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WEB SEMÂNTICA, DADOS LIGADOS E WEB 2.0: EXPLORANDO NOVAS FRONTEIRAS PARA OS ARQUIVOS ABERTOS :: Brapci ::

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XIV Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB 2013) GT 8: Informação e Tecnologia

Comunicação Oral

WEB SEMÂNTICA, DADOS LIGADOS E WEB 2.0: EXPLORANDO NOVAS FRONTEIRAS PARA OS ARQUIVOS ABERTOS

Rafael Port da Rocha – UFRGS

Resumo

Este artigo explora novas fronteiras para os Arquivos Abertos e para a disseminação da ciência, proporcionadas pelo surgimento da Web 2.0, da Web Semântica e dos Dados Ligados (Linked Data). Apresenta avanços na produção e na divulgação de textos científicos obtidos através dos Arquivos Abertos e do modelo de interoperabilidade OAI-PMH. Caracteriza Arquivos Abertos, Web 2.0, Web Semântica e Dados Ligados, indicando aspectos que estes podem contribuir para a disseminação de ativos da ciência. Apresenta e destaca benefícios de Fabrico/Ciência, que é um ambiente experimental desenvolvido para explorar as fronteiras entre Arquivos Abertos, Web 2.0, Web Semântica e Dados Ligados, que colhe metadados de revistas eletrônicas da Ciência da Informação, disponibiliza estes metadados na plataforma da Web Semântica, e oferece recursos da Web 2.0 para análise e para captura da inteligência coletiva.

Palavras-chave: Arquivos abertos. Web Semântica. Dados Ligados. Web 2.0.

SEMANTIC WEB, LINKED DATA AND WEB 2.0: EXPLORING NEW FRONTIERS FOR OPEN ARCHIVES

Abstract

This article explores new frontiers for Open Archives and scientific dissemination that are made possible through the rise of Web 2.0, Semantic Web and Linked Data. It presents advances in the production and dissemination of scientific texts, obtained through Open Archives and the OAI-PMH interoperability model. It characterizes Open Archives, Web 2.0, Semantic Web and Linked Data, and presents how they can contribute to the dissemination of the science. It depicts the Fabrico/Ciência, which is an experimental environment designed to explore Open Archives, Web 2.0, Semantic Web and Linked Data, which harvests metadata from electronic journals of Information Science, makes available these metadata in the Semantic Web platform, and offers features of the Web 2.0 to capture and analyze the collective intelligence.

Keywords: Open Archives. Semantic Web. Linked Data. Web 2.0.

1 INTRODUÇÃO

A internet e os movimentos do software livre e do acesso aberto proporcionaram

grandes avanços à publicação e à disseminação da produção científica. A rede rompeu

barreiras ligadas à produção e à distribuição de publicações científicas, à medida que não

exige os complexos e caros processos para geração de conteúdos em papel, assim como para o

(2)

disseminação de materiais que até então tinham circulação restrita, como teses e dissertações

e relatórios de pesquisa.

O movimento do software livre também foi um grande aliado à publicação científica

na internet, pois vários sistemas de bases de dados para documentos digitais foram

desenvolvidos dessa forma. O software OJS1 é uma base de dados para revistas eletrônicas

que gerencia todo o processo de revisão por pares dos artigos submetidos, e o TEDE2 é uma

biblioteca de teses e dissertações que dá suporte ao programa de pós-graduação em atividades

ligadas à defesa e à elaboração da versão final do texto. O DSPACE3 é uma base de

documentos que permite o gerenciamento de coleções por comunidades, com a configuração

de fluxos para recepção de conteúdos. Esse novo cenário provocou o surgimento de novos

tipos de bases de dados, como os repositórios institucionais, que possibilitam que as

instituições reúnam sua produção intelectual em uma única base de dados; e os repositórios

temáticos, em que autores podem arquivar textos científicos em coleções referentes aos temas

abordados.

Tudo isso deu força para o surgimento e a concretização de um movimento para a

publicação aberta de textos científicos, isto é, o movimento do acesso livre, que prega que “a

literatura em Acesso Livre (Open Access - OA) é digital, em linha, gratuita e livre de muitas

restrições de direitos autorais e licença de uso.” (SUBER, 2004)

A visibilidade de uma base de dados documental não é plenamente atingida apenas ao

a disponibilizá-la na internet, pois na web muitos usuários não chegam aos documentos via

seu portal, mas por meio de outros ambientes. Por isso, é preciso que esta base de dados

opere em conjunto com outros sistemas, como mecanismos de busca que atuam sobre várias

bases de dados, organizadas em uma federação. Essas bases de dados devem atender a

requisitos de interoperabilidade. Interoperabilidade compreende na

habilidade com que múltiplos sistemas, com diferentes plataformas de hardware e software, estruturas de dados e interfaces, trocam dados com

perdas mínimas de conteúdo e funcionalidade. (NATIONAL

INFORMATION STANDARDS ORGANIZATION, 2004)

Com o objetivo de promover a interoperabilidade entre bases de dados de acesso livre,

chamadas de Arquivos Abertos, padrões técnicos de interoperabilidade foram estabelecidos

através da Iniciativa dos Arquivos Abertos. A Iniciativa dos Arquivos Abertos desenvolveu o

1

OPEN JOURNAL SYSTEM. Disponível em http://pkp.sfu.ca/?q=ojs 2

SISTEMA DE PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA DE TESES E DISSERTAÇÕES. Disponível em: http://tedesite.ibict.br/

3

(3)

protocolo OAI-PMH4, que permite que metadados sobre os documentos armazenados em uma

base de dados possam ser colhidos por componentes integradores, como motores de busca que

atuam sobre uma federação de bases de dados.

