar a elas!

Nossa equação de oferta era:

𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟏𝟎𝑷𝒙 E nossa equação de demanda era:

𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓𝑷𝒙

Em equilíbrio, a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada, portanto, basta igualar as duas equações, já que Qo = Qd.

Bingo!

Se Qo = Qd, então:

𝟓𝟓 + 𝟏𝟎𝑷𝒙 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓𝑷𝒙

Como as duas curvas estão em função do preço, ao igualá-las, conseguiremos obter o preço de equilíbrio, ou seja, exatamente aquele preço (P*) que iguala oferta e demanda.

Então, basta trabalharmos na equação para isolarmos Px:

𝟓𝟓 + 𝟏𝟎𝑷𝒙 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓𝑷𝒙 𝟓𝑷𝒙 + 𝟏𝟎𝑷𝒙 = 𝟏𝟎𝟎 − 𝟓𝟓

𝟏𝟓𝑷𝒙 = 𝟒𝟓 𝑷𝒙 = 𝟒𝟓

𝟏𝟓 𝑷𝒙 = 𝟑 Encontramos o preço de equilíbrio! Ele é de R$ 3.

Significa que ao preço de R$ 3 temos igualdade entre as quantidades ofertada e demandada. Ou seja, com P

= 3, o mercado estará em equilíbrio.

Basta substituirmos este preço em qualquer uma das equações (oferta ou demanda) para sabermos a quantidade de equilíbrio. Façamos isso na de oferta:

𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟏𝟎(𝟑) 𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟑𝟎

𝑸𝒐 = 𝟖𝟓

Se substituirmos o preço de equilíbrio (3) na equação de demanda, também encontrarmos a quantidade de 85, afinal, o preço de equilíbrio é aquele que iguala as quantidades ofertada e demandada.

Duvida?

(28)

Vamos a isso:

𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓𝑷𝒙 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓(𝟑) 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟏𝟓

𝑸𝒅 = 𝟖𝟓

Então, temos que para nossas equações de exemplo, o equilíbrio se dá com quantidade negociada de 85 e preço de R$ 3. Isso significa que quando o preço for 3, o demandante vai demandar 85 unidades desse bem e o ofertante ofertará 85 unidades desse bem. Não haverá escassez nem excesso (estoque) desse bem, afinal, o mercado está em equilíbrio.

Mas e se o preço no mercado para essas curvas de oferta e demanda fosse maior?

Ora: se um preço maior que aquele que equilibra o mercado for fixado, teremos excesso de oferta.

Quer ver?

Imaginemos que o preço seja de R$ 4,00, acima, portanto, do preço de equilíbrio (que é R$ 3,00).

Vamos substituí-lo nas equações de oferta e de demanda:

𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟏𝟎𝑷𝒙 𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟏𝟎(𝟒)

𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟒𝟎 𝑸𝒐 = 𝟗𝟓

𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓𝑷𝒙 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓(𝟒) 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟐𝟎

𝑸𝒅 = 𝟖𝟎

Ou seja, ao tralharmos com preço superior ao de equilíbrio, teremos uma quantidade ofertada superior à quantidade demandada. Com um preço de R$ 4, temos oferta de 95 unidades do bem X e demanda de apenas 80 unidades. Ou seja, há excesso de oferta (estoque) de 15 unidades.

Graficamente, se o preço vigente neste mercado fosse maior do que P* (o preço de equilíbrio), então teríamos a seguinte situação:

(29)

Note que no gráfico acima vigora um preço P1 superior ao preço de equilíbrio P*. Isso faz com que a quantidade ofertada seja Qo, muito superior à quantidade demandada Qd. Logo, há excesso de oferta do bem X neste mercado.

No entanto, esta situação tende a não durar muito. Para vender o excesso de bens (o estoque), os produtores teriam que reduzir o preço, fazendo uma promoção, por exemplo, o que, por sua vez, aumentaria a quantidade demandada também. Este movimento se daria até que se alcançasse o preço de equilíbrio P*, onde o mercado vai se estabilizar, se equilibrar (isto porque, no equilíbrio, não há pressão para que o preço se altera, já que tanto demandantes quanto ofertantes estão satisfeitos).

Se, por outro lado, tivéssemos um preço de mercado inferior ao nosso preço de equilíbrio, a situação se inverteria. Teríamos escassez de bens, ou seja, a demanda seria muito maior que a oferta e o ofertante não daria conta de atender a todo mundo.

Quer ver só?!

Vamos então trabalhar com um preço inferior ao de equilíbrio (que era R$ 3).

Imaginemos que o preço vigente é de R$ 2.

Vamos então substituí-lo nas equações de oferta e demanda:

𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟏𝟎𝑷𝒙 𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟏𝟎(𝟐) 𝑸𝒐 = 𝟓𝟓 + 𝟐𝟎

𝑸𝒐 = 𝟕𝟓 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓𝑷𝒙 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟓(𝟐) 𝑸𝒅 = 𝟏𝟎𝟎 – 𝟏𝟎

𝑸𝒅 = 𝟗𝟎

Referências

Documentos relacionados

4 Este processo foi discutido de maneira mais detalhada no subtópico 4.2.2... o desvio estequiométrico de lítio provoca mudanças na intensidade, assim como, um pequeno deslocamento

9 - Hoje, temos 17 sócios e o Site do E-Club D 4500 já forneceu 28.200 cartões de recuperação à sócios de outros clubes de Rotary. 10 - Vale lembrar que o COL 2004 em sua resolução

de Montagem de

PARÁGRAFO QUARTO - Quando da efetivação do pagamento, será consultado os documentos comprobatórios de situação regular em relação à Seguridade Social, Fundo de

A partir deste teorema concluimos que, se uma dada cláusula é deduzida de um conjunto de exemplos (concretizações) do conjunto inicial, então essa cláusula será um

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

Estimulá-las, desta ou daquela forma, artificialmente, por ação do Estado, ou de qualquer dos pequenos ou grandes Estados, não oficiais, investidos, para a vida