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MODIFICAÇÃO DO ESPAÇO E DESENHO URBANO:

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MODIFICAÇÃO DO ESPAÇO E DESENHO URBANO:

A FUTURA ESTAÇÃO DE METRÔ SANTA MARINA, SÃO PAULO

São Paulo

2019

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MODIFICAÇÃO DO ESPAÇO E DESENHO URBANO:

A FUTURA ESTAÇÃO DE METRÔ SANTA MARINA, SÃO PAULO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Rivera de Castro

São Paulo

2019

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O48m Oliveira, Maria Clara Mazzo Casarin de.

Modificação do espaço e desenho urbano: a futura estação de metrô Santa Marina, São Paulo. / Maria Clara Mazzo Casarin de Oliveira.

242 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2019.

Orientador: Luiz Guilherme Rivera de Castro.

Bibliografia: f. 224-330.

1. Desenho urbano. 2. Políticas urbanas. 3. Planejamento urbano.

4. DOT. 5. Metrô. I. Castro, Luiz Guilherme Rivera, orientador. II.

Título.

CDD 711.4

Bibliotecária Responsável: Giovanna Cardoso Brasil CRB-8/9605

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Para o Rodrigo, com todo meu amor

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À Deus, que me permitiu chegar até aqui. Fonte de sabedoria, luz e tranquilidade para os momentos de incertezas e desafios que foram vivenciados ao longo deste período.

Ao Rodrigo, companheiro de vida e maior incentivador para que este sonho se concretizasse. Sempre mostrando que podemos ir além, buscando e batalhando pelos nossos objetivos. Seus conselhos e seu apoio absoluto durante todos esses meses foram fundamentais para a realização deste trabalho.

À minha família, em especial a minha mãe Magda, exemplo de trabalho e dedicação.

Ao Panqueca, que tornou os dias de estudo e concentração, mais leves e divertidos.

Ao professor Luiz Guilherme, agradeço a dedicação, esforço e parceria neste caminho que trilhamos juntos ao longo destes dois anos de orientação.

À professora Angélica pelas valiosas contribuições na banca de qualificação e por compartilhar seu conhecimento através do estágio docente realizado na disciplina de mobilidade urbana.

Ao professor Alexandre, pelas relevantes considerações expostas na banca de qualificação, essenciais para a sequência e conclusão deste trabalho.

Aos colegas de turma, pelo companheirismo dentro e fora das salas de aula.

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“A questão fundamental [...] é imaginar as coisas que ainda não existem.”

Paulo Mendes da Rocha

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O Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo e as leis que fazem parte da política urbana do município possuem impacto direto no desenho urbano resultante da cidade.

Entretanto, observa-se que as escalas urbanas abordadas por estas leis são abstratas, genéricas e desconsideram as especificidades locais para a concretização dos espaços. A omissão das particularidades e a falta de articulação dos instrumentos às diferentes escalas urbanas põem em questionamento a concepção das políticas urbanas da cidade, corroborando com Barbosa (2016) para quem o urbanismo no Brasil é condicional e possui resultados improvisados. A aplicação das estratégias de desenho urbano como elementos ordenadores espaciais junto a estações de metrô surge como uma pauta relevante, pois pode promover a compreensão de como o processo de materialização do espaço urbano ocorre e pode vir a ocorrer nesses locais. Na primeira parte da dissertação é construída a definição de desenho urbano bem como a distinção com os termos correlatos, projeto urbano e masterplan. A análise de duas experiências internacionais de desenho urbano na segunda parte propõe validar os conceitos formados anteriormente e auxiliar na formulação dos parâmetros que serão adotados na investigação do objeto de estudo. Na terceira parte, são examinados os instrumentos urbanísticos decorrentes do PDE 2014 presentes na região da futura estação de metrô Santa Marina em São Paulo, ratificando as premissas assumidas anteriormente e demonstrando as deficiências nas articulações entre os instrumentos nas áreas de influências determinadas pelos eixos de estruturação urbana. Por fim, o último capítulo destina-se a avaliar as potencialidades e deficiências do estudo de caso sob a ótica do desenho urbano buscando propor recomendações para potencializar e qualificar a área avaliada e casos análogos.

Palavras-chave: Desenho urbano. Políticas urbanas. Planejamento urbano. DOT.

Metrô.

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The Strategic Master Plan (PDE) of São Paulo and the laws that are part of the urban policy of the municipality have a direct impact on the urban design resulting from the city. However, it is observed that the urban scales addressed by these laws are abstract, generic and disregard the local specificities for the concretization of spaces.

The omission of the particularities and the lack of articulation of the instruments at the different urban scales question the conception of the urban policies of the city, corroborating with Barbosa (2016) for whom urbanism in Brazil is conditional and has improvised results. The application of urban design strategies as spatial computer elements to subway stations appears as a relevant agenda because it can promote the understanding of how the process of materialization of urban space occurs and can occur in these places. In the first part of the dissertation is constructed the definition of urban design as well as the distinction with the related terms, urban design and masterplan. The analysis of two international urban design experiments in the second part proposes to validate the previously formed concepts and help in the formulation of the parameters that will be adopted in the investigation of the object of study. In the third part, the PDE 2014 urban planning instruments present in the region of the future Santa Marina subway station in São Paulo are examined, ratifying the assumptions previously assumed and demonstrating the deficiencies in the articulations between the instruments in the areas of influences determined by the axes of structuring urban.

Finally, the last chapter aims to evaluate the potentialities and shortcomings of the case study from the point of view of urban design, seeking to propose recommendations to enhance and qualify the area evaluated and similar cases.

Keywords: Urban design. Urban policies. Urban planning. TOD. Subway.

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Capítulo 1

52 Figura 1.1: Conjunto de variáveis articuladas nas escalas urbanas (macro, intermediária e local) e categorias de análise (transporte, urbano e instrumentos) a serem avaliadas nas áreas das estações

Capítulo 2

59 Figura 2.1: Organização da TFL – Transport for London

61 Figura 2.2: Exemplos de alguns cadernos com diretrizes de desenho urbano 62 Figura 2.3: Capa do caderno de diretrizes

63 Figura 2.4: Ilustração dos objetivos (esquerda para direita) “otimização do sistema de transporte”, “criação de lugares”, “senso de comunidade” e “suporte para atividades comerciais”

64 Figura 2.5: Croquis ilustrando as relações nas conexões – física, clareza e experiência

66 Figura 2.6: Exemplos de mobiliário público

67 Figura 2.7: Imagem geral da Extensão da Linha Norte

68 Figura 2.8: Área da Extensão Linha Norte destacada no retângulo vermelho 69 Figura 2.9: Perspectiva da sede administrativa e jardim em Kennington Green 69 Figura 2.10: Projeto do edifício sede ligando-se a linha subterrânea – projeto

inicial (esquerda) e final (direita)

70 Figura 2.11: Opções 1 e 2 (a; b) – acabamento da fachada principal 71 Figura 2.12: Detalhamento técnico das opções 1 e 2 – fachada principal 71 Figura 2.13: Opções de materiais (c) – fachada principal

72 Figura 2.14: Opções 1, 2, 3 e 4 (a, b, c, d) para padronização – fachada oeste 73 Figura 2.15: Opções 1, 2, 3 e 4 (a, b, c, d) – paisagismo (canto sul)

74 Figura 2.16: Opções 1 e 2 (a; b) – paisagismo (borda)

75 Figura 2.17: Opções 1, 2, 3 e 4 (a; b; d) para escolha das árvores

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78 Figura 2.19: Capas dos Cadernos de Diretrizes – “Painel de Revisão de Desenho Urbano” (p. anterior), “Diretrizes de desenho urbano para projetos em áreas de incentivo fiscal” e “Transporte na cidade de Dallas”