Esses padrões técnicos foram incluídos nos grandes sistemas de bases de dados

desenvolvidos na forma de software livre, como TEDE, OJS e DSPACE. Isso viabilizou o

surgimento de federações formadas por bases de dados de textos científicos, em que um

componente global promove a busca unificada, envolvendo todas as bases de dados membros

da federação. Sob essa arquitetura de federação de bases de dados, surgiram as bibliotecas

nacionais e internacionais de teses e dissertações, como BBTD5, EThOS6 e DART-Europe7.

Também surgiram federações de repositórios institucionais, como DRIVER8, de bibliotecas

digitais de patrimônio cultural, como Europeana9, e federações de revistas eletrônicas de

acesso livre, como DOARJ10.

A web, o software livre, o acesso aberto, e os padrões de interoperabilidade

proporcionaram grandes avanços à publicação de textos científicos. Hoje temos uma nova

realidade, em que canais abertos de comunicação científica passam a assumir destaque e

rivalizar com os canais tradicionais, estabelecidos pelas grandes editoras científicas.

Esse avanço, entretanto, não se encerra, pois a web está em constante evolução, e esta

evolução determina novas possibilidades para a publicação e a disseminação da ciência. Web

2.0, Web Semântica e Dados Abertos e Ligados são termos usados para designar novos

avanços da web. A Web 2.0 é a identificação de uma nova web em que os seus usuários

passam de meros consumidores de informação para produtores de informação,

disponibilizando e construindo coletivamente conteúdos, assim como agregando valores a

conteúdos já produzidos, através de comentários, relações, avaliações, etiquetas, etc. Já a Web

Semântica representa uma iniciativa em prover significado compreensível por máquinas aos

recursos da web, a fim de viabilizar o desenvolvimento de ambientes de software inteligentes

(agentes inteligentes). A web, originalmente centrada em documentos interligados

(hipertexto), também está evoluindo para incorporar dados interligados, permitindo o

relacionamento e o cruzamento de dados provenientes de fontes diversas. Essa web dos dados

tem sido chamada de Dados Ligados (Linked Data).

4

Open Archives Initiative Protocol for Metadata Harvesting. Disponível em http://www.openarchives.org/pmh/ 5

Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações. Disponível em http://bdtd.ibict.br/ 6

EThOS. Biblioteca de Teses e Dissertações do Reino Unido Disponível em: http://ethos.bl.uk 7

DART-Europe. Biblioteca de Teses e Dissertações da Europa. Disponível em: http://www.dart-europe.eu 8

Digital Repository Infrastructure Vision for European Research. Disponível em http://www.driver-repository.eu/

9

Europeana. Disponível em http://www.europeana.eu 10

(4)

Este artigo apresenta o ambiente Fabrico/Ciência11, que explora o uso de recursos dos

Arquivos Abertos (OAI-PMH), da Web 2.0, da Web Semântica e dos Dados Ligados, na

comunicação científica. O ambiente Fabrico/Ciência é uma base de dados construída de

acordo com a arquitetura da Web Semântica, que permite a colheita de metadados através do

protocolo OAI-PMH, e disponibiliza estes metadados de acordo com os princípios

estabelecidos para os Dados Ligados. A Web 2.0 está presente ao possibilitar que os usuários

adicionem valores aos objetos descritos, via anotações semânticas; ao disponibilizar, para

exploração dos dados, técnicas de agregação de sistemas de folksonomias; e ao explorar a

atuação dos seus usuários através de uma rede social, com foco nos conteúdos descritos.

A seguir, as seções dois, três e quatro apresentam, respectivamente, interoperabilidade

entre bases de dados via OAI-PMH, Web 2.0 e Web Semântica/Dados Ligados, destacando

benefícios destas para a disseminação de recursos científicos. A seção cinco descreve o

ambiente Fabrico, e seção seis aborda a experimentação deste ambiente como um provedor de

serviços a partir metadados colhidos de revistas eletrônicas da Ciência da Informação

(chamado de Fabrico/Ciência). Considerações finais são realizadas na seção sete.

2 INTEROPERABILIDADE EM ARQUIVOS ABERTOS E O PROTOCOLO

OAI-PMH

A Iniciativa dos Arquivos Abertos estabeleceu uma arquitetura para a

interoperabilidade entre bases de dados documentais denominada OAI-PHM. A arquitetura

OAI-PMH é composta por provedores de dados, provedores de serviços e por um protocolo

de colheita de metadados.

Os provedores de dados são bases de dados documentais independentes, autônomas e

heterogêneas. São independentes e autônomas, pois possuem autonomia de gestão e

características próprias para atender às demandas de seus usuários (requisitos de submissão,

interface de consulta e navegação, plataforma de software, etc.). São heterogêneas, pois

possuem estruturas internas e softwares diferentes. Entretanto, para fins de interoperabilidade,

devem prover uma funcionalidade padrão, especificada por OAI-PMH, que permite que os

metadados que descrevem os conteúdos armazenados sejam colhidos pelos provedores de

serviços.

Os provedores de serviços são componentes que proporcionam serviços a partir de

metadados colhidos dos provedores de dados. Um exemplo de provedor de serviço é um

11

(5)

mecanismo de busca de uma federação de repositórios. No contexto de OAI-PMH, os

ambientes BBTD, EThOS, DART-Europe, DRIVER e Europeana são provedores de serviços.

A troca de informações entre provedores de serviço e provedores de dados é

estabelecida por um protocolo de colheita de metadados. Através deste protocolo, um

provedor de serviço submete a um ou a vários provedores de dados comandos que

determinam que estes provedores de dados devem enviar determinados conjuntos de

metadados para o provedor de serviço. Os metadados são enviados dos provedores de dados

para os provedores de serviços através de documentos XML, via protocolo HTTP. OAI-PMH

estabelece que um provedor de dados deve, no mínimo, fornecer os seus metadados no

esquema Dublin Core.

O padrão OAI-PMH possibilitou o surgimento de vários provedores de serviços, como

BBTD, EThOS, DART-Europe, DRIVER e Europeana. Entretanto, observa-se uma

concentração no desenvolvimento de provedores de serviço especializados na busca da

informação, embora OAI-PMH viabilize o desenvolvimento de outros tipos de serviços. Por

exemplo, OAI-PMH permite a construção de provedores de serviços que realizem tarefas

agregação de dados, indicando coautoria, autores mais atuantes, relacionado autores a

assuntos, etc.

Serviços de agregação de informação são comuns na Web 2.0, em ambientes de

catalogação social (folksonomias). Metadados colhidos de provedores de dados também

poderiam ser utilizados em ambientes semânticos (provedores de serviços para Web

Semântica) e em Dados Abertos. Esses aspectos são abordados nas próximas seções.

3 A WEB 2.0

A Web 2.0 é uma designação para um novo cenário que surge em torno da web, cuja

característica principal e diferenciadora é que os seus usuários passam de meros consumidores

de informação para parceiros no seu desenvolvimento. Caracterizam a Web 2.0 ambientes de

compartilhamento de conteúdos (como YouTube12, Scribd13, Flickr14), redes sociais de

relacionamento (como Facebook15 e a blogosfera), redes de catalogação coletiva de filmes,

12

YouTube. Ambiente de Compartilhamento de Vídeos. Disponível em: http://www.youtube.com 13

Scribd. Ambiente de Compartilhamento de documentos. Disponível em: http://pt.scribd.com/ 14

Flickr. Ambiente de Compartilhamento de fotos. Disponível em: http://www.flickr.com/ 15

(6)

livros, músicas (como Filmow16, Skoob17, LibraryThing18), ambientes de escrita coletiva

(como Wikipedia19), sistemas de classificação social, chamados de folksonomias (como

CiteUlike20, Bibsonomy21), entre outros.

Estes ambientes da Web 2.0 apresentam como diferencial competitivo “saberem tirar

proveito da inteligência coletiva”, e são desenvolvidos a partir de uma arquitetura de

participação (O´REILLY, 2007).

Lévy (1998, p.28) caracteriza inteligência coletiva como “inteligência distribuída por

toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma

mobilização efetiva das competências”. Os sistema da Web 2.0, ao tirarem proveito da

inteligência coletiva, giram em torno

da existência de um saber coletivo; que é necessário reconhecer que a inteligência coletiva está distribuída em qualquer lugar onde há humanidade e que esta pode potencializar-se através dos dispositivos tecnológicos (COBO ROMANI; PARDO KUKLINSKI, 2007, p.47, tradução nossa).

Estes ambientes também possuem uma arquitetura tecnológica que se configura em

torno da participação dos usuários:

A estrutura tecnológica se expande de maneira conjunta com as interações sociais dos sujeitos que utilizam a Internet. Cada vez que uma pessoa cria um novo link, a rede se completa e, portanto, enriquece. A ideia de uma arquitetura de participação se baseia no princípio de que as novas tecnologias potencializam o intercâmbio e a colaboração ente os usuários (COBO ROMANI; PARDO KUKLINSKI, 2007, p.47, tradução nossa).

Nas bases de dados tradicionais, os conteúdos são classificados pelos seus autores

(palavras-chaves) e por indexadores especializados. Já na Web 2.0, a classificação também é

realizada pelos usuários (leitores) dos conteúdos. Isso é chamado de classificação social ou

folksonomia. Nas folksonomias, usuários atribuem livremente assuntos (chamados de

etiquetas) aos recursos, não havendo controles de sinônimos, siglas, número, etc. O poder das

folksonomias está nos seus mecanismos de agregação e de relacionamento. Estes sistemas

agregam e relacionam etiquetas, conteúdos e etiquetadores. Por exemplo, possuem

funcionalidades que mostram etiquetas de acordo com suas frequências de uso, geralmente em

nuvens de etiquetas, em que estas são apresentadas em ordem alfabética, com o tamanho da

letra de cada etiqueta indicando a sua frequência. Ambientes de folksonomias também

16

Filmow.Comunidade de apreciadores de filmes. Disponível em: http://filmow.com/ 17

Skoob.Comunidade de leitores de livros . Disponível em: http://www.skoob.com.br/ 18

LibraryThing. Comunidade de amantes de livros. Disponível em: http://br.librarything.com/ 19

Wikipedia. Enciclopédia desenvolvida coletivamente. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/ 20

Citeulike.Catalogação social de material acadêmico. Disponível em: http://www.citeulike.org/ 21

(7)

mostram, por exemplo, relações entre etiquetas, entre usuários e etiquetas, e entre conteúdos e

etiquetas. Para uma etiqueta, apresentam as etiquetas a esta relacionadas por serem atribuídas

a mesmos conteúdos, assim como os conteúdos que receberam a etiqueta, e os usuários que

atribuíram a etiqueta a estes conteúdos. Para um usuário, apresentam seus conteúdos e suas

etiquetas; e para um conteúdo, mostram suas etiquetas e usuários.

A ciência também está presente na Web 2.0 através dos blogs publicados por

pesquisadores, dos ambientes de classificação social voltados a conteúdos científicos (como

Binsonomy e CiteULike), pelo uso de ambientes wiki para projetos de pesquisa

(OpenNetware22), e pela publicação de revistas eletrônicas (revisadas por pares) em que os

usuários expressam suas opiniões através de comentários (PLOS-ONE23).

Entretanto, ainda é pequena a exploração de recursos da Web 2.0 por partes dos

Arquivos Abertos e dos provedores de serviços da arquitetura OAI-PMH. A combinação da

Web 2.0 com a arquitetura OAI-PMH possibilita, por exemplo, a construção de federações de

bases de dados com foco no aproveitamento da inteligência coletiva que se forma em torno

dos usuários da federação, através do uso de folksonomias ou sistemas que capturam opiniões

de usuários. Técnicas de agregação presentes nas folksonomias podem ser usadas para

realizar agregações e relacionamentos em torno de autores e das palavras chaves, com nuvens

indicando autores mais frequentes, autores de uma palavra chave, etc.