80 Figura 2.20: Portal de acesso de uma estação de metrô 81 Figura 2.21: Exemplos de acesso de uma estação de metrô 83 Figura 2.22: Exemplos de plataformas e amenidades

84 Figura 2.23: Exemplos de arte e sinalização nas estações

84 Figura 2.24: Exemplos de estacionamentos para bicicletas em estações

Capítulo 3

90 Figura 3.1: Macrozonas e Macroáreas

92 Figura 3.2: Áreas de influência definidas por raios de 400 e 600 metros centradas em estações de metrô

93 Figura 3.3: Mapa das Zonas de Transformação (Lei 16.402/2016) 94 Figura 3.4: Mapa das Zonas de Qualificação (Lei 16.402/2016) 94 Figura 3.5: Mapa das Zonas de Preservação (Lei 16.402/2016) 95 Figura 3.6: Mapa das zonas definidas na LPUOS (Lei 16.402/2016) 96 Figura 3.7: Zonas próximas à futura estação de metrô Santa Marina

97 Figura 3.8: Foto área demonstrando a ocupação dos locais destinados às ZEIS-1 (amarelo) e ZEIS-3 (vermelho)

98 Figura 3.9: Presença de loteamentos irregulares na área delimitada ZEIS-1 98 Figura 3.10: Edifícios de médio padrão localizados na ZEIS-3

99 Figura 3.11: Lotes indicados como Zona Especial de Preservação Cultural – ZEPEC

100 Figura 3.12: Vista área dos elementos históricos na área 1 onde atualmente funciona as atividades do grupo Saint Gobain

100 Figura 3.13: Vista interna da Estação Água Branca localizada na área 1. Ao

fundo é possível visualizar as chaminés da área tombada

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101 Figura 3.15: Instituto Rogacionista Santo Aníbal, localizado na Av. Santa Marina – área 3

104 Figura 3.16: Mapa das Regiões, Subprefeituras, Distritos de São Paulo

105 Figura 3.17: Subprefeitura da Lapa e os distritos que a integra: Jaguará, Vila Leopoldina, Jaguaré, Lapa, Perdizes e Barra Funda onde está inserida a OUCAB

106 Figura 3.18: A localização da futura estação Santa Marina ao norte e os perímetros de ação do Plano Regional da Lapa com destaque para o perímetro 25 – Água Branca, entre os distritos Lapa, Barra Funda e Perdizes

107 Figura 3.19: Perímetro Água Branca e os equipamentos que a compõem – Subprefeitura da Lapa, Poupatempo, Casa das Caldeiras e Estação CPTM Água Branca

108 Figura 3.20: Mapa geral do perímetro de intervenção com indicação dos principais pontos de atenção na área e no entorno

114 Figura 3.21: Perímetro da Operação Urbana Consorciada Água Branca compreendida entre a Marginal Tietê, Av. Abraão Ribeiro, Avenida Santa Marina, Avenida Francisco Matarazzo e Rua Turiassú

114 Figura 3.22: Detalhe para OUCAB inserida no Setor Orla Ferroviária e Fluvial da Macroárea de Estruturação Metropolitana determinada pelo PDE 2014 115 Figura 3.23: Perímetro da OUCAB hachurada em cinza e a indicação do

perímetro expandido em vermelho. Em laranja, os núcleos habitacionais a serem requalificados e a indicação da futura estação de metrô Santa Marina indicada ao centro-esquerda da imagem

116 Figura 3.24: Identificação do sistema de transporte coletivo (metrô) do Plano Urbanístico para a OUCAB

117 Figura 3.25: Plano de Melhoramentos Públicos na OUCAB – Croqui das vias propostas. Em amarelo as vias transversais que foram sugeridas em consonância com a Operação Urbana Lapa-Brás

118 Figura 3.26: Plano de Melhoramentos Públicos na OUCAB – Mapa 4 da Lei 15.893/2013

119 Figura 3.27: Detalhe das intervenções propostas próximas à estação Santa Marina - Melhoramentos Públicos na OUCAB – Mapa 4 da Lei 15.893/2013 120 Figura 3.28: Sistema Viário na OUCAB – identificação das vias coletoras e

estruturais existentes na área. Em laranja a identificação da futura Estação

Santa Marina

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121 Figura 3.30: Circulação de Pedestres propostas na OUCAB. Destaque para a futura estação da linha laranja Santa Marina em vermelho

122 Figura 3.31: Estoque de áreas adicionais de construção e equivalência entre CEPAC e área adicional de construção (ACA) reforçam a centralidade na Avenida Marques de São Vicente no perímetro da OUCAB

123 Figura 3.32: Detalhe genérico com larguras propostas para vias e calçadas na OUCAB

126 Figura 3.33: Escalas de atuação dos instrumentos MEM, PIU, AIU e PE

127 Figura 3.34: Arco Tietê e as unidades que o compõem: OUCAB e PIU (Apoios Urbanos, Centralidade da Metrópole e Lapa)

127 Figura 3.35: Área Lapa – PIU Arco Tietê

129 Figura 3.36: Raios de abrangência a partir da futura estação de Metrô Santa Marina e as propostas do PIU Arco Tietê

130 Figura 3.37: Detalhes genéricos demonstram as propostas do PIU

Capítulo 4

145 Figura 4.1: Raios de 400 e 600 metros previstos no PDE 2014 centrados a partir das futuras estações de metrô Santa Marina e Água Branca e o perímetro de estudo delimitado

147 Figura 4.2: Mapa das Linhas Férreas Estrada de Ferro Sorocabana e São Paulo Railway Comp., 1898

148 Figura 4.3: Detalhe das ferrovias São Paulo Railway e Estrada de Ferro Sorocabana passando pela Barra Funda

149 Figura 4.4: Mapa da área de estudo com a indicação das curvas mestras 149 Figura 4.5: Mapa da área de estudo com a indicação da hidrografia da região

– Rio Tietê e córregos adjacentes

150 Figura 4.6: Os principais elementos de barreira (rio e ferrovia) e as vias que influenciaram na forma urbana da região

151 Figura 4.7: População dos distritos da Subprefeitura Lapa

152 Figura 4.8: Percentual de terrenos vagos em 2014 nos distritos da

Subprefeitura da Lapa

(14)

153 Figura 4.10: Percentual de área construída por tipo de uso na Subprefeitura Lapa e distritos em 2014

153 Figura 4.11: Unidades residenciais verticais lançadas entre 2000 e 2013 – Subprefeitura da Lapa

154 Figura 4.12: Empregos formais na Subprefeitura da Lapa

154 Figura 4.13: Rendimento mensal domiciliar Subprefeitura da Lapa

155 Figura 4.14: Participação do número de viagens diárias dos residentes por modos de transporte principal em 2007

155 Figura 4.15: Ocorrência de alagamentos e pontos de inundação nos distritos da Subprefeitura da Lapa – verão 2013/2014

156 Figura 4.16: Estações da linha 6-laranja do metrô

157 Figura 4.17: Estações da linha 6-laranja do metrô. O projeto prevê a ligação da linha com a CPTM na Estação Água Branca (linhas 7-Rubi e 8-Diamante) e com o Metrô nas estações Higienópolis-Mackenzie (linha 4-Amarela) e São Joaquim (linha 1-Azul)

158 Figura 4.18: Imagens 3D do projeto da futura estação Santa Marina, linha 6- laranja

159 Figura 4.19: Corte perspectivado – Visão geral da estação Santa Marina 159 Figura 4.20: Corte perspectivado – Visão geral da estação Santa Marina 160 Figura 4.21: Implantação geral – Estação Santa Marina

160 Figura 4.22: Áreas de desapropriações no entorno da futura estação Santa Marina

162 Figura 4.23: Mapa uso do solo 162 Figura 4.24: Mapa ocupação do solo

163 Figura 4.25: Grandes pátios internos são utilizados como estacionamento 163 Figura 4.26: Área subutilizada funciona como estacionamento comercial –

Avenida Santa Marina esquina com a Rua Sara de Souza 164 Figura 4.27: Tv Cultura

165 Figura 4.28: Comunidade Água Branca

165 Figura 4.29: Rua B. À esquerda, Prover Água Branca e à direita, Funaps Prédio

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167 Figura 4.32: Vista externa da estação CPTM Água Branca 167 Figura 4.33: Vista interna da estação CPTM Água Branca.

168 Figura 4.34: Galpão à Rua do Curtume esquina com a Rua Batalha do Pirajá 169 Figura 4.35: Pontos relevantes no entorno da estação. Destaque para as

ocupações excluídas da abrangência do perímetro delimitado

169 Figura 4.36: Antigo casarão que abriga o Instituto Rogacionista Santo Aníbal 170 Figura 4.37: Condomínio Central Parque Lapa, entregue em 1967 - Vista aérea 170 Figura 4.38: Armazéns e galpões industriais

171 Figura 4.39: Exemplos de moradias e uso misto identificados sem padrão de fachadas e tipologias

172 Figura 4.40: Foto aérea - edifícios verticais residenciais com ampla infraestrutura de lazer

172 Figura 4.41: Detalhe para as edificações sem recuos frontais – Rua Dr.

Moacir Trancoso

174 Figura 4.42: Ausência ou má condição de mobiliário urbano no perímetro analisado. Detalhe para as fotos: lixeira quebrada na Av. Santa Marina – trecho 1 (esquerda), lixo acumulado na lixeira – Av. Santa Marina – trecho 2 (centro) e pedestre sentado no chão por falta de mobiliário urbano adequado – em frente à UNIP (direita)

175 Figura 4.43: Praças e sobras urbanas

176 Figura 4.44: Vista externa da Praça Marechal Carlos Machado Bittencourt – Ruas Cenno Sbrighi e Vladimir Herzog. Detalhe para inexistência da faixa de pedestres para acessar o local

176 Figura 4.45: Vista externa (esquerda) e vista interna (direita) da Praça Aureliano Leite. Detalhe para a densa vegetação existente no local

177 Figura 4.46: Apenas bancos e um local para bicicletas compõem o mobiliário urbano na Praça Aureliano Leite

177 Figura 4.47: Ponto de taxi em frente à Praça Marechal Carlos Machado Bittencourt que avança sobre a calçada e os únicos exemplares de mobiliário urbano identificados na praça

178 Figura 4.48: Praça Dr. Pedro Corazza

178 Figura 4.49: Difícil acesso à Praça Dr. Pedro Corazza

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180 Figura 4.51: Ausência de ciclovias na área faz ciclista se arriscar na via estrutural Avenida Marquês de São Vicente

180 Figura 4.52: Traçados das vias no território – presença do traçado não reticulado em quase totalidade e traçado reticular na porção sudeste do mapa 182 Figura 4.53: Vias estruturais nível 1 e 3 determinadas pelo PDE

182 Figura 4.54: Pedestre caminhando na Av. Embaixador Macedo Soares – pista lateral da Marginal Tietê. Detalhe para o estado de conservação embaixo do viaduto – Ponte Freguesia do Ó, que liga a Av. Comendador Martinelli à zona norte da cidade

183 Figura 4.55: Detalhe da calçada na Av. Marquês de São Vicente evidencia os problemas de acessibilidade na região

184 Figura 4.56: Problemas de acessibilidade nas calçadas. Detalhe para o desnível, pavimentação e dimensão inapropriadas

184 Figura 4.57: Discrepância de materiais na pavimentação na Rua Comendador Souza

185 Figura 4.58: Discrepância de materiais e regularidade na pavimentação na Rua do Curtume

186 Figura 4.59: Maciços arbóreos e Córrego da Água Branca

187 Figura 4.60: Pedestres caminhando pela Rua Nagib Ibrahim devido à falta de manutenção das áreas verdes

187 Figura 4.61: Exemplos de espécies arbóreas no território analisado com ausência de conforto ao pedestre. Na foto da esquerda é possível perceber a ausência de sombras, devido à altura da espécie. Na segunda foto (direita), a falta de manutenção reduz significativamente a faixa livre para o trânsito de pedestres

188 Figura 4.62: Barreiras urbanas - extensas quadras com muros altos ocasionando insegurança e hostilidade aos pedestres

189 Figura 4.63: Gradis em canteiros de avenidas de grande movimento. Foto 1 (superior): Avenida Com. Martinelli próximo ao ponto de ônibus; Foto 2 (inferior esquerda): trecho da Avenida Ermano Marchetti com Rua Antônio Nagib; Foto 3 (inferior direita): trecho da Avenida Marquês de São Vicente próxima à Rua Francisco Souza Junior

189 Figura 4.64: Guard Rails separam a Av. Embaixador Macedo Soares e as pistas da Marginal Tietê

190 Figura 4.65: Meios de transporte coletivo existentes na região

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191 Figura 4.67: Ponto de ônibus da linha convencional localizado na Avenida Comendador Martinelli – sem padronização de projeto e acabamentos

192 Figura 4.68: Sentido das ruas e avenidas

193 Figura 4.69: Situação dos estacionamentos nas ruas e avenidas da área analisada

193 Figura 4.70: Caminhões estacionados na Rua Emílio Goeldi

194 Figura 4.71: Mapa geral da situação dos estacionamentos comerciais, pontos de taxi, bicicletário e faixa de pedestre

195 Figura 4.72: Foto aérea indicando área de estacionamento comercial e privativo das empresas - situação sem escala

196 Figura 4.73: Ponto de taxi localizado próximo à Avenida Pres. Castelo Branco.

Detalhe para os pilares que avançam sobre a calçada, prejudicando o movimento dos pedestres

196 Figura 4.74: Ponto de taxi localizado na Avenida Santa Marina. Detalhe para os pilares que avançam sobre a calçada, prejudicando o movimento dos pedestres

198 Figura 4.75: Mapa com indicações dos elementos significativos observados na área de estudo – Legibilidade Urbana

199 Figura 4.76: Ponto 1 – Praça Dr. Pedro Corazza

199 Figura 4.77: Elementos tombados da antiga Vidraria Santa Marina observados a partir da Estação CPTM Água Branca

200 Figura 4.78: Ponto de transposição de veículos sobre os trilhos localizado na Avenida Santa Marina – vista interna da Estação Água Branca

200 Figura 4.79: Veículos aguardando a passagem do trem – vista a partir da Avenida Santa Marina sentido norte

201 Figura 4.80: Passarela de pedestres sobre a linha férrea vista a partir da Rua do Curtume.

201 Figura 4.81: Do alto da passarela é possível avistar os trilhos e ao fundo os edificios verticais do bairro da Lapa

202 Figura 4.82: Antiga construção localizada na Rua Iporanga esquina com Avenida Santa Marina

203 Figura 4.83: Rio Tietê visto a partir da Ponte da Freguesia do Ó

206 Figura 4.84: Site do Movimento Água Branca

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234 Figura A.2: Exemplo de avanço das calçadas sobre a faixa de estacionamento 235 Figura A.3: Mapa e Ilustração 1: Proposta para um largo no cruzamento entre as Avenidas Santa Marina, Ermano Marcheti e Marquês de São Vicente.