4 WEB SEMÂNTICA E DADOS LIGADOS

A Web foi projetada para ser operada por pessoas e não por máquinas.

A web desenvolveu linguagens excelentes para expressar a informação que se destina a ser utilizada pelo homem, porem, foi falha quando da manipulação desta pelas máquinas. (BERNERS-LEE,1998, tradução nossa)

Softwares inteligentes somente poderão operar na web à medida que forem capazes de

compreender o significado dos seus recursos. Hoje, somente humanos possuem a capacidade

de identificar se um determinado recurso da web é uma tese, ou um artigo, ou um mecanismo

de busca, ou uma revista eletrônica, ou uma homepage de uma instituição ou pesquisador. Por

isso,

Web Semântica surge como uma proposta de trazer à rede global uma estrutura e significado, que permitem a sua evolução de uma rede de documentos para uma rede de dados na qual toda a informação tem um significado bem definido, podendo ser interpretada e processada por

22

OpenNetWare. Compartilhamento da ciência – biologia e engenharia biomédica (projetos, protocolos, materiais) via wiki. Disponível em http://openwetware.org/wiki/Main_Page

23

(8)

humanos e computadores. BERNERS-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001, tradução nossa).

A Web Semântica não é uma web separada da atual, mas sim uma extensão desta, em

que a informação é provida com um significado bem definido, permitindo que pessoas e

computadores trabalhem em cooperação (BERNERS-LEE, HENDLER e LASSILA, 2001).

Para prover significado aos recursos da web, a Web Semântica está estruturada em uma

arquitetura baseada em metadados e ontologias.

Na Web Semântica, metadados significam informações compreensíveis por máquinas

sobre recursos da web ou outros objetos e possuem estrutura e semântica bem definidos

(BERNERS-LEE,1997). Os conceitos expressos nos metadados são especificados através de

ontologias. Ontologia é uma especificação explícita e formal de uma conceitualização

compartilhada (GRUBER, 1993). Ela é explícita, pois os tipos dos conceitos e as restrições de

seus usos são definidos explicitamente; é formal, pois é compreendida por máquinas; é

compartilhada por capturar o conhecimento consensual aceitável a um grupo.

Na Web Semântica, objetos da web são chamados de recursos; os metadados que

descrevem os significados destes objetos são representados através a linguagem RDF24

(Resource Description Framework); e as ontologias que especificam os conceitos usados nos

metadados são desenvolvidas através da linguagem RDFS25 (RDF Schema), ou extensões

desta, como a linguagem OWL26 (Web Ontology Language).

24

Resource Description Framework. Especificada em http://www.w3.org/TR/REC-rdf-syntax/ 25

RDF Schema. Especificada em http://www.w3.org/TR/rdf-schema/ 26

(9)

Figura1 - Exemplo de representação em triplas e gráfica de sentenças RDF

A) Sentenças RDF representadas através de triplas

Sujeito Predicado Objeto

www.sciam.com/article.cfm?id=the-semantic-web dc:date 2001

www.sciam.com/article.cfm?id=the-semantic-web rdf:type bibo:AcademicArticle

www.sciam.com/article.cfm?id=the-semantic-web dc:creator www.w3.org/People/Berners-Lee/ www.w3.org/People/Berners-Lee/ rdf:type foaf:Person

www.w3.org/People/Berners-Lee/ foaf:name Tim Bernersl-Lee

B) Sentenças RDF representadas graficamente

bibo: http://purl.org/ontology/bibo/ dc: http://purl.org/dc/elements/1.1/ foaf: http://xmlns.com/foaf/0.1

rdf: http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#

www.sciam.com/

article.cfm?id=the-semantic-web

www.w3.org/People/Berners-Lee/

bibo:AcademicArticle

foaf:Person dc:type

rdf:type

Tim Berners-Lee

foaf:name

2001

dc:creator

dc:date

Fonte: Autor.

Metadados representados em RDF são triplas, chamadas de sentenças, cujas três partes

são: o sujeito, o predicado e o objeto. O sujeito é o recurso da web que está sendo descrito, e

deve ser identificado através de sua URI (Uniform Resource Identifier). O predicado indica

uma propriedade, isto é, um aspecto, característica, atributo ou relação atribuída ao recurso

pela sentença. O objeto é o valor dado ao recurso pela propriedade. Na figura 1a, as três

primeiras sentenças (triplas) descrevem o recurso: http://www.sciam.com/

article.cfm?id=the-semantic-web. A primeira sentença indica que o recurso foi criado em

2001 (propriedade dc:date), a segunda afirma que o recurso é um artigo científico (predicado

rdf:type), e a terceira sentença indica que um dos seus criadores é Tim Berners-Lee

(predicado dc:creator), cujo valor é a homepage do autor . Também apresenta duas sentenças

que descrevem http://www.w3.org/People/Berners-Lee/, indicando que este recurso

representa uma pessoa (propriedade rdf:type) e que o nome desta pessoa é Tim Berners-Lee

(propriedade foaf:name). A figura 1b apresenta estas mesmas sentenças em uma notação

gráfica, em que os predicados indicam as ligações entre sujeitos e objetos. Em RDF, os tipos

(como artigo científico) e propriedades (como criador), especificados em ontologias, também

(10)

http://purl.org/ontology/bibo/AcademicAticle27, e a propriedade criador é identificada por

http://purl.org/dc/elements/1.1/creator28.

RDFS é uma linguagem para a representação de ontologias. RDFS permite a

especificação formal de conceitualizações através de dois instrumentos básicos, classes e

propriedades, e restrições para classes e propriedades. Classes e propriedades usam URIs

como identificadores, tendo assim uma identificação única no domínio da web.