Ilustração 2: exemplo de trecho subterrâneo na Avenida Paulista, São Paulo 236 Figura A.4: Mapa: Proposta a criação de um centro cultural, quadra aberta e

rua exclusivas para pedestres. Ilustração 1: Exemplo de transformação de usos – Casa das Caldeiras em São Paulo. Ilustração 2: Exemplo de quadra aberta – Croqui Praça das Artes em São Paulo. Ilustração 3: Exemplo de rua exclusiva para pedestres – local desconhecido

237 Figura A.5: Mapa: Proposta a reurbanização da Comunidade Água Branca e criação de um parque linear. Ilustração 1: Exemplo reurbanização em comunidades - Favela do Sapé, Rio Pequeno, São Paulo. Ilustração 2: Exemplo de parque linear – Parque Linear Córrego Grande, Florianópolis, Santa Catarina

238 Figura A.6: Mapa: Proposta para criação de praça e atividades no entorno da passarela de pedestres sobre a linha férrea e fortalecer a identidade dos elementos tombados na antiga Vidraria Santa Marina. Ilustração 1: Exemplo de muro em vidros. Ilustração 2: Exemplo de apropriação do espaço público em um elemento relevante na paisagem urbana – Escadaria do Bixiga, São Paulo, onde ocorre periodicamente os eventos Jazz no Bixiga

239 Figura A.7: Exemplos de desenho das esquinas: alinhamento das esquinas (esquerda), avanços (centro) e remoção da faixa de conversão

239 Figura A.8: Exemplos de ciclofaixa em rotatórias e ciclovias

240 Figura A.9: Exemplo de calçada compartilhada entre pedestres e ciclistas

241 Figura A.10: Novo zoneamento proposto

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35 Quadro 1.1: Conhecimento versus ação e termos associados 43 Quadro 1.2: Objetivo e propósito entre as três áreas

47 Quadro 1.3: Quadro síntese - visões dos autores: definição, disciplinas relacionadas e campo de atuação

Capítulo 2

63 Quadro 2.1: Quadro resumo dos principais objetivos de uma estação – criação de lugares, comunidade, comercial e transporte

65 Quadro 2.2: Quadro resumo com as principais perguntas para compreensão do equilíbrio entre o lugar e movimento na esfera pública

86 Quadro 2.3: Quadro síntese com as principais características dos exemplos internacionais – Londres e Estados Unidos

Capítulo 4

137 Quadro 4.1: Síntese das abordagens sobre desenho urbano

142 Quadro 4.2: Estratégias de Desenho Urbano – critérios e métodos de análise em terminais de transporte de alta capacidade (metrô)

210 Quadro 4.3: Diagnóstico: deficiências, potencialidades e recomendações na

área da estação de metrô Santa Marina.

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CONPRESP – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo

CTLU – Câmara Técnica de Legislação Urbanística CMPU – Conselho Municipal de Política Urbana CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos EFS – Estrada de Ferro Sorocabana

EFSJ – Estrada de Ferro Santos – Jundiaí

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LPUOS – Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo Metrô – Companhia Metropolitano de São Paulo

OUC – Operação Urbana Consorciada

PIU – Projeto de Intervenção Urbana

PLANOB – Plano de Mobilidade Urbana

PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo

SPR – São Paulo Railway

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21 INTRODUÇÃO

27 1. DESENHO URBANO 28 1.1 Contexto

30 1.2 Visão dos autores sobre desenho urbano 45 1.3 Síntese sobre a visão dos autores

50 1.4 Projeto Urbano, Masterplan e Desenho Urbano

55 2. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS DE DESENHO URBANO APLICADAS AO SISTEMA DE TRANSPORTE 57 2.1 TFL – Transport for London (Londres, Inglaterra) 62 2.1.1 Diretrizes para projetos em áreas públicas próximas de

estações

67 2.1.2 Extensão da linha norte do metrô

76 2.2 P&UD - Planning and Urban Design (Dallas, Estados Unidos)

79 2.2.1 Diretrizes de desenho urbano no transporte 85 2.3 Síntese das experiências internacionais

87 3. INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS NO PDE 2014 89 3.1 Plano Diretor Estratégico 2014

93 3.2 Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo 102 3.3 Planos Regionais

104 3.3.1 Plano Regional da Lapa

109 3.4 Operações Urbanas Consorciadas

112 3.4.1 Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUCAB) 124 3.5 Projetos de Intervenção Urbana (PIU)

125 3.5.1 PIU Arco Tietê

130 3.6 Considerações parciais

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transporte de alta capacidade sob a ótica do desenho urbano

143 4.2 Análise do território 143 4.2.1 Definição do perímetro 146 4.2.2 Aplicação do quadro síntese 146 4.2.2.1 Contextualização local 161 4.2.2.2 Uso e Ocupação do Solo 173 4.2.2.3 Mobiliário Urbano

174 4.2.2.4 Praças e Sobras Urbanas 179 4.2.2.5 Espaços Lineares

185 4.2.2.6 Arborização e Paisagismo 188 4.2.2.7 Barreiras Urbanas

190 4.2.2.8 Transporte e Acessibilidade 197 4.2.2.9 Percepção Ambiental

203 4.2.2.10 Processo Participativo

206 4.3 Síntese e considerações das análises da estação Santa Marina

209 4.4 Recomendações para requalificação do espaço urbano

218 CONSIDERAÇÕES FINAIS

223 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

231 APÊNDICE

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(24)

22

INTRODUÇÃO

O Estatuto da Cidade, proposto por iniciativa civil e aprovado como lei em 2001 regulamenta a política de desenvolvimento urbano das cidades brasileiras, através de instrumentos urbanísticos atrelados ao Plano Diretor.

Em São Paulo, o Estatuto teve papel fundamental no processo de revisão das políticas de desenvolvimento urbano, culminando na criação do Plano Diretor do Município em 2002 (PMSP, 2002). Assim como já concebidos no plano anterior, a revisão do PDE em 2014 propôs alguns instrumentos com o objetivo de materializar as intervenções urbanas ou promover as transformações em tecidos urbanos (BARBOSA, 2016).

O novo Plano Diretor Estratégico (PMSP, 2014) propõe melhorar a qualidade da vida urbana nos bairros através da promoção do equilíbrio entre moradia e emprego aliado ao compromisso da justiça social da cidade, princípio da função social da propriedade urbana. As diretrizes expostas possuem semelhança com o conceito DOT - Desenvolvimento Orientado pelo Transporte (LEITE, LONGO e GUERRA, 2015; CAMPAGNER, 2016), pois atrelam um novo padrão de mobilidade orientado pelo crescimento das cidades ao longo de eixos de transporte público. O crescimento da cidade nestes locais, como prevê a lei, ocorrerá através do adensamento habitacional e construtivo e da qualificação dos espaços públicos com a ampliação de serviços e equipamentos urbanos e sociais.

Esta pesquisa trata de diretrizes de política urbana do município de São Paulo

e o impacto no desenho urbano da cidade. Assume-se que os instrumentos

decorrentes do Plano Diretor Estratégico são abstratos, desconexos entre si e com o

contexto do qual fazem parte e, que a aplicação de estratégias de desenho urbano

como elementos ordenadores espaciais junto a estações de metrô, pode surgir como

pauta relevante, promovendo a compreensão de como o processo de materialização

do espaço urbano ocorre e pode vir a ocorrer nesses locais. Nesse contexto, a

dissertação buscará responder a seguinte questão: Como as estratégias de

desenho urbano podem ser aplicadas para concretizar espaços que assegurem

integração entre terminais de transporte e contexto urbano?

(25)

23

Para isto, serão discutidas ao longo do desenvolvimento do trabalho, as questões relacionadas aos processos de planejamento, desenho urbano e os instrumentos urbanísticos que tem relação com o desenho urbano presentes no PDE.

OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como principal objetivo identificar as estratégias de desenho urbano e como elas podem ser aplicadas em terminais de transporte, particularmente estações de metrô, assegurando a integração com o contexto urbano.

A adoção das estratégias no objeto empírico, tem como finalidade validar as premissas do desenho urbano construídas ao longo da dissertação, como uma ferramenta eficaz de transformação urbana em estações de metrô articuladas ao contexto urbano.

Objetivos secundários:

I. Definir os parâmetros e critérios de desenho urbano para o estudo de caso;

II. Analisar os instrumentos do PDE 2014 presentes na área do objeto de estudo, ratificando a necessidade de adoção de estratégias de desenho urbano;

III. Investigar segundo os critérios do desenho urbano e identificar potencialidades e deficiências na futura estação de metrô Santa Marina e entorno;

IV. Identificar como as estratégias definidas podem ser aplicadas para garantir integração com o contexto urbano;

V. Propor recomendações para potencializar a área analisada e casos análogos;

RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA DO TEMA

Apesar das relevantes contribuições que o PDE 2014 de São Paulo trouxe com

suas diretrizes atreladas ao DOT – Desenvolvimento Orientado pelo Transporte,

promovendo a qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento urbano nos

bairros, pesquisas demonstram (BARBOSA, 2016; BAIARDI; 2018) que as diferentes

escalas das leis presentes no marco regulatório são desarticuladas entre si e no

(26)

24

âmbito local, resultando em dilemas espaciais (BAIARDI; 2018) e materialização improvisada do tecido urbano (BARBOSA, 2016).

Neste contexto, o entendimento do desenho urbano como um processo de planejamento interdisciplinar articulado às diversas escalas e voltado às preocupações sociais e de organização ambiental em nível local (escala da rua), pode fomentar um grande impacto no desenvolvimento urbano.

Além de motivações pessoais e afinidade, a escolha do tema se deu em virtude da relevância e escassez de estudos voltados ao assunto. Pretende-se com esta pesquisa, além dos objetivos explicitados, contribuir com uma pequena parcela sobre a elucidação dos diversos conflitos que permeiam o tema, como por exemplo, o seu campo e forma de atuação.

A proposta de investigação das estratégias de desenho urbano e sua validação como uma ferramenta eficaz de requalificação de áreas, em especial em estações de metrô, articuladas ao contexto urbano torna-se justificável, uma vez que as relevâncias presentes na fundamentação do trabalho – como planejamento, desenvolvimento urbano, contexto urbano, instrumentos urbanísticos, aproveitamento das infraestruturas de transporte, entre outros – serão elementos fundamentais para a compreensão e investigação da problemática.

A carência de estudos, a abordagem sistemática, os procedimentos de levantamento de dados e as informações de análise aplicadas a um estudo de caso, enfatizam a justificativa da escolha, os quais contribuirão para o entendimento da problemática da pesquisa e poderão fornecer subsídios para casos análogos em futuros trabalhos.

JUSTIFICATIVA DO OBJETO EMPÍRICO

A escolha da futura estação da linha 6-laranja do metrô Santa Marina como

local para ser a referência empírica das reflexões teóricas da pesquisa se deu em

virtude da complexidade e especificidade dos processos atuais e passados do

território onde será instalada, associados aos instrumentos urbanísticos propostos na

região. Localiza-se no distrito da Barra Funda, divisa com a Lapa, Zona Oeste São

Paulo. Apesar da condição de macroacessibilidade proporcionada pelo sistema viário

(27)

25

e de transporte intermodal de metrô e CPTM existente, a desconcentração industrial das últimas décadas aliada às barreiras físicas e urbanas, como o Rio Tietê e a ferrovia, contribuíram para o esvaziamento e degradação urbana da área (ALVIM;

ABASCAL e MORAES, 2011).

Acredita-se que os dilemas espaciais que o território apresenta, aliados à sua condição macroacessível e a implantação futura de uma estação de metrô, podem fornecer relevantes contribuições no que tange à sua investigação, exprimindo diversas possibilidades, potencialidades e desafios para a adoção de estratégias de desenho urbano como forma de análise e de planejamento para a área.

Além dos motivos citados, acredita-se que um caso singular pode fornecer subsídios para pesquisas análogas, particularmente em relação a sua abordagem sistêmica e aos procedimentos de levantamento de dados, informações e de análise.

METODOLOGIA

A metodologia adotada para a pesquisa foi constituída por:

 Revisão bibliográfica para a fundamentação teórico-conceitual dos termos

desenho urbano e correlatos;

 Pesquisa documental e análise descritiva das experiências internacionais para

validação dos conceitos apresentados anteriormente e auxílio na elaboração das estratégias de desenho urbano propostas ao final do trabalho;

 Pesquisa documental, análise descritiva e produção de material iconográfico

elaborado a partir do levantamento dos materiais disponibilizados (textos, mapas, apresentações, croquis, etc.) pelos órgãos públicos municipais sobre as leis e instrumentos urbanísticos relacionados ao desenho urbano, presentes na área do estudo de caso;

 Pesquisa exploratória e análise crítica descritiva da área definida no estudo de

caso.

A dissertação será dividida em quatro partes. No Capítulo 1, será construída

através da revisão bibliográfica, a compreensão do tema desenho urbano, sua forma

(28)

26

e campo de atuação, bem como a diferenciação de termos correlatos, projeto urbano e masterplan. Ao final desta seção será apresentado um quadro resumo contendo as principais ideias e estratégias identificadas dos autores estudados sobre o tema.

No Capítulo 2 serão analisadas duas experiências internacionais de desenho urbano em diferentes contextos, uma nos Estados Unidos e outra na Inglaterra, com a proposta de validar os conceitos formados no capítulo anterior e que auxiliarão na formulação dos parâmetros e critérios adotados na investigação do estudo de caso, ao final da pesquisa.

O Capítulo 3 será voltado à investigação dos instrumentos urbanísticos presentes no PDE que possuem relação com o desenho urbano, na região da futura estação de metrô linha 6-laranja Santa Marina em São Paulo: Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, Plano Regional da Lapa, Operação Urbana Consorciada Água Branca e PIU Arco Tietê. A análise dos instrumentos na área definida como objeto empírico, propõe corroborar as deficiências e a desarticulação dos instrumentos entre si e com o contexto em que são aplicados, enfatizando a necessidade de adoção de estratégias ordenadoras espaciais nas políticas públicas por meio do planejamento e do desenho urbano.

A compreensão da abordagem dos autores e das experiências interacionais analisados nos Capítulos 1 e 2 sobre desenho urbano e as deficiências e oportunidades apontadas com base na análise dos instrumentos urbanísticos no Capítulo 3, serão fundamentais para a estruturação do quadro síntese no Capítulo 4, que contemplará estratégias de desenho urbano passíveis para análise e avaliação do estudo de caso, bem como identificar como elas podem ser aplicadas para requalificar e transformar o território em consonância com o seu contexto urbano.

Por fim, nas considerações finais são retomados os aspectos centrais da dissertação, enfatizando relevantes considerações sobre o desenho urbano e sua aplicação como um método de planejamento a ser adotado em políticas urbanas para promover o desenvolvimento urbano integrado e coeso.

Na sequência, estarão dispostos as referências bibliográficas e o apêndice, que

compreende um ensaio propositivo para a área investigada.

(29)

DESENHO URBANO

(30)

28

1.1 Contexto

Por muito tempo as decisões tomadas sobre as cidades e o meio ambiente se baseavam na objetividade, com aplicação de metodologias de planejamento e organização do território – urbano ou regional, conduzidos sob a ótica do cientificismo (DEL RIO, 1991).

O fim da II Guerra e a retomada econômica dos países em recessão alteraram a atuação do planejamento urbano com o aumento da demanda por profissionais habilitados. Os planos urbanísticos desenvolvidos na época baseavam-se na reestruturação física e econômica, assumindo papel importante no processo de desenvolvimento pautado em procedimentos, objetivos, integrando ações políticas e de investimentos. Esse contexto favoreceu o surgimento de vários cursos de planejamento com enfoque na cidade como um conjunto de sistemas, racionalmente organizados através de processos rígidos e paradigmáticos do modernismo (Id. Ibid.).

Os resultados destas ações de planejamento foram alvo de críticas anos depois, com o aparecimento de questões relacionadas a qualidade do ambiente urbano. Lynch (1960; 2011)

1

acreditando também na existência de qualidades físicos- espaciais na forma urbana, foi um dos pioneiros a estudar ferramentas que pudessem identificar atributos de desenhos buscando compreender a realidade percebida e relacionada pelo homem (DEL RIO, 1991).

Apesar dos esforços e críticas ocorridas neste período o que se percebeu ainda na década seguinte, foram as práticas comuns de planejamento voltadas à objetividade, que afirmavam traduzir a realidade. Esta atuação colocava em discussão a veracidade desta suposta realidade, pois a interpretação dos fatos era proveniente apenas de valores e ideologias dos profissionais de planejamento.

A pouca ou quase inexistente participação comunitária sobre as decisões tomadas e a falta de sensibilidade dos planos na dimensão urbanística e escala dos cidadãos contribuíram para a ruína do planejamento como instrumento eficiente de gestão. Identidades e características locais eram constantemente ignoradas pelos

1 1960 é a data da primeira publicação do livro The image of the city. Nesta pesquisa foi consultada a 3ª edição traduzida para o português (2011).

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29

códigos e planos dos municípios, com a aplicação de regras homogeneizadoras a todo espaço territorial, métodos esses ainda observados nos dias atuais.

Este declínio propiciou na década seguinte o aparecimento de temas ligados a

“criação do lugar” ou, para uma “redefinição crítica, porém criativa das qualidades concretas do domínio do construído" (DEL RIO, 1991, p. 70 apud FRAMPTON, 1980).

Questões essas intimamente ligadas à essência do desenho urbano.

Uma das primeiras manifestações do termo desenho urbano

2

ocorreu em 1956, na Conferência Internacional na Escola de Design da Universidade de Harvard, organizada e presidida pelo pesquisador Josep Lluis Sert

3

, que apresentou conceitos para uma nova disciplina que ele acreditava ser a nova face do planejamento.

Krieger (2009) afirma que para Sert o desenho urbano é a fase mais criativa do planejamento urbano, pois relaciona-se com a forma física da cidade buscando encontrar um campo comum para as atividades em conjunto do arquiteto, arquiteto paisagista e urbanista.

A conferência em Harvard foi um marco importante para o início de um novo e longo processo de discussões acerca do tema entre os diversos profissionais interessados na qualidade espacial das cidades. Nos dias de hoje, a definição única e consensual do tema entre os pesquisadores encontra-se ainda em aberto.

Definir o que é desenho urbano não é uma tarefa fácil, pois muitos equívocos são provocados em torno do termo. O primeiro ocorre devido ao caráter semântico da palavra originada do termo “urban design”. O vocábulo “design” na língua inglesa é amplo com sentido de processo e, a tradução para o português “desenho” é formal e mais estático.

Em busca da definição do tema central da pesquisa, desenho urbano, foram destinados os dois primeiros capítulos para esta finalidade. Na primeira parte do

2 Tradução literal do termo original em inglês “Urban Design” apresentado na Conferência em Harvard.

Apesar da tradução não contemplar o sentido amplo do vocábulo “Design” proposto na língua inglesa, adotamos o termo em português amplamente divulgado por pesquisadores e teóricos brasileiros que estudam o tema.

3 Josep Lluís Sert (1902–1983) foi o último presidente do CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) e reitor da Escola de Graduação em Design da Universidade de Harvard de 1953 a 1969, onde fundou a disciplina urban design. Suas ideias se tornaram questões importantes no design urbano contemporâneo. Fonte: https://www.gsd.harvard.edu/publication/the-writings-of-josep-lluis-sert/

(32)

30

Capítulo 1, a exposição dos entendimentos dos autores escolhidos culminará na elaboração de um quadro síntese com estas visões sobre desenho urbano. Em um segundo momento será explicitada a diferença entre os conceitos projeto urbano,

masterplan e desenho urbano. No Capítulo 2 serão apresentadas duas experiências

internacionais de aplicação de desenho urbano em sistemas de transporte, que contribuirão juntamente com os demais materiais retratados, na construção de um quadro síntese contendo os conceitos, parâmetros e critérios de desenho urbano que serão aplicados para análise do estudo de caso proposto no Capítulo 4.

1.2 Visões dos autores

A primeira parte deste capítulo que propõe a busca pela compreensão do que é desenho urbano será iniciada através da revisão bibliográfica dos seguintes autores e obras selecionadas: Adilson Costa Macedo (Espaço para o Desenho Urbano, 1984;

Prática de Projeto Urbano: Uma Experiência Didática, 2015), Vicente Del Rio (Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento, 1990; Desenho Urbano e Revitalização na Área Portuária do Rio de Janeiro, 1991; Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil, 2015); Anne V. Moudon (A Catholic Approach to Organizing

What Urban Designers Should Know, 1992); Ali Madanipour (Roles and Challenges of Urban Design, 2006); Alex Krieger (Where and How Does Urban Design Happen?,

2009) e Niraj Verma (Urban Design: an incompletely theorized project, 2011).

Os critérios de escolha dos pesquisadores ocorreram em virtude da relevância das contribuições sobre o tema no campo acadêmico nacional e internacional, assim como a disponibilidade de materiais coletados para análise. Os autores serão apresentados a seguir conforme ordem cronológica de publicação das obras.

Adilson Macedo (1984; 2015)

Segundo Adilson Macedo (2015), desenho urbano é uma atividade de natureza

interdisciplinar entre o arquiteto e os demais profissionais de outras áreas de

conhecimento, que abrange o domínio das edificações, espaços abertos e do

planejamento urbano. Deve resultar no projeto da cidade, sem de fato projetar cada

um de seus edifícios, através de propostas de diretrizes urbanísticas claras,

(33)

31

previamente aprovadas pela comunidade, que compreendem as necessidades e os anseios locais. Neste contexto, a atuação extrapola a busca por soluções atraentes em determinados espaços, mas estabelece regras para a configuração urbana com base na discussão de propostas entre os diversos atores envolvidos.

O “desenhista urbano”

4

defendido por Macedo (1984) tem suas ações pautadas na busca por sua integração entre os limites de outras áreas já estabelecidas como a Arquitetura, o Paisagismo e o Planejamento Urbano. Defende que projeto e implantação caminham juntos no desenho urbano, “resultado da interpretação, através da linguagem arquitetônica de um contexto específico” (MACEDO, 1984, p.

46). Neste contexto faz a ponte entre a arquitetura – mais próxima do ambiente construído – e o planejamento urbano, voltado ao gerenciamento da vida urbana.