Várias ontologias surgiram para a Web Semântica. Para descrever recursos da ciência,

são bastante usadas as ontologias Foaf29, que conceitualiza pessoas (pesquisadores) e suas

relações, BiBO30, que conceitualiza recursos acadêmicos, como artigo, livro, tese,

conferência, periódico, e SIOC31, que especifica elementos de comunidades online, como

comunidade, fórum, post, blog, e artigo de wiki. Muitos esquemas de metadados

desenvolvidos para bases de dados também possuem representações na Web Semântica,

especificadas em RDFS ou OWL, como Dublin Core32, CIDOC/CRM33.

A Web Semântica, além de dar significado para os recursos da web, também está

sendo usada como plataforma para a publicação de dados. Dados Ligados (Linked Data) é o

termo usado para referir dados publicados e interligados na web através da infraestrutura da

Web Semântica. Dados publicados como dados ligados são identificados via URI e

representados através de triplas RDF. A identificação de dados via URI facilita a interligação

de dados, pois dados provenientes de fontes distintas passam a utilizar mesmas URIs para

referenciar (identificar) os mesmos objetos. Nos Dados Ligados, o valor e a utilidade dos

dados aumenta à medida que estes estão interligados com outros dados. (BIZER,

CYGANIAK e HEATH, 2007)

Vários projetos envolvendo recursos científicos têm sido desenvolvidos no cenário da

Web Semântica/Dados Ligados (quadro 1). Semantic Web Dog Food34, Faceted DBLP35 e

JISC Open Citations36 são bases de dados bibliográficas em RDF. Archaeology Data

27

Na figura 1, a notação bibo:AcademnicArticle corresponde à URI

http://purl.org/ontology/bibo/AcademicArticle, em que bibo é nome dado ao endereço onde está

AcademicArticle. 28

Na figura 1, http://purl.org/dc/elements/1.1/creator está representada pela notação dc:creator, em que dc

corresponde à http://purl.org/dc/elements/1.1 29

Friend of a Friend. Especificada em: http://xmlns.com/foaf/spec/ 30

Bibliographic Ontology. Especificada em http://bibliontology.com/ 31

Semantically-Interlinked Online Communities. Especificada em http://www.w3.org/Submission/sioc-spec/ 32

Dublin Core em RDF. Especificada em http://dublincore.org/documents/dc-rdf/ 33

CIDOC. Conceptual Reference Model. Usada na descrição de bens culturais. Especificada em http://www.cidoc-crm.org/official_release_cidoc.html

34

Semantic Web Dog Food. BD Bibliográfica em RDF. Disponível em: http://data.semanticweb.org/ 35

Faceted DBLP. BD Bibliográfica DBLP em RDF. Disponível em http://dblp.l3s.de/d2r 36

(11)

Service37, VIVO38, Eagle-i39 e LODUM40 são ambientes que descrevem recursos da ciência,

envolvendo não somente publicações científicas, mas também dados de pesquisas,

pesquisadores, centros de pesquisa e projetos. VIVO e Eagle-I são ambientes que envolvem a

descrição de recursos da ciência, abrangendo redes de universidades e centros de pesquisa.

LODUM é um ambiente de caráter institucional, pois descreve os recursos de ciência da

Universidade de Muenster. Europeana Linked Data Pilot41 é um projeto que disponibiliza na

Web Semântica metadados de bases de dados culturais, coletados via OAI-PMH. O cenário

em torno desses ambientes tem sido chamado de Linked Science.

Quadro 1– Projetos Linked Data na Ciência

Europeana Linked Data Pilot

Publicação dos dados da Europeana, um provedor de serviços que colhe metadados de 1500 instituições culturais da Europa Semantic Web Dog Food Artigos, conferências, organizações e pessoas da área da Web

Semântica

Faceted DBLP Publicação em Linked Data da base de dados bibliográfica DBPL, da Ciência da Computação

Archaeology Data Service Publicação da base de dados Archaeology Data Service (ADS), que envolve recursos de pesquisa, aprendizado e ensino, preservando e disseminando dados de arqueologia

JISC Open Citations Publicação da base de dados Open Citations, uma base de dados de citações de literatura biomédica, colhida s a partir das referências de artigos abertos de PubMedCentral-UK

LODUM Linked Open Data University of Muenster. Ativos de ciência produzidos pela Universidade de Muenster

VIVO Rede interdisciplinar que viabiliza a colaboração e a descoberta entre cientistas de todas as disciplinas

Eagle-i Plataforma de descoberta de recursos para auxiliar cientistas biomédicos a busca e encontrar recursos previamente invisíveis mas altamente valioso (instrumentos, protocolos, reagentes, modelos animais, etc)

Fonte: Autor.

Estes ambientes demonstram novos horizontes para a disseminação da ciência.

Caracterizam-se não somente por descreverem autores e publicações científicas, mas também

por incluírem descrições de outros tipos de recursos, como centros de pesquisa, projetos de

pesquisa, pesquisadores, e dados primários utilizados nas pesquisas. Tudo isso, em uma

plataforma em que os recursos têm seus significados descritos de forma compreensível por

37

Dados de arqueologia representados em RDF. Disponível em:http://data.archaeologydataservice.ac.uk/page/ 38

VIVO. Plataforma que descreve recursos da ciência. Disponível em: http://vivoweb.org/about 39

Eagle-i. Plataforma que descreve recursos da ciência. Disponível em: https://www.eagle-i.net/ 40

LODUM. Descreve os recursos científicos da Universidade de Muenster. http://data.uni-muenster.de 41

(12)

máquinas, e representados em estruturas simples, que são as triplas RDF. Além disso, estes

recursos são facilmente interligados, pois utilizam URIs como identificadores.