Em busca da identificação do lugar a ser ocupado pelo desenho urbano diante deste cenário com múltiplas disciplinas que visam conformar o ambiente urbano, o autor propõe uma série de programas para atuação dos profissionais ligados ao desenho urbano:

 Desenho regional:

Entender o país como um sistema de zonas integrais, do ponto de vista físico e cultural, transcendendo os limites estaduais;

 Desenho de parques regionais:

Propor em torno das áreas metropolitanas um sistema de parques recreativos;

 Desenho das regiões em desenvolvimento:

Elaborar projetos para regiões a serem requalificadas ou desenvolvidas;

 Desenho das áreas metropolitanas:

Realizar estudos da forma e caracterização de áreas metropolitanas e a relação da configuração natural com aquela imposta pelo homem;

 Desenho das áreas periféricas:

4 Termo adotado pelo autor.

(34)

32

Compreender que o crescimento rápido das cidades se faz pela ocupação de áreas periféricas, entretanto, essas áreas não devem ser tratadas apenas como conjuntos habitacionais;

 Desenho dos acessos à cidade:

Dar atenção especial aos pontos de transição ou “portais” de entrada nas cidades, seja por terra, ar ou mar;

 Desenho da estrutura da cidade:

Realizar leitura global das partes da cidade, com base na estrutura dos movimentos, atividades e espaços;

 Desenho das partes da cidade:

Entender os bairros e a transição entre eles, como unidades urbana;

 Desenho da rua:

Compreender a rua como unidade mínima de projeto;

 Desenho do mobiliário urbano e comunição visual:

O mobiliário urbano e a comunição visual complementam o item anterior (MACEDO, 1984).

Para o autor, essa série de propostas que permeia entre as diversas escalas territoriais – extrapolando-se a escala da cidade através do âmbito regional até a esfera do mobiliário urbano, busca reconhecer o lugar a ser preenchido pelo desenho urbano.

Vicente Del Rio (1990; 1991; 2015)

Outro pesquisador brasileiro que contribuiu com suas investigações sobre o

tema, Vicente Del Rio (2015, p.9), afirma que desenho urbano é: “campo disciplinar

que trata da dimensão físico-ambiental da cidade, enquanto sistemas físico-espaciais

e sistemas de atividades que interagem com a população através de suas vivências,

percepções e ações cotidianas”.

(35)

33

Para compreender a relação as pessoas no espaço, Del Rio (1990; 2015) defende a apropriação de conceitos de diversos campos como a arquitetura, geografia, psicologia, sociologia, antropologia, economia, etc. e revela que a identificação das imagens urbanas, suas características e qualidades propiciam uma base empírica para que as intervenções físico-ambientais ocorram de forma positiva.

Assumindo as propostas de Shirvani (1985), Del Rio (1990) elenca sete categorias possíveis de atuação no campo do desenho urbano:

 Uso do solo:

Expõe as funções e formas de utilização do solo e das edificações;

 Configuração espacial:

Excede os limites do zoneamento, considerando questões como cones de visibilidade, relações entre edificações e topografia, novo e existente, compatibilidades tipológicas, entre outros;

 Circulação viária e estacionamento:

São considerados essenciais para a satisfação e sobrevivência social e econômica de um território, a circulação viária, o transporte público e o estacionamento alinhados em soluções conciliadoras;

 Espaços livres:

Integradas ao contexto urbano possuem papel facilitador em desempenhar importantes funções sociais, culturais, funcionais ou físicas;

 Percursos de pedestres:

Conformam um sistema de conveniência e de suporte à vitalidade dos espaços urbanos; integram uma relação com as atividades sociais e econômicas no nível térreo das edificações; devem ser tratados em conjunto com o sistema de circulação viária e transportes públicos e reforçados pelo projeto dos espaços livres e atividades de apoio;

 Atividades de apoio:

Sistemas de atividades que propiciam conteúdo, coerência e vitalidade aos

espaços urbanos. São organizados a partir de locais considerados “nós” com

atividades, integrados a um sistema complementar e coerente com o trajeto de

(36)

34

pedestres e veículos; devem incluir atividades temporárias e outras possibilidades de animação urbana;

 Mobiliário urbano:

Elementos complementares ao funcionamento da cidade.

É possível compreender baseada nas categorias expostas, a abordagem do autor pautada na relação dos usuários, através da integração dos elementos constituintes da dimensão físico-ambiental. Intrínsecas às categorias acima mencionadas, Del Rio (1990, p. 118) define oito temáticas que integram o leque de preocupações a serem consideradas na atuação do desenho urbano.

A primeira temática refere-se a Imagem da Cidade, onde o autor defende a

necessidade de atentar-se a imagem e identidade das cidades que podem ser

afetadas pelo processo de desenvolvimento; seguido por Visualidades, preocupa-se

com o jogo urbano dos cheios e vazios, da percepção dos espaços abertos e das

vistas e panoramas; a terceira categoria, Identidades locais é necessária para a

preservação da identidade de suas partes, de modo que as pessoas se reconheçam

como integrantes do território e do grupo social próximos à sua residência; a temática

Relações com o ambiente natural, preocupa-se com as questões de poluição e das

técnicas construtivas, bem como o próximo item, Relações com as arquiteturas

existentes, que busca preservar a história e a identidade local, através de novas

edificações que respeitem e não gerem conflitos tipológico, cultural e funcional com

as edificações existentes; a quinta temática, Relações morfológicas, o autor discute

a adequação da volumetria e tipologia, respeitando questões como coerência

urbanística, acessibilidades, linhas e pólos de crescimento; Espaços públicos,

retrata o nível de comportamento dos usuários e de detalhamento do mobiliário urbano

para valorização dos espaços onde as interações sociais ocorrem. Devem ser

considerados nesta categoria a manutenção, o mobiliário integrado e bem projetado,

o planejamento de atividades temporárias, entre outros; e por fim, encerra a lista com

as Variedades de acontecimentos, que promovem a diversidade social e de usos

nos espaços e manifestações espontâneas.

(37)

35

Anne Moudon (1992)

Outras importantes contribuições sobre o tema foram apresentadas por Anne Moudon (1992). Em busca da qualidade na forma urbana, o desenho urbano para a autora, não procura eliminar atuações das profissiões de planejamento e projeto, mas pretende integrá-las e ir além na capacidade de cada uma.

Corroborando com as afirmações dos autores anteriores, defende a natureza interdisciplinar do desenho urbano ao afirmar que as questões de arquitetura, planejamento, economia e ciências sociais relacionadas ao meio ambiente são relevantes ao tema, assim como as informações sobre os espaços e a forma urbana.

Devido a diversidade dos assuntos relacionados, as preocupações dos

designers urbanos5

e a natureza das decisões que eles tomam devem possuir caráter mais abrangente. Acredita que entender a cidade ou uma parte dela é diferente de projetá-la. No quadro abaixo são explicitadas estas diferenças e demonstrada a participação do desenho urbano nesse contexto proposto pela autora.

Quadro 1.1: Conhecimento versus ação e termos associados.

Fonte: Moudon (1992) traduzido pela autora, 2018.

O quadro acima evidencia a diferença de atuações dos profissionais ligados às ciências urbanas ou urbanismo e ao desenho urbano proposto pela autora. Na primeira coluna destinada ao urbanismo, as preocupações estão voltadas a ação

5 Apesar da adoção do termo traduzido Desenho Urbano explicitado na nota de rodapé nº2, adota-se aqui a junção das palavras “designer urbano” por entender que a tradução literal “desenhista urbano”

não representaria a complexidade e o campo de abrangência deste profissional.

Compreendendo a cidade Projetando cidades

Passado / Presente Presente / Futuro

O que foi / o que é O que deverá ser

Descritivo Prescritivo

Substantivo Normativo

Pesquisa, reflexão, conhecimento Ação, projeção

(38)

36

descritiva das áreas, através da pesquisa, reflexão e conhecimento dos assuntos relacionadas ao passado, enquanto na coluna ao lado, a atuação no campo do desenho urbano está baseada sob a forma de projetar a cidade, que deve ser voltada às questões presentes e futuras, com ações e projeções de como o espaço deve ser.