5 O AMBIENTE FABRICO

Visando investigar as fronteiras entre Arquivos Abertos, Web 2.0, Web Semântica e

Linked Data, o ambiente Fabrico foi desenvolvido. Tem como objetivo ser uma plataforma

para desenvolver estudos e experimentos que combinam características de Arquivos Abertos,

Web 2.0, Web Semântica e Dados Ligados.

O ambiente seguiu os princípios de O´Reilly (2007) para o desenvolvimento de

software para Web 2.0: é um serviço para plataforma web (e não um produto de prateleira),

que tira proveito da inteligência coletiva, e é focado em uma arquitetura de participação. Sua

estrutura interna segue a arquitetura da Web Semântica: as informações são armazenadas em

RDF e de acordo com ontologias especificadas em RDFS/OWL. Pelo ponto de vista dos

Arquivos Abertos, o ambiente é um provedor de serviços que utiliza o protocolo OAI-PMH

para colher metadados de provedores de dados e armazena estes metadados como triplas

RDF.

A figura 2 apresenta a arquitetura de Fabrico, cuja cor identifica a origem de cada um

de seus componentes: Web 2.0, Web Semântica/Dados Ligados e Arquivos Abertos. No

Fabrico, os metadados podem ser obtidos de três formas: além colheita de metadados (via

componente OAI-PMH, figura 2), metadados podem ser importados a partir de triplas RDF

codificadas em documentos XML (módulo de importação, na figura 2), ou criados por

usuários através de anotações. As anotações de usuários são realizadas através do componente

denominado anotador (fig. 2). Nele, usuários descrevem recursos da web, produzindo

sentenças RDF de acordo com ontologias. Ao anotar um recurso da web, um usuário informa

a URI do recurso, e indica o seu tipo, selecionando uma classe da ontologia. O anotador,

então, gera um formulário cujos campos correspondem às propriedades especificadas na

ontologia para a classe selecionada. Esses campos representam as sentenças RDF possíveis

para anotar um recurso da classe informada. O anotador também é configurado para atuar

como editor de ontologias (fig. 2), isto é, para construir ontologias.

Sob o ponto de vista da Web 2.0, o anotador é desenvolvido de acordo com uma

arquitetura de participação, em que a interface de anotação adapta-se de acordo como as

classes selecionadas para o recurso que está sendo descrito. Também é um ambiente de

catalogação coletiva, no qual os usuários descrevem (anotam) coletivamente os recursos da

(13)

Esses registros, com o intuído de incentivar a anotação colaborativa, são usados para

identificar uma rede social de colaboração entre usuários (figura 2). O ambiente mostra

usuários que estão relacionados por descreverem mesmos recursos, apresenta os últimos

recursos descritos, assim como os recursos mais descritos e os usuários mais ativos. A

catalogação colaborativa também é apoiada por fóruns e wikis (figura 2), pois o ambiente

permite a criação destes instrumentos para resolver conflitos, incrementar a discussão, ou

agregar conhecimentos, tendendo como foco os recursos anotados.

O ambiente também explora folksonomias (figura 2), em que usuários, através de

anotações em RDF, atribuem livremente etiquetas a recursos. As etiquetas são agregadas e

relacionadas. O ambiente apresenta as etiquetas na forma de nuvem, em que o tamanho

indica a frequência de uso. Para uma determinada etiqueta, mostra as etiquetas relacionadas

(por serem atribuídas a mesmos recursos), e os usuários que atribuíram esta etiqueta a

recursos. Para um determinado usuário, mostra suas etiquetas e os conteúdos etiquetados.

Também utiliza medidas de similaridade (coeficientes de Jaccard42, Dice43 e Cosine44) para

identificar similaridades entre etiquetas e usuários (usuários próximos por utilizarem etiquetas

similares).

Figura 2 - Arquitetura do Fabrico

Fonte: Autor.

Essas técnicas de agregação, relacionamento e similaridade não são exclusivas para

etiquetas. Elas podem ser utilizadas para analisar qualquer propriedade utilizada em sentença

42

Fórmula disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Jaccard_index 43

Fórmula disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Dice%27s_coefficient 44

Fórmula disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Cosine_similarity Wiki

Repositório

Triplas no formato RDF

Fórum Rede de Colabo- rações

Busca

Ontologias OWL

Colheita de Metadados via OAI-PMH

Importação/Exportação RDF/XML

Web 2.0 Web Semântica Arquivos Abertos

Folksonomias

Editor de

Ontologias

Provedor de Serviços - OAI

(14)

RDF, isto é, para agregar valores de uma propriedade, verificar coocorrências desses valores,

relacionar valores com usuários, e apresentar similaridades entre valores e entre usuários.

6 O EXPERIMENTO FABRICO/CIÊNCIA

No cenário atual, os Arquivos Abertos são uma realidade. Repositórios e revistas

eletrônicas multiplicam-se em universidades e instituições de pesquisa. Estas bases de dados

são desenvolvidas como provedoras de serviços da arquitetura OAI-PMH e compõem imensas

federações de bases de dados que provém de serviços de consulta.

Também presenciamos uma web que está em constante evolução, principalmente em

aspectos de “tirar proveito da inteligência coletiva” (Web 2.0), permitir que os recursos da

web possam ser “entendidos por programas de computador inteligentes” (Web Semântica) e

ligar dados provenientes de várias fontes (Dados Ligados). Os Arquivos Abertos estão

focados em armazenar e descrever documentos científicos, mas a perspectiva que se forma em

torno da publicação e de disseminação de recursos da ciência é mais ampla quando

consideramos uma web que evolui para uma Web Semântica e com Dados Ligados. Além da

descrição de textos científicos, Web Semântica e Dados Ligados envolvem a descrição de

outros tipos de recursos da ciência, como instituições, pesquisadores, projetos, dados da

ciência, etc. Essa nova perspectiva para descrever recursos da ciência é experimentada em

projetos recentes, descritos no quadro 1, como VIVO, Eagle-i, LODUM e Europeana Linked

Data Pilot.