Assim, os designers urbanos são orientados a imaginar as estratégias para o futuro, devendo se preocupar com “o que deveria ser feito” e “o que funcionará” nas cidades.

Com base em suas pesquisas sobre como as cidades são feitas, usadas e entendidas, a autora mapeou assim como os autores anteriores, oito áreas de atuação que destacam as aspirações profissionais no campo do desenho urbano:

Estudos da História Urbana:

Oferecem avaliações críticas de vários processos de projeto e explicam suas formas resultantes;

Estudos Pitorescos:

Combinam diferentes interpretações dos atributos visuais do ambiente construído;

Estudos da Imagem:

Explicam a cognição visual das pessoas comuns das cidades;

Estudos de Comportamento Ambiental:

Começam a montar o quebra-cabeça completo das interações entre as pessoas e seus arredores;

Estudo dos Lugares:

Trazem os significados especiais, símbolos e, geralmente, os conteúdos emocionais profundos do ambiente construído e dos espaços abertos relacionados;

Estudos da Cultura Material:

Concentram-se nas qualidades objetivas da paisagem modificada e seu valor

para a sociedade;

(39)

37

Estudos da Morfologia Espacial:

Explicam os produtos e procedimentos relacionados ao processo de construção da cidade. Oferecem explicações sobre os impactos funcionais do espaço e sua geometria;

Estudos de Ecologia da Natureza:

Examinam as relações entre a cidade e o ambiente natural (MOUDON, 1992).

Apesar de expor diversas visões e valores dos quais o projeto e a conformação do espaço podem ser enquadrados, Moudon (1992) acredita que a atuação do desenho urbano não deve estar pautada apenas em uma abordagem única, pois acredita não ser suficiente devido a sua natureza ampla, complexa e abrangente do tema.

Ali Madanipour (2006)

Segundo o autor, o desenho urbano possui um ponto de vista multidimensional que reflete a ótica de vários atores envolvidos no projeto e no desenvolvimento das cidades. É parte integrante de um contexto amplo no processo da concretização urbana que combina aspectos políticos, econômicos e culturais.

Para compreender sua importância, Ali Madanipour (2006) analisa três perspectivas que ele considera essenciais: a) produtores, b) reguladores e c) usuários do espaço urbano. Segundo o pesquisador esta classificação não consiste em uma separação indissociável e rígida, pois há sobreposições nos papéis e funções desses grupos, como por exemplo, os reguladores e produtores podem ser usuários do espaço urbano que estão produzindo.

No primeiro grupo de classificação, respeito aos produtores dos ambientes construídos, há pelo menos cinco áreas nas quais o desenho urbano contribui de forma significativa para o processo de desenvolvimento:

 Aborda uma nova divisão de trabalho:

Com a mudança do papel do Estado para um caráter mais regulador no século

XX, o desenvolvimento urbano acabou tornando-se uma tarefa para o setor

(40)

38

privado. O desenho urbano preencheu uma lacuna profissional deixada pelos profissionais de arquitetura e planejamento que perderam o interesse em imaginar a forma futura do espaço urbano das cidades no período do pós- guerra;

 Molda o produto:

Ao mesmo tempo que o desenho urbano tem o objetivo de definir as formas da cidade também se preocupa com a organização de espaço urbano e processos de modelar as cidades;

 Coordena o processo de produção:

Em escalas mais abrangentes como planejamento, torna-se um elemento orientador, coordenador e conector entre as intenções iniciais e os resultados obtidos;

 Estabiliza as condições de mercado:

Através do planejamento, o desenho urbano propicia uma estrutura para gerenciar os recursos disponíveis em uma parte da cidade, gerando certeza para o mercado e o Estado;

 Ajuda a comercialização do produto:

Um bom desenho urbano traz maior qualidade no ambiente construído, o que torna atrativo para o mercado sofisticado que está interessado na melhor qualidade dos produtos.

No grupo dos

reguladores, elenca quatro áreas em que o desenho urbano

possui relevância:

Tornando a cidade mais competitiva:

Em economias globalizadas, a alteração da forma de pensar as cidades como uma empresa em busca de oportunidades de negócios, alterou também o papel das autoridades. Nesta nova visão, os governantes possuem o papel de desenvolver a infraestrutura necessária e promover a cidade como produto.

Neste cenário o desenho urbano se encaixa como um auxílio para os

(41)

39

governantes que buscam reformular esta nova imagem, como um meio de diferenciação;

Moldando o futuro:

Além de atrair investimentos e atenção, as cidades devem ser locais com os quais a população tende a se identificar, mantendo vínculos emocionais, impedindo o abandono e a deterioração dos espaços;

Gerenciando mudança:

Ao mesmo tempo em que o desenho urbano tem sido aplicado como parte do processo de planejamento, este último tem sofrido alterações em sua essência, voltando-se a preocupações sobre a qualidades dos lugares, valores estes compartilhados ao desenho urbano. Para o autor, um “bom desenho [...]

garante recursos úteis, duráveis e lugares adaptáveis e é um elemento chave para alcançar o desenvolvimento sustentável”. E são tão próximos que “um bom desenho é indissociável do bom planejamento” (Id. Ibid., p. 185).

Contribuindo para a boa governança:

O desenho urbano pode ser aplicado como ferramenta de boa governança baseada em estratégias locais.

Na terceira e última categoria, a perspectiva do usuários é composta por duas áreas de atuação:

Aprimorando o funcionamento local:

Apesar da sua associação com as realidades de mercado citadas anteriormente, o desenho urbano concentra-se na criação de ambientes urbanos melhor projetados, favorecendo a interação social, conforto, habitabilidade, entre outros atributos que compõem a urbanidade;

Melhorando o valor simbólico do lugar:

Ambientes urbanos bem projetados podem desempenhar um papel importante

na criação de significado social para as pessoas de uma cidade, fornecendo

uma base para criação de identidades em sociedades globalizadas e

urbanizadas (MADANIPOUR, 2006).

(42)

40

Fundamentado nas ideias expostas sobre as três perspectivas, Madanipour (2006) não apresenta uma definição clara e precisa sobre o que acredita ser o desenho urbano, entretanto, demostra através dos diferentes pontos de vista, a contextualização do tema e a sua estreita relação com o planejamento urbano, os quais sobrepõem-se muitas vezes devido às suas características e abordagens.

Alex Krieger (2009)

Os princípios de Sert (1956) sobre a inserção do desenho urbano na relação entre arquitetura e planejamento influenciaram na formação dos conceitos de Alex Krieger (2009) a respeito do tema. Assim como exposto pelo pesquisador na conferência em 1956, defende que o desenho urbano tem que encontrar a base comum para o trabalho em conjunto com arquitetos, arquitetos paisagistas e planejadores urbanos.

Para o autor, desenho urbano são esferas de ação urbanística que promovem a vitalidade, habitabilidade e o caráter físico das cidades. Essas esferas ou práticas comuns compreendidas na prática dos

designers urbanos, Krieger (2009) as

descreveu em dez tópicos:

 Uma categoria de políticas públicas baseada em formulários:

Dada a suposição que uma boa forma urbana pode ser determinada por uma comunidade, estas, portanto devem ser legisladas por intermédio dos designers

urbanos;

 A arquitetura da cidade:

Os designers urbanos buscam controlar através de mecanismos e métodos a formação das áreas públicas da cidade, cabendo ao resto da cidade (áreas privadas) adequar-se em relação a este domínio comum;

 Desenho urbano como urbanismo restaurativo:

Neste terceiro campo de atuação, as formas e características de cidades

tradicionais são mais atraentes e a busca dos

designers se concentra em

propostas voltadas à “escala humanizada” e “criação do lugar”;

Referências

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