O experimento Fabrico/Ciência é um provedor de serviços que colhe metadados de

revistas eletrônicas da Ciência da Informação e os armazena na forma de triplas RDF, e de

acordo com uma ontologia que expressa Dublin Core. Nesse ponto, o ambiente assemelha-se

em funcionalidade com o projeto Europeana Linked Data Pilot.

O módulo de colheita dispõe de um mecanismo, baseado em regras de transformações

sintáticas, para uniformização de formatos de representação de valores colhidos, como, por

exemplo, transformar nomes de autores da notação “Sobrenome, Nome” para “Nome

Sobrenome”, ou para lidar com campos com valores repetidos, individualizando as repetições

(individualizar vários autores ou palavras-chave codificados em um único campo, sendo

separados por vírgula ou ponto e vírgula). Para identificar a proveniência dos metadados

colhidos, o ambiente utiliza o recurso da reificação45, em que cada tripla RDF colhida é

45

(15)

considerada um recurso, com descrições indicam sua proveniência (data da colheita e

conjunto colhido).

A partir dos dados colhidos, Fabrico/Ciência disponibiliza aos seus usuários recursos

poderosos de agregação que permitem investigar os rumos da ciência. Mostra frequências de

valores e valores relacionados de forma semelhante com que folksonomias apresentam nuvens

de etiquetas e etiquetas relacionadas. O quadro 2 enumera algumas investigações possíveis

através do Fabrico/Ciência, e exemplos são mostrados por meio das figuras 3 e 4.

Quadro 2 - Exemplos de exploração dos dados em Fabrico/Ciência

Função Exemplo

Valores de Propriedades (incluindo frequência)

Autores que mais publicam, palavras chave mais frequentes

Totais e médias de valores e

recursos usados em

propriedades

Média de autores por publicação, total de autores, total de assuntos, total de publicações por ano, etc.

Coocorrência entre valores de uma propriedade

Termos relacionados (cotermos), autores relacionados (coautoria), etc.

Coocorrência entre valores de uma propriedade com valores de outra propriedade

Assuntos de um autor, anos de produção de um autor, assuntos de um ano, autores de um assunto, anos de um assunto, etc.

Similaridade entre valores de propriedade

Similaridade entre autores por utilizarem mesmos assuntos ou por escreverem com mesmos autores, etc.

Fonte: autor

Fabrico/Ciência permite investigar a frequência dos valores de cada propriedade

(figura 3) através da exibição destes valores na forma de nuvem (listados em ordem

alfabética, com a frequência de ocorrência sendo indicada pelo tamanho das letras). Para cada

propriedade, mostra o total de recursos descritos, totais e médias de valores, e a ocorrência de

valores. Por exemplo, a figura 3 apresenta a propriedade dc:creator (autor) tendo como base

nos metadados colhidos da revista Em Questão46. Nela, podemos identificar a média de

autores por publicação, e os totais de autores e de publicações. A nuvem indica os autores

que mais comunicaram por meio desta revista, isto é, os autores mais frequentes. Essa mesma

funcionalidade, se fosse aplicada à propriedade dc:subject (assunto), permitiria identificar os

assuntos mais frequentes, média de assuntos por artigo, etc.

46

(16)

Figura 3 – Fabrico/Ciência: Propriedade dc:criador para a revista Em Questão

Fonte:Autor.

A figura 4 apresenta três exemplos de uso do mecanismo de análise de coocorrência,

que pode ser configurado para analisar a coocorrência para qualquer valor de uma

propriedade, incluindo valores que coocorrem em outras propriedades. O primeiro exemplo da

figura 4 apresenta a análise de coocorrência para o autor (propriedade dc:creator) mais

frequente da revista Em Questão (autor da figura 3 escrito com as maiores letras). Para este

autor, mostra os autores corelacionados (coautoria), em uma nuvem cujo tamanho de letra

indica a frequência da coautoria. A segundo exemplo da figura 4 apresenta os assuntos deste

mesmo autor, isto é, os assuntos (propriedade dc:subject) que foram atribuídos aos artigos do

autor (propriedade dc:creator), com a frequência sendo representada pelo tamanho da letra.

O último exemplo da figura 4 tem como foco a análise da propriedade dc:subject (assunto)

para o valor “identidade cultural”. Nesse caso, apresenta os valores do campo dc:creator que

ocorrem em artigos cujo assunto é ”identidade cultural”, isto é, apresenta os autores relacionados a este assunto, em que o tamanho da letra indica a frequência.

As funcionalidades do ambiente foram utilizadas em uma investigação sobre qualidade

dos metadados em revistas eletrônicas (RETANCOURT e ROCHA, 2012). Nesse trabalho o

ambiente mostrou-se útil, à medida que proporcionou mecanismos para analisar a frequência

(17)

valores fora da normalização, etc. Por exemplo, o ambiente mostrou-se eficiente para

identificar valores não normalizados de forma correta (como nome de autor representado de

formas diferentes), em que mecanismo de análise de coocorrência e similaridade facilitam a

identificação destas. Por exemplo, funções de similaridade normalmente apresentam, como

similares, mesmos autores com nomes escritos de forma diferente.

Figura 4 – Fabrico/Ciência: Análises de Coocorrência

O ambiente também foi investigado sob a ótica das ferramentas para o mapeamento da

(18)

de acordo com ferramentas/atividades para o mapeamento da ciência47 apresentadas por Cobo

et al (2011) em que:

Conclui-se que o Fabrico/Ciência apresenta predicados para dar apoio a diversas pesquisas na área do mapeamento da ciência, com destaque para

investigações que envolvem fontes de dados (colheita,

representação/ontologias, agregação de dados de usuários, relacionamento com outros tipos de dados disponibilizados via Linked Data), pré-processamento (integração baseada em ontologias, interligação com Linked Data, preparação coletiva de dados) e normalização de dados (redes de similaridades) (ROCHA, 2012).

Este estudo observa que o ambiente “não dispõe de métodos para construção de mapas

e reduções de redes”, desencadeando uma nova atividade de pesquisa que envolve o desenvolvimento de ontologia e funcionalidades para, respectivamente, representar e analisar

redes.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fabrico/Ciência demonstra a relevância da exploração combinada de instrumentos dos

Arquivos Abertos, da Web 2.0, da Web Semântica e de Dados Ligados para a comunicação e

disseminação da ciência. É um experimento que agrega valor aos Arquivos Abertos, à medida

que é um provedor de serviços (segundo OAI-PMH) que não limita-se a oferecer mecanismos

de busca, mas que também disponibiliza os metadados provenientes dos Arquivos Abertos no

ambiente da Web Semântica/Dados Ligados, e oferece instrumentos de agregação, baseados

nas folksonomias, para a exploração destes metadados.

A disponibilização de metadados de Arquivos Abertos na plataforma Web

Semântica/Dados Ligados é experimentada pelo projeto Europeana Linked Data Pilot.

Entretanto, este projeto explora somente instrumentos de busca da Web Semântica. Ao

utilizar a Web Semântica como plataforma, Fabrico/Ciência permite não somente a

disponibilização nessa plataforma de metadados proveniente dos Arquivos Abertos, mas

também a descrição de outros tipos de recursos da ciência, como pesquisadores, centros de

pesquisa, projetos de pesquisa, dados de pesquisa, e o relacionamento entre estes recursos. A

interconexão semântica de dados bibliográficos e de ativos de ciência proporciona maior

transparência dos resultados científicos obtidos (KAUPPINEN; BAGLATZI; KESSLER,

2011). Nesse sentido, o experimento Fabrico/Ciência alinha-se a VIVO, Eagle-I e LODUM. .

O experimento Fabico/Ciência iniciou pela colheita de metadados em Arquivos

Abertos, pela representação destes na Web Semântica e pelo uso de mecanismos de agregação

47

(19)

para a exploração dos dados (foco deste artigo). Investiga-se agora a descrição de novos tipos

de recursos da ciência (como pesquisadores, instituições, dados da ciência, etc.). Para tal,

analisa-se ontologias existentes e usadas para descrever estes recursos (incluindo ontologias

dos ambientes VIVO, Eagle-I e LODOM), e o uso de links (URIs) para identificar as

entidades (como seus endereços na Wikipedia, Facebook, etc.). Nesta investigação, o editor

de ontologias do Fabrico (ROCHA, 2010) está sendo utilizado. O uso da anotação semântica,

de wiki e de fórum, por parte dos usuários, para agregar valor a estes conteúdos (Web 2.0),

embora já presente no ambiente, somente será experimentado após a conclusão do

desenvolvimento/uso da ontologia para descrever os recursos da ciência.

REFERÊNCIAS

BERNERS-LEE, T.; HENDLER, J.; LASSILA, O. The Semantic Web. Scientific American Magazine, v. 284, n.5, p. 34-43. 2001.

BERNERS-LEE, Tim. Axioms of Web Architecture:Metadata. 1997. Disponível em <http://www.w3.org/DesignIssues/Metadata.html>. Acesso em 23/09/2013.

BETANCOURT, S.; ROCHA, R. Metadados de qualidade e visibilidade na comunicação científica. Encontros Bibli, v. 17, n. especial – III SBCC, 2012.

BIZER, C.; CYGANIAK, R. HEATH, T. How to Publish Linked Data on the Web. 2007. Disponível em <http://sites.wiwiss.fu-berlin.de/suhl/bizer/pub/LinkedDataTutorial/>. Acesso em 23/09/2013.

COBO ROMANÍ, C.; PARDO KUKLINSKI, H. Planeta Web 2.0: Inteligencia colectiva o medios fast food. Barcelona, México:Grup de Recerca d'Interaccions Digitals, Universitat de Vic.Flacso. 2007.

COBO, M. J. et al. Science Mapping software tools: review, analysis, and cooperative study among tools. Journal of the American Society for Information Science and Technology, New York, v. 62, n.7, p.1382-1402, 2011.

GRUBER, T. A Translation Approach to Portable Ontology Specifications. Knowledge Acquisition, v.5, n.2, 1993.

KAUPPINEN, T.; BAGLATZI, A. KESSLER, C. Linked Science: interconnecting scientific assets. 2011. Disponível em: <http://linkedscience.org/wp-content/uploads/2012/02/linked-science-bookchapter-revised-2011-11-16.pdf>. Acesso em 23/09/2013.

(20)

NATIONAL INFORMATION STANDARDS ORGANIZATION. Undertanding Metadata. Bethesda, USA: NISO Press, 2004

O'REILLY, T. What is Web 2.0: design patterns and business models for the next generation of software. Journal of Digital Economics, n. 65, 2007. Disponível em: <http://mpra.ub.uni-muenchen.de/4578/>. Acesso em 23/09/2013.

ROCHA, R . Desenvolvimento de Ontologias apoiado pela anotação semântica de textos. In. Seminário de Pesquisa em Ontologias no Brasil, 3, Florianópolis, 2010. Anais... 2010.

ROCHA, R. FABRICO/CIÊNCIA: Um Ambiente Linked Data para o Mapeamento da Ciência. Em Questão. v.18, n. 3, 2012

Imagem

Figura 2 -  Arquitetura do Fabrico
Figura 3  –  Fabrico/Ciência: Propriedade dc:criador para a revista Em Questão
Figura 4  –  Fabrico/Ciência: Análises de Coocorrência

Referências

